Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Universidade Católica Portuguesa Faculdade de Filosofia de Braga Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde Programa de Intervenção: O impacto da menopausa na vida da mulher Docente: Dra. Susana Fernandes Discente: Sílvia Maria Torres Sousa Disciplina: Métodos de Intervenção em Psicologia Clínica e da Saúde Braga, 16 de Abril de 2010 1 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Índice Introdução………………………………………………………………………………..2 1.Menopausa……………………………………………………………………………..3 1.1 Conceito de menopausa e climatério………………………………………...3 1.2 Sintomatologia física e psicológica associada à menopausa………………...5 1.3 Consequências da menopausa………………………………………………..6 1.4 Tratamento na menopausa…………………………………………………...8 2. Sexualidade e menopausa…………………………………………………………....10 2.1 Disfunções sexuais na mulher……………………………………………....11 2.2 Desempenho sexual na menopausa…………………………………………13 3. Protocolo de Intervenção …………………………………………………………....14 3.1. Objectivos………………………………………………………………….14 3.1.1 Objectivos gerais………………………………………………………14 3.1.2 Objectivos específicos……………………………………………..….14 3.2 Formato da intervenção e periodicidade………………………………...….15 3.3 Formação do grupo alvo de intervenção……………………………………15 3.4 Cronograma de intervenção psicológica…………………………………....16 3.5 Descrição das sessões de intervenção………………………………………17 Conclusão………………………………………………………………………...…….26 Bibliografia……………………………………………………………………………..27 Anexos………………………………………………………………………………….29 2 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Introdução No âmbito da disciplina de Modelos de Intervenção em Psicologia clínica e da saúde, foi proposta a realização de uma revisão de literatura de um tema à escolha e um programa de intervenção. Neste sentido, o presente trabalho debruça-se sobre o impacto da menopausa na vida da mulher. A menopausa é definida como o final da capacidade reprodutiva da mulher e acarreta diversas consequências físicas e psicológicas que destabilizam a mulher, quer a nível pessoal, social, conjugal ou sexual. Assim o presente trabalho será composto por três capítulos. O primeiro corresponde à definição de menopausa bem como a referência dos sintomas, consequências e tratamentos associados à mesma. O segundo capítulo debruça-se sobre a sexualidade na meia-idade bem como as disfunções sexuais que podem estar subjacentes à temática em questão. Por fim, o terceiro capítulo diz respeito à descrição do programa de intervenção psicológica. 3 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 1. Menopausa Devido ao aumento da esperança média de vida, um número crescente de mulheres vivencia cada vez mais o climaterio e a menopausa, bem como todos os factores a esta associados, tal como os sintomas físicos e psicologicos, as consequências que advem deste novo estado de maturidade e tem oportunidade de recorrer a tratamentos, tanto físicos como terapias psicológicas, que as auxiliam na nova fase da sua vida, o envelhecimento. Desta forma, a mulher com o final da sua capacidade reprodutiva e configurada pela menopausa, tende a viver dois momentos antagónicos, a juventude e a velhice (Coelho & Carvalho, 2006). 1.1 Conceito de menopausa e climatério Climatério, provem do grego, da palavra Klimater, significando “degrau, ponto crítico da vida”, e é definido como um conjunto de alterações somáticas e psíquicas que se observam na parte terminal do período reprodutor da mulher. É igualmente visto como o período que antecede, acompanha e precede a menopausa (Catão, 2008). Segundo o modelo biomédico, a menopausa é o período durante as menstruações cessam, sendo estas consequências duma redução gradual do funcionamento dos ovários, verificando-se assim uma diminuição da libertação mensal dos ovários e da produção de estrogénios (Pimenta, Leal & Branco, 2007). O modelo sócio cultural define, por sua vez, a menopausa como um processo desenvolvimental normativo e com um impacto mínimo ou nulo na vida da mulher. Este paradigma acrescenta que as dificuldades associadas ao climaterio são culturalmente construídas, tendo como origem as atitudes face ao envelhecimento, o papel social da mulher e os estereótipos negativos (Kaufert, 1982 cit in Pimenta, Leal & Branco, 2007). A organização Mundial de Saúde (2004 cit in Catão, 2008) refere que subjacentes ao climaterio feminino estão quatro fases: pré-menopausa, perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. A pré-menopausa designa o período anterior à confirmação da menopausa e é caracterizada pela regularidade menstrual durante os últimos 12 meses. 4 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher A perimenopausa é o período de tempo que precede a menopausa e durante o qual os ciclos menstruais podem ser irregulares e mais pequenos e iniciam-se também os sinais biológicos, endócrinos e psicológicos que marcam o final da fase reprodutiva. A menopausa verifica-se quando a cessação da menstruação é permanente (após 12 meses consecutivos de amenorreia). Por fim, a pós-menopausa inicia-se um ano após a amenorreia (Chaby, 1995). No que concerne aos dados epidemiológicos, a Organização Mundial de Saúde (SD cit in Sociedade Portuguesa de Menopausa, 2006) afirma que em 2030 cerca de 1.2 milhões de mulheres terão 50 ou mais anos e estarão consequentemente na menopausa. Em Portugal, todos os anos, 700 mil mulheres entram na menopausa, sendo que estas não recorrem a nenhuma terapêutica hormonal (Sociedade Portuguesa de Menopausa, 2008). Devido ao aumento da esperança média de vida, a menopausa influencia um número cada vez maior de mulheres, que podem passar um terço da