AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES TO PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O PE LA LE I DE DI R EI AVM FACULDADE INTEGRADA EG ID Gestão Internacional de Pessoas: Um Estudo sobre as OT Características do Impacto da Internacionalização do Mercado DO CU M EN TO PR Brasileiro, sobre os setores de Recursos Humanos. Por: Karla Santa Ritta Pietsch Majic Orientador Prof. Mário Luiz Rio de Janeiro 2013 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Gestão Internacional de Pessoas: Um Estudo sobre as Características do Impacto da Internacionalização do Mercado Brasileiro, sobre os setores de Recursos Humanos. Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Pessoas Por: . Karla Santa Ritta Pietsch Majic .... 3 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a minha mãe, Luzi, por todas as oportunidades que me deu na vida, por ter financiado todos os meus estudos, pois foi graças a esta mulher batalhadora e sozinha na vida, que eu cheguei aonde eu cheguei. Dizem que os pais devem dar o exemplo aos filhos, mas minha mãe me deu muito mais do que isso, me ensinou a ser forte, a cair e levantar e a enfrentar a vida sem medo! Além de ser minha mãe, não conheço gestora melhor nem mais competente, honesta, generosa e comprometida com seus deveres; é sempre nela que eu me inspiro, ela é e meu porto seguro e a minha coragem. Aos meus avós Yollanda e Geraldo, gostaria de agradecer por todo amor e pela vida que dedicaram para cuidar do meu lado emocional, pelo carinho incondicional e sempre desprendido de qualquer julgamento, por toda curiosidade que me despertaram com relação a minha profissão e por todo incentivo durante a minha difícil jornada de graduação, onde muitas forças se opunham a minha escolha profissional. Meus avós sempre se orgulharam de mim e me fizeram acreditar no meu potencial, oferecendo colo e consolo nas horas em que mais precisei, eles são o meu coração. Gostaria de agradecer à minha irmã Michelle, por ela existir na minha vida, pois o simples fato dela existir me ajuda a ser uma pessoa melhor e me incentiva a lutar contra minhas próprias dificuldades; agradeço à Michelle pelas muitas vezes em que ela não me compreendeu, pois com isso fez com que eu mesma procurasse me entender melhor. Eu a amo profundamente e me orgulho de ser sua irmã; Michelle é o meu oposto e minha metade complementar, meu Alter ego. Gostaria de agradecer ao meu marido, Johan, por me fazer tão estupidamente feliz e apaixonada todos os dias e por ter me inserido em uma nova cultura e me mostrado o mundo, o que possibilitou o nascimento deste 4 trabalho; ele é o meu parceiro, meu estímulo, meu travesseiro, minha grande aventura diária e o meu grande amor! Gostaria de agradecer à minha prima Kelly, que me ajudou tanto durante a minha jornada universitária se fazendo presente em todos os momentos que eu precisei, me tranquilizando, confidenciando e respondendo as minhas dúvidas, aturando as minhas crises de monografia. Kelly é minha orientadora educacional e de vida! Quem tem uma família como esta, já nasceu abençoada! Muito obrigada a todos eles e a Deus por ter me enviado para esse mundo como integrante desse verdadeiro time de sucesso, pois sem eles nada seria possível! E para finalmente terminar meus agradecimentos gostaria de citar apenas mais uma pessoa, que não é da família, mas que colaborou demais para meu sucesso pessoal e profissional, meu grande Mestre, Psicólogo e Mentor de carreira acadêmica Dr. Sylvio Porto, pois sem a flexibilização das minhas próprias couraças, e meu encontro com o verdadeiro prazer orgonotico eu jamais teria chegado até aqui ou externalizado esta monografia. 5 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado a todas as pessoas de bom coração que mesmo vivendo em uma época difícil, sentindo-se incompreendidas em suas escolhas e cercadas de um ambiente de ideias corrompidas ainda conseguem perdoar, amar e se dedicar ao desenvolvimento de outras pessoas... 6 EPÍGRAFE “Faz parte do meu respeito pelas pessoas expor-me ao perigo e dizer-lhes a verdade”. Wilhelm Reich (1897 – 1957) 7 RESUMO O presente estudo vai tratar sobre a importância que assumem as mudanças econômicas e globais no mercado corporativo sobre as esferas da Gestão de Pessoas no mundo contemporâneo, através de uma análise do posicionamento dos setores de Recursos Humanos e dos profissionais da área de Gestão Internacional de Pessoas, frente ao movimento de internacionalização das corporações no Brasil. Para possibilitar esse estudo, será feita uma comparação com modelos adotados em outros países, levantando questões sobre novas posturas de trabalho e sobre a análise de um contexto multicultural dentro das organizações, como sendo um agente de mudança do clima organizacional e da criação de modelos de Gestão Inovadores e como um reflexo de um movimento de busca pela inovação. Além disso, serão descritos os personagens, suas funções e atuação, levando em consideração algumas novas atribuições geradas para os setores de Recursos Humanos através desse movimento e ainda neste contexto, explanará os impactos gerados pela convivência multicultural de colaboradores nas empresas, assim como a importância do processo de adaptação de executivos expatriados em diferentes países neste cenário. 8 METODOLOGIA Este estudo será realizado a partir da coleta de dados em artigos científicos, pesquisas e livros entre outros materiais, referentes à vida e à adaptação dos expatriados no Brasil e no mundo, ao modelo de Gestão Internacional de Recursos Humanos, e às amostras inerentes à internacionalização do mercado brasileiro e sua progressão, bem como outros referentes à administração de empresas, psicologia e gestão inovadora. 9 LISTA DE SIGLAS E/OU ABREVIAÇÕES DIRH – Departamento Internacional de Recursos Humanos GIP – Gestão Internacional de Pessoas GIRH – Gestão Internacional de Recursos Humanos GP – Gestão de Pessoas GRH – Gestão de Recursos Humanos RHI – Recursos Humanos Internacional RHN – Recursos Humanos Nacional 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 CAPÍTULO I O crescimento das empresas e a necessidade da adoção de um modelo de RH internacional 15 1.1 – Expansão dos conhecimentos da gestão e treinamento bilíngue 20 CAPÍTULO II Organização, cultura e comportamento organizacional 25 2.1 – A importância do clima organizacional e da compreensão do conceito individual de cultura e os reflexos da internacionalização nesta cultura 26 2.2 – Os impactos da convivência intercultural, seus ganhos e perdas e o posicionamento da gestão frente a este cenário 29 2.3 – Políticas de incentivo a troca de conhecimentos e a formação de novos profissionais 32 através desta troca CAPÍTULO III O processo de expatriação e o que são os expatriados 35 CAPÍTULO IV As atribuições de um RH internacional 42 4.1 – Promoção de treinamento e adoção de novas estratégias para a adaptação dos profissionais estrangeiros em diferentes mercados 43 45 4.2 – Novas ferramentas e tecnologia a serviço do RH internacional CAPÍTULO V A atuação diferenciada dos profissionais de gestão internacional de RH 50 5.1 – Contratação e formação de gestores competentes para um diálogo intercultural eficiente 54 CAPÍTULO VI Os modelos de gestão inovadora como características de um novo cenário mercadológico 55 CONCLUSÃO 61 11 BIBLIOGRAFIA 64 WEBGRAFIA 69 BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA CITADA 73 ANEXOS 75 ÍNDICE 77 ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS 80 12 INTRODUÇÃO Esta monografia visa pesquisar e analisar a Gestão Internacional de Recursos Humanos (GIRH) e as influências da internacionalização do mercado de trabalho sobre os departamentos de Recursos Humanos (RH) e modelos de gestão. Este tema está apoiado no fato de que a ciência e a tecnologia estão constantemente interligadas ao progresso do mundo corporativo contemporâneo e, ao mesmo tempo em que colaboram para o seu desenvolvimento, suas novas descobertas demandam que os profissionais adotem novas posturas com relação a seus afazeres diários e que as empresas se adaptem a esse movimento para suprir as necessidades deste novo tempo, onde a emergência pela aprendizagem e a rapidez com que se tem acesso a informações são características marcantes e onde o acesso remoto tornou-se ferramenta fundamental de comunicação acelerando decisões e confirmando presenças. Com isso, a globalização e o movimento de internacionalização das empresas modificam o mercado de trabalho, que se torna cada vez mais integrado, rico em informação e, por conseguinte, competitivo e não abstraídos deste cenário encontram-se os modelos de Gestão de Pessoas (GP), que cada vez mais inovadores, se reformulam e atualizam constantemente a fim de adaptar-se como uma nova orquestra mercadológica que rege as empresas e os colaboradores, em busca de um arranjo melódico afinado com o mundo contemporâneo. É neste novo ambiente que surge uma nova disciplina, a Gestão Internacional de Pessoas (GIP), sobre a qual iremos tratar neste trabalho. Levando em conta estas novas características adquiridas através da globalização e da expansão dos mercados e investimentos, as empresas triplicam de tamanho e os processos de seleção, contratação, integração, 13 treinamento, desenvolvimento e assistência de novos colaboradores, por exemplo, se tornam menos pontuais e muito mais elaborados e, por conseguinte os departamentos de RH sofrem também uma reformulação, passando a atuar em esfera internacional. Através deste trabalho, vamos traçar um paralelo entre a Gestão Internacional de Recursos Humanos (GIRH) e suas novas características, destacando as partes integrantes de seu corpo funcional, fazendo referência a alguns modelos inovadores de gestão encontrados em diversos países, procurando compreender as adaptações inerentes ao mundo moderno e globalizado no contexto organizacional e seus efeitos sobre a esfera de trabalho do setor de RH, esperando com este estudo levantar novas questões que venham a acrescentar novos horizontes dentro da área de Gestão de Recursos Humanos (GRH). É importante destacar também que esta mudança gera progressos, mas também desconfortos e o seu campo de atuação é material de análise desta nova disciplina de GIP que apenas por seu conteúdo já justifica a importância de ser estudada e divulgada aos gestores que, na maioria das vezes, já se deparam com a problemática desta disciplina no universo de trabalho, mas ainda não têm acesso ao conhecimento estruturado desta modalidade. Com isso, este estudo objetiva esclarecer as ações da gestão internacional de pessoas bem como seus objetos de estudo, características e responsabilidades através da discussão dos seguintes objetivos específicos: I. O crescimento das empresas e a necessidade da adoção de um modelo de RH internacional: demonstrará como o crescimento das empresas levou a uma necessidade de mudança do modelo de RH tradicional para o modelo de RH Internacional (RHI); II. Organização, cultura e comportamento organizacional: descreverá alguns conceitos chaves da área de RH para melhor entendimento deste estudo III. O processo de expatriação e o que são os expatriados: abordará a expatriação, seus processos e a adaptação dos expatriados; 14 IV. As atribuições de um RH internacional: descreverá as funções e a importância de um RHI V. A atuação diferenciada dos profissionais de gestão internacional de RH (GIRH): será demonstrando o diferencial de atuação dos profissionais desse novo setor - GIRH e de gestores internacionais de pessoas; VI. Os modelos de gestão inovadora como características de um novo cenário mercadológico: abordará um pouco de como os modelos inovadores de gestão caracterizam o atual cenário mercadológico derivando-se também desta internacionalização das empresas Desta forma, este estudo objetiva esclarecer as ações da GIP bem como seus objetos de estudo, características e responsabilidades. 