PGMEC PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO PEAD RECICLADO LÍVIA JÚLIO PACHECO ABRIL DE 2013 LÍVIA JÚLIO PACHECO INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO PEAD RECICLADO Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFF como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências em En genharia Mecânica Orientador(es): Prof. João Marciano Laredo dos Reis, PhD (PGMEC/UFF ) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 24 DE ABRIL DE 2013 INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO PEAD RECICLADO Esta dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA Área de concentração: Mecânica dos Sólidos Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores: Prof. João Marciano Laredo dos Reis (PhD.) Universidade Federal Fluminense – PGMEC/UFF (Orientador) Prof. Heraldo Silva da Costa Mattos (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense – PGMEC/UFF Prof. Silvio Romero de Barros (D.Sc.) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ Aos Meus Pais AGRADECIMENTOS A Deus, pois sem Ele nada seria possível. À minha família por ser o meu suporte e meus amigos pela compreensão e ajuda. Ao meu orientador, João Marciano Laredo dos Reis por ter me aceitado como sua orientada. Por sua paciência, dedicação e seus ensinamentos que foram fundamentais para a conclusão desta etapa do trabalho. Ao Mestre Rafael Chianelli, por sua ajuda na confecção dos modelos testados. A Filipe Brandt que tanto amo, minha base, por seu apoio e compreensão que foram primordiais para a conclusão de mais esta etapa. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho conseguisse atingir os objetivos propostos. Falar é dizer ao vento. Escrever é contar ao tempo Pe. Antonio Francisco Bohn RESUMO A utilização de materiais poliméricos no cenário atual é devido às suas boas propriedades mecânicas e substituir em alguns casos metais em determinadas aplicações. Por se tratar de um material utilizado em larga escala, o seu descarte ocorre em grandes volumes, por este motivo o estudo sobre a reutilização de materiais poliméricos tem aumentado em proporção considerável, devido à preocupação ambiental e econômica, por se tratar de um material com valor agregado. O trabalho apresentado, prima pelo estudo do comportamento mecânico do PEAD (Polietileno de Alta Densidade) reciclado advindo de recipientes de óleo lubrificante e aditivo para motores automotivos (embalagens moldadas a sopro), picotados e moldados por compressão onde foi estudada experimentalmente em função da taxa de carregamento. Através de ensaios específicos são fornecidos dados quantitativos das características mecânicas dos materiais. Ao considerar a velocidade de carregamento foi avaliado se as propriedades mecânicas do polímero são afetadas. O PEAD reciclado foi testado à temperatura ambiente para determinar suas propriedades de tração. O PEAD possui comportamento mecânico com deformação não linear quando solicitado, alta sensibilidade a variações de velocidade de deformação e de temperatura. Essas características fazem com que este material necessite de um modelo específico para representar adequadamente a relação de tensão e deformação, taxa de deformação, temperatura, etc. Logo, este trabalho visa desenvolver um modelo matemático constitutivo que conjugue características viscoelásticas de forma a permitir uma melhor compreensão do comportamento linear e não linear encontrado nestes materiais específicos sob grandes deformações a diferentes velocidades de deformação. Os resultados foram obtidos para os exemplos de tração uniaxial, onde foi possível verificar a representatividade do típico comportamento de tensão e deformação do PEAD estudado. Palavras chaves: PEAD, Propriedades Mecânicas, Ensaio de Tração, Viscoelasticidade, Modelo Matemático ABSTRACT The use of polymeric materials in the present scenario is due to their good mechanical properties and in some cases replace metals in certain applications. Because it is a material used in large scale, its disposal occurs in large volumes, therefore the study on reuse of polymeric materials has increased in considerable proportion, due to economic and environmental concerns, because it is a material with value. The work displayed, priority the study of the mechanical behavior of HDPE (High-density Polyethylene) recycled containers coming from lubricant oil and additive for automotive engine (blow molded packaging), shredded and compression molded which was experimentally studied as a function of the loading rate. Through specific test are provided quantitative data of the mechanical characteristics of the materials. When considering the download speed was rated if the mechanical properties of the polymer are affected. HDPE recycled was tested ambient temperature to determine their tensile properties HDPE has mechanical behavior with nonlinear deformation when required, high sensitivity to speed variations of deformation and temperature. These characteristics make this material requires a specific template to properly represent the relationship between stress and strain, strain rate, temperature etc. Thus, this work aims to develop a mathematical model that combines constitutive viscoelastic properties to enable a better understanding of linear and nonlinear behavior found in these specific materials under large deformations at different strain rates. The results were obtained for the uniaxial tensile samples where it was possible to verify the representative of the typical behavior of the stress and strain HDPE studied. Keywords: PEAD, Mechanical Properties, Traction Test, Viscoelasticity, Mathematical Model. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................... I LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... III LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... V LISTA DE SÍMBOLOS.................................................................................................. VI 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 19 1.1 APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 19 1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 22 1.3 OBJETIVOS............................................................................................................. 23 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...................................................................... 23 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 25 2.1 POLÍMEROS ........................................................................................................... 25 2.1.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................................... 25 2.1.2 CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................... 26 2.1.2.1 Quanto à estrutura química: ............................................................................... 26 2.1.2.2 Quanto ao método de preparação: ...................................................................... 26 2.1.2.3 Quanto ao comportamento mecânico.................................................................. 27 2.1.2.4 Quanto ao desempenho mecânico ....................................................................... 27 2.1.3 Quanto à estrutura molecular ................................................................................ 28 2.1.4 Quanto ao comportamento térmico ........................................................................ 29 2.1.5 Propriedades dos polímeros .................................................................................... 30 2.1.5.1 Propriedades Mecânicas ...................................................................................... 30 2.1.5.2 Propriedades Térmicas ........................................................................................ 32 2.1.5.3 Propriedades Elétricas ......................................................................................... 34 2.1.5.4 Propriedades óticas .............................................................................................. 35 2.1.5.5 Outras propriedades físicas ................................................................................. 36 2.1.5.6 Propriedades químicas ......................................................................................... 36 2.1.5.7 Propriedades físico-químicas............................................................................... 38 2.2 POLIETILENO ........................................................................................................ 38 2.2.1 Obtenção do Polietileno .......................................................................................... 40 2.2.2 Classificação e Propriedades do Polietileno de Alta Densidade ........................... 40 2.2.3 Características do PEAD ........................................................................................ 40 2.2.4 Reciclagem do PEAD .............................................................................................. 41 2.2.6 Aplicações do PEAD reciclado das embalagens de óleo lubrificante ................... 42 3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 45 3.1 MATERIAIS UTILIZADOS .................................................................................... 46 3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS .......................................................................... 47 3.3 PREPARAÇÃO DOS MATERIAIS ........................................................................ 47 3.4 CONFORMAÇÃO DO TERMOPLÁSTICO ......................................................... 49 3.5 PRENSAGEM E CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA – PROCEDIMENTO ......................................................................................................... 49 3.6 ENSAIO MECÂNICO .............................................................................................. 50 3.6.1 Ensaio de tração do PEAD reciclado ..................................................................... 51 4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E MODELO MATEMÁTICO .................... 56 4.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS...................................................................... 57 4.2 MODELO MATEMÁTICO .................................................................................... 61 5. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 72 5.1 ANÁLISES CONCLUSIVAS ................................................................................... 72 5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................................ 75 APÊNDICE: ARTIGOS PUBLICADOS...................................................................... 80 i Lista de Abreviaturas e Siglas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACV Análise do Ciclo de Vida ASTM D638 Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics -CH2- Polietileno CH2=CH2 Eteno CP Corpo-de-prova E Módulo de Young FIG. Figura HDPE High-density polyethylene InpeV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias L Região Elástica do Material LAMCO Laboratório de Materiais de Construção da UFF LDPE Low-density polyethylene P Tensão Proporcional PE Polietileno PEAD Polietileno Linear de Alta Densidade PET Politereftalato de etileno PIB Produto Interno Bruto PP Polipropileno PS Poliestireno ii PVC Poli (Cloreto de Vinila) SEPAN Oficina Mecânica e Posto de Troca de Óleo Lubrificante Sindicom Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes Sindiplast Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo Tg Temperatura de Transição Vítrea Tm Temperatura de Fusão Cristalina UFF Universidade Federal Fluminense ε Deformação σ Tensão σB Resistência à tração do Material σE Limite de Escoamento σL Limite de Elasticidade σp Limite de Proporcionalidade σR Tensão de Ruptura iii Lista de Figuras Figura 1 - Comportamento Mecânico das Principais Classe de Polímeros ............... 31 Figura 2 - Elongação Máxima X Resistência Máxima de um Plástico Flexível ........ 32 Figura 3 – Modelos de Embalagens Plásticas de óleos lubrificantes. ......................... 43 Figura 4 - Embalagens de óleo lubrificante e aditivos automotivos. .......................... 46 Figura 5 - Vazamento do resíduo de óleo das embalagens de óleo lubrificante. ....... 48 Figura 6 - Material peletizado no Triturador Plastimax 5 cv. .................................... 48 Figura 7- Diagrama esquemático de moldagem por compressão. .............................. 49 Figura 8 - Massa nos moldes para prensagem por compressão ................................. 50 Figura 9- Tensão versus deformação para polímeros (a) frágeis, (b) plásticos, (c) elastômeros. ..................................................................................................................... 52 Figura 10- Região elástica de um material. .................................................................. 53 Figura 11- Região plástica .............................................................................................. 53 Figura 12 - Máquina Universal de Ensaio SHIMADZU ............................................. 54 Figura 13 - Corpo de prova tipo I (dimensões em mm). Fonte: ASTM D 638 (08). . 55 Figura 14 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 0.5 mm/min ............................................................................................................................ 57 Figura 15 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 1 mm/min ............................................................................................................................ 58 Figura 16 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 5 mm/min ............................................................................................................................ 58 Figura 17 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 10 mm/min ............................................................................................................................ 59 Figura 18 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 50 mm/min ............................................................................................................................ 59 Figura 19 - Tensão Verdadeira versus Deformação Verdadeira para Diferentes taxas de Deformação ....................................................................................................... 60 Figura 20 - Identificação Experimental da variável auxiliar D no ensaio de tração 65 iv Figura 21- Identificação do e dos parâmetros da tensão verdadeira versus deformação verdadeira ................................................................................................... 