UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CARLOS ANTÔNIO BECHERT Trabalho de Estágio CO-LOADING DE CARGAS CONSOLIDADAS NA EXPORTAÇÃO SANTOS-AUCKLAND PELA EMPRESA CRAFT MULTIMODAL ITAJAÍ 2015 CARLOS ANTÔNIO BECHERT Trabalho de Estágio CO-LOADING DE CARGAS CONSOLIDADAS NA EXPORTAÇÃO SANTOS-AUCKLAND PELA EMPRESA CRAFT MULTIMODAL Trabalho de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comercio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Esp. Bruno Meurer de Souza ITAJAÍ 2015 2 Agradeço primeiramente a Deus, por mais esta etapa concluída. Aos meus pais e familiares que sempre estiveram no meu lado nos momentos bons e ruins, e que muito me ensinaram, e ao professor orientador Bruno Meurer de Souza, pelo conhecimento adquirido e que muito contribuiu para a realização do presente trabalho. 3 “Ser simples é, sem dúvida, o jeito de ser mais natural e honesto que existe.”. (João Vitor Rocha) EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Carlos Antônio Bechert b) Área de estágio Logística internacional c) Orientador de conteúdo Prof. Esp. Bruno Meurer de Souza d) Supervisor de campo Ana Karina Heusi Machado e) Responsável pelo Estágio Profª. Msc. Natalí Nascimento DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO a) Razão Social Craft Multimodal Ltda b) Endereço Av Marcos Konder 1313 - SL 705 – CEP: 88301-306 – Itajaí, SC, Brasil. c) Setor de Desenvolvimento do Estágio Departamento Comercial d) Duração do estágio Mais de 300 horas e) Nome e cargo do supervisor de campo Ana Karina Heusi Machado – Supervisora de Exportação e Importação f) Carimbo e visto da organização RESUMO A logística internacional é um elemento fundamental para o desenvolvimento do comércio internacional, sem a mesma as negociações internacionais se tornam inviáveis. Para empresas que pretendem se internacionalizar, é preciso ter uma equipe capacitada e preparada, além de um planejamento logístico eficaz. Um planejamento logístico engloba vários elementos nos quais todos são responsáveis por entregar as mercadorias nos consumidores finais, e um dos que se destacam é o transporte internacional. O transporte internacional possibilita a realização das exportações e importações, pois é o serviço que movimenta a carga de um país para o outro. Entre os modais de transporte o mais utilizado é o marítimo, que pode ser dividido em duas modalidades, o transporte Full Container Load (FCL), quando o exportador preenche o contêiner apenas com sua carga, e o transporte de carga consolidada, quando um contêiner é preenchido por cargas de diferentes exportadores. O objetivo geral do presente trabalho está diretamente ligado a essa questão e consiste em descrever uma exportação Co-loading de carga consolidada com destino à Auckland pela empresa Craft Multimodal LTDA. Como resultados dessa pesquisa o trabalho indicou o que é o embarque Co-loading, identificou os personagens envolvidos no embarque de exportação Co-loading de Santos para Auckland e apresentou a sistemática realizada pela empresa Craft Multimodal LTDA para os embarques Co-loading de Santos para Auckland. O método utilizado para a realização do presente trabalho foi qualitativo com meios bibliográficos e documentais. Quanto aos fins, este trabalho foi de caráter descritivo e ao final notou-se que foram atendidos os objetivos inicialmente propostos. Palavras-chave: Co-loading. Carga consolidada. Santos–Auckland. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 9 1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 9 1.3 Justificativa da realização do estudo ................................................................ 9 1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................. 10 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 12 2.1 Logística internacional .................................................................................... 12 2.2 Transporte internacional ................................................................................. 15 2.2.1 Transporte terrestre .................................................................................... 17 2.2.2 Transporte aéreo......................................................................................... 20 2.2.3 Transporte fluvial e lacustre ........................................................................ 23 2.3 Transporte marítimo internacional .................................................................. 24 3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ......................................................... 29 3.1 Histórico.......................................................................................................... 29 3.1.1 Agentes no exterior ..................................................................................... 31 3.2 Ramo de atividade .......................................................................................... 32 3.3 Estrutura organizacional ................................................................................. 32 3.4 Visão............................................................................................................... 33 3.5 Missão ............................................................................................................ 33 3.6 Filosofia .......................................................................................................... 34 3.7 Serviços .......................................................................................................... 34 3.8 Mercados ........................................................................................................ 34 4 RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................................... 35 4.1 Embarques Co-loading ................................................................................... 35 4.2 Personagens envolvidos no embarque de exportação Co-loading de Santos para Auckland pela Craft Multimodal Ltda ................................................................. 40 4.3 Fluxograma da exportação Co-loading de Santos para Auckland pela Craft Multimodal Ltda ......................................................................................................... 45 4.3.1 Cotação....................................................................................................... 46 4.3.2 Aceite e confirmação da reserva ................................................................. 47 4.3.3 Entrega da carga e cumprimento de dead line ........................................... 48 4.3.4 Consolidação das cargas ............................................................................ 48 4.3.5 Entrega do contêiner no porto ..................................................................... 49 4.3.6 Confirmação de embarque .......................................................................... 49 4.3.7 Confirmação de chegada em Cingapura..................................................... 50 4.3.8 Confirmação de saída em Cingapura.......................................................... 50 4.3.9 Pré aviso ..................................................................................................... 50 4.3.10 Confirmação de chegada em Auckland ...................................................... 50 5 SUGESTÕES PARA A ORGANIZAÇÃO ........................................................... 52 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 53 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 ANEXOS ................................................................................................................... 57 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 61 8 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, juntamente com o aumento no volume das exportações e importações, houve também o aumento de exigências sobre as empresas que atuam neste mercado globalizado. Induzido por uma concorrência entre ínumeras empresas de diferentes nacionalidades, o comércio internacional exige destas uma logística internacional diferenciada. Para que consigam acompanhar e atender esta necessidade, é fundamental que as empresas tenham conhecimento e saibam utilizar o modal correto para o transporte internacional, para que assim, além de oferecerem um produto de qualidade, possam oferecer um serviço logístico seguro e eficaz. O presente Trabalho de Estágio é realizado na empresa Craft Multimodal LTDA, uma multinacional brasileira especializada no transporte de carga consolidada de exportação e importação, também oferecendo transporte Full Container Load (FCL), e transporte aéreo. A estrutura da empresa é formada por sete escritórios no Brasil e cinco na América Latina, com apoio operacional em todos os portos brasileiros, e agentes em todos os continentes. Um dos destinos oferecidos pela empresa Craft Multimodal LTDA na exportação de cargas consolidadas, é Auckland, que apesar de não ser um destino comum nas exportações de cargas consolidadas, possui uma logística internacional que permite a realização deste serviço. Desta forma o presente trabalho pretende descrever a sistemática utilizada pela empresa na consolidação das cargas na origem, e também apresentar a logística utilizada até a chegada das mesmas no destino final. 9 1.1 Objetivo geral Descrever a logística utilizada pela empresa Craft Multimodal LTDA nas exportações Co-loading de carga consolidada de Santos com destino à Auckland. 1.2 Objetivos específicos Explicar o conceito de embarque Co-loading. Identificar os personagens envolvidos no embarque de exportação Coloading de Santos para Auckland realizado pela empresa Craft Multimodal LTDA. Apresentar a sistemática realizada pela empresa Craft Multimodal LTDA para os embarques Co-loading de Santos para Auckland. 