A SANTA CEIA
Rev. Silvio F. da Silva Filho
Vila Velha - ES
Hino 257
1. Amoroso, nos convida
Cristo para a Comunhão
e oferece o pão da vida
para a nossa salvação.
2. Teu amável chamamento
vem a nós por teu favor.
Dá-nos força e crescimento,
ó Jesus, na fé, no amor.
3. Por tão grande benefício
cumpre-nos te agradecer.
Oh! recebe em sacrifício
nossa vida e nosso ser.
4. Nesta mesa prometemos
sempre em tua Lei viver
e fiéis a ti seremos,
bom Jesus, até morrer.
INTRODUÇÃO
Com humildade e alegria, confessamos
que só podemos receber a verdadeira
compreensão da santa ceia, quando o
Espírito Santo diariamente abrir o nosso
entendimento para compreendermos as
Escrituras. Esse foi o caminho que
conduziu Lutero na compreensão do
Sacramento. Não há outro caminho para
nós.
OS TEXTOS
Mateus 26.26-30
Marcos 14.22-26
Lucas 22.19,20
1 Coríntios 11.17-26
Mc 14
22E, enquanto
26Enquanto
comiam,
comiam,
tomou Jesus tomou Jesus
um pão e,
um pão, e,
abençoando- abençoandoo, o partiu, e o o, o partiu e
lhes deu,
deu aos
dizendo:
discípulos,
Tomai, isto é o
dizendo:
Tomai, comei; meu corpo.
isto é o meu
corpo.
Mt 26
Lc 22
19E,
tomando um
pão, tendo
dado graças,
o partiu e
lhes deu,
dizendo: Isto
é o meu
corpo
oferecido por
vós; fazei isto
em memória
de mim.
1 Co 11
17Nisto, porém,
que vos
prescrevo, não
vos louvo,
porquanto vos
ajuntais não para
melhor, e sim
para pior.
18Porque, antes
de tudo, estou
informado haver
divisões entre
vós quando vos
reunis na igreja;
e eu, em parte, o
creio.
Mc 14
23A seguir,
27A seguir,
tomou Jesus
tomou um
um cálice e,
cálice e,
tendo dado tendo dado
graças, o deu graças, o
deu aos seus
aos
discípulos; e
discípulos,
todos
dizendo:
beberam
Bebei dele
dele.
todos;
Mt 26
Lc 22
20Semelhan
temente,
depois de
cear, tomou
o cálice,
dizendo:
Este é o
cálice da
nova aliança
no meu
sangue
derramado
em favor de
vós.
1 Co 11
19Porque até
mesmo importa
que haja partidos
entre vós, para
que também os
aprovados se
tornem
conhecidos em
vosso meio.
20Quando, pois,
vos reunis no
mesmo lugar, não
é a ceia do Senhor
que comeis.
Mc 14
24Então, lhes
28porque
isto é o meu disse: Isto é o
meu sangue,
sangue, o
o sangue da
sangue da
[nova]
[nova]
aliança,
aliança,
derramado derramado
em favor de em favor de
muitos, para muitos.
remissão de
pecados.
Mt 26
1 Co 11
21Todavia, a
21Porque, ao
mão do traidor comerdes, cada
está comigo à um toma,
mesa.
antecipadament
22Porque o
e, a sua própria
Filho do
ceia; e há quem
Homem, na
tenha fome, ao
verdade, vai
passo que há
segundo o que
também quem
está
determinado, se embriague.
Lc 22
mas ai daquele
por intermédio
de quem ele
está sendo
traído!
Mt 26
29E digo-vos
que, desta
hora em
diante, não
beberei deste
fruto da
videira, até
aquele dia
em que o hei
de beber,
novo,
convosco no
reino de meu
Pai.
Mc 14
25Em
verdade vos
digo que
jamais
beberei do
fruto da
videira, até
àquele dia
em que o hei
de beber,
novo, no
reino de
Deus.
Lc 22
23Então,
começaram
a indagar
entre si
quem seria,
dentre eles,
o que estava
para fazer
isto.
