INSETOS GALHADORES ASSOCIADOS À Guapira opposita (VELL.) REITZ
(NYCTAGINACEAE) EM RESTINGAS AO NORTE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, BRASIL
Ascendino, S. H.1*; Carvalho-Fernandes, S. P.1 & Maia, V. C.1
1Laboratório
de Diptera, Departamento de Entomologia, Museu Nacional – UFRJ
Palavra chave: galha
INTRODUÇÃO
Galhas são desenvolvimentos vegetais provocados pela mudança do padrão de crescimento e
desenvolvimento de tecidos ou órgãos da planta em resposta à ação de um inseto indutor
(Dreger-Jauffret & Shorthouse, 1992).
Restingas fluminenses já investigadas mostraram ser ambientes com grande riqueza de galhas
(Monteiro et al. 1994; Maia 2001; Oliveira & Maia 2005), sendo a maioria induzida por
Cecidomyiidae. Isso se deve principalmente à riqueza de plantas deste ecossistema, o que
favorece a colonização por cecidomiídeos galhadores.
Guapira opposita (Vell.) Reitz (Nyctaginaceae) é uma espécie nativa do Brasil com hábitos
arbustivo e arbóreo (Furlan 1996). É bem representada nas restingas fluminenses, com
ocorrência nas regiões de Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Carapebus, Jurubatiba
(Quissamã), Maricá, São João da Barra, Praia do Sul (Ilha Grande) e Saquarema. É considerada
como planta super-hospedeira por apresentar seis morfotipos distintos de galhas de insetos
(Maia 2001; Maia & Oliveira 2010; Monteiro et al. 1994), registrados para Grumari (Rio de
Janeiro), Arraial do Cabo, Carapebus e Maricá. Para as demais localidades, a informação
disponível é escassa.
O presente estudo teve como objetivo investigar a fauna de insetos galhadores associados à
Guapira opposita (Vell.) Reitz (Nyctaginaceae) em restingas do norte do Estado do Rio de
Janeiro.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado em áreas de restingas do Parque Estadual Costa do Sol (PECS), localizado
na Região dos Lagos, com área de 9.840 ha, e em Grussaí (São João Da Barra). No PECS, os
seguintes municípios foram investigados: Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo e Cabo Frio.
Em Grussaí, a área investigada pertence à empresa LLX e uma RPPN está em fase de
implementação na área. As coletas foram realizadas bimensalmente, de junho de 2011 a março
de 2012. Foram determinados 38 pontos de coletas, e durante 45 minutos nessas áreas,
verificou-se a presença de galhas em Guapira opposita. Essas galhas foram coletadas e levadas
ao laboratório para criação e identificação dos indutores. Os insetos foram montados em
lâminas e identificados com auxílio de chaves taxonômicas presentes em Gagné (1994) e
comparação com descrições originais.
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Foram encontrados sete morfotipos de galhas em Guapira opposita, caracterizados quanto à
forma em circular (parenquimático), globoso, cônico, roseta de folhas, espessamento caulinar e
gema. Os cinco primeiros morfotipos foram induzidos, cada qual, por uma espécie distinta de
Cecidomyiidae (Diptera), a saber: Bruggmannia elongata Maia & Couri, 1993, Bruggmannia
robusta Maia & Couri, 1993, Bruggmannia acaudata Maia & Couri, 1993, Pisphondylia
braziliensis Maia & Couri, 1992e Proasphondylia guapirae Maia & Couri, 1993,
respectivamente. As espécies indutoras de dois morfotipos não foram determinadas.
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RESULTADOS
A maioria das galhas desenvolveu-se em folhas (57%), seguida de gema e caule (29% e 14%
respectivamente). Todos os morfotipos eram uniloculares e a maioria (86%) era glabra.
A restinga com maior riqueza de galhas foi Grussaí com cinco morfotipos de galhas, seguida de
Arraial do Cabo e Cabo Frio (cada uma com quatro morfotipos) e Araruama e Saquarema com
três morfotipos cada.
DISCUSSÃO
Até o momento, eram conhecidos seis morfotipos de galhas em Guapira opposita em restingas
fluminenses (Maia 2001; Maia & Oliveira 2010; Monteiro et al. 1994). O presente trabalho
registrou dois novos morfotipos (gema e gema com projeções), cujos indutores ainda não foram
determinados, e ampliou a ocorrência de galhas desta planta hospedeira para as localidades de
Grussaí, Araruama, Saquarema e Cabo Frio.
A predominância de galhas encontradas em folhas corrobora trabalhos anteriores em que este é
o órgão mais atacado em G. opposita em ambientes de restingas (Maia 2001; Maia & Oliveira
2010; Monteiro et al. 1994).
CONCLUSÃO
Esse estudo confirma G. opposita como espécie super-hospedeira de insetos galhadores em
restingas fluminenses, e ratifica os Cecidomyiidae como o principal indutor de galhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FURLAN, A. 1996. A tribo Pisonieae Meisner (Nyctaginaceae) no Brasil. Tese de doutorado.
Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
GAGNÉ, R. 1994. The Gall Midges of the Neotropical Region. Ithaca, Cornell University. Press.
352p
DREGER-JAUFFRET, F.; SHORTHOUSE, D. 1992. Diversity of gall-inducing insects and their
galls. In: SHORTHOUSE, J. D.; ROHFRITSCH, O. (Ed). Biology of insect-induced galls. New
York: Oxford University Press., p. 8-33.
MAIA, V.C. 2001. The gall midges (Diptera, Cecidomyiidae) from trhee restingas of Rio de
Janeiro State, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 18(2): 583-629.
MAIA, V.C. & OLIVEIRA, J.C. 2010. Galhas de insetos da Reserva Biológica Estadual da Praia
do Sul (Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ). Biota Neotropica 10(4): 227-238.
MONTEIRO, R.F.; FERRAZ, F. F. F.; MAIA, V. C.; AZEVEDO, M. A. P. 1994. Galhas
entomógenas em restingas: uma abordagem preliminar. III Simpósio de Ecossistemas da Costa
Brasileira, vol. 3, ACIESP 87, p. 210-220.
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OLIVEIRA, J.C.; MAIA, V.C. 2005. Ocorrência e caracterização de galhas de insetos na restinga
de Grumari (Rio de Janeiro, RJ, Brasil). Arquivos do Museu Nacional, 63: 669-675.
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