Matrizes Progressivas Coloridas de Raven Ms. Andréa da Silva Porfírio A inteligência O que é inteligência? A Inteligência inclui a capacidade mental de raciocinar, resolver problemas, planear, compreender ideias e aprender, sendo tradicionalmente examinada por instrumentos de avaliação fundamentados do ponto de vista teórico, psicométrico e normativo. O incremento de instrumentos disponíveis que possibilitem precocemente, em idades préescolares, a avaliação da inteligência corresponde no nosso país a uma necessidade sentida pelos profissionais. O teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR; Raven, 1947; Simões, 2000) é um dos instrumentos de avaliação da inteligência não verbal mais utilizados neste contexto. Histórico do Raven É um teste de inteligência não verbal; Avalia o fator “g”, proposto por Spearman; Indicado para avaliação de crianças de 5 anos a 11 anos e meio; Pode ser empregado para deficientes mentais e pessoas idosas. Útil para pessoas portadoras: deficiências físicas, afasias, paralisia cerebral e surdez. Indicado também para pessoas que não dominam a língua nacional. Da criação Desenvolvidos por John C. Raven, na Universidade de Dumfries, na Escócia, os Testes das Matrizes Progressivas começaram a ser elaborados por volta de 1936. A primeira versão a ser publicada foi a Forma Geral (SPM), em 1938, revista, posteriormente, em 1956. A forma revista foi publicada no Brasil pela Casa do Psicólogo em 1988. Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR, Raven, 1947) (Naglieri & Prewett, 1990; Kamphaus, 1993; Cohen & Spenciner, 1994; Aiken, 1996; Alfonso & Flanagan, 1999; Anastasi & Urbina, 2000; McCallum, Bracken & Wasserman, 2001; Reynolds & Kamphaus, 2003; Bracken, 2004; Brassard & Boehm, 2007). Hoje o manual é dividido em três partes. O que é um teste não verbal? Os testes de inteligência não verbais incluem materiais que não requerem o uso da linguagem escrita ou falada. Essencialmente, são testes de realização que invocam que o sujeito concretize algo, como um desenho ou a resolução de problemas de matrizes, por exemplo, com recurso mínimo à linguagem. Podem ainda ser testes de papel e lápis com itens não-verbais impressos, que induzem o sujeito a escolher uma entre várias opções de resposta (Kaplan & Saccuzzo, 1997). O que significa progressivo? O termo progressivo está relacionado com o fato do nível de dificuldade ir aumentando ao longo do teste, não só de item para item como também de série para série (Simões, 2000). Essencialmente, o Teste das Matrizes de Raven (1938-1962) compõe-se de um conjunto de tarefas não-verbais, com o objetivo de medir a aptidão do sujeito para apreender relações entre figuras. A pessoa necessita apenas de indicar/apontar a figura que considera resolver o problema apresentado (Raven, Court & Raven, 1998). Todos os itens do teste foram projetados de modo a que a sua solução ocorra do ponto de vista perceptivo, espacial ou lógico de uma configuração (gestalt) (Pascuali, Wechsler & Bensusan, 2002). Parte 1 - Visão Geral A base teórica das Matrizes progressivas e Escalas de Vocabulário de Raven; Capacidade Edutiva e Reprodutiva, hereditariedade e ambiente; Questões étnicas e sócio-econômicas; O desenvolvimento da capacidade edutiva na pessoa e na sociedade; Utilização dos resultados das RPM e MHV Aplicações das RPM e MHV As origens das Matrizes Progressivas de Raven. Parte 2 – Esquema e uso Formas do teste Padronização Estudos de Precisão e Validade Avaliação das respostas do teste Considerações interpretativas Parte 3 – Padronização Brasileira A pesquisa normativa de São Paulo; Influência dos fatores idade, sexo, escolaridade e tipo de escola; Características psicométricas; Instruções para aplicação do CPM; Avaliação e interpretação dos resultados; PARTE 1 - Raven – Edição Brasileira O teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven apresenta três escalas: Standard Colorida Avançada Matrizes Progressivas Standard – Standard versus Matrizes Progressivas Coloridas - CPM Standard Progressive Matrices – SPM Conhecidas como escala geral, utilizada na edição Argentina. Abrange todas as faixas do desenvolvimento intelectual, desde o momento em que a criança é capaz de compreender a ideia de encontrar o pedaço que falta para completar o desenho. É dividida em 5 séries, 12 problemas cada: A,B,C,D e E. Torna progressivamente difícil. Revisão em 1938. mais Coloured Progressive Matrices – CPM Conhecida na Argentina como escala especial. Compreende a faixa de 5 a 11 ano, deficientes mentais e de pessoas idosas. É dividida, cada uma com 12 problemas. As séries A e B são as mesmas da Escala Standard e a Ab é uma série intermediária entre as duas. Fundo colorido vivo, o que tornaros mais atraente. A forma colorida do teste (CPM) foi publicada na Inglaterra em 1947 e revista em 1956, sendo alterado dois itens (A11 e A12); Advanced Progressive Matrices – APM versus Matrizes Progressivas de Raven - RPM Destina-se