Avaliação de tecnologias visando ao reuso de efluentes Nº 14 • Novembro• 2004 Caro leitor, A planta-piloto da tecnologia de Biorreator a Membrana (MBR) – Empresa Kubota está sendo avaliada na REGAP desde outubro/03, como uma alternativa aos processos biológicos tradicionalmente empregados nas refinarias, e a ser aplicado em novas unidades de tratamento ou ampliações de sistemas existentes. Esta é uma das tecnologias em pleno crescimento, estimulada pela demanda de processos de tratamento que fornecem uma água de alta qualidade para o reuso e novas exigências ambientais. A responsável pelo acompanhamento e avaliação dos resultados é Ana Paula Tôrres (Químico de Petróleo Pleno). e-mail: [email protected] Tel: 21-3865-7120. Equipe CENPES/PDEDS/BTA Vânia Santiago (coordenação) Priscilla Florido, Eduardo Sabóia, Rodrigo Suhett, Ana Paula Torres, Mara Machado e Adriana Valente. Fernando Campos e Hudson Torquato (contratados) REGAP Eloisia Coelho, Cláudia Zanette, Mauro Souza Abast-Ref/AER Tsutomo Iwane, Fátima Ferreira Engenharia Heleno Almeida, Eduardo Ferreira, Montserrat Carbonell SMS corporativo Antônio Peres Operação: Fabrício, Kátia, Ângelo, Flávio, Izabela (contratados) Clientes participantes: REVAP: Kayano, Celso Scofield REPLAN: Tadeu Furlan, Bentaci LUBNOR: Romino Ayres Unidade-piloto de MBR - Kubota O desenvolvimento da tecnologia de biorreatores a membrana da Kubota é resultado de uma iniciativa do Governo Japonês em produzir plantas de tratamento de efluentes compactas e de alto desempenho. A unidade-piloto de biorreator a membranas (MBR), que utiliza esta tecnologia, foi construída no país pela Centroprojeckt do Brasil, e possui as seguintes características. Configuração: placas planas Capacidade hidráulica: 0,5-2,0 m3/h Fluxo: 7 - 28 L/m2 h (0,17-0,68 m3/m2 dia, 4-17 GFD gal / ft2 dia) Número de placas: 75 Espaçamento entre os painéis: 0,7 mm Área superficial de cada painel: 0,8 m2 Número de módulos: 1 Área membrana / módulo: 60 m2 Área total membrana: 60 m2 Material: PES Diâmetro de poro: 0,40 µm Volume do tanque de aeração: 8 m3 Concentração lodo biológico: 10 a 15 g/L As fotos do tanque de aeração e do módulo de membranas são apresentadas nas figuras 1 e 2. Figura 1 – Tanque de Aeração com membranas 1 Efluentes Hídricos: Resultados em P&D • Nº 14• Novembro • 2004 A limpeza das membranas é realizada através da operação de relaxamento, ou seja, diariamente a bomba de permeado é desligada e a vazão de ar é aumentada de 45 m3/h para 60 m3/h por um período de 15 a 30 minutos. A limpeza de manutenção consiste em limpeza química com hipoclorito de sódio 0,5% e é prevista sua realização semestralmente ou quando a pressão transmembrana (TMP) atingir o valor limite de 1.000 mm H2O. Figura 2– Módulo de membranas A figura 3 mostra a seqüência de tratamento de um efluente destinado ao reuso empregando esta tecnologia. Figura 3– Sistema com tecnologia de biorreator a membranas O efluente tratado permeia através das membranas onde a força motriz é dada pela pressão hidrostática da coluna d’água, normalmente 3,5 metros. Durante a operação, a membrana torna-se revestida por uma camada dinâmica de proteínas e materiais celulares que favorece o aumento da eficiência de filtração por promover um tamanho de poro efetivo de 0,01µm, que se situa na faixa de ultrafiltração. Altos níveis de compostos incrustantes, incluindo sais de cálcio e magnésio, podem aumentar a taxa de obstrução e devem ser evitados. A incrustação pode ser removida usando limpeza ácida, tal como ácidos clorídrico ou cítrico. O sistema de aeração, além de garantir o fornecimento de oxigênio para o processo biológico, também promove um fluxo ascendente (tangencial), que é essencial para minimizar a incrustação/obstrução da superfície das membranas. Controle do processo A unidade piloto possui analisadores em linha de pH, temperatura, oxigênio dissolvido e sólidos suspensos. O analisador em linha de pH controla a adição de hidróxido de sódio (alcalinizante) com setpoint ajustado para 7,5. As sondas de pH e OD possuem sistemas de limpeza automáticos com água e ar respectivamente. O controle de processo visa a proteção das membranas e o controle do fluxo, e consiste nos seguintes elementos interligados ao PLC: Medidores de pressão diferencial: estes dispositivos estão intertravados com a bomba de alimentação, para o controle de nível baixo 3,35 m–liga a bomba e nível alto 3,55 m – desliga. Medidor de fluxo de permeado: este dispositivo está intertravado com a válvula de controle de fluxo de permeado de forma a fechá-la quando (i) o soprador falhar ou a vazão de ar for inferior a 40 Nm3/h, ou (ii) o nível de líquido no tanque de membranas (biorreator) foi inferior a 2,5 m. Medidor de pressão de permeado: utilizado para medir a pressão na tubulação de permeado. Estes dados são usados para calcular a pressão transmembrana (∆P (mmH2O) = pressão externa (altura líquido) – pressão de permeado), sendo um sinal de alarme enviado ao PLC caso este valor atinja valor > 1.000 mmH2O. Medidor de vazão de ar: este dispositivo controla o soprador de ar, desligando-o quando (i) o nível de líquido no tanque de membranas estiver < 2,5 metros, ou (ii) se a pressão na tubulação de ar estiver elevada (> 4 m). A válvula de drenagem de lodo pode ser programada para remover o excesso de lodo biológico do biorreator de modo a controlar a Idade do Lodo do processo. A operação desta piloto permitirá determinar o fluxo normal e máximo, a qualidade do efluente gerado, avaliar a efetividade do procedimentos de limpeza e levantar os parâmetros biológicos de processo. 2