UNIDADE – 2
PREVENDO SIGNIFICADOS E CONSTRUINDO SENTIDO EM
DIFERENTES TIPOS DE TEXTOS
QUAIS OS TIPOS DE TEXTOS QUE VOCÊS CONHECEM?
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZARIA PARA DEDUZIR O ASSUNTO DE UM TEXTO
NAS SEGUINTES SITUAÇÕES:
a) Você encontra um grupo de amigos conversando e descobre que perdeu a
metade da conversa.
b) Você liga a televisão e ouve a notícia que lhe interessa pela metade.
c)
Você chega atrasado ao cinema e perde os primeiros minutos do filme.
1. CORRESPONDÊNCIA
a) Suponha que você recebeu um cartão-postal de um amigo que está
viajando. O cartão pegou chuva e algumas palavras desapareceram. Tente
descobrir que palavra foi apagada em cada lacuna através da
previsibilidade fornecida pelo contexto.
b) Agora responda:
1. Como você descobriu as palavras que faltavam?
2. Que espaços poderiam ser preenchidos por mais de ua
opção?
3. Por que alguns espaços só podem ser preenchidos por uma
única palavra?
4. Apesar do nome da cidade visitada não aparecer no cartãopostal, ela pode ser facilmente reconhecida. Que meios você
utilizou para a dedução?
5. De que modo seu conhecimento de mundo pode ajudá-lo a
fazer inferências?
c) Reconhecer o tipo de texto antes da leitura facilitará bastante a sua
compreensão e interpretação, pois o tipo define um estilo que nos ajuda a
prever significados. Em uma carta formal, espera-se a ocorrência de
determinadas fórmulas de cumprimento para a abertura e a finalização. O
mesmo se aplica a uma carta informal. Veja os exemplos que você poderia
utilizar.
TIPO DE CARTA
CUMPRIMENTO INICIAL
SAUDAÇÃO FINAL
Formal
Prezado(a) / Caro (a) /
Senhor (a)
Atenciosamente
Informal
Olá / oi /
como vai você?/
Tudo bem?
Até a próxima / até a
volta / abraços
TIPO DE CARTA
CUMPRIMENTO INICIAL
SAUDAÇÃO FINAL
Formal
Dear Sir or Madam:
Sincerely, /faithfully,
/Truly Yours.
Informal
Hi,/ Hello,/ How are you
doing?
See you soon, / Love, /
Bye, / Take care / XOXO
2. TEXTOS LITERÁRIOS
a) Textos em prosa
Quando lemos, muitas vezes nos deparamos com uma ou outra
palavra que desconhecemos, mesmo que o texto seja escrito em português.
Entretanto, esse fato não impede a compreensão geral, a não ser que a
palavra desconhecida seja uma palavra-chave que se repita muitas vezes
sem alusão ao significado. Apesar disso, não precisamos recorrer ao
dicionário de imediato. Em alguns casos, as palavras poderão ser
neologismos (palavras novas, recém-criadas) ainda não dicionarizados.
O escritor João Guimarães Rosa é considerado um dos gênios da
literatura brasileira pela sua capacidade de inovar a linguagem: ao criar
palavras novas e dar novos significados a palavras desgastadas pelo uso,
ele revitalizou a língua portuguesa.
Leia o seguinte trecho de Grande Sertão: veredas e depois responda às perguntas:
Do Demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio, desfalam no nome dele - dizem só: o Que-Diga.