68 Figura 22 - Curvas de dano em testes de tração do PEAD reciclado a diferentes taxas de deformação ....................................................................................................... 69 Figura 23 - Tensão Verdadeira X Deformação Verdade do PEAD reciclado para diferentes taxas de deformação. Comparação com resultados experimentais .......... 70 v Lista de Tabelas Tabela 1. Características Principais do PEAD Puro ................................................... 40 Tabela 2. Parâmetros do Material ................................................................................ 67 vi Lista de Símbolos % Porcentagem á Limite da taxa de deformação máxima Limite da taxa de deformação mínima ε Taxa de deformação de engenharia Limite da taxa de deformação °C Celsius a Constante Positiva do Material a( ) Valor máximo da tensão para uma dada taxa de deformação em função do tempo aε ) Valor máximo da tensão para uma dada taxa de deformação constante A0 Alongamento prescrito a1 Constantes positivas do material a2 Constantes positivas do material b Constantes positivas do material b( ) Valor da tensão para uma dada taxa de deformação em função do tempo bε ) Valor da tensão para uma dada taxa de deformação constante c0 Constantes positivas do material c1 Constantes positivas do material c2 Constantes positivas do material c3 Constantes positivas do material cal/g°C Caloria por grama grau Celsius cv Cavalo vapor vii D Variável de Dano d ) Derivada da tensão d0 Constantes positivas do material d1 Constantes positivas do material Dcr Variável de Dano Crítico dσ(t) Derivada da tensão verdadeira Exp Exponencial F Força F(t) Força de Alongamento em tempo conhecido g/cm3 Gramas por centímetro cúbico h Hora kN Quilo Newton L Medida de comprimento ln Logarítimo neperiano mm Milímetro mm/min Milímetro por minuto MPA Mega Pascal N Número de ciclos nm Nanômetro t Tempo v Velocidade ∆L(t) Alongamento fixado ∆ε Variação de Deformação viii ∆σ Variação de Tensão σ Tensão de Projeto Σ Somatório σ (t) Tensão de Projeto Verdadeira ) Valor máximo da tensão para uma dada taxa de deformação constante ) Valor máximo da tensão para uma dada taxa de deformação constante Tensão de engenharia ) Tensão de Engenharia Verdadeira Capítulo 1 Introdução 1.1 APRESENTAÇÃO Desde a Antiguidade, o homem retira produtos da natureza para utilização na construção civil, como o barro, areia, pedra, madeira, entre outros. Devido à oferta insuficiente de recursos naturais, surge a necessidade de o homem modificar e criar novos materiais para atender plenamente suas aspirações, dando origem aos produtos sintéticos, como o plástico, que, desde a sua descoberta, no início do século XX, vem sendo integrado a todos os estilos de vida, com o emprego variando de utensílios domésticos à ciência sofisticada e aos instrumentos médico [4]. Com o aumento da utilização dos materiais poliméricos no cenário atual, houve a necessidade de uma destinação final para estes polímeros de acordo com as normas atuais vigentes, levando em consideração preocupações ambientais relativas à sua destinação final. Entre os polímeros comercializados o polietileno é o que apresenta a estrutura mais simples. Conferindo assim grande versatilidade em relação à variedade dos 19 processos de transformação. Este polímero foi descoberto na Grã-Bretanha em 1933 e comercializado em 1939. Atualmente é um dos plásticos mais vendidos e reciclados no mundo. O Polietileno de Alta Densidade (PEAD) sendo um termoplástico é bastante utilizado. Seu uso em escala industrial vem sendo empregado desde 1950 devido as suas qualidades (durabilidade, estanqueidade química, térmica, resistência à corrosão e ductibilidade). Do ponto de vista térmico não há restrição para a reciclagem do PEAD. Ele vem se tornando um dos plásticos mais reciclados dentre os termoplásticos, devido às suas propriedades mecânicas e à significativa disponibilidade nos resíduos sólidos urbanos, cerca de 30% do total de resíduos plásticos rígidos [6]. Em tempo, CHIANELLI JUNIOR [6] enfatiza que a utilização do polietileno reciclado na produção de embalagens e outros artefatos plásticos produzem os seguintes benefícios: • Redução de 33% no consumo de energia; • Redução de 90% no consumo de água; • Redução de 66% na emissão de óxido de carbono; • Redução de 33% na emissão de dióxido de enxofre; • Redução de 50% na emissão de óxido nitroso. O PEAD é encontrado nas embalagens de óleos lubrificantes automotivos, ao qual tem como função evitar ou minimizar o desgaste de superfícies com movimentos relativos. Na sua composição estão presentes, além das bases lubrificantes, os aditivos que conferem ao produto propriedades adequadas para um bom desempenho. Estes aditivos que compõem esse grupo têm funções detergentes/dispersantes, antioxidantes e inibidoras de corrosão, entre outras. Quando se considera que esses produtos possuem vida de prateleira “indeterminada” (conforme as informações que constam das embalagens de mercado) em condições de estocagem apropriadas [28]. Com o crescimento da população mundial e consequentemente da sua frota automobilística, o aumento do consumo de óleo lubrificante e aditivo automotivo produz um acentuado e preocupante descarte de embalagens plásticas, oriundas de produtos não degradáveis e altamente poluidores dos lençóis freáticos [6]. 20 Ao serem descartadas pós-consumo, essas embalagens carregam consigo, resíduos que escorrem nos aterros sanitários provocando um grande impacto ambiental. Nesses aterros, os plásticos impedem as trocas líquidas e gasosas necessárias à decomposição das matérias orgânicas. Em tempo, a Lei Estadual no. 3369/00, específica do Rio de Janeiro, estipula que todas as empresas que utilizam garrafas e embalagens plásticas na comercialização de seus produtos são responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada das mesmas. Esta lei tem feito entidades como Petrobrás, Sindicom e InpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), entre outros, trabalharem na coleta seletiva, educação ambiental, logística reversa e reciclagem nos setores de embalagens plásticas para óleo lubrificante e agrotóxicos [28]. A produção de materiais oriundos de matérias-primas recicláveis e de fontes renováveis constituem um importante passo para a sustentabilidade do planeta [6]. A partir deste princípio WASILKOSKI [36] em seu trabalho estuda o comportamento mecânico dos materiais que é caracterizado pela resposta que estes apresentam quando submetidos à taxa de carregamento. A partir de certa tensão os materiais começam a se deformar plasticamente, ou seja, ocorrem deformações permanentes que resultam de deslocamentos relativos entre planos atômicos, os quais são de natureza irreversível uma vez cessada a solicitação. Conforme, DALCIN [11] a tensão necessária para continuar a deformar aumenta até um ponto máximo chamado de limite de resistência à tração na qual a tensão é a máxima na curva tensão-deformação de engenharia. Isto corresponde à maior tensão que o material pode resistir; se esta tensão for aplicada e mantida, o resultado será a fratura. Toda a deformação até este ponto é uniforme na seção. No entanto, após este ponto, começa a se formar uma estricção, na qual toda a deformação subsequente está confinada e, é nesta região que ocorrerá ruptura. A tensão correspondente à fratura é chamada de limite de ruptura. Segundo VASSOLER [35], o comportamento mecânico dos materiais poliméricos é, em geral, muito sensível a variações de velocidade de deformação e de temperatura. Estes ainda possuem um comportamento com deformação não linear quando solicitados, 21 onde a não linearidade pode ser verificada seja em regime de deformações permanentes como em regime de deformações não permanentes. Neste trabalho o modelo constitutivo do material, deverá ser capaz de representar a relação de tensão e deformação, taxa de deformação, etc. na faixa de análise. Em tempo, estes modelos precisam de caracterização de parâmetros que o alimentem e devem ser obtidos de forma experimental. A regra, em geral, diz que quanto mais complexo o comportamento do material, mais sofisticado deve ser o modelo constitutivo e, portanto, mais parâmetros constitutivos devem ser caracterizados [35]. Portanto, a base deste trabalho é buscar a resposta mecânica do PEAD reciclado de embalagens de óleo lubrificante e aditivos, sendo analisadas experimentalmente, comparando com valores encontrados na literatura para o PEAD virgem. A partir desta análise será proposto um modelo matemático, para o estudo da viscoelasticidade do material. 1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA A concentração demográfica nas grandes cidades e o grande aumento do consumo de bens geram uma enorme quantidade de resíduos de todo tipo, procedentes tanto das residências como das atividades públicas e dos processos industriais. Todos esses materiais recebem a denominação de lixo, e sua eliminação e possível reaproveitamento são um desafio ainda a ser vencido pelas sociedades modernas [34]. É notado nas populações uma cultura predominante de exploração dos recursos naturais do meio ambiente em nome de um modelo equivocado de desenvolvimento. Conforme mencionado por TOREZANI [34], muito se tem discutido sobre as melhores formas de tratar e eliminar o lixo -- industrial, comercial, doméstico, hospitalar, nuclear etc. -- gerado pelo estilo de vida da sociedade contemporânea. É notado, que o lixo é o espelho fiel da sociedade, sempre tão mais geradora de lixo quanto mais rica e consumista. Qualquer tentativa de reduzir a quantidade de lixo ou alterar sua composição pressupõe mudanças no comportamento social. Por sua vez, muitas entidades como sindicatos e instituições veem formas de se reduzir a quantidade de lixo gerado. 22 Portanto, este trabalho foi desenvolvido buscando alternativas para a reciclagem de embalagens plásticas de óleo lubrificante e aditivo pós-consumo, analisando seu comportamento mecânico através de modelos constitutivos. 1.3 OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é o estudo do comportamento mecânico do Polietileno de Alta Densidade (PEAD) reciclado oriundo das embalagens de óleo lubrificantes e aditivos através de taxa de carregamento a temperatura ambiente. A partir deste estudo, será desenvolvido leis constitutivas que conjugam características viscoelásticas de forma a permitir e analisar o comportamento não linear encontrado em materiais de polietileno de alta densidade reciclado sob grandes deformações a diferentes velocidades de deformação. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO No primeiro capítulo é feita uma apresentação sobre os aspectos introdutórios gerais do assunto abordado, centrando o estudo e fazendo uma exposição do problema, da maneira como o mesmo é tratado e considerando o levantamento os objetivos que nortearam o estudo e a metodologia utilizada. Na sequência do trabalho são apresentados quatro capítulos organizados da seguinte forma: O segundo capítulo refere-se à fundamentação teórica formada através das informações encontradas na literatura. Esse capítulo aborda como tema à propriedade dos polímeros, características do polietileno, conceitos de reciclagem do polietileno, tipos de reciclagem, polímeros reciclados e considerações finais. No terceiro capítulo, o estudo é apresentado de forma detalhada, mostrando os materiais e métodos utilizados para análise. No quarto capítulo são apresentados os resultados e discussões sobre o estudo e apresentada a análise do modelo. 23 No quinto capítulo são apresentadas conclusões e recomendações gerais do estudo e sugestões para trabalhos futuros. No apêndice são apresentados os artigos publicados na revista Polymer Testing e Conem – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica. 24 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 2.1 POLÍMEROS 2.1.1 Definição A palavra polímero origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição). Assim, um polímero é uma macromolécula composta por muitas (dezenas de milhares) de unidades de repetição denominadas meros, ligados por ligação covalente. A matéria-prima para a produção de um polímero é o monômero, isto é, uma molécula com uma (mono) unidade de repetição [27,30]. 25 2.1.2 Classificação Um polímero é uma substância macromolecular constituída por unidades estruturais repetitivas, unidas entre si por ligações covalentes. Em alguns casos, as ligações conduzem a uma cadeia linear, com ou sem ramificações, e em outros, cadeias ligadas entre si formando estruturas tridimensionais. De acordo com SAMPAIO E HADDAD [30], dependendo do tipo de monômero (estrutura química), do número médio de meros por cadeia e do tipo de ligação covalente, poderemos dividir os polímeros em três grandes classes: Plásticos, Borrachas (ou Elastômeros) e Fibras. Em tempo, muitos polímeros são variações e/ou desenvolvimentos sobre moléculas já conhecidas podendo ser divididos em quatro diferentes classificações: [30]. 2.1.2.1 Quanto à estrutura química: Em que são formadas longas cadeias de átomos com ligações covalentes. A combinação de estrutura quase que ilimitada, o que permite obter inúmeros materiais distintos [21]. 2.1.2.2 Quanto ao método de preparação: Os polímeros podem ser classificados pelo método de preparação: Polímeros por Adição - formados a partir de um único monômero, através de uma reação de adição. As substâncias usadas na geração de polímeros manifestam de forma obrigatória uma ligação dupla entre os carbonos. Ao momento que ocorre a polimerização, acontece a quebra da ligação π e também a geração de duas novas ligações simples. Como polímeros de adição são citados: Polietileno, Polipropileno, PVC, Isopor, Teflon, Buna etc. Copolímeros - Os copolímeros são polímeros de adição resultantes da “soma” de monômeros diferentes. Esses monômeros apresentam estruturas variadas, pois podem ser de apenas dois, três ou mais tipos e pode haver também uma regularidade ou irregularidade da cadeia molecular do copolímero. 26 Polímeros por Condensação - são gerados pela reação entre dois monômeros diferentes através de uma reação de condensação. Nessa reação ocorre a eliminação de outra molécula, geralmente a água. Nessa modalidade de polimerização, os monômeros não necessitam demonstrar ligações duplas por meio dos carbonos, no entanto, é extremamente necessária a presença de dois tipos de grupos funcionais distintos. Como polímeros de condensação são citados: Amido e Celulose. 