15 I. O CRESCIMENTO DAS EMPRESAS E A NECESSIDADE DA ADOÇÃO DE UM MODELO DE RH INTERNACIONAL Segundo Orsi (2004), em decorrência da concorrência externa em torno de 1990 e da criação do MERCOSUL, o mercado brasileiro iniciou um movimento de maior abertura comercial. Inicialmente, a demanda do mercado interno ainda prevalecia com relação ao mercado internacional, mas a partir deste momento, o número de empresas negociando a nível internacional, importando e exportando produtos só aumentou, e com a evolução tecnológica, principalmente no que tange aos meios de comunicação, a população se tornou mais desejosa de produtos importados e as fronteiras entre os países menos distanciadas. Leme (1980) Entretanto, afirma que esse movimento seria ainda anterior, e foi exatamente nos meados dos anos 50 que o Brasil começou a receber a entrada maciça de multinacionais no mercado, enfatizando que naquela época eram estimados investimentos de 1,75 bilhões de dólares de inversões de empresas de capital estrangeiro até o ano de 1954, e que adiante, esta quantia foi elevada para 2,6 bilhões. Apresentando outra razão para o movimento de internacionalização, Pochmann (2003) nos fornece um dado muito interessante quando coloca a crise financeira interna que viveu o Brasil em meados dos anos 90 como também responsável pelo processo de internacionalização de várias de suas empresas. Tudo começou a ocorrer quando o governo, em 1994, se abriu economicamente para o mercado externo permitindo que o mercado interno internacionalizasse seus preços, intencionado desta forma controlar a inflação através de uma ancoragem na moeda norte americana. Apesar de o movimento ter facilitado o processo de internacionalização, também acabou endividando o país e o deixando cada vez 16 mais comprometido com o pagamento de uma divida externa, registrando entre 1995 e 1999, um déficit comercial médio anual equivalente a 5 bilhões de dólares. Por conta desta crise, uma das soluções encontradas foi justamente a adoção de investimentos externos, simultaneamente com uma abertura para a privatização de capitais estrangeiros, tornando possível a compra de patrimônio nacional, por conseguinte elevando o grau de internacionalização de produção e atraindo diversas empresas estrangeiras para o país e com isso muitos setores da economia no Brasil passaram a ser controlados por elas. Segundo Domingues (2011), a busca de novas tecnologias foi um elemento decisivo nas empresas que fez com que as empresas precisassem se internacionalizar e com isso fazerem uma escolha entre se desenvolverem através de seus próprios recursos tecnológicos ou desenvolverem estes recursos para que se tornassem ainda mais eficazes, deixando claro que a tecnologia seria ao mesmo tempo não só um motivador da internacionalização, mas um dos fatores responsáveis pelo avanço das negociações globais; entretanto salientando que outros fatores, como políticas públicas e as grandes organizações corporativas também seriam responsáveis por alimentar este processo de internacionalização, como demonstra a figura abaixo (Fig. 1). Figura 1: O processo de internacionalização. FONTE: Filipesccu, 2006. Em contrapartida, outros setores públicos de extrema importância como a educação, a saúde e o saneamento básico ficaram extremamente 17 prejudicados por conta do desvio de recursos para pagamentos desta divida, pois ao contrário de diversos outros países que passaram por crises financeiras, o Brasil não adotou medidas protecionistas de mercado. Dentro do escopo de políticas públicas entendem-se os acordos de comércio internacional, transações internacionais, como fusões, aquisições de empresas e acordos de livre comércio entre diferentes países, envolvendo, por exemplo, diminuição de taxas portuárias e valores de impostos para importação e exportação de produtos, entre outros acordos adotados por diferentes governos que se voltam para a abertura de mercados intencionando um aumento de ganho de capital em diferentes países. Já os reflexos da ação das grandes organizações coorporativas seriam as ações empresariais que visam redução do custo de mão de obra, internacionalização do comércio, maximização de zonas de atuação e número de clientes, serviços, entre tantas outras formas de crescimento capital que intencionam as mesmas. Porém, segundo Pochmman (2003), a busca da tecnologia em si pode parecer uma boa justificativa para a internacionalização de mercado, mas no caso do Brasil especificamente, a busca da eficiência de um melhor desempenho e da melhoria de produção por meio de maiores investimentos internacionais não pode ser considerada adequada, uma vez que não promove rapidamente a retomada de seus investimentos de longo prazo e se encontra desprovida de soluções criativas para a transformação da precária situação social interna do país tendendo apenas a aumentar sua dependência externa. Em detrimento das opiniões divergentes, atualmente, segundo Davoudi & Kaur (2012), as multinacionais estão em numero de quase 60 mil no mundo e empregam mais de 45 milhões de pessoas em escala global. A maioria do capital proveniente dos negócios gerados por este tipo de mão de obra vem de países em desenvolvimento como Singapura, China, Brasil, México e outros países do oeste europeu. Briscoe & Schuler (2004) citam que a competição do mercado global presente entre as empresas envolve negócios e produtos de todos os tipos e tamanhos, não somente empresas multinacionais, mas todas as empresas, 18 subsidiárias, nacionais, pequenas ou grandes que têm seus produtos diretamente envolvidos na competição por mercado, em meio à globalização, enfatizando que estas empresas não encontram lugar para se esconder destas características de mercado, contrariando a ideia de que são só as grandes empresas ou multinacionais que estão envolvidas com o mercado internacional. “Os investimentos brasileiros no exterior têm crescido fortemente. Em 2006, as empresas brasileiras investiram mais de US$28 bilhões fora do país. No mesmo ano, pela primeira vez, o fluxo de investimentos brasileiros no exterior superou os investimentos estrangeiros no Brasil, ocasionado principalmente pela aquisição da mineradora canadense Inco pela Vale. De acordo com o Banco Central, os ativos externos do País cresceram 226% entre 2001 e 2007 - de US$ 68,5 bilhões para US$ 115,1 bilhões. O IBDE foi responsável por US$ 103,9 bilhões do total de capitais brasileiros no exterior em 2007. O Ranking das Transnacionais Brasileiras de 2009, elaborado pela Fundação Dom Cabral (FDC), concluiu que o fluxo de IBDE oriundo das 20 principais transnacionais brasileiras5 atingiu R$10,8 bilhões em operações de fusões e aquisições6 em 2008. As 20 principais transnacionais do Brasil registraram, ainda, R$205 bilhões em ativos no exterior no período, um crescimento de 32% em relação a 2007. O valor representa, ainda, 27% dos ativos totais das empresas, incluindo o patrimônio no Brasil. Quanto às receitas no exterior, essas mesmas empresas obtiveram o valor de R$134 bilhões em 2008, valor que representou 25% do faturamento total dessas empresas, incluído o lucro obtido com as operações no Brasil” (GOVERNO FEDERAL, 2009, pp. 12-13) Sob o ângulo de Domingues (2011), a independência de recursos internos e o fator de competição entre as organizações também são umas das causas que têm levado as empresas a se instalarem ou efetuarem atividades em outros países. 19 Da mesma forma, enfaticamente afirma Leme (1980), quando menciona que a única solução alternativa que as grandes empresas acabam encontrando para crescer, se dá por meio da oferta de serviços por exportação ou pelo investimento em subsidiárias fora do âmbito nacional alegando que a conquista de mercados externos é um fator positivo, pois somente desta forma conseguem reter mais fatias do mercado eliminando a concorrência. Segundo confirmam Araujo et al (2012), o esgotamento de mercado e de algumas áreas para empresas brasileiras seria uma das justificativas para o recente movimento de internacionalização do país que já anteriormente se envolvia em negociações de exportação. Este movimento gera também desafios para os profissionais de gestão de pessoas e para as corporações como um todo quando torna real o desafio de dar conta da administração das empresas internacionalizadas e pela criação de uma força de trabalho multicultural e globalizada que atenda as necessidades das mesmas, isto significa montar equipes que sejam capazes de dominar o trabalho de forma internacional. Este retrato de mercado faz pensar em mudanças relacionadas ao setor de RH, principalmente no que se refere ao diálogo entre o cliente interno (colaboradores de empresas) e as organizações, afinal por um lado, quando se fala em mudanças como esta, em âmbito organizacional, se fazem necessárias adaptações decorrentes da própria mudança de escopo de trabalho, como por exemplo, treinamentos, recrutamento, seleção, integração, desenvolvimento, entre outros que são objeto de trabalho do RH que, por outro lado, sofrerá reviravolta em seus processos de trabalho ampliando a sua linha de atuação e modificando seus sistemas de gestão. Com tudo isso se faz necessária à criação de um novo modelo de departamento de RH internacional, ou seja, um departamento que além de coordenar suas atividades normais de âmbito diário também responderia por novas atividades provenientes dos efeitos deste movimento de internacionalização sobre as empresas. Este departamento deve ser visto como um setor com ação globalizada, no que tange não apenas um cenário 20 mercadológico local, mas sim em escala global. Da mesma forma se fazem necessárias à criação de novas técnicas, políticas e estratégias para dominar estes novos desafios que se apresentam como atividades de trabalho neste novo setor, levando ao surgimento de um novo modelo de gestão, a Gestão Internacional de Pessoas. O RHI se coloca como necessidade diante de vários aspectos que serão analisados durante o decorrer deste trabalho, levando em consideração que um RH Nacional (RHN) não mais conseguiria dar conta de suprir as necessidades do modelo internacional sem estar envolvido em escala global ou internacional, isto é, sem passar por esta transformação de RHN para RHI seu alcance de ação não seria mais efetivo dentro do nível de necessidade das empresas internacionalizadas. 1.1 Expansão dos conhecimentos da gestão e treinamento bilíngue Segundo Santos & Santos (2008), uma das características deste movimento de internacionalização de mercado e inserção de tecnologia estrangeira está no próprio gerenciamento da mão de obra dentro das grandes empresas, quando este movimento está fazendo com que muitos trabalhadores precisem se deslocar de seus países de origem e de suas empresas sede para receber instruções e treinamentos nas matrizes de suas empresas em países estrangeiros. Santos & Santos (2008) ainda enfatizam que com o deslocamento de empresas para diferentes países surge a importância do conhecimento e domínio da língua inglesa, pois a familiaridade com este idioma seria a primeira necessidade para sobrevivência neste escopo de mercado e também, que por meio da comunicação facilitada, as organizações passam a considerar que não mais possuem diferentes equipes de trabalho atuando em diversos países, mas 21 sim uma mesma equipe que de forma integrada atua de forma a atender os seus interesses. Alguns questionamentos podem surgir através da análise deste exposto, entre eles o porquê da língua escolhida ser a língua inglesa e não outra língua, Santos & Santos (2008) nos responde esta pergunta quando afirma ser evidente que a língua mais falada mundialmente em termos gerais de comunicação é o idioma inglês, e que ele se tornou uma língua franca e universal estabelecida principalmente para comunicação no meio de negócios acrescentando que o domínio dessa língua seria também um potencializador do currículo do profissional neste cenário, isto é, levando em consideração que o idioma facilita a comunicação entre diferentes nacionalidades, o domínio e fluência da língua seria uma das chaves para o sucesso no mundo dos negócios e da empregabilidade. Através do exposto acima, quando se pensa em gestão de pessoas, pode-se entender que o treinamento e a atualização dos profissionais de RH em línguas vêm tornando-se cada vez mais uma necessidade maior do mercado e tornando-se um fator de competição, e quesito eliminatório entre estes profissionais em processos seletivos, não só por conta de seu próprio desenvolvimento profissional, mas também por conta do crescimento das empresas ter direcionado como uma de suas atividades, a avaliação da fluência de outros profissionais em idiomas antes de sua contratação. Muitos são os novos procedimentos de Gestão de Recursos Humanos Internacionais (GRHI), que vão demonstrar também a importância do aprendizado de uma segunda língua para o profissional de RH, entre eles se encontram alguns afazeres diários considerados tarefas rotineiras que vão sofrer modificações através do processo de internacionalização, dentre os quais podemos citar tarefas simples como: a comunicação com clientes por email ou telefone, pesquisas relacionadas ao desenvolvimento do próprio trabalho, preenchimento de formulários e inscrições, contato com embaixada e setores de imigração a fim de prover assistência aos profissionais da empresa ou os executivos, contato com clientes, contratados em viagens de trabalho, 22 entendimento da cultura de novos empregados, comunicação com a matriz da empresa, analise de contratos e documentos, entre diversos outros que fazem o domínio de línguas imprescindível para o trabalho neste novo escopo de atuação. Avaliando todos estes aspectos é possível concluir que a internacionalização atuando como um modificador da forma de