UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS
ANA CAROLINA DOS SANTOS FANTUZZI
CLEIDE RIVA VALINA COTRIM
EDUARDO HENRIQUE S. OLIVEIRA
ERMELINA DA SILVA PAULA
VISÃO SISTÊMICA DAS ORGANIZAÇÕS: o caso
da Universidade de Brasília
Pólo Brasília, DF
2 semestre de 2008.
o
ANA CAROLINA DOS SANTOS FANTUZZI
CLEIDE RIVA VALINA COTRIM
EDUARDO HENRIQUE S. OLIVEIRA
ERMELINA DA SILVA PAULA
VISÃO SISTÊMICA DAS ORGANIZAÇÕS: o caso
da Universidade de Brasília
Projeto de Ação Profissional apresentado ao Curso
Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos
Humanos da Universidade Metodista de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção do
Certificado em Visão Sistêmica das Organizações.
Brasília, DF
2 semestre de 2008.
o
RESUMO
Os membros do grupo do presente trabalho acreditam que até mesmo quem trabalha na
Universidade de Brasília se surpreende ao olhá-la com visão sistêmica. Há de se acreditar
que nem todos os servidores têm idéia exata do que é gerir os recursos humanos desta
Instituição. Uma certeza se tem: não é tarefa fácil, considerado o contingente do quadro de
recursos humanos, por volta de 53 mil, entre docentes, técnicos-administrativos e
estudantes, além de centenas de outros indivíduos que transitam diariamente pelo Campus
por interesses diversos. Os avanços tecnológicos possibilitaram a interligação da UnB, o
que contribui para a interação de seus recursos humanos e, conseqüentemente, para o
alcance do objetivo maior da Instituição, para a sua atividade-fim, o seu negócio, que é a
produção, o desenvolvimento e a disseminação do Conhecimento: o ensino, a pesquisa e a
extensão. Um fator positivo para o sucesso das ações da UnB é a gestão democrática
exercida, com o pleno exercício dos seus Colegiados Superiores, em que estão
representados os três segmentos que compõem a Instituição: docentes, técnicosadministrativos e estudantes. Todos agregam qualidade à Instituição e a si próprios. A área
de RH, com sua liderança participativa, contribui sobremaneira para que os servidores se
sintam bem naquilo que fazem, a exemplo dos programas de capacitação oferecidos. Com a
expansão da UnB em Planaltina, Gama e Ceilândia, muitos processos ainda serão criados e
o quadro de recursos humanos ainda sofrerá significativo aumento, o que demandará busca
incessante junto ao Governo Federal no sentido de que também os recursos do Tesouro
correspondam à nova realidade da Instituição.
Palavras-chave: Recursos Humanos; Liderança; Gestão; Processos Administrativos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 4
1
DADOS GERAIS DA UnB................................................................................................ 7
2
ESTRUTURA, PROCESSOS E COMUNICAÇÃO NA UnB .......................................... 8
2.1
ESTRUTURA DA UnB ............................................................................................. 8
2.2
PRINCIPAIS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS ............................................... 10
2.3
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ............................................................... 13
3
TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS NA UnB ......................................... 15
3.1
INFLUÊNCIAS ECONÔMICAS NA UnB ............................................................. 15
3.2
TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS DO MERCADO NA UnB ............................... 16
3.3
TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS POLÍTICAS, SOCIAIS E TECNOLÓGICAS NA UnB.20
4
FILOSOFIA E RELAÇÕES HUMANAS NA UnB ........................................................ 23
4.1
FILOSOFIA.............................................................................................................. 23
4.2
RELAÇÕES HUMANAS NA UnB ......................................................................... 27
5
CONCLUSÃO.................................................................................................................. 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................................... 33
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende retratar a Universidade de Brasília (UnB), no que diz
respeito a pessoas, sua estrutura e influências ambientais.
Para elaborar este trabalho foram utilizados dados e informações obtidas na própria
Instituição: Relatórios de Gestão, Planos Qüinqüenais, Plano de Desenvolvimento
Institucional, Plano Anual de Atividades, além de entrevistas, artigos e trabalhos.
A UnB é uma instituição pública federal de ensino superior gratuito, localizada no
centro dos poderes do País, em Brasília, no Distrito Federal, tendo como mantenedora a
Fundação Universidade de Brasília. A Instituição é regida por seu Estatuto,
subsidiariamente pelo Regimento Geral e por normas complementares. Goza de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, em
conformidade com a Constituição Federal. Tem como finalidades essenciais o ensino, a
pesquisa e a extensão, integrados para a formação de cidadãos qualificados para o
exercício profissional e empenhados na busca de soluções democráticas para os problemas
nacionais (ESTATUTO, 2008).
Em seu quadro de pessoal permanente, a Instituição conta, em 2008, com aproximadamente
com 1,5 mil professores e 2,3 mil técnicos-administrativos, além de cerca de 745 prestadores de
serviços e 746 estagiários, entre estagiários e terceirizados 1. A área acadêmica, somente a
título de informação, uma vez que não será objeto deste estudo, possui em torno de 29 mil
estudantes, entre os cursos de graduação e de pós-graduação (UnB, 2008e).
Neste ano de 2008, a UnB conta com a seguinte estrutura administrativa e acadêmica
(ESTATUTO, 2008):
I.
Conselhos Superiores:
ƒ
Conselho Universitário, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e Conselho de
Administração. Os três têm caráter deliberativo e normativo. Como órgão consultivo,
dispõe do Conselho Comunitário;
II.
Reitoria (órgão executivo), formada por:
ƒ
cinco Decanatos (Pró-Reitorias), com a atribuição de supervisionar e coordenar as
respectivas áreas: Ensino de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação, Extensão,
Assuntos Comunitários e Administração;
1
UnB. Secretaria de Recursos Humanos. Informação verbal. 2008.