1.3 Justificativa da realização do estudo O Co-loading está fortemente presente nos embarques de cargas consolidadas, e a eloboração deste trabalho permitiu um maior esclarecimento sobre este termo muito utilizado no agenciamento de cargas, principalmente pela empresa Craft Multimodal LTDA, que tem o transporte de carga consolidada como o principal serviço da empresa. Para a sociedade, este trabalho serve como uma fonte de pesquisa e suporte para outras empresas interessadas em oferecer o serviço de consolidação de cargas. Para a empresa Craft Multimodal LTDA, o trabalho pode ser utilizado como um documento interno, que registra o procedimento utilizado na consolidação das cargas na origem, assim como a logística utilizada no transporte até o destino 10 Auckland, servindo como suporte para todos os colaboradores que realizam as operações internamente. Para a Universidade do vale do Itajaí (UNIVALI), e para os acadêmicos do curso de comércio exterior, o trabalho foi importante pelo fato de ser um assunto pouco estudado, estando disponível para futuras pesquisas envolvendo assuntos de agenciamento e consolidação de cargas. Para o acadêmico que a desenvolveu, esta pesquisa possibilitou um crescimento profissional dentro da empresa, pois permitiu um maior entendimento sobre a importância do cliente Co-loader para a Craft Multimodal LTDA, além de apresentar os processos e etapas utilizadas no transporte das cargas até o destino Auckland, permitindo identificar possíveis melhorias na função exercida e ter uma maior visibilidade dentro da organização. O trabalho tornou-se viável devido a prática do acadêmico na função exercida no dia a dia da empresa, e também ao apoio dessa empresa na elaboração do trabalho, facilitando e fornecendo informações referentes ao assunto. Também foram utilizadas fontes bibliográficas. 1.4 Aspectos metodológicos Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método de pesquisa qualitativo, que tem como característica a utilização de ideias e conceitos formados no cotidiano da empresa, este trabalho não requereu o uso de estatísticas e pesquisas trazidas em números. De acordo com Denzin e Lincoln (2006, p. 23), “Os pesquisadores qualitativos ressaltam a natureza socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador e o que é estudado [...]”. Sobre os meios de pesquisa, foi utilizada a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. “A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.”. (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 48). Em relação à pesquisa documental, Gil (2007, p. 45) diz que: 11 A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental valese de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Quanto aos fins, este trabalho foi de caráter descritivo, e para Cervo e Bervian (1996, p.49) “A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.”. Isto significa que este método pretende divulgar algo que já existe. 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados Foram utilizados dois tipos de dados neste trabalho, dados com fontes primárias e dados com fontes secundárias. Segundo Andrade (1993, p. 37), “Fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto.”. Este material ainda não trabalhado possui as informações que estão disponíveis na organização, obtidas através da função exercida pelo pesquisador. “As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas.”. (ANDRADE, 1993, p. 38). Os dados da fonte secundária foram coletados através de livros, artigos e documentos da própria empresa, também apresentados em forma de textos descritivos. Após analisados, os dados foram apresentados em forma de textos descritivos e figuras, visando facilitar o entendimento do leitor. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo aborda os principais assuntos para a realização do trabalho, tais como, logística e transporte internacional. 2.1 Logística internacional A logística internacional engloba uma série de atividades que possibilitam uma negociação de bens ou serviços entre empresas de diferentes nacionalidades. David e Stewart (2010, p. 25) definem a logística internacional como “[...] atividades inerentes ao movimento de mercadorias e documentos de um país para outro e atividades básicas das operações de exportação e importação.”. Com um papel fundamental nas empresas que atuam no mercado globalizado, a logística internacional tornou-se uma necessidade para as empresas que pretendem se destacar no comércio internacional, pois é responsável por movimentar uma determinada mercadoria com segurança e agilidade. Lopez e Gama (2011, p. 399) citam que a logística é responsável por: Fazer chegar o produto certo, na quantidade certa, no lugar certo, na hora certa, com a quantidade assegurada e ao menor custo, ou seja, disponibilizar os bens nos mercados e pontos de destino com a máxima eficiência, rapidez e qualidade, com custos conhecidos e controlados. “Com a abertura da economia e a globalização, as empresas brasileiras passaram a buscar novos referenciais para sua atuação, inclusive no domínio da Logística.”. (NOVAES, 2001, p. 54). A globalização foi um fator determinante para o surgimento da logística internacional, pois através deste fenômeno mundial que as importações e exportações tem se destacado economicamente no Brasil, e em todo o mundo; fortalecendo cada vez mais o comércio exterior. Segundo Barat (2007, p. 10), “os países se viram expostos a um intenso intercâmbio de partes, componentes e produtos finais, fazendo explodir o fluxo de transportes e tendo de incluir logísticas progressivamente mais sotisficadas [...]”. 13 A globalização é uma integração entre os países com propósitos econômicos, e estas integrações são representadas com instalações de empresas em diferentes países. De acordo com Keedi (2004, p. 50) “Quando alguma empresa se instala em determinado país, e temos centenas de empresas estrangeiras aqui, elas não estão fazendo nada mais que globalização, trazendo pessoas, capital, tecnologia e muito mais.”. No entanto, a logística não se iníciou com o impulso da globalização, antes mesmo de se desenvolver para o mercado internacional, as atividades logísticas já haviam sido utilizadas em combates da segunda guerra mundial, como Hara (2005, p. 17) explica: Inicialmente aplicada no campo militar para designar atividades de suprimentos, estocagem, movimentação e transporte de bens como remédios, equipamentos, armamentos, uniformes e tropas, a logística desenvolveu-se muito após a segunda guerra mundial, encontrando-se novas aplicações, expandindo seu escopo para a indústria, comércio e serviços em geral, atingindo as grandes dimensões a que estamos assistindo atualmente, fazendo parte inerente do nosso cotidiano, sendo imprescindível para a implementação de muitas de nossas atividades. A logística internacional faz parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos, utilizada pelas organizações que estabelecem uma série de atividades desde o fornecedor de uma matéria prima, até a entrega de um determinado produto ao consumidor final. “A Gestão da Cadeia de Suprimentos inclui o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades relativas à compra e aprovisionamento, conversão e gerenciamento logístico.”. (DAVID; PIERRE, 2010, p. 23). Neste fluxo de atividades, existem três que são consideradas fundamentais para o sucesso da cadeia de suprimentos, que são: armazenagem, estoque, e processamento de pedidos. Todas são exercidas entre a produção e a entrega do produto, e tem como objetivos reduzir custos e aumentar a receita. A armazenagem é a atividade responsável por recepcionar as mercadorias e produtos, nesta atividade se faz necessário ter um espaço que possibilite a movimentação e carregamento dos produtos de forma ágil e seguro, já que neste espaço é onde está localizado o estoque; bem como, uma tecnologia de informação para que a empresa possa controlar a entrada e saída de produtos, e também, para a fácil localização dos mesmos. 14 Para Ballou (2012, p. 153) “as empresas usam estoques para melhorar a coordenação entre oferta e demanda e diminuir os custos totais. Segue-se que manter inventário suficiente gera a necessidade do espaço de armazenagem [...]”. O estoque são todos os bens materiais mantidos pela empresa para suprir a demanda exigida pelo mercado, portanto é uma forma de proteger-se de um possível aumento no processamento de seus pedidos, estando preparada para disponibilizar o produto a pronta entrega, e para qualquer imprevisto. Hara (2005, p. 78) argumenta que “os níveis de estocagem representam uma importante decisão de logística de mercado. Os vendedores gostariam que suas empresas mantivessem estoques suficientes para atender a todos os pedidos de seus clientes.”. Muitas empresas utilizam o conceito just-in-time para evitar o estoque e produzir apenas o suficiente para atender a demanda do mercado, esta ideia visa evitar o desperdício e reduzir custos com armazenagem e manuseio das mercadorias, pois após a fabricação o produto já é destinado ao consumidor. Jacobsen (2003, p. 112) diz que: Já dentro da visão just-in-time a manutenção de estoques, principalmente em excesso, agrega custos adicionais, representando um desperdício pelo uso indevido de espaço, funcionários e equipamentos; pelo controle de movimentação; pela imobilização de capital e pelos riscos de manter um estoque (obsolescência, danos, furtos e deterioração). Por outro lado, defende com ênfase especial que a diminuição do nível dos estoques vai fazer com que os problemas, antes escondidos, sejam descobertos, dando a oportunidade para que os gestores e os seus colaboradores possam eliminá-los. A outra atividade importante na cadeia da logística é o processamento de pedidos, operação responsável por transmitir as informações da venda de um determinado produto ao cliente. Essas informações são lançadas no sistema logístico da empresa, que contém dados referentes à descrição da mercadoria, valores de venda e destino da carga. Portanto é fundamental que todas as informações estejam de acordo, pois qualquer erro pode impossibilitar a entrega do produto ao cliente, gerando o estoque da mercadoria além da insatisfação do mesmo. “a entrada e o processamento de pedidos referem-se àquelas atividades envolvidas na coleta, verificação e transmissão de informações de vendas realizadas.”. (BALLOU, 2012, p. 261). 15 As empresas buscam aperfeiçoar as atividades envolvidas na cadeia de suprimentos, visando reduzir o tempo de entrega da mercadoria e os custos nas importações e exportações, por isso se faz necessário o constante investimento em logística. Segundo Lopez e Gama (2011, p. 413), “A logística precisou ficar mais ágil para permitir a sobrevivência das empresas nesse novo mundo de negociações e operações eletrônicas, delas também se valendo para serem competitivas.”. 