Vote! não ... Quem muito se evita, se convive. Sentença num Aristides - o que existe no buritizal primeiro desta minha mão
direita, chamada a Vereda Santa-Rita - todo o mundo crê: ele não pode passar em três lugares, designados: porque então
a gente escuta um chorinho, atrás, e uma vozinha que avisando: - "Eu já vou! Eu já vou!. .. " - que é o capiroto, o que-diga
... E um Jisé Simplício - quem qualquer daqui jura ele tem um capeta em casa, miúdo satanazim, preso obrigado a ajudar
em toda ganância que executa; razão que o Simplício se empresa em vias de completar de rico. Apre, por isso dizem
também que a besta pra ele rupêia, nega de banda, não deixando, quando ele quer amontar ... Superstição. Jisé Simplício
e Aristides, mesmo estão se engordando, de assim não-ouvir ou ouvir. Ainda o senhor estude: agora mesmo, nestes dias
de época, tem gente porfalando que o Diabo próprio parou, de passagem, no Andrequicé. Um Moço de fora teria
aparecido, e lá se louvou que para aqui vir - normal, a cavalo, dum dia-e-meio - ele era capaz que só com uns vinte
minutos bastava ... porque costeava o Rio do Chico pelas cabeceiras! Ou, também, quem sabe - sem ofensas - não terá
sido, por um exemplo, até mesmo o senhor quem se anunciou assim, quando passou por lá, por prazido divertimento
engraçado? Há-de, não me dê crime, sei que não foi. E mal eu não quis. Só que uma pergunta em hora, às vezes, clarêia
razão de paz. Mas o senhor entenda: o tal moço, se há, quis mangar. Pois, hem, que, despontar o Rio pelas nascentes,
será a mesma coisa que um se redobrar nos internos deste nosso Estado nosso, custante viagem de uns três meses ...
Então? Que-Diga? Doideira. A fantasiação. E, o respeito de dar a ele assim esses nomes de rebuço, é que é mesmo um
querer invocar que ele forme forma, com as presenças!
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro. José Olympio, 1979. p. 9-10.
1. O texto aborda basicamente um único elemento. Qual?
2. Quais os diversos nomes a ele atribuídos?
3. Escolha uma das orações abaixo e discuta o seu significado.
ORAÇÃO
1. Em falso receio, desfalam no nome dele (...)
2. (...) o Simplício se empresa em vias de completar de rico.
SIGNIFICADO
...
...
3. Jisé Simplício e Aristides, mesmo estão se engordando, de ...
assim não-ouvir ou ouvir.
4. Ainda o senhor estude: (...)
...
5. (...) agora mesmo, nestes dias de época, (...)
...
6. (...) tem gente porfalando que o Diabo, próprio parou, de ...
passagem, no Andrequicé.
7. Há-de, não me dê crime, sei que não foi.
...
8. (...) é mesmo um querer invocar que ele forme forma, com as ...
presenças!
ORAÇÃO
SIGNIFICADO
1. Em falso receio, desfalam no nome dele (...)
Falso medo de falar no nome do Diabo. Deixam de
falar um nome para falar outro. (neologismo:
des+falam.)
2. (...) o Simplício se empresa em vias de completar de rico.
Se esforça para enriquecer.
3. Jisé Simplício e Aristides, mesmo estão se engordando,
de assim não-ouvir ou ouvir.
Não estão se importando, não estão dando a
mínima.
4. Ainda o senhor estude: (...)
Preste atenção, ouça, escute.
5. (...) agora mesmo, nestes dias de época, (...)
Nestes dias de hoje, atualmente
6. (...) tem gente porfalando que o Diabo, próprio parou, de
passagem, no Andrequicé.
Tem gente falando por falar, fofocando.
7. Há-de, não me dê crime, sei que não foi.
Há de ser mentira, não me culpe, não me
recrimine.
8. (...) é mesmo um querer invocar que ele forme forma, com as
presenças!
É o mesmo que querer invocar o diabo e que ele
apareça entre os vivos.
4. Você conhecia todas as palavras das orações acima?
5. O significado das palavras empresa, engordando, estude, época, crime e
presenças no texto é o mesmo que você já conhecia?
6. Como você descobriu o novo significado?
b) Textos em verso: poemas e canções
Os sons nos ajudam a prever a ocorrência de palavras em rimas. Por
exemplo:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante
E o sol da liberdade em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse ______________.
Se você havia esquecido o nosso Hino Nacional, o som final da palavra
“retumbante” o ajudaria a lembrar-se da palavra que falta. Aí está a importância das
rimas em poemas e canções. O mesmo não ocorreria se o texto fosse escrito em prosa.
Você sabia que a ordem normal dos versos iniciais do nosso hino é exatamente como
está abaixo?