2.1.2.3 Quanto ao comportamento mecânico O comportamento mecânico dos materiais é caracterizado pela resposta que estes apresentam quando submetidos à tensão ou deformação. Para os polímeros a tensão e a deformação não são relacionadas através de simples constantes de proporcionalidade, como módulo de elasticidade. As respostas dos polímeros às solicitações mecânicas são acentuadamente dependentes de fatores estruturais e de variáveis externas [35]. Para materiais de baixa massa molecular, o comportamento mecânico é descrito em termos de dois tipos de material ideal: o sólido elástico e o líquido viscoso. O sólido elástico retorna a sua forma inicial depois de removido o esforço, e a deformação do líquido viscoso é irreversível na ausência de forças externas. Os polímeros se caracterizam por apresentar um comportamento intermediário entre o sólido elástico e o líquido viscoso, dependendo da temperatura e da escala de tempo do experimento [36]. 2.1.2.4 Quanto ao desempenho mecânico Neste tipo de classificação os materiais poliméricos podem ser subdivididos em: Termoplásticos convencionais (commodities): São polímeros de baixo custo, baixo nível de exigência mecânica, alta produção, facilidade de processamento, etc. A produção destes termoplásticos corresponde em torno de 70% da produção mundial de polímeros. Ex: Poliolefinas (PE, LDPE, HDPE, PP, PS e o PVC). 27 Termoplásticos de uso industrial: Têm custo maior que os polímeros convencionais, porém, com algumas propriedades um pouco superiores. Nesta classe encontram-se os copolímeros, homopolímeros. Termoplásticos de engenharia: São polímeros usados em situações onde são exigidas resistência mecânica, tenacidade e estabilidade dimensional. São utilizados em peças técnicas (engrenagens, componentes eletrônicos e automobilísticos, etc). Termoplásticos de alta performance: São polímeros que resistem a temperaturas de uso contínuo superiores a 150°C e caracterizados pela presença de grande quantidade de anéis aromáticos na cadeia principal. Para uma melhor compreensão da relação entre as características e o efeito sobre o desempenho dos materiais compostos por polímeros faz-se necessário o estudo quanto à estrutura molecular e quanto à sua resposta mecânica a temperaturas elevadas, ou seja, é necessário saber como o comportamento térmico influência este material. Logo, têm-se as seguintes correlações: 2.1.3 Quanto à estrutura molecular Os polímeros podem ser classificados da seguinte maneira [30]: Polímeros Lineares: as unidades mero estão unidas ponta a ponta em cadeias únicas. São cadeias flexíveis em que podem existir grandes quantidades de ligações de Van der Waals entre si. Ex: Polietileno, Cloreto de Polivinila, Poliestireno, Polimetil Metacrilato, Nylon e Fluorocarbonos. Polímeros Ramificados: cadeias de ramificações laterais encontram-se conectadas às cadeias principais, sendo consideradas parte das mesmas, sendo que a compactação da cadeia é reduzida, resultando em polímeros de baixa densidade. Polímeros lineares também podem ser ramificados. Polímeros com Ligações Cruzadas: cadeias lineares adjacentes ligadas umas às outras, em várias posições por ligações covalentes. Estas ligações, não reversíveis, são obtidas durante a síntese do polímero a altas temperaturas e são encontradas em muitos dos materiais elásticos com características de borracha. 28 Polímeros em Rede: unidades de mero com três ligações covalentes ativas, formando redes tridimensionais. Polímeros com muitas ligações cruzadas podem ser caracterizados como polímeros em rede e possuem propriedades mecânicas e térmicas distintas. Ex: Materiais de base epóxi e fenolformaldeído. Homopolímeros: quando todas as unidades repetidas dentro da cadeia constituem-se do mesmo tipo de mero. Copolímeros: quando as unidades repetidas dentro da cadeia constituem-se de dois ou mais tipos de meros diferentes. 2.1.4 Quanto ao comportamento térmico Os polímeros podem ser classificados de acordo com seu comportamento mecânico em duas classes [30]: Polímeros Termoplásticos: Sob efeito de temperatura e pressão, amolecem assumindo a forma do molde. Nova alteração de temperatura e pressão reinicia o processo, sendo, portanto, recicláveis. Em nível molecular, à medida que a temperatura é elevada, as forças de ligação secundárias são diminuídas (devido ao aumento do movimento molecular), de modo tal que o movimento relativo de cadeias adjacentes é facilitado quando uma tensão é aplicada. Os termoplásticos são relativamente moles e dúcteis e compõem-se da maioria dos polímeros lineares e aqueles que possuem algumas estruturas ramificadas com cadeias flexíveis. Ex: PE, PP, PVC, etc. Polímeros Termofixos: Ou termorrígidos, sob efeito de temperatura e pressão, amolecem assumindo a forma do molde. Nova alteração de temperatura e pressão não faz efeito algum, tornando-os materiais insolúveis, infusíveis e não recicláveis. Durante o tratamento térmico inicial, ligações cruzadas covalentes são formadas entre cadeias moleculares adjacentes; essas ligações prendem as cadeias entre si para resistir aos movimentos vibracionais e rotacionais da cadeia a temperaturas elevadas, sendo que o rompimento destas ligações só ocorrerá sob temperatura muito elevadas. Os polímeros termofixos são geralmente mais duros e frágeis do que os termoplásticos, e possuem melhor estabilidade dimensional. Ex: Baquelite (resina de fenol-formaldeído), epóxi (araldite), algumas resinas de poliéster, etc. 29 2.1.5 Propriedades dos polímeros 2.1.5.1 Propriedades Mecânicas O comportamento mecânico de um polímero, ou seja, sua deformação e as características de escoamento são de extrema importância para a determinação da funcionalidade do produto final [2]. A observação do que acontece com o polímero quando se aplica uma tensão para alongá-lo (deformação) até o ponto de ruptura é chamado de propriedades de tensãodeformação. O comportamento mecânico de um polímero pode ser caracterizado principalmente por quatro grandezas de grande importância: Módulo de Young (E): resistência à deformação Resistência máxima: tensão requerida para romper o corpo de prova Alongamento máximo: alongamento até a ruptura do corpo de prova Alongamento estático: elasticidade reversível do corpo de prova. Dentre as grandezas mencionadas existem subgrupos distintos conforme Figura 1. Os plásticos formam um grupo de materiais que têm propriedades mecânicas situadas entre as fibras e os elastômeros. Pode-se subdividi-los em dois grupos: Rígidos e Flexíveis. a. Plásticos Rígidos Polímero que se caracterizam pela alta resistência mecânica à deformação sendo amorfos, de cadeias muito rígidas obtidas por meio de intensa reticulação. Ex.: Fenolformaldeído; uréia-formaldeído. 30 b. Plásticos Flexíveis Polímero que apresentam graus de cristalinidade de moderado a alto, que lhes confere resistência à tração e alongamentos que produzem altos módulos. Ex.: polietileno. O alongamento máximo e a resistência máxima para um polímero flexível é apresentado na figura 2. σ ε Figura 1 - Comportamento Mecânico das Principais Classe de Polímeros Adaptado: CAIRES [2] 31 σ ∆ ∆ ∆ E=∆ ε Figura 2 - Elongação Máxima X Resistência Máxima de um Plástico Flexível Adaptado: CAIRES [2] 2.1.5.2 Propriedades Térmicas Conforme mencionado por CAIRES [2], as propriedades térmicas dos polímeros são observadas quando a energia térmica, ou calor, é fornecido ou removido do material; estes são maus condutores de calor. A capacidade de transferir/conduzir calor é medida pela condutividade e pela difusibilidade térmicas. A capacidade de armazenar calor é avaliada pelo calor específico. As alterações de dimensão devido às mudanças de temperatura são estimadas através da expansão térmica. As modificações observadas nos materiais quando sujeitos a variações de temperatura são de grande importância e incluem a temperatura de fusão cristalina Tm e de transição vítrea Tg. 32 a. Calor Específico É a quantidade de energia térmica requerida para elevar de 1°C a unidade de massa do material. Os metais apresentam valores muito baixos (menores que 0,1 cal/g°C) enquanto os plásticos variam de 0,2 a 0,5. b. Condutividade térmica Mede a quantidade de calor transferido, na unidade de tempo, por unidade de área, através de espessura unitária, sendo 1°C a diferença de temperatura entre as faces. Expressa as características de o material ser bom ou mau condutor de calor. c. Expansão térmica É a propriedade que mede o volume adicional necessário a acomodar os átomos e moléculas que vibram mais rápido em função do aquecimento. É avaliada pelo coeficiente de dilatação térmica linear. Este valor é muito mais elevado nos polímeros. d. Temperatura de fusão cristalina (Tm) É o valor médio da faixa de temperatura em que durante o aquecimento, desaparecem as regiões cristalinas. Neste ponto a energia do sistema é suficiente para vencer as forças intermoleculares secundarias entre as cadeias de fase cristalina, mudando do estado borrachoso para estado viscoso (fluido). Este fenômeno só ocorre na fase cristalina, portanto, só tem sentido de ser aplicada em polímeros semicristalinos. É uma mudança termodinâmica de primeira ordem. Experimentalmente determinam-se essas duas temperaturas de transição, acompanhando-se a variação do volume específico (mede o volume total ocupado pelas cadeias poliméricas). Esse aumento é esperado de forma que seja linear com a 33 temperatura, a não ser que ocorra alguma modificação na mobilidade do sistema, o que implicaria um mecanismo diferente. e. Temperatura de transição vítrea (Tg) É o valor médio da faixa de temperatura que durante o aquecimento de um polímero, de uma temperatura muito baixa para valores mais altos, permite que as cadeias poliméricas de fase amorfa adquiram mobilidade (conformação). Abaixo de Tg o polímero não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de uma cadeia com relação à outra (estado vítreo). Na temperatura de transição vítrea ocorre uma transição termodinâmica de segunda ordem (variáveis secundárias). Algumas propriedades mudam com Tg: • Módulo de elasticidade • Coeficiente de expansão • Índice de refração • Calor específico, etc. 2.1.5.3 Propriedades Elétricas Como os polímeros são maus condutores de calor, também são maus condutores elétricos. A maioria das propriedades elétricas destes isolantes é função da temperatura, fato extremamente importante em sistemas elétricos que devem operar em altas temperaturas. As principais características elétricas de materiais poliméricos são [2]: a. Rigidez dielétrica Índica o grau em que o material é isolante. É medida pela tensão elétrica que o material pode suportar antes de perder as propriedades de isolante. A falha é observada em função da excessiva passagem de corrente elétrica, ocorrendo reações químicas, que acarretam na formação de gases, degradando o material sólido e destruindo o isolamento elétrico. 34 b. Resistividade volumétrica É a resistência de materiais isolantes à passagem da corrente elétrica entre as faces de uma unidade cúbica (volumétrica) para um determinado material em uma dada temperatura, os polímeros de forma geral oferecem alta resistência, semelhante a algumas cerâmicas. c. Constante dielétrica É uma característica relacionada à energia eletrostática que o material pode armazenar. Os polímeros possuem baixas constantes dielétricas, geralmente bem menores que o vidro e cerâmicas. 2.1.5.4 Propriedades óticas As propriedades óticas dos polímeros podem informar sobre a estrutura e ordenação moleculares, bem como sobre a existência de tensões ou regiões sob deformação [2]; As principais propriedades óticas relacionadas a materiais poliméricos são: a. Transparência A transparência à luz visível é apresentada por polímeros amorfos ou com baixo grau de cristalinidade, quantitativamente expressos pela transmitância, que é a razão entre a quantidade de luz que atravessa o meio e a quantidade de luz que incide paralelamente à superfície. Nos polímeros este valor pode alcançar 92%, para plásticos comuns. b. Índice de refração É a razão entre a velocidade da radiação eletromagnética no vácuo e a velocidade no meio em estudo, determinando-se a diminuição da velocidade da luz quando passa do 35 vácuo para o meio transparente e oticamente isotrópico. A maioria dos polímeros tem índice de refração na faixa de 1,45-1,60, sendo exceções o PET (1,7) e a borracha natural (1,2). 2.1.5.5 Outras propriedades físicas Ainda existem outras propriedades físicas de polímeros que não se enquadram nos grupos anteriores citadas a seguir [2]: a. Densidade Os materiais poliméricos são todos relativamente leves, com sua densidade variando entre 0,9 e 1,5 g/cm3. A presença de halogênios determina maiores densidades; A densidade de um material reflete a sua estrutura química e sua organização molecular, desta forma, as regiões cristalinas são mais compactadas enquanto as amorfas são mais volumosas. b. Estabilidade dimensional É uma importante propriedade para aplicações técnicas, quando um polímero é altamente cristalino, a sua estabilidade também é elevada, pela dificuldade de destruição das regiões ordenadas, que resultam da coesão molecular. 2.1.5.6 Propriedades químicas Dentre as propriedades químicas mais importantes do material polimérico, diretamente ligadas às suas aplicações, estão à resistência à oxidação, ao calor, às radiações ultravioleta, à água, ácidos e bases, a solventes e a reagentes [2]. 36 a. Resistência à oxidação Esta resistência é mais encontrada nas macromoléculas saturadas (contém apenas ligações simples), como é o caso das poliolefinas. Nos polímeros insaturados (apresentam duplas ligações), a oxidação pode ocorrer através dessas insaturações, rompendo as cadeias, e consequentemente, reduzindo a resistência mecânica do material. A presença de carbono terciário na cadeia baixa a resistência à oxidação. b. Resistência à degradação térmica A exposição de polímeros ao calor em presença de ar causa a sua maior degradação, dependendo da estrutura do polímero, envolve reações químicas bastante complexas. Estas reações são causadas pela formação de radicais livres na molécula, com intervenção geralmente do oxigênio, através da ruptura das ligações covalentes em moléculas insaturadas, ou nas cadeias contendo átomos de carbono terciário. Os polímeros clorados são muito sensíveis à degradação térmica durante o processo, devido à fácil ruptura das ligações carbono-cloro. c. Resistência às radiações ultravioleta Os polímeros de estrutura insaturada apresentam baixa resistência às radiações ultravioleta, que são absorvidas, gerando facilmente radicais livres, quando expostos à luz solar. Eventualmente ocorre modificação das propriedades mecânicas pelo enrijecimento do material pela formação de ligações cruzadas. d. Resistência à água, ácidos e bases É avaliada pela absorção de umidade, que aumenta as dimensões da peça, o que prejudica a aplicação em trabalhos de precisão. A absorção é mais fácil quando a 37 molécula do polímero apresenta grupos capazes de formar pontes de hidrogênio, por exemplo, peças de poliamidas (náilon), celulose, madeira. O contato com ácidos em geral, pode causar a parcial destruição das moléculas poliméricas, se houver nelas grupos sensíveis à reação com ácidos, por exemplo, as resinas melamínicas e produtos celulósicos, as soluções alcalinas, em maior ou menor concentração, são bastante agressivas a polímeros cuja estrutura apresentam grupos carboxila, hidroxila, e éster. Assim, as resinas fenólicas e epoxídicas, bem como poliésteres insaturados são facilmente atacados por produtos alcalinos. 