vida numa situação de privação ou insuficiência ovárica (Chaby, 1995). Relativamente à etiologia da menopausa verifica-se que não existe consenso entre os autores. No que diz respeito à idade, a menopausa desencadeia-se por volta dos 50 anos, podendo ter bases hereditárias, o que não significa que uma mulher entre na menopausa na mesma idade que a sua mãe. Esta também resulta dum envelhecimento biológico, que ocorre no final dos anos reprodutivos da mulher, sendo a altura em que a mulher perde estrogénios e progesterona em maiores quantidades. Aos 45 anos, afirma-se que a mulher entrou na menopausa precocemente. Em contrapartida, a menopausa tardia surge entre os 52 e 55 anos. Existem também diferentes tipos de menopausa, sendo que pode ser natural (resulta do envelhecimento normal) e cirúrgica (devido a quimioterapias, radioterapias ou intervenções medicas) (Catão, 2008). Quanto aos factores demográficos, evidencia-se que a menopausa surge precocemente em mulheres solteiras e de baixo nível socioeconómico (Neto, 2002). A nível ambiental, considera-se que o tabagismo é um factor significativo, devido ao efeito nocivo que o tabaco tem no sistema nervoso central, nos ovários e na produção de estrogenio. Também uma alimentação desequilibrada propicia uma menopausa precoce, bem como hábitos de vida desregulados (Neto, 2002). 5 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 1.2 - Sintomatologia física e psicológica associada à menopausa Os sintomas que acompanham a menopausa são diversos e podem variar da falta de estrogenios mas também do contexto sociocultural e familiar da mulher. A nível físico, verifica-se que as mulheres referem frequentemente o surgimento de afrontamentos que se caracterizam-se por calores que começam no peito e se alastram ate a face, podem diurnos ou nocturnos e incidem em cerca de 80 % das mulheres (Catão, 2008). Outros sintomas físicos frequentes são os formigueiros nas mãos, fadiga, dores articulares e musculares, cefaleias, palpitações, picadas e vertigens (Chaby, 1995). No que concerne aos sintomas psicológicos, evidencia-se que a a ansiedade, o humor depressivo e a diminuição do desejo sexual são os mais significativos, alem das dificuldades de memória, insónias, perturbações do sono, irritabilidade, perda de confiança em si mesma e dificuldades de concentração. Relativamente à ansiedade, esta acarreta sintomas como insegurança, medo, apreensão e uma preocupação generalizada com a saúde futura (Catão, 2008). A depressão é um dos sintomas mais frequentes na menopausa, sendo que estes revelam-se através da ansiedade, tensão muscular, preocupação excessiva, fadiga, irritabilidade, exaustão, perda de interesse, anedonia, diminuição da auto-estima, sensação de solidão e pela incapacidade generalizada (Barreto & Martins, SD). Segundo Matthews (2000 cit in Catão, 2008) apenas 10 % das mulheres saudáveis desenvolve sintomas depressivos na menopausa, pois os sintomas descritos anteriormente afectam a mulher levemente, sendo que a maioria não corre riscos de ficar deprimida. Em contrapartida, vários autores afirmam que uma percentagem significativa de mulheres pode experienciar, durante os primeiros anos da peri e pos-menopausa sintomas depressivos e cerca de 26% das mulheres experiencia-os mais de duas vezes durante o climaterio (Pimenta, Leal & Branco, 2007). Alem disto, alguns autores (Deeks, 2003; Golub, 1992 cit in Pimenta, Leal & Branco, 2007) acrescentam que as alterações de humor não se devem somente ao estado da menopausa mas estão relacionadas com a forma como a mulher percepciona a menopausa bem como o contexto em que a pessoa está incluída e os acontecimentos significativos que sucederam na vida da mesma. 6 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Existem também estudos que apontam para o facto de a depressão ocorrer maioritariamente em mulheres na peri-menopausa, apesar do número de ocorrências dos sintomas depressivos não ser suficiente para constituir um diagnóstico psicopatológico, de acordo com o DSM-IV ou o CID-10 (Pimenta, Leal & Branco, 2007). No período da menopausa, Kraepelin (SD cit in Coelho & Carvalho, 2006) aponta uma condição psicopatológica associada a mesma, sendo esta denominada de Melancolia Involutiva. Esta é caracterizada por depressão, ansiedade, agitação, insónias severas, sentimentos de culpa e, frequentemente, encontram-se somatizações. Contudo, na actualidade, a Melancolia Involutiva foi comutada pela Síndrome do Climatério (Apolinario, 2001, cit in Coelho & Carvalho, 2006). No que concerne à diminuição do desejo sexual, este é afectado devido à idade da mulher, às relações com o próprio parceiro e com a sua própria sexualidade. Deste modo, as relações sexuais são encaradas com indiferença, e podem tornarse fonte de irritabilidade ou de hostilidade para com o cônjuge (Neto, 2002). 1.3- Consequências da Menopausa Alem de acarretar a sintomatologia descrita anteriormente, a menopausa é um factor de risco para o surgimento da Osteoporose, Doenças Cardiovasculares e Infecções Urinarias. A Osteoporose caracteriza-se por uma quebra da massa óssea, pois os ossos tornam-se porosos e menos sólidos, o que conduz a um maior risco de fractura (Chaby, 1995). A Osteoporose pode classificar-se como primária ou secundária. A primeira, ocorre, normalmente, após os 50 anos e pode ser subdividida em tipo 1 (atinge mulheres nas pós menopausa, 15 a 20 anos após a menopausa) e tipo 2, que atinge ambos os sexos após os 70 anos de idade. A osteoporose secundária deve-se a factores como hipertiroidismo, alcoolismo, Síndrome de Marfan, entre outros. Contudo, também existem factores de risco para o surgimento deste tipo, como por exemplo, consumo pobre de cálcio, tabagismo, consumo excessivo de café, sedentarismo, história familiar, entre outros (Catão, 2008). É especialmente na pós-menopausa que a osteoporose afecta mais mulheres, significando um aumento da morbilidade e mortalidade em mulheres por volta dos 70 anos de idade (Neto, 2002). 