5
ƒ
Procuradoria Jurídica;
ƒ
Auditoria;
ƒ
Assessorias.
A Reitoria conta com órgãos auxiliares, conforme a seguir:
ƒ
o Gabinete;
ƒ
a Prefeitura do Campus.
III. Unidades Acadêmicas formadas por:
ƒ
12 Institutos, que têm entre suas competências ministrar cursos de ciências, letras e
artes e formar pesquisadores e especialistas;
ƒ
13 Faculdades, que têm entre suas competências ministrar cursos de graduação
para formação profissional e técnica;
IV. Órgãos Complementares – a eles competem atividades de caráter permanente de
apoio, necessárias ao desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão. Os
Órgãos Complementares da UnB são:
ƒ
Biblioteca Central;
ƒ
Centro de Informática;
ƒ
Editora Universidade de Brasília;
ƒ
Fazenda Água Limpa;
ƒ Hospital Universitário de Brasília;
ƒ
V.
Rádio e Televisão Universitárias.
Centros – a eles competem atividades de caráter cultural, artístico, científico,
tecnológico e de prestação de serviços à comunidade, com finalidades específicas ou
multidisciplinares. Os Centros são vinculados à Reitoria quando desenvolvem
atividades de natureza geral ou multidisciplinar; e vinculados às Unidades Acadêmicas
quando têm funções de ensino, pesquisa ou extensão nas áreas de atuação específicas
dessas Unidades.
Nas ausências e impedimentos do Reitor, a Reitoria é exercida pelo Vice-Reitor.
BREVE HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
A Universidade de Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1962, com apenas 13 mil
metros quadrados de área construída, distribuídos em nove prédios. Foi a primeira instituição
6
de ensino superior do Brasil dividida em institutos centrais e faculdades e que criou cursostronco, nos quais os alunos tinham uma formação básica e, depois de dois anos, estudavam as
matérias específicas. Hoje, a UnB é uma das instituições mais bem conceituadas do Brasil.
Criou cursos noturnos, inovou com o Programa de Avaliação Seriada (PAS) e adotou o
sistema de cotas para negros (LINHA DO TEMPO, 2007).
A UnB tem como objetivo oferecer ensino, pesquisa e extensão, em todos os ramos
do saber e de divulgação científica, técnica e cultural. Sua missão é produzir, integrar e
divulgar
conhecimento,
formando
cidadãos
comprometidos
com
a
ética,
a
responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1961). Como valores,
tem a ética e o respeito à diversidade; autonomia institucional com transparência e
responsabilidade social; respeito à dignidade, à liberdade intelectual e às diferenças. O
negócio da UnB é produzir Conhecimento (UnB, 2008h).
O presente estudo conta com uma introdução, onde está descrita a estrutura e o
histórico da Universidade de Brasília; o próximo tópico refere-se aos dados da Instituição; o
terceiro trata da estrutura, processos e comunicação organizacional; o quarto relata as
tendências e influências ambientais a respeito da Organização; o quinto discorre a respeito da
filosofia e das relações humanas e, por último, a conclusão.
1
DADOS GERAIS DA UnB
A Universidade de Brasília é uma instituição pública de ensino superior, localizada em
Brasília, Distrito Federal. Recebe recursos do Governo Federal (por meio da Lei de Diretrizes
Orçamentária), de Emendas Parlamentares (para projetos específicos), além de recursos
próprios e outros decorrentes de Acordos, Convênios e instrumentos congêneres firmados
com órgãos públicos (BRASIL, 1961). De acordo com Escritura Pública registrada no
Cartório do 2o Ofício – Tabelionato Borges Teixeira (DF, 1962), foi constituída a Fundação
Universidade de Brasília, no dia 8 de fevereiro de 1962, com o objetivo de criar e manter a
Universidade de Brasília, nos termos da Lei n. 3.998, de 15/12/1961.
Razão social e constituição legal da empresa: Fundação Universidade de Brasília.
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, DF.
Ramo de atividade: Ensino Superior.
Tipo de capital: o art. 4o da Lei n. 3.998, de 15/2/1961, diz:
O Patrimônio da Fundação será constituído: a) pela dotação de CR$
1.000.000;000,00 (hum bilhão de cruzeiros), a que se refere o Art. 18 e pelas rendas
das ações ordinárias nominativas da Companhia Siderúrgica Nacional, pertencentes
à União; b) pelos terrenos destinados, no Plano Pilôto, à construção de uma
Universidade em Brasília; c) pelas obras de urbanização e de instalação de serviços
públicos na área da Cidade Universitária...; c) ...; f) pela metade dos lucros anuais
da Rádio Nacional...; g) pela dotação de C$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de
cruzeiros).... (BRASIL, 1961).
O art. 6o diz que para a manutenção da Fundação o orçamento federal consignará,
anualmente, recursos sob a forma de dotação global.
Contato: Professor Eduardo Tadeu Vieira
Cargo: Secretário de Planejamento
Telefone: (61) 3307-2207
E-mail: [email protected]
2
ESTRUTURA, PROCESSOS E COMUNICAÇÃO NA UnB
2.1 ESTRUTURA DA UnB
A estrutura administrativa da Universidade de Brasília está baseada em três princípios
fundamentais (ESTATUTO, 2008): gestão democrática, descentralização e racionalidade
organizacional.