2.2 Transporte internacional O comércio exterior se torna inviável sem o transporte internacional, esta atividade possibilita que uma mercadoria seja movimentada de um país para o outro, independente do modal utilizado, o transporte é uma das mais importantes operações da logística internacional. Porto e da Silva (2000, p. 55) citam que: O transporte internacional se realiza entre dois pontos de fronteira, localizados em países diferentes, na sua maioria entre continentes diferentes. As trocas internacionais são em 90% realizadas pelo transporte marítimo oceânico. Contudo, não estão excluídos os transportes de superfícies rodoviários e ferroviários, como o aeroviário, todos em menor proporção. Além de ter um papel fundamental pelo fato de ser responsável por movimentar a mercadoria entre uma origem e um destino, o transporte também é significativo pelo valor que ele representa no ciclo logístico. “Para muitas organizações, é a atividade logística mais importante porque ela absorve, em média, entre 30% e 70% dos custos totais do ciclo logístico.”. (HARA, 2005, p. 33). Embora tenha um valor alto, o custo benefício é positivo, visto que não há uma compra e venda no comércio internacional sem o mesmo. Por isso o transporte é tão importante para o desenvolvimento do comércio internacional, e consequentemente para a economia de cada país. De acordo com Ballou (2012, p. 133) “O sucesso da indústria de transporte em desenvolver um sistema de transporte rápido, confiável e eficiente contribuiu 16 para a dramática expansão do comércio internacional ocorrida nos últimos 25 anos [...]”. Todos os modais de transporte possuem um documento que é utilizado para confirmar o embarque da mercadoria, e que também tem a validade de um contrato internacional, pois comprova o fechamento do transporte feito entre o contratante e o transportador. Lopez e Gama (2010, p. 452) dizem que: Tecnicamente pode ser definido como “deslocamento da carga regido por um contrato internacionalmente aceito”. Esse contrato é representado pelo conhecimento de embarque, documento de transporte emitido pelo dono do veículo, o qual irá se constituir em prova fundamental de que a mercadoria foi embarcada, ao atestar que a mesma está de posse do transportador internacional. O pagamento do transporte pode ser feito tanto pelo exportador, quanto pelo importador, dependendo do acordo realizado entre ambas as partes, ou seja, do International Commercial Terms (INCOTERM) utilizado na negociação antes do embarque da mercadoria. O frete pago no local de embarque é denominado como frete prepaid, e o frete pago no desembarque denominado como frete collect; a palavra frete é utilizada para definir a remuneração do transporte. No Brasil as empresas tem o direito de pagar o transporte utilizando uma moeda estrangeira, diretamente ao transportador domiciliado no exterior. “[...] as normas cambiais brasileiras permitem ao exportador ou importador domiciliado no país pagar o frete internacional em moeda estrangeira, por meio de contratação de câmbio [...]”. (LOPEZ; GAMA, 2010, p. 452-453). É importante analisar qual o modal é o mais viável para o transporte de acordo com as caratacterísticas de cada carga, destino e origem. Levando em conta informações como o tempo de trânsito, e a integridade da carga, para desta forma tomar a decisão correta. Segundo Keedi (2004, p. 121) “é impossível a transferência da mecadoria de um ponto para o outro sem o uso de pelo menos um dos modais de transportes existentes, e não há como ser competitivo sem a melhor utilização deles [...]”. 17 2.2.1 Transporte terrestre Esta modalidade é realizada em terra, com três diferentes formas de transporte: o transporte rodoviário, o transporte ferroviário e o transporte dutoviário. O rodoviário e ferroviário são os mais comuns, já o dutoviário, é pouco utilizado. “Os veículos terrestres costumam ser os mais importantes nos transportes internos de um país, e têm importância fundamental na ligação da área produtora com os demais modais na exportação, e o contrário na importação.”. (KEEDI, 2004, p. 127). O transporte terrestre no Brasil é controlado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e de acordo com a ANTT (2013), a agência têm as seguintes áreas de atuação: exploração da infraestrutura, prestação do serviço público de transportes de cargas e passageiros no rodoviário e ferroviário. No dutoviário, a agência é responsável pelo cadastro das dutovias. O rodoviário é o principal meio de transporte no Brasil, utilizado para transportar cargas e pessoas, tanto no território nacional quanto no internacional. Na maioria das operações movimenta produtos com alto valor agregado, e industrializados. Ballou (2012, p. 127) destaca as vantagens deste modal, da seguinte forma: As vantagens inerentes do uso de caminhão são (1) o serviço porta a porta, de modo que não é preciso carregamento ou descarga entre origem e destino, como frequentemente ocorre com os modos aéreo e ferroviário; (2) frequência e disponibilidade dos serviços e (3) sua velocidade e conveniência no transporte porta a porta. Referente as desvantagens, o rodoviário têm uma capacidade pequena para cargas, e é limitado geograficamente, pois não pode operar para transportes de longas distâncias. Estas características fazem com que nas importações e exportações o transporte aéreo e marítimo sejam mais viáveis que o rodoviário. De acordo com Lopez e Gama (2010, p. 466) existem os seguintes tipos de veículos no rodoviário: Caminhões (veículos fixos, constituídos de uma parte). Carretas (veículos articulados, ou seja, as unidades de tração e de carga são separadas). 18 Cegonheiras (para transporte de veículos). Boogies/Trailers/Chassis/Plataformas (para transporte de contêineres). Treminhôes (veículos articulados, com mais de dois componentes). Figura 1 – Tipos de caminhões Fonte: Adaptado pelo acadêmico de Scania e Chassis King (2015) A figura 1 representa os tipos de caminhões onde, seguindo a legenda se tem: 1) Caminhão; 2) Carreta; 3) Cegonheira; 4) Boogie; e 5) Treminhão. Idependente do tipo de veículo utilizado, para movimentar a carga é necessário emitir o conhecimento de embarque, que no modal rodoviário é chamado Conhecimento Internacional de Transporte Rodoviário (CRT), “é documento de emissão obrigatória, em três vias originais (uma para o remetente, negociável, uma para acompanhar a mercadoria e a última para o transportador).”. (LOPEZ; GAMA, 2012, p. 466). O ferroviário é o transporte realizado sobre trilhas, e tem como característica a movimentação de produtos manufaturados com baixo valor agregado, e de matérias primas. Os veículos utilizados são as locomotivas e os vagões, capazes de movimentar cargas em grande volume e para longas distâncias. A grande capacidade suportada por um vagão é considerada uma vantagem significativa deste modal, porém, o ferroviário tem limitações de tráfego, considerado uma desvantagem. Keedi (2004, p. 129) diz que: “O transporte ferroviário tem uma característica única, que o diferencia de todos os demais modais, que é a sua limitação de tráfego aos trilhos estabelecidos, não havendo flexibilidade, atendo-se a trajetos fixos.”. A 19 falta de flexibilidade justifica a ausência deste modal nas exportações e importações, assim como o rodoviário. Segundo Porto (2000, p. 119) existem os seguintes tipos de vagão: Tanque: para transporte de petróleo, produtos químicos, compostos argilosos e produtos alimentícios. De carga/descarga lateral: para produtos agregados, cereais e outros produtos manuseados normalmente por gravidade, produtos ensacados, metal em blocos e barras, etc. Isotérmicos e refrigerados: para transporte de produtos alimentícios perecíveis ou congelados e resfriados. Inclínaveis: para o transporte de granéis como minérios, grãos e produtos agregados. De plataforma plana: para o transporte de máquinas, veículos e contêineres de empilhamento duplo. Sobre o conhecimento de embarque rodoviário, Lopez e Gama (2010, p. 468) dizem que: O Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre (Atit) define, para os países do Cone Sul (Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai), o formulário único de transporte e trânsito aduaneiro para o modal ferroviário, denominado como “Conhecimento-Carta de Porte Internacional (TIF)/Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA)”. Emitido em quatro vias: a primeira, do remetente, tem caráter negociável; a segunda é da estação ferroviária de destino; a terceira, da estação ferroviária de destino; a terceira; da estação ferroviária de origem; e, a quarta é a DTA. O transporte menos utilizado dos três modais terrestres é o dutoviário, que é realizado por tubulações. Nesta modalidade o produto é movimentado através de gravidade, pressão, ou por arraste de um elemento transportador. “O modal dutoviário tem um número restrito de produtos que podem usá-lo, como gás natural, petróleo e seus derivados, água, produtos químicos e misturas semifluidas (carvão pulverizado emulsionado em água).”. (BARAT, 2007, p. 125). A pequena variedade de produtos capazes de serem transportados no dutoviário é o principal motivo pelo qual o modal é pouco utilizado. Além da inviabilidade de transportar uma variedade de produtos, a movimentação do dutoviário é bastante lenta, porém Ballou (2012, p. 130) explica que “[...] pelo fato de que o transporte opera 24 horas por dia e sete dias por semana, isto gera uma velocidade efetiva muito maior quando comparada com outros modos.”. 20 Pelo fato de movimentar os produtos nos interiores de tubos conectados pelas extremidades, gera uma segurança aos produtos, característica considerada uma vantagem deste modal. De acordo com a ANTT (2013), o transporte dutoviário pode ser dividido em: Oleodutos, cujos produtos tansportados são em sua grande maioria: petróleo, oléo combústivel, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e outros. Minerodutos, cujos produtos transportados são: Sal-gema, Minério de ferro e Concentrado Fosfático. Gasodutos, cujo produto transportado é o gás natural. 2.2.2 Transporte aéreo O aéreo é o transporte com o maior valor de frete entre todos os modais. Por ser o mais rápido, é utilizado para transportar cargas com emergência, pois oferece um tempo de trânsito curto. Portanto, é bastante utilizado para longas distâncias, especialmente no comércio exterior. A representatividade deste modal no comércio internacional é considerada pequena comparada com os outros modais, tanto na exportação como na importação. De acordo com Keedi (2011, p. 141) “No Brasil, quanto a valor, a exportação aérea representou cerca de 5% e, a importação, aproximadamente 22% de tudo que o Brasil transacionou no mercado externo no ano de 2009.”