7 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Mulheres de raça branca, com baixo peso, com casos de osteoporose na família, hábitos tabágicos, problemas nutricionais e sedentárias são mais predispostas a desenvolverem esta patologia (Neto, 2002). Para prevenir o impacto avassalador desta doença na vida das mulheres após a menopausa, deve-se ter em conta um tratamento hormonal de substituição na manutenção da massa óssea, deve-se ingerir um suplemento de cálcio superior a 1200 g por dia tal como uma alimentação equilibrada, higiene diária e exercício regular (Chaby, 1995). No que concerne às Doenças Cardiovasculares, estas são a principal causa de morte em mulheres na pós-menopausa, pois o risco de enfarte do miocárdio aumenta, bem como a hipertensão e a aterosclerose (Catão, 2008). A falta de estrogénio conduz à diminuição da relação entre as proteínas de alta densidade (HDL) e as de baixa densidade (LDL), diminuição da protecção das paredes das artérias e ao aumento da resistência vascular, aumentando consequentemente o risco de Doenças Cardiovasculares (Neto, 2002). Desta forma, verifica-se que mulheres na pós-menopausa e que tiveram hábitos de vida desregulados, como alimentação desequilibrada, consumo de tabaco, falta de exercício físico, obesas ou com risco genético de sofrer desta patologia, estão mais propicias a padecerem de Doenças Cardiovasculares. Uma outra patologia marcante na menopausa é a incontinência urinária. Esta engloba a incontinência de esforço e a instabilidade urinária. A primeira caracteriza-se por uma diminuição das forças de retenção da urina e que se manifesta por fugas quando há um esforço, sem sensação de necessidade. A instabilidade urinária que se encontra relacionada com uma forte contracção da bexiga e que caracteriza-se por necessidades urgentes, por um desejo frequente de urinar bem como fugas com sensação de necessidade (Chaby, 1995). Como descrito anteriormente, a depressão e a ansiedade são as consequências mais significativas na mulher na pós-menopausa. Estas devem-se ao facto de surgirem num contexto de perda de qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves, comprometendo o quotidiano da mulher, a nível social, familiar (Barreto & Martins, SD). 8 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 1.4- Tratamentos na Menopausa Na fase do climatério existem tratamentos a que a mulher pode recorrer, podendo estes ser médicos (hormonais ou não hormonais) ou psicológicos. Os tratamentos médicos hormonais visam prevenir o surgimento de doenças e reduzir a sintomatologia precoce e tardia. O Tratamento Hormonal de Substituição (THS) baseia-se no pressuposto que os ovários não produzem mais hormonas, logo este tratamento consiste em fornecer quantidades semelhantes de hormonas artificiais, nomeadamente estrogénio e progesterona, ao organismo, tal como as hormonas ováricas antes da ocorrência da menopausa (Chaby, 1995). A reposição hormonal torna-se mais eficaz quando administrada pouco tempo após a quebra de produção de hormonas (Catão, 2008). Esta terapia tem vantagens como por exemplo a prevenção de Doenças Cardiovasculares, Osteoporose, melhoria da qualidade de vida e da função cognitiva bem como o adiamento da Doença de Alzheimer. Todavia, também se verificam inconveniente tal como a manifestação de cancro da mama ou do endométrio (Neto, 2002). No que concerne aos tratamentos não hormonais, verifica-se que as mulheres podem recorrer a medicação não hormonal, que engloba antidopaminérgicos, tranquilizantes ou anti-depressivos. Também a nutrição deve ter sida em conta, pois a alimentação da mulher durante a menopausa deve ser abundante em vitaminas, sais minerais e fibras (Chaby, 1995). A nível psicológico, a mulher no decorrer da menopausa pode recorrer a serviços de psicologia especializados, que a ajudem a ultrapassar esta nova fase de descobertas do seu corpo e da sua psique. Assim, a intervenção psicológica pode fazer-se a três níveis, sendo eles a psicoterapia individual, a psicoterapia em grupo e psicoterapia de casal. A primeira pode auxiliar a mulher a minimizar os sintomas psicológicos, como a ansiedade, depressão ou os problemas de índole sexual. Possibilita igualmente o reconhecimento e percepção das perdas que a mulher está a vivenciar (Catão, 2008). A psicoterapia em grupo é útil para proporcionar à mulher uma troca de experiencias, para beneficiar a expressão de sentimentos, receios, fantasias e para facultar a produção de novos objectivos de vida (Neto, 2002). 9 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Por fim, a psicoterapia de casal auxilia no âmbito conjugal, na medida em que o psicólogo pode ajudar em questões como a mudança de hábitos de vida, aceitação da nova condição de mulher mais madura bem como no seu relacionamento com o companheiro tanto a nível pessoal como sexual (Catão, 2008). Além destas hipóteses de tratamento, verifica-se que existe um interesse crescente sobre as terapias cognitivo-comportamentais, que visam a redução dos sintomas inerentes a esta fase através, por exemplo de técnicas de relaxamento, bem como as crenças presente no processo da menopausa e aos seus sintomas (Pimenta, Leal & Branco, 2007). Em suma, a menopausa é um novo ciclo de vida da mulher, sendo que acarreta diversas mudanças, tanto a nível físico como psicológico. Esta é um fenómeno irreversível na vida da mulher e significativo, pois alude ao final da juventude e ao começo duma nova fase, o envelhecimento. Provocando deste modo sentimentos contraditórios. Por um lado sentem-se felizes pelo final da menstruação e pelo risco diminuto de engravidar, mas por outro lado sentem-se deprimidas, ansiosas e com medo deste novo papel de mulher. 