1 Co 11
22Não tendes,
porventura, casas
onde comer e
beber? Ou
menosprezais a
igreja de Deus e
envergonhais os
que nada têm?
Que vos direi?
Louvar-vos-ei?
Nisto,
certamente, não
vos louvo.
Mc 14
30E, tendo 26Tendo
cantado um cantado um
hino, saíram hino, saíram
para o monte
para o
monte das das Oliveiras.
Oliveiras.
Mt 26
Lc 22
1 Co 11
23Porque eu
recebi do Senhor
o que também
vos entreguei:
que o Senhor
Jesus, na noite em
que foi traído,
tomou o pão;
24e, tendo dado
graças, o partiu e
disse: Isto é o
meu corpo, que é
dado por vós;
fazei isto em
memória de mim.
Mt 26 Mc 14 Lc 22
1 Co 11
24e, tendo dado graças, o partiu e
disse: Isto é o meu corpo, que é dado
por vós; fazei isto em memória de
mim.
25Por semelhante modo, depois de
haver ceado, tomou também o cálice,
dizendo: Este cálice é a nova aliança
no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que o beberdes, em memória
de mim.
26Porque, todas as vezes que
comerdes este pão e beberdes o
cálice, anunciais a morte do Senhor,
até que ele venha.
Mt 26 Mc 14 Lc 22
1 Co 11
27Por isso, aquele que comer o pão
ou beber o cálice do Senhor,
indignamente, será réu do corpo e do
sangue do Senhor.
28Examine-se, pois, o homem a si
mesmo, e, assim, coma do pão, e
beba do cálice;
29pois quem come e bebe sem
discernir o corpo, come e bebe juízo
para si.
30Eis a razão por que há entre vós
muitos fracos e doentes e não poucos
que dormem.
Mt 26 Mc 14 Lc 22
1 Co 11
31Porque, se nos julgássemos a nós
mesmos, não seríamos julgados.
32Mas, quando julgados, somos
disciplinados pelo Senhor, para não
sermos condenados com o mundo.
33Assim, pois, irmãos meus, quando
vos reunis para comer, esperai uns
pelos outros.
34Se alguém tem fome, coma em
casa, a fim de não vos reunirdes para
juízo. Quanto às demais coisas, eu as
ordenarei quando for ter convosco.
OS ELEMENTOS
VISÍVEIS DA
SANTA CEIA
A palavra de Deus e os elementos são a
essência do sacramento.
Podemos traçar um paralelo entre os
elementos visíveis da santa ceia e o do
batismo. Nós não temos o direito de
questionar se a água deve ser usada no
batismo, ou se podemos substituí-la.
As Confissões não especificam o tipo de
pão ou vinho. Jesus usou o pão sem
fermento, ou asmo, que tinha disponível
naquela ceia. Não há uma ordem
específica de Jesus para usar aquele tipo
de pão sem fermento. O texto bíblico
simplesmente diz que ele tomou o pão.
O copo continha o “fruto da videira” (Mt
26.29). Devido a época, isto exclui
qualquer outro produto não fermentado.
A palavra “há quem se embriague”, (1 Co
11.21), mostra que se tratava de vinho.
Vinho é, pois, legitimamente, o referente
para a expressão “fruto da videira”
Usar suco de uva no mínimo torna incerta a
validade do sacramento.
Intinção
A intinção, como alteração do comer e do beber,
foge do padrão do uso instituído. Mesmo que
possam ser listados vários motivos, tais como a
impossibilidade de tomar vinho, racionamento de
vinho ou, o que é mais problemático, a crença
de que, derramando o vinho, se estaria
derramando o sangue de Cristo que teria surgido
de uma transubstanciação, tal prática não se
justifica.
O mesmo parecer da CTRE é de que
nenhum dos motivos supracitados justifica a
prática da intinção, pois a santa ceia não é o
único meio da graça. Não é a sua falta que
condena, mas o seu desprezo, o que seria o
mesmo que desprezar o evangelho. Onde
não há vinho, ou mesmo onde se entende
que não se deva tomar vinho por motivos
clínicos, não haverá santa ceia.