De acordo com seu Organograma (SPL, 2008a), a UnB é composta de: Reitoria, Unidades
Acadêmicas, Centros, Conselhos Superiores e Órgãos Complementares. Como se pode observar,
a estrutura usada é a vertical, iniciando com a Presidência do Conselho Diretor, colegiado
máximo, de caráter deliberativo, da Fundação Universidade de Brasília. Em seguida, têm-se os
Conselhos da Universidade: o Conselho Universitário, o de Ensino, Pesquisa e Extensão, o de
Administração e o Comunitário. A partir desse bloco, vem a Reitoria e os órgãos a ela vinculados,
os Decanatos, os Centros, os Órgãos Complementares e as Unidades Acadêmicas e seus
Departamentos. Essa estrutura está demonstrada no Organograma a seguir.
Com relação à departamentalização, ela se dá tanto na área administrativa, quanto na
acadêmica. Na área administrativa, a Prefeitura e os Decanatos possuem Diretorias e na área
acadêmica há Unidades que não possuem departamentos, como é o caso das Faculdades de
Agronomia e Medicina Veterinária, de Direito, de Educação Física, de Medicina, a de
Planaltina, a do Gama e de Ceilândia, e os Institutos de Física, de Ciência Política, de
Química e o de Relações Internacionais (SPL, 2008a).
No que diz respeito a cargos, destaca-se (ESTATUTO, 2008):
–
ao Reitor, nomeado na forma da lei, compete representar a Universidade, bem como
coordenar e supervisionar as atividades universitárias;
–
ao Vice-Reitor, nomeado pelo Reitor, compete exercer as atribuições definidas no
Regimento Geral e nos atos de delegações baixados pelo Reitor;
–
os Decanos são escolhidos na forma da lei e designados pelo Reitor, com a aprovação do
Conselho Universitário, e têm atribuição de supervisionar e coordenar as respectivas
áreas: Ensino de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação, Extensão, Assuntos Comunitários
e Administração.
10
–
aos Diretores de Institutos e Faculdades, escolhidos na forma da lei e nomeados pelo
Reitor, competem superintender e coordenar as atividades da Unidade Acadêmica, bem
como exercer as atribuições definidas no Regimento Geral da UnB e no Regimento
Interno da Unidade. Os Diretores têm atribuição para:
I. coordenar e avaliar as atividades de ensino, pesquisa e extensão nas respectivas áreas;
II. decidir sobre a organização interna, respeitados o Estatuto e o Regimento Geral da UnB;
III. planejar e administrar os recursos humanos, orçamentários, financeiros e materiais sob sua
responsabilidade.
2.2 PRINCIPAIS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
O principal processo da UnB, a sua atividade-fim, o seu negócio, é a produção, o
desenvolvimento e a disseminação do Conhecimento. Embora a área acadêmica não seja o
foco deste trabalho, vale traçar breve histórico a respeito das inovações havidas nessa área, a
partir da criação do Programa de Avaliação Seriada, o PAS, uma forma de ingresso discente
como alternativa ao vestibular tradicional (UnB, 2008d).
O PAS consiste em um processo no qual são aplicadas provas ao término de cada uma
das séries do ensino médio. Os melhores colocados ao final das três etapas são
automaticamente aprovados para ingresso na Universidade. A intenção do PAS é estimular as
escolas a prepararem melhor o aluno, com conteúdos mais densos desde o primeiro ano do
ensino médio. Foi no primeiro semestre de 1999 que ocorreu o ingresso dos primeiros alunos
via PAS (UnB, 2008g). Para proporcionar condições de se preparar o alunado de forma mais
densa, a Universidade mantém programas de capacitação de professores do ensino médio em
suas disciplinas de atuação.
Outra mudança significativa aconteceu no segundo vestibular de 2004, quando foi
adotado o Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial da UnB (CARVALHO;
SEGATO, 2008): o conhecido Sistema de Cotas para negros. Esse sistema foi aprovado pelo
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade, que também aprovou a inclusão dos
índios.
Alguns programas oferecidos pela UnB a seus estudantes e aos técnicosadministrativos merecem destaque.
11
No que diz respeito aos alunos de baixa renda, esses costumam estar no topo da
excelência acadêmica, ou seja, entre os melhores estudantes de seus cursos. É o que revela
pesquisa da Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS), uma das unidades do Decanato de
Assuntos Comunitários. A pesquisa foi realizada com base no Índice de Rendimento
Acadêmico (IRA), que avalia o desempenho dos estudantes ao longo do curso. O estudo
mostra que o IRA dos alunos de baixa renda é igual ou superior à média dos demais
estudantes do curso. A esses alunos, a UnB oferece diversos tipos de auxílio, o que permite
mais tempo para se dedicar a aprender, como é o caso do Programa Bolsa de Permanência,
que oferece ao estudante de graduação a oportunidade de desenvolver atividades remuneradas
dentro da sua formação acadêmica (DDS, 2008).
Ainda na área de Assuntos Comunitários (DDS, 2008), destaca-se o Projeto
socioeducativo de prestação de serviços à comunidade (PESC). Integrando esse movimento
de participação, a UnB almeja contribuir com a implementação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Para isso, mantém convênio com a Vara da Infância e da Juventude do
DF a fim de realizar trabalho social com jovens infratores. O PESC tem como escopo maior
não apenas viabilizar o cumprimento de sanção aplicada: é, para o adolescente, oportunidade
de melhoria das perspectivas profissionais e de participação em oficinas de auto-reflexão
sobre sua história pessoal e social.
Outro processo que merece destaque é o oferecimento de cursos de línguas para a
comunidade interna e a externa, envolvendo estudantes da área de letras. Os cursos oferecidos
são: chinês, espanhol, francês, inglês e inglês instrumental. A Escola de Línguas da UnB é a
responsável pelo oferecimento dos cursos e tem como missão proporcionar a realização de
estágio supervisionado aos alunos dos cursos de Letras do Departamento de Línguas
Estrangeiras e Tradução, bem como capacitar alunos da comunidade externa, por meio do
ensino de línguas estrangeiras (UnB, 2008c).
