XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
GALHAS DE INSETOS DA ARIE FLORESTA DA CICUTA
(VOLTA REDONDA, RJ, BRASIL): OCORRÊNCIA E
CARACTERIZAÇÃO.
Ismael Cividini Flor - Museu Nacional, Depto. Entomologia, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, CEP 20940-040,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil. [email protected]
Jandira C. R. Flor - Centro Universitário de Barra Mansa, Curso de Biologia, Barra Mansa, RJ, Brasil.
Paulo S. N. Furtado – CEDERJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Curso de Biologia, Rua 539 s/nº, Jardim
Paraíba, Volta Redonda, RJ, Brasil.
Valéria Cid Maia - Museu Nacional, Depto. Entomologia, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, CEP 20940-040,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
INTRODUÇÃO
Galhas de insetos são estruturas patológicas originando novas formações de tecidos vegetais, resultantes de
estímulos mecânicos e/ou químicos de insetos (Bronner, 1992). Segundo Mani (1964), galhas são induzidas em
qualquer parte da planta, tanto em órgãos vegetativos como em órgãos reprodutivos, fornecendo abrigo e alimento
para a larva, até o seu estágio adulto.
No estado do Rio de Janeiro, inventários de galhas entomógenas foram realizados principalmente em restingas, em
Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Maricá, Carapebus, Jurubatiba, Arraial do Cabo e Ilha da Marambaia (Maia, 2001,
Oliveira e Maia, 2005, Maia e Oliveira, 2010. Rodrigues et al. 2014). Para o município de Volta Redonda, não há
informações sobre a diversidade de galhas de insetos, sendo esta, portanto, a primeira contribuição para o seu
conhecimento.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi inventariar as galhas de insetos da Área de Relevante Interesse Ecológico
Floresta da Cicuta (Volta Redonda, RJ), contribuindo para o seu conhecimento e diversidade nessa localidade e no
Estado do Rio de Janeiro.
METODOLOGIA
Área de estudo
A Floresta da Cicuta abrange parte dos municípios de Volta Redonda e Barra Mansa, situada na região sul do
Estado do Rio de Janeiro, possui dimensão aproximada de 131,28ha e situa-se nas coordenadas (22°33'0.99"S e
44°5'28.83"O). A Unidade de Conservação é caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual Submontana
(IBGE, 1992), atualmente é protegida pelo Decreto nº 90.792 de 9 de janeiro de 1985, enquadrando-se na categoria
de Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE). O clima se enquadra no mesotérmico – Cwa de Köppen - com
inverno seco e verão quente e chuvoso. A pluviosidade média anual é de 1.300 mm, sendo o mês de fevereiro o
mais quente (24ºC) e o mês de julho o mais frio (17ºC).
Amostragem
A coleta foi realizada em abril de 2015, ao longo da trilha principal da Floresta da Cicuta perfazendo 8 horas de
amostragem. Foram vistoriadas todas as plantas de porte herbáceo, arbustivo e arbóreo com até, aproximadamente,
dois metros de altura. Todas as galhas encontradas foram fotografadas e caracterizadas quanto à forma, cor,
1
XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
ocorrência nos órgãos vegetais, ornamentação, tipos de ocorrência (agrupada ou isolada).
Análises
O número médio de morfotipos de galhas por espécie de planta hospedeira foi calculado utilizando-se média
aritmética simples. A riqueza de espécies galhadoras foi avaliada qualitativamente, a partir do número de
morfotipos distintos de galhas presentes na área de estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Floresta da Cicuta foram encontrados 23 morfotipos de galhas associados a 19 espécies de plantas, distribuídas
em pelo menos 8 famílias e 8 gêneros. O número médio de morfotipos de galhas por espécie de planta hospedeira
foi 1,21. Valores similares foram encontrados para todas as outras áreas de restinga já estudadas na região sudeste.
Este fato é interessante, sugerindo haver uma limitação no número de espécies galhadoras sustentadas por espécie
de planta hospedeira (Maia e Oliveira, 2010). Euphorbiaceae, Asteraceae e Elaeocarpaceae se destacaram por terem
apresentado maior riqueza de galhas (4, 2 e 2 morfotipos, respectivamente. O genêro Croton destacou-se por
apresentar quatro morfotipos, corroborando com resultados encontrados em outros estudos, onde espécies do
gênero Croton são consideradas super-hospedeiras, abrigando até nove morfotipos de galhas (Teixeira e Isaias,
2013). Foram encontradas galhas nos seguintes órgãos vegetais: folha (15) e caule (10). Esse predomínio das galhas
foliares é observado em todos os outros biomas brasileiros e em todas as regiões biogeográficas. Trata-se, portanto,
de um padrão mundial conforme apontado por Mani (1964). Seis formas diferentes de galhas foram encontradas no
presente estudo, predominando as fusiformes, globosas, circulares e cônicas. Os morfotipos apresentaram coloração
marrom, verde e branca, com predominância da cor marrom em 56%. Esse resultado não corrobora outros estudos
em que a coloração verde é a predominante. Com relação a ornamentação e tipos de ocorrência, a maioria das
galhas ocorreu isoladas (91%) e glabras (69%). Segundo Mani (1964), galhas isoladas impõem maior esforço em
sua procura e utilização pelos parasitoides e a ocorrência de galhas pilosas estaria assegurando maior proteção
contra ataques de inimigos naturais.
CONCLUSÃO
A riqueza de galhas de insetos na ARIE Floresta da Cicuta foi mais baixa em comparação a outras áreas da região
sudeste do Brasil. O número médio de morfotipos por espécie de planta hospedeira foi similar aos demais estudos.
Euphorbiaceae representou a família de planta com maior riqueza de galhas e Croton o gênero vegetal com maior
número de morfotipos, como já verificado em outros estudos. A maioria dos morfotipos é foliar, isolado e glabra,
com ocorrência em apenas um único órgão vegetal, como observado em outros estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRONNER, R. 1992. The role of nutritive cells in the nutrition of cynipids and cecidomyiids. In: J. D. Shorthouse
& O. Rohfritsch (Eds) Biology of insect induced galls. Oxford University Press. New York, p. 118–140.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Departamento de
Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Rio de Janeiro, 1992.
MAIA, V. C. (2001). The gall midges (Diptera, Cecidomyiidae) from three restingas of Rio de Janeiro State,
Brazil. Revista Brasileira de Zoologia 18 (2): 305–656.
MAIA, V. C. & OLIVEIRA, J. C. (2010). Galhas de insetos da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul (Ilha
Grande, Angra dos Reis, RJ). Biota Neotropica, 10 (4): 227–238.
MANI, M. S. (1964). Ecology of Plant Gall. The Hague, Junk, 434p.
OLIVEIRA, J. C. & MAIA, V. C. (2005). Ocorrência e caracterização de galhas de insetos na Restinga de Grumari
2
XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
(Rio de janeiro, RJ, Brasil). Arquivos do Museu Nacional 63 (4): 669–675.
RODRIGUES, A. R; MAIA, V.C. & COURI, M. S. (2014). Insect galls of restinga areas of Ilha da Marambaia,
Rio de Janeiro, Brazil. Rev. Bras. entomol. [online]. 58 (2): 173-197.
TEIXEIRA, C.T; ISAIAS, R.M.S. Respostas teciduais convergentes e divergentes em galhas de cecidomyiidae na
super-hospedeira Croton floribundus. Anais do 64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, MG, 2013.
3
Download

galhas de insetos da arie floresta da cicuta (volta redonda, rj, brasil)