5. DOUTRINAS ACERCA DA
SANTA CEIA:
5.1- Doutrina Católica: Há na Ceia
unicamente corpo e sangue de Cristo; na
“eucaristia” o pão e o vinho transformam-se
(transubstanciam-se) em corpo e sangue
de nosso Senhor. Também pregam a
comunhão sob uma espécie, isto é, a
proibição
do
cálice
aos
leigos.
Concomitância: Juntamente com a hóstia
consagrada recebe-se o corpo e o sangue
de Cristo. Vejamos o que diz Mt 26.27, Mc
14.23, 1 Co 11.25
5.2- Doutrina Reformada: Afirmam que
estão presentes no sacramento pão e vinho
naturais. Tomam as palavras da instituição
em sentido figurado, afirmando que pão e
vinho apenas significam ou representam o
corpo e sangue de Cristo. As palavras “Isto
é o meu corpo” não podem ser tomadas em
sentido figurado, e neste sentido diz Paulo
em 1 Co 11.27 que o comungante indigno é
réu não do sinal ou símbolo do corpo de
Cristo, mas do próprio corpo e sangue de
Cristo.
Isso
seria
impossível se não
tivesse recebido o
verdadeiro corpo e
sangue de Cristo.
5.3- Doutrina Bíblica (pregada pela
IELB): Estão presentes na Ceia, por virtude
da instituição Divina, o pão, vinho, corpo e
sangue de Cristo. O comungante recebe os
dois elementos visíveis (pão e vinho) de
forma oral e também os elementos celestes
(corpo e sangue) de maneira sobrenatural,
incompreensível à nossa limitada razão!
Sob o pão e o vinho recebemos o corpo
que Cristo deu por nós e o sangue que
derramou por nós.
A COMUNHÃO FECHADA
Martinho Lutero
Quem recebe dignamente esse sacramento?
Jejuar e preparar-se corporalmente é, sem
dúvida, boa disciplina externa. Mas
verdadeiramente digno e bem preparado é
aquele que tem fé nestas palavras: “dado em
favor de vós” e “derramado para remissão dos
pecados”. Aquele, porém, que não crê nessas
palavras ou delas duvida, é indigno e não está
preparado, pois as palavras “por vós” exigem
corações verdadeiramente crentes”.
Isso é tudo o que precisamos saber?
O professor Joel Biermann, diz
que “A explanação de Lutero no
Catecismo Menor provê parte da
resposta – mas não toda a
resposta”.
“Comunhão funcionalmente aberta”.
É a prática de deixar nas mãos do indivíduo a
decisão se ele pode ou não participar da
santa ceia, sem se preocupar com a
confissão daquela pessoa.
O professor Gerson Linden, nos ajuda a
compreender o assunto, dizendo que
“A ceia é “do Senhor”. Não é um direito dos
homens; é dádiva. São convidados aqueles que o
Senhor convida. Por isso, a participação na santa
ceia não deve ser vista como um “direito” do
visitante, quando este se sente adequadamente
preparado. Sendo do Senhor, a ceia é
administrada pelo povo do Senhor. Que a Igreja
tem não só o direito, mas o dever de
desempenhar este papel, fica claro pelos
imperativos apostólicos, referentes ao tratamento
da Igreja com indivíduos membros (1 Co 5.9-13;
11.19; 2 Co 2.5-11; 2 Ts 3.14,15)”
A instrução na doutrina cristã é importante para que a
pessoa que pretende participar do sacramento esteja
em efetiva união confessional com o povo de Deus
reunido. Divisão na confissão estabelece divisão no
sacramento. Em 1 Co 10.16,17 Paulo vincula a união
com os irmãos à união no sacramento. Além disso, a
comunhão fechada traz consigo um aspecto de
proteção ao “visitante”. O participar indignamente, a
falta do “examinar-se” e de “discernir o corpo”, que
estão ligados à instrução na fé, trazem ao participante
juízo, ao invés de bênção.
Não estaria um visitante, alguém que não
pertence a congregação, melhor preparado
que um membro da congregação?