De relevante importância também é o Programa de Ensino e Pesquisa em Português
para Falantes de Outras Línguas (PEPPFOL). O programa une, por meio dos cursos de
Português para Estrangeiros, ensino, pesquisa e extensão; desenvolve atividade essencial para
a área de Português para Estrangeiros (PE), a formação de professores-pesquisador. Ou seja, é
um projeto que tem como uma de suas principais funções formar profissionais capazes de
pensar de forma autônoma sobre questões que estão envolvidas no ensino de PE, bem como a
sua própria prática docente. A UnB aplica o exame para a obtenção do Certificado de
Proficiência em Português para Estrangeiros e o PEPPFOL oferece curso preparatório para
esse exame (UnB, 2008f).
12
Dos avanços tecnológicos que merece registro é o Programa UnBDoc. Trata-se de
programa informatizado de gerenciamento e de movimentação de documentos, que pôs fim às
arcaicas Fichas de Movimentação – que eram preenchidas manualmente. Esse Programa permite
que usuário (servidor, estagiário, prestador de serviço), cadastrado e com senha, possa registrar
um documento novo, acusar o recebimento de documento já em tramitação, dar andamento a
documento que contenha despacho e fazer pesquisa para localizar determinado documento.
Retomando os recursos humanos, há de se registrar que para a academia funcionar é
preciso o apoio de outras áreas. Na área acadêmica, além de professores e alunos, trabalham
também os técnicos, os administrativos, os especialistas, enfim, toda rede humana envidando
esforços para o alcance das atividades-fim da Instituição, que são o ensino, a pesquisa e a
extensão. Há de se reconhecer, portanto, que, a exemplo de qualquer organização, os recursos
humanos de fundamental importância para o desenvolvimento institucional como um todo.
A área de recursos humanos da UnB tem como funções o recrutamento, seleção,
ingresso, movimentação, avaliação, capacitação, desenvolvimento humano e qualidade de vida,
registros funcionais, operações financeiras, aposentadoria e pensão. Grandes foram os avanços
nos últimos 20 anos, em todos os aspectos.
Dos avanços observados nos processos administrativos da área de recursos humanos,
destaca-se a Capacitação dos Servidores. Para tanto, a Secretaria de Recursos Humanos (UnB,
2006f) dispõe da Coordenadoria de Capacitação (Procap), que tem por missão a atualização
dos recursos humanos da Instituição, visando à qualidade dos seus serviços, e por princípios a
melhoria da qualidade de vida e da qualificação profissional; a adequação do perfil de
servidores e colaboradores aos diversos ambientes organizacionais; a valorização da sua
participação nos programas da Universidade e o processo contínuo de treinamento como
agente motivador de participação (SRH, 2008).
O objetivo desse processo é desenvolver atividades de capacitação, visando ao
atendimento das reais demandas do trabalho, às necessidades da UnB e da sociedade.
Consideram-se o treinamento e a capacitação funcional processos permanentes e contínuos, que
podem tornar-se ferramentas eficazes, dinâmicas e rápidas, como processos educativos por
excelência, enquanto facilitadores da aprendizagem, do crescimento e do desenvolvimento
psicossocial e intelectual dos servidores. A Procap ocupa lugar de destaque na UnB, porquanto é
responsável por pensar as questões relativas ao desenvolvimento funcional e institucional e propor
alternativas para operacionalizar, através da identificação das necessidades, a busca do
conhecimento e a construção, oferta e avaliação dos cursos e atividades.
13
Iniciativa importante da UnB diz respeito à Agenda Ambiental na Administração Pública
(A3P). Nesse sentido, a UnB tem constituídas e funcionando as seguintes Comissões2 , entre outras:
ƒ
Comissão para a Coleta Seletiva Solidária – tem por objetivo implantar e supervisionar a
separação dos resíduos recicláveis descartados na UnB, bem como a sua destinação para
associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, conforme dispõe o
Decreto n. 5.940/2006;
ƒ
Comissão para elaborar estudos e implantar ações objetivando a redução do consumo de
água na UnB;
ƒ
Comissão Interdisciplinar para discutir e planejar o Programa de Educação e Cultura para
o Desenvolvimento Humano Sustentável na UnB;
ƒ
Comissão para elaborar plano de gerenciamento de resíduos químicos no Campus
Universitário Darcy Ribeiro, normalizar a guarda e destinação dos resíduos químicos da
UnB (armazenados no depósito temporário de resíduos do Campus), criar unidade de
tratamento, recuperação e destinação final de resíduos químicos gerados na UnB;
ƒ
Comissão para implantar procedimentos de radioproteção e de gerência de rejeitos
radioativos, padronizar o uso de material radioativo, controlar laboratórios que utilizam
material radioativo, controlar o Depósito Provisório de Rejeitos Radioativos e ministrar
cursos periódicos de treinamento e reciclagem no âmbito da UnB.
O até aqui exposto já permite assegurar que a Universidade de Brasília é um
organismo vivo. Não só pelo tamanho, mas por toda a infra-estrutura e forma de gestão. Não
obstante a sua estrutura organizacional, no Campus Universitário Darcy Ribeiro, localizado
em Brasília, DF, há agências bancárias, agência dos Correios, posto de gasolina, lojas de
conveniência, barbearia e sapataria, papelarias, fotocopiadoras, livraria, restaurantes,
lanchonetes, entre outros serviços de terceiros disponibilizados para toda a comunidade
universitária, todos sob a supervisão e controle da Prefeitura do Campus (UnB, 2008a).
2.3 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
A UnB possui uma Secretaria de Comunicação (SECOM), vinculada ao Gabinete do
Reitor, tendo em sua estrutura organizacional uma chefia – responsável por coordenar, planejar,
2
UnB. Gabinete do Reitor. Informação verbal. 2008.