atuação das empresas, não vai exigir dos profissionais somente o domínio de línguas, mas uma expansão geral de conhecimentos que se faz necessária para adaptar-se a este novo mercado. Este processo de expansão é muito maior e complexo, pois cada país tem sua forma de comunicação, comportamento, e em detrimento disto os produtos e serviços das empresas atuam de forma diferente em lugares diversos. É possível imaginar também que exista a necessidade da expansão dos conhecimentos da gestão, uma vez que atingindo novos mercados, a mesma precise se desenvolver como seus profissionais. De uma maneira geral todas as partes envolvidas no processo de internacionalização vão precisar aprimorar seus conhecimentos para acompanhar e desempenhar suas atividades. (BLACK & GREGERSEN, 1999). Como referência prática e representativa da necessidade de expansão de conhecimentos de uma gestão para acompanhar as mudanças ocasionadas pelo processo de internacionalização, podemos abordar o caso de uma empresa brasileira do ramo de calçados que se tornou internacional, a empresa Imelda, que direto do bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, decidiu expandir seus negócios e atuar no mercado norte americano, instalando uma filial de sua empresa primeiramente na região de Manhattan, e depois em Nova Iorque. Segundo entrevista com uns dos gestores da empresa brasileira, em um artigo publicado pela Coppead/UFRJ, foi relatado que o perfil das clientes americanas é completamente diferente do perfil das brasileiras enfatizando que a mulher brasileira consegue ficar envolvida na venda, enquanto a cliente americana é mais decida e sabe exatamente o produto que quer, concluindo que não só esta, mas outras diferenças culturais exigiram que houvesse um treinamento diferenciado dos profissionais da marca, bem como alterações no 23 modelo de documentação interna da empresa, e na forma de entendimento de negócios de sua gestão e afazeres diários (DE MELLO & DA ROCHA, 2008). “Inicialmente, as diferenças culturais foram recebidas com surpresa, como relatou Marcos Lima: “Houve alguns pequenos choques culturais, que me fizeram entender que fazer negócios nos Estados Unidos é de fato diferente de fazer no Brasil. Porque eu sou um pouco ‘cabeça dura’: eu achava que era muito parecido”. Entre as diferenças culturais positivas estava o fato de que as promessas se cumpriam, fossem relativas à participação em eventos, entrevistas com a imprensa, ou outros aspectos dos negócios. A operação nos Estados Unidos levou Marcos Lima a realizar algumas mudanças nos sistemas administrativos, entre as quais a adoção de relatórios em inglês, mesmo no Brasil. Algumas experiências adquiridas no mercado americano foram, no entanto, negativas. A loja encontrava-se em um prédio tombado pelo patrimônio histórico da cidade de Nova Iorque, o que trazia uma série de limitações operacionais. Além disso, o sistema cooperativo fazia com que os moradores do prédio pudessem tomar decisões que afetavam o funcionamento da loja, como, por exemplo, desligar o ar refrigerado em horários comerciais.” (DE MELLO & DA ROCHA, 2008, pp. 242-243). Analisando esta passagem, bem como outras informações sobre o processo de internacionalização pode-se entender que passam a fazer parte dos aprendizados necessários às empresas e aos funcionários nestes casos, os estudos sobre as novas culturas das quais a empresa participa, sobre os mercados específicos onde pretende atuar ou onde o profissional da empresa vai atuar, sobre os aspectos de diferentes comportamentos de uma destas regiões e sobre como isso vem a afetar o ambiente interno de cada empresa. O gestor nesse âmbito tem um papel fundamental, pois é ele que vem a ser um dos multiplicadores responsáveis pela expansão deste conhecimento. É através do estudo das características que envolvem este novo cenário de mercado que nasce a GIRH, que diferentemente do modelo de gestão tradicional, vem ampliar os conhecimentos em torno de um cenário multicultural, adotando novos conceitos para suprir estas novas problemáticas, dando conta de seus sistemas, modelos de atuação 24 profissionais, peculiaridades e do mercado. No entanto, para melhor entender como esta disciplina funciona é necessário passar primariamente por outros conceitos, como os de cultura e comportamento organizacional e também compreender os efeitos da internacionalização das empresas sobre estes setores, entendendo-os como sendo modificadores das estratégias tradicionais de RH. 25 II. ORGANIZAÇÃO, CULTURA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL A fim de explicar exatamente a que se propõe este estudo, é necessário que alguns conceitos como os de cultura organizacional e organização sejam esclarecidos, pois somente através da compreensão do que é um ambiente organizacional e de como a sua cultura interna colaboram para avanços ou retrocessos neste ambiente, será possível, adiante, imaginar o impacto causado pelas urgências de contratações a nível internacional, entre outras ações, da GIRH no nicho organizacional. “Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar objetivos ou conjuntos de objetivos. Um sistema é um todo complexo e organizado, formado de partes ou elementos que interagem, para realizar um objetivo explícito. Todas as organizações são sistemas (embora nem todos os sistemas sejam organizações).” (MAXIMIANO, 2000, p. 91) Figura 2: Uma organização é um sistema que transforma recursos em produtos e serviços. FONTE: Maximiano, 2000, p. 92 Entende-se, portanto, que toda empresa, corporação ou instituição é uma organização, e cada organização é composta por pessoas diferentes que 26 têm as suas próprias normas de conduta e regras de convivência, o que entende-se como cultura organizacional. Segundo Lima & Albano (2002), a cultura organizacional é uma reunião de valores, crenças e tecnologias que une as pessoas que trabalham na empresa e fazem parte desta cultura, por exemplo, como costumam agir os líderes e colaboradores da empresa, ou seja, seus hábitos e crenças coletivas. Cada empresa possui um perfil diferente e um comportamento organizacional próprio, que é fator chave dessa cultura. 2.1. A importância do clima organizacional e da compreensão do conceito individual de cultura e os reflexos da internacionalização nesta cultura O clima organizacional é o resultado de variáveis culturais, podendo ser compreendido como uma soma de costumes, tradições, propósitos e valores que caracterizam uma empresa como sendo única e que também pode ser chamado de caráter de uma organização. Como fatores oriundos deste clima compreendem-se, por exemplo, as formas de relações entre os colaboradores de uma empresa, o estado de motivação em que trabalham, o tipo de incentivo que recebem para suas tarefas diárias, o estresse ou qualquer outro tipo de pressão ao qual possam estar supostamente submetidos e as resistências que podem apresentar a um processo de mudança (TAGLIOCOLO e ARAÚJO, 2007). Todos estes fatores vão resultar no chamado comportamento organizacional ou postura diferenciada que a empresa e os seus colaboradores assumem frente a situações diversas. Segundo Pissarra (2007), o comportamento organizacional diz respeito às ações das pessoas dentro da empresa e dos efeitos do seu comportamento no desempenho da organização; tudo está interligado a este comportamento, desde o absenteísmo, a motivação, o entendimento e a aceitação de mudanças, aprendizagem, contato com outros colaboradores e outras diversas 27 funções de trabalho. Logo se pode entender que o clima compreende a maneira como uma empresa e seus colaboradores se relacionam e em que tipo ambiente se dá estas relações, enquanto o comportamento organizacional seria a maneira como ambos se comportam em ocasião deste clima e a cultura organizacional por sua vez a junção de ambos os conceitos. O entendimento desse clima é importante, pois o processo de internacionalização pode vir a gerar interferências que afetem a produtividade das empresas e as relações entre os colaboradores e as organizações. Uma vez que a gestão de pessoas também é responsável pela organização das funções de trabalho, pode-se pensar, portanto, que a função de uma gestão eficiente de RH influencia e tem sua atividade diretamente influenciada pela cultura organizacional, uma vez que se utiliza de alguns instrumentos para modificar, aferir ou balancear a organização. Dentre estas ferramentas, podemos citar a pesquisa de clima, as avaliações de desempenho, dinâmicas de grupo, treinamentos, políticas de endomarketing, diagnose empresarial, entre outras atividades e todas articulando como uma via de mão dupla, dependendo e influenciando diretamente nesse comportamento organizacional. Quando, dentro da organização, faz-se necessário que o gestor conheça a cultura local e entenda que ela pode se modificar de acordo com variantes como o fator tempo ou outras circunstâncias, mesmo que resista às mudanças, a cultura organizacional depende dos indivíduos que nela habitam, sendo assim um organismo móvel. Um dos grandes desafios de implementações de políticas de RH em uma empresa surge exatamente diante ao enfrentamento desta cultura. Segundo Fragoso (2009), os novos modelos de gestão têm sua identidade interligada as próprias mudanças sofridas nas organizações. Segundo Briscole & Schuler (2004), problemas de grande impacto sobre o sucesso de negócios internacionais podem estar relacionados a outros aspectos de uma má compreensão da cultura local, citando como exemplo o fato de em regiões como a África, quando um RH contrata um novo profissional 28 para empresa sendo este membro familiar de algum colaborador já empregado, este terá uma avaliação mais positiva por obter vínculos familiares na empresa do que por suas competências profissionais, o mesmo acontecendo em países da América Latina, Índia, Japão entre outros. Desta forma Briscole & Schuler (2004) Levantam que quando as empresas se instalam em outros países, mas continuam adotando seus métodos tradicionais de seleção de pessoal, isto poderia gerar desconfiança e um entendimento do publico local de desqualificação do trabalho da empresa, ainda acrescentando que certos aspectos culturais podem ser metaforizados através da figura de um iceberg – onde a parte real que estaria para fora da água, portanto aparente, seria muito pequena perto de um todo, querendo desta forma explicar que o que se entende primariamente de uma cultura e muito pouco perto do que ela realmente é quando vista em profundidade. Outros aspectos que fazem parte da cultura local são alimentação na empresa, uniformes ou vestimenta e paisagismo. Ainda podemos citar como outro exemplo, o caso prático de uma empresa brasileira do ramo de software chamada IVIA que se instalou em Portugal, a fim de expandir seus mercados, na qual notou-se um fator dificultador de convivência intercultural, sendo ele a própria demanda da cultura européia em termos de exigência em excelência de serviços. Por se tratar de uma empresa do ramos de software estão sempre sujeitos a alguns pequenos erros em formatação de programas, entre outros, relatando que para o mercado brasileiro isto não teria importância alguma, pois a cultura do povo seria mais aberta, as pessoas entenderiam que existem estas possibilidades de erros e os clientes são mais dóceis quando precisam de algum reparo de sistema, ao contrário dos clientes europeus que têm uma exigência muito maior pela correção. (SCHNEIDER &PACHECO, 2008) Segundo o relato deste caso somente esta diferença cultural já acarretou um mudança muito grande na cultura interna da empresa, exigindo uma maior cobrança da atenção dos funcionários para evitarem este tipo de erro. Outra coisa interessante foi que com a mudança da empresa para 29 Portugal, alguns funcionários do Brasil também precisaram se mudar para o país e com isso uma série de “treinamentos informais”, como cita o artigo sobre esta empresa, se fizeram necessários para a melhor adaptação destes colaboradores. Os treinamentos na empresa, por exemplo, incluíam desde tarefas orientadoras de como lavar a roupa até como se comportar na alfândega. (DA ROCHA et al, 2010) Pode-se se concluir que não somente com a finalidade de obter sucesso na convivência interna nas empresas, considerando a relação entre pessoas de lugares e culturas diferentes, se torna importante o aprendizado da cultura local do novo mercado que se pretende explorar, mas também com relação às estratégias de gestão e para a venda de serviços nas novas áreas de negócios também se fazem extremamente necessários o estudo e o aprendizado sobre a cultura local, a fim de evitar que o processo de internacionalização da empresa venha a gerar reflexos negativos para o clima organizacional propiciando um ambiente de convivência inóspito para os colaboradores dentro da organização e para a empresa dentro do mercado em que se propõe trabalhar. 