PROJETO CÓRREGO LIMPO – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS CÓRREGOS SITUADOS EM CAMPO GRANDE - MS Área Temática – Saneamento Ambiental Responsável pelo Trabalho – Roberta Steffany Stangl Galharte - Endereço:Rua Doutor Nicolau Fragelli, Bairro Amambai – Campo Grande/Mato Grosso do Sul. Telefone: (67) 3383 6880. Email: [email protected] Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Autores – Roberta¹ Steffany Stangl Galharte; Juliane¹ Gonçalves da Silva; Simy¹ Caroline Suzukawa; Rocheli² Carnaval Cavalcanti; Priscila³ Sabioni Cavalheri 1. Acadêmicas do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental (UCDB) 2. Coordenadora do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Católica Dom Bosco 3. Professora orientadora e docente da Universidade Católica Dom Bosco Resumo O projeto Córrego Limpo é uma parceria entre a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR) realizado na cidade de Campo Grande – MS, sendo responsável pelo monitoramento dos córregos da cidade, com o objetivo de alertar a comunidade sobre a qualidade da água dos córregos. A metodologia aplicada para obtenção dos resultados é realizada em laboratório pelos acadêmicos de Engenharia Sanitária e Ambiental da UCDB, e em seguida, estes resultados serão repassados à SEMADUR, para que enfim possam ser destinados à comunidade. Com a análise do córrego Botas – da Microbacia Coqueiro - Ribeirão Botas – calculamos o índice de qualidade da água (IQA) de alguns pontos deste córrego, identificando os níveis de qualidade referente aos anos de 2010 e 2011, chegando à conclusão que os pontos jusantes possuem um nível de poluição mais alto que o de montante, por estes estarem localizados após os pontos de referência. PROJETO CÓRREGO LIMPO – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS CÓRREGOS SITUADOS EM CAMPO GRANDE - MS Introdução A água é um elemento essencial a todos os seres vivos, porém se estiver em má qualidade pode trazer riscos à saúde, pois pode servir de veículo para vários agentes biológicos e químicos, por isso, o homem deve estar atento aos fatores que podem interferir negativamente na qualidade da água que consome e no seu destino final. (BATALHA;PARLATORE, 1998) O projeto “CÓRREGO LIMPO” é uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR), que tem o objetivo de realizar o monitoramento das águas dos córregos de Campo Grande, juntamente com a Universidade Católica Dom Bosco que disponibiliza os acadêmicos do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental para análise das águas monitoradas. A cada trimestre, é realizado um estudo dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de amostras de águas de vários córregos situados no município de Campo Grande-MS. Os parâmetros analisados são os necessários para calcular o índice de qualidade da água (IQACETESB). Objetivos O projeto tem por objetivo a vivência real e um contato maior das acadêmicas com seu futuro ambiente de trabalho, visto que muitas vezes o conteúdo ministrado em aulas práticas é colocado em muito pouco tempo, ficando difícil a visualização da teoria. Além disso, todos os resultados apresentados serão divulgados pela SEMADUR, para conhecimento da comunidade. Material e Metodologia As análises são realizadas no laboratório de Saneamento – Biossaúde da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). O sistema utilizado pelo projeto se desenvolve em três etapas. Os corpos d’águas de Campo Grande – MS, foram divididos em microbacias hidrográficas e analisados em suas peculiaridades, havendo também a escolha dos postos de monitoramento que são pontos georreferenciados. Portanto, a primeira etapa consiste na coleta de água, nos pontos estrategicamente escolhidos, através dos representantes da SEMADUR. Na etapa seguinte, os representantes encaminham as amostras, no mesmo dia da coleta, para o laboratório de Saneamento da UCDB. Os resultados obtidos passam por um cálculo matemático e são transformados em um índice numérico – o IQACETESB. O índice de qualidade da água (IQA) foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation, nos Estados Unidos, baseando-se nos seguintes parâmetros mais importantes para a caracterização da qualidade da água: pH (potencial hidrogeniônico); turbidez; demanda bioquímica de oxigênio (dbo); oxigênio dissolvido (od); temperatura; nitrogênio; fósforo; sólidos totais; coliformes termotolerantes. (MACÊDO, 2003) A última etapa consiste no cálculo do IQA para ser entregue à SEMADUR e repassados para a comunidade. O IQA tem uma variação de 0 a 100, conforme a tabela abaixo: Tabela 01. Nível de Qualidade FONTE: CETESB A parceria entre a UCDB e a SEMADUR permite que a comunidade esteja ciente dos problemas ocorrentes nos córregos de Campo Grande, proporcionando a esta um maior envolvimento sobre a situação presente, para que posteriormente possa ter uma solução mediante a preservação dos recursos hídricos, propiciando a despoluição. Resultados e Discussões Para a demonstração do Projeto Córrego Limpo, escolhemos o Córrego Botas da Microbacia Coqueiro - Ribeirão Botas, localizado no município de Campo Grande – MS. A microbacia Coqueiro – Botas está localizada nas regiões nordeste e leste da zona urbana de Campo Grande - MS, abrange uma área de 35.305.871,70 m², sendo composta pelos córregos Botas, São Julião, Coqueiro e Pedregulho, abrangendo parte dos bairros: Nova Lima, Estrela Dalva, Novos Estados, Veraneio, Chácara dos Poderes, Noroeste e Maria Aparecida Pedrossian. Esta microbacia não possui rede coletora de esgoto, por isso, os moradores utilizam fossas sépticas e sumidouros para disposição de seus esgotos. Os problemas