14
administrar e decidir todas as ações estratégicas de comunicação para o público interno e externo
da Universidade de Brasília e gerenciar a produção dos materiais jornalísticos e o trabalho das
áreas e das editorias –; um Assistente, uma Secretária e Editorias para: Endomarketing e
Comunicação Institucional; Comunicação e Divulgação Científica e Comunicação Multimídia;
Editoria de Programação Visual; Editoria de Fotografia e Editoria On-line(SECOM, 2008).
Os meios de comunicação informal são os via internet: e-mail e Portal
(http://www.unb.br), usados para divulgar mensagens de caráter imediato, a respeito de todo e
qualquer evento. Os de caráter formal são: Informativo UnB Hoje (que informa os
acontecimentos/eventos do dia) e o Jornal UnB Notícias (edição bimestral). Conta ainda com
as comunicações feitas por meio de circulares. Além desses, recentemente foram postas em
pleno funcionamento a Rádio e a TV Universitárias.
A estrutura da SECOM está demonstrada no Organograma a seguir:
Organograma da Secretaria de Comunicação
Fonte: SECOM, 2008.
3 TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS NA UnB
3.1 INFLUÊNCIAS ECONÔMICAS NA UnB
Como dito anteriormente, o produto da Universidade de Brasília é o Conhecimento: o
ensino, a pesquisa e a extensão. Um dos diferenciais da UnB é o fato de estar localizada no
centro dos poderes da Capital Federal e ser a única Instituição a oferecer educação superior
gratuita. Esse fato faz com que a UnB tenha de receber, via transferência obrigatória,
inúmeros estudantes de outras Unidades da Federação, transferidos de instituições congêneres
à UnB – públicas, como: filhos, cônjuges de parlamentares e outros servidores públicos da
administração civil removidos ex-officio e os próprios parlamentares (UnB, 2008f).
Além do ingresso por transferência obrigatória, há também a Transferência Facultativa,
que é uma forma de ingresso de aluno de outro estabelecimento de ensino superior – nacional
ou estrangeiro –, a critério da UnB, dependendo da existência de vaga no curso pleiteado e de
classificação do candidato em processo seletivo. Pode participar desse processo o aluno
regularmente matriculado em Instituição de Ensino Superior, ou em curso reconhecido pelo
Conselho Nacional de Educação, que tenha cumprido entre 20% e 70% dos créditos exigidos
para a conclusão do curso, na IES de origem, conforme estabelecido em edital (UnB, 2008f).
Como é de conhecimento público, a Universidade de Brasília – pública – se difere das
demais instituições de ensino superior do DF de caráter privado, em especial, em dois
aspectos: 1. a UnB depende sobremaneira de recursos do Governo Federal; 2. não tem
autonomia para adotar política salarial justa para seus docentes e técnicos-administrativos. As
de caráter privado têm recursos próprios e recebem recursos do Governo Federal. Devido a
essa situação, podem adotar política salarial condizente e digna a seus professores e
servidores. Portanto, esses aspectos demonstram um pouco do grau de concorrência entre a
UnB e as Universidades particulares do Distrito Federal.
Outro fato importante a se destacar é o atendimento de demanda antiga da população
do entorno do DF, que foi contemplada recentemente com Campus da UnB nas CidadesSatélites de Planaltina, Gama e Ceilândia, conforme será historiado no item 4.3 deste trabalho.
Essa ação, uma iniciativa do Governo Federal implementada pela UnB, colocou a Instituição
à frente do seu tempo.
16
3.2 TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS DO MERCADO NA UnB
Em 2002, quando foi implantado o novo Sistema de Planejamento da UnB, foram
levantadas informações junto aos gestores de Unidades Acadêmicas e Administrativas da
UnB visando à atualização do diagnóstico institucional dos anos anteriores. Naquele
momento, os Colegiados das Unidades ou seus representantes analisaram o ambiente
externo identificando oportunidades e ameaças que afetariam suas atividades e,
simultaneamente, levantaram, em seus ambientes internos, os pontos fortes e fracos
existentes, que poderiam causar impacto na execução de seus trabalhos (UnB, 2008d).
As discussões revelaram alguns pontos interessantes. De início, confirmaram a
hipótese da existência de visões completamente distintas a respeito do ambiente em que
estava inserida a UnB: Unidades Acadêmicas, Administrativas e Órgãos prestadores de
serviços para a comunidade ou a sociedade entendiam de forma diferente tanto o contexto
em que atuava a Universidade, quanto suas características internas e relevância dos problemas
enfrentados. Em seguida, revelaram que entre todos os aspectos analisados, apenas as
questões relacionadas à área de recursos humanos preocupavam, com intensidade, a todos.
Na RH, os gestores identificavam, no ambiente externo, poucas oportunidades (5,6%) e
muitas ameaças (29,3%), sendo as mais expressivas: a falta de autonomia das universidades
para gerir o quadro de pessoal, realizar concursos e definir os níveis de remuneração.
Internamente, apesar de reconhecer a competência e o envolvimento de servidores docentes
e técnicos como pontos fortes (20,9%), representantes das unidades identificaram na área de
RH os maiores riscos ao pleno desenvolvimento da UnB (23,5%), conforme pode ser visto
na Tabela a seguir (UnB, 2008d):
17
Tabela 36 – UnB: Importância da área de Recursos Humanos no Diagnóstico em 2002
Unidades
Centros
Institutos e Faculdades
Unidades Gestoras e
Administrativas
Unidades Prestadoras de
Serviços Internos
Unidades Prestadoras de
Serviços Externos
Total
% de ocorrência de elementos da área de Recursos
Humanos no diagnóstico da UnB
Ambiente Externo
Ambiente Interno
Oportunidades Ameaças
Pontos
Pontos Fracos
Fortes
5,9
19,1
15,6
31,0
5,5
27,3
24,0
23,4
3,5
32,3
24,6
18,5
11,3
38,0
10,1
26,0
3,7
26,9
12,4
38,7
5,6
29,3
20,9
23,5
Fonte: UnB/SPL – Plano de Gestão 2004.
