Acústica e Psico-acústica Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 1 Acústica Acústica • parte da física que estuda os sons, sua geração e sua interação com o ambiente Conceitos básicos • • • • • • • absorção e reflexão reverberação eco ressonância modos de sala isolamento etc. Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 2 Reflexões Som direto e som indireto (reflexões) • Direto: viaja diretamente da fonte ao receptor • Indireto: é refletido/absorvido nas paredes, teto, chão, etc. • Grande parte do som é indireto mas ele é mais fraco Pode ser usado artisticamente para criar ambiência • Filmes, tv, jogos, mixagem em estúdio, etc. Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 3 Ambiência Ambiência • Sensação de interação com a acústica do ambiente Pode-se ter vários efeitos de ambiência • eco, reverberação, etc. E eles dependem do... • tempo de atraso das reflexões (tamanho da sala) • quantidade de reflexões (absorção da sala) • Filtragem das reflexões Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 4 Eco Eco • Atraso significativo: repetição perceptíveis do som • em salas menores, com paredes paralelas e perpendiculares também tem-se os flutter echos (ecos pequenos e rápidos) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 5 Reverberação Reverberação • série de reflexões muito densas percebidas como um contínuo decaimento no tempo, “prolongando” o som direto (múltiplos ecos) • dão a sensação de ambiente e de localização, senão seria “seco” e “muito perto” • aumentam em número quando decaem • tempo de reverb. = queda de 60dB (ton de 500 Hz) exemplo Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 6 Materiais absorventes Absorção: cada material absorve bem numa faixa de freqüência • Materiais porosos, fibrosos, tecido => altas • Espaçamento entre material e parede => médio grave • Bass traps => baixas Usado para modelagem física de ambientes • sound trace (equivalente a ray trace da comp. gráfica) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 7 Materiais Material Fibretex Acoustex 4OR Cortinas de algodão na parede Carpete no concreto Concreto não pintado Folha de madeira Parede de tijolo pintada Espessura Coeficiente de aborção por faixa de freqüência 128 256 512 1024 2048 4096 13/16 pol 0.16 0.49 0.56 0.78 0.84 0.78 3/4 pol 0.09 0.17 0.59 0.90 0.75 0.73 0.25 0.58 0.99 0.75 0.58 0.50 0.8 pol. 0.09 0.010 0.10 0.012 0.08 0.012 0.11 0.013 0.21 0.016 0.10 0.017 0.26 0.019 0.08 0.020 0.27 0.023 0.08 0.023 0.37 0.035 0.11 0.025 parede Bass trap Enchimento Folha de madeira (lã de vidro) (1/4´ a 1/8´) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 8 Ressonância Ressonância: • reforço de certas freqüências (em geral abaixo de 300Hz), chamadas modos da sala • isto deve-se às ondas estacionárias: ondas que continuamente se reforçam ao refletirem nas paredes • Depende da dimensão da sala f = (N x 565)/D • onde N é o modo e D a dimensão (em pés) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE modos 9 Ressonância Problema • descaracteriza o timbre e altera o som em geral, reforçando freqüências particulares Resposta em freqüência Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 10 Acústica em Computação Software/hardware de processamento de som • ex. síntese de som Software criação dinâmica de ambiência • ex. jogos de computadores, realidade virtual Software de controle físico de ambiência em salas de concerto e estúdio • ex. sala do IRCAM Software/hardware de espacialização de som • ex. LPE/CIC, CRCA etc. Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 11 Psico-acústica Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 12 Psico-acústica Psicoacústica • Ramo da psico-física, fundada por Helmholtz, que estuda a relação entre som, audição e psicologia • mundo físico => percepção => compreensão Algumas questões • Qual é a relação entre amplitude e intensidade? • Em que condições uma freqüência pode ser percebida como tendo uma altura particular? • Qual é a relação entre espectro e timbre? • Com que acuidade percebemos altura, ritmo, intensidade, timbre, localização espacial, etc.? • Certas reduções de dados sonoros afetam a percepção musical? Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 13 O ouvido O sistema auditivo periférico divide-se em 3 partes ouvido externo • capta e amplifica vibrações do ar ouvido médio: • transforma estas vibrações em vibrações mecânicas ouvido interno: • processa esta vibrações e transformando-as em sinais elétroquímicos que seguirão pelos nervos até o cérebro Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 14 O ouvido (impulses) 4000 nerve fibers 5 hair-cells/fiber 16000Hz ... Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 2000Hz... 62Hz 15 Percepção de volume Volume Intensidade ou audibilidade (loudness) • quanto maior o volume, maior a excitação dos “cílios” • mas outras coisas também influenciam a percepção de intensidade... A percepção de variação de intensidade depende da intensidade • a percepção é exponencial e por isso se usa uma medida logarítmica um pequeno incremento é perceptível só quando o som está fraco ex. 90 p/ 91 dB (3859 vezes mais) 30 p/ 31 dB (3.86 vezes mais) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 16 Percepção de volume A percepção de intensidade depende da freqüência • ouvimos melhor a faixa 2700-3200 Hz (basta pouco para ouvirmos nas médias) • quanto mais intenso, mais a resposta torna-se plana (ouve-se igualmente bem em todas as freqüências) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 17 Curvas de audiblidade Mais plano Limiar da dor Limiar de audibilidade Mais distorcido Phon = 1 dB a 1KHz (= 1000 Hz) Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 18 Percepção de altura Frequência altura • cada freqüência é mapeada em um lugar particular da cóclea em função das vibrações Faixa audível: de 20 a 20KHz • Abaixo de 60Hz ou acima de 5 KHz, o ouvido é muito impreciso (sequer capaz de identificar uma oitava) O ouvido é capaz de fazer aproximações • ex. escala temperada => escala justa Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 19 Banda crítica Banda crítica • região mínima da membrana basilar que é o limite de resolução para a percepção de freqüências Relaciona-se com vários efeitos • f1 e f2 mais distantes => percebe-se cada um isoladamente (com intensidades somadas) • f1 e f2 menos próximos => sensação de dissonância (aspereza) • f1 e f2 próximos, não dá a impressão de somarem suas intensidades: há fusão de f1 e f2 e houve-se uma f3 = |f1 - f2| chamada de batimento Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 20 Banda crítica: figura freqüência Limites de discriminação f2 fusão áspero suave Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE Banda crítica f1 batimentos suave 21 Timbre Percepção de timbre depende • do espectro dinâmico (sobretudo) • da ambiência Percepção da fundamental • várias freqüências harmônicas são percebidas como uma única freqüência: a fundamental • isto ocorre mesmo quando a fundamental não está presente (fundamental ausente) identificação da fonte • também é possível identificar um instrumento numa orquestra Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 22 Localização das fontes sonoras Estereofonia Localização pode ser recriada • panorâmico: esquerda ou direita • reverberação: longe ou perto reverberação • funciona por diferença de intensidade e de tempo de chegada da onda nos dois ouvidos estereofonia Nota • Home theater funciona baseado nestes princípios Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 23 Duração e ritmo A resolução é limitada pela “integração temporal” • Sons muito próximos tendem ser percebidos como um único som (ex. reverberação) • Resolução (banda): 20-50 ms ex. eco x reverberação Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 24 Mascaramento e tons subjetivos A interação dos vários sons de uma música dá origem a vários efeitos: • batimento, fusão, mascaramento, tons subjetivos, etc. Mascaramento • um som “oculta” o outro • depende da relação de freqüência e de volume entre eles Tons subjetivos • dado f1 e f2, pode-se escutar vários outros tons inexistentes |f1 - f2|, 2 |f1 - f2|, |2f1 - f2|, etc. Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 25 Experimento (Wegel & Lane 1924) - tom primário f1 fixo (1200 Hz, 80 dB SPL) e secundário f2 - curva sólida: limiar de mascaramento ou audibilidade de f2 - f2 mais baixo (em freq) que f1, f2 facilmente mascarado - nos batimentos o mascaramento diminui - conforme intensidade de f2: mascaramento, tom de diferença, mistura,... - harmônicos de f1: distorção devido à não linearidade do ouvido Referências • Curtis Roads, The Computer Music Tutorial (Livro-texto), MIT Press. 1996. Cap 23 Geber Ramalho & Osman Gioia - UFPE 27