2.2. Os impactos da convivência intercultural, seus ganhos e perdas e o posicionamento da gestão frente a este cenário Quando a internacionalização do mercado passa a ser uma realidade, esta cultura organizacional se vê afetada por uma série de variantes que podem ser encaradas como agregadoras de valor ou como possíveis causadoras de problemas dentro das organizações. Segundo Punnet (2013), podemos encontrar mais práticas diferenciadas de comportamento como dois conceitos chaves que são muito importantes para o trabalhador em beneficio do clima organizacional; entre eles, encontram-se a linguagem e a religião, e o gestor que lida com esse colaborador precisa estar à par de sua língua e credo religioso, ele deve 30 entender que a religião muitas vezes influencia nas decisões, na hora de entender conceitos como o de certo e errado e saber lidar com estas diferenças culturais. Segundo Araújo et al (2012), a adaptação entre os colaboradores pode ser entendida como um processo transcultural, e diz respeito a diferentes momentos e situações que os colaboradores possam vir a vivenciar em sua rotina pessoal e de trabalho durante este período de adaptação, alegando que um dos principais fatores de importância neste processo diz respeito ao bem estar psicológico dos trabalhadores em seu dia-a-dia de trabalho. Pode-se pensar por meio destas explanações, que um desentendimento nesta ceara pode gerar muitos problemas, tanto para o clima organizacional quanto para os trabalhadores e o âmbito de produção. Um problema segundo relata Orsi (2004), é que a preferência de algumas multinacionais na contratação de profissionais estrangeiros se dá também ao fato de nacionalmente não serem encontrados profissionais com as competências necessárias para ocupar os cargos globais, ou com as habilidades pessoais necessárias para expandir seu mercado. Com isso, a contratação de mão de obra estrangeira pode ser entendida como um ganho em termos culturais e de avanços tecnológicos para as organizações. No entanto, quando se considera o clima organizacional interno e as possibilidades de carreira, ao contratarem profissionais de outros países, os colaboradores nacionais perdem o direito de se recolocarem nestas mesmas posições e é possível que isso dificulte o clima de boa convivência, gerando mal estar entre as partes nas empresas, uma vez que ao se tratarem em sua maioria, os contratados internacionais assumem diretamente posições de supervisão, mantendo os contratados nacionais sob seu comando. As tensões entre colaboradores são objeto de estudo e intervenção do grupo de RH que por sua vez deve agir de forma construtiva para minimizar e/ou fomentar possíveis soluções para os atritos provenientes dessa convivência, bem como para o desenvolvimento e manutenção de seus bons frutos e quando é realizado um trabalho com profissionais de diferentes 31 culturas em diferentes setores, corporações, matrizes e empresas subsidiárias, faz-se necessário entender quem são estas pessoas e como a entrada delas no ambiente organizacional vem a afetar o trabalho do setor de RH e a própria cultura organizacional, bem como, por outro lado, auxiliar os novos colaboradores no convívio com a cultura do ambiente local e os colaboradores locais no entendimento dos novos integrantes da corporação. Partindo do pressuposto que uma das funções mais aparentes do trabalho de um RH a nível internacional giraria em torno da contratação de mão de obra estrangeira ou “expatriada” - profissional de outras nacionalidades vindo de território estrangeiro e se instalando em território nacional para trabalhar - pode-se pensar que esta convivência no âmbito da cultura organizacional pode sofrer abalos. Almeida (2009) fornece um bom exemplo quando informa que os colaboradores brasileiros são reconhecidos mundialmente pela sua forma amigável de agir, ao passo que são reconhecidos também pela falta de objetividade e cumprimento de prazos com relação a tomar decisões, isso favorece as relações de trabalho deles com os colaboradores estrangeiros, por um lado, podendo gerar ganhos de convivência, como amizades duradouras e vínculos fortes entre os colaboradores, mas por outro lado enfraquece os laços de confiabilidade para execução das tarefas diárias entre eles. São muitos os exemplos de como diferenças de comportamento podem gerar ganhos e perdas para o ambiente cultural interno das empresas, entre eles se encontram também pequenos gestuais inerentes a cada cultura, como o de levantar o polegar, por exemplo, para indicar que algo está bom ou “ok” ou “joia” como se faz no Brasil, porém em outros países este mesmo gesto pode significar inúmeras coisas diferentes; na China, por exemplo, significa que a pessoa que está fazendo o gesto com a mão indica que quer matar a outra pessoa para quem direciona o gesto; para os australianos significa dinheiro; para os americanos significa “zero”; todas estas diferenças que parecem pequenas podem gerar conflitos muito grandes quando imaginamos pessoas 32 de nacionalidades diferentes convivendo em um mesmo ambiente de trabalho. (ALMEIDA, 2009) 2.3. Políticas de incentivo a troca de conhecimentos e a formação de novos profissionais através desta troca Segundo Deschandt & Casado (2005), em uma pesquisa realizada com expatriados de países como Suécia, Franca, Colômbia entre outros, residentes no Brasil com relação as suas impressões sobre sua adaptação na cultura empresarial brasileira, um dos pontos mais positivos destacados foi a receptividade e a criatividade do povo brasileiro, o que tornaria o convívio entre as partes mais descontraído; em oposição, na mesma pesquisa, também fica claro o desconforto por parte de alguns estrangeiros com a falta de compromisso com horários e falta de organização para trabalhos e entregas de projetos por parte dos colegas de trabalho brasileiros. Pode-se entender que quando se trata de definir formas de incentivar a troca de conhecimento entre pessoas de diferentes culturas esta receptividade diagnosticada pela pesquisa é senão fundamental para o processo de adaptação em geral, mas para além das características culturais de comportamento dos indivíduos existem outros fatores que podem ser pensados como ferramentas de trabalho da GPI podendo ser utilizados para facilitar este processo, entre eles as dinâmicas de grupo, eventos coorporativos, treinamentos dentro ou fora do ambiente empresa entre outros, sendo todas estas atividades consideradas eficazes no processo de integração de pessoas. (DA SILVA et al, 2008) No caso da administração internacional de um RH centralizado também é possível enviar profissionais para treinamento nas matrizes em outros países, integrar as equipes através de eventos simultâneos com vídeo conferência, entre outros. 33 Dois casos práticos que podem elucidar bem esta questão foram abordados pela revista Exame em 2008 ao publicar uma matéria sobre Treinamentos globais, usando a empresa AMBEV como exemplo, relatou o caso de um diretor de suprimentos desta empresa que tinha por função atender todas as demandas em sua área para negócios dentro da América Latina, e que o mesmo fez parte de um conjunto de colaboradores composto por 43 outros profissionais desta mesma empresa, os quais foram avaliados com potencial para negócios em atuação internacional e indicados para trabalhar na IMBEV subsidiaria internacional da AMBEV. (HERZOG, 2008) Todos os executivos que passaram por esta avaliação foram submetidos a 2 semanas de treinamento nos Estados Unidos e mais 2 semanas de treinamentos na França a fim de aprimorarem suas competências para o trabalho internacional bem como a visão global dos negócios da empresa. O diretor de suprimentos conseguiu ser transferido para ocupar o mesmo cargo em outro país, neste caso a China, levando junto com ele sua mulher e filhos. Em seu novo escritório seria responsável por coordenar outro mercado completamente diferente do da América Latina incluindo países da Ásia e Oceania. (HERZOG, 2008) Esta reportagem nos fala também da empresa VALE e nos oferece um dado importante com relação à mudança no escopo de treinamento que sofrem as grandes empresas através do processo de internacionalização, pois inicialmente menciona que a Vale treinava todos os seus executivos em uma empresa local em Minas Gerais, e com a necessidade de comunicação internacional, passou a mandar seus funcionários de nível superior para treinamentos na Suíça. Este envio de profissionais na Vale atinge cerca de 120 profissionais por ano e se refere a um modelo de treinamento também chamado de modelo de imersão. Segundo consta na reportagem de 2008, naquela época o modelo já havia sido criado há 3 anos e continuava a se espalhar pelas empresas em todo Brasil. (HERZOG, 2008) Estes treinamentos globais também são conhecidos como Crosscultural training programs - programas de treinamento cruzado de cultura, e 34 além de quando bem estruturados poderem ajudar os profissionais em benefício das organizações, também são responsáveis pela redução do nível de estresse e choque psicológico entre profissionais que migram de um país para o outro em função de trabalho. Abaixo, podemos ver no diagrama como funciona este modelo e todos os fatores que vêm a dificultar e/ou beneficiar este processo (Fig. 3). Figura 3: O processo de expatriação: questões culturais Traduzido a partir de Mietusch, 2010. 35 III. O PROCESSO DE EXPATRIAÇÃO E QUEM SÃO OS EXPATRIADOS Frente a toda inovação proveniente da internacionalização do mercado, algumas mudanças foram necessárias em termos organizacionais e na gestão de pessoas; se fez necessária, por exemplo, a contratação de profissionais fluentes em diferentes idiomas e em diferentes tecnologias. No meio destas contratações surge um novo profissional, o expatriado, que com a sua entrada nas corporações provoca mudanças para o setor de RH principalmente no que tange os processos de gerenciamento e administração de sua adaptação. Esta característica de contratação segue o padrão de um mercado bilíngue cada vez mais especializado que adota novas tecnologias antes mesmo de dominar o seu funcionamento, o que coloca a contratação de uma mão de obra capacitada diante das novas tecnologias como essencial, e que por outro lado, intenciona que futuramente esta seja a multiplicadora destes novos conhecimentos, fazendo com que os modelos de gestão precisem se expandir num âmbito internacional. Segundo Homem & Tolfo (2008), o Brasil entre os anos de 1989 e 1994, foi um dos países no mundo que mais recebeu expatriados, ficando em terceiro lugar, atrás somente de países como a China e a Índia, e que entre as maiores razões para a contratação desses profissionais se encontravam justamente, a abertura de novos mercados, a intenção de inovação, aumento da tecnologia, facilidade em fazer fusões e aquisições contando com o aumento da participação no mercado em função de suprimir a concorrência. Segundo Brandão (2012), existe uma tendência em entender o expatriado como sendo qualquer empregado, (independente de se relacionado com o nível de gestão ou não), que ë enviado por uma empresa mãe para trabalhar e vivenciar novas experiências em outro pais ou continente por um período de 2 ou mais anos, sendo uma de suas principais funções, a geração 36 de meios para a criação de redes de relacionamento e o acréscimo de conhecimento diferenciado das organizações. Figura 4: Possíveis movimentos de expatriados. FONTE: Brandão, 2012. Segundo Lessa (2008), a expatriação não é uma atividade nova, afirmando que este modelo já era usado como instrumento de controle pelas organizações desde o principio da civilização, enfatizando que na antiga Roma, Holanda, Inglaterra e Portugal o comércio internacional data dos séculos XVI e XVIII, e que os processos de colonização efetuados por estes países, já se utilizavam de pessoas representantes (expatriados) treinadas para coordenar suas subsidiárias (localidades colonizadas). De acordo com informações atuais do Ministério das Relações Exteriores no Brasil, Itamaraty, o quantitativo de brasileiros expatriados residindo no mundo chega a 3,7 milhões de pessoas, e em sua maioria está residindo em países da Europa, América do Sul, Ásia, Oriente Médio e 37 principalmente na América no Norte, nos Estados Unidos, como demonstra a tabela abaixo, com os 10 principais países importadores de mão-de-obra brasileira. (BRASIL, 2010) Tabela 1: Número e distribuição de brasileiros no mundo (BRASIL, 2012). A versão integral da pesquisa feita pelo Ministério das Relações Exteriores no Brasil está presente no ANEXO 1, ao final deste trabalho. (BRASIL, 2012) Na atualidade, segundo Pinho (2012), o processo de expatriação acontece de 3 formas diferentes, obedecendo a um modelo de deslocamento temporário do colaborador em questão, expatriando o colaborador, ou envolvendo o colaborador num processo de carreira internacional, é importante compreender as diferenças entre estes aspectos de contratação respectivamente porque o seu período pode variar de 6 meses a 3 anos de contrato, nesta ordem, ou ate mais em caso onde a oferta para o profissional seja de uma carreira internacional, entretanto deve se observar que a expatriação somente acontece quando o deslocamento do colaborador e de ao menos 3 anos, pois é somente após este período que o trabalhador perde seu vinculo com sua empresa no país de origem. 