2.1.5.7 Propriedades físico-químicas Em tempo CAIRES [2], descreve que a permeabilidade de materiais poliméricos a gases e vapores é uma propriedade importante para a aplicação em embalagens. A permeação de moléculas pequenas através de polímeros se dá nas regiões amorfas, onde as cadeias poliméricas estão mais afastadas. A presença de domínios cristalinos diminui bastante a permeabilidade. 2.2 POLIETILENO O polietileno foi sintetizado pela primeira vez pelo químico alemão Hans Von Pechmann, que, acidentalmente, o preparou em 1898 enquanto aquecia diazometano. Quando seus colegas Eugen Bamberger e Friedrich Tschirner caracterizaram a substância gasosa e branca criada, descobriram grandes cadeias compostas por -CH2- e o denominaram "polietileno" [33]. Em 27 de Março de 1933, o polietileno foi sintetizado tal como o conhecemos atualmente, por Reginald Gibson e Eric Fawcett, na Inglaterra. Isto foi possível aplicando-se uma pressão de cerca de 1400 bar e uma temperatura de 170°C, onde foi obtido o material de alta viscosidade e cor esbranquiçada que se conhece atualmente. Segundo COUTINHO et al.[9], o polietileno é um polímero parcialmente cristalino, flexível, cujas propriedades são acentuadamente influenciadas pela quantidade relativa das fases amorfa e cristalina. As menores unidades cristalinas, lamelas, são 38 planares e consistem de cadeias perpendiculares ao plano da cadeia principal e dobradas em zig-zag para cada 5 a 15nm, embora haja defeitos que são pouco frequentes. Devido à sua alta produção mundial, é também o mais barato, sendo um dos tipos de plástico mais comum. É quimicamente inerte. Obtém-se pela polimerização do etileno (de fórmula química CH2=CH2, e chamado de eteno pela IUPAC), de que deriva seu nome. Este polímero pode ser produzido por diferentes reações de polimerização, como por exemplo, a polimerização por radicais livres, polimerização aniônica, polimerização por coordenação de íons ou polimerização catiônica. Cada um destes mecanismos de reação produz um tipo diferente de polietileno. É um polímero de cadeia linear não ramificada, embora as ramificações sejam comuns nos produtos comerciais. As cadeias de polietileno se rompem sob a temperatura de transição vítrea Tg em regiões amorfas e semi-cristalinas. Os polietilenos são inertes face à maioria dos produtos químicos comuns, devido à sua natureza parafínica, seu alto peso molecular e sua estrutura parcialmente cristalina. Em temperaturas abaixo de 60°C são parcialmente solúveis em todos os solventes [9]. Em tempo, COUTINHO et al.[9], relatam que interações com solventes, sofrendo inchamento, dissolução parcial, aparecimento de cor ou, como tempo, completa a degradação do material. Interação com agentes tensoativos, resultando na redução da resistência mecânica do material por efeito de tenso-fissuramento superficial. Em condições normais, os polímeros etilênicos não são tóxicos, podendo inclusive ser usados em contato com produtos alimentícios e farmacêuticos, no entanto certos aditivos podem ser agressivos. No passado, o polietileno era classificado pela sua densidade e pelo tipo de processo usado em sua fabricação. Atualmente, os polietilenos são mais apropriadamente descritos como polietilenos ramificados e polietilenos lineares [9]. 39 2.2.1 Obtenção do Polietileno O polietileno pode ser produzido por diversos mecanismos de reações de polimerização. Cada um dos mecanismos de reações de polimerização produz um tipo diferente de polietileno [6]. Geralmente o polietileno é obtido por meio da polimerização do monômero gasoso etileno (CH2 = CH2) em reator, sob condições de temperatura e pressão específicas. A produção de um bom polietileno depende do catalizador. Alguns dos catalizadores modernos incluem o de Ziegler Natta. 2.2.2 Classificação e Propriedades do Polietileno de Alta Densidade Segundo sua classificação e propriedades o Polietileno de Alta Densidade é resistente a altas temperaturas, alta resistência à tensão, compressão, tração, baixa densidade em comparação com metais e outros materiais, impermeável; inerte (ao conteúdo), baixa reatividade, atóxico e possui pouca estabilidade dimensional [6]. Por extrusão, é aplicado em isolamento de fios telefônicos, sacos para congelados, revestimento de tubulações metálicas, polidutos, tubos para redes de saneamento e de distribuição de gás, emissários de efluentes sanitários e químicos, dutos para mineração e dragagem, barbantes de costura, redes para embalagem de frutas, fitas decorativas, sacos para lixo e sacolas de supermercados. 2.2.3 Características do PEAD De acordo com o especificado por CHIANELLI JUNIOR [6] as propriedades e características peculiares ao Polietileno de Alta Densidade viabilizam a sua aplicação em diversos setores da indústria. A tabela 1 apresenta as características principais do PEAD. 40 Tabela 1. Características Principais do PEAD Puro Adaptado: CHIANELLI JUNIOR [6] CARACTERÍSTICAS VALORES Grau de Cristalinidade 60-80% Densidade 0,94 – 0,97g/cm3 Temperatura de Fusão 130-141°C Alongamento na Ruptura (em placa) 860% Tensão de Ruptura a Tração (em placa) 29 MPa Módulo de Elasticidade à Tração (Módulo de 900 MPa Young) Tm 137°C Tg -120°C 2.2.4 Reciclagem do PEAD A reciclagem do PEAD é basicamente coletar o lixo descartado e convertê-lo em produto semelhante ao inicial. Os materiais são coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos [20]. Em tempo, LONTRA [20] aborda o estudo baseado em Análise do Ciclo de Vida (ACV) de um produto relatando que a quantidade de energia gasta para obtê-lo a partir da matéria-prima virgem são maiores que aquelas gastas para produzi-los com resíduos reciclados. A reciclagem é mais econômica em aspectos de consumos de energia, água e materiais acessórios utilizados diretamente na produção de um bem, quando comparada à produção a partir da matéria-prima virgem. Com a reciclagem de plásticos economiza-se até 88% de energia em comparação com a produção a partir do petróleo e preserva-se esta fonte esgotável de matéria-prima. 41 O PEAD vem se tornando um dos plásticos mais reciclados dentre os termoplásticos, devido às suas propriedades mecânicas e à significativa disponibilidade nos resíduos sólidos urbanos, cerca de 30% do total de resíduos plásticos rígidos [6]. O Brasil é um dos três principais países em volume de plásticos reprocessado por reciclagem termomecânica. O Polietileno de Alta densidade passa por reciclagem termomecânica para seu reprocessamento. Neste tipo de reciclagem o plástico é transformado em grãos para serem reaproveitados na fabricação de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis, fibras, embalagens não alimentícias entre outros. O processo de reciclagem termomecânica envolve: separação, moagem, lavagem, a fusão, o corte e a granulação de resíduos plásticos. Em tempo, as peças plásticas devem ser selecionadas em tipos diferentes de materiais antes do início do processo. Após a seleção, o material selecionado é derretido e moldado em uma nova forma ou cortado em pequenos grânulos (pellets) que serão posteriormente utilizados como matéria-prima para praticamente qualquer finalidade, excluindo-se hospitalar e alimentar. Um dos problemas da reciclagem de plásticos é ao fundir polímeros diferentes, eles não se misturarem facilmente – como a água e o óleo. O PEAD, porém se mostra bastante estável após diversos processamentos consecutivos [6]. 2.2.6 Aplicações do PEAD reciclado das embalagens de óleo lubrificante Em continuidade ao trabalho apresentado por CHIANELLI JUNIOR [6], a dissertação aborda o estudo de modelo matemático sobre os materiais poliméricos termoplásticos recicláveis, especialmente oriundos de embalagens de óleo lubrificante e os aditivos automotivos, descartadas pós-consumo. O óleo lubrificante é acondicionado em embalagens plásticas de vários volumes. Além do corpo da embalagem (PEAD), há a tampa que é formada pelo polímero sintético polipropileno (PP), conforme Figura 3.. 42 Figura 3 – Modelos de Embalagens Plásticas de óleos lubrificantes. Fonte: www.mma.gov.br /www.ingrax.com.br [37,38] Segundo pesquisa de CHIANELLI JUNIOR [6], dados fornecidos pelo Sindicom e Sindiplast, a cada ano são produzidas cerca de 305 milhões de vários tipos de embalagens de óleo lubrificante. Em termos de massa, temos cerca de 26.888 toneladas de embalagens plásticas usadas geradas no Brasil. O destino dessas embalagens é fator de extrema importância e preocupação. Há normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para o manuseio, a coleta, o armazenamento temporário e o transporte dessas embalagens. Em tempo é destacado que as embalagens plásticas de óleo lubrificante são, quase sempre, descartadas em lixo comum, porque a presença de óleo residual dificulta o processo de reciclagem convencional do plástico, causando deformidade e odor de óleo queimado na peça final. Essas embalagens plásticas e baldes contendo resíduo de óleo lubrificante são classificadas como classe I, por apresentarem características de toxidade [6]. O descarte no lixo comum traz consequências danosas para o meio ambiente e a saúde pública, uma vez que além da perda do PEAD, o descarte dessas embalagens a céu aberto, possibilita a contaminação dos recursos hídricos, causada pelo óleo residual contido nessas embalagens. O óleo lubrificante vazado das embalagens nos lixões contamina o lençol freático e quando arrastado para as águas dos rios, lagos, lagoas e etc, consome oxigênio no processo de biodegradação, e dificultando a passagem de luz, compromete consideravelmente a sobrevivência das espécies aquáticas. Portanto, o incentivo à coleta seletiva e a reciclagem ou reuso desse material traz inúmeros 43 benefícios à sociedade, como o aumento da vida útil dos aterros sanitários, a geração de novos empregos, a economia de energia e de recursos naturais, entre outros. 44 Capítulo 3 Materiais e Métodos Os ensaios descritos neste capítulo foram realizados no Laboratório de Ensaios em Dutos (LED-UFF). As amostras dos materiais foram recebidas e preparadas no Laboratório de Materiais de Construção da Universidade Federal Fluminense-LAMCO, para a confecção dos corpos de prova (CP), e posterior ensaio dos mesmos, objetivando determinar as propriedades mecânicas do PEAD reciclado puro. As etapas dos experimentos são descritas conforme abaixo: Etapa 1 – Obtenção da matéria-prima. Aquisição das embalagens de óleo lubrificante. Etapa 2 – Seleção dos Materiais - Limpeza das embalagens ( vazamento do óleo residual, retirada dos rótulos e tampas para lavagem). Foram utilizadas para esta etapa bandejas e espátulas para o auxílio da limpeza das embalagens. Etapa 3 – Preparação dos Materiais – Corte das embalagens. Nesta etapa foram utilizados para auxílio do corte das embalagens Tesoura e Triturador Plastimax 5cv. Etapa 4 – Secagem – Instalação em bandejas. Para esta etapa do processo foram utilizadas Bandejas de aço e Estufa de bancada Fabber Primar. 45 Etapa 5 – Pesagem – pesagem dos Materiais preparados. Nesta etapa do processo foram utilizadas Balança eletrônica Marte AS 200C e recipientes plásticos. Etapa 6 – Prensagem e modelagem – Prensagem e modelagem das peças picotadas. Foram utilizadas nesta etapa Moldes Metálicos / Prensa térmica hidráulica MA098/A até 15t. Etapa 7 – Caracterização Física – Ensaio Mecânico de Tração, utilizando a Máquina Universal de Ensaio SHIMADZU AG-X 100kN. Etapa 8 – Análise dos Resultados – Interpretação dos resultados obtidos no ensaio. 3.1 MATERIAIS UTILIZADOS Para a confecção dos corpos-de-prova foi utilizado como matéria-prima: Polietileno de alta densidade (PEAD). Utilizou-se como matriz plástica, o polietileno de alta densidade (PEAD), Figura 4, reciclado de embalagens de óleo lubrificante e aditivo (embalagens moldadas a sopro) de diversas cores, fornecidas pela oficina mecânica e posto de troca de óleo lubrificante SEPAN (Rua Dr. Paulo Cesar, n°, Santa Rosa, Niterói, RJ). Figura 4 - Embalagens de óleo lubrificante e aditivos automotivos. Fonte: CHIANELLI JUNIOR [6] 46 3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS Para o evento de confecção dos materiais foram utilizados os seguintes equipamentos: 1. Estufa de secagem / Fabber / Primar - Temperatura máxima de 300°C 2. Moinho Triturador Plastimax 5 cavalo vapor (cv) 3. Balança eletrônica Marte AS2000C 4. Molde vazado de aço inox para confecção dos corpos de prova 5. Prensa Marconi Hidráulica com aquecimento MA 098/A até 15 t 6. Máquina Universal de Ensaio SHIMADZU modelo Autografh AG-X 100 kN 3.3 PREPARAÇÃO DOS MATERIAIS As embalagens de polietileno de alta densidade (PEAD) descartadas foram recebidas e dispostas de maneira a vazar por 24 h o resíduo de óleo, Figura 5, aderido em suas paredes. Foi efetuado a lavagem dos frascos com água e detergente biodegradável com a finalidade de se retirar o máximo possível do resquício de óleo que porventura ainda estivesse aderido. Em seguida, deu-se prosseguimento ao corte das embalagens no moinho triturador Plastimax 5cv, Figura 6, obtendo-se um material peletizado, que foi imediatamente acondicionado em bandejas metálicas e seco em estufa a 90°C por um período de 24 h. 47 Figura 5 - Vazamento do resíduo de óleo das embalagens de óleo lubrificante. Fonte: CHIANELLI JUNIOR [6] Figura 6 - Material peletizado no Triturador Plastimax 5 cv. Fonte: CHIANELLI JUNIOR [6] 48 3.4 CONFORMAÇÃO DO TERMOPLÁSTICO A técnica de moldagem aplicada para a conformação do Polietileno de Alta Densidade (PEAD) foi à conformação por compressão onde o polímero é prensado contra chapas metálicas aquecidas onde apenas uma parte é móvel conforme esquema a seguir: Metade Superior do Molde Punção Cavidade Peça Obtida Metade Inferior do Molde Pino de ejecção Figura 7- Diagrama esquemático de moldagem por compressão. Fonte: PIRES e GONÇALVES [26] Devido à natureza do Polietileno de Alta Densidade (PEAD) ser hidrofóbica não houve a necessidade da secagem dos corpos-de-prova após conformação. 