UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS CERIMÓNIA DE ABERTURA DAS CANDIDATURAS DOS PROJETOS AO FUNDO RAINHA D. LEONOR POR MANUEL DE LEMOS Salão Nobre do Museu de S. Roque Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Lisboa, 26 de Março de 2015 1 Senhor Provedor: Quando no Barreiro salientei que o Protocolo que então ali celebramos marcava um reencontro com a História, no sentido em que mais uma vez, ao longo da sua tradição penta secular, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, se juntava às suas restantes Irmãs portuguesas para ajudar as pessoas, sabia que o modus operandi sobre essa cooperação durasse o tempo que durasse a esquematizar, havia de ser alcançado com sucesso. Eu sei, e todos o sabem nesta sala que à nossa volta muitos descreram dessa cooperação e todos calculam que foram muitos os remoques que tive que ouvir a propósito e dos motivos que o trouxeram até aqui. Mas os que os fizeram ou os pensaram, não contaram com certeza, nem com o nosso conhecimento da realidade, nem com a nossa determinação, nem com a nossa persistência. Estamos aqui no terreno, em contacto com os portugueses que sofrem há mais de quinhentos anos e se temos muito orgulho na nossa história, é no presente e no futuro que queremos estar. E as Misericórdias são realmente Instituições com muito futuro! 2 Estou a utilizar um "nós" porque já o afirmei em mais do que uma ocasião que Vossa Excelência Senhor Provedor tem sido, sem margem para dúvidas, um dos nossos. Que como nós tem estado atento às situações de pobreza, mais ou menos clara, mais ou menos envergonhada em que vivem muitos compatriotas nossos, sobretudo os mais idosos, os desempregados de longa duração, as famílias monoparentais e os doentes. Que se preocupa com tudo isto e que não se coíbe de o dizer! E se sou testemunha da sua preocupação, eu ia a dizer irritação, com o modo como certos sectores do Estado têm apreciado a nossa intervenção junto das pessoas, sou também testemunha de que, como outros, não se fica pelas palavras mas que prefere claramente a acção. É claro, que à nossa volta todos falam em "almofada social"; é claro que não falham um único evento que promovamos; é claro que não são parcos no elogio ou na bajulação. Mas quando chega a hora da verdade, a hora de analisar e reflectir connosco sobre os reais problemas dos portugueses, rarissimamente assumem a humildade democrática de reflectir em conjunto sobre a melhor, mais eficaz e mais 3 barata forma de cumprir as políticas sociais a que esses mesmos portugueses têm justamente direito. Ora, o Dr. Pedro Santana Lopes, tem sido essa preocupação e a sensibilidade que vem sucessivamente revelando, que o levou a preocupar-se com as Misericórdias que se encontram em dificuldades, porque acreditaram no Estado e conhecem a realidade das comunidades em que se inserem; e em consequência a desenvolver a estratégia que conduziu a este Fundo que hoje justamente inicia a sua actividade. Bem haja pois pela iniciativa! E não se canse de se irritar! Os portugueses vão cada vez menos em cantigas e olham cada vez mais para quem olha para eles! É claro, que para chegar aqui congregamos uma excelente equipa técnica que com a supervisão e o conhecimento da Dra. Rita Valadas fez um excelente trabalho nomeadamente o Dr. Rui Leitão, a Dra. Inês Dentinho, a Dra. Ana Campos Reis, o Dr. Paulo Moreira e a Dra. Susana Branco. A todos estes e ainda os que mais na sombra também deram o seu melhor, os meus mais vivos agradecimentos. 4 Senhor Dr. Pedro Santana Lopes: Se o Fundo "Rainha D. Leonor" tem uma natureza mais claramente econômicofinanceira, com o objectivo de apoiar Misericórdias, em dificuldades por causa dos investimentos em que se ousaram lançar o Acordo "Senhora do Manto" abre vários caminhos de ajustamento e de planeamento, como é o caso do acolhimento de portugueses, sem ou com muito reduzida retaguarda familiar, que não se importam ou até preferem passar os seus últimos dias nas suas comunidades de origem em unidades qualificadas e onde lhes é assegurado com carinho e afectos a sua cidadania e dignidade. São no seu conjunto duas iniciativas inovadoras que prestarão certamente um serviço relevante muitas pessoas e a muitas Misericórdias que por esse País fora dão quotidianamente prova que a nossa Missão continua viva e actuante. Ainda uma palavra para dar conta de que esta parceria já está consubstanciada há largos meses nos deficientes profundos que acolhemos em Borba e Santo Estevão e nos dementes que acolhemos em Fátima, e que constituem a melhor garantia de que sucesso a que me referi acima não é uma palavra ou uma ideia vã. 5 Por tudo isto e pelas muitas oportunidades que se abrem a esta tão necessária cooperação, quero em nome da União das Misericórdias Portuguesas e de todas as nossas, cerca de 400 associadas, testemunhar-lhe a nossa estima e reconhecimento pela sua disponibilidade, coragem e visão! Agora que tudo realmente começa quero, com votos de bom trabalho para todos dizer-lhe muito sincera e singelamente Muito obrigado! 6