Em relação aos pontos fracos, os gestores apontaram diversos aspectos que poderiam
comprometer o desenvolvimento das atividades planejadas por suas unidades no qüinqüênio,
como a insuficiência de pessoal técnico-administrativo qualificado, a desatualização dos
servidores, a falta de motivação de docentes e técnicos, o desinteresse dos servidores em
participar dos treinamentos oferecidos. Esses pontos foram levantados tanto pelas Unidades
Acadêmicas quanto pelas de prestação de serviços internos e externos, evidenciando a
importância de imediata intervenção, de forma a reduzir as dificuldades enfrentadas pelos
gestores na gestão dos recursos humanos lotados em suas Unidades (UnB, 2008d).
A análise dos dados disponíveis em 2001 revelou que as dificuldades apontadas eram
reais (UnB, 2008d):
ƒ
os docentes da UnB que tinham um dos mais altos índices de qualificação do País (em
1999 era de 4,00, evoluindo para 4,35 em 2004) eram apoiados por servidores cujo nível
de qualificação formal era praticamente desconhecido para a Instituição;
ƒ
sabia-se dos técnicos-administrativos apenas a formação exigida para o exercício do
cargo, por ocasião da admissão. Informações adicionais sobre a obtenção de títulos eram
feitas voluntariamente pelos servidores, sendo, portanto, fragmentárias e descontínuas;
ƒ
as demandas das unidades para o aperfeiçoamento de seus quadros raramente eram
encaminhadas formalmente aos gestores de Recursos Humanos da UnB e, se o eram,
referiam-se a cursos urgentes e onerosos, cuja realização demandaria tempo e captação de
recursos adicionais. Tais fatos, muitas vezes, impediam ou retardavam o atendimento aos
pedidos, gerando críticas das unidades e desistências dos interessados;
18
ƒ
os cursos definidos e implantados pela SRH atendiam, emergencialmente, as necessidades
de formação mais evidentes, como alfabetização dos servidores, atualização em língua
portuguesa, cursos de espanhol, atendimento ao público e formação básica em
informática;
ƒ
o baixo nível de envolvimento dos gestores na definição das iniciativas de formação de
recursos humanos, associado à exigüidade do quadro permanente, fazia com que alguns
gestores dificultassem a participação dos servidores lotados em suas unidades nos cursos
de aperfeiçoamento promovidos na UnB;
ƒ
a falta de estímulos profissionais e financeiros aos servidores que buscavam novas formas
de aperfeiçoamento, aliada aos entraves à liberação enfrentados por eles em seus órgãos
de lotação, desestimulava a participação e aumentava o nível de desistência nas atividades
de formação implementadas;
ƒ
falta de perspectiva de crescimento na carreira, a partir do aumento do nível de educação e
os baixos salários eram outros pontos que acentuavam o desestímulo dos servidores;
ƒ
o alto custo da pós-graduação, a inexistência de normas internas que financiassem a
participação de servidores em cursos de especialização e mestrado profissionalizante,
associada à pouca visibilidade da importância estratégica da formação continuada da força
de trabalho desestimulavam a procura dos técnicos-administrativos por esses nesses cursos.
A partir de 2002, todas as Unidades passaram a informar ao gestor de recursos
humanos da Universidade a necessidade de pessoal e de formação dos seus quadros para os
cinco anos seguintes. Essas informações permitiram a realização de estudo mais detalhado
sobre o dimensionamento da força de trabalho da UnB (UnB, 2008d), e, ainda, viabilizou a
concepção do Projeto Especial de Educação Corporativa na Universidade.
Esse projeto, de acordo com a sua proposta inicial, estava voltado a desenvolver ações
direcionadas à formação de servidores da Universidade, visando à melhoria da qualidade dos
serviços prestados, ao aperfeiçoamento do processo de gestão e ao desenvolvimento do
servidor, enquanto pessoa. Sua implantação atenderia às seguintes vertentes:
1. elevação da qualidade do processo de gestão adotado pela UnB;
2. comprometimento dos servidores com os objetivos institucionais e garantia do
envolvimento de docentes e servidores no desenvolvimento das atividades planejadas;
3. modernização da gestão nas áreas acadêmica e administrativa;
4. melhoria da qualidade de vida dos servidores e o seu desenvolvimento, enquanto
pessoa e cidadão;
19
5. harmonização entre o potencial da força de trabalho e a implementação dos projetos e
propostas aprovados institucionalmente.
Na primeira fase, o Projeto de Educação Corporativa desenvolveu as seguintes
atividades (UnB, 2008d):
ƒ
realização de encontros e cursos de curta duração voltados ao aperfeiçoamento do
processo de gestão e à melhoria da qualidade dos serviços prestados pela UnB à
comunidade universitária e do Distrito Federal;
ƒ
incorporação de alunos da UnB, de vários níveis de ensino e com elevado rendimento
acadêmico, no desenvolvimento e implementação de projetos e atividades estratégicas, como
forma de propiciar a força de trabalho da Universidade, efetivo treinamento em serviço;
ƒ
desenvolvimento de atividades de curta duração para o aperfeiçoamento e a melhoria da
qualidade de atividades acadêmicas e de administração especializada;
ƒ
estímulo ao aumento da titulação de docentes e servidores de nível superior, por meio da
participação em cursos de pós-graduação stricto sensu;
ƒ
reestruturação do Programa de Preparação para a Educação Básica dos servidores da UnB;
ƒ
aumento da participação de servidores de nível superior e intermediário em cursos de
especialização e aperfeiçoamento, em áreas identificadas como estratégicas no Plano
Qüinqüenal;
ƒ
desenvolvimento de atividades abertas ao público que contribuam para o debate sobre a
melhoria da gestão na UnB e em outras instituições públicas.