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo
heróico e, nesse instante, o sol da liberdade brilhou em raios fúlgidos no céu
da pátria.
Todos os brasileiros conhecem, ou, pelo menos devem conhecer o
Hino Nacional, mas poucas pessoas se preocupam com o significado de
alguns termos pouco utilizados na linguagem diária. Usando o contexto,
defina o significado das seguintes palavras.
PLÁCIDAS: ___________________________ FÚLGIDOS:________________________
Podemos perceber que nem só em uma língua estrangeira é que
nos deparamos com palavras pouco usadas e consideradas “mais fáceis”.
Na nossa própria língua isso ocorre, embora não nos impeça de
compreender o texto de um modo geral.
3. PROVÉRBIOS E EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
Alguns provérbios e expressões idiomáticas são universais. Podemos
utilizar o conhecimento que temos deles em nossa língua para descobrir seus
equivalentes em outra. Por exemplo:
PORTUGUÊS
INGLÊS
_______ à primeira vista.
_________ at the first sight.
Atos falam mais do que ____________.
Actions speak louder than ___________.
Não adianta chorar o ______ derramado. There’s no use crying over spilt _______.
A curiosidade matou o _____________.
Curiosity killed the _____________.
______que rola não cria limo.
A rolling ______gathers no moss.
Nem tudo que reluz é ____________.
Not all that glitters is _____________.
STONE – GOLD – MILK – WORDS – LOVE - CAT
4. TEXTOS TÉCNICOS
Nos textos técnicos escritos em inglês, há grande freqüência de
palavras de origem grega e latina, as quais, na maioria das vezes, são
parecidas com as palavras do português. Quando surge uma palavra
especificamente técnica, muitas vezes o próprio texto se encarrega de definila. Por exemplo, no trecho abaixo, veja como o autor define
multiplexing.
Multiplexing is when many electrical signals are combined
and carried on only one optical link.
A palavra técnica é explicada logo em seguida, na mesma oração.
Basta apenas que você continue a lar o restante do texto. Assim, o que
inicialmente desconhecemos é explicado pelo próprio autor. Procure
identificar esse recurso. Com certeza, vai ajudá-lo bastante.
5. TEXTOS JORNALÍSTICOS VERSUS TEXTO ACADÊMICOS
O texto jornalístico é uma linguagem menos formal que a
acadêmica, porém não tão informal quanto a fala popular.
A linguagem jornalística é mais simples: menos rebuscada, mais
direta.
A linguagem jornalística responde às perguntas: o quê, quem, onde,
quando e por quê.
O texto acadêmico possui maior complexidade de vocabulário.
6. TEXTOS ORAIS – (IN)FORMALIDADE E (IN)ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM EM
CONTEXTOS SITUACIONAIS
a)
O local e a situação também exercem uma grande influência sobre a
previsibilidade na construção de significados. Por exemplo, em que situação e
local você esperaria ouvir estas frases:
b)
O que aconteceria se o local e a situação da ocorrência mudassem?
Como as pessoas reagiriam se a frase abaixo fosse dita na seguinte
situação:
SINTETIZANDO O ASSUNTO...
Quando lemos um texto e nos deparamos com palavras e/ou expressões
desconhecidas, a nossa primeira reação é tentar descobrir o significado a partir
do contexto em que elas se encontram. Para isso, devemos utilizar as pistas
fornecidas pelo próprio autor do texto, além das relações e associações com
elementos conhecidos que essas palavras causam. As pistas são:
a) Os sons das palavras: as rimas reforçam a probabilidade de ocorrência de
determinada palavra em frases feitas, provérbios, poemas e canções;
b) A morfologia: a forma das palavras (prefixos e sufixos) e sua posição na
oração poderão indicar-nos a sua classe gramatical, facilitando o nosso
processo de dedução;
c) O conhecimento dos aspectos gráficos e de diferentes tipos de texto aumenta
nossa chance de fazer previsões acertadas.
Assim, sempre partimos do que já sabemos para tentar chegar ao que
não conhecemos. O mesmo processo ocorre quando lemos um texto em língua
estrangeira, e você deve ficar atento para utilizar essas pistas sempre.
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- ETEC-2009