10 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 2. Sexualidade e menopausa A literatura evidencia que a menopausa tem um impacto significativo na vida sexual da mulher e consequentemente do casal. Na fase da menopausa, a sexualidade da mulher é influenciada por factores biológicos, psicológicos e sócio-culturais. No entanto, a menopausa não constitui a finalização da vida sexual da mulher, pois esta tem todos os requisitos para ser sexualmente activa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2004), sexualidade engloba o sexo, a identidade de cada sujeito, os papéis de género, a orientação sexual, o erotismo, o prazer, intimidade e reprodução. Além disto, acrescenta que “a sexualidade é vivenciada e expressa em fantasias, pensamentos, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relações”. Durante a vida, a mulher desempenha três papéis sexuais distintos: o primeiro corresponde à puberdade, que se caracteriza pela maturidade sexual, pois é a altura em que sucede a primeira menstruação; posteriormente, a mulher alcança a plena maturidade, pois aumenta a capacidade de reprodução, a gravidez e passa pelo momento do parto; por último, no climatério verifica-se o final da capacidade reprodutiva feminina (Catão, 2008). Ao longo do processo da menopausa verifica-se que as mulheres experimentam alterações sexuais nos anos que antecedem e advêm à mesma, sendo as queixas mais frequentes a perda do desejo, a redução da actividade sexual, dores e dificuldades com o parceiro (Neto, 2002). As modificações que a mulher sofre podem ter um impacto significativo a nível fisiológico e psicológico. As alterações anatómicas centram-se na diminuição da lubrificação vaginal, a parede da vagina torna-se mais fina, o que pode provocar irritação e dor na penetração sexual, redução do tamanho do clítoris e maior flacidez dos grandes e pequenos lábios. Por sua vez, os factores psicológicos que podem influenciar a sexualidade feminina na menopausa são as modificações corporais (idealização de perder o corpo jovem e medo do envelhecimento), a perda da fertilidade tal como as mudanças nas dinâmicas e relacionamentos familiares, principalmente com o parceiro (Chaby, 1995). 11 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher De acordo com estudos realizados (Mishra e Kuh, 2006 cit in Pimenta, Leal & Branco, 2007), mulheres que se encontram na peri e pós-menopausa expressam uma decadência da vida sexual e narram que frequentemente sentiam dificuldades no acto sexual. Além destes factores, mostram igualmente que o bem-estar físico e psicológico é relevante para o desempenho sexual na menopausa, dado que os sintomas uro-genitais e depressivos, o aumento de peso e a auto-imagem negativa são frequentes em mulheres com queixas sexuais. Um aspecto necessário a ter em conta é a maneira como as mulheres encaram a sexualidade na menopausa, pois as reacções podem ser bastante diferentes, podendo ser definidas como mulheres com atitudes “ The Sizzle” ou “The Fizzle”. As atitudes “The sizzle” são características de mulheres que têm uma visão positiva da menopausa, não desejando que o sexo se torne apenas numa “ lembrança” devido ao envelhecimento. Estas mulheres pesquisam sobre os aspectos inerentes à menopausa, tentando compreender esta nova etapa de vida, de forma a adaptarem-se à sua nova condição de mulher, sem nunca descurar a vida sexual (Giblin, 2005). Em contrapartida, as mulheres “The Fizzle” tornam-se apreensivas com o inicio da menopausa, sendo frequente que sejam influenciadas pelos mitos implícitos à menopausa e percepcionam esta fase como o final da juventude e da sexualidade (Giblin, 2005). Alem disto, esta autora acrescenta que a percepção de que o sexo, a beleza e a juventude estão apenas associados aos jovens pode tornar a transição para a menopausa mais difícil e desconfortável. 2.1 Disfunções sexuais na mulher Segundo a APA (2004), as disfunções sexuais caracterizam-se por uma perturbação nos processos que representam o ciclo de resposta sexual ou dor associada à relação sexual. Na etiologia das disfunções sexuais encontram-se factores sócio-demograficos, como por exemplo a idade da mulher ou o seu estado civil; factores médicos, pois podem ser originadas por doenças ou efeitos de medicamentos; psicológicos, como por exemplo receio de contrair doenças sexualmente transmissíveis, experiências traumáticas, perda de atracção pelo parceiro, auto-estima e imagem corporal negativa, 12 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher ansiedade, depressão, sentimentos de inferioridade; podem também derivar de crenças sexuais erradas associadas a uma educação restrita e negativa ou a dúvidas quanto à sua orientação sexual (APA, 2004; Netto, 2002). As disfunções sexuais femininas podem dividir-se em Perturbações do Desejo, do Orgasmo, da Excitação, da Dor. As Perturbações do Desejo subdividem-se em desejo Hipoactivo e Aversão Sexual, enquanto as Perturbações da Dor subdividem-se em Dispareunia e Vaginismo. A Perturbação do Desejo Sexual Hipoactivo diz respeito ao desejo de actividade sexual e fantasias persistentemente deficientes ou ausentes (APA, 2004). No que se refere à Aversão Sexual, esta é