Só Deus conhece os corações. Por isso, a Igreja
e os ministros não têm o direito de julgar a fé
“interior” daqueles que a confessaram,
segundo o correto ensino, negando-lhes o
sacramento, a menos que seus atos (frutos)
deponham contra sua integridade. Da mesma
forma, Igreja e ministros não têm o direito de
julgar os que não foram devidamente instruídos
e examinados, considerando-os aptos a
participarem da Ceia, sem que tenham
confessado sua fé.
Mas, agindo assim, não estaríamos nós,
luteranos, insistindo que apenas nós
somos cristãos verdadeiros e que
apenas nós vamos para o céu?
A prática da comunhão fechada não
implica
considerar
somente
os
participantes como “verdadeiros cristãos”.
Pastor David Karnopp
Quando negamos a santa ceia para
pessoas de outras denominações, não
estamos dizendo que elas não sejam
cristãs ou que não tenham fé. Em muitas
igrejas, prega-se a palavra de Deus de
forma suficiente para que pessoas
possam chegar à fé em Cristo. Assim, pela
fé em Cristo são nossos irmãos. Mas é
preciso lembrar que santa ceia requer
unidade de doutrina e confissão.
O Professor Joel Biermann diz que:
O administrador dos mistérios de Deus
precisa educar seu povo sobre a importância
do sacramento em muitos níveis e
particularmente precisa enfatizar os aspectos
corporativos e confessionais do sacramento
que estão presentes junto com a comunhão
individual com Cristo. Basicamente, o alvo é
ajustar a cultura da igreja da forma que
pessoas gentis sejam aptas a reconhecer que
uma pessoa não deveria esperar comungar
em todo e qualquer altar onde ele porventura
esteja presente.
Um visitante presente numa cerimônia de
batismo certamente não iria pensar que fosse
apropriado trazer seu próprio filho
imediatamente a pia batismal para que ele
também pudesse participar nas atividades da
comunidade, e nem o pastor e os que
estivessem sentados próximos ao visitante o
encorajariam para que fizesse isso. Esse
processo de reeducação, necessariamente,
progredirá lenta e sensivelmente, onde
despenseiros fiéis estão honrando o chamado
do Senhor.
Trivializam essa função de despenseiro e a
reduzem a tarefa de contar cálices ou hóstias
para garantir que não haverá faltas
embaraçosas durante a distribuição. Por outro
lado, a função de despenseiro pode ser
entendida como encontrar formas criativas
para “agilizar” a liturgia sacramental e a
distribuição, para que possa ser feita mais
eficientemente e dentro dos limites da sagrada
“regra dos 60 minutos”.
Paulo Gehrard Pietzsch
A participação na santa ceia está, de
algum modo, ligada à profissão de fé. A
IELB não admite a participação de
pessoas de outras denominações da
santa ceia, prática essa denominada de
“comunhão fechada”. Em defesa da
comunhão fechada, Mueller argumenta:
Assim fez Cristo: deixou que a pregação fosse
multidão adentro sobre cada um, bem como
depois também os apóstolos, de sorte que
todos a escutaram, crentes e incrédulos;
quem a apanhava, apanhava-a. Assim
também devemos nós fazer. Todavia não se
deve atirar o sacramento multidão adentro. Ao
pregar o evangelho, não sei a quem atinge;
aqui, porém, devo ter para mim que atingiu
aquele que vem ao sacramento; aí não devo
ficar em dúvida, mas ter certeza de que
aquele, a quem dou o sacramento, aprendeu
e crê corretamente o evangelho .
Segundo Koehler, a santa ceia foi instituída
para cristãos, para seus discípulos, não para o
público em geral. Mueller insiste que a igreja
cristã não deve praticar comunhão livre, mas
privativa, visto que é da vontade de Deus que
só crentes se aproximem da Mesa do Senhor.
Enquanto que o santo Evangelho deve ser
pregado indiferentemente a crentes e
incrédulos (Mc 16.15,16), a Santa Ceia se
destina somente aos regenerados, conforme
comprovam as palavras da instituição de
Cristo e a praxe normativa dos apóstolos (1
Co 10.16; 11.26-34).