. Os produtos com maior volume no transporte aéreo são os que possuem um alto valor agregado, e os que são altamente perecíveis, frutas e flores são exemplos de produtos que são movimentados via aéreo com grande frequência. David e Stewart (2010, p. 309) enfatizam que “Nas últimas três décadas, o transporte aéreo cresceu com rapidez, principalmente em virtude do advento das entregas em tempo determinado [...]”. Além de ter a velocidade como vantagem, nota-se que a competivididade é uma importante característica do aéreo também. Segundo Porto (2000, p. 108) “[...] 21 pode-se conseguir reduções de custos com estoques (a frequência de vôos permite uma alta rotatividade e sua consequente redução) e armazenagem (que é menor em razão do curto tempo de viagem).”. Em relação à desvantagens, o transporte aéreo tem um valor alto, tornandose inviável para produtos com baixo valor agregado, como matérias-primas por exemplo. Outro ponto é a baixa capacidade, devido restrições de peso e volume. No Brasil o órgão responsável pelo controle do transporte aéreo é a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Tem como atribuições regulares e fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária.”. (ANAC, 2014). O conhecimento de embarque aéreo é denominado Airway Bill (AWB), “composto de três vias originais, não negociáveis: a primeira, assinada pelo expedidor, fica com o transportador; a segunda, assinada por ambos, acompanha a mercadoria; e, a terceira, assinada pelo transportador, fica com o expedidor.”. (LOPEZ; GAMA, 2012, p. 463). Existem três tipos de aeronaves: Full Pax: transportam apenas passageiros e suas bagagens. Figura 2 – Interior do Full Pax Fonte: Obvious Magazine (2009). 22 Full Cargo: transportam apenas cargas. Figura 3 – Interior do Full Cargo Fonte: Cultura Aeronáutica (2009). Combi: transportam passageiros e cargas. Figura 4 – Interior do Combi Fonte: Cultura Aeronáutica (2009). Para a realização do transporte aéreo se faz necessário à existência de aeroportos, que é onde as aeronaves realizam as operações de carga/descarga de mercadorias/passageiros. Moura (1991, p. 90) define os aeroportos como: 23 O termo porto (ou aeroporto) poderá ser entendido no sentido administrativo (decorrente da soberania estatal); no sentido comercial, isto é, o lugar onde os navios estão prontos para embarcar ou desembarcar mercadorias (ou passageiros) de acordo com as cláusulas contratuais evidenciadas na Carta de Afretamento ou no Conhecimento de Transporte. De acordo com a revista Exame (2013), os cinco aeroportos que mais se destacam em relação à movimentação de cargas e passageiros em todo o mundo são: Hartsfield Atlanta International Airport/Estados Unidos da América, Aeroporto Internacional de Pequim/China, Aeroporto de Heathrow/Reino Unido, Aeroporto Haneda/Japão e o Aeroporto Internacional de Chicago/ Estados Unidos da América. 2.2.3 Transporte fluvial e lacustre O transporte fluvial e lacustre juntamente com o marítimo, são os transportes que compõe o tipo aquáviario. Quando realizado em rios, o modal é considerado fluvial, e quando em lagos, considerado lacustre. Moura (1991, p. 127) explica que “[...] realizada ao longo dos canais, rios, lagos e lagoas, em território brasileiro, fora das áreas portuárias nacionais, podendo estender-se aos portos fluviais e lacustres dos países vizinhos [...]”. O órgão controlador deste modal é a Agência Nacional de Transportes Aquáviarios (ANTAQ), fiscalizadora das atividades portuárias e de transporte. Também são supervisionados pela Superintendência de Navegação Interior (SNI). De acordo com a ANTAQ (2014), “Cabe ainda à SNI, além da proposição de normas e padrões técnicos relativos, a elaboração de estudos sobre o transporte aquáviario na navegação interior visando o desenvolvimento econômico e social [...]”. Tem como vantagem um valor de frete baixo em relação aos demais modais, e uma significativa contribuição com a natureza, pois é menos poluente do que o modal rodoviário. Uma desvantagem é que por ser realizado apenas por rios e lagos, ele é pouco utilizado no comércio exterior, sendo utilizado para negociações nacionais, ou entre países vizinhos. 24 Os veículos utilizados são: Balsas. Chatas. Barcaças. Barcos. Navios de (médio e grande porte). As principais bacias nacionais são: Bacia Amazônica. Bacia Araguaia-Tocatins. Bacia do Nordeste. Bacia do São Francisco. Bacia do Paraná. Bacia do Uruguai. O Brasil é um país promissor neste modal, pois possui uma geografia capaz de oferecer uma quantidade significativa de rios e lagos para a utilização deste transporte, mas falta investimento por parte das autoridades. Segundo Keedi (2011, p. 137) “[...] temos cerca de 42.000 quilômetros de rios, no entanto, somente 20.000 são considerados navegáveis. [...] apenas 10.000 quilômetros são atualmente utilizados [...]”. Em contrapartida a esse modal pouco utilizado, o país explora muito para o transporte internacional modal marítimo, como nota-se a seguir. 2.3 Transporte marítimo internacional O transporte marítimo se iniciou há muitos anos como um meio de locomoção para descoberta de novas terras, desta forma que os portugueses chegaram ao Brasil, e em outros territórios mais. Além de transportá-los para os destinos, as embarcações da época também movimentavam as mercadorias dos mesmos. Moura (1991, p. 52) explica que: 25 A expansão portuguesa e espanhola nas terras do além-mar deu causa e estimulou o aparecimento de novas rotas marítimas e de novos mercados além do Mediterrâneo. Por sua vez, o Atlântico passou a atrair essas expedições, antes limitadas aos mares mediterrâneos (entre Europa e Àfrica), e a fortalecer o novo eixo nitidamente de caráter internacional. Realizado em mares abertos, o modal marítimo é o mais utilizado para transportes de cargas, pois se destaca por ser capaz de movimentar mercadorias em grande quantidade com um valor de frete baixo comparado com os modais terrestre e aéreo, gerando um custo/benefício para as empresas importadoras e exportadoras. De acordo com Castro e Pasold (2010, p. 74) “[...] uma vez que o transporte aquáviario, em especial o marítimo, responde por 90% de toda movimentação comercial mundial, sendo que sua importância é aumentada no Brasil [...]”. Além de cargas, o modal marítimo também transporta passageiros. Os veículos marítimos são transportadores de diversos tipos de mercadorias, por serem de grande porte eles são responsáveis por movimentar as mercadorias de maior tamanho, incapazes de serem movimentadas por uma aéronave ou por um caminhão, por exemplo. “Veículo ideal às mercadorias de baixo e médio valor agregados, perecíveis ou não. Não pode ser considerado um veículo tão competitivo para mercadorias e alto valor agregado e/ou sujeitas a perecibilidade tecnológica [...]”. (KEEDI, 2011, p. 93). Uma das desvantagens do modal marítimo é a baixa velocidade, que causa um maior tempo de trânsito no transporte da mercadoria. Portanto não é aconselhável nos transportes com urgência de entrega. Outro ponto negativo é o congestionamento nos portos, Porto (2000, p. 94) cita que “Cada vez mais frequente, o congestionamento compromete qualquer programa de tráfego e implica pagamentos de adicionais pela demora na atracação e desatracação. O custo da embalagem é maior.”. As escalas nos portos durante uma viagem de Longo Curso são fatores que tornam o tempo de trânsito deste modal maior também. Quando o navio é um modelo porta-contêiner, estas escalas são necessárias para a descarga de alguns contêineres, e para a coleta de outros. Em algumas outras situações, o navio pode escalar um determinado porto para fazer um transbordo dos contêineres, que é a troca de um navio para outro. O 26 transbordo se faz necessário quando a viagem de um navio apenas não é o suficiente para alcançar o destino final desejado. Por exemplo, uma exportação no qual a origem da carga é em Santos e o destino em Auckland, o contêiner embarca no porto de Santos, o transbordo é feito no porto de Cingapura, e o destino final é o porto de Auckland. Sobre o transporte de Longo Curso, Rodrigues (2002, p.79) argumenta que “Denomina-se Longo Curso ao transporte marítimo internacional, abrangendo tanto os navios que oferecem serviços regurales (liners) quanto os de rotas irregulares (tramps).”. Também há o transporte de Cabotagem, que é realizado apenas entre portos de um mesmo país. “Não podemos confundir navegação de cabotagem com navegação costeira. A primeira envolve apenas um país, enquanto, a segunda, pode envolver um ou mais países.”. (KEEDI, 2011, p. 95). Assim como o aeroporto é para o transporte aéreo. O porto é um elemento fundamental para este modal, sem o mesmo torna-se impossível a realização do transporte marítimo. Os portos são responsáveis por armazenar as mercadorias, e também por oferecer o espaço para as operações de carga e descarga dos navios. Mesmo com esta tamanha importância, no Brasil muitos portos são carentes de investimento público. “O Brasil tem uma quantidade muito grande de portos. Apesar disso (grande quantidade), quase todos são considerados ineficientes. Como havia projetos de privatização, o governo não investia em equipamentos modernos [...]”. (MAIA, 2013, p. 64). Outro elemento fundamental no transporte marítimo é o contêiner, um equipamento utilizado como embalagem de transporte, que foi criado para somar no comércio exterior. Porto (2000, p. 104) explica que “os contêineres são normalmente referenciados pelas suas dimensões longitudinais de 10, 20, e 40 pés de comprimento, tendo largura 8 pés e altura de 8 ou 8 pés 6 polegadas.”