3.5 PRENSAGEM E CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA – PROCEDIMENTO A prensagem e confecção do material picotado foram seguidas dos critérios: - O equipamento utilizado foi uma Prensa Hidráulica Marconi MA 098/A de até 15 ton., com aquecimento elétrico e ajuste independente de temperatura das placas inferior e superior, bem como, controle da pressão aplicada. A temperatura dos pratos foi fixada em 170°C. 49 Para cada quantidade de material picotado, foram realizadas duas prensagens em moldes metálicos já no formato e dimensões dos corpos de prova segundo as normas ASTM D 638, gerando cinco corpos de prova para o ensaio de Tração. As misturas foram dispostas nos moldes no sentido longitudinal, conforme Figura 8 e colocadas na prensa com temperatura pré-ajustada em 170°C. Iniciou-se a prensagem de maneira gradativa até que a temperatura estabilizasse em 170°C. Figura 8 - Massa nos moldes para prensagem por compressão Fonte: CHIANELLI JUNIOR [6] A massa dos materiais foi obtida através dos cálculos do volume ocupado pelos corpos de prova nos moldes confeccionados, segundo as normas ASTM. 3.6 ENSAIO MECÂNICO Para o ensaio mecânico em um projeto de engenharia, é de suma importância o conhecimento do comportamento do material empregado no projeto, isto é, suas propriedades mecânicas, em diversas condições de uso. Estas condições de uso envolvem uma gama de variáveis, tais como a temperatura, tipo de carga aplicada e sua frequência de aplicação, desgaste, deformabilidade, atmosfera corrosiva, entre outros. Para obter êxito, é imprescindível ter em mãos parâmetros de comportamento dos materiais empregados. Tais parâmetros podem ser obtidos pelos ensaios mecânicos. 50 Apesar de existirem tabelas com os valores de propriedades dos materiais utilizados na engenharia, é importante ter conhecimento da metodologia da execução dos ensaios, bem como o que significa cada parâmetro para que este possa ser comparado. 3.6.1 Ensaio de tração do PEAD reciclado O ensaio de tração consiste na aplicação de carga de tração uniaxial crescente em um corpo de prova especifico até a ruptura. Trata-se de um ensaio amplamente utilizado na indústria de componentes mecânicos, devido às vantagens de fornecer dados quantitativos das características mecânicas dos materiais [11]. Com esse tipo de ensaio, pode-se afirmar que praticamente as deformações promovidas no material são uniformemente distribuídas em todo o seu corpo, pelo menos até ser atingida uma carga máxima próxima do final do ensaio e, como é possível fazer com que a carga cresça numa velocidade razoavelmente lenta durante todo o teste, o ensaio de tração permite medir satisfatoriamente a resistência do material. A uniformidade termina no momento em que é atingida a carga máxima suportada pelo material, quando começa a aparecer o fenômeno da estricção ou da diminuição da secção do corpo de prova, no caso de matérias com certa ductilidade. A ruptura sempre se dá na região mais estreita do material, a menos que um defeito interno no material, fora dessa região, promova a ruptura do mesmo, o que raramente acontece. A precisão de um ensaio de tração depende, evidentemente, da precisão dos aparelhos de medida que se dispõe. Com pequenas deformações, pode-se conseguir uma precisão maior na avaliação da tensão ao invés de detectar grandes variações de deformação, causando maior imprecisão da avaliação da tensão. Mesmo no início do ensaio, se esse não for bem conduzido, grandes erros podem ser cometidos, como por exemplo, se o corpo de prova não estiver bem alinhado, os esforços assimétricos que aparecerão levarão a falsas leituras das deformações para uma mesma carga aplicada. Deve-se, portanto centrar bem o corpo de prova na máquina para que a carga seja efetivamente aplicada na direção do seu eixo longitudinal [11]. 51 A partir das medidas de cargas e os respectivos alongamentos, constrói-se a curva tensão-deformação, como mostra a Figura 9, a qual mostra essa relação para diferentes tipos de polímeros. Figura 9- Tensão versus deformação para polímeros (a) frágeis, (b) plásticos, (c) elastômeros. Fonte: MENDES et al. [24] Um material é dito ter comportamento elástico se, uma vez removido o esforço, as dimensões retornam àquelas antes da aplicação do mesmo, isto é, não há deformações permanentes. O trecho 0-L da Figura 10, é a região elástica do material, ou seja, o comprimento retorna ao valor L0 se o ensaio for interrompido nessa região. A tensão máxima na mesma é o limite de elasticidade σL do material. Dentro da região elástica, no trecho 0P, a tensão é proporcional à deformação, isto é, o material obedece à lei de Hooke [24]. 52 Figura 10- Região elástica de um material. Fonte: MENDES et al. [24] Em tempo, MENDES et al. [22], a partir do ponto L têm-se o início da região plástica ou escoamento do material, em que as deformações são permanentes. É usual considerar início ou limite de escoamento σE a tensão que produz uma deformação residual ε = 0,002 ou 0,2% (ponto E conforme Figura 11). Depois do limite de escoamento há uma significativa redução da área da seção transversal e a tensão real segue algo como a curva tracejada da Figura 11. Mas a convenção é usar tensão aparente, em relação à área inicial. Figura 11- Região plástica Fonte: MENDES et al. [24] 53 Na região de B da Figura 11 tem-se a tensão máxima e, em R, a ruptura do corpo de prova. A tensão σB é a tensão máxima, também denominada resistência à tração do material. A tensão em R é a tensão de ruptura. Para os ensaios de tração no PEAD, foi utilizado a Máquina de Ensaio modelo SHIMADZU modelo Autografh AG-X, equipado com garras mecânicas e sistema ótico (extensômetro de não contato) e célula de carga com capacidade máxima de até 100 kN, com velocidade de 0,5mm/min, 1mm/min, 5mm/min, 10mm/min, e 50mm/min. Foram utilizados para os testes 5 (cinco) corpos de prova, com dimensões de acordo com as da norma ASTM D 638 (Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics) [1]. As Figuras 12,13 a seguir mostram a máquina de ensaios e a dimensão dos corpos de prova. Figura 12 - Máquina Universal de Ensaio SHIMADZU 54 Figura 13 - Corpo de prova tipo I (dimensões em mm). Fonte: ASTM D 638 (08). Adaptado: CANDIAN, L.M., DIAS, A.A. [4] 55 Capítulo 4 Resultados Experimentais e Modelo Matemático Neste capítulo mostram-se os resultados experimentais obtidos em laboratório e a formulação proposta para o modelo viscoelástico unidimensional. Os parâmetros do material que aparecem no modelo podem ser facilmente identificados a partir de apenas três testes realizados à diferentes taxas de tensão. É notado que alguns autores como LOULTCHEVA et al. [21] estudaram a influência do número de etapas de reciclagem na estrutura e nas propriedades mecânicas e reológicas do PEAD. CRUZ E ZANIN [10] estudaram a necessidade de re-estabilização durante o reprocessamento do PEAD. As misturas de PEAD foram estudadas por JAVIERRE et al. [16] que estudaram o processo reológico e por SÁNCHEZ-SOTO et al. [31] que estudaram as propriedades mecânicas. Outros autores estudaram o PEAD reciclado como matrizes de compósitos e obtiveram excelentes resultados [16,17]. Os testes de resistência realizados em diferentes taxas de deformação são apresentados e correlacionados com as estimativas do modelo da 56 progressão de danos. As equações do modelo são obtidas dentro do contexto termodinâmico descrito em trabalhos anteriores de COSTA MATTOS et al.[8,25]. 4.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS Os ensaios de tração mecânico em corpos de prova unidirecionais foram realizados utilizando uma máquina universal de testes Shimadzu® AG-X com sensores eletromecânicos para controle da tensão longitudinal na zona ativa do teste das amostras. A partir dos testes realizados em laboratório foram utilizados 5 corpos de prova para cada velocidade de ensaio à temperatura ambiente, no caso, 0,5mm/min; 1 mm/min, 5 mm/min, 10 mm/min e 50 mm/min, resultando em 25 corpos de prova ensaiados. A partir dos dados obtidos nos ensaios foi gerado gráficos típicos de tensão versus deformação representando os valores encontrados e em acordo com a norma da ASTM. Abaixo seguem os gráficos representativos de todos os testes analisados. Figura 14 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 0.5 mm/min 57 Figura 15 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 1 mm/min Figura 16 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 5 mm/min 58 Figura 17 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 10 mm/min Figura 18 – Gráfico Tensão versus Deformação a uma taxa de velocidade de 50 mm/min 59 Através da resposta gráfica demonstrada nas figuras anteriores, é apresentado abaixo a média de tensão versus deformação de todas as taxas de velocidade que o material estudado foi analisado. analisado Figura 19 - Tensão Verdadeira versus Deformação Verdadeira para Diferentes taxas de Deformação A partir da média encontrada graficamente foi proposta a formulação para o modelo viscoelástico unidimensional capaz de realizar uma descrição fisicamente realista da sensibilidade da taxa de deformação e danos observados em ensaios de tração, tração que pode ser usado em problemas de engenhari engenhariaa propostos a partir do comportamento mecânico à tração do Polietileno de Alta Densidade (PEAD), quando testados testad a diferentes taxas de deformação. As curvas mostram uma dependência significativa da taxa de deformação em relação à força máxima e o módulo de elasticidade aumentando com o acréscimo da taxa 60 de deformação. A ductilidade diminui à medida que a taxa de deformação aumenta, a níveis mais elevados de deformação são observados taxas menores de deformação. A finalidade é demonstrar que através de equações matemáticas seria possível exemplificar o comportamento do PEAD reciclado. 4.2 MODELO MATEMÁTICO Para que fosse iniciado o modelo matemático a primeira análise foi com relação à utilização de diferentes taxas de deformação/velocidades de deformação. Esta é definida como a variação da deformação por unidade de tempo, conforme definido pela equação a seguir: ε = (1) A deformação não possui unidades, sendo normalmente expressa em porcentagem ou em mm/mm, então a taxa de deformação possui como unidade s -1 . É notado salientar que os ensaios foram realizados com cinco diferentes taxa de deformação de engenharia prescritos para quantificar a dependência da taxa de deformação. Essa taxa de deformação é prescrita através dos valores realizados experimentalmente, a variação da deformação pela variação do tempo desde o início do ensaio até o final do mesmo. Essa variação é descrita pelos seguintes resultados: ε 1 =7.25x 10-5 s-1,ε 2 =1.45x10-4 s -1; ε 3 =7.25x10-4 s -1 ;ε 4 =1.45x10-3 s -1 e ε 5 =7.25x10-3 s -1 . Conforme mencionado no Capítulo 3, foram testados amostras de PEAD reciclado confeccionados de acordo com o procedimento da ASTM D 638(08) Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics [1], à temperatura ambiente para as seguintes velocidades: 0,5mm/min, 1mm/min, 5mm/min, 10mm/min e 50mm/min. A partir dos resultados dessas amostras em laboratório foram feitos comparação das curvas médias de tensão deformação por modelagem matemática afim de exemplificar qual o 61 comportamento mecânico do material estudado e se a partir do momento que este é reprocessado se o seu comportamento se assemelha a amostra virgem. 4.2.1 Definições e Notações Básicas Considerando um ensaio de tração simples, no qual a amostra tem um medidor de comprimento L e a seção transversal submetido a um alongamento prescrito '( submetido a um alongamento fixado ∆L(t). A força necessária para impor tal alongamento em um dado instante t é conhecido F(t). A deformação de engenharia ε assim chamada e a tensão de engenharia σ são classicamente definidas da seguinte maneira: ) = ∆) ) * ; ) = + ) (2) ,- A deformação verdadeira e tensão verdadeira são definidas como: = ln1 + ); = 1 + ) (3) Das definições (2) e (3) é possível obter as seguintes relações: = ln1 + ) ⇒ exp ) = expln1 + )) ⇒ = exp ) − 1 ⇒ = exp ) ; ε = (4) 67) Logo, fez-se necessário o incremento de uma outra variável, uma auxiliar D, chamada variável de dano, uma vez que ao incrementar os valores experimentais não era possível achar uma razão ideal para a falha do material. É notado salientar que entendese por dano o processo físico de deterioração que acontece num material antes da falha e que geralmente não é possível perceber [27]. 62 No sentido mecânico para materiais sólidos, o dano é a criação e o crescimento de micro-trincas e micro-cavidades, as quais são descontinuidades num meio considerado como contínuo em grande escala [27]. A mecânica do dano é estudada por meio de variáveis mecânicas dos mecanismos envolvidos na deterioração do material , quando este é submetido a carregamentos. Em microescala, é a acumulação de micro-deformações na vizinhança de defeitos ou interface na ruptura de ligação, ambos danificando o material [27]. Esta variável auxiliar no sentido termodinâmico é tal que: • 0 ≤ D ≤ 1 supostamente relacionada com a perda de resistência mecânica do sistema devido ao dano (isto é, descontinuidades geométricas como microvazios, microfissuras induzidas por deformação mecânica). • D=0 a barra é considerada "virgem". Estado não danificado. D=1, é "quebradiça" (a barra não suporta mais o carregamento mecânico). É notado que os materiais poliméricos demonstram comportamento elástico no escoamento e alguma forma de plasticidade a deformação irreversível, anisotropia1 induzida pelas deformações, dano por carregamento e crescimento de trincas sob cargas estáticas ou dinâmicas. Esta é a principal razão que permite explicar suficientemente com a mecânica do meio contínuo e a termodinâmica dos processos irreversíveis, modelam o material sem detalhes referentes à complexidade de sua microestrutura física [27]. Todos os materiais são compostos por átomos que se juntam por ligações resultantes das interações de campos eletromagnéticos. A elasticidade é diretamente relacionada ao movimento relativo dos átomos. Quando há desligamento dos átomos é o início do processo de dano [27]. O dano neste caso, acontece quando há ruptura de ligações que existem entre longas cadeias moleculares, este mecanismo cria deformações plásticas. A elasticidade influenciada pelo dano, a diminuição do número de ligações atômicas é responsável pelo 1 Anisotropia: Propriedade física que mostra valores diferentes em relação à direção [longitudinal ou transversal] em que a medida é feita. 