a sujeitos maiores de 11 anos, com inteligência superior à média, sendo mais utilizada para universitários. São constituídas de duas séries: Série I , com apenas 12 problemas e a Série II, que consiste em 36 problemas, em ordem de dificuldade crescente. • Quando não for necessário fazer uma discriminação, toda a família de testes deverá ser chamada de as Matrizes Progressivas de Raven (Raven’s Progressive Matrices ou RPM), que está na Edição Brasileira. A base teórica das Matrizes progressivas e Escalas de Vocabulário de Raven (1923,1927) – Spearman, já havia verificado que as capacidades acadêmicas como aritmética, leitura e ortografia tendem a apresentar intercorrelações entre 0,7 e 0,8. Definiu como “fator geral” – g Denominados por capacidade edutiva e capacidade reprodutiva. Capacidade Edutiva: Capacidade de extrair um significado de uma situação confusa; de desenvolver novas compreensões; de ir além do que é dado para perceber, capacidade de tomada de decisão e solução de problemas. Capacidade Reprodutiva: Inclui lembranças, com base cultural (conhecimentos explícitos e verbalizados). Esclarecimentos conceituais do termo “g” Capacidade Geral, Inteligência Geral e g – Relaciona-se com idade mental e QI; Capacidade Edutiva e reprodutiva – Processo de eduzir ou extrair novos insight e informações daquilo que já é percebido ou conhecido; e capacidade se reproduzir um conhecimento. Capacidade Edutiva , g e Inteligências – Medidas de capacidade reprodutiva. Capacidade Edutiva e Capacidade de Resolver Problemas – Envolve o uso das emoções e interações com o ambiente para criar estratégias na solução de problemas. Capacidade Edutiva, Inteligência Geral, capacidade Geral e competências – Capacidade de liderança, iniciativa, capacidade de pôr pessoas para trabalharem juntas efetivamente), persistência, ajudar pessoas. A limitação das Matrizes – Spearman comparou o fator g com a energia mental, motivação para solução de problemas. Quando há falta de vontade em resolver problemas e também não mensura os diferentes “tipos” de inteligência. Capacidade Edutiva e Reprodutiva, hereditariedade e ambiente Os efeitos do ambiente nas características hereditárias: Hereditariedade não implica em imutabilidade; Influencia cultural (lares, escolas, locais de trabalho e comunidade) influencia na forma de lidar com os problemas. Influencias ambientais nos escores das RPM e do MHV – Capacidade Reprodutiva: Fadiga, falta de saúde e as tensões. Capacidade edutiva, criação e educação: Crianças que são expostas ao funcionamento da sociedade e do seu papel, conseguem o desenvolvimento do seu caráter moral e raciocínio analógico. Amplia-se para futuramente ter mais controle sobre seu destino, autodireção e competência individual. Questões étnicas e socioeconômicas. Teste foi criado para medir a capacidade edutiva; África – estudos apontaram que pessoas não estavam acostumadas a prestar atenção e perceber círculos, quadrados, triângulos e linhas, que constituem os problemas; Há evidencias de que há culturas em que o teste simplesmente não funciona; Foi elaborado normas diferentes para avaliar crianças de ambientes socioeconômico menos privilegiados e de áreas rurais. Pesquisas invalidam a hipótese de que diferenças entre grupos étnicos são hereditárias e que mudanças por meio do tempo não estão associadas com as mudanças no desempenho. Hoje pesquisas apontam que o desempenho diferencial educacional e ocupacional de pessoas provenientes de ambientes culturais diferentes difere a capacidade de por em pratica seus objetivos, valores e competências múltiplas. O desenvolvimento da capacidade edutiva na pessoas e na sociedade “Salto do salmão na correnteza da vida” – progressão para cima em degraus igualmente espaçados de uma escada. (Modelo de Raven) Versus “Salto e plateau” – progressão contínua e suave das diferentes capacidades. (Modelo de Rasch) Pergunta: A idade pode afetar o limiar da dificuldade para cada tipo de problema? Utilização dos resultados das RPM e MHV (capacidade reprodutiva) Devemos atentar: O poder explicativo limitado da inteligência como construto; A amplitude de utilidade dos conceitos capacidade “edutiva” e “reprodutiva” O papel do ambiente no desenvolvimento, expressão e liberação dessas qualidades; O termo QIs tende a reforçar uma crença errônea na unidade e no poder explicativo da inteligência como um construto e na estabilidade e imutabilidade dos resultados dos testes. Aplicação das RPM e MHV O sucesso em qualquer grupo ocupacional depende mais das disposições motivacionais do que da própria capacidade edutiva. A capacidade edutiva será necessária para o comportamento eficiente em qualquer atividade. Pessoas diferentes dentro de qualquer grupo serão bem sucedidas de modo muito diferentes, por possuírem competências automotivadoras distintas. Inteligência e iniciativas são culturais; O teste possibilita descobrir, desenvolver e avaliar talentos múltiplos. Aplicações