1 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ADRIANO OLGA DE SOUZA BERTONCELLO FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS VOLTADAS À GESTÃO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL SÃO PAULO 2006 11 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ADRIANO OLGA DE SOUZA BERTONCELLO FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS VOLTADAS À GESTÃO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof. Dr. Wilson Shoji Iyomasa São Paulo 2006 12 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ADRIANO OLGA DE SOUZA BERTONCELLO FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS VOLTADAS À GESTÃO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho ________________ em: _____ de ____________________ de 2006. ____________________________________ Orientador: Prof. Dr. Wilson Shoji Iyomasa ____________________________________ Nome do professor da banca Comentários: ______________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 13 Ao meu avô, Doutor Hélio Olga de Souza, sempre solícito e presente em todos os momentos de minha vida. 14 AGRADECIMENTOS Agradeço a meu orientador, Prof. Dr. Wilson Shoji Iyomasa, o qual esclareceu as minhas dúvidas e dedicou seu tempo e conhecimento para o bom desenvolvimento deste trabalho. 15 RESUMO Dentro de um mercado dinâmico e competitivo, onde a qualidade, confiabilidade e velocidade na troca de informações ditam o andamento dos processos e interferem diretamente no resultado final, é imprescindível a continua atualização de métodos, técnicas e ferramentas de trabalho. Considerando a evolução tecnológica das ferramentas de informática voltadas à construção civil, a sua aplicação direcionada às necessidades especificas de cada empresa é de extrema valia e fator fundamental na melhoria da produtividade. O presente estudo trata da aplicação de um software utilizado em obras de infra-estrutura de grande porte, que necessita da interação entre projetista, empreiteira e cliente. No estudo de caso, aplicado nas obras de ampliação do aeroporto de Congonhas da cidade de São Paulo, buscou-se demonstrar as facilidades do uso dessa ferramenta, a agilidade e interação entre as diferentes equipes técnicas envolvidas no projeto, que constituíram nos pontos positivos do software empregado. Por outro lado, o uso dessa ferramenta exigiu alterações no organograma da empresa, modificações nos procedimentos tradicionais de aprovação dos projetos executivos, e até, na composição da equipe técnica do projeto. 16 ABSTRACT In a very dynamic and competitive market where quality, trust and speedy information exchange dictate the evolution of processes, and interfere directly in their final results, it is extremely necessary to continually update methods, techniques and work tools. Considering the technological evolution of software systems for civil engineering, their application in the specific needs of each company is extremely valuable and represent a fundamental agent in the enhancement of productivity. This study concerns the use of a software system applied to works of very large foundations, which requires interaction among designer, contractor and client. The case study, the works of expansion of Congonhas airport in the city of São Paulo, aims to demonstrate how easy it is to use the software and how the different technical teams interact, all of which proved to be the high point of the software. On the other hand, the use of this tool demanded some changes in the company organization, in the traditional procedures of approval of executive projects and even in the arrangement of the technical team itself. 17 LISTA DE FIGURAS Figura 5.1 – Módulo de Controle de Acesso Figura 5.2 – Módulo de Entrada – Coordenador Figura 5.3 – Módulo de Grau de Segurança e Acessos Figura 5.4 – Módulo de Aprovações e Pré-Aprovações Figura 5.5 – Módulo de Relatórios de Atividades Figura 6.1 – Prolongamento do Conector com mais quatro pontes de embarque de passeiros (azul claro) Figura 6.2 – Imagem aérea mostrando o local das obras dos acessos ao pátio de manobras e à pista (amarelo) Figura 6.3 – Imagem mostrando a localização das obras do pátio oeste (amarelo) Figura 6.4 – Localização das obras de recapeamento das pistas auxiliares (vermelho) Figura 6.5 – Localização das obras do Saguão Central (vermelho) Figura 6.6 – Localização geral das obras do sistema viário (vermelho) Figura 6.7 – Corte esquemático para mostrar as obras do sistema viário e ala sul Figura 6.8 – Organograma do setor de projetos – Consórcio Figura 6.9 . Fluxograma do encaminhamento de projetos da concepção ao término 18 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PC – Personal Computer IBM – Internetional Business Machine IUS – Information Unlimited Software PC – DOS – Personal Computer Disak Operate System CPM86 – Machine 86 UCSD – University Corporation DARPA – Defesa de Projetos de Pesquisa Avançada WWW – World Wide Web SADP – Sistema de Armazenamento de Dados de Projetos FTP – File Transfer Protocol CEP – Código de Endereçamento Postal CCCC – Construções e Comércio Camargo Corrêa INFRAERO – Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária CGH2 – Consórcio Congonhas 2 19 SUMARIO 1. 2. 2.1 2.2 3. 4. 5. 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 6. 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 7. 8. 9. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 OBJETIVO ............................................................................................................. 15 Objetivo Geral .......................................................................................................... 15 Objetivo Específico .................................................................................................. 15 METODO DE TRABALHO ................................................................................. 17 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 19 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .............................................................................. 20 Origens do Processamento de Dados ....................................................................... 20 A Evolução dos Programas Computacionais. .......................................................... 22 A Aplicação Computacional na Engenharia............................................................. 24 O Sistema SADP. ..................................................................................................... 