63 decréscimo da elasticidade com o aumento do dano. Este acoplamento, que acontece com a deformação elástica e o dano do material é chamado de estado de acoplamento [27] . A plasticidade é diretamente relacionada com o escorregamento. Nos polímeros isso acontece devido ao reordenamento das moléculas poliméricas. Isto pode induzir mudanças de volumes. A influência plástica do dano e deformação irreversível acontece porque a área de resistência diminui assim como o número de ligações. O dano não é diretamente influenciado pelo mecanismo de escorregamento, que não é um estado de acoplamento. O acoplamento indireto para um incremento da tensão efetiva só na cinética da equação constitutiva, este é chamado de acoplamento cinético [27]. É validado para este caso o dano dúctil, que acontece simultaneamente com a deformação plástica. Resultante da nucleação de cavidades devido à separação das inclusões e o rearranjo seguindo seu crescimento e sua coalescência através do fenômeno de instabilidade plástica. Como consequência, o grau de localização do dano dúctil é comparável ao da deformação plástica [27]. O cálculo do dano é baseado na influência do dano sobre uma propriedade mecânica do material, por exemplo a tensão do material por meio do estado de acoplamento. Este método é analisado à partir dos ensaios dos corpos de prova assumindo como uniforme e homogênio na seção de trabalho [27]. Logo, por definição, a variável de dano pode ser diretamente relacionada ao fenômeno de amolecimento em um ensaio de tração e, portanto, pode ser obtido experimentalmente. Para uma dada tensão, a variável de dano é definida conforme figura a seguir: 1 − :)á = ⇒ : = 1 − < =á> ? 64 (5) Figura 20 - Identificação Experimental da variável auxiliar D no ensaio de tração A σAáB é a tensão última ou a máxima tensão,, que é dependente da taxa de deformação. A partir de definição (5) ( pode-se se verificar que, durante um ensaio de tração, D = 0 se a amostra é endurecida por deformação (encruamento) e 0 ≤ : ≤ 1 se a amostra sofre tensão por amolecimento. amolecimento 4.2.1 Modelagem Considerando nsiderando uma temperatura fixa e por engenharia reversa são propostos equações para ra a modelagem do teste de tração do PEAD reciclado através da taxa de deformação variável: = C1 − : , )EFG)C1 − HIJ−K )EL 65 (6) Onde as funçõesDε , ε ), e aε ) são definidas como segue: G) = G6 ln) + GM (7) : , ) = )〈 − ∗ 〉M + )〈 − ∗ 〉 (8) Sendo: ) = Q Q − M M + 6 + K (9) ) = 6 − ( (10) ∗ ) = − 6 R ) ln0.02) (11) 〈ε − ε∗ 〉 = maxTε − ε∗ ), 0U e a6 , aM , b, c6 , cM , cQ , d6 ed( são constantes positivas do material. É importante ressaltar que ε = ε expε ). A equação (6) e as equações auxiliares (7 -11) formam um conjunto completo de equações constitutivas. Este modelo foi concebido para um determinado intervalo de taxas de deformação ≤ ≤ á . É difícil apresentar uma definição precisa do limite das taxas de deformação e á . Na falta de uma definição física precisa, sugere-se adotar os seguintes valores: =7.25x 10-5 s-1 e á =7.25x10-3 s -1 considerando a taxa de deformação. 4.2.2 Identificação dos Parâmetros Os valores de todas as 9 constantes do material a6 , aM , b, c( = b, c6 , cM , cQ , d6 , d( que aparecem no modelo teórico podem ser identificados a partir de apenas três ensaios de tração, com taxas de deformação constante de engenharia. Estes parâmetros são obtidos em dois passos. No primeiro passo, os componentes iniciais da curva tensãodeformação em que a amostra exibe encruamento e por definição , a variável de dano é 66 zero, são usadas. No segundo passo, as parcelas das curvas de tensão-deformação em que as amostras apresentam deformação por amolecimento são utilizadas conforme tabela 2. Tabela 2. Parâmetros do Material a1 a2(Mpa) 18.028 32.24 b 42.3 c1 98.853 c2 -3E+07 c3 2E+09 d0 1.71 d1 443.94 Na fase inicial do teste a uma taxa de deformação constante de engenharia a amostra apresenta endurecimento por deformação (encruamento) e, portanto , por definição a variável de dano é zero. A tensão verdadeira pode ser expressa por: = FG)C1 − HIJ−K )EL (12) É possível verificar a partir da equação (12) o seguinte: limYZ- )=G) (13) Consequentemente, aε ) é o valor máximo da tensão σ para uma dada taxa de deformação constante, conforme Figura 21. 67 Figura 21- Identificação do _` )e a` )dos parâmetros da tensão verdadeira versus deformação verdadeira A partir da equação (12)) pode ser verificado também que: que \ [ Y ] \Y ^( Y = G)K) (14) Consequentemente se G)for conhecido, K) pode ser identificada Consequentemente, identificad a partir da inclinação inicial da tensão verdadeira versus curva de deformação verdadeira, como mostrado na figura 21. Os parâmetros G)e K)também também podem ser identificados usando uma técnica de mínimos quadrados. 68 Os valores dos parâmetros do modelo proposto a)e K) podem ser determinados usando pelo menos dois ensaios de tração ção com diferentes taxas de tensão de engenharia,, assim , a primeira parte do modelo pode ser calculada. Quando a amostra atingee a tensão máxima, começa a tensão de amolecimento e, por definição , o valor da variável de dano é zero. O dano em função da curva de deformação verdadeira pode ser obtida a partir da tensão verdadeira versus curva de deformação verdadeira. A Figura 22 apresenta as curvas de dano associados com aas dos ensaios de tração mostrados na Figura 19. Figura 22 - Curvas de dano em testes de tração do PEAD reciclado a diferentes taxas de deformação A Figura 22 mostra que que durante o ensaio normal de tração, o valor da variável de dano aumenta lentamente, e para uma especificação de projeto , decidiu-se decidiu quantificar o valor máximo para a variável D=0,2. Nenhum material será projetado para trabalhar além da força máxima e, portanto, rtanto, decidiu-se decidiu se modelar o comportamento do material até que atingisse 20% do dano. 69 Tal valor da variável de dano pode ser adotad adotada como limite de qualidade para toda a seção de projeto. A Figura 23 mostra que os valores dos parâmetros de dano c) e d) presentes na equação 8 podem ser determinadas a partir de três ensaios de tração com diferentes taxas de deformação de engenharia. Figura 23 - Tensão Verdadeira X Deformação Verdade do PEAD reciclado para diferentes taxas de deformação. Comparação com resultados experimentais Para determinar a precisão do modelo, as amostras dos resultados experimentais foram cruzados com a matemática do mod modelo. A Figura 23,, apresenta a tensão experimental e teórica versus as curvas de deformação verdadeira para diferentes taxas de deformação. É notado que a Figura 23,, mostra que os resultados experimentais estão em acordo com o prognóstico do modelo obtido usando estimativa dos parâmetros. râmetros. Devido a complexidade do material material,, pequenas discrepâncias são observadas quando os resultados experimentais são comparados com as previsões do modelo modelo. 70 É importante salientar que, embora os resultados dos ensaios para cinco diferentes taxas de deformação são apresentados, apenas 3 ensaios (0,5mm/min, 5mm/min, 50mm/min) são suficientes para prever o comportamento mecânico do PEAD reciclado. 71 Capítulo 5 Conclusões 5.1 ANÁLISES CONCLUSIVAS Neste trabalho exploratório, a dependência da taxa de deformação do Polietileno de Alta Densidade (PEAD) reciclado é proposta para o modelo viscoelástico unidimensional capaz de realizar uma descrição física da sensibilidade da taxa de tensão e danos observados em ensaios de tração. A partir de ensaio de tração a velocidades de 0.5mm/min, 1mm/min, 5mm/min, 10mm/min, e 50mm/min a temperatura ambiente; foi observado que o PEAD reciclado possui um comportamento dúctil, devido aos valores elevados de deformação e alongamento antes da ruptura dos corpos de prova. A estricção inicia-se quando a máxima tensão é atingida, e prolonga-se por toda extensão da amostra, com seção reduzida devido ao alongamento gerado no decorrer do teste. A tensão de ruptura como era de se esperar é superior a de escoamento. 72 Foi verificado que quanto menor a taxa de carregamento/velocidade do ensaio aplicado, menor é a tensão do material, isso se deve ao fato de que as moléculas do polímero se rearranjam fazendo com que os interstícios sejam preenchidos e reacomodados. O PEAD reciclado submetido a diferentes velocidades de deformação confirma que a tensão do material decai devido inclusive a fatores internos do material, por exemplo, seu rearranjo. Assim que os testes eram aplicados foi proposto um modelo de dano simples contínuo para descrever o comportamento à tração, para que fosse descrito os fenômenos observados em laboratório. Foi analisado que a taxa de deformação influência significativamente o módulo de elasticidade, à resistência a tração e a ductilidade do material. As equações do modelo proposto combinam matemática simplificada (que permite a sua utilização em problemas de engenharia) com a capacidade de executar uma descrição fisicamente realista de um comportamento mecânico complexo. Foi utilizada uma formulação para obter o máximo de informação sobre as propriedades macroscópicas do PEAD reciclado a partir de um conjunto mínimo de testes laboratoriais, poupando tempo e custos experimentais. Foi observado que com apenas três ensaios de tração, em temperatura ambiente, são suficientes para identificar os parâmetros descritos na teoria. Os resultados do modelo proposto estão em boa concordância com o resultado experimental para diferentes taxas de deformação. 5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Como sugestão para trabalhos futuros é recomendável a título de complementação do estudo analisar o PEAD reciclado, oriundo das embalagens de óleo lubrificante / aditivos automotivos do ponto de vista do material processado em extrusora monorrosca, extrusora de rosca dupla e a moldagem dos corpos de prova através de injetora, para fazer uma análise das propriedades mecânicas à partir do resultado final da moldagem por estes métodos e não somente por compressão à quente. 73 Outra proposta para trabalhos futuros é a utilização de ensaios de tração a velocidades estabelecidas em norma a diferentes temperaturas até próximo à temperatura de fusão do material estudado, complementando assim a modelagem matemática. 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: [1] American Society For Testing And Materials. 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The attached copy is furnished to the author for internal non-commercial research and education use, including for instruction at the authors institution and sharing with colleagues. Other uses, including reproduction and distribution, or selling or licensing copies, or posting to personal, institutional or third party websites are prohibited. In most cases authors are permitted to post their version of the article (e.g. in Word or Tex form) to their personal website or institutional repository. Authors requiring further information regarding Elsevier’s archiving and manuscript policies are encouraged to visit: http://www.elsevier.com/copyright Author's personal copy Polymer Testing 32 (2013) 338–342 Contents lists available at SciVerse ScienceDirect Polymer Testing journal homepage: www.elsevier.com/locate/polytest Property modelling Tensile behavior of post-consumer recycled high-density polyethylene at different strain rates J.M.L. Reis*, L.J. Pacheco, H.S. da Costa Mattos Theoretical and Applied Mechanics Laboratory – LMTA, Mechanical Engineering Post-Graduate Program – PGMEC, Universidade Federal Fluminense – UFF, Rua Passo da Pátria, 156, 22630-011 Niteroi, RJ, Brazil a r t i c l e i n f o a b s t r a c t Article history: Received 5 October 2012 Accepted 12 November 2012 This paper describes a study of the tensile behavior of post-consumer recycled highdensity polyethylene (HDPE) tested at different strain rates. The main goals of this study are to experimentally characterize recycled HDPE and to propose a one-dimensional viscoelastic phenomenological model able to yield a physically realistic description of strain rate sensitivity and damage observed in tensile tests that can be used in engineering problems. The material parameters that appear in the model can be easily identified from just three tests performed at different constant strain rates. The results of tensile tests conducted at different prescribed strain rates are presented and compared to model estimates of damage progression, and show good agreement. ! 2012 Elsevier Ltd. All rights reserved. Keywords: High-density polyethylene Tensile tests Viscoelasticity Continuum damage mechanics 1. Introduction In recent decades, concern over the environment has grown and has become a matter of extreme importance, especially in the industrial world. Polymers are one of the raw materials most commonly used by manufacturing companies, especially for packaging. High-density polyethylene (HDPE) is one of the most commonly used plastics worldwide. It is typically found in milk jugs, plastic bags and refillable plastic bottles. Recycled HDPE is used to manufacture plastic wood (lumber), recycled plastic furniture, lawn and garden products, buckets, crates, office products and automobile parts. HDPE has several properties that make it ideal as a packaging and manufacturing product. It is stronger than standard polyethylene, acts as an effective barrier against moisture and remains solid at room temperature. It resists insects, rot and other chemicals. It is easily recyclable and can be used repeatedly. Recycled HDPE creates no harmful emissions during its production or during its use by the consumer. In addition, HDPE leaks no toxic chemicals into soil or water. Studies of the composition of * Corresponding author. Tel.: þ55 21 26295588; fax: þ55 21 26295585. E-mail address: [email protected] (J.M.L. Reis). 0142-9418/$ – see front matter ! 2012 Elsevier Ltd. All rights reserved. http://dx.doi.org/10.1016/j.polymertesting.2012.11.007 urban solid waste in Brazil have indicated that HDPE comprises approximately 30% of the total collected rigid plastics, second only to poly(ethylene terephthalate), or PET, at 60% [1]. Recycling contributes to a reduction in resource consumption and pollution. Landfill disposal is currently the main issue concerning the disposal of plastics. The lack of proper management for municipal waste can result in improper disposal and has contributed to clogging of sewage systems and flooding, favoring the proliferation of disease transmitters and generating serious environmental problems such as pollution of rivers, springs and landfills. The very low degradability and high volume of HDPE cause waste plastics to occupy vast spaces for long periods of time, shortening the life of landfills. Therefore, the study of municipal solid waste and its components and the technical and economic feasibility of recycling are of fundamental importance to society [2–4]. In the last decade, the ability to recycle plastics has increased significantly [5–8]. As a consequence, the possibility of using post-consumer HDPE to manufacture new products is an issue of great current interest that is being studied by many researchers. La Mantia et al. [5] studied the influence of the number of recycling steps on the structure and the mechanical and rheological properties of HDPE, concluding that low residence time in Author's personal copy J.M.L. Reis et al. / Polymer Testing 32 (2013) 338–342 the extruder leads to almost unaltered properties. Cruz and Zanin [6] studied the need for re-stabilization during HDPE reprocessing. Blends of HDPE were studied by Fernandez et al. [7], who analyzed the rheological process, and by Sanchez-Soto et al. [8], who studied mechanical properties. Others have studied recycled HDPE as matrix composites and have demonstrated excellent results [4,9–12]. The use of recycled HDPE has become commonplace; therefore, better understanding of the behavior of this material is necessary. The purpose of this study is to propose a one-dimensional phenomenological damage model for describing the viscoelastic behavior of recycled HDPE in tensile tests for different strain rates at room temperature. The model equations combine enough mathematical simplicity to allow their application to engineering problems with the capability of describing complex nonlinear mechanical behavior (irreversible deformations, strain rate sensitivity and damage observed in tensile tests performed at different strain rates). The material constants that appear in the model can be easily identified from just three stress-strain curves obtained at different prescribed strain rates. The model equations can be obtained within the thermodynamic context described in previous work by da Costa Mattos et al. [13–15]. 