38 Quando se trata de concorrência de mercado é preciso entender o que faz a diferença entre uma empresa e outra; segundo Black & Gregersen (1999), as operações de mercado precisam de uma força de mercado que seja fluente, pois são as competências individuais que sustentam as organizações. Segundo Carpes et al (2011), a essência do trabalho do profissional de GIP se encontra em poder descobrir os talentos e capacidades inerentes a cada representante de capital humano para a organização, enfatizando que são estas competências, as habilidades cognitivas, afetivas e outras que vão possibilitar que a empresa alcance seus objetivos estratégicos. Pode-se entender que esta fluência seja justamente a junção das capacidades pessoais de um colaborador que atua de forma a facilitar o contato e a produção da empresa, possibilitando a geração de novos negócios, com seu conhecimento acerca do produto, capacidade de convivência, entre outras. A problemática da GIP, neste caso, se dá diretamente em possibilitar a adaptação deste tipo de mão de obra, e não somente destes profissionais, mas falando de uma forma mais ampla, de todo um clima organizacional afetado pela sua chegada. Segundo Homem & Tolfo (2008), o ajustamento destes profissionais ocorre em três etapas: - adaptação deste profissional em seu novo trabalho; - ajustamento com as pessoas deste novo lugar, outros colaboradores de cultura diferente; - adaptação ao país que o está recebendo. Porém, o estudo desse processo deve ser efetuado com cuidado pelos gestores, pois segundo Carpes et al (2011), a família do expatriado também está inserida neste contexto, mencionando que uma das falhas que pode ocorrer durante a adaptação é a falta de ajustamento da família do expatriado ocasionando problemas para o seu próprio ajustamento. Outras razões podem ser enfatizadas, como dificuldades no campo de trabalho, são desmotivação para a mudança, falta de preparo para a tarefa a ser realizada entre outras de cunho pessoal que podem surgir dificultando esta mudança. 39 A família do expatriado possui um papel fundamental em sua adaptação, não somente em se tratando dos familiares que o acompanham na mudança, mas também os familiares que ficam residindo no país de origem, mediante a importância destes vínculos afetivos para o expatriado. Todos os laços afetivos passam por processos adaptativos em detrimento da distância, ou mesmo do enfrentamento de uma nova cultura, ocasionados pela expatriação, visto que, no caso dos familiares que ficam no país de origem, acontece o afastamento e, no caso dos familiares que efetuam a mudança junto com o expatriado, possibilidades de choque cultural e intempéries da não adaptação ao novo ambiente. Uma vez que a distância não é compreendida pela família como um efeito natural, as relações à distância se tornam difíceis comprometendo o sucesso da jornada de trabalho do expatriado. Bons exemplos são casos onde executivos se mudam com esposas e filhos, porém deixando os pais em sua terra natal. Nestes casos, quando existe uma não aceitação do distanciamento familiar, isto pode gerar sentimentos negativos e pressões psicológicas para o profissional que comprometem seu bom desempenho profissional e desenvolvimento de carreira. Por outro lado a família que se muda junto com o profissional deve também estar preparada para enfrentar os desafios da inserção em uma nova cultura, considerando o processo de forma flexível. Pereira et al (2005) citam o processo de estranhamento de uma nova cultura como “choque cultural” considerando-o gerador de desconforto psicológico, Pode-se entender através destas explanações que de uma forma geral a família e sua adaptação à expatriação e a compressão da mudança na vida do indivíduo expatriado é fundamental para o sucesso em sua nova empreitada, pois uma vez que o profissional esteja em desconforto psicológico, o desempenho de suas atividades fica comprometido. “É geralmente esperado que, quanto maior a diferença entre a cultura do país de origem e do país do destino, 40 mais difícil se torna o ajustamento. Stening e Hamner (1992) exploram em seus estudos a adaptação cultural ao país destino, acrescentando na análise o background cultural dos expatriados. Os estudos realizados por estes pesquisadores com executivos japoneses e americanos nos Estados Unidos, Japão e Tailândia, sugerem que o background cultural dos expatriados é mais importante do que as características culturais do país hospedeiro, no processo de adaptação entre culturas (4).” (PEREIRA et al, 2005, p. 57). O insucesso dos programas de expatriação pode ser muito custoso para as empresas como lembra Pinho (2012) em seu trabalho sobre a importância dos expatriados, em um caso prático de avaliação da empresa SONAE SIERRA de Portugal, quando relata que cerca de 25 a 40% do baixo desempenho dos expatriados estaria ligado a inseguranças pessoais, entre elas a falta de aceitação por parte dos funcionários locais e o receio de não conseguir ser repatriado após terminar seu contrato. Já o sucesso do processo de expatriação, segundo Homem & Tolfo (2008), vai depender da gerência estratégica de RH e de processos inerentes ao seu trabalho, como a seleção e o treinamento, não só do expatriado, mas também da pessoa que vai acompanhar seu processo de ajustamento, neste caso se referindo a essa função como a de um mentor, capaz de indicar um suporte continuado, bem como assistência em recolocação e programas de carreira e recompensas como chaves fundamentais neste processo. Entende-se por meio destas explanações que o trabalho de um departamento de RH voltado para um cenário multicultural é diferenciado de um trabalho em âmbito nacional, e para compreender quais são estas novas atividades e o seu funcionamento e preciso nomeá-las. Normalmente o trabalho de RH envolve os processos de seleção, contratação, treinamento e desenvolvimento de pessoas, entre outras funções inerentes à conexão do trabalho da gestão de pessoas com o endomarketing e políticas da empresa, e quando tratamos de um processo de gestão internacional de pessoas estas 41 atividades continuam existindo, mas de uma forma diferenciada, muito mais ampla e complexa. 42 IV. AS ATRIBUIÇÕES DE UM RH INTERNACIONAL Segundo Sovienski & Stigar (2004), o setor de RH era entendido como um departamento mecânico, com as suas funções diretamente ligadas à contratação profissional e folha de pagamento e couberam às novas técnicas de gestão de pessoas humanizarem este departamento. Quando diferenciamos, por exemplo, o trabalho de um RH internacional (RHI) de um RH nacional (RHN) através do conceito de contratação de profissionais de outros países ao redor do mundo, pode parecer que as opções para ceara de recrutamento e seleção se tornam maiores e mais facilitadas, uma vez que a gama de profissionais e competências aumenta em decorrência do universo geográfico em que se permite esta busca por um novo trabalhador. Schuler (2004), no entanto, menciona que as corporações a nível internacional têm que lidar com o problema de encontrar pessoas aonde quer que seja preciso, mesmo em localidades onde os recursos humanos para as competências do trabalho são extremamente escassos, inferindo que ao pensar em um trabalho de RH globalizado não pensamos somente em um departamento que expatria profissionais, ou seja, não somente de um departamento que contrata estrangeiros de um determinado pais para trabalhar em outro, mas também da administração de um RHI localizado na matriz de uma grande empresa, responsável por contratar profissionais para suas diversas divisões e filiais em outros países, onde a empresa se encontra instalada, tendo que lidar muitas vezes, com as normas de contratação e legislação de trabalho daquele pais sede. Nestes casos a própria empresa, antes de se instalar nestas localidades, utiliza como recurso a aferição do potencial de mão de obra daquela região até mesmo para saber se sua instalação neste novo lugar e viável ou não, e esta avaliação é feita em diversos outros casos, como os de empresas envolvidas em consórcios internacionais, alianças, parcerias, fusões (SCHULLER, 2004). 43 Quando diferenciamos o trabalho de um RHI de um RHN através do conceito de treinamento presencial, eventos ou atividades de integração de grupo, encontramos processos muito mais custosos para as empresas, uma vez que sua alternativas envolvem viagens internacionais, participação em eventos que culminam em custos de acomodação alimentação de colaboradores entre outros. Quando diferenciamos suas atribuições através do conceito de gestão estratégica, segundo Domingues (2011), um RHN trabalha com a intermediação entre as estratégias gerais da organização e as de sua localidade enquanto um RHI efetua um balanço entre estas mesmas estratégias e as condições políticas, econômicas e sociais em diferentes países, onde a empresa se encontra instalada ao mesmo tempo. Uma vez que estão bem definidas as estratégias de uma empresa esta pode seguir seu desenvolvimento a nível nacional sem grandes problemas, no entanto quando se considera um trabalho em nível internacional somente seguir uma estratégia bem implementada de objetivos da organização não significa ter resultados efetivos na criação de uma política de RH atrelada a estas estratégias, principalmente considerando que existem muitas peculiaridades inerentes a cada país que impossibilitariam sua ação eficaz. Com isso, entende-se que para compreender melhor as atribuições concretas do trabalho de um RHI faz necessário avaliar cada uma das funções de um RH sob diversos aspectos, e entender como se modificam quando transpostas de uma atuação nacional para uma ação internacional ou globalizada. 4.1. Promoção de treinamento e adoção de novas estratégias para a adaptação dos profissionais estrangeiros em diferentes mercados 44 Segundo Iglesias & Costa (2011), a África nos últimos anos tornou-se um terra fértil para investimentos e cobiçada por empresas brasileiras por conta de seu potencial de crescimento e vasta quantidade de recursos minerais que se valorizam cada dia mais em termos de exportação no mercado internacional. Com isso, muitas empresas brasileiras, principalmente as de construção e mineração, têm se instalado no território africano nos últimos anos, encarando alguns problemas com relação à contratação de mão de obra local e adaptação de trabalhadores brasileiros no território africano. A falta de qualificação da mão de obra local e a carência de infraestrutura e de meios de comunicação e internet são os principais inimigos da GIP de empresas brasileiras na África, sem contar com a competição com as empresas Chinesas cada vez em maior numero no continente (IGLESIAS & COSTA, 2011). Em países como a Angola, por exemplo, é obrigação das empresas estrangeiras contratarem mão de obra local para que consigam se instalar no país; segundo o artigo nº 3 do Decreto n.º 5/95 de 7 de Abril, qualquer empresa que deseja se instalar no território Angolano deve ter minimamente empregado 70% de trabalhadores angolanos em seu quadro funcional, porem além da desqualificação de competências e baixo nível educacional dos contratados locais, as empresas ainda contam com uma população traumatizada por uma guerra civil que durou anos no país e que gera transtornos na adaptação destes profissionais dentro do ambiente das empresas. Em caso de países como este, se fazem necessários portanto, investimentos em treinamentos diferenciados para os trabalhadores nestas localidades, e os profissionais de GIRH estão diretamente envolvidos no desenvolvimento de estratégias para a busca de soluções e o melhor desenvolvimento destas ações interculturais. Não somente em Angola, mas no Brasil e em outros países do mundo, todas estas novas características de trabalho, fazem parte da atuação diferenciada de um RHI, que não mais se preocupa simplesmente com conceitos pontuais como um RHN, pois se tornou uma estrutura complexa e integrada por uma diversidade de informações e 45 responsabilidades internacionalizadas, dentro de todas as suas atividades já existentes como treinamento, recrutamento e seleção, salários, benefícios, entre outras, exigindo que os seus profissionais sejam gestores estratégicos e envolvidos em trabalhos multidisciplinares e que os possibilitem adequar-se a este novo modelo. Segundo Pinho (2012) existe alguns fatores que podem ser encarados como alavancas do sucesso no caso da adaptação de um profissional fora de seu país de origem, eles começam através de uma boa GIRH que primeiramente seja capaz de efetuar um processo seletivo que encontre o candidato mais apropriado para o trabalho, levando em consideração suas competências técnicas, mas também as de gestão, adaptação, diplomacia, e após a contratação efetuar uma boa manutenção e apoio para este profissional onde ele esteja integrando em seu local de trabalho e informado sobre peculiaridades locais, como língua, cultura. Outros fatores considerados importantes são a oferta de pacotes de recompensas, benefícios financeiros que atuam como motivadores e ou fatores de compensação da distância de seu ambiente familiar, sendo importante sempre deixar claro o que se espera deste profissional e quais são os verdadeiros objetivos de seu trabalho, mantendo uma boa avaliação de desempenho do mesmo, verificando seus insucessos e progressões na rotina diária de trabalho, todos estes são fatores diferenciais e fundamentais para o sucesso nestas contratações. 