. Com um formato retrangular, o contêiner é responsável por armazenar as mercadorias fazendo-as com que fiquem protegidas e transportadas com segurança. Além disso, ele possibilita uma melhor utilização de espaço do navio. Keedi (2001, p. 73) argumenta que: 27 O container, como já é de amplo conhecimento de todos que de alguma forma transitam no comércio exterior, é um equipamento cada vez mais utilizado no transporte internacional de carga. Ele é, sem dúvidas, o responsável pelo extraordinário aumento do volume de mercadorias trocadas hoje entre os países, o que significa, em moeda corrente, segundo informações encontradas na imprensa, algo como cerca de 13 trilhões de dólares norte-americanos. Este volume necessita, como se pode imaginar, de um processo logístico adequado para a sua execução conveniente. Existem diferentes modelos de contêineres, para diferentes tipos de mercadorias. O mais utilizado é o Dry Box, pois é utilizado para qualquer mercadoria que não possui particularidade. Segundo Ludovico (2007), existem os seguintes tipos de contêineres: Carga seca: utilizado para carga geral, sem nenhuma particularidade. Aberto: uma plataforma com colunas e barras diagonais de reforço, utilizado para cargas pesadas e grandes. Open Top: Equipamento sem teto, utilizado para cargas grandes e pesadas que são movimentadas por guindastes. Frigorífico: Equipamento com sistema de refrigeração, utilizado para mercadorias frigorificadas. Tanque: Equipamento fixado a uma estrutura metálica, utilizado para líquidos em geral. Responsável pelo transporte dos contêineres, os navios também são classificados conforme o produto transportado. Existem os navios específicos para passageiros, por exemplo: Cruzeiro, é uma embarcação destinada a passageiros que buscam lazer. Em relação aos navios destinados a transporte de mercadorias, Keedi (2004) classifica da seguinte forma: Porta-Contêiner: destinado ao transporte de contêineres. Roll-on/Roll-off: destinado ao transporte de mercadorias rolantes (exemplo: veículos). Graneleiro: destinado ao transporte de granéis sólidos. Tanques: destinado ao transporte de mercadorias líquidas. 28 Assim como em todos os outros modais, o marítimo também possui o conhecimento de transporte, denominado Bill of Lading (BL). De acordo com Keedi (2008, p.113) “pode ser emitido em quantas vias originais forem necessárias e solicitadas pelo embarcador, embora seja uma prática normal a sua emissão em três vias, representando o chamado jogo de documentos (full set).”. O B/L é emitido após o embarque da mercadoria descriminada no mesmo, e além de caracterizar a contratação do transporte, também é considerado um título de crédito. Castro (2007, p. 106) explica que: Os chamados Bill of Ladings nada mais são do que conhecimentos marítimos de carga, que comprovam a existência e os termos do contrato de transporte marítimo internacional, sendo fundamentadas legalmente em convenção internacional que consta dos ordenamentos Europeus e NorteAmericano, mas que não foi ratificada pelo Brasil: A Convenção de Haia, em 1924. O transporte marítimo internacional possui um amplo leque de personagens, todos fundamentais para a realização do mesmo. No comércio exterior, os dois personagens mais citados são exportador e importador. Mas para ambos realizarem uma negociação internacional, dependem do transporte internacional e seus elementos envolvidos nesta operação. De acordo com Castro e Pasold (2010, p. 19), no modal marítimo existem os seguintes personagens: [...] Cias. Docas, Polícia Portuária, ANTAQ, e DNIT do Ministério dos Transportes; Receita Federal (Alfândega), Polícia Federal, Estadual e Municipal, Autoridade Marítima (DPC e sua rede de Capitania dos Portos), Ministério do Trabalho e Emprego (Coordenadoria Nacional de Inspeção do Trabalho Portuário e Aquaviário), despachantes aduaneiros, agentes marítimos, transitários (freight forwarders), embarcadores e consignatários. Todos os personagens envolvidos neste modal são fundamentais para a realização de uma exportação ou importação, pois cada um atua com uma função única na logística internacional, e a ausência de qualquer um impossibilita a realização do transporte marítimo internacional. A empresa Craft Multimodal LTDA é um destes importantes envolvidos e atua no transporte marítimo internacional como um freight forwarder, especializado no transporte de cargas consolidadas. 29 3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO O presente capítulo tem como objetivo apresentar a empresa Craft Multimodal LTDA, o respectivo histórico, a estrutura organizacional, a visão, a missão, a filosofia e os serviços ofertados. 3.1 Histórico A empresa Craft Multimodal LTDA foi fundada em São Paulo em maio de 1997, a partir da oportunidade de prestação de serviços de venda de frete para carga consolidada, via marítima, para embarque no porto de Santos, inicialmente. O foco de sua atividade é a prestação de serviços de transporte internacional ao importador e ao exportador, na área de Comércio Exterior, oferecendo fretes marítimos e aéreos, para embarques diretos ou consolidados, objetivando eficácia, agilidade e qualidade no atendimento. A Craft Multimodal LTDA é uma transportadora internacional, especializada no transporte de carga fracionada Less Than Container Load (LCL), ou seja, cargas que ocupem menos que a capacidade de um contêiner, atuando como Non – Vessel Operation Common Carrier (NVOCC) neutro. Um NVOCC neutro é aquele que não está vinculado a um armador ou mesmo a outros NVOCC’s, e pode atuar em conjunto com quase totalidade de armadores em atividade, apresentando a vantagem de poder se utilizar dos serviços oferecidos por todos, da maneira que lhe for mais conveniente. Além disso, pode atuar em conjunto com outros NVOCC’s, se existir tal necessidade. A Craft Multimodal LTDA possui sua matriz em São Paulo, de onde coordena suas diversas filiais, procurando manter um serviço integrado e funcional. Está situada no edifício World Trade Center, à Avenida Nações Unidas, 12551 - 24 andar cj, 2401, no bairro Brooklin Novo, CEP 04578-903. Dispõe de filiais em Buenos Aires/ARG, Bogotá/COL, Montevideo/URU, Santiago/CHL, Lima/PER, Assunção/PAR, Rio de Janeiro/RJ, Limeira/SP, Belo 30 Horizonte/MG, Curitiba/PR, Itajaí/SC e Porto Alegre/RS, contando com um quadro de mais de 500 funcionários no Brasil e uma rede de agentes embarcadores nos cinco continentes, presente em 120 países, envolvidos na logística de operação. Através de sua rede mundial de agentes, a Craft Multimodal LTDA coordena todas as modalidades de transporte, colocando a disposição do cliente um departamento de Customer Service que se dedica quase que exclusivamente a manter atualizada cada etapa do embarque, com as informações disponibilizadas em tempo hábil. Todo o sistema de comunicação mundial é informatizado, estando seus escritórios interligados on-line 24 horas por dia, utilizando-se de informações via satélite para manter a qualidade dos seus serviços. A meta principal da empresa é oferecer serviços especializados e personalizados aos clientes, não importando qual o volume da carga a ser transportado, da maneira mais eficiente e competitiva. A Craft Multimodal LTDA e seus agentes são NVOCC’s distintos, porém, existe a parceria entre eles que permite grandes vantagens operacionais e financeiras. Com essa parceria (assim como com a utilização dos serviços de agentes marítimos, os diversos, transitários de carga e outros NVOCC’s), a Craft Multimodal LTDA transporta mercadorias para o maior número de locais possível. Destinos considerados incomuns (rotas de pouca atratividade comercial) de serem alcançados por outros NVOCC’s, são alcançados pela Craft Multimodal LTDA nos cinco continentes, como por exemplo, nações da África, no extremo Oriente e o interior de vários países da América do Sul. É a partir da matriz, localizada na cidade de São Paulo/SP, que a Craft Multimodal LTDA Coordena todas as suas filiais. As filiais são principalmente facções do setor comercial para venda de frete da empresa e prestação de serviço no acompanhamento da carga. Por sua vez, a matriz centraliza o setor de recursos humanos, o setor financeiro (que controla o pagamento de fretes aos armadores), o departamento comercial e documental de importação, o departamento aéreo, o setor de pricing, o Centro de Processamento de Dados (C.P.D.), além do próprio departamento comercial para vendas, abrangendo a região da capital, para embarques no porto de Santos. 31 A filial Itajaí/SC foi implantada em julho de 1999, visando uma oportunidade de oferecer a qualidade de seus serviços no mercado de Santa Catarina. Com um escritório comercial localizado no estado de Santa Catarina tornou-se viável as visitas comerciais aos clientes, o qual antes acontecia de maneira esporádica devido a distância. A aproximação com o mercado de Santa Catarina foi a principal razão para a implatação da filial em Itajaí, pois possibilitou uma melhor relação entre departamento comercial e cliente, consequentemente aumentando o volume de cargas. Com inicio das atividades em Itajaí, iniciou-se o serviço de transporte de cargas consolidadas na exportação com saídas de Itajaí para os seguintes destinos: Cingapura, Hamburgo/Alemanhã e Miami/Estados Unidos da América; mas devido a irregularidade no volume de cargas, futuramente tornou-se necessário concentrar todas as saídas em Santos, pois em Santos as consolidadas tinham cargas de todo o Brasil. Referente ao transporte de cargas consolidadas de importação, inicialmente não havia consolidadas direto para Itajaí, porém atualmente há saídas de Busan/Coreia do Barcelona/Espanha, Sul, Cingapura, Miami/Estados Genova/Itália, Unidos da Hamburgo/Alemanhã, América, Ningbo/China, Shenzhen/China, e Shanghai/China. Todos os serviços anteriormente citados possuem a rota direto para Itajaí ou Navegantes, sem transbordo em portos anteriores. Após a chegada no porto, os contêineres seguem para o porto seco Multilog, local onde as cargas são desovadas e retiradas por seus devidos adquirentes ou importadores. 3.1.1 Agentes no exterior A Craft Multimodal LTDA possui diversos agentes pelo mundo, responsáveis pela representação nos países no qual a empresa não possui filial, seguem os principais agentes: 32 Estados Unidos: Carotrans International. Alemanha: Fair Trade. Itália: Euro Italian Freight. Ásia / Africa: Globelink. 3.2 Ramo de atividade A Craft Multimodal LTDA possui como atividade principal o agenciamento de transporte internacional em todos os modais, com o foco no modal marítimo. 3.3 Estrutura organizacional Figura 5 – Estrutura organizacional Fonte: Elaborado pelo acadêmico com base em dados da empresa (2015). 33 Manager: Responsável pelo setor administrativo e comercial, o manager desenvolve e analisa relatórios comerciais e financeiros, visando avaliar resultados e propor melhorias para a filial. Supervisor: responsável pelo departamento comercial, desenvolve relatórios com a movimentação de vendas, permitindo um melhor planejamento para a filial. Executive Sales: responsável pelas vendas externas, o executive sales atende reuniões com o objetivo de oferecer o serviço da empresa e manter uma boa relação com o cliente. Quando em escritório, elabora cotações e relatórios. Inside Sales: responsável pelas vendas internas, o inside sales oferece um suporte ao executive sales, elaborando cotações e prestando atendimento ao cliente. Customer Service: responsável pela coordenação dos embarques, o customer service também atualiza dados em sistema, e presta atendimento ao cliente. 