25 O Sistema SADP Descrito por Módulos .................................................................. 28 Módulo do Coordenador e Funções ......................................................................... 28 Restrição de Acessos ................................................................................................ 30 Grau de Segurança, Aprovações e Pré-Aprovações ................................................. 31 Módulo de Relatórios ............................................................................................... 32 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 33 Localização da Obra ................................................................................................. 33 A Obra ...................................................................................................................... 33 Setor de Projetos / Concepção da Obra .................................................................... 40 Organograma do Setor de Projetos ........................................................................... 41 Procedimento Estabelecido ...................................................................................... 42 O Procedimento descrito em etapas: ........................................................................ 43 Fluxograma do encaminhamento de projetos: .......................................................... 45 Números do Setor de Projetos (mês de Junho de 2006): .......................................... 47 CONCLUSÕES....................................................................................................... 48 RECOMENDAÇÕES............................................................................................. 50 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 51 12 1. INTRODUÇÃO A evolução da civilização exigiu que fossem desenvolvidas tecnologias para atender as necessidades da humanidade. Dentre elas destacam-se às relacionadas ao setor da construção civil, que no passado permitiu a construção de grandes obras como as pirâmides, pontes, cidades, entre outros monumentos. Nas últimas décadas do século passado, o setor da construção civil sofreu um salto significativo no que se refere aos avanços tecnológicos conseguidos pelo homem, em função da inserção da informática na cadeia produtiva desse setor. No Brasil, a inserção das ferramentas computacionais nas obras civis ocorreu há mais de 30 anos, quando foram desenvolvidos programas para cálculo rotineiros da engenharia. Nessa época, os computadores eram máquinas de grande porte que ocupavam salas imensas, e não raramente, necessitava-se de outra sala para centralizar a equipe de perfuradores de cartões dos programas de computação. Nos últimos anos com a “popularização” dos microcomputadores pessoais, mais conhecidos como PCs (Personal Computers), o setor da construção civil foi um dos que sofreu grande transformação: desenvolveram-se programas computacionais para executar grande quantidade de cálculos complexos, ensaios virtuais de protótipos para avaliação de projetos, etc., e mais recentemente, as ferramentas computacionais permitiram melhorar o desempenho organizacional das empresas projetistas e das construtoras, inserindo aspectos da qualidade, como fidelidade das informações, confiabilidade dos dados, rapidez na comunicação, entre outros. É nesse contexto que o presente trabalho foi desenvolvido, ou seja, o emprego das ferramentas computacionais, em especial, os programas do tipo plataforma para o gerenciamento e gestão de projetos de construção civil. 13 Na fase da concepção de uma obra civil existem alguns serviços distintos os quais envolvem diferentes profissionais de diversas áreas como cliente, projetistas e engenheiros (executores). A troca de informação com qualidade e rapidez por estes profissionais, visando atingir os objetivos, torna-se importantíssima. Esse envolvimento requer um relacionamento contínuo para as necessidades da construção, como adequar e/ou modificar os projetos já elaborados, e principalmente no gerenciamento e gestão do projeto. É comum nessa fase da construção a distribuição das equipes técnicas: no canteiro de obras; nos escritórios do projetista, da construtora e da empresa empreendedora. Com o advento da rede internet abriu-se grande oportunidade para melhorar a comunicação entre esses profissionais, e para viabilizar a interação entre eles desenvolveram-se programas computacionais com protocolo de comunicação. O uso desta nova ferramenta de comunicação se deu em diferentes campos, sendo um deles o da Engenharia Civil que com a necessidade em aumentar a eficiência das empresas e dos profissionais, rapidamente, incorporou-a no dia-a-dia dos trabalhos da construção civil. Com o objetivo de demonstrar a utilidade das ferramentas computacionais para o setor da Engenharia Civil realizou-se, no presente estudo, um levantamento dos diferentes tipos de programas disponíveis no mercado voltado à gestão de projetos de construção civil. A escolha de uma dessas ferramentas e sua aplicação em estudo de caso permitiram realizar avaliações quanto às vantagens e limitações do uso na construção civil, verificar qualitativamente o aumento do desempenho e da melhoria dos procedimentos protocolares necessários entre as diferentes empresas e as equipes de profissionais envolvidos. 14 Para esse estudo de caso prático foi escolhida a obra de reforma do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde se utilizou o Sistema de Armazenamento de Dados de Projetos – SADP, que oferece a facilidade na comunicação entre equipes e tornam ágeis as trocas de informações técnicas entre usuários localizados em diversos pontos geográficos e possui capacidade para aplicação em grandes empreendimentos. Os resultados obtidos na aplicação dessa ferramenta computacional são apresentados neste trabalho. 15 2. OBJETIVO O presente trabalho de conclusão do curso de Engenharia Civil tem por finalidade oferecer oportunidade ao aluno em desenvolver pesquisa tecnológica relacionada ao uso de ferramentas computacionais na construção de obras civis. Nesse sentido, o estudo visa atingir dois objetivos principais: o de ordem geral e os objetivos específicos, como descritos nos itens que seguem. 