Educacional Estrutura de talentos múltiplos; Seleção educacional e instrumento de triagem preliminar (bem dotados); Aproveitamento acadêmico, desempenho musical, capacidade atlética, talento artístico e potencial para lideranças; Dislexia; Disléxicos e inteligentes, como instrumento e plano social para desenvolver talentos múltiplos; Clínica Déficits e disfunção cerebral; Identificar uma deficiência mental (nascimento ou trauma); Demência na população mais idosa; Disfunção verbal (Afasias); Deficiências dos esquizofrênicos (pensamento desordenado); Ansiedade e Depressão ; Recomendadas a sujeitos de qualquer idade podem ser aplicadas em casos muito diversos 1. Deficiências físicas ou neurológicas (deficiências motoras e musculares, afasias, paralisia cerebral e paralisia parcial); 2. Deficiências sensoriais (surdez ou cegueira); 3.Funcionamento intelectual pobre ou deteriorado (débeis ligeiros e profundos de todas as idades); 4. Sujeitos com perturbações ou atraso da linguagem; 5. Crianças cuja inibição paralisa a sua expressão verbal e a motricidade; 6. Pessoas com surdo-mutismo; 7. Crianças mais novas; Adultos ou idosos em situações de comunicação reduzida; 9. Pessoas com nível cultural e profissional baixos. Características Psicométricas Vantagens do teste (Simões,2004) a) São testes detentores de numerosos estudos normativos em inúmeros países; b) Avaliam a inteligência ou raciocínio não-verbais, reconhecidos como aptidões fundamentais em diversos contextos de vida; c) É um instrumento apelativo, especialmente na sua versão colorida, sendo de fácil e relativamente rápida aplicação, pois não requer linguagem verbal na sua execução; d) Sendo constituído por itens não-verbais, pode ser aplicado a minorias étnicas e socioculturais; e) É relativamente isento da intervenção de fatores culturais, o que não condiciona o desempenho do sujeito com base na sua experiência anterior, sendo apenas dependente das condições do seu campo perceptivo; f) É alvo de atualização através de trabalhos com crianças de grupos especiais; g) Para o examinador constitui um teste de cotação fácil, não sendo necessário um grande investimento de tempo na interpretação dos seus resultados; h) É dotado de uma enorme abrangência no que respeita à sua aplicação. PARTE II – Matrizes Progressivas Coloridas Forma de Caderno Forma de tabuleiro Instruções para aplicação do CPM a-) caderno de aplicação b-) folha de resposta c -) Manual d- ) crivo de correção e- ) cartazes (aplicação coletiva) • Aplicação individual e coletiva (ver páginas 124 a 128 Manual); • Ambos devem ser anotados o tempo a partir do problema A3; • Avaliação é atribuído um ponto para cada alternativa certa • Pontuação total é o número de acertos. Interpretação dos resultados Grau Interpretação Faixa de percentis para o grupo de idade I Intelectualmente superior II Definitivamente acima da média na capacidade intelectual II+ 75-94 90-94 III Intelectualmente médio III (+) III ( - ) 26-74 50-74 26-49 IV Definitivamente abaixo da média na capacidade intelectual IV (-) 6-25 V Intelectualmente deficiente 95 ou superior 6-10 5 ou inferior Roteiro de correção do Teste Raven Somar o total de : ∑ A, ∑Ab e ∑ B uso do crivo pontos brutos (anotar pontos parciais por coluna e pontos totais – 1 ponto para cada acerto) Anotar a Consistência conforme a tabelas (idades , escolas pública e particular) Anotar a Discrepância conforme a Tabela -análise da discrepância ver Tabela XXIII p. 131 do manual (comparar a distribuição dos pontos do sujeito com a distribuição esperada). Roteiro de correção do Teste Raven Se a discrepância for maior que 2 não se pode confiar totalmente no resultado do sujeito porque houve acertos por “chute”. Transformação dos pontos brutos em pontos ponderados (percentil) Tabelas do Manual Nível ou Categoria e Classificação ou significado p. 131 do manual. Referências Raven, J.C., Testes das Matrizes Progressivas – Escala Geral: Séries A, B, C, D e E. Rio de Janeiro: CEPA. Cunha, J.A., Carvalho, L.C, Moraes, I.B.& Maraninchi, S. (1968). Jacquemin, A. & Xavier, M.A. (1982). O Teste das Matrizes Progressivas de Raven – Escala Especial. Estudo normativo em crianças de 5 a 11 anos. Ciência e Cultura, 34(4), 524-529. Pasquali, L.; Wechsler, S.M. & Bensusan, E. (2002). Matrizes Progressivas do Raven Infantil: um estudo de validação para o Brasil. Avaliação Psicológica, 1(2), 95-110. Raven, J.C.; Court, J.H & Raven, J. (1995). Manual for Raven’s Progressive Matrices and Vocabulary Scales. Section 2. Coloured Progressive Matrices. (1995 edition). Oxford: Oxford Psychologists Press. Raven, J.C; Raven, J. & Court, J.H. (1988). Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Manual. São Paulo: Casa do Psicólogo. Raven, J.C.; Court, J.H & Raven, J. (1998). General overview (1999 edition). Oxford: Oxford Psychologists Press. Rosa, H.R. & Alves, I.C.B. (2000). R-2: Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças. Manual. São Paulo: Vetor.