3.4 Visão Com foco na neutralidade, garantir agilidade e segurança, e ser referência em desempenho, inovação e confiabilidade. 3.5 Missão Oferecer a melhor solução neutra em transporte internacional marítimo e aéreo, superar as expectativas de clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre a empresa, parceiros e funcionários, e contribuir para o desenvolvimento do país. 34 3.6 Filosofia A Craft Multimodal LTDA tem como filosofia a excelência na prestação de serviços, buscando atingir um padrão internacional. 3.7 Serviços Seguem os principais produtos oferecidos pela Craft Multimodal LTDA: Transporte marítimo Less Than Container Load (LCL). Transporte marítimo Full Container Load (FCL). Transporte de carga projeto. Transporte aéreo. 3.8 Mercados A Craft Multimodal LTDA presta serviço para todas as empresas que operam com o Comércio Exterior. 35 4 RESULTADOS DA PESQUISA Esse capítulo traz os resultados da pesquisa realizada nesse trabalho de estágio, abordando temas como a definição de embarques Co-loading; os personagens envolvidos nessas operações e a sistemática aplicada nesses processos. 4.1 Embarques Co-loading Elemento fundamental na cadeia logística, o transporte internacional têm possibilitado o avanço das empresas no comércio internacional, independentemente do modal utilizado. As empresas que atuam no comércio internacional possuem uma gama de opções no momento de planejar sua logística, é de extrema importância que o planejamento esteja de acordo com as caracerísticas da negociação realizada. No momento da escolha do modal de transporte internacional, o planejamento logístico deve considerar os seguintes dados para análise: tempo de trânsito, origem, destino, quantidade de volumes, dimensões, peso e valor da mercadoria. Para transportar as cargas com urgência e de alto valor, o modal aéreo é o mais adequado devido ter um tempo de trânsito mais curto e por ser mais seguro. As cargas de grandes tamanhos são preferencialmente transportadas no modal marítimo, utilizado para os embarques com baixo custo de frete e com grande capacidade de carga. No modal marítimo, para as cargas serem transportadas nos navios, elas são estufadas em contêineres, que são recipientes responsáveis por proteger a mercadoria, e também por separar um embarque de outro. O tipo de contêiner deve ser escolhido conforme a característica e necessidade da mercadoria. O transporte marítimo é dividido em duas modalidades: Full Container Load (FCL) e Less Than Container Load (LCL). 36 Os exportadores que preferem utilizar o espaço do contêiner exclusivamente para a sua carga, optam por utilizar o embarque Full Container Load (FCL). Desta forma não é necessário um compartilhamento de espaço com diferentes exportadores. O Less Than Container Load (LCL) tem como objetivo a consolidação de cargas de exportadores diferentes e que não possuem o volume suficiente para preencher o contêiner inteiro, dispostos a dividir o espaço deste contêiner com outros exportadores, de acordo com o exemplo na figura a seguir: Figura 6 – Contêiner LCL Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). Pode-se notar na figura acima a utilização de espaço do contêiner de forma correta, fazendo com que cargas de diferentes exportadores sejam consolidadas para posteriormente serem exportadas; sem a consolidação, grande parte do contêiner estaria vago. As cargas consolidadas no transporte LCL não precisam ter as mesmas características como mercadorias, desde que não haja particularidades ou restrições. Como exemplo o commodity alimento, caso exista uma restrição em não embarcar em uma consolidada com um forte odor, não é permitido o embarque desta carga juntamente com uma mercadoria perigosa, no qual normalmente são caracterízadas com forte odor devido os produtos químicos que a compõem. 37 Como regra, este modal exige que as cargas tenham a mesma origem e o mesmo destino, considerando-se que elas são consolidadas e desconsolidadas ao mesmo tempo e no mesmo local. O frete internacional no embarque consolidado é calculado de acordo com o tamanho da carga, o valor do frete é multiplicado pela cubagem ou peso, dependendo de qual for maior. Por exemplo, se o valor do frete é vinte dollares e a carga possui dez metros cúbicos com cinco mil quilos, deve-se multiplicar o vinte por dez (cubagem maior que o peso), totalizando um valor de duzentos dollares, de acordo com esta fórmula: 20 (preço) x 10 (cubagem) = 200 (frete total). Este procedimento é padrão, e utilizado por todos os transportadores. Além de ser a principal vantagem do transporte LCL, visto que o exportador paga somente pelo espaço utilizado por sua carga. Caso o exportador optasse escolher o transporte FCL para o exemplo anteriormente citado, seria necessário o pagamento do frete cheio, pois seria utilizado o espaço de todo o contêiner, de acordo com o exemplo na figura a seguir: Figura 7 – Contêiner FCL. Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). Em um contêiner de vinte pés é estufado aproximadamente 33,18 metros cúbicos de carga, mas diferente do transporte LCL, no transporte FCL o frete não é calculado pela metragem, o exportador paga um valor fixo. No ínicio de uma negociação internacional a consolidação de cargas é uma boa opção no momento de planejar a logística internacional, visto que normalmente 38 no primeiro embarque o exportador envia ao importador uma amostra em pequeno volume, apenas para a apresentação de seu produto. Qualquer Non-Vessel Operator Common Carrier (NVOCC) pode oferecer o serviço de transporte internacional LCL, mas não são todos que possuem o serviço da consolidação. O serviço de consolidação de cargas acaba sendo restrito para alguns NonVessel Operator Common Carrier’s (NVOCC’s), isso porque nem todos possuem Know-how para realizar essa operação; estrutura física/parcerias para o manuseio das cargas e contêiner; ou simplesmente não possuem clientes suficientes para preencher um contêiner de cargas. Para esses NVOCC’s que não conseguem por si só realizar as operações de transporte LCL, surge a alternativa de terceirização com a operação Co-loading. O Co-loading funciona da seguinte forma: 1) Agente contratante (A) vende parte do espaço do contêiner para o cliente (A). 2) Agente contratante (B) vende parte do espaço do contêiner para o cliente (B). 3) Agente Co-loader/contratado (C) vende espaço no contêiner para os contratantes (A) e (B), utilizando das duas cargas para completar o uso de um contêiner inteiro. O resultado da operação exemplicando seria como na figura a seguir: 39 Figura 8 – Co-loader Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). Para a Craft Multimodal LTDA, o Co-loading está diretamente ligado ao principal produto da empresa e diferencial de mercado, já que como explicado, a consolidação é um serviço oferecido por poucos NVOCC’s, e a maioria dos transportadores opta por focar na venda do serviço ao exportador e importador, e terceirizar o serviço de consolidação. A Craft Multimodal LTDA possui os embarques Co-loading como a maior representatividade em seu volume, mas também trabalha com o transporte marítimo Full Container Load (FCL) e o transporte aéreo. No entanto, por ter uma política de neutralidade a empresa respeita o mercado no qual seus parceiros atuam, o comercial tem como regra não vender qualquer produto aos exportadores e importadores que são clientes diretos dos agentes contratantes parceiros. Essa política se chama de neutralidade e transmite segurança aos agentes contratantes, fazendo com que os mesmos sintam confiança e saibam que seus mercados não serão prejudicados por seu fornecedor no transporte de carga consolidada. Tal prática mostra a importância do Co-loading para a Craft Multimodal LTDA, pois com ela em prática o foco comercial da empresa se torna vender o produto LCL 40 para os clientes NVOCC’s, e consequentemente os NVOCC’s vendem diretamente para os exportadores ou importadores. Para os clientes Co-loaders a neutralidade se torna importante, pois os consolidadores não são seus concorrentes, desta forma o mercado se abrange, e a concorrência nas vendas de transporte LCL fica somente entre os NVOCC’s. 4.2 Personagens envolvidos no embarque de exportação Co-loading de Santos para Auckland pela Craft Multimodal Ltda No embarque de exportação Co-loading existem alguns personagens que são fundamentais para o acontecimento do mesmo. A seguir, apresenta-se uma linha do tempo com todos os personagens envolvidos no processo de Santos para Auckland com suas devidas funções: 1º personagem: Exportador. Função: Responsável pela venda de um bem ou serviço para um adquirente de outro país, não necessariamente é o produtor da carga, mas sim responsável pela negociação internacional. Rensponsável pelos seguintes documentos necessários para a exportação: Nota fiscal, Proforma Invoice, Commercial Invoice e o Packing List. No embarque Co-loading o exportador usualmente não tem contato com a Craft Multimodal LTDA, visto que conversa e negocia apenas com o agente contratante, o qual sim terá contato com a Craft Multimodal LTDA. 2º personagem: Terminal alfandegado. Função: Responsável por receber e armazenar a carga do exportador. Geralmente é um recinto de zona secundária, local onde as cargas são desembaraçadas para posteriormente serem exportadas com a autorização da Receita Federal do Brasil, é uma área sob absoluto controle aduaneiro. A empresa Craft Multimodal LTDA utiliza em Santos o recinto Marimex Instalações Portuárias, onde também é feito a consolidação das cargas. A Marimex 41 possui um terminal de exportação com 35.652,90 m² de área, sendo 13.102,90 m² de armazém e 22.550 m² de pátio. 3º personagem: Despachante aduaneiro. Função: Representante do exportador, o despachante é responsável por desembaraçar a mercadoria elaborando uma declaração de exportação junto a Receita Federal. No transporte marítimo de cargas consolidadas, cada exportador utiliza o seu próprio despachante. O despachante aduaneiro é responsável por emitir o Registro de Exportação (RE), e a Declaração de Exportação (DE), ambos os documentos são emitidos no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e a DE dá início ao despacho aduaneiro. O despachante também é responsável por preencher o draft de House Bill of Lading (HBL), que é o rascunho do conhecimento de embarque marítimo, emitido após a confirmação de embarque da mercadoria pelo transportador. 