De acordo com dados da Secretaria de Planejamento da UnB, captados dois anos
depois da primeira fase (UnB, 2008d), as estatísticas revelam os resultados alcançados pela
UnB a partir da implementação do Projeto de Educação Corporativa, destacando-se:
1. o aumento do número de servidores que concluíram os cursos de capacitação promovidos
pela Instituição, que passaram da média de 1.239 servidores/ano, em 1997/2001, para
2.246, nos anos de 2001 a 2003;
2. a UnB institucionalizou a participação de servidores em cursos de pós-graduação lato
sensu e de extensão, ao garantir, por decisão do seu Conselho de Administração, em tais
cursos, pelo menos 10% das vagas oferecidas, com isenção de taxa;
3. a prioridade institucional à elevação do nível de titulação dos servidores facilitou o
acompanhamento da SRH e envolveu outras unidades internas nas ações de treinamento.
Os resultados podem ser mensurados a partir da conclusão de cursos de especialização e
de extensão por servidores em atividades de formação voltadas ao público interno;
20
4. eliminação do analfabetismo entre os servidores e ampliação da conclusão do ensino
fundamental e médio, sendo este último considerado, atualmente, patamar mínimo para
garantia de empregabilidade da força de trabalho;
5. o aperfeiçoamento das estatísticas sobre titulação dos servidores, que embora ainda não
tenha atingido o nível desejado, já permite a construção de indicadores;
6. o Índice de Qualificação do Total do Corpo Técnico-administrativo (IQTCT) é reduzido
(0,5 em um máximo de 2,0). O mesmo acontecendo com o Índice de Qualificação dos
Técnicos de Nível Superior (1,51 em 5,0);
7. foi criado o Programa de Estágio Técnico, que permitiu a contratação imediata, tanto de
alunos com curso superior concluído, quanto daqueles que estivessem cursando a pósgraduação stricto sensu. A partir de então, foi possível levar pessoal qualificado aos
ambientes de trabalho, promovendo a reestruturação de atividades e o desenvolvimento de
atividades estratégicas;
8. a UnB deu início, já em 2002, ao desenvolvimento de ações específicas voltadas à
formação de gestores que, nos últimos três anos, envolveram 391 servidores ocupantes de
cargos de gerência em diferentes níveis hierárquicos da Instituição.
3.3 TENDÊNCIAS E INFLUÊNCIAS POLÍTICAS, SOCIAIS E TECNOLÓGICAS NA UnB
Avaliação Institucional
A UnB já nasceu sob o signo da modernidade, pois desde a sua concepção originária
praticamente reclamava processos permanentes de avaliação institucional, o que começou a
ser implementado a partir da década de 1980 (UnB, 2008b).
Em 1986, foi elaborado documento denominado “Proposta de Avaliação de Ensino
Superior”, resultado de avaliação realizada em todos os cursos de graduação da
Universidade (UnB, 2008b). A partir daí foram constituídas Comissões de Avaliação até
que, em maio de 2006 foi constituída a Comissão Própria de Avaliação (CPA) da
Universidade de Brasília, com a atribuição de coordenar os processos internos de avaliação da
Instituição, de sistematização e de prestação das informações solicitadas pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação, no contexto da Lei
21
n. 10.861, de 14/4/2004 (Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior –
SINAES) (UnB, 2008b).
Quanto às atividades relacionadas à avaliação institucional em 2004, destacam-se
como principais (SPL, 2002-2006):
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
elaboração do Projeto de Avaliação Institucional da UnB e apresentação aos Diretores
de Unidades acadêmicas, enviado ao MEC em abril de 2005. A CPA elaborou o
Diagnóstico dos Cursos de Graduação para apresentação junto aos coordenadores de
cursos;
apresentação do Projeto de Avaliação Institucional da UnB, Pesquisa de Egressos e PDI
no Fórum de Gestão da IFES em maio de 2005 (Curitiba);
até 2005, conclusão de nove pesquisas de egressos, análise, sistematização dos dados e
com organização dos dados. Editoração, publicação e disponibilização de quatro relatórios
no site da SPL;
atualização/manutenção do cadastro para a pesquisa de egressos, contendo apenas as
amostras selecionadas dos ex-alunos formados no período de 1993 a 2002;
processamento de oito relatórios de Avaliação de Disciplina e Desempenho Docente, com
a participação de 152 alunos;
realização de reuniões com os membros da CPA no sentido de discutir as diretrizes para
implementação do novo Projeto de Avaliação Institucional da UnB, conforme diretrizes
estabelecidas no Sistema Nacional de Ensino Superior (SINAES).
Programa de Expansão da UnB
A expansão recente da UnB teve início com a criação de Campus na cidade-satélite de
Planaltina, DF, que começou a funcionar no segundo semestre de 2007, com os seguintes
cursos e vagas: Ciências Naturais – 80 vagas, Educação do Campo – 60 vagas, Gestão
Ambiental – 40 vagas e Gestão de Agronegócios – 40 vagas. Para a implementação do
Campus foram utilizados, em sua maioria, recursos próprios da Universidade, além de
recursos provenientes de Emendas Parlamentares (DEG, 2008).