caracterizada como uma aversão extrema, persistente ou recorrente, e evitamento total do contacto sexual genital. Quando confrontada com uma oportunidade sexual com o parceiro, a mulher pode manifestar prenúncios como ansiedade, medo ou nojo (APA, 2004). No que concerne à Perturbação do orgasmo na mulher, este é descrito pelo retardamento ou ausência de orgasmo a seguir a um estádio de excitação normal. O diagnóstico para esta perturbação deve basear-se na idade, experiencia sexual e na adaptação do estímulo sexual que recebe (APA, 2004). A Perturbação de Excitação Sexual na mulher define-se pela incapacidade constante ou recorrente para atingir ou suportar uma resposta de lubrificação da excitação sexual, até ao final do acto sexual, podendo fomentar um acentuado mal-estar ou dificuldade interpessoal (APA, 2004). A primeira Perturbação da Dor na mulher, denominada de Dispareunia caracteriza-se pela dor genital relacionado com a actividade sexual, sendo que não é estimulada apenas por vaginismo ou falta de lubrificação (APA, 2004). Por fim, o vaginismo, é definido como um espasmo inconsciente da musculatura do terço externo da vagina que intervém no acto sexual. Esta contracção pode variar de ligeira a algum aperto mais forte (APA, 2004). No que se refere à epidemiologia das disfunções sexuais em Portugal, verifica-se que a Perturbação do Desejo Sexual Hipoactivo, da Excitaçao e do Orgasmo são as mais frequentes entre as mulheres portuguesas, rondando cerca de 15% da população, cada uma. Em contrapartida, o vaginismo é a perturbação com menos incidência em Portugal, rondando os 4% de prevalência (Catão, 2008). 13 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 2.2 Desempenho sexual na menopausa No decorrer da menopausa o desejo sexual é diversificado, consoante cada mulher, pois em algumas pode ser exasperado devido ao facto de se sentirem livres de engravidar indesejadamente bem como do uso de contracepção. Em contrapartida, o desejo sexual também pode abrandar consideravelmente nesta fase, resultando das alterações hormonais que a mulher sofre, da finalização da produção de hormonas femininas e do facto de encararem o envelhecimento como algo negativo (Netto, 2002). Todavia, existem estudos (Mansfield e Volda, 1997 cit in Pereira, Leal & Branco, 2007) que apontam que apesar do desejo sexual diminuir no período do climaterio, muitas mulheres expressavam um desejo crescente de beijar mais, abraçar e se envolverem activamente em carícias não sexuais com o parceiro. Além da diminuição do desejo sexual, constata-se igualmente uma redução da actividade sexual, derivada de factores físicos ou psicológicos, como por exemplo o surgimento de disfunções sexuais (Dennertein & Hayes, 2005). Um outro factor que diverge com o aparecimento da menopausa é o facto da mulher, durante a relação sexual, percepcionar o orgasmo de maneira diferente. Phillips (2005) afirma que algumas mulheres têm mais complicações em atingir o orgasmo devido ao temor do desconforto e à dor que podem sentir. Por outro lado, existem mulheres que referem ser mais simples atingir o orgasmo à medida que vão envelhecendo, devido a uma maior experiencia nas posições técnicas a utilizar, a maior confiança e principalmente a uma maior maturidade, também a nível sexual. Outros estudos apontam também que em alguns casos excepcionais, algumas mulheres apenas experienciam o primeiro orgasmo após a menopausa (Catão, 2008). Um outro estudo levado a cabo por Squire (2005) faz uma correlação entre a diminuição do desejo sexual e a menopausa, concluindo que esta redução do desejo de contacto sexual pode dever-se aos sintomas característicos desta fase, provocando consequentemente dor e desconforto na relação sexual. Desta forma, verifica-se que durante a menopausa a mulher é afectada por diversos factores a nível sexual, como as alterações hormonais, a medicação, consumo de substâncias, ansiedade, depressão ou a intimidade sexual com o parceiro. 14 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 3. Protocolo de Intervenção O presente Protocolo de Intervenção será composto pelos objectivos gerais e específicos que visam a continuidade da parte teórica do presente trabalho. Serão também caracterizados os participantes desta intervenção, os materiais utilizados e será exposta a calendarização da Intervenção em causa. 3.1. Objectivos 3.1.1 Objectivos Gerais O principal objectivo deste programa desenvolver uma intervenção psicológica que visa o esclarecimento de mulheres sobre a menopausa, os aspectos inerentes à mesma bem como a sexualidade da mulher nesta fase. 3.1.2. Objectivos específicos Apoiar e preparar psicologicamente as mulheres para a nova etapa da sua vida, a nível pessoal, familiar, relacional e sexual; Caracterização de um grupo de mulheres na menopausa quanto ao nível de informação acerca da mesma; Esclarecimento da sintomatologia intrínseca à menopausa e as suas consequências físicas e psicológicas; Discutir opções de tratamentos, de acordo com as necessidades de cada mulher; Clarificar o conceito de sexualidade; Relacionar a sexualidade com a meia-idade; Fornecimento de informação acerca das disfunções sexuais existentes e que podem surgir na menopausa; 15 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 3.2. Formato da intervenção e periodicidade A intervenção terá um formato breve, sendo composta por 8 sessões, uma por semana, com duração de 1 hora e 30 minutos. A intervenção decorrerá entre o dia 6 de Maio de 2010 e 24 de Junho de 2010. O local da intervenção será uma sala de reuniões no Hospital do Centro de Braga, com boa iluminação, privacidade, sem distracções que possam interromper as sessões e com espaço suficiente para que seja possível a disposição das participantes de forma a promover o contacto ocular, sem que a proximidade iniba a participação. 