339 2.2. Methods Mechanical tensile tests were performed using a Shimadzu" AG-X universal testing machine with electromechanical sensors for the control of longitudinal strain in the active zone of the test specimen. Tensile tests at five different prescribed engineering strain rates were performed to quantify the strain rate dependency: 3_ 1 ¼ 7:25$10%5 s%1 , %4 %1 _ 3_ 2 ¼ 1:45$10 s , 3 3 ¼ 7:25$10%4 s%1 , 3_ 4 ¼ 1:45$10%3 s%1 and 3_ 5 ¼ 7:25$10%3 s%1 . 3. Results and discussion 3.1. Experiments Fig. 2 presents the true stress vs. strain curves for recycled HDPE obtained from the controlled strain tensile tests at different constant engineering strain rates: %5 %1 _ 3_ 1 ¼ 7:25$10 s , 3 2 ¼ 1:45$10%4 s%1 , 3_ 3 ¼ 7:25$10%4 s%1 , %3 3_ 4 ¼ 1:45$10 s%1 and 3_ 5 ¼ 7:25$10%3 s%1 . The curves display a significant strain rate dependency in which the maximum strength and modulus of elasticity increase as the strain rate increases. Ductility decreases as the strain rate increases, and higher deformation levels are observed for lower strain rates. 2. Material and methods 3.2. Basic definitions and notations 2.1. Materials Recycled HDPE from post-consumer plastic motor oil containers were obtained from SEPAN Services (Niterói, RJ, BR). The containers were drained to eliminate any oil residue and then washed with biodegradable soap. The containers were dried at 90 " C for 3 hours and then shredded into pellets. The shredded recycled HPDE was compression molded in a steel frame according to ASTM D 638-08 [16]. Differential scanning calorimetry measurements (DSC F3-Maia Netzsch") characterized the HDPE as having a melting temperature of 137 " C and a specific density of 0.95 g/cm3. Fig. 1 displays the recycled HDPE pellets in the steel mold and the finished specimen. Consider a simple tensile test in which the specimen has a gauge length L and a cross section Ao and is subjected to a prescribed elongation DL(t). The force necessary to impose such an elongation at a given instant t is denoted F(t). The so-called engineering strain 3 and the engineering stress s are classically defined as follows: 3 ðtÞ ¼ DLðtÞ L ; sðtÞ ¼ FðtÞ Ao (1) The so-called true strain 3 t and true stress st are defined as follows: 3t ¼ lnð1 þ 3 Þ; st ¼ sð1 þ 3 Þ Fig. 1. Recycled HDPE tensile specimen mold and geometry. (2) Author's personal copy 340 J.M.L. Reis et al. / Polymer Testing 32 (2013) 338–342 exhibits strain hardening, and 0 < D ( 1 if the specimen exhibits strain softening. 3.3. Modeling Assuming a fixed temperature, the following equation is proposed to model tensile tests of recycled HDPE at a variable strain rate: st ¼ ½1 % Dð3 t ; 3_ Þ* ½að_3 Þ ½1 % expð%b 3 t Þ** (5) where the functions Dð3 t ; 3_ Þ and að_3 Þ are defined as follows: Fig. 2. True stress vs. true strain experimental curves for different strain rates. From definitions (1) and (2), it is possible to obtain the following relations: 3t að_3 Þ ¼ a1 lnð_3 Þ þ a2 (6) # # + $2 +$ Dð3 t ; 3_ Þ ¼ cð_3 Þ 3 t % 3 þdð_3 Þ 3 t % 3 (7) cð_3 Þ ¼ c3 3_ 3 % c2 3_ 2 þ c1 3_ þ b (8) dð_3 Þ ¼ d1 3_ % do (9) with ¼ lnð1 þ 3 Þ0expð3 t Þ ¼ expðlnð1 þ 3 ÞÞ 03 ¼ expð3 t Þ % 10_3 ¼ expð3 t Þ 3_ t ; 3_ t ¼ 3_ ð1 þ 3 Þ (3) 3 + 1 lnð0:02Þ ð_3 Þ ¼ % bð_3 Þ + In the phenomenological approach adopted in this study, an auxiliary variable D, called the damage variable, is introduced. This auxiliary variable can have values within the range 0 ( D ( 1 and is presumed to be related to the loss of mechanical strength of the system due to damage (i.e., geometrical discontinuities such as microvoids and microcracks induced by mechanical deformation). If D ¼ 0, the bar is considered “virgin,” and if D ¼ 1, it is considered “broken” (meaning that it can no longer support mechanical loading). By definition, the damage variable can be directly related to the softening phenomenon in a tensile test, and hence can be obtained experimentally. For a given stress, the damage variable is defined as follows (see Fig. 3): ð1 % DÞsmax ¼ s0D ¼ 1 % ! s smax " (4) smax is the ultimate or maximum stress, which is dependent on the strain rate. From definition (4), it can be verified that during a tensile test, D ¼ 0 if the specimen (10) + h3 % 3 i ¼ maxfð3 % 3 Þ; 0g, a1, a2, b, c1, c2, c3, d1 and do are positive material constants. It is important to note that 3_ ¼ 3_ t expð3 t Þ. Equation (5) and auxiliary Equations (6)–(10) form a complete set of constitutive equations. This model is conceived for a given range of strain rates 3_ min ( 3_ ( 3_ max . It is difficult to present a precise definition of the limiting strain rates 3_ min and 3_ max . In the absence of a precise physical definition, it is suggested that a range from 7.25 $ 10%5 s%1 to 7.25 $ 10%3 s%1 be considered for the strain rate. 3.4. Parameter identification The values of all 9 of the material constants (a1, a2, b, co, c1, c2, c3, do and d1) that appear in the theoretical model can be determined from just three tensile tests at constant engineering strain rates. These parameters are obtained in 2 steps. In the first step, the initial parts of the stress-strain curves, where the specimen exhibits strain hardening and, by definition, the damage variable is zero, are used. In the second step, the portions of the stress-strain curves where the specimen exhibits strain softening are used. Table 1 In the initial part of the test at a constant engineering strain rate, the specimen exhibits strain hardening; therefore, by definition, the damage variable is zero. The true stress st can be expressed as follows: (11) st ¼ ½að_3 Þ ½1 % expð%b 3 t Þ** It is possible to verify the following from Equation (11): lim ðst Þ ¼ að_3 Þ 3t (12) ¼0 Table 1 Material parameters. a1 Fig. 3. Experimental identification of the auxiliary variable D in a tensile test. a2 (MPa) b 1.8028 32.24 c1 c2 c3 do d1 42.3 98,853 %3 $ 107 2 $ 109 1.71 443.94 Author's personal copy J.M.L. Reis et al. / Polymer Testing 32 (2013) 338–342 341 Fig. 6. Recycled HDPE true stress vs. true strain curves for different strain rates. Comparison with experimental results. Fig. 4. Identification of að_3 Þ and bð_3 Þ parameters from the true stress vs. true strain curve. Hence, að_3 Þ is the maximum value of the stress st for a given constant strain rate, as shown in Fig. 4. From Equation (11), the following can be verified: % dst %% ¼ að_3 Þbð_3 Þ d3 t %3 t ¼0 (13) Hence, if að_3 Þ is known, bð_3 Þ can be identified from the initial slope of the true stress vs. true strain curve, as shown in Fig. 4. The parameters að_3 Þ and bð_3 Þ can also be identified using the least squares technique. The values of the proposed model parameters að_3 Þ and bð_3 Þ can be determined using at least two tensile tests with different engineering strain rates; thus, the first part of the model can be calculated. When the specimen reaches the maximum stress, strain softening begins and, by definition, the value of the damage variable is zero. The damage vs. true strain curve can be obtained from the true stress vs. true strain curve. Fig. 5 presents the damage curves associated with the tensile tests shown in Fig. 2. Fig. 5 shows that, during a typical tensile test, the value of the damage variable increases slowly, and for a design Fig. 5. Damage curves for tensile tests of recycled HDPE at different strain rates. specification it was decided to quantify the maximum value for the variable D ¼ 0.2. No such material will be designed to work beyond its maximum strength; therefore, for this case, it was decided to model the material behavior until it reaches 20% damage. Such a damage variable value can be adopted as a quality limit for any design part. Fig. 6 shows that the values of the damage parameters cð_3 Þ and dð_3 Þ presented in Equation (9) can be determined from three tensile tests with different engineering strain rates. To determine the accuracy of the model, samples of experimental results were cross-checked with the mathematical model. Fig. 6 presents the experimental and theoretical true stress vs. true strain curves for different strain rates. Clearly, Fig. 6 shows that the experimental results agree well with the model predictions obtained using estimated parameters. Due to the complexity of the material, small discrepancies are observed when the experimental results are compared to the model predictions. It is important to emphasize that, although test results for 5 different strain rates are presented, just 3 tests are sufficient to predict the mechanical behavior of recycled HDPE. 4. Conclusions In this study, the strain rate dependency of recycled high-density polyethylene (HDPE) was analyzed. In addition, a simple continuum damage model is proposed to describe the tensile behavior of HDPE. The strain rate significantly influences the modulus of elasticity, tensile strength and ductility of HDPE. The proposed model equations combine mathematical simplicity that facilitates their application to engineering problems with a physically realistic description of the mechanical behavior of HDPE. The intent of this study is to use this model formulation to obtain the maximum amount of information possible about the macroscopic properties of recycled HDPE from a minimum number of laboratory tests, saving time and experimental costs. Just three tensile tests at room temperature are needed to determine the values of the parameters of the model. The proposed model results agree well with experimental results for different strain rates. Author's personal copy 342 J.M.L. Reis et al. / Polymer Testing 32 (2013) 338–342 Acknowledgements The financial support of Rio de Janeiro State Funding, FAPERJ, and the Research and Teaching National Council, CNPq, is gratefully and acknowledged. References [1] S.D. Mancini, M. Zanin, Optimization of neutral hydrolysis reaction of postconsumer PET for chemical recycling, Prog. Rubber Plast. Rec. Tech. 20 (2004) 117. [2] R.J. Ehring, Plastics Recycling, Products and Processes, Hanser Publishers, New York, 1992. [3] T. 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Gomes, A simple model for slow strain rate and constant load corrosion tests of austenitic stainless steel in acid aqueous solution containing sodium chloride, Corros. Sci. 50 (2008) 2858. [15] L.C.S. Nunes, F.W.R. Dias, H.S. da Costa Mattos, Mechanical behavior of polytetrafluoroethylene in tensile loading under different strain rates, Polym. Test. 30 (2011) 791. [16] Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics. ASTM – D 638–708. INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO PEAD RECICLADO Lívia Júlio Pacheco, [email protected] João Marciano Laredo dos Reis, [email protected] 1 Universidade Federal Fluminense - UFF, Laboratório de Mecânica Teórica e Aplicada- LMTA, Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica- PGMEC, Rua Passo da Pátria,156 Bl E sala 216, Niterói, RJ, Brasil Resumo: Neste trabalho, é buscado a resposta mecânica do PEAD reciclado a partir de recipientes de óleo lubrificante e aditivo para motores automotivos (embalagens moldadas a sopro), picotados e moldados por compressão onde foi estudada experimentalmente como função da taxa de carregamento. Através de ensaios específicos pode-se fornecer dados quantitativos das características mecânicas dos materiais. Ao considerar a velocidade de carregamento foi avaliado se as propriedades mecânicas do polimero são afetadas. O PEAD reciclado foi testado a temperatura ambiente para determinar suas propriedades de tração. Os dados experiementais e as técnicas apresentadas neste trabalho, norteiam o conhecimento sobre o comportamento mecânico do polímero analisado, através dos valores encontrados na literatura para o PEAD puro. A partir dos dados encontrados têm-se como objetivo para trabalhos futuros desenvolver um modelo matemático para analisar as propriedades viscoelasticas e as deformações plásticas do material estudado . Palavras-chave: PEAD, Propriedades Mecânicas, Testes Experimentais,Viscoelasticidade 1. INTRODUÇÃO Com o aumento da utilização dos materiais poliméricos no cenário atual, houve a necessidade de uma destinação final para estes polímeros de acordo com as normas atuais vigentes, levando em consideração preocupações ambientais relativas à sua destinação final. Entre os polímeros comercializados o polietileno é o que apresenta a estrutura mais simples. Conferindo assim grande versatilidade em relação à variedade dos processos de transformação. Este polímero foi descoberto na GrãBretanha em 1933 e comercializado em 1939. Atualmente é um dos plásticos mais vendidos e reciclados no mundo. Segundo Chianelli Jr. et al (2011) o Polietileno de Alta Densidade sendo um termoplástico é bastante utilizado. Seu uso em escala industrial vem sendo empregado desde 1950 devido as suas qualidades (durabilidade, estanqueidade química térmica, resistência à corrosão e ductibilidade). Do ponto de vista térmico não há restrição para a reciclagem do PEAD. Ele vem se tornando um dos plásticos mais reciclados dentre os termoplásticos, devido às suas propriedades mecânicas e à significativa disponibilidade nos resíduos sólidos urbanos, cerca de 30% do total de resíduos plásticos rígidos. Chianelli Jr. et al (2011) enfatiza em sua tese que a utilização do polietileno reciclado na produção de embalagens e outros artefatos plásticos produzem os seguintes benefícios: • Redução de 33% no consumo de energia; • Redução de 90% no consumo de água; • Redução de 66% na emissão de óxido de carbono; • Redução de 33% na emissão de dióxido de enxofre; • Redução de 50% na emissão de óxido nitroso. Dos processos de reciclagem, o mais comum é o processo de reciclagem termo-mecânica