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver o estudo para demonstrar a utilidade das ferramentas computacionais voltadas à gestão de projetos no campo da Engenharia Civil. Nessa linha de pesquisa, faz parte também do objetivo geral desse estudo, a elaboração de um breve histórico da computação no auxílio dos trabalhos relacionados à construção civil, pela importância na compreensão da constante evolução da ferramenta computacional aplicada na Engenharia Civil. 2.2 Objetivo Específico A partir da escolha criteriosa de um software, disponível no mercado, e a aplicação dessa ferramenta em caso prático da construção civil, em fase de execução, o estudo visa atingir os seguintes objetivo específicos: • O correto uso da ferramenta computacional no desenvolvimento dos trabalhos de Engenharia Civil; • Demonstrar as vantagens na gestão de projetos; • As melhorias nos procedimentos diários em uma obra civil decorrentes do uso de sistemas de redes computacionais; 16 • O estudo prático visa ainda identificar as dificuldades e limitações do software utilizado no estudo de caso. 17 3. METODO DE TRABALHO Para atingir aos objetivos propostos do presente estudo tecnológico, os trabalhos estão sendo desenvolvidos adotando-se as seguintes etapas de atividades: Pesquisa bibliográfica: • Levantamento de artigos e publicações técnico-científicas, dissertações e teses, revistas especializadas em Engenharia Civil, entre outras publicações; • Pesquisa na rede Internet na busca de artigos disponibilizados em sites de associações técnicas e entidades científicas; • Informações verbais e entrevistas. Análise das informações: • Os dados coletados foram organizados em formato digital; • A partir dessa organização, realizou-se uma análise criteriosa e direcionada aos interesses da presente pesquisa tecnológica na Engenharia Civil. Discussão de softwares empregados na gestão na Engenharia Civil: • Realizou-se uma avaliação dos principais softwares empregados na construção civil, visando identificar as vantagens e desvantagens de cada um deles; • A partir dessa avaliação, escolheu-se um software para aplicação em estudo de caso. Estudo de caso: • Para atingir aos objetivos específicos propostos, utilizou-se a ferramenta computacional em uma obra civil, em execução; • Nessa fase do trabalho realizou-se a coleta de informações no escritório relativo ao planejamento da obra; • Participação das atividades, acompanhando os trabalhos para a coleta de dados de campo. 18 Análise da aplicação do software no estudo de caso: • Avaliação do uso da ferramenta computacional na obra escolhida como estudo de caso; • Análise dos resultados. Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: • Concluídas as atividades das etapas anteriores foi elaborado o relatório técnico que compõe o Trabalho de Conclusão de Curso. 19 4. JUSTIFICATIVA A escolha do tema está fundamentada no uso, ainda recente, das ferramentas computacionais na gestão e gerenciamento de construção de obras civis. O outro motivo da escolha desse tema é devido à facilidade oferecida pelas ferramentas tornando ágeis as comunicações entre os membros da equipe envolvida, além de auxiliarem na gestão e no gerenciamento da construção civil. Por outro lado, a facilidade na aplicação prática da ferramenta em obras civis em execução, e aos acessos às informações técnicas, direcionou para a escolha deste tema. A possibilidade em divulgar os recursos da informática nas atividades da Engenharia Civil, também, motivou o desenvolvimento do presente estudo. Acredita-se que é uma oportunidade para compartilhar estes conhecimentos com os demais alunos por meio da divulgação em trabalho de conclusão de curso. Finalmente, um motivo particular do aluno em desenvolver o presente tema foi pelo interesse em se aprofundar e buscar novos conhecimentos na área da informática aplicada à Engenharia Civil. 20 5. REVISÃO BIBLIOGRAFICA O levantamento efetuado em diversas bibliografias relativas ao tema permitiu, inicialmente, compreender o histórico do desenvolvimento da informática, em especial, na área da Engenharia Civil. Nos itens subseqüentes são apresentadas, de forma simplificada, as principais fases do desenvolvimento tecnológico da informática na Engenharia Civil. 5.1 Origens do Processamento de Dados Apesar dos computadores eletrônicos terem aparecido na década de 40, sabe-se que os fundamentos em que se baseiam remontam a centenas de anos considerando aspectos de diferentes culturas como o ábaco, o logaritmo e a régua de cálculo e a origem do processamento de dados como base em suas funções. Ao se levar em conta que o termo computador significa fazer cálculos, contar, efetuar operações aritméticas, computador definir-se-ia como a máquina que auxilia o homem na realização desta tarefa, com a vantagem de redução do tempo, organização, facilidade executivas entre outras (HOLANDA, 2006) Inicialmente o homem utilizou-se de gravetos para realizar esta tarefa, dando origem a um sistema, o sistema decimal. Do sistema decimal surgiram os termos digital e dígito (OKA, 2000). Com a mudança de hábitos do homem pré-histórico de suas andanças atrás da caça para o desenvolvimento da agricultura em localidades próximas a rios e lagos o homem criou um método para a contagem do tempo. Com a sobra de tempo em função da comida agora controlada e mais abundante e da certeza da disponibilidade de água sem a necessidade de longos deslocamentos possibilitaram o planejamento de tarefas, 21 a execução de peças em argilas, como anéis e outros objetos, que passaram a exigir a necessidade de contar, somar e dividir entre outras operações básicas. Com isso surgiram as tabuadas de multiplicação e recíprocos. Na medida em que os cálculos foram se aprimorando construíram-se os ábacos. Este era formado por fios paralelos e contas ou arruelas deslizantes, que em função de sua posição representavam um determinado valor. Este sistema de contas recebeu o nome de cáluli, nome dado pelos romanos, sendo originado daí a palavra cálculo. Em 1614, apareceram os indícios de registros de um conjunto de noves bastões (NAPIER, 1620, apud Oka, 2000), um para cada dígito que transformaram a multiplicação de dois números numa soma das tabuadas de cada dígito, que deram origem ao logaritmo. Ao representar estes em escalas de madeira foi construída a régua de cálculo (GONICK, 1984). Na história da informática, a primeira máquina considerada como computador foi um equipamento analógico, que se diferencia dos atuais computadores digitais. Os analógicos realizam operações aritméticas por meio de analogia, ou seja, não trabalham com números ou símbolos representativos dos números. Os cálculos são efetuados por meio de analogia direta, por isso foram denominados analógicos, entre as quantidades a serem trabalhadas, enquanto que, os digitais operam diretamente com os dígitos (OKA, 2000). Em 1642, apareceu a primeira máquina de calcular (Blaise Pascal), ou Pascalina como ficou conhecida, e foi a primeira calculadora mecânica do mundo (OKA, 2000). Registros históricos mostram que o conceito de realização de multiplicações e divisões foi apresentado por Gottfried Wilhelm, em 1671 (THOMAS, 1869 apud OKA, 2000), e a primeira calculadora comercializada com sucesso foi a Arithmometer, que possuía a capacidade de efetuar as quatro operações aritméticas básicas. Com a introdução dos registros somadores, foi construída uma máquina capaz de calcular e preparar tabelas matemáticas de algumas funções e foi batizada de máquina diferencial (MULLER, 1786 apud OKA, 2000). 