4º personagem: Non-Vessel Operator Common Carrier (NVOCC) (agente contratante). Função: Operador do transporte internacional da mercadoria diante o exportador, e responsável pelo envio de informações do embarque para o mesmo. Também realiza a emissão do House Bill of Lading (HBL) e solicita a preparação do Sub-Master Bill of Lading (MBL) para o Co-loader, sendo sua responsabilidade as informações de tal documento. 5º personagem: Consolidador (agente Co-loading/contratado). Função: A Craft Multimodal LTDA concentra cargas de diferentes exportadores no terminal Marimex Instalações Portuárias, após o desembaraço das mercadorias é feito a consolidação em um contêiner, posteriormente o contêiner é transportado via modal rodoviário para o porto de Santos. Em uma operação Co-loading se emite três conhecimentos de embarque, o Master Bill of Lading emitido pelo armador, o Sub-master Bill of Lading emitido pelo agente Co-loading, e o House Bill of Lading emitido pelo agente contratante. 42 Os três conhecimentos de embarque apresentam os mesmos detalhes de carga, o que os diferencia são os dados lançados nos seguintes campos: shipper, consignee e notify. O preenchimento destes documentos funciona da seguinte forma: 1) Master Bill of Lading: O agente Co-loading é o contratante e o armador é o contratado, portanto os dados lançados neste conhecimento são de responsabilidade do contratante. O campo “shipper” tem os dados da Craft Multimodal LTDA, e o campo “consignee” e “notify” tem os dados da CWT Globelink Pte. Ltd (agente Co-loading em Cingapura). 2) Sub-master Bill of Lading: O NVOCC é o agente contratante e o agente Co-loading é o contratado, portanto os dados lançados neste conhecimento são de responsabilidade do agente contrante. O campo “shipper” tem os dados do agente contratante, e o campo “consignee” e “notify” tem os dados do agente representante no destino. 3) House Bill of Lading: O exportador é o contratante e o NVOCC é o contratado, portanto os dados lançados neste conhecimento são de responsabilidade do exportador. O campo “shipper” tem os dados do exportador, e o campo “consignee” e “notify” tem os dados do importador. Apresenta-se seguir as figuras de cada conhecimento de embarque: 1) Figura 9 – Master Bill of Lading. Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). 43 2) Figura 10 – Sub-master Bill of Lading. Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). 3) Figura 11 – House Bill of Lading. Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2015). 6º personagem: Porto de embarque. Função: Movimentar cargas e navios de todo o mundo. O porto que a Craft Multimodal LTDA utiliza para os embarques das consolidadas na exportação é o de Santos, localizado no centro do litoral do Estado de São Paulo, a 2km do oceano 44 Atlântico, é o principal porto do Brasil e o maior da América Latina, Santos concentra 26% de todo o movimento de importação e exportação do Brasil. 7º personagem: Armador. Função: Responsável pela embarcação, o armador é o proprietário do navio e dos contêineres utilizados para o transporte marítimo, pode ser considerado o real transportador. Os armadores possuem navios para diversas finalidades, tais como: Graneleiros, Navios de Carga, Petroleiros e Navios Tank. Porém o navio utilizado para o embarque Co-loading pela empresa Craft Multimodal LTDA é o Porta Contêineres, pois é o navio específico para a embarcação de contêineres. 8º personagem: Agente no porto de transbordo. Função: Todo transportador internacional necessita de um representante no transbordo/destino para recepcionar as cargas de exportação. A CWT Globelink Pte. Ltd é um dos agentes no exterior da Craft Multimodal LTDA, também consolidador de carga. A empresa surgiu em 1988 e sua matriz está localizada em Cingapura, possui um network com mais de 100 escritórios em 28 países diferentes. A CWT Globelink Pte. Ltd representa a Craft Multimodal LTDA em toda a Ásia, África e alguns países da Europa. Nas exportações para Auckland, a Globelink representa a Craft no porto de transbordo, em Cingapura. 9º personagem: Agente no porto de destino. Função: No porto de destino, a Craft Multimodal LTDA conta com o parceiro Mondiale Freight Services Limited, empresa localizada em Auckland, fundada em 1989. A Mondiale possui seu próprio warehousing em Auckland, o qual possibilita uma melhor comunicação interna referente as operações de suas cargas, e também uma vantagem nas negociações relacionadas a valores de armazenagem e movimentação. Além de atuar na Nova Zelândia, a Mondiale possui escritórios próprios na China e Austrália. 45 10º personagem: Importador. Função: Comprar um bem ou serviço de outro país, não necessariamente é o consumidor do produto, e sim o adquirente da carga perante a Receita Federal. Após a chegada e desunitização do contêiner em Auckland, o importador através de seu despachante aduaneiro, é o responsável pelo desembaraço e retirada da mercadoria do porto. 4.3 Fluxograma da exportação Co-loading de Santos para Auckland pela Craft Multimodal Ltda Auckland é uma cidade localizada na Nova Zelândia, e é um dos destinos oferecidos pela Craft Multimodal LTDA. A logística internacional utilizada possibilita saídas semanais do porto de Santos. Mesmo não sendo um destino frequente, e com uma discreta representativadade no volume das exportações da empresa, a consolidação de cargas é o fator principal para a existência do serviço, pois possibilita o transporte internacional de diferentes exportadores, concentrando um maior volume e viabilizando a operação. O transbordo é outro fator que torna o serviço viável, visto que as cargas com destino à Auckland são consolidadas em um contêiner com cargas que possuem diferentes destinos até chegarem no porto de Cingapura. Cingapura é um hub port, um porto concentrador de cargas e de linhas de navegação, isso permite que em uma só consolidada contenha cargas com vários destinos diferentes. Por exemplo: em um só contêiner, existe a possibilidade de ter uma carga com destino final em Auckland/Nova Zelândia, Dubai/África do Sul e Chennai/Índia, todas as cargas com exportadores e importadores diferentes. Após a chegada em Cingapura, as cargas são desunitizadas e estufadas em outro contêiner, cada carga com o seu devido destino. A consolidada de segunda viagem concentra cargas de diferentes origens, procedimento necessário para conseguir o volume suficiente para preencher o contêiner. Todo o trâmite feito no porto de transbordo, até o porto de Auckland, é coordenado pelo agente CWT Globelink Pte. Ltd. 46 O transit time de Santos até Cingapura é de 27 dias, em Cingapura a consolidada aguarda 7 dias para embarcar no navio de transbordo. Após o embarque, mais 15 dias até Auckland, totalizando aproximadamente 49 de transit time entre o porto de embarque e o porto de descarga. A seguir, apresenta-se o fluxograma com todas as etapas do processo: Figura 12 – Fluxograma do processo realizado pela Craft Multimodal Fonte: Elaborado pelo acadêmico com base em dados da empresa (2015). 4.3.1 Cotação A cotação de frete é o início do processo, nesta etapa o Inside Sales ou Executive Sales responsável pela conta de determinado cliente, recebe por e-mail ou telefone a solicitação dos valores para o transporte Less Than Container Load (LCL) com destino à Auckland. Além do frete internacional existem as taxas locais, que também são enviadas na cotação. Na exportação são cobradas as seguintes taxas: 1) Terminal Handling Charge (THC): Taxa cobrada pelo manuseio da carga no terminal portuário. 47 2) Capatazia: Taxa cobrada pelo serviço de manuseio da carga no terminal portuário. 3) Bill of Lading (BL) Fee: Taxa cobrada pela emissão do Bill of Lading (BL). Para o envio da cotação (anexo A) é solicitado ao cliente os seguintes dados da carga: dimensões, peso bruto e quantidade de volumes. Este procedimento é padrão, pois caso a carga tenha excesso de peso ou de dimensão é cobrado um adicional. 4.3.2 Aceite e confirmação da reserva Após o aceite do cliente referente à cotação enviada, o Inside Sales ou Executive Sales encaminha o e-mail da negociação para o Customer Service, que será o responsável pelo seguimento do processo. O Customer Service é quem lança o processo no sistema da Craft Multimodal LTDA para que a reserva deste frete seja concluída, e para isto, se faz necessário o lançamento dos seguintes dados: Peso bruto, cubagem, quantidade de volumes, valores do frete e das taxas locais de origem, destino, transbordo, cliente, referência do cliente, contato no cliente, dead line de draft e liberação, e local de entrega da carga. Concluido o preenchimento dos dados, é gerado através do sistema um portable document format (PDF) (anexo B). Este documento é enviado para o cliente, e além de constar todos os detalhes do embarque, é também a confirmação e garantia de que o frete foi fechado. 48 4.3.3 Entrega da carga e cumprimento de dead line Após a confirmação de reserva, o agente contratante já pode instruir o seu cliente exportador a entregar a carga no terminal Marimex (parceiro da Craft Multimodal LTDA) e também a cumprir os dead lines de draft e liberação. O dead line de draft é o prazo limite que o cliente tem para entregar o draft do Bill of Lading (BL), que é o rascunho do conhecimento de embarque. Este rascunho é utilizado para a emissão do Bill of Lading (BL) original, portanto todas as informações que constam no draft devem estar de acordo, caso não esteja, é cobrado um valor para correção após a emissão do mesmo. O preenchimento do draft é eletrônico, e está disponível na página inicial do site www.craft.com.br, usualmente o despachante aduaneiro é responsável por preenche-lô. Já o dead line de liberação, é o prazo limite que o cliente tem para desembaraçar a carga no terminal Marimex. E assim como no dead line de draft, o responsável por este trâmite usualmente é o despachante aduaneiro. Somente após o cumprimento destes prazos que a carga pode ser consolidada no contêiner para posteriormente embarque no porto de Santos. 