que envolve a moagem, a fusão, o corte e a granulação de resíduos plásticos. As peças plásticas são selecionadas em tipos diferentes de materiais antes do início do processo. Por conseguinte o material é derretido e moldado em uma nova forma ou cortado em pequenos grânulos (chamados de pellets) que serão posteriormente utilizados como matéria-prima para praticamente qualquer finalidade, excluindo-se hospitalar e alimentar. Um dos problemas da reciclagem de plásticos é ao fundir polímeros diferentes, eles não se misturarem facilmente – como a água e o óleo. O PEAD, porém se mostra bastante estável após diversos processamentos consecutivos. De acordo com Reis, Queiroz e Garcia et al (2006) o PEAD é encontrado nas embalagens de óleos lubrificantes automotivos, ao qual tem como função evitar ou minimizar o desgaste de superfícies com movimentos relativos. Na sua VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão composição estão presentes, além das bases lubrificantes, os aditivos que conferem ao produto propriedades adequadas para um bom desempenho. Estes aditivos que compõem esse grupo têm funções detergentes/dispersantes, antioxidantes e inibidoras de corrosão, entre outras. Quando se considera que esses produtos possuem vida-de-prateleira “indeterminada” (conforme as informações que constam das embalagens de mercado) em condições de estocagem apropriadas. Chianelli Jr. et al (2011) ressalta que com o crescimento da população mundial e conseqüentemente da sua frota automobilística, o aumento do consumo de óleo lubrificante e aditivo automotivo produz um acentuado e preocupante descarte de embalagens plásticas, oriundas de produtos não degradáveis e altamente poluidores dos lençóis freáticos. Ao serem descartadas pós-consumo, essas embalagens carregam consigo, resíduos que escorrem nos aterros sanitários provocando um grande impacto ambiental. Nesses aterros, os plásticos impedem as trocas líquidas e gasosas necessárias à decomposição das matérias orgânicas. Chianelli Jr. et al (2011) destaca em sua pesquisa que de acordo com dados recentes fornecidos pelo Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) e Sindiplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo), a cada ano são produzidas cerca de 305 milhões de vários tipos de embalagens de óleo lubrificante. Falando-se em termos de massa, temos cerca de 25.100 toneladas de embalagens plásticas usadas geradas no Brasil. O destino dessas embalagens é fator de extrema importância e preocupação. Há normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para o manuseio, a coleta, o armazenamento temporário e o transporte dessas embalagens. Em tempo, segundo Reis, Queiroz e Garcia et al (2006) a Lei Estadual no. 3369/00, específica do Rio de Janeiro, estipula um percentual de embalagens plásticas comercializadas que devem ser recicladas, o que tem feito entidades como Petrobrás, Sindicon e InpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), entre outros, trabalharem na coleta seletiva, educação ambiental, logística reversa e reciclagem nos setores de embalagens plásticas para óleo lubrificante e agrotóxicos. Conforme mencionado por Wasilkoski et al (2006) em seu trabalho o comportamento mecânico dos materiais é caracterizado pela resposta que estes apresentam quando submetidos a taxa de carregamento. Para os polímeros, a tensão e a deformação não são relacionadas através de simples constantes de proporcionalidade, como o módulo de elasticidade. As respostas dos polímeros às solicitações mecânicas são acentuadamente dependentes de fatores estruturais e de variáveis externas. Para materiais de baixa massa molecular, o comportamento mecânico é descrito em termos de dois tipos de material ideal: o sólido elástico e o líquido viscoso. O sólido elástico retorna a sua forma inicial depois de removido o esforço, e a deformação do líquido viscoso é irreversível na ausência de forças externas. Wasilkoski et al (2006) ressalta que os polímeros se caracterizam por apresentar um comportamento intermediário entre o sólido elástico e o líquido viscoso, dependendo da temperatura e da escala de tempo do experimento. Esta característica é denominada viscoelasticidade. É notado que a partir de certa tensão os materiais começam a se deformar plasticamente, ou seja, ocorrem deformações permanentes que resultam de deslocamentos relativos entre planos atômicos, os quais são de natureza irreversível uma vez cessada a solicitação. O ponto onde as deformações permanentes começam a se tornar significativa é chamado de limite de ruptura. Conforme, Dalcin et al (2007) a tensão necessária para continuar a deformar aumenta até um ponto máximo chamado de limite de resistência à tração na qual a tensão é a máxima na curva tensão-deformação de engenharia. Isto corresponde à maior tensão que o material pode resistir; se esta tensão for aplicada e mantida, o resultado será a fratura. Toda a deformação até este ponto é uniforme na seção. No entanto, após este ponto, começa a se formar uma estricção, na qual toda a deformação subseqüente está confinada e, é nesta região que ocorrerá ruptura. A tensão corresponde à fratura é chamada de limite de ruptura. Portanto, a base deste trabalho é buscar a resposta mecânica do PEAD reciclado de embalagens de óleo lubrificante e aditivos, sendo analisadas experimentalmente como uma função da taxa de carga, comparado com valores encontrados na literatura para o PEAD puro. A partir desta análise será proposto um modelo matemático, para estudo da viscoelasticidade e a plasticidade do material. 2. MATERIAIS E MÉTODOS As amostras dos materiais foram recebidas e preparadas no Laboratório de Materiais de Construção da Universidade Federal Fluminense-LAMCO, para a confecção dos corpos de prova (CP), e posterior ensaio dos mesmos, objetivando determinar as propriedades mecânicas do PEAD reciclado, pelo tipo de processamento a compressão térmica e análise desses valores com o PEAD puro segundo literatura ensaiados a partir da norma ASTM D 638. As embalagens de polietileno de alta densidade (PEAD) descartadas foram recebidas e dispostas de maneira a vazar por 24 h o resíduo de óleo, aderido em suas paredes. Após este procedimento, efetuou-se a lavagem dos frascos com água e detergente biodegradável com a finalidade de se retirar o máximo possível do resquício de óleo que porventura ainda estivesse aderido. Posteriormente, deu-se prosseguimento ao corte das embalagens no moinho triturador Plastimax 5cv, obtendo-se um material peletizado, que foi imediatamente acondicionado em bandejas metálicas e seco em estufa a 90°C por um período de 24 h. Os materiais foram pesados em balança eletrônica. Foram realizadas duas prensagens em moldes metálicos já no formato e dimensões dos corpos de prova segundo as normas ASTM D 638 (2008) gerando cinco corpos de prova para o ensaio de Tração. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão As misturas foram dispostas nos moldes no sentido longitudinal e colocadas na prensa com temperatura préajustada em 170°C. Iniciou-se a prensagem de maneira gradativa até que a temperatura estabilizasse em 170°C. A massa dos materiais foi obtida através dos cálculos do volume ocupado pelos corpos de prova nos moldes confeccionados, segundo as normas ASTM. Os ensaios foram analisados em uma Máquina Universal de Ensaio SHIMADZU modelo Autografh AG-X 100 kN equipado com garras mecânicas e sistema ótico (extensômetro de não contato), com velocidade de 0,5mm/min; 5mm/min e 50mm/min à temperatura ambiente. Foram utilizados para amostra 5 (cinco) corpos de prova do tipo I de acordo com as da norma ASTM D 638 (2008). A seguir é apresentada figura (1) esquemática do perfil do corpo de prova. Figura 1. Corpo de prova tipo I (dimensões em mm). Fonte: ASTM D 638 (2008). Adaptado: Candian, L.M., Dias, A.A. et al (2009) 3. RESULTDOS E DISCUSSÕES Na tabela (1) são apresentados os dados do PEAD puro segundo literatura. Tabela 1. Características Principais do PEAD Puro Adaptado: Chinelli Jr. et al (2011) CARACTERÍSTICAS Grau de Cristalinidade Densidade Temperatura de Fusão Alongamento na Ruptura (em placa) Tensão de Ruptura a Tração (em placa) Módulo de Elasticidade à Tração (Módulo de Young) Tm Tg VALORES 60-80% 0,94 – 0,97g/cm3 130-141°C 860% 29 MPa 900 Mpa 137°C -120°C Para o experimento foram utilizados 5 corpos de prova para cada velocidade de ensaio à temperatura ambiente, no caso, 0,5mm/min; 5 mm/min e 50 mm/min, resultando em 15 corpos de prova ensaiados. A partir dos dados obtidos nos ensaios foi gerado gráfico típico de tensão versus deformação representando os valores médios com os respectivos desvios padrão exigidos pelas normas da ASTM. Abaixo segue na figura (2) segue gráfico representativo dos testes avaliados. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão Figura 2. Comparação entre as curvas médias da tensão versus deformação no Ensaio de Tração a diferentes taxas de carregamento e temperatura ambiente Na tabela abaixo é apresentado o valor médio da tensão e o desvio padrão para as taxas de carregamento representadas nos ensaios. Tabela 2. Valores da Tensão Média à partir da taxa de carregamento. Ε 0,5 5 50 σmáx (MPa) 12,96±0,68 15,3±2,37 20,3 ±0,96 De acordo com os resultados obtidos no ensaio de tração para o PEAD reciclado à temperatura ambiente e os valores encontrados na literatura para o PEAD puro nota-se que o mesmo possui um comportamento dúctil, devido aos valores elevados de deformação e alongamento antes da ruptura dos corpos de prova. A estricção incia-se quando a máxima tensão é atingida, e prolonga-se por toda extensão da amostra, com seção reduzida devido ao alongamento gerado no decorrer do teste. A tensão de ruptura como era de se esperar é superior a de escoamento. Em toda sua seção os corpos de prova apresentam um comportamento uniforme, mesmo alguns corpos de prova apresentarem porosidade em sua estrutura, o que pode ser uma explicação para o valor do desvio padrão a 5 mm/min. Os corpos de prova foram testados em acordo com a norma ASTM D638 (2008), deformando até o limite da estufa que complementa o equipamento. Nota-se que quanto menor é a taxa de carregamento/velocidade do ensaio aplicado, menor é a tensão do material, isso se deve ao fato de que as moléculas do polímero se rearranjam fazendo com que os interstícios sejam preenchidos e reacomodados. Por fim, a partir dos resultados obtidos, será desenvolvimento em futuro próximo um modelo matemático para o comportamento viscoelástico do material e analisado seu comportamento plástico. É notado que estes resultados são pouco significativos para o tratamento das amostras, porém, estão sendo realizados mais ensaios à outras velocidades para que se possa estabelecer a relação para o modelo ideal. 4. CONCLUSÃO O PEAD reciclado possui um comportamento dúctil, quando submetido à tração, devido a este comportamento ele apresenta semelhanças com o PEAD puro. O comportamento do material quando ensaiado à tração, apresenta características típicas do material virgem, baixo módulo de elasticidade, baixa tensão de escoamento, porém elevada elongação. Os valores do desvio padrão da amostra para a velocidade de 5 mm/min foram as maiores devido a porosidade apresenta no do material. O módulo de elasticidade do material é pouco afetado pela taxa de carregamento no ensaio de tração. Nota-se que quando o PEAD reciclado é submetido a diferentes velocidades de deformação conforme apresentado na figura (2), confirma que a tensão do material decai devido inclusive a fatores internos do material, por exemplo, seu rearranjo. Finalmente, o comportamento do material será analisado para diferentes taxas de deformação para ser avaliado seu comportamento. Ao final desta análise será apresentado um modelo matemático para o comportamento viscoelástico do material. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão 5. AGRADECIMENTOS A Capes, CNPq pelo apoio financeiro. Ao Mestre Rafael Chinelli Júnior por sua contribuição ao projeto. 6. REFERÊNCIAS American Society For Testing And Materials, 2008, “D638-08: Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics”, West Conshohocken, PA, USA. Candian, L.M.; Dias, A.A., 2009, “Estudo Do Polietileno De Alta Densidade Reciclado Para Uso Em Elementos Estrutural”. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, Brasil, Vol. 11, n. 51, p. 1-16. Chianelli JR., R., 2011,“Processamento de Material Compósito de PEAD Reciclado e Fibra de Sisal”, Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil. Dalcin, G.B., 2007, “Ensaios dos Materiais”. Curso Engenharia Industrial Mecânica, URI – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, Brasil, p. 1-41. Reis, A.P.C, Queiroz, G de C, Garcia, E.E.C.; Gonçalves, R.C., 2006, “Análise do Comportamento de Embalagens Plásticas para Óleo Lubrificante Contendo PEAD Pós-Consumo em Relação ao Stress Cracking Ambiental” ,17° CBECIMat – Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Foz do Iguaçu, Brasil. p. 8408-8419. Wasilkoski, C. M., 2006, “Comportamento Mecânico Dos Materiais Poliméricos”, Dissertação (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil. 7. DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho. Os trabalhos escritos em português ou espanhol devem incluir (após direitos autorais) título, os nomes dos autores e afiliações, o resumo e as palavras chave, traduzidos para o inglês e a declaração a seguir, devidamente adaptada para o número de autores. LOAD RATE EFFECTS ON THE TENSILE PROPERTIES OF RECYCLED HDPE Lívia Júlio Pacheco, [email protected] João Marciano Laredo dos Reis, [email protected] 1 Universidade Federal Fluminense – UFF – Theoretical and Applied Mechanics Laboratory – LMTA, Mechanical Engineering Post Graduate Program – PGMEC – Rua Passo da Pátria, 156, Bl.E sala 216, Niterói, RJ, Brazil Abstract. In this work is searched the mechanical response of recycled HDPE from containers lubricating oil additive for automotive engines (blow molded packages) compression molded perforated where it was studied experimentally as a function of loading rate. Through specific tests can provide quantitative data of the mechanical characteristics of materials. When considering the speed of loading was assessed whether the mechanical properties of the polymer are affected. The recycled HDPE was tested at room temperature to determine their tensile properties. The experimental data and the techniques presented in this study, guide the knowledge of the mechanical behavior of the polymer analyzed, thought the values found in literature for pure HDPE .Since the data found, the objective for future works is to develop a mathematical model to analyze the viscoelastic properties and plastic deformation of the material studied. Keywords: HDPE, Mechanicals Properties, Experimental Tests, Viscoelasticity