22 Em 1833, surgiu a máquina analítica, comandada por um conjunto de cartões perfurados e constituída de controle de memória, de operações aritméticas. Esta foi construída por Baddage com o auxílio de Ada Lovelece, matemática talentosa e uma das poucas mulheres a figurar na história do processamento de dados, tendo sido a primeira programadora de comutador do mundo (OKA, 2000). Desde então os programas de computadores vem evoluindo constantemente e seu uso está em todas as áreas e atividades do homem, com programas específicos para sua aplicação. 5.2 A Evolução dos Programas Computacionais. Com os surgimento dos primeiros PCs (Personal Computer) entre 1982 e 1983, a IBM International Business Machine anunciou diversos aplicativos iniciais, incluindo o VisiCalc, uma série de programas de contabilidade da Peachtree Software, um processador de textos denominado EasyWriter, da Information Unlimited Software (IUS). Além desses, ressalta-se o Microsoft Adventure e uma grande quantidade de programas elaborados especificamente para o IBM PC. Além de fornecer o PC-DOS (Personal Computer – Disk Operation System), a IBM implantou o suporte ao CP/M-86 (Machine – 86) e ao UCSD p-System (University Corporetion), sistemas operacionais que representavam uma pequena concorrência (NÓBREGA, 2006). Apesar da quantidade de programas escritos para estes sistemas, com o tempo o PCDOS passou a ser aceito como padrão para todos os programas elaborados para os computadores pessoais (NÓBREGA, 2006). Na maioria dos casos, estes produtos logo eram desafiados por uma variedade de outros pacotes. Embora o Easy Writer tenha sido o primeiro, por exemplo, produto mais 23 capacitado - incluindo o WordStar, o MultiMate e, mais tarde, o WordPerfect, fizeram com que ele desaparecesse nos anos seguintes (NÓBREGA, 2006). Na arena das planilhas eletrônicas, foi idealizado o VisiCalc, e posteriormente, um pacote para fluxogramas que trabalhava com o VisiCalc nas máquinas Apple II, sendo superado pelo programa Lotus 1-2-3 (NÓBREGA, 2006). No princípio, o Lotus 1-2-3 enfrentou a concorrência de programas como o Context MBA, que se apoiava no UCSD p-System. Mas o Lotus 1-2-3 foi elaborado diretamente para o sistema de vídeo do IBM-PC, ignorando o DOS. Como resultado, era bastante rápido e assumiu a liderança no mercado do PC. Assim como o VisiCalc havia sido o "aplicativo definitivo" para o Apple II, o Lotus 1-2-3 representou o papel principal no IBM PC (NÓBREGA, 2006). Dentro de pouco tempo, viu-se uma variedade de programas em outras áreas, desde aqueles confeccionados em outras plataformas - como o DBASE II da Ashton Tate - até muitos programas elaborados especificamente para o IBM PC, incluindo o Microsoft Flight Simulator (NÓBREGA, 2006). No final de 1983, a Microsoft já havia começado a trabalhar com programas aplicativos para o Macintosh e, no mesmo ano, anunciou o Windows 1.0 (NÓBREGA, 2006). O software integrado passou a ser o assunto em pauta de 1984, com a introdução do Lotus Symphony e do Framework da Ashton Tate, programas que combinavam processamento de textos, planilha eletrônica, gráficos e funções de base de dados num único pacote integrado (NÓBREGA, 2006). O Windows 3.0 surgiu em 1990 e, posteriormente, o S/2 Warp 3.0, direcionado ao consumidor comum e foi lançado no final de 1994. A Microsoft viria a transformar seu antigo "OS/2 3.0" no Windows NT 3. 1, que foi lançado em 1993 sem o suporte gráfico ao OS/2 (NÓBREGA, 2006) 24 A Microsoft, nessa mesma época, lançou seus produtos, Visual Basic e Visual C++. Além desses, foram lançados os aplicativos Microsoft – “pacote Office” contendo o Word, o Excel, o PowerPoint e, mais tarde, o Access (NÓBREGA, 2006). Com o surgimento da Internet, datado do início dos anos 60, o órgão de Defesa de Projetos de Pesquisa Avançada (DARPA) do Pentágono estabeleceu critérios para as conexões de computadores entre universidades. Com a definição da World Wide Web (WWW) e após o lançamento do programa Mosaic ao público, no final de 1993, a rede Internet, em particular a Web, puderam ser acessadas por qualquer pessoa que tivesse um computador pessoal (NÓBREGA, 2006). Esta ferramenta revolucionou o mundo da informática e passou a ser fundamental para os acessos comuns a bancos de dados e informações compartilhadas entre milhares de ”internautas”. 5.3 A Aplicação Computacional na Engenharia. Com a evolução dos programas a indústria da Construção Civil passou a adotar várias tecnologias com o propósito de melhorar seu desempenho. Entre essas tecnologias podem ser citados: o desenvolvimento de novos materiais; a inserção de novos métodos de cálculo; entre outros avanços tecnológicos. No campo da informática pode-se afirmar que foram desenvolvidos inúmeros programas desde os generalizados, ou seja, de uso comum, como outros de uso específico e desenvolvido para áreas ou atividades específicas. A necessidade no aumento da eficiência das empresas e dos profissionais com a globalização, a inserção da internet e os novos panoramas mundiais no mercado da construção civil, associado ao atual cenário nacional com escassez de recursos financeiros para investimentos em pesquisas, fez com que as empresas privadas e o 25 mercado da construção civil desenvolvessem com urgência melhorias na produtividade e competitividade por meio do uso de programas de computação.. Em função da característica de distribuição físicas da construção civil com canteiros de obra, escritórios de arquitetura e de engenharia em diferentes locais, associada à necessidade de troca de informações precisas e em tempo real, criaram-se programas que permitem acesso às informações em forma de um consórcio virtual e temporário para que se realize um empreendimento. Dentre os programas específicos e atuais no mercado voltados para a Engenharia Civil existe o SADP (Sistema de Armazenamento de Dados de Projetos), que vem sofrendo constante desenvolvimento e melhoria para atender às necessidades das empresas de construção civil. A estrutura do programa, confeccionada para a gestão de projetos na construção civil, pode ser adaptada às necessidades específicas do cliente usuário. 