3.3 Formação do grupo alvo de intervenção O grupo será formado por 8 mulheres com idades compreendidas entre os 45 e 60 anos com diagnóstico médico de menopausa. Estas foram seleccionadas através da consulta de Ginecologia, sendo submetidas a pré-testes para se apurar a problemática pretendida, a idade, ausência de psicopatologia grave e com nível cognitivo e verbal preservado. Foram também informadas acerca dos objectivos da intervenção, o número e a duração das sessões bem como da periodicidade da mesma. Durante a fase de recruta de membros para a intervenção também serão fornecidos pedidos de autorização às entidades responsáveis, neste caso o Hospital de Braga, pedidos de consentimento informado às participantes, garantindo a confidencialidade dos dados pessoais partilhados durante as sessões bem como uma calendarização das sessões de intervenção, contendo o dia, a hora e as actividades a realizar. 16 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 3.4 Cronograma de Intervenção Psicológica Sessão 1ª Sessão 2ª Sessão 3ª Sessão 4ª Sessão 5ª Sessão Tema Apresentação do facilitador e das participantes; Expectativas do grupo; Discussão sobre o conceito de menopausa; Debate acerca das ideias criadas pelas participantes sobre a menopausa; Esclarecer os conceitos errados e fornecer informação adicional sobre a temática em questão; Sintomas que advêm da entrada na menopausa; Discussão sobre as experiencias individuais que foram alvo; Fornecimento de informação sobre os tratamentos existentes para a melhoria da qualidade de vida da mulher; Visualização de um testemunho de recurso a um tratamento medicamentoso bem sucedido; Conceito de sexualidade para cada participante; Exposição de artigos/frases sobre sexualidade; Actividade “Vamos conhecer” “Tumulto de pensamentos” “O que nos acontece?” “Descobrir, pensar e aderir” “Será que sei? Vou descobrir…” 17 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher 6ª Sessão Sexualidade e meia 7ª Sessão 8ªSessão idade, opiniões pessoais; Discussão sobre as diferenças da relação sexual após a menopausa; Disfunções sexuais: descrição; Impacto destas na vida da mulher, a nível pessoal, social e sexual; Iniciar o processo de despedida; Avaliação do trabalho realizado ao longo das 8semanas; Marcação da sessão de follow-up; Encerramento da intervenção; “Antes e depois” “Doença? Quero ultrapassa-la…” “Chegar ao fim” 3.5 Descrição das sessões de intervenção Sessão nº 1- “Vamos conhecer” Realiza-se no dia 6 de Maio, das 16 horas às 17horas e 30 minutos. Objectivos da sessão: Apresentação do facilitador que acompanhará o processo terapêutico e explicação de como o programa irá decorrer; Apresentação dos intervenientes da sessão; Conhecer as expectativas do grupo acerca do processo interventivo; Discussão sobre o que significa o conceito de menopausa para cada uma das mulheres presentes na sessão; 18 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Descrição da actividade: O facilitador inicia a sessão apresentando-se ao grupo e faz alusão aos objectivos do processo terapêutico bem como à forma como o programa irá decorrer. Em seguida, solicita às participantes que se realize uma actividade lúdica, de forma a ser mais fácil a apresentação de cada uma. As participantes devem escrever o seu nome, idade, estado civil e profissão nos cartões fornecidos pelo facilitador, e depois passarem os cartões à pessoa do lado, para que seja essa pessoa a apresentar a que escreveu o cartão. O facilitador, com esta actividade, pretende que as participantes se desinibam, se conheçam e estabeleçam contacto com os outros membros. Alem das apresentações das intervenientes, o facilitador também as questiona sobre o que esperam do processo e quais as expectativas que têm. Após as apresentações de cada uma das participantes, o facilitador questiona o grupo sobre o que entendem por menopausa, de forma a perceber qual o entendimento das participantes sobre a temática em questão. Desta forma, vai apontando num quadro as palavras-chave que são referidas na discussão para que no final possam chegar a uma conclusão sobre do que se fala quando se menciona a palavra menopausa. Materiais: Canetas, cartolina branca cortada aos quadrados, quadro e marcador. Sessão nº 2- “Tumulto de pensamentos” Efectua-se dia 12 de Maio das 16 horas até as 17horas e 30 minutos. Objectivos da sessão: Discussão acerca das concepções correctas e erradas que cada participante tem sobre a menopausa; Fornecimentos de material, pelo facilitador, alusivo à temática, de forma às participantes possuírem material científico sobre a questão; Estabelecimento de uma tarefa para casa; 19 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Descrição da sessão: O facilitador inicia a sessão fazendo uma sumarização da sessão anterior, de forma a dar continuidade às sessões programadas. Em seguida, propõe um debate sobre os mitos e verdades da menopausa, sendo que quem começa o debate é o facilitador questionando o que pensam sobre o facto de na sociedade existir o mito que com a chegada da menopausa as mulheres entram igualmente numa fase de envelhecimento e deixam de ser mulheres na sua plenitude. No decorrer do debate o terapeuta faculta artigos científicos, com alguns parágrafos sublinhados, com o objectivo de que em casa as participantes se debrucem sobre os mesmos, os analisem e na próxima sessão se discuta as conclusões retiradas da leitura. Materiais: Artigos