A santa ceia, bem como o culto todo, não tem a finalidade
primeira de ser evangelística. É verdade que toda a vida do
cristão quer ser um testemunho da fé em Jesus. Sob esse
prisma, o culto também é. Mas acima disso, o culto tem a
finalidade de receber os fiéis para fortalecê-los na fé,
através da palavra e sacramentos e renová-los no perdão,
no amor e na graça de Deus e na decisão de servir ao
Senhor com alegria. A evangelização é decorrente do culto
e não exatamente direcionada ao culto. É a partir do culto
que os filhos de Deus manifestam a sua confissão de fé e o
seu ensino cristão ao mundo. Como exemplo, podemos
dizer que quando nos sentamos à mesa para fazer uma
refeição, não estamos ali realizando o trabalho do dia-a-dia,
mas sendo fortalecidos para o trabalho que vem a seguir. A
Santa Ceia tem a finalidade de fortalecer os fiéis no amor de
Deus, e que, firmados neste amor, dêem testemunho da
verdade.
Dos cristãos:
a - aqueles que já são batizados, e,
portanto, receberam a fé cristã;
b - que têm condições de se examinarem
a si mesmos a respeito de sua fé;
c - os que crêem que na Santa Ceia
receberam
o
verdadeiro
corpo
e
verdadeiro sangue de Cristo em, com e
sob o pão e o vinho para perdão de seus
pecados;
d - os que querem viver a sua fé em amor .
Por isso, a igreja não tem a liberdade de dar
a santa ceia para quem a receberia para
juízo (1 Co 11.29). Para termos uma
celebração abençoada da santa ceia, a
igreja pratica a comunhão privativa e não
uma comunhão aberta. Com o costume da
inscrição para a santa ceia, onde a
comungante anuncia ao seu pastor ou
outra
pessoa
consignada,
com
antecedência, a sua intenção de participar
da santa ceia, a igreja procura evitar que
pessoas inelegíveis e pessoas fora da
igreja participem da mesa do Senhor.
Hino 256
1. Oh! Pão celeste, doce bem,
mais excelente que o maná!
Minha alma vida nele tem
e eternamente exultará.
2. Oh! Nova aliança do Senhor
no sangue desta Comunhão!
Reconciliando o pecador,
lhe traz em Cristo a salvação.
3. Sedento na alma, venho a ti,
aumenta a fé, ó Salvador;
arrependido estou aqui,
buscando o teu perdão, Senhor.
4. Ó Ceia, que és o manancial
que me sustenta e dá vigor,
vem dar-me a vida e paz real
e a comunhão em santo amor.
A SANTA CEIA E O CUIDADO PASTORAL
A quem devemos convidar para
o altar? Quem devemos admitir?
A quem devemos negar?
João Crisóstomo (CA XXIV, 36), que
disse que o pastor está diariamente
no altar, convidando alguns para a
santa ceia e deixando outros de fora.
Lutero diz:
Esse cuidado e
distinção estão ao
encargo dos
pastores, chamados
precisamente para
essa função.
Em resumo... apavora-me ouvir que nas igrejas dum
mesmo grupo, ou junto ao altar de um mesmo grupo,
ambos os partidos pegam e recebem o sacramento
desse um partido, e que um grupo deve acreditar que
está recebendo mero pão e vinho enquanto o outro
grupo acredita que está recebendo o verdadeiro corpo
e sangue de Cristo. Pergunto-me muitas vezes se é
crível que um pregador ou Seelsorger possa ser tão
calejado e perverso a ponto de conservar silêncio
sobre este assunto e permitir que venham ambos os
grupos, cada um com sua ilusão de que pode receber
sua própria espécie de sacramento conforme sua
própria crença.... Por isso, qualquer que tem tais
pregadores ou que deles possa esperar tal coisa, que
esteja advertido quanto a eles, como sobre o próprio
diabo encarnado!