4.2. Novas ferramentas e tecnologia a serviço do RH Internacional Sendo das atribuições do GIRH a manutenção de expatriados, com esta nova função surgem novas ferramentas e formas diferenciadas de trabalho que tornam este processo possível. Segundo Bacaltchuck (2011), que 46 realizou um trabalho sobre a experiência de um departamento de RHI com expatriados na empresa John Deere, da mesma forma que é necessário selecionar, contratar, alojar e adaptar o expatriado, também se faz necessário o planejamento para o retorno do profissional transferido. A partir desta constatação advinda de um trabalho prático, pode-se entender que surge para o RH o que se caracteriza como uma nova função, uma vez que quando terminado um contrato de trabalho em âmbito nacional, tal preocupação com o destino do profissional e com sua moradia após o desligamento não se faz necessária. Homem & Tolfo (2008), na avaliação dos processos utilizados por uma empresa administradora de profissionais expatriados, citam uma informação que pode ser entendida como mais uma diferença entre a atuação de um RHN e a de um RHI - o processo de seleção de expatriados não designa importância à efetuação de testes psicológicos ou de entrevistas regulares. Esta escolha seria feita pela própria área de trabalho que necessita do profissional, por meio de consulta a banco de dados e, em caso de embate entre dois os mais candidatos, a participação de um comitê executivo seria acionada e seus membros, baseados nas necessidades para aquela posição, avaliariam os aspectos necessários do perfil técnico do futuro colaborador. Segundo Bacaltchuck (2011), um dos aspectos que é levado em consideração nestas avaliações é a flexibilidade do candidato expatriado e seus conhecimentos e ou experiências em trabalhos em diferentes países e com diferentes culturas. Já que este novo modelo de seleção não utiliza métodos tradicionais ao descartar as entrevistas presenciais, devido ao fator de distância de moradia dos candidatos, outros recursos já são utilizados por algumas empresas para suprir esta carência de contato, são as chamadas entrevistas por vídeo conferência, uma nova forma do RH poder ter um contato mais direto com estes profissionais. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, a realização de entrevistas por vídeo conferência aumentou em 52% no Brasil nos últimos 3 anos. Esta pesquisa foi realizada pela empresa em 47 19 países, contando com a participação de gestores de RH, e do total das empresas pertencentes à amostra da pesquisa, 100 eram corporações brasileiras. Através destas explanações entende-se não somente uma nova função de trabalho, mas a adoção de uma nova ferramenta a ser incorporada ao trabalho do gestor internacional de pessoas. (G1, 2013) Outra curiosidade que revela a pesquisa diz respeito a como são observados aspectos de postura durante uma entrevista à distância; a preparação do cenário, atenção do candidato, limitação de ruídos, também representam para o entrevistador dados de analise, referentes ao nível de organização e preparo do candidato para o momento da entrevista e podem fazer diferença no processo de seleção. Cada vez mais novidades advindas do avanço tecnológico e da internacionalização de mercado estão se tornando populares como alternativa de trabalho, o conceito de home office, ou escritório em casa é uma delas. Segundo Schuler (2004), muitas empresas que não visam arcar com o custo da expatriação, inserção ou transferência de um profissional, mas mesmo assim estão interessadas em evoluir seus conceitos e escopo de atuação, acabam se utilizando da internet como um veiculo de contratação e ferramenta de trabalho, transformando o ambiente virtual em um tipo de sede da empresa, ou salas virtuais de trabalho. Os casos de trabalho home office acontecem especialmente quando a necessidade de mão de obra advém de projetos específicos; Schuler ainda cita como um exemplo, uma empresa dos Estados Unidos que através da internet recrutou e trabalha com um grupo de doutorandos em matemática residentes em outros países como Israel, Índia e Irlanda; estes profissionais trabalham neste modelo de home office e de suas casas realizam tarefas inerentes aos interesses desta empresa pela qual são empregados mesmo em detrimento de tamanha distância e diferença cultural. Pode-se pensar também, através da análise deste conceito, que assim como a manutenção de todos os colaboradores de uma empresa, faz parte do trabalho do RHI dar conta, mesmo à distância, de atender às demandas destes 48 profissionais. São muitas as novidades tecnológicas que englobam este novo mercado, um artigo da revista Época, por exemplo, cita o blackberry, aparelho celular, agenda eletrônica e mini computador, como uma das ferramentas de inovação para o trabalho destes profissionais citando que os mesmos possibilitam também a questão do trabalho à distância. “O maior símbolo do trabalho a qualquer hora é o BlackBerry, um telefone com agenda e ligação com a internet. "O celular transformou meu carro numa extensão do escritório", disse Roger Ingold, presidente da Accenture no Brasil, à revista Época Negócios. "Antes ouvia música quando voltava para casa. Hoje participo de conferências telefônicas." Mas a mesma tecnologia que permite a invasão da vida profissional na esfera pessoal também funciona no sentido oposto. Graças ao notebook e ao celular, cada vez mais executivos estão tornando seus horários mais flexíveis. Vários visitam clientes, depois preenchem relatórios, fazem reuniões e tomam decisões sem precisar passar pelo escritório.” (SALOMÃO et al, 2007). Depois do até então exposto é inegável que a tecnologia e a internacionalização do mercado através de suas novas ferramentas atuam como um modificador geral dos sistemas de gestão e do trabalho, não somente na esfera de RH, mas amplamente em um contexto global dentro das organizações, a diferença é que um dos maiores trabalhos e senão a justificativa da existência de um departamento de RH é justamente o controle e a manutenção da vida dos profissionais dentro do contexto organizacional, de como estes trabalham, sua adaptação, suas contribuições, desenvolvimento, entre outros e sendo portanto, um dos setores mais atingidos por estas mudanças . Levando em consideração que, a maioria dos setores de RH é composta por ambientes ocupados por psicólogos que por sua vez são os responsáveis pelos processos de entrevistas e aplicação de testes e avaliações dos chamados “perfis dos candidatos” ficam aqui algumas questões: 49 - seria possível obter os mesmos resultados e avaliar os candidatos com a mesma precisão de uma entrevista pessoal através de uma entrevista à distância? - as estruturas de áudio e vídeo estarem sujeitas à falhas de conexão como ruídos e desbalanceamento de imagem afeta este processo de análise? - uma empresa que investe em um projeto obtém a mesma qualidade de serviço através da contratação de profissionais que atuam à distância, do que de profissionais que atuam presencialmente, levando em consideração que os primeiros estão afastados do clima e da cultura interna da organização? - a tecnologia, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho, também não estaria sobrecarregando os profissionais? O modelo ortodoxo freudiano respeita a linha de análise onde o paciente - sujeito em questão é colocado de costas para seu analista e deitado ou sentado no “divã”, de onde profere o seu discurso e todo o trabalho de análise levado em consideração é efetuado em cima do discurso do sujeito descartando a importância da esfera visual ou de contato; já outras linhas de psicologia como a da Psicologia Reichiana, por exemplo, considera essencial ter contato visual, e em alguns casos até mesmo físico com os clientes durante suas seções, alegando que expressões faciais, a movimentação corporal, a temperatura do corpo, os suores e tremores, bem como outros reflexos corporais são fatores que evidenciam as emoções e expressam muitas vezes discordâncias entre o discurso do sujeito e o sentimento real dele, como descreve Wilhelm Reich em seu livro análise do caráter. (REICH, 2009) Através das considerações de ambas as linhas de raciocínio, fica evidenciado que estes sistemas tecnológicos que permitem o contato a distância dentro da esfera de RH podem funcionar, porém também podem implicar em perdas de informação. 50 V. A ATUAÇÃO DIFERENCIADA DOS PROFISSIONAIS DE GESTÃO INTERNACIONAL DE RH (GIRH) Levando em consideração o processo de mudança das funções inerentes ao setor de RH, é possível imaginar que estas não só passem a diferenciar sua forma de atuação tornando-o internacional, mas também a solicitar dos profissionais de gestão desta área uma nova visão de gestão acerca deste ambiente multicultural e possibilitando uma mudança em sua vida profissional no âmbito de carreia e desenvolvimento profissional de competências. Tendo em vista que o gestor ocupa um cargo de grande importância no âmbito da gestão internacional, Orsi (2004) salienta uma diferença básica entre os profissionais de gerência nestas áreas, quando enuncia que diferente do gestor de RHN, o gestor de RHI teria como responsabilidade facilitar a acomodação cultural dentro da organização, possibilitando uma comunicação global, inclusive entre o seu time de trabalho, e que precisaria também adaptarse ao novo cenário, trazendo a tona o conceito de global staffing, (um time composto de pessoas para encarar desafios presentes em processos operacionais alocados em diversos países, atuando de forma globalizada por um mesmo objetivo). Segundo Nanda & Kumar (2012), uma das razões para a adoção de uma equipe de global staffing ou time internacional seria a própria necessidade do desenvolvimento do gerenciamento visando uma melhoria particular nas competências individuais do grupo. Segundo Davoudi & Kaur (2012), um dos maiores desafios de uma equipe de RHI é ceara de sua gestão e esta tarefa está justamente em harmonizar o trabalho deste grupo em escala global, de acordo com os interesses da matriz ou núcleo da corporação, enfatizando que todas as mudanças a nível internacional tornam informações obsoletas muito rápido, 51 inclusive as gerências, o que dificulta essa homogeneização do grupo de trabalho e faz necessária a criação de uma estratégia de gerenciamento geral de habilidades para dar conta das operações locais em cada filial da empresa, em diversos lugares do mundo. Pode-se entender que este modelo não é somente utilizado para as equipes de RHI, ou somente para profissionais de RH que trabalham para uma mesma empresa em diferentes partes do globo, mas entender o processo de global staffing como podendo ser transmutado para diversos outros departamentos da empresa, englobando profissionais alocados em diversas áreas e funções que atuam de forma co-dependentes nas diferentes filiais, representantes, e outros de interesse da empresa. O treinamento e o desenvolvimento deste grupo de trabalho são de importância critica e um trabalho árduo para os gestores de RHI, considerando que se uma força de trabalho multicultural e globalizada já atrai inovação, expansão e novos investimentos, se esta mesma equipe é bem treinada as chances de sucesso se multiplicam. Além da gestão do time de global staffing também faz parte do novo escopo de atuação do gestor de RHI, a coordenação de diferentes processos locais, como o de expatriação profissional, por exemplo, sendo este um fator que também reivindica treinamento e desenvolvimento dos profissionais de gestão uma vez que pode ser considerado problemático, quando está diretamente ligado ao lucro e à economia da empresa. Segundo a explanação de Davoudi & Kaur (2012), um erro cometido no