5.4 O Sistema SADP. Desenvolvido pela empresa SISTRUT Software e Tecnologia S/C Ltda., há quase vinte anos no mercado de desenvolvimento de softwares para engenharia, o sistema SADP, cuja primeira versão foi desenvolvida em 1999, vem sendo utilizado por empresas de construção civil na gestão de projetos, permitindo a conexão entre o canteiro de obras e o escritório central. Pelo levantamento efetuado, permite afirmar que o sistema foi o primeiro data waterhouse (armazenamento de dados) direcionado para as empresas de construção civil e projetos, baseado em sistemas colaborativos no Brasil. Trata-se de um sistema de informação baseado na tecnologia Web para projetos – Extranet de projeto. Há outras empresas que mantêm estes serviços e oferecem outras funcionalidades, como: visualização on line de documentos; markup (anotações no projeto); automação dos processos e do fluxo de trabalho (workflow) (MIURA, 2005). 26 Com sede em São Paulo, a SISTRUT foi fundada em 1986, pelo Engenheiro Marcelo P. Picarelli, que desenvolveu integralmente, tanto o sistema SISTRUT para cálculo estrutural, como o sistema SADP, serviços oferecidos para a indústria da construção civil. O sistema SISTRUT possui hoje 6000 módulos implantados enquanto que o sistema SADP gerencia em torno de 700 obras, com uma quantidade de acesso em torno de 1000 diferentes logins habilitando-se por dia. Apesar disso, em termos operacionais, o sistema SISTRUT representa de 60% a 70% das atividades da empresa, pois os suportes ao cálculo estrutural são mais demorados devido à análise necessária nos problemas apresentados (MIURA, 2006). O sistema SADP permite gerenciar obras em todo o território brasileiro, aproveitando dos benefícios que a rede tecnológica oferece: a localização das empresas torna-se menos importante, pois na rede Web todas as empresas estão “à mesma distância” dos consumidores de seus serviços e produtos (MIURA, 2006). Para o funcionamento do sistema, os usuários necessitam que tenha instalado no computador pessoal tão somente um browser de navegação do tipo NetScape ou Explorer, além de um software de FTP File Transfer Protocol (PICARELLI, 2006). De acordo com o idealizador do sistema, o programa está direcionado para empresas que elaboram projetos e que tenham a necessidade em remeter e receber arquivos digitais que requerem grande capacidade de memória, como as que contêm desenhos, figuras, imagens, planilhas associadas a textos e imagens digitais, entre outros (PICARELLI, 2006). O sistema permite o recebimento em tempo real por diversos projetistas localizados em diferentes pontos da rede. Permite, ainda, atuação simultânea em um determinado projeto. Entretanto, requer redistribuição cuidadosa das partes do projeto para que as pendências e interferências sejam analisadas por todos. 27 Ao analisar o SADP pode-se afirmar que se trata da união de três tecnologias que reunidas disponibilizam uma série de recursos para os usuários, em especial para a coordenação e para o gerenciamento de projetos e obras. Estas tecnologias são: • Armazenamento de Arquivos - Esta primeira tecnologia permite que em uma área segura de um servidor de armazenamento da rede InterNet seja depositado arquivos de qualquer tipo ou tamanho com a finalidade de disponibilizar o acesso às informações aos parceiros cadastrados. • Base de Dados - Este segundo recurso gerencia o funcionamento do sistema permitindo ao coordenador do sistema: configurar permissões; documentar e registrar quem e quando foram cadastrados os arquivos; quando foram consultados os arquivos disponibilizados pelos outros parceiros; quando foram revisados e cadastrados novos arquivos; e permite o bloqueio dos arquivos antigos. • Colaboração - Esta tecnologia trata da comunicação entre todos os usuários cadastrados na rede, notificando os parceiros de todas as operações que foram e estão sendo realizadas. O sistema permite, ainda, que cada parceiro usuário configure os seus próprios procedimentos de aviso (imediatos, relatórios diários, etc.). 28 5.5 O Sistema SADP Descrito por Módulos Área de Login especifica na Internet, dividida por acesso diferenciado para clientecoordenador (em verde) e para usuário (em azul). Como se pode visualizar na figura 5.1. Figura 5.1: Módulo de Controle de Acesso (PICARELLI, 2006). 5.6 Módulo do Coordenador e Funções Módulo de Login Coordenador (verde) com o painel de escolhas de funções localizado ao lado esquerdo da figura com suas principais funções. 29 Em vermelho a divisão dos arquivos distribuídos conforme interesse do cliente no exemplo com a obra subdividida em vários trechos, podendo ser proporcionado uma visualização geral das tarefas realizadas referentes a novos arquivos cadastrados, arquivos aprovados, pré-aprovados arquivos deletados e mensagens enviadas. Como se pode visualizar na figura 5.2. Figura 5.2: Módulo de Entrada – Coordenador (PICARELLI, 2006). 30 5.7 Restrição de Acessos Cada usuário no sistema recebe um nível como, arquitetura, estrutura, comunicação visual, hidráulica, elétrica, mecânica, coordenador, consultor e etc. A estruturação do sistema é organizada em função dos interesses do cliente (coordenador), sendo determinado um “grau de segurança” que é representado numericamente com os algarismos de 1 a 9. Este grau é fornecido para projetos criados (obras), usuários no sistema e pastas. Esta medida visa restringir o acesso dos usuários para usos específicos. O coordenador da permissão a cada usuário de acordo com seus critérios. Como se pode visualizar na figura 5.3. Figura 5.3: Módulo de Grau de Segurança e Acessos (PICARELLI, 2006). 