atuais presentes na bacia é representado por alagamentos e enchentes em vários pontos; sistema e microdrenagem insuficientes; bocas-de-lobo assoreadas, com localização e distribuição irregular; ocorrência de ligações clandestinas de esgoto. Além desta microbacia não possuir rede coletora de esgoto, por isso, os moradores utilizam fossas sépticas e sumidouros para disposição de seus esgotos. O córrego Botas é considerado importante para o município, pois abrange uma área grande e faz confluência com o córrego Coqueiro a qual abrange muitos bairros, e por este motivo se for afetado, prejudicará uma população significante. No córrego analisado, Botas, há lançamento de efluentes industriais e esgotos sanitários tratados de empresas, já que a região está localizada em um dos pólos empresariais da cidade, além disso, em pontos analisados antes da implantação do programa pôde-se constatar que existem grandes concentrações de coliformes termotolerantes nos córregos, de certa forma, o que pode ser um indicativo de poluição difusa, ocasionada principalmente pelo lançamento clandestino de esgoto doméstico nas galerias de águas pluviais. (SEMADUR, 2009) . O córrego Botas, Campo Grande – MS foi analisado conforme procedimentos descritos no “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. Os resultados analisados a partir dos pontos de coleta do córrego Botas estão demonstrados abaixo, trazendo a comparação entre os níveis de qualidade dos anos de 2010 e 2011: Pontos de Coleta IQA Nível de IQA Nível de 2010 Qualidade 2011 Qualidade 01 - Montante do lanç. Pólo Norte 65,20 Bom 55,75 Bom 02 - Jusante do lanç. Pólo Norte 62,31 Bom 44,69 Regular 06 - Montante lanç. Hospital São Julião 60,02 Bom 59,03 Bom 07 - Jusante lanç. Hospital São Julião 58,70 Bom 39,81 Regular 09 - Jusante Frigorífico Independência 64,03 Bom 63,61 Bom 10 - Próximo ao lançamento da Drenagem pluvial do Shopping Iguatemi 73,45 Bom 55,66 Bom Através dos resultados obtidos, fizemos comparações entre os pontos analisados e percebemos que os pontos de jusante geralmente possuem um IQA mais baixo que a parte montante, visto que aquele recebe mais efluente, pois a jusante está localizada após o ponto referencial. Em época de chuva, a região próxima ao córrego (Bairro Nova Lima, Jardim Anache e o Jardim Colúmbia) é prejudicada, pois a água de chuva de bairros mais altos desce com velocidade pelo córrego, provocando erosão. Em Campo Grande – MS foi implantado um sistema de drenagem para a melhora dessa situação, começando pela região próxima ao hospital São Julião, onde as chuvas abriram um grande buraco de erosão (voçoroca). Portanto, este pode ser um dos motivos pelo índice de qualidade da água ter sido menor no ponto 07 - Jusante lanç. Hospital São Julião no ano de 2011, devido à grande quantidade de chuva que ocorreu no primeiro trimestre deste ano. Já no ponto 02 - Jusante do lanç. Pólo Norte, o córrego recebe efluentes industriais e esgoto sanitário tratados das empresas instaladas no Pólo Empresarial Norte, deste modo um dos fatores que pode ter prejudicado este córrego foi um maior lançamento, pois no ano de 2011 o IQA deste ponto foi menor. CONCLUSÃO Sabe-se que água é um elemento vital à saúde de qualquer ser vivo, por isso, é necessário saber se esta está em boa qualidade. Este trabalho mostra a importância do Projeto Córrego Limpo para a cidade de Campo Grande-MS, pois este constitui-se de uma rede de monitoramento e fiscalização das águas dos córregos do município, para ajudar no desenvolvimento de atividades de educação ambiental que conscientizem a população da cidade da situação problema. O Índice de Qualidade da Água nos permitiu saber qual o trecho do curso d’água estava mais poluído, informação importante para que se pudesse identificar quais as principais fontes poluidoras. Tanto que no ponto estratégico após o Pólo Empresarial Norte, o motivo de o IQA ser menor é que neste local pode ter havido um número maior de efluentes devido o lançamento das empresas presentes. Apesar de estar em um nível de qualidade relativamente bom, o Córrego Botas ainda precisa de ajustes, a população precisa dar a sua contribuição junto com as políticas públicas de saneamento, que ainda são precárias na região da bacia hidrográfica, pois esta é totalmente desprovida de rede coletora de esgoto. Uma possível solução para os problemas existentes na microbacia seria a implantação de obras na região, como desassoreamento, limpeza e desobstrução, além do sistema de drenagem implantado pelo prefeito do município. Desta forma, o Projeto propicia, não só a população sendo importante para desenvolvimento da educação ambiental da cidade, como também aos acadêmicos, por se tornarem profissionais mais capacitados na área de Engenharia Sanitária e Ambiental. Por isso, todo o universo abordado precisa fazer um pouco, para melhorar a qualidade da água dos córregos de Campo Grande-MS. REFERÊNCIAS BATALHA, B.L.; PARLATORE, A.C. Controle da qualidade da água para consumo humano: bases conceituais e operacionais. São Paulo: CETESB, 1998. 198p. MACÊDO, J.A.B. Métodos laboratoriais de análises microbiológicas. Belo Horizonte: Macedo, 2003. 450 p. físico - químicas e VON SPERLING, M. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2. Belo Horizonte: UFMG, 1996. 243 p. CAMPO GRANDE. Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Qualidade das águas superficiais de Campo Grande – Relatório 2009. Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 2009. CAMPO GRANDE. Instituto Nacional de Planejamento Urbano e de Meio Ambiente. Carta de Drenagem de Campo Grande. Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 1997.