Dr. Guanis de Barros Vilela Junior A história das civilizações e das tecnologias e a metáfora mitológica Prometeu: narra a entrega do fogo aos homens, referindo-se à sede da humanidade pelo conhecimento e das transformações que este proporciona. Pandora: a primeira mulher humana, que curiosa, abre a caixa onde eram guardados os males da humanidade e assim semeou as doenças, a velhice e a morte. A construção de um mundo com alto nível de tecnologia se fez às custas de um desenvolvimento industrial predatório. Exemplos: da ocupação das colônias nas Américas, na África e na Ásia com a sistemática espoliação de reservas naturais de flora e fauna, do desequilíbrio decorrente da poluição e morte de muitos rios, à pesca predatória, à poluição da atmosfera e o conseqüente efeito estufa. Destacando 2 tecnologias: A rede mundial de computadores – a construção de uma rede de computadores entre instituições militares e de pesquisa nos Estados Unidos na década de 70, chamada Arpanet, embrião da Internet. A rede de satélites artificiais orbitais de comunicação e monitoramento – com o lançamento do satélite artificial Sputnik pela União Soviética em 1957. Conseguirá a humanidade romper com o paradigma de que tecnologia para ser de ponta precisa ser desenvolvida primeiramente nos espaços ideológicos e beligerantes? Conseguiremos, através do bom uso das tecnologias disponíveis, promover a construção de um mundo menos desigual e mais respeitoso com o meio ambiente? Quais as possibilidades de uso das tecnologias de redes em promover uma vida melhor para um número maior de pessoas? Objetivo: Promover uma reflexão sobre o impacto potencial das chamadas políticas de inclusão digital, através do uso das tecnologias de redes, especialmente da Internet, para a construção da cidadania e do empoderamento de diferentes populações. Inclusão Digital: refere-se à disponibilização, acesso e uso das tecnologias computacionais, especialmente da Internet, visando a construção do conhecimento e a consolidação da autonomia. Exemplos do Brasil: As eleições em urnas eletrônicas e a declaração do imposto de renda. De acordo com Fernandes C. 2006: “Tecnologias computacionais defasadas, “soluções populares” e Internet de baixa velocidade, por exemplo, nivelam por baixo e cristalizam as desigualdades, limitando o desenvolvimento de milhões de pessoas e condenando-as à subcidadania.” Por volta de 160 milhões de brasileiros estão às margens deste processo. Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST = + de 5 Bilhões 5 Bilhões = + de 300.000 telecentros (1 servidor, 10 computadores multimídia, banda larga, impressora laser, com software livre). Isto poderia possibilitar a inclusão de 46 milhões de brasileiros. No que se refere à capacitação dos potenciais usuários destes telecentros, vejamos o que Gouvêa, G. (2004) diz a respeito do analfabetismo funcional: “O analfabeto funcional é a pessoa que sabe identificar as letras e consegue juntar as sílabas, mas não consegue juntar uma frase nem compreender um texto. Essa pessoa não é capaz de ler um manual, de compreender regras escritas, de comunicar-se via eletrônica e, portanto, é um excluído desta nova sociedade que está se definindo.” Segundo o IPM, em 2005, 74% da população brasileira (46 milhões) é constituída por analfabetos funcionais. Círculo vicioso: onde a ignorância reforça a exclusão social e vice-versa. A construção de conhecimento é a melhor maneira de se rebelar contra as misérias, explicitadas na fome de tudo: de comida, de saúde, de segurança pública, de lazer e cultura, dentre tantas outras. Martim & Stockler (1998), definem a qualidade de vida como a distância entre a expectativa individual e a realidade, onde quanto menor a distância melhor a qualidade de vida. RENDA QUALIDADE DE VIDA ESCOLARIDADE SAÚDE É possível que a EAD venha a desencadear a maior revolução na educação desde a impressão do primeiro livro há 500 anos. A construção do conhecimento é o elemento chave da conquista de uma melhor qualidade de vida (Vilela Junior, 2004). As novas tecnologias só têm sentido se forem desenvolvidas para melhorar a vida. Não só a nossa vida humana, mas a vida do planeta. A inclusão social e digital através da EAD é o melhor caminho, atualmente, para garantirmos uma vida mais digna a milhões de brasileiros, escandalosamente excluídos do mundo produtivo. Não obstante, construir conhecimento e romper com as amarras da miséria depende da vontade de uma nação inteira em construir um mundo melhor. Em tempo: Pandora ao abrir a caixa de onde saíram os males que assolaram a humanidade só deixou dentro da mesma a esperança.