4.3.4 Consolidação das cargas A consolidação é a etapa responsável pela unitização das cargas previamente desembaraçadas perante a Receita Federal do Brasil, este processo é realizado no terminal Marimex, e através de seus colaboradores. Usualmente utiliza-se um contêiner de 20 pés, que possui uma capacidade de 33,18 m3, mas caso haja um volume maior de cargas, utiliza-se um contêiner de 40 pés, com capacidade de 60 m3. Todos os volumes devem estar devidamente embalados para que os mesmos sejam movimentados de forma segura e eficaz, também é fundamental que todos 49 estejam marcados de acordo com os detalhes da mercadoria, para facilitar na identificação do mesmo. Os pallets de madeira devem estar fumigados previamente ao embarque, a fumigação é o tratamento químico realizado para controlar pragas que podem estar na madeira. A fumigação visa proteger as mercadorias, e é realizada por uma empresa especializada. O local de fumigação pode ser no terminal Marimex, ou na própria fábrica do exportador. Existem exigências para determinados tipos de mercadorias, por exemplo: cargas de mudança, as mesmas devem ser consultadas antes do embarque, pois devem ter embalamento especial e documentação específica. Outras cargas com particularidades específicas, tais como: produto perigoso, carga de origem animal, alimentos, bebidas alcoólicas, produtos destinados ao consumo humano ou animal, excessos de comprimento, largura ou altura e excessos de peso, também necessitam de aprovação prévia. A aprovação prévia deve ser solicitada no momento da cotação ou da solicitação de reserva, para que então as devidas providências sejam tomadas, e as cargas consolidadas. 4.3.5 Entrega do contêiner no porto Após a estufagem do contêiner o mesmo é transportado do terminal Marimex para o porto de Santos, onde posteriormente acontece o embarque. 4.3.6 Confirmação de embarque Após o armador informar que o contêiner embarcou no navio reservado, a Craft Multimodal LTDA envia um aviso de confirmação de embarque ao cliente com todas as informações referentes a carga. 50 4.3.7 Confirmação de chegada em Cingapura Após o armador informar que o contêiner chegou no destino Cingapura, a Craft Multimodal LTDA envia ao cliente um aviso de confirmação de chegada no porto de transbordo com todas as informações referentes a carga. 4.3.8 Confirmação de saída em Cingapura Após o agente no destino CWT Globelink Pte. Ltd informar que a carga foi consolidada no novo contêiner e embarcada no navio com destino à Auckland, a Craft Multimodal LTDA envia ao cliente um aviso de confirmação de embarque no porto de transbordo com todas as informações referentes a carga. 4.3.9 Pré aviso O pré aviso é a etapa no qual o agente no destino final Mondiale entra em contato com o importador para avisar que sua mercadoria está chegando, este aviso é enviado sete dias antes da chegada. Além de informar os dados da carga, o pré aviso informa as taxas locais para pagamento, sem o pagamento destas taxas a liberação da mercadoria no destino se torna inviável. 4.3.10 Confirmação de chegada em Auckland Com a chegada da mercadoria em Auckland, o importador inicia os trâmites para a retirada da mercadoria do terminal. 51 Da mesma forma que o exportador utiliza um despachante aduaneiro na origem para providenciar a documentação para desembaraço, o importador também utiliza um despachante no destino. Para os trâmites de desembaraço serem realizados, o importador necessita ter em mãos a commercial invoice, packing list e o conhecimento de embarque. Usualmente o conhecimento de embarque está disponível para retirada no escritório do representante da Craft Multimodal LTDA no destino, e para a retirada do mesmo se faz necessário apresentação do comprovante de pagamento das taxas locais. Após o agente no destino Mondiale informar que a carga chegou em Auckland, a Craft Multimodal LTDA envia ao cliente um aviso de confirmação de chegada no destino com todas as informações referentes ao processo. Com a retirada da mercadoria no terminal pelo importador, é finalizada com sucesso a operação de exportação consolidada de Santos para Auckland pela empresa Craft Multimodal LTDA. 52 5 SUGESTÕES PARA A ORGANIZAÇÃO Em um mercado globalizado cada vez mais competitivo, o presente estágio pode demonstrar ao acadêmico a importância da qualidade do serviço oferecido ao cliente, o mesmo é o que tem feito determinadas empresas se destacarem em relação às outras. A fim de melhorar constantemente o serviço prestado ao cliente, sugere-se à empresa que mantenha e aprimore o investimento em tecnologia de informação para que atenda as necessidades do mercado. Informação em tempo real e com o máximo de dados possíveis é um requisito fundamental no momento do exportador escolher o operador logístico responsável por transportar sua carga. Portanto um sistema altamente capacitado é uma forma de qualificar o envio de informações ao cliente, consequentemente conquistando sua confiança. Implantar no sistema uma forma de enviar o follow up com todos os eventos do embarque em um só e-mail é um modelo sugerido pelo acadêmcio a fim de facilitar a visualição para o cliente, pois desta forma o mesmo não precisa procurar diferentes e-mails para localizar as informações necessárias referentes ao embarque de sua carga. Além de aprimorar o modelo de follow up de informação para o cliente, sugere-se também que seja implantando o envio de cotação via sistema, desta forma é possível que os valores enviados ao cliente fiquem gravados em sistema, e que o comercial tenha um melhor controle e acesso as informações. Tal ação facilita no momento de enviar uma nova cotação ao cliente, pois ao procurar as últimas cotações, o vendedor terá conhecimento dos últimos valores enviados, e a nova cotação pode ser montada de acordo com a necessidade do cliente, visando fechar o negócio e aumentar a lucratividade da empresa. Sugere-se por fim que a empresa utilize o trabalho como um material para treinamento de futuros colaboradores diretamente ligados aos processos de exportação de cargas consolidadas partindo de Santos para Auckland, e também como uma fonte de pesquisa para o conceito e a importâcia do Co-loading para a empresa. 53 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O transporte marítimo de carga consolidada significa um desenvolvimento na logística internacional, pois se tornou uma importante opção para o modal marítimo e para os exportadores que atuam no comércio internacional. Frequentemente presente nos embarques de cargas consolidadas, o Coloading se tornou uma solução para os envolvidos no comércio exterior, NVOCC’s que anteriormente não podiam transportar cargas consolidadas devido a falta de parceiros e know how, hoje com a terceirização deste serviço é possível. Ao responder o primeiro objetivo específico, conceituar o embarque Coloading se tornou possível devido à função exercida no dia a dia pelo acadêmico na empresa Craft Multimodal LTDA, e pelo fato de ser o principal produto e estar presente na política da empresa. Entender o Co-loading é fundamental para o colaborador exercer sua função de forma correta. No segundo objetivo específico foi possível identificar os personagens envolvidos no Co-loading na exportação de cargas consolidadas Santos-Auckland através de informações adquiridas durante o estágio na empresa Craft Multimodal LTDA, percebeu-se como alguns desses principais personagens: o agente consolidador, agente contratante, exportador e importador. Referente a sistemática utilizada no Co-loading na exportação de cargas consolidadas Santos-Auckland, a mesma foi demonstrada através de etapas, com informações disponibilizadas pela empresa e por colegas que lá trabalham. O presente trabalho se tornou uma fonte de informação para a empresa, com assuntos relacionais à transporte de carga consolidada e Co-loading, utilizado como um material de treinamento para futuros colaboradores. O Co-loading é um assunto pouco estudado, consequentemente existem poucas fontes de informação relacionadas ao mesmo, portanto para a realização do presente trabalho foram encontradas dificuldades para achar referências bibliográficas específicas do tema, mas com as informações disponibilizadas pela empresa, o presente trabalho se tornou viável. A realização do mesmo foi um grande aprendizado para o acadêmido, pois é um assunto pouco abordado na área de comércio exterior. 54 Por fim, sugere-se futuramente um estudo sobre a viabilidade para um NVOCC se tornar um consolidador, quais as dificuldades podem ser encontradas para tal, e o que uma empresa necessita para se tornar um consolidador. 55 REFERÊNCIAS ANAC. A Anac. 2014. 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Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga: Prática e Exercícios. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2008. ______. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga: Prática e Exercícios. 5. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011. LOPEZ, José Manoel Cortiñas e GAMA, Marilza. Comércio exterior competitivo. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011. MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2013. MOURA, Geraldo Bezerra de. Direito de navegação em comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1991. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PORTO, Marcos Maia e DA SILVA, Claudio Ferreira. Transportes, seguros e a distribuição física internacional de mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrosio. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e à logística internacional. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. 57 ANEXOS 58 ANEXO A – Modelo de cotação de frete 59 ANEXO B – Modelo de confirmação de reserva 60 DECLARAÇÃO DO TRABALHO NA ORGANIZAÇÃO ITAJAÍ, 07 de maio de 2015. A empresa Craft Multimodal LTDA declara, para os devidos fins, que o estagiário Carlos Antônio Bechert, aluno do Curso de Comércio Exterior do Centro de Educação de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão, da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, cumpriu a carga horária de estágio prevista para o período de 04/08/2014 a 03/07/2015, seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Estágio e respeitou as normas internas do Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior. __________________________________ Ana Karina Heusi Machado 61 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS Nome do estagiário Carlos Antônio Bechert Orientador de conteúdo Prof. Esp. Bruno Meurer de Souza Supervisor de campo Ana Karina Heusi Machado Responsável pelo Estágio Profª. Msc. Natalí Nascimento