científicos sobre climaterio, menopausa e o impacto desta na vida da mulher Sessão nº 3- “O que acontece?” Acontece no dia 20 de Maio, entre as 16 horas e as 17 horas e 30 minutos Objectivos da sessão: Aplicação do Grenne Climateric Scale (GCS); Elucidação sobre os sintomas físicos e psicológicos que advém com a entrada na menopausa; Discussão sobre que sintomas foram mais dominantes entre as participantes do grupo; Realização de uma sessão de relaxamento (Relaxamento Muscular Progressivo); 20 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Descrição da Sessão: No inicio da sessão, o facilitador faz referência ao trabalho de casa que indicou na sessão anterior, pedindo às participantes que partilhem com o grupo as conclusões que tiraram sobre os artigos fornecidos. Após esta revisão, o terapeuta propõe a elaboração de um questionário, que tem por objectivo apurar a sintomatologia de cada mulher durante o período do climatério (Anexo A). Posteriormente à realização do questionário, o facilitador pergunta às participantes quais os sintomas mais dominantes que sentiram desde o inicio desta fase e em que medida estes prejudicaram ou perturbaram a qualidade de vida das mesmas, os seus relacionamentos pessoais com a família e com o companheiro, bem como a relação sexual. Alem disto também elucida as mulheres sobre o facto de ser normal a ocorrência de sintomas durante esta fase. No final da sessão, o facilitador propõe a realização dum exercício de relaxamento, nomeadamente o Relaxamento Muscular Progressivo. Materiais: Questionário – The Grenne Climateric Scale (GCS) Esferográfica Sessão nº 4- “Descobrir, pensar e aderir” Realiza-se no dia 27 de Maio, entre as 16horas e as 17horas e 30 minutos; Objectivos da sessão: Entrega de informação acerca dos tratamentos existentes para o Síndroma Climatérico; Visualização de um testemunho real sobre os benefícios de um tratamento medicamentoso; 21 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Descrição da sessão: No inicio da sessão o facilitador distribui pelo grupo um panfleto contendo informações acerca dos tratamentos existentes, medicamentosos ou não. De seguida inicia um debate sobre o que cada membro do grupo pensa sobre iniciar algum tratamento caso seja necessário e esclarece sobre as consequências que possam advir dos tratamentos, para que se alguma mulher decidir iniciar um tratamento, o faça de forma responsável e seja acompanhada devidamente por um médico competente. Após o debate, o facilitador apresenta um documentário sobre testemunhos reais de mulheres que se submeteram a tratamentos medicamentosos bem sucedidos, discutindo no final as ideias mais importantes sobre o filme. Materiais: Panfletos Documentário Televisão Sessão nº 5- “Será que sei? Vou descobrir….” A quinta sessão efectua-se no dia 3 de Junho das 16 horas às 17 horas e 30 minutos Objectivos da sessão: Explorar o conceito de sexualidade para cada participante; Realização de um jogo sobre sexualidade; Exploração de um artigo cientifico que menciona o conceito de sexualidade; Descrição da sessão: O terapeuta inicia a sessão aludindo ao conceito de sexualidade, pedindo às participantes para acrescentarem o que sabem sobre a temática. Depois, sugere a realização de um jogo. Este jogo facilita a discussão da sexualidade e pretende a eliminação dos tabus subjacentes ao problema em questão. O facilitador exibe uma caixa repleta de papéis com uma palavra escrita, todas elas sobre sexualidade. 22 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Depois passa a caixa a uma das participantes pedindo para escolher uma papel e para comentar a palavra que se esta escrita, tentando dizer o que a palavra significa para si ou qual o entendimento que faz da mesma. De seguida, a pessoa passa a caixa a outra que escolhe, não sendo obrigatoriamente a que esta ao seu lado. No final do jogo o terapeuta deve questionar se alguém quer acrescentar algo ao que foi referido durante o jogo e seguidamente apresenta um artigo científico a cada uma das mulheres, com parágrafos sublinhados, para que corroborem o que foi dito durante a sessão sobre sexualidade. Materiais: Caixa quadrada; Papeis cortados aos quadrados com uma palavra escrita; Artigo científico; Sessão nº 6- “Antes e depois” Realiza-se no dia 10 de Junho entre as 16 horas e as 17horas e 30 minutos Objectivos da sessão: Debate sobre sexualidade e meia-idade; Discussão sobre as diferenças da relação sexual antes após a menopausa; Realização de um questionário – Menopausal Sexual Interest Questionaire (MSIQ); Descrição da sessão: Na presente sessão o facilitador propõe um debate acerca da sexualidade na meiaidade e das diferenças que se verificam na relação sexual antes da menopausa e após este período. Após o debate, o terapeuta faculta um questionário que pretende avaliar o interesse sexual em mulheres na pós-menopausa (Anexo B). 