âmbito de decisões por um profissional de GIRH pode custar a uma empresa, cerca de 1 milhão de dólares. Pode se pensar como exemplo neste caso, um processo mal sucedido de expatriação de um profissional considerando diversos fatores, como deslocamento da família do expatriado, custo da contratação, mudança, visto, fator tempo x investimento entre outros, ou mesmo qualquer outra decisão de âmbito internacional com um resultado infeliz da qual co-dependem outras filiais ou subsidiárias da empresa. Estas novas 52 responsabilidades também podem ser encaradas como mais um diferenciador da atuação, entre os profissionais regulares de RH e os de GIRH. Outro ponto importante a ser ressaltado aqui é a diferença entre os modelos de carreira do profissional de RHI, e do profissional de RHN. Segundo Domingues (2011), existem diversos modelos de carreira que podem ser seguidos por um profissional, desde os esboços mais antiquados que atrelam o profissional à empresa embaixo de um controle de ações hierárquico, até os modelos mais livres que valorizam o conhecimento do profissional e fazem com que sua carreira se torne mais atrelada ao seu poder de decisão e conhecimento pessoal. Quando se pensa em um gestor de RHI, podemos imaginá-lo como um executivo que atua e atende a uma rede de contatos internacionais, portanto pode-se encaixá-lo na descrição do modelo de carreira que Domingues (2011) descreve como modelo “sem fronteiras”. Segundo Domingues (2011), este tipo de carreira profissional se caracteriza por uma série de peculiaridades que desafiam o conceito de carreira tradicional, onde o profissional está estritamente sob o comando da empresa, seguindo as suas ordens e atrelado a seus padrões. No modelo sem fronteiras, um conjunto segmentado de oportunidades de trabalho surge para o profissional no decorrer de sua jornada de trabalho estaria para além das fronteiras de um conjunto especifico de uma única localidade de trabalho e, por conseguinte, muito mais direcionado ao controle do próprio individuo do que da organização para qual ele trabalha, isto é, este tipo de carreira valoriza a expertise do profissional e a rede de contatos que ele obtém no mundo organizacional, suas opiniões e competências. Através do acima exposto pode-se pensar que existem alguns benefícios tanto para o profissional quanto para a organização na adoção deste modelo, através dele ao mesmo tempo em que a empresa obtém uma maior gama de contatos através dos profissionais, os deixa atuando em uma esfera mais flexível e não tão atrelados à empresa em si, passando a não mais considerá-la como um porto seguro, mas passando a confiar em si mesmos e a 53 ter uma atuação rotativa maior entre diferentes empresas do mercado adquirindo assim mais experiência de trabalho. 5.1. Contratação e formação de gestores competentes para um diálogo intercultural eficiente Segundo Davoudi & Kaur (2012), o sistema de RHI se difere muito do tradicional principalmente em complexidade, um gerente de RH a nível internacional, por exemplo, deve estar apto a lidar com planejamento e a gestão de seu global staffing e ao mesmo tempo dar conta de treinamento e desenvolvimento, bem como de programas de benefícios, recompensas, gerenciamento de performance, integração e todos estes em escala global e entre as competências de um gestor para esta área destaca, como sendo conceitos estratégicos de atuação, que o gerente tenha foco no sistema global e não em suas partes, que desenvolva sua capacidade de liderança a nível global, que potencialize sua força de trabalho regional (demais colaboradores) para que se tornem aptos atuar também globalmente, e que regularmente reinvente sua forma de organizar-se, agir e pensar globalmente. Segundo Briscole & Schuler (2004), o Departamento Internacional de Recursos Humanos (DIRH) necessita de um grupo de trabalho que seja menos especialista e mais generalista, afirmando que isto se deve ao fato de a necessidade de foco ser mais amplamente direcionada aos negócios neste novo setor. Isto significa que os gestores de RH vão precisar de muito mais experiência em atuação global e que mais gerentes locais vão precisar também de experiência em GIP e que as equipes de trabalho vão precisar de mais treinamento para atuar globalmente de forma efetiva e que estes gestores vão precisar também desenvolver conselhos internos e serem auxiliados por gerentes regionais. Já Segundo Stredwick (2005), quando se trata de formular a atuação de DIRH dentro de subsidiárias à organizações estrangeiras, um desafio para 54 os gestores de RHI estaria presente na formulação das estratégias corporativas para que encontrem um balanceamento entre os objetivos da organização e o controle necessário para o cumprimento destes objetivos, desta forma obtendo a flexibilidade necessária para atender também as dificuldades locais que na maioria das vezes aparecem de forma mais dinâmica, explicando que uma vez que o controle sobre as atividades locais (recrutamento, treinamento, desenvolvimento, pagamentos e etc) é exercido por uma matriz. Isso pode tornar as decisões locais extremamente difíceis e prejudicadas quando muitas vezes um head office (Escritório Central – Matriz) pode não entender características essenciais existentes no contexto da cultura organizacional interna da subsidiária, estando completamente incompatível com sua cultura local, ainda que represente a mesma empresa a fim dos mesmos objetivos. Qualquer gestor de RH, regular ou algum atuante em GIP deve estar totalmente ciente e envolvido com a organização de seu ambiente de trabalho e de como esta organização interna afeta o mercado de trabalho, enfatizando, porém, que na GIP, toda esta preocupação torna-se mais evidente e complexa, uma vez que faz necessário o domínio de todos estes fatores culturais e contextuais em termos de negócios internacionais, e que sem esta compressão o profissional especialista de GIP não conseguiria dar sentido a sua atuação (STREDWICK, 2005). Tendo em vista o exposto acima, é possível pensar que realmente as funções dos profissionais de um RH regular e as de um grupo atuando em GRHI são bastante diferenciadas, não somente levando em consideração o seu conteúdo prático, suas ações cotidianas, mas também a formulação de seu conteúdo teórico de aprendizagem e desenvolvimento do pessoal de RH como uma ferramenta chave para o desenvolvimento deste novo departamento, fazendo concluir que o capital intelectual, e características de flexibilidade para entendimento de outras culturas, atuação diplomática, experiências internacionais, conhecimento de línguas se fazem necessárias para o melhor desenvolvimento de suas funções. 55 VI. OS MODELOS DE GESTÃO INOVADORA COMO CARACTERÍSTICAS DE UM NOVO CENÁRIO MERCADOLÓGICO O contato com a inovação proveniente da internacionalização do conhecimento também se revela como um propulsor da inovação em termos de gestão. No Brasil, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo boletim do núcleo de política e gestão tecnológica da Universidade de São Paulo (2004), que traçou um retrato das empresas que nomeou como sendo “empresas inovadoras”, colocou as empresas exportadoras ou envolvidas com processos internacionais, como pertencendo ao grupo mais suscetível à adoção de um perfil inovador, enfatizando tal proporção estar ligada aos negócios internacionais. A pesquisa da Universidade de São Paulo ainda revela como dado, que as empresas com maior potencial inovador são as empresas de capital estrangeiro ou misto, sendo as mesmas exportadoras contínuas ou ocasionais, isto é, que têm seu produto final voltado para a exportação ou que negociam com o exterior, e que se encontram na esfera de produção de bens intermediários. Um caso que pode ser usado como exemplo aqui reflete um conceito inovador em termos gestão e de criação de empresas, também possibilitado pelo movimento de internacionalização do mercado. Este conceito é chamado de born global que significa, já “nascer global“, e pode ser bem representado através do estudo de caso da empresa TRIKKE. A empresa TRIKKE, foi fundada em 1980 por sócios brasileiros e americanos e já iniciou sua produção fabricando na China e vendendo para mercados como os da América do Norte, América Latina, Europa e Ásia, tratando-se de uma empresa que vende um tipo de patinete, (um veiculo de transporte para pessoas) e que inicialmente foi fundada com a intenção de 56 vender seu produto para o mercado brasileiro, mas em detrimento das políticas públicas daquela época não serem favoráveis, seu escopo de venda de produtos foi modificado para uma escala global. (FERNANDES et al, 2007) A expansão desta empresa se deu de uma maneira interessante, pois foi através do contato de um de seus sócios em uma feira internacional de bicicletas com um empresário chinês que recebeu o convite para conhecer seu país, a partir deste momento, todo o escopo de fabricação do patinete TRIKKE foi modificado e a adoção da tecnologia do mercado chinês incorporada ao design e expertise da corporação. Hoje a empresa conta com uma sociedade multicultural em sua gestão e se diz uma corporação internacional, enfatizando que uma das fórmulas de seu sucesso é exatamente a atuação sem fronteiras. (FERNANDES et al, 2007) “Desde 2003, os principais acionistas da Trikke eram Gildo Beleski (acionista majoritário), John Simpson, Luciano Araújo e Ozório Trentini, além de outros minoritários (mais três americanos e um brasileiro). Um dos sócios brasileiros observou: “ “Hoje, nosso objetivo é ter uma empresa sem fronteiras, a começar pela sociedade: somos oito sócios, quatro brasileiros e quatro americanos, mas pensamos em colocar chineses, europeus, enfim, pessoas de todo o mundo, na sociedade.” (FERNANDES et al, 2007, p. 7) No entanto não somente as corporações envolvidas em ações internacionais contribuem para o desenvolvimento e para a geração de inovação, mas a expatriação em si também pode ser pensada como um fator de alcance para o desenvolvimento institucional e socioeconômico dos países envolvidos neste processo. No caso do Brasil especificamente, uma pesquisa feita pela FGV apontou o fator imigração como sendo um vetor do desenvolvimento sócio econômico e industrial, ou seja, que além das inovações trazidas pela troca de conhecimento internacional para as empresas é provado que o alicerce 57 industrial e corporativo Brasileiro sofreu e vem sofrendo contemporaneamente os reflexos do emprego de mão de obra estrangeira de uma forma positiva. A pesquisa afirma que a expatriação de hoje adquire características mais sofisticadas do que o processo de imigração e empregabilidade de estrangeiros no passado; a imigração do passado contribuiu para o desenvolvimento econômico do Brasil uma vez que a maioria dos trabalhadores estrangeiros, devido a uma descriminação presente no setor empresarial, aceitava trabalhar em baixos cargos, em empregos operacionais, atendendo a condições muito precárias de trabalho, o que possibilitou diretamente às indústrias um crescimento acelerado pautado em baixos custos. Já o processo de expatriação contemporâneo assume um papel mais inventivo e aperfeiçoador das estruturas já construídas, ou seja os expatriados de hoje vêm a contribuir com seu conhecimento para a inovação dos sistemas que seus antepassados ajudaram a construir. A pesquisa salienta que as políticas de imigração no Brasil, apesar de reconhecidos os valores de capital trazidos pela inovação gerada pela contratação de imigrantes, não deveriam visar somente o desenvolvimento econômico, deixando claro que em termos de contribuições positivas para o pais, o desempenho dos estrangeiros é plural não só no desenvolvimento de novos negócios, e no quesito inovação, mas também em termos culturais e diversos. Desta forma, por meio de políticas estrategicamente orientadas, o governo brasileiro deveria implementar ações para possibilitar a retenção de mão de obra qualificada, que representariam ganhos sócio econômicos, sociais e geopolíticos, propiciando um melhor aproveitamento do status brasileiro atual em âmbito internacional, menciona a pesquisa. A realidade é que, dadas as disparidades entre os mercados de trabalho em âmbito global e regional e as tendências demográficas, as migrações tornaram-se essenciais para o crescimento econômico, desenvolvimento e competitividade. Estratégias eficazes 58 deveriam buscar equilibrar, considerações de longo e curto prazo, conciliar os interesses dos países de origem e de destino dos migrantes, e zelar pela coerência máxima entre a política de migração e de outras áreas, especialmente investimentos, incentivos e regulações, relativos aos mercados de trabalho, além de questões relativas ao emprego, família, educação e treinamento. (DAPP/FGV, 2012, p. 57) A comparação dos gráficos a seguir demonstra claramente a disparidade no quantitativo de imigração para o Brasil ao longo dos anos e através deles fica possível visualizar a diferenciação deste processo dos anos noventa até o ano de 2012, ficando claro que houve um aumento no ritmo de expatriação considerável nos últimos anos, mas que, no entanto, reflete a teoria de uma expatriação mais coordenada e movida por uma mercadológica de imigração ligada à oportunidades de trabalho mais convenientes. Figura 5: Percentuais de imigrantes vivendo no Brasil por período em que fixaram residência no país. FONTE: DAP/FGV, 2012, p.57 O segundo gráfico, por sua vez, salienta que a maioria dos vistos pedidos para residência no país é relacionado diretamente a emprego. 