Numa sociedade que celebra o indivíduo,
desconsidera a função da comunidade e age com
uma mentalidade do direito, oferecer uma decisão
como essa ao indivíduo é razoável e fácil. É um
pensamento comum: ‘Deixa cada um decidir. Isso
é assunto entre o visitante e Deus. Eu estou
apenas ministrando o evangelho, apenas
entregando as hóstias’. Errado. O pastor é o
mordomo. É sua a responsabilidade convidar
pessoas ao altar, excluir aqueles que não
deveriam comungar e, claro, até mesmo recusar a
comunhão àqueles que se apresentam de forma
inapropriada. Isto não é fácil e nem divertido.
Praticar a supervisão e administrar o
sacramento pode ser desconfortável e ter
um alto grau de exigência. O pastor faria
bem, então, em relembrar aqueles profetas
antigos que freqüentemente se viam
executando tarefas desagradáveis e
impopulares, não por causa de sua
escolha pessoal ou suas preferências, mas
pela vontade do Senhor que os chamou e a
quem eles eram compelidos a responder.
Assim acontece com os servos do Senhor
no século XXI, ou pelo menos assim
deveria ser.
O corretivo para isto não é pastores
agindo como ditadores, mas como
despenseiros responsáveis,
administrando diligentemente os meios da
graça de Deus, a fim de que o quebrantado
seja curado e o impenitente seja
admoestado. Como despenseiros, os
pastores cuidarão também para que a
santa ceia, a refeição que alimenta e liga a
igreja a Cristo e um ao outro na unidade
de sua confissão, seja celebrada por
aqueles a quem ela é prometida: aos
membros da igreja naquele lugar.
Aqueles que não fazem parte daquela
comunidade de fé específica, mas que
estão presentes na celebração do
sacramento, deveriam aprender a perceber
sua participação como privilégio e não
como um direito. Eles deveriam pressupor
que esta celebração não os inclui a não ser
que eles sejam especificamente
convidados a participar—vem daí o antigo
costume, agora, porém, tipicamente
desconsiderado, da prática de falar com o
pastor antes da celebração.
Para deixar mais claro ainda, supondo que
essa conversa ocorra, é imperativo que o
pastor não perpetue a noção errada de que
se o visitante “crê em Jesus e na presença
real”, então ele é bem-vindo. Há muito mais
envolvido nisso. Ao pastor foi confiado pelo
seu Senhor esta responsabilidade e o
sacerdócio naquele lugar. Ele deverá
prestar contas por sua prática na
administração do Sacramento
Professor Linden diz:
A ceia do senhor, como dádiva de
perdão e vida para a Igreja, faz parte do
pastoreio... As Confissões Luteranas
afirmam o papel do ministério pastoral
na administração da ceia do senhor. CA
XIV; XXVIII 5; Ap XXIV 80. Especialmente
as palavras do artigo XIV da CA são
pertinentes: “Da ordem eclesiástica se
ensina que sem chamado regular
ninguém deve publicamente ensinar ou
pregar ou administrar os sacramentos
na igreja.”
Questões concernentes ao ministério pastoral
estão, pois, no contexto do estudo sobre a
administração da santa ceia... Constitui-se parte
da administração fiel do sacramento, por parte do
ministro, “convidar uns à comunhão e a outros
proibir que se aproximem” (CAXXIV 36 - texto
alemão). Note-se que isto é reconhecido não
como novidade na igreja, mas algo que existe “na
igreja desde tempos antigos” (CA XXIV 40 - texto
alemão). Os confessores luteranos reconheceram
o papel do ministério, de modo que “conserva-se
entre nós o costume de não dar o sacramento
àqueles que não foram previamente examinados e
absolvidos.”
Um pastor cristão honesto jamais deve agir
de tal modo que ofereça e administre o
precioso tesouro da ceia do Senhor àqueles
que sobre a mesma não pensam e
acreditam de modo correto. Em prova do
que digo que eu mesmo tenho esta opinião
que na eternidade jamais deva ante Deus
ser responsabilizado por ter dado a santa
ceia do Senhor Jesus Cristo a alguém que
zomba das palavras do Senhor Jesus Cristo
e deseja dar cabo da minha confissão e
doutrina e lutar contra elas.
