Slash consegue os dois: ele aparece com riffs de guitarra muito legais que você quer ouvir em detalhes, e ele é capaz de tocá-los de maneira muito legal, agressiva e com ‘punch’. Ele tem um ataque único que é parte de sua assinatura sonora, e isto torna a mixagem de seus tracks de guitarra algo realmente simples. O que eu quero dizer é que um SM 57 soa ótimo em um equipamento Marshall, então usamos bastante esse recurso, e quando você tem um guitarrista como ele, tudo soa gigantesco. Algumas das guitarras na mixagem tinham diversas fontes e portanto diversas opções de tracks, então eu tive que criar submixes delas na mesa EMI, aonde adicionei um Urei 1176 “faixa azul” para um pouco mais de compressão, e da EMI enviei um par estéreo para os Flying Faders. Eu também usei um pouco de equalização, e se houver reverberação, ela vem do microfone de sala. Eu nunca enviei as guitarras para um reverb, embora eu tenha usado um pouco de reverb EMT tipo plate, além do equalizador protótipo no violão. Há outra guitarra na introdução, uma elétrica, antes da entrada da bateria, onde foi usado o capo, e tinha um equalizador Orban, um equalizador dinâmico BSS e um LA2A.” Bus de voz e mixagem: Universal Audio 1176, Altec 436B, Empirical Labs Distressor, Alan Smart C2. “Há dois tracks de vocal: um vocal principal e uma cópia. Eu gravei os vocais Console personalizado Eric Valentine ficou frustrado em não poder usar seu próprio console customizado para as gravações do Slash, porque ele ainda não estava concluído em 2009. Ao invés disso, ele apenas usou o pacote de faders da mesa adaptado com Flying Faders. Entretanto, em 2010, o lugar de honra no Barefoot Studios (chamado assim porque os americanos preferem andar descalços [barefoot significa descalço, em inglês]) vai para o console de Valentine, que esteve em construção desde 2006. “A empresa se chama Undertone Audio, ou UTA. No momento, é formada por apenas quatro pessoas: eu, Larry Jasper, Mike Westbrooke e Angel Corcuera. Durante os dois ou três primeiros anos, eramos só o Larry e eu desenvolvendo o circuito e o conceito geral. Eu trouxe a visão, ouvidos e capital para o projeto; Larry faz o verdadeiro trabalho de design do circuito, e agora Mike e Angel são responsáveis pela fabricação. “O design do console recupera os designs classe A do fim dos anos 60 e início dos anos 70. Ele possui entrada/saída classe A puros, com amplificadores valvulados especiais para o caminho do mixbus. Eu queria garantir que o equalizador seria a melhor opção em pelo menos 95% do tempo, e eu acredito que o design que conseguimos é o equalizador classe A mais flexível e musical de todos os tempos. Eu também estava determinado em resolver a questão acústica que os consoles têm, que afetam negativamente o som dos monitores nearfield. Então fizemos a superfície de trabalho transparente do ponto de vista acústico. Nós estamos no processo de conseguir as patentes, e até lá eu não posso falar mais nada sobre isso. Uma coisa que fizemos foi organizar a configuração da mesa com recursos específicos para a gravação, deixando o console fisicamente menor e mais discreto.” do Andrew com um microfone RCA 77DX e alguma compressão 1176, e durante a mixagem, os vocais passaram por um par de compressores Altec 436B modificados e um par de de-essers. “A mixagem inteira foi comprimida com um Alan Smart C2, e gravada em meia polegada em 30ips. Com a masterização, tínhamos uma primeira prova que veio muito alta e com excesso de limiter. Eu disse ao engenheiro de masterização: ‘Nós precisamos diminuir isso em cerca de 2dB.’ Acho que foi a primeira vez em cinco anos que o engenheiro de masterização ouviu isso! Eu compreendo que artistas ficam desapontados se suas músicas soam mais suaves na playlist de alguém quando está junto com músicas de outros artistas, mas limitar para o rádio faz menos sentido, porque as estações de rádio limitam tudo mesmo, de qualquer jeito! Mas eu sempre digo aos engenheiros de masterização: ‘Não me importo se a gente tem o disco mais alto, eu quero que ele seja o disco com melhor som.” Na caso do Slash, Valentine pode, de fato, ter conseguido os dois. Carlos Freitas Classic Master “Acompanho a versão inglesa da Sound On Sound há muitos anos, principalmente pelas entrevistas exclusivas com grandes Nomes da música mundial e fiquei muito feliz com a chegada da Sound On Sound Brasil. Agora compartilharei com os profissionais de áudio a minha imensa satisfação de ler essa revista”. julho 2010 • www.soundonsound.com.br 47