31 5.8 Grau de Segurança, Aprovações e Pré-Aprovações Dentro de um nível e um grau de segurança já selecionado o coordenador seleciona os usuários os quais poderão aprovar e pré-aprovar arquivos. A pré-aprovação e aprovação dos arquivos podem ser distribuídas de maneira particular para cada projeto criado (obra), ou seja, um usuário pode ser aprovador em uma obra e na outra não ter este poder. Esta função serve para que dentro de uma estrutura pré-determinada os acessos só sejam dados após verificações de usuários específicos. Como se pode visualizar na figura 5.4. Figura 5.4: Módulo de Aprovações e Pré-aprovações (PICARELLI, 2006). 32 5.9 Módulo de Relatórios Com o uso do sistema e o acumulo de informações os usuários tem uma ferramenta disponível denominada emissão de relatórios de atividade a qual fornece desde relatórios de e-mail a cadastros de documentos, quantidades e relatórios de ocupação do sistema. Todas as informações ficam registradas com data e horário que foram realizadas. O cliente, tem ainda acesso a quem realizou e quais operações foram realizadas podendo verificar até os acessos a determinados documentos. Como se pode visualizar na figura 5.5. Figura 5.5: Módulo de Relatórios de Atividades (PICARELLI, 2006). 33 6. ESTUDO DE CASO Para o desenvolvimento do estudo de caso com a aplicação de um software de gerenciamento e gestão de projetos se fez necessária a escolha de um grande empreendimento que conta com inúmeros usuários em diferentes localidades e com diferentes níveis de participação, além da necessidade de certo grau de segurança dentro do sistema, levando-se em consideração o compartilhamento de informações e as finalidades comuns dos usuários. 6.1 Localização da Obra A obra do estudo de caso localiza-se no aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo no Jardim Aeroporto, na intersecção das Avenidas dos Bandeirantes e Rubem Berta. O escritório central do canteiro de obras fica Rua Tamoios, 751 C, cujo Código de Endereçamento Postal (CEP) é 04630-001. O acesso à obra pode ser feito pelo centro da cidade tomando-se a Avenida 23 de maio no sentido da região sul, passando pelo Parque Ibirapuera, e prosseguindo pela Washington Luiz até a intersecção com a Avenida dos Bandeirantes. 6.2 A Obra A primeira etapa de obra foi o Prolongamento do Conector, onde foram realizadas 8 novas pontes de embarque de passageiros por uma única empresa executora dos serviços (OAS Construtora Ltda), a etapa seguinte da obra foi desenvolvida por meio de um Consórcio de empresas, cujo valor total estimado do empreendimento foi da ordem de R$ 150.000.000,00. 34 O Consórcio construtor é formado pelas empresas construtoras OAS construtora Ltda, líder do contrato, a Galvão Engenharia SA e Construção e Comércio Camargo Correa S.A. (C.C.C.C.), tendo como cliente e empreendedor a Infraero (Empresa Brasileira de Inra-Estrutura Aeroportuária). Relacionado ao escopo dos serviços da denominada CGH2, Consórcio Congonhas 2º Etapa, OAS/Camargo/Galvão, estão compreendidas as seguintes obras civis: • Prolongamento do Conector que passa a atender a mais 4 pontes de embarque de passageiros. Como se pode visualizar na figura 6.1. Figura 6.1: Prolongamento do conector com mais quatro pontes de embarque de passageiros (Azul Claro) (C.C.C.C, 2006). 35 • Pátio Principal: compreende a recuperação do pavimento rígido do pátio de estacionamento das aeronaves, com substituição de placas e recuperação de outras, instalação de redes subterrâneas e canaletas de drenagem e implantação de um dispositivo separador de água/óleo, como se pode visualizar na Figura 6.2. Figura 6.2: Imagem aérea mostrando o local das obras dos acessos ao pátio de manobras e à pistas (Amarelo). (C.C.C.C, 2006). • Pátio Oeste e Sul: são obras para a ampliação e reforma do pátio de aeronaves do setor oeste, compreendendo a recuperação do pavimento rígido existente, a ampliação do pavimento rígido, os acessos em pavimentos flexíveis, a implantação de um novo sistema de iluminação do pátio, a rede de 36 macrodrenagem com deságüe na rede pública, a instalação de um 01 dispositivo separador de água/óleo, a execução da galeria eletromecânica sob o pátio com previsão para receber queroduto de combustível, o remanejamento de redes elétricas e eletrônicas existentes, construção de uma subestação elétrica para atender ao pátio. Todo o conjunto de obras pode ser visto na Figura 6.3. Figura 6.3: Imagem mostrando a localização das obras do pátio do setor oeste (Amarelo). (C.C.C.C, 2006) • Recapeamento da Pista Auxiliar: os obras envolvem a correção da largura de toda a extensão da pista auxiliar, a construção das pistas complementares para taxiar as aeronaves, reforma da pista de balizamento e sinalização vertical. A Figura 6.4 mostra a localização dessas obras. 37 Figura 6.4: Localização das obras de recapeamento das pistas auxiliares (Vermelho). (C.C.C.C, 2006). • Ala Norte e Saguão Central: as obras previstas nessa área de check-in contemplam a instalação de esteiras de bagagens embarcadas, a construção de novos balcões de atendimento para complementar os existentes, além da ampliação das áreas destinadas às companhias aéreas e às áreas administrativas da Infraero. No saguão central, está prevista a instalação de novos elevadores complementando o caminho de acesso dos passageiros até o mezanino, bem como a construção de novas salas comerciais. As obras envolvem, ainda, o acesso ao subsolo para interligação com o edifício da garagem e um novo sistema viário será construído para a instalação de elevadores e escadas rolantes, além da recuperação das fachadas, esquadrias, pisos, revestimentos, pintura, sinalização vertical e recomposição do paisagismo. 38 Todas essas obras localizam-se na parte central do saguão de passageiros, como se pode visualizar na Figura 6.5. Figura 6.5: Localização das obras do saguão central (em vermelho) (C.C.C.C, 2006). • Ala Sul e Sistema Viário: faz parte das obras civis desse setor os serviços de demolição parcial e reconstrução da ala sul para reforma, modernização, interface com saguão central incluindo um novo nível para o mezanino e subsolo para acesso a uma nova via para desembarque. Estão previstas, ainda, as construções da nova casa de máquinas de ar condicionado, da nova subestação elétrica, a instalação de elevadores e escadas rolantes. Inclui-se, também, a execução de contenções e estruturas de concreto para construção de viaduto com extensão de cerca de 180 metros para separação dos fluxos de acesso viário do desembarque no nível do subsolo. Envolve, ainda, a construção do 39 embarque e acesso à ala norte no nível térreo. As Figuras 6.6 e 6.7 mostram esquematicamente as obras previstas na ala sul e sistema viário. Figura 6.6: Localização geral das obras do sistema viário (em vermelho) (C.C.C.C, 2006). 