Wittemberg cita Lutero, quando este diz:
Pelo que sempre foi, e ainda é, nossa
convicção firme que do recebimento da
ceia do Senhor não se deve fazer um
brinquedo, de tal maneira que alguém
confessasse uma coisa por sua
participação na ceia do Senhor, e ainda
mantivesse em seu coração algo outro.
Por essa razão, quero deixar expresso
aqui, tanto a mim mesmo como a todos os
pastores e pregadores, o meu pedido
insistente, fraternal e muito sério: Junto
comigo, zelem com dedicação a esse
respeito pelo povo, que Deus adquiriu
como propriedade sua, através do sangue
de Seu Filho, tendo-o chamado e trazido
para o batismo e o seu Reino, e no-lo
encomendou, de sorte que sobre ele se
exigirá de nós rigorosa prestação de
contas, como o sabemos muito bem.
Será que se pode ir a santa ceia sob a
aparência de unidade e ainda assim
estar desunido na ceia? Será que
quando não se enxerga outras
diferenças como sendo um
impedimento para uma comunhão de
altar, no mínimo, uma diferença de
opinião sobre a ceia não devia ser um
impedimento?
Não pode haver nada mais indigno do que
um “sim” e um “não” ante o mesmo altar,
isto é, uma divisão quanto ao sacramento
diante do sacramento! É indigno – e é
pecado! Pecado contra Verba de Cristo.
Pecado contra a Santa Refeição. Pecado
contra a igreja que foi moldada em seu
caráter singular primeiramente através de
sua luta pela ceia, que perde tudo que é
seu quando ela perde seu precioso
tesouro...
Um pecado contra as congregações que
nesta trilha foram tornadas incapazes de
chegar a qualquer espécie de apreço pela
santa ceia, visto que esta trilha não conduz
para uma distinção. Um pecado contra os
heterodoxos que, desta forma carecem do
testemunho correto a respeito da santa
ceia, e não o podem receber. Um pecado
contra nossas próprias pobres almas visto
que, sem muito prejuízo de nossas almas,
não podemos permanecer em tantos
pecados depois que chegamos a saber o
que estamos fazendo.
Penso que somente seremos capazes de
enfrentar, com uma visão promissora do futuro,
os problemas e as necessidades de hoje, se
nossos passos iniciais forem tomados com toda
a seriedade, agindo como Seelsorger – isto é, se
agirmos de modo firme e conservarmos a
coragem e a força para atuar fielmente junto à
família de Deus. Uma coisa (entre outras) que
Wolfram von Krause enfatizou de modo
incansável dentro da estrutura do circulo dos
irmãos luteranos, foi que a ceia de Jesus não é a
propriedade das “amadas almas;” antes ela foi
dada e continua sendo dada à igreja com este
motivo especial: porque é Coena DOMINI.
O assunto tem um enfoque evangélico. Os
luteranos mantém a confissão, não por
causa da enumeração de pecados, mas
“por causa da absolvição - que é sua parte
principal e mais importante - para consolo
das consciências aterrorizadas” (CA XXV
13 - texto alemão). Portanto, a função de
“cura d’almas” se manifesta também na
administração da Santa Ceia. Santa Ceia é
evangelho.
Quando o ensino da palavra de Deus ocupa
espaço na vida da congregação, aqueles que
se juntam a nossa congregação irão conhecer
a maravilhosa dádiva da graça de Deus no
sacramento, e irão, então, tratar o sacramento
com o respeito que lhe é devido. Uma contínua
pregação sobre a santa ceia irá criar e
sustentar continuamente a reverência de
coração naqueles que estão se achegando a
congregação, assim que eles continuarão em
penitência e, assim, na digna recepção do
sacramento.
CONCLUSÃO
“A santa ceia é o Evangelho”
“De fato, se este estudo teve um pouco de
sucesso em persuadir, mesmo que seja um só
leitor, da séria importância da doutrina correta
para uma prática correta, então seu propósito
foi alcançado. A doutrina da igreja tem tudo a
ver com a vitalidade da igreja e sua fidelidade.
Não podemos nos permitir o esquecimento
desta verdade em nossa consideração da
teologia e prática da Ceia do Senhor”.
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Santa Ceia – Curso de Teologia DISCA