23 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Materiais: Menopausal Sexual Interest Questionaire (MSIQ) Sessão nº 7- “Doença? Quero ultrapassá-la.” A sétima sessão efectua-se no dia 17 de Junho, entre as 16 horas e as 17horas e 30 minutos Objectivos da sessão; Descrição das disfunções sexuais femininas; Analisar o impacto destas a nível pessoal, social e cultural na vida da mulher; Aplicação de um questionário - Female Sexual Function Index (FSFI); Iniciar o processo de despedida do programa terapeutico; Descrição da sessão; No decorrer desta sessão, o facilitador recorre a uma apresentação power point para descrever as disfunções sexuais femininas, de forma a dar a conhecer às participantes as doenças que podem advir, como consequência da menopausa. Pretende igualmente analisar, em conjunto com grupo, o impacto que estas podem ter na vida da mulher, no seu relacionamento conjugal, familiar tal como a nível psicológico. Após o esclarecimento sobre as doenças que podem estar inerentes a esta fase, o facilitador dispõe questionários pelas participantes da terapia, com o objectivo de avaliar o funcionamento sexual feminino (Anexo C). No final da sessão, o terapeuta fornece ao grupo um novelo de linhas e pede-lhes para passarem o novelo entre elas, desenrolando-o e dizerem em voz alta “está a chegar ao fim”. Quando o novelo estiver desenrolado, o terapeuta deve dizer que aquele novelo simboliza a abertura e a relação que criaram durante todo o processo terapêutico, acrescentando que devem se preparar para na próxima sessão enrolarem de novo o novelo, visando o final do processo e a interiorização de tudo que passaram e discutiram. Desta forma, o facilitador pretende auxiliar o grupo no processo de despedida e que encarem que o programa está prestes a terminar. 24 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Materiais: Apresentação power point; Cópias da apresentação para cada uma das participantes; Questionário de funcionamento sexual; Novelo de linhas Sessão nº 8- “Chegar ao fim” Realiza-se no dia 24 de Junho das 16 horas ate as 17horas e 30 minutos Objectivos da sessão: Avaliação do trabalho realizado ao longo das 8semanas; Marcação da sessão de follow-up; Encerramento da intervenção; Descrição da sessão: Na última sessão do programa de intervenção o facilitador deve fazer uma sumarização do processo interventivo, salientando as principais conclusões que retiraram das sessões. Deve igualmente debater com o grupo as vantagens que obtiveram com este programa bem como os conhecimentos que adquiriram e em que medida estes podem ser úteis para o bem-estar da mulher e ainda as dificuldades e ganhos que obtiveram da experiencia. Um outro aspecto importante que o facilitador deve ter em conta é a marcação duma sessão follow-up, um mês depois, para avaliar a consolidação do trabalho realizado, a performance dos participantes. Alem disto, o facilitador deve elogiar as participantes pelo trabalho desenvolvido ao longo das 8 sessões bem como centrar-se no crescimento e desenvolvimento do grupo. No final da sessão, o terapeuta inicia o jogo da sessão anterior, fornecendo o novelo de linhas às participantes, sendo que desta vez, é ele próprio que desenrola o novelo e a tarefa de cada membro é escolher uma palavra que pense ser mais descritiva ou 25 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher significativa de todo o processo terapêutico e em seguida deverá cortar a linha, significando o final da sua participação neste programa. Materiais: Novelo de linha 26 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Conclusão Em jeito de conclusão, verifica-se que a menopausa é um facto inevitável na vida de todas as mulheres e com uma prevalência cada vez maior, devido ao aumento da esperança média de vida. Inerente à menopausa evidenciam-se também sintomas físicos e psíquicos que influenciam a vida da mulher, quer a nível pessoal, conjugal, social e sexual. Através do presente trabalho também se considera que o objectivo proposto da realização de um programa de intervenção foi atingido, dado que se demonstrou ser um projecto aplicável e realista. Contudo, evidenciaram-se algumas limitações, nomeadamente na recolha de informação acerca da temática proposta e na recolha de questionários orientados para o programa de intervenção. Em suma, considero que os objectivos foram atingidos na medida em que o trabalho realizado foca os objectivos propostos inicialmente bem como a realização dum projecto de intervenção direccionado para uma população específica, neste caso, mulheres em idade de menopausa. 27 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Bibliografia A. P. A. (American Psychiatric Association) (2004). DSM–IV – Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (4ª Edição). Lisboa: Climepsi Editores Barreto, J. & Martins, R, (SD). A depressão em mulheres na meia-idade. II Seminario Nacional de Genero e Praticas Culturais: Culturas, Leituras e Representações. Brasil. Catao, L. (2008). Sintomatologia Climaterica e Sexualidade na mulher de meiaidade. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Fernando Pessoa. Porto. Portugal. Chaby, L. (1995). A menopausa (tradução portuguesa). Lisboa. Instituto Piaget Coelho, V. & Carvalho, I. (2006). Mulheres na maturidade e queixa depressiva: compartilhando historias, revendo desafios. Psicologia- USF. 11(1): 113-122 Dennertein, L. & Hayes, R. (2005). Confronting the challenges: epidemiologic study of female dysfunction and the menopause. Journal of sex medicine. 2(3): 118-132 Giblin, K. (2005). Sex and menoapause: The Sizzle and The Fizzle. Sexuality, Reproduction & Menopause. 3(2): 72-77 Netto, J. (2002). Mulheres no climatério: Nível de informações, ansiedade, depressão, qualidade de vida e resultados de uma intervenção psicológica. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USB. Brasil. Phillips, R. (2005). A Bíblia da Menopausa. Lisboa. Editorial Estampa. (Obra original Publicada em 2005). 28 Programa de intervenção: o impacto da menopausa na vida da mulher Pimenta, F. Leal, I. & Branco, J. (2007). Menopausa, a experiencia intrínseca de uma inevitabilidade humana: uma revisão de literatura. Analise Psicológica. 3(25): 455466 Sociedade Portuguesa de Menopausa (2006). Portugal. Squire, A. (2005). Saúde e bem-estar para pessoas idosas -fundamentos básicos para a pratica. (tradução). Loures. Lusociência. 29