40 Figura 6.7: Corte esquemático para mostrar as obras do sistema viário e ala sul (C.C.C.C, 2006). 6.3 Setor de Projetos / Concepção da Obra Com a nova etapa de obra CGH2 foi necessária a estruturação de um setor de projetos voltado às exigências e aos procedimentos do cliente e da obra. Uma das principais exigências do cliente foi a aprovação prévia do projeto executivo no que se refere ao aspecto técnico. Além disso, o cliente possui equipe técnica responsável pela análise do projeto. Por isso, criou-se um núcleo onde se desenvolveu um sistema com uma série de procedimentos onde o SADP teve fundamental importância para o ganho de tempo e para a troca de informações técnicas entre as diversas equipes envolvidas, bem como nos registros e organização das informações distribuídas. Essa prática possibilitou a melhora no desempenho geral do projeto. 41 Além dessa necessidade do cliente, é necessário esclarecer que o grupo de profissionais projetistas era composto por 32 profissionais distribuídos em localidades distintas, como Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro entre outras. Tal fato exigia que o desenvolvimento do projeto fosse realizado com emprego de arquivos informatizados e que todos pudessem acessá-lo com diferentes níveis hierárquicos. Para a análise e compatibilização dos projetos, antes do envio para a Aprovação do Cliente (Infraero) que possuía poderes legais para aprovar a execução dos projetos, foi montada pelo Consórcio, uma equipe técnica multidisciplinar composta por um gerente geral, dois engenheiros civis, um arquitetos, três técnicos de nível médio, um topógrafo e um copista, além de um estagiário de curso de engenharia civil. Cada membro da equipe ficou responsável pela análise das diversas disciplinas em função das formações e competências. Ao engenheiro civil coube a função de coordenar todas as operações dos procedimentos para adequação/correção e compatibilização do projeto para aprovação. As disciplinas que compunham para análise da equipe técnica eram: Arquitetura, Comunicação Visual, Esquadrias, Luminotécnica, Impermeabilização, Cobertura, Infraestrutura, Fundações, Estrutura de Concreto, Estrutura Metálica, Hidráulica, Incêndio, Ar Condicionado, Elétrica, Eletrônica, Elevadores e escadas, Eletroacústica e Pontes de Embarque. 6.4 Organograma do Setor de Projetos A Figura 6.8 exibe o organograma estabelecido da equipe multidisciplinar para análise do projeto executivo. A necessidade em atender as exigências do cliente e aos 42 procedimentos adotados na obra, implantou-se um sistema informatizado que permitiu o desenvolvimento dos trabalhos: análise dos projetos, aprovação e execução. Figura 6.8 – Organograma do setor de Projetos – Consórcio (C.C.C.C, 2006) 6.5 Procedimento Estabelecido Com os Projetos Básicos já elaborados e com o início iminente das obras, o núcleo técnico estruturado tratou de estabelecer os procedimentos necessários que envolveram desde a fase de emissão dos projetos executivos, passando pela análise da equipe técnica e aprovação pelo cliente indo até a fase final de distribuição para os executores. Ressalta-se que em vários momentos houve a necessidade em realizar compatbilizações dos projetos executivos junto aos projetistas (contratados pelo Consórcio). 43 É importante frisar que foram realizadas, ainda, verificações quanto à viabilidade técnica-econômica e executiva dos projetos, buscando-se sempre as melhores soluções tecnológicas quanto aos métodos executivos para posterior envio à Infraero. Visando aprovar o maior número de projetos executivos e possibilitar a liberação das frentes de serviços, o uso sistemático do software SADP permitiu maior agilidade no sistema de análise e aprovação dos projetos, bem como melhorar na qualidade das análises e a inserção de soluções tecnológicas mais adequadas. Esses aspectos positivos trouxeram uma melhora bastante significativa nos resultados da obra e ganho de tempo, uma vez que os projetos executivos nem sempre foram realizados com a antecedência necessária. 6.6 O Procedimento descrito em etapas: Em decorrência do projeto básico já elaborado, as empresas projetistas estimaram a elaboração de uma quantidade de projetos executivos detalhados que deveriam ser preparados. Após essa estimativa foi passada uma lista de todos os projetos executivos para o Consórcio, que encaminhou a solicitação à Infraero. Com a aprovação da lista de projetos pela Infraero e com a numeração disponibilizada, o Consórcio repassou essa numeração a cada projetista. Isto permitiu que a cada projeto realizado o projetista pudesse cadastrar seus respectivos desenhos no sistema SADP. O sistema SADP foi configurado para aceitar o cadastramento do desenho, apenas com a numeração no padrão Infraero, ou seja, somente com a numeração disponibilizada puderam ser realizados os cadastros. Cada projetista recebeu um código (disciplina), por exemplo, Projetista estrutural – Estrutura. Desta maneira ao realizar um cadastro o projetista só poderia fazê-lo em sua disciplina. Esta divisão foi realizada para que o desenho já cadastrado pudesse ser pré- 44 analisado “na tela” apenas pelo técnico ou Engenheiro do Consórcio responsável por aquela disciplina. Com o aceite da pré-análise realizada na tela, o analista do Consórcio pré-aprovava o arquivo, sendo o projeto liberado para plotagem. O técnico de impressão (ou plotador) recebia uma mensagem enviada pelo sistema SADP, avisando que o arquivo foi préaprovado e este passava a ter acesso ao arquivo. Após impresso o desenho, este era novamente analisado, porém, analisado com mais detalhes, já que a análise de um projeto A0 na tela do computador é uma tarefa bastante complicada, pois impede uma visão geral do projeto executivo. Registra-se que o ciclo do sistema informatizado não foi completo: projetista, cliente e executores. Tal fato se deve à falta da quebra de paradigmas, como os procedimentos tradicionais da Infraero que necessitavam de quatro vias do projeto, em papel, para aprovação e arquivo. Portanto, o sistema SADP foi utilizado entre os executores e os projetistas. Para o cliente foram emitidas quatro cópias de cada desenho, após a análise dos projetos executivos, acompanhadas de guia de remessa contendo a relação de todos os desenhos enviados. A partir desse momento o procedimento da Infraero foi o de analisar os desenhos, em papel, dentro de prazo pré-estabelecido. Ao término da análise uma das quatro cópias enviadas retornava com um dos três “status”: Aprovado; Aprovado com ressalvas; e Não aprovado. • Aprovado – Permite a totalidade da execução dos serviços conforme projeto. • Aprovado com ressalvas – Permite a execução dos serviços, salvo onde indicadas as ressalvas. 