Sangue das Rosas
Abdias Neves
Quando sinto cantarem sobre as telhas
O oiro da luz e a voz das madrugadas
Vou ver morrer no céu as irrizadas
Pequeninas e fúlgidas centelhas
Ainda não despertaram as abelhas
para a festa das ramas enfloradas.
Pássaros dormem. Abertas nas estradas
Rosas pompeiam pétalas vermelhas
De onde lhes vem aquele sangue rubro?
Sigo, pé ante pé, olho e me encubro.
Nos roseirais e de onde possa vê-las
E vejo, então, olhando o espaço infindo,
Aquele sangue vir do céu caindo
Pelos olhos de prata das estrelas.
Abdias da Costa Neves (1876-1228) –
formou-se me Ciências Jurídicas pela
Faculdade de Direito de Recife. Jornalista,
romancista, historiador e poeta.
www.dilsonlages.com.br – a imagem da
palavra
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