Angiol Cir Vasc. 2013;9(2):70‑71 ISSN 1646-706X ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR Volume 9 / Número 2 JUNHO 2013 • ARTIGO DE REVISÃO Leiomiomatose intravenosa: do útero ao coração I. Ferraz de Oliveira, L. Mendes Pedro, Â. Nobre, J.P. Freire e J. Fernandes e Fernandes • ARTIGOS ORIGINAIS Angioacesso autólogo: determinantes da funcionalidade e permeabilidade A. Ferreira, S. Sampaio, A. Cerqueira e J. Teixeira A dilatação da aorta ascendente é marcador de dilatação da aorta abdominal?: relações entre o diâmetro da aorta torácica avaliada por ecocardiografia e a aorta abdominal estudada por ultrassonografia J.M. Folgado Silva, A.S. Coelho Alves, A.J. Marques Pereira, E.J. Abrantes Pereira e L. Mendes Pedro Insuficiência renal induzida por contraste: estudo prospectivo L.F. Antunes, A. Baptista, J. Moreira, G. Anacleto, Ó. Gonçalves e A. Matos • IMAGEM VASCULAR Variações anatómicas das artérias vertebrais Volume 9 / Número 2 / JUNHO 2013 www.revportpneumol.org www.elsevier.pt/acv S. Figueiredo Braga, J. Ferreira, J. Vasconcelos, R. Gouveia, P. Pinto Sousa, J. Campos, P. Brandão e A. Guedes Vaz (www.elsevier.pt/acv) IMAGENS VASCULARES Variações anatómicas das artérias vertebrais Anatomic variations of the vertebral arteries Sandrina Figueiredo Braga*, Joana Ferreira, João Vasconcelos, Ricardo Gouveia, Pedro Pinto Sousa, Jacinta Campos, Pedro Brandão e António Guedes Vaz Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar de Vila Nova Gaia/Espinho, Vila Nova Gaia/Espinho, Portugal Caso clínico Doente sexo feminino, 52 anos, sem antecedentes de relevo, recorre à Consulta Externa por suspeita de oclusão da artéria vertebral direita em ecodoppler realizado para estudo de cefaleias. Sem queixas sugestivas de isquemia vertebro‑basilar. O exame objectivo não apresentava alterações. Realizou angio‑TC que revelou origem da artéria vertebral esquerda a partir do arco aórtico (fig. 1 e 2) e artéria vertebral direita atravessando os buracos transversários apenas superiormente a C3 (Fig. 3 e 4). Sem alterações do calibre e dos contornos de ambas as vertebrais, excluindo‑se lesões intra‑luminais ou compressão extrínseca. Comentários A origem mais frequente da artéria vertebral é a partir da subclávia, constituindo o seu primeiro ramo. O seu primeiro segmento, V1, localiza‑se entre a origem e a entrada nos buracos transversários, geralmente ao nível de C6. O segmento V2 corresponde à passagem pelos buracos transversários até ao atlas. V3 é o segmento que se curva posterior e superiormente ao atlas e V4 corresponde ao segmento intracraniano. Figura 1 Origem da artéria vertebral esquerda do arco aórtico (seta). *Autor para correspondência. Correio eletrónico: sandrinafi[email protected] (S. Figueiredo Braga). 1646‑706X/$ ‑ see front matter © 2013 Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular. Publicado por Elsevier España, S.L. Todos os direitos reservados. Variações anatómicas das artérias vertebrais71 A origem directa da artéria vertebral esquerda a partir do arco aórtico é a segunda variação do arco mais frequente‑ arco aórtico tipo C de Adachi. Nesta situação, a artéria vertebral tem origem imediatamente após a carótida comum esquerda e à direita da subclávia esquerda, pelo que do arco emergem 4 ramos. Esta variação anatómica tem uma incidência de 2‑4%. A embriogénese da artéria vertebral ocorre entre os dias 32 e 40 e a sua formação decorre da coalescência de artérias intersegmentares dorsais, ramos da aorta dorsal primitiva. A persistência de artérias inter segmentares que normalmente involuem ou a involução de segmentos que deveriam persistir leva à ocorrência de múltiplas variações anatómicas. A artéria vertebral pode entrar nos buracos transversários num nível superior a C6, geralmente em C5 ou C4 e rara mente em C3. Neste caso, a artéria passa anteriormente às apófises transversas até entrar no buraco transversário, localizando‑se entre estas e os músculos pré‑vertebrais. A compressão extrínseca por estruturas musculo‑tendinosas ou por osteófitos fica, deste modo, facilitada. No caso clínico apresentado, ambas as artérias vertebrais apresentam um segmento V1 muito extenso, o que as torna mais susceptíveis de lesão e compressão extrínseca, que de momento não se verificam. Embora a maioria das variações anatómicas não apresen tem expressão clínica, o seu conhecimento é fundamental para evitar lesões inadvertidas em abordagens cirúrgicas ou no planeamento do tratamento endovascular de patologias da aorta torácica. Figura 3 Artéria vertebral direita anteriormente à apófise transversa de C4 (seta). Figura 4 C3: artérias vertebrais direita e esquerda nos bura cos transversários (setas). Figura 2 Quatro ramos do arco aórtico: 1: tronco braqui cefálico; 2: artéria carótida comum esquerda; 3: artéria verte bral esquerda; 4: artéria subclávia esquerda.