45 • Não aprovado – Não permite a execução dos serviços. O Setor de Projetos ao receber os desenhos da Infraero separou-os conforme o status do desenho, enviando para o setor de produção apenas os desenhos aprovados e aprovados com ressalvas. Dos projetos aprovados tiram-se cópias e o original ia para o cabide de consultas (Setor de Projetos). Cópias dos desenhos eram encaminhadas para os projetistas via correio, para conhecimento no primeiro caso (aprovado), e para alterações e inserções de ressalvas, no segundo. O desenho não aprovado ia para o acervo técnico (caixa) e para o projetista com a finalidade de ser avaliado e inserir as modificações solicitadas pelo cliente. Vale ressaltar que ao receber os projetos comentados, o Setor de Projetos, verificava as observações e se posicionava quanto à procedência ou não dos comentários realizados pela Infraero. Após a inserção das modificações, o ciclo de cadastramento era reiniciado e gerava-se um novo processo de revisão. 6.7 Fluxograma do encaminhamento de projetos: A Figura 6.9 exibe o fluxograma do encaminhamento de projetos da concepção a sua finalização, ou seja, projeto as builtado. 46 Figura 6.9 – Fluxograma do encaminhamento de projetos – Consórcio (C.C.C.C, 2006) 47 6.8 Números do Setor de Projetos (mês de Junho de 2006): Para demonstrar a quantidade de projetos analisados pelo Setor de Projetos são apresentados a seguir os quantitativos do mês de junho de 2006: Número de Projetos enviados à Infraero para aprovação: • Total – 304; • Revisão 0 – 221 (novos); • Revisões maior que 0 – 83 (contendo alterações); Projetos retornados da Infraero após avaliação: • 286 retornados; • 18 ainda em processo de análise; • Aprovados – 46; • Com ressalvas – 200; • Não aprovados – 40; Projetos em processo de Análise pela equipe técnica: • 480; Cópias geradas: • 2.472; 48 7. CONCLUSÕES O estudo de caso permitiu demonstrar a agilidade dos procedimentos para emissão, análise, adequação e envio para a execução dos projetos elaborados pelo projetista. Na obra do aeroporto de Congonhas, onde estão envolvidos mais de 32 projetistas distribuídos por várias cidades brasileiras e em algumas empresas participantes do empreendimento, o procedimento adotado com o uso do software SADP permitiu reduzir o tempo necessário para análise e avaliação de projetos entre as empresas projetistas e executoras. Ficando registrado o responsável pelo projeto no momento do cadastro. Entretanto, o potencial da ferramenta não pode ser aproveitado integralmente pela necessidade em imprimir cópias em papel dos projetos que foram submetidos para análise do cliente (Infraero). Além disso, a remessa dos desenhos foi realizada pelo correio, em função da análise da Infraero se dar em papel. Para fechar o ciclo junto à Infraero, foi necessário criar um banco de dados em access (software de banco de dados) para controlar os documentos enviados e recebidos, ou seja, dois sistemas de controle. Nesse sentido pode-se observar, ainda, no meio técnico algumas barreiras que dificultam a mudança de procedimentos, seja devido às leis vigentes, ou pela necessidade em quebrar paradigmas. Para o presente trabalho, o exemplo do estudo de caso foi valido por ter demonstrado limitações não previstas durante o planejamento inicial da obra. A quantidade de projetos executivos, aproximadamente três mil, elaborados e utilizados pelas empresas e as facilidades associadas à informatização, demonstram que o caminho para a melhor produtividade e competitividade das empresas na construção de 49 obras civis será por meio do uso sistemático das tecnologias, em especial, das ferramentas já disponíveis no mercado. Por outro lado o meio técnico da construção civil ainda apresenta paradigmas, sejam jurídicos ou técnicos, que devem ser vencidos, como foi a relação com o empreendedor das obras de ampliação do aeroporto de congonhas. 50 8. RECOMENDAÇÕES O estudo de caso ficou restrito a uma parte do desenvolvimento do projeto de reorganização das estruturas do aeroporto de Congonhas. Todavia para os objetivos propostos nesse trabalho de conclusão de curso acredita-se que foi possível demonstrar a aplicação da ferramenta computacional no desenvolvimento de projetos de engenharia civil. A partir da experiência adquirida no presente trabalho, recomenda-se para os novos estudos que vierem a ser realizados sobre o uso de ferramentas computacionais nas obras civis, o emprego de softwares ou de um portal onde todos os envolvidos estejam conectados à rede. Esta condição permitirá uma melhor avaliação e desempenhos de computadores em um empreendimento que requer a participação de inúmeros profissionais de diferentes especializações e alocados em pontos geográficos distantes. É recomendável ainda realizar novos experimentos com outros softwares disponíveis no mercado, quando será possível avaliar o desempenho de cada uma das ferramentas. Finalmente, a experiência adquirida no desenvolvimento dos trabalhos no aeroporto de Congonhas permite afirmar que o uso sistemático das ferramentas computacionais deve ser intensificado no meio técnico, e dentro de alguns anos o sistema permitirá que os órgãos contratantes passem a ter confiabilidade e segurança necessárias para evitar a impressão de desenhos em papel para arquivo. 51 9. REFERÊNCIAS BUARQUE HOLANDA, Aurélio - DICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA, Mini Aurélio 6° Edição; CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO CORREA – C.C.C.C, www.camargocorrea.com.br. GONICK, Larry. Introdução Ilustrada a Computação – com muito humor. Harper & Row do Brasil Ltda. S. Paulo, 1984; MIURA, Tieko. Diagnostico de extranet de Projeto: Case Villaggio – Setin – 09 de maio de 2005; NÓBREGA Filho – UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Evolução do Computador. Disponível em: <http://www.di.ufpb.br/raimundo - Acesso em 10 de maio de 2006; OKA, Cristina. Origem do processamento de dados – Disponível em http://www.cotianet.com.br/bit/hist/default.htm; Acesso em 05 de julho de 2006; PICARELLI, Marcelo. - SISTRUT SOFTWARE E TECNOLOGIA SADP: Sistema de Armazenamento de Dados e Projetos. Disponível em http://www.sistrut.com.br/sadp/ Acesso em 04 de maio de 2006.