59 Figura 6: Percentuais de vistos de trabalho permanentes versus temporários concedidos pelo governo brasileiro, 2006-2011 FONTE: DAP/FGV, 2012, p.60. Não somente no Brasil, mas também em outros países, as novidades e conhecimentos adquiridos através da internacionalização do mercado, vêm servindo como exemplo para muitas empresas que querem se tornar mais produtivas e sintonizadas com o mercado. A empresa americana Google é uma das mais comentadas no cenário internacional e seu modelo vem servindo de exemplo para muitas outras empresas. Usando a empresa Google como exemplo, Fragoso (2009) descreve o modelo positivo desta organização baseado no bem estar dos colaboradores como sendo positivo para a produção, quando esta organização oferece horários flexíveis aos funcionários, nenhum código de vestimenta, salas climatizadas, refeições variadas, entre outras facilidades que fazem acreditar a felicidade e a valorização do profissional como sendo o ponto chave do desenvolvimento da instituição. Este é um exemplo clarificador de como a cultura organizacional e o clima interferem na produção da empresa, mas não são somente eles os responsáveis pelo sucesso das organizações. 60 “O Google, a mais bem-sucedida companhia digital do mundo, recruta todo ano 16 jovens talentos, recém-saídos da universidade, e lhes dá cargos de chefia. Para treinálos, organiza uma viagem de 16 dias por quatro países (Japão, China, Índia e Israel), com a missão de absorver a cultura local, fazer contatos e realizar tarefas. A consultoria Accenture afirma que 38 mil consultores e a maior parte de sua equipe de serviços recebem treinamento para colaborar com colegas de outros países. A IBM criou no ano passado um portal que conecta seus funcionários em todo o mundo. Qualquer um deles pode montar uma equipe internacional a partir de uma idéia. Isso já levou, segundo a empresa, a mais de 70 negócios.” (SALOMÃO et al, 2007) A partir destas constatações é possível identificar 2 fatores importantes para a inovação no campo organizacional, são eles: a internacionalização do conhecimento e a adoção de uma cultura interna mais produtiva a partir desta internacionalização, considerando que ambas as disciplinas são objeto de estudo da GIP. Entende-se, através destas explanações, que a adoção de novos profissionais estrangeiros, bem como o contato globalizado entre empresas e culturas pode ser sim um fator incentivador ou mesmo criador de novos modelos de gestão e produtos mais inovadores uma vez que o enfrentamento de novos mercados por organizações buscando adquirir novas tecnologias e superar as ações da concorrência pode acabar criando novas formas de agir, pensar e planejar afetando diretamente a cultura destas empresas. 61 CONCLUSÃO Uma vez que os modelos de gestão estratégica são baseados no sucesso do aproveitamento de capital intelectual humano, o fracasso da organização está ligado ao fato do mau aproveitamento deste capital. Analisando esta constatação através de uma perspectiva de consequências que este trabalho evidenciou a respeito do movimento de internacionalização de mercado é possível até mesmo dizer que, muito em breve, não se falará mais em gestores incapacitados para o trabalho com organizações ou pessoas estrangeiras e que o mercado vai tornar-se ainda mais rápido e exigente em termos de comunicação devido ao empenho e resultados de trabalhos obtidos por estes novos profissionais, adoção de novas tecnologias e outros, compreendendo a internacionalização de mão de obra, como apenas mais uma forma de crescer se utilizando e valorizando o capital humano e o movimento de expansão para mercados exteriores como uma tendência natural. A contratação de mão de obra global exigirá cada vez mais que os profissionais responsáveis se adéquem a este novo modelo, assumindo que estes tenham também experiências em trabalhos globais, vivência em outras culturas, domínio de línguas, características diplomáticas e identificação pessoal e de competências profissionais em geral condizentes com seu novo modelo de trabalho, e com isso servira cada vez mais de incentivo para que as empresas busquem novas alternativas em mercados diversos alimentando ainda mais o movimento de internacionalização. As alternativas de treinamentos estratégicos, estudadas neste exposto, como investimento em educação da gestão e da mão de obra local, através da troca de conhecimentos, envio de profissionais para o exterior, contratação de tecnologia e força de trabalho estrangeira, fazem parecer possível à formação de uma gestão eficiente, multiplicadora de conhecimento, para a transformação 62 de departamentos de RH nacionais em departamentos de RH internacionais, levando em consideração que outras estratégias podem ser também buscadas no sentido de suprir as necessidades desta transição, e que muitas provavelmente ainda vão surgir oriundas dos avanços tecnológicos nos meios de comunicação. Os choques culturais advindos do relacionamento de pessoas de diferentes nacionalidades dentro das empresas parecem mais produtivos do que custosos, levando em consideração os casos práticos estudados neste exposto percebe-se que o período de adaptação dos colaboradores é que se coloca como o maior fator de risco nestes empreendimentos e que quando este período é bem acompanhando, gerido e bem sucedido as possibilidades de sucesso de investimento é uma garantia de inovação para as empresas. Este estudo, portanto, fez concluir que é essencial a presença de um modelo de gestão de RH Internacional para dar conta destas novas características de abertura de mercado, pois um RHN não daria mais conta de atividades de cunho globalizado necessitando de uma reforma em seu escopo de atuação e que uma vez que a ferramenta chave desta evolução dentro das organizações e a mão de obra humana e esta tende a ser internacionalizada, concluindo que a gestão destas novas atividades deva ser efetuada por um setor e por pessoas competentes e devidamente treinadas para esta tarefa, e por consequência deste movimento, existe uma tendência que os RHN tenham seus modelos defasados ou superados pelo tempo. Por outro ângulo também pode se pensar que devido à globalização do mercado e à competição por produtos travada pelas empresas, exista uma tendência de todo departamento de RHN, ainda que pequeno ou inserido em um contexto nacional, em tornar-se, no futuro, organizado o suficiente para poder efetuar atividades, ainda que minimamente, ligadas à esfera de GIP e que exista uma tendência também à modificação do comportamento e treinamento dos profissionais desta área, para que possam atender a esta nova demanda. 63 Este estudo faz também concluir informações importantes a respeito do cenário mercadológico brasileiro como um todo que diante ao movimento de internacionalização leva a pensar que não só o Brasil, mas a América do Sul, são hospedes de um movimento de internacionalização de mercado ainda jovem e necessitado de amadurecimento, quando comparado a outros continentes como a Europa por exemplo. Por um lado, o mercado de trabalho brasileiro tem crescido muito nos últimos anos e as empresas se reinventado mesmo a despeito das condições internas desfavoráveis como o altíssimo índice de analfabetismo, a baixa escolarização da população e a falta de incentivo para o pequeno empresário, sendo estes também resíduos da crise financeira gerada pelo acumulo da dívida externa que veio se arrastando e refletindo em vários setores da economia gradativamente por um longo tempo, e de outros fatores como o descaso de autoridades, má administração, corrupção entre outros que aqui não caberiam. Desta forma, o governo brasileiro, ao contrário das empresas que se desenvolvem, parece involuir deixando a desejar, em nível de incentivo, em diversas áreas como as de educação e saúde, fundamentais para o desenvolvimento da população e dos profissionais que necessitam de especializações para ocuparem seus cargos dentro das empresas e que por sua vez poderiam definitivamente alavancar ainda mais as ações de investimento e expansão dos setores empresariais, pois uma vez que o recurso responsável pelo desenvolvimento das corporações é humano, há que se criar condições para o melhor uso deste recurso e não o contrário. Por outro lado a inserção de empresas internacionais, a contratação de mão de obra estrangeira e o crescimento de capital estrangeiro em investimentos no país vem se mostrando positivo, aumentando o nível de empregabilidade e mesmo criando novas oportunidades de trabalho, desenvolvendo e modificando a atuação de nichos profissionais como o de recursos humanos, fazendo com que profissionais precisem se adequar a novos modelos de trabalho fomentando processos de inovação em gestão e absorção de conhecimento. 64 Todo este cenário faz pensar na existência de uma desorganização muito alarmante em meio a um movimento de expansão positiva em pleno despreparo. Numa terra que para tentar evoluir se abre cada vez mais para o mercado externo, internacionalizando, buscando aprimorar-se e investir em tecnologia para crescer, desenvolver, evoluir, multiplicar, enquanto que internamente encontra-se ainda carente de infra-estrutura e condições básicas para seu próprio desenvolvimento, como um peixe nadando em um lago poluído buscando respirar com a cabeça fora d’água. 65 BIBLIOGRAFIA BACALTHUK, A. - A Experiência de Expatriados da Jhon Derre e a Função do RH Internacional. 2011. 70p. Trabalho de Conclusão (Ciências Administrativas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; BLACK, J. S.; GREGERSEN, H. B. Antecedents to cross-cultural adjustment for expatriates in Pacific Rim assignments. Human Relations, v. 44, pp. 497–515, 1991; BLACK, J. S.; GREGERSEN, H. B. (1999) The right way to manage expats, Harvard Business Review, March/April, pp. 52–62; BLACK, J. S.; GREGERSEN, H. B.; MENDENHALL, M. E. 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Acesso em: 01 set. 2013; 76 ANEXOS Número e Distribuição de Brasileiros no Mundo (BRASIL, 2012). 77 78 79 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 5 EPÍGRAFE 6 RESUMO 7 METODOLOGIA 8 LISTA DE SIGLAS E/OU ABREVIAÇÕES 9 SUMÁRIO 10 INTRODUÇÃO 12 CAPÍTULO I O crescimento das empresas e a necessidade da adoção de um modelo de RH internacional 15 1.1 – Expansão dos conhecimentos da gestão e treinamento bilíngue 20 CAPÍTULO II Organização, cultura e comportamento organizacional 25 2.1 – A importância do clima organizacional e da compreensão do conceito individual de cultura e os reflexos da internacionalização nesta cultura 26 2.2 – Os impactos da convivência intercultural, seus ganhos e perdas e o posicionamento 29 da gestão frente a este cenário 2.3 – Políticas de incentivo a troca de conhecimentos e a formação de novos profissionais através desta troca 32 CAPÍTULO III O processo de expatriação e o que são os expatriados CAPÍTULO IV 35 80 As atribuições de um RH internacional 42 4.1 – Promoção de treinamento e adoção de novas estratégias para a adaptação dos profissionais estrangeiros em diferentes mercados 43 45 4.2 – Novas ferramentas e tecnologia a serviço do RH internacional CAPÍTULO V A atuação diferenciada dos profissionais de gestão internacional de RH 50 5.1 – Contratação e formação de gestores competentes para um diálogo intercultural eficiente 54 CAPÍTULO VI Os modelos de gestão inovadora como características de um novo cenário mercadológico 55 CONCLUSÃO 61 BIBLIOGRAFIA 64 WEBGRAFIA 69 BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA CITADA 73 ANEXOS 75 ÍNDICE 78 ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS 80 81 ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS FIGURA 1 - O processo de internacionalização 16 FIGURA 2 - Uma organização é um sistema que transforma recursos em produtos e serviços 25 FIGURA 3 - O processo de expatriação: questões culturais 34 FIGURA 4 - Possíveis movimentos dos expatriados 36 FIGURA 5 - Percentuais de imigrantes vivendo no Brasil por período em que fixaram residência no país 58 FIGURA 6 - Percentuais de vistos de trabalho permanentes versus temporários concedidos pelo governo brasileiro, 2006-2011 59 TABELA 1 - Número e distribuição de brasileiros no mundo 37 82