Em 2007, o Governo Federal instituiu, por meio do Decreto n. 6.096, de 24 de abril de
2007, publicado no Diário Oficial da União do dia 25/4/2007 (BRASIL, 2007), o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). A
Universidade de Brasília, então, em outubro do mesmo ano, apresentou ao seu Conselho
Universitário a Proposta de Expansão UnB-50 Anos, cuja versão foi encaminhada ao
Ministério da Educação, resultando na assinatura de Acordo de Metas, em março de 2008.
22
Ainda dentro do Plano de Expansão, foram criados os Campi do Gama e de
Ceilândia, com o objetivo de atender os estudantes das regiões próximas. Para os
candidatos que cursaram pelo menos dois anos do ensino médio em escola da área
favorecida pela expansão, a UnB concede 20% de bônus na nota final do vestibular
(DEG, 2008).
No Campus de Ceilândia são oferecidos cursos da área de saúde: Enfermagem,
Farmácia, Fisioterapia, cada um com 45 vagas; Gestão em Saúde, com 60 vagas, e Terapia
Ocupacional, com 45 vagas (DEG, 2008).
As aulas no Campus do Gama tiveram início neste segundo semestre de 2008, com
o Curso de Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnologia. Ainda serão oferecidos nesse
Campus os cursos de Engenharia Aeronáutica, Engenharia de Produção, Engenharia de
Computação e Engenharia Ambiental, cada um oferecendo 60 vagas. Quando totalmente
implantado, contará com aproximadamente 2.400 alunos (DEG, 2008).
Todo o processo de expansão da UnB causou impacto em vários cenários. Entre eles,
destaca-se o atendimento de demanda da população de baixa renda por ensino público de
qualidade mais próximo de sua residência. Da parte do Governo Federal, o Secretário de
Educação Superior do Ministério da Educação, em entrevista concedida à Secretaria de
Comunicação da UnB, enfatizou a necessidade de enfrentar e superar desafios para expandir
com qualidade a educação superior no Brasil. O Secretário alertou: “Nosso país é campeão em
desperdício de talentos, temos que superar essa situação”. Por seu lado, o Governador do DF
disse que a cidade (Brasília) recebe o privilégio de ter a UnB (DEG, 2008).
O Plano de Expansão da UnB, portanto, beneficiará população de 2,9 milhões de
pessoas residentes na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE), da
qual fazem parte o Distrito Federal e municípios dos Estados de Goiás e de Minas Gerais.
Finalmente, considera-se importante registrar que, de acordo com a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação, entre as
Instituições de Ensino Superior da Região Centro-Oeste, dos 195 Programas e cursos de pósgraduação reconhecidos, 67 são da UnB e do total de 77 cursos de pós-graduação, 49 são da
UnB (CAPES, 2008). No ranking dos Cursos de Graduação da UnB, no Guia Abril do
Estudante, no exercício de 2006 a UnB aparece com conceito 5 (EXCELENTE) em 16 cursos,
conceito 4 (MUITO BOM) em 18 cursos e conceito 3 (BOM) em 7 cursos (GUIA ..., 2007).
4
FILOSOFIA E RELAÇÕES HUMANAS NA UnB
4.1 FILOSOFIA
Muitas são as definições para Filosofia. Não raro, as definições têm como núcleo uma
ou mais das seguintes palavras: sabedoria, ciência, conhecimento.
Alguns filósofos definem filosofia como (REIS, 2008):
•
Platão: é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, primeiro, posse de um
conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e, segundo, os uso desse
conhecimento em benefício do homem;
•
René Descartes: significa o estudo da sabedoria;
•
Thomas Hobbes: é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem;
•
Immanuel Kant: é a ciência da relação do conhecimento à finalidade essencial da razão
humana, que é a felicidade universal, portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria,
mas através da ciência;
•
Auguste Comte: é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os
conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.
O grupo do presente trabalho tem preferência pelo de Kant.
Kant (apud Marías, 2008) afirma que as idéias de tempo e espaço são formas a
priori do conhecimento. Ou seja, segundo Kant, somos capazes de perceber que as coisas
são exteriores umas as outras e que os eventos se sucedem porque temos o conhecimento a
priori do tempo e espaço. E mais, "Todo conhecimento começa com a experiência mas nem
todo conhecimento se funda na experiência".
O artigo Pessoas e Organizações: uma relação em busca do equilíbrio (SILVA, 2006),
retrata claramente:
...a importância dos indivíduos deixarem de serem vistos somente como recursos,
passando a serem observados como verdadeiros meios e “essencialidades” para se
atingir os objetivos organizacionais. E é através do equilíbrio das relações, e
também do amadurecimento dos integrantes desse processo (indivíduo e empresa),
que será possível obter êxito da dinâmica organizacional, ao mesmo tempo em que
são atingidos os objetivos pessoais daqueles que estão envolvidos no processo.
24
Nesse sentido, há de se concordar com a autora, pois as pessoas nas organizações
devem ser vistas não somente como empregados, mas também como indivíduos, e que
organização e empregados devem interagir e se integrar para o mesmo objetivo, preparados e
dispostos a enfrentar todas as adversidades encontradas. O êxito organizacional é alcançado
essencialmente pelo trabalho dos empregados. Para que isso aconteça é preciso que haja entre
empregador e empregado um casamento equilibrado, em que predominem a confiança, o
incentivo, o respeito, o direito a livre expressão, entre outros. Sem dúvida, o empregado que é
valorizado se sente mais feliz e realizado como pessoa e como profissional. Os líderes têm
papel fundamental na condução de todo processo que envolva as pessoas da organização.
Na grande “cidade” Universidade de Brasília os servidores técnicos-administrativos
(do quadro, estagiários, bolsistas etc.) estão distribuídos entre a área acadêmica e a
administração, numa inter-relação e integração para o alcance da atividade-fim da Instituição:
o ensino, a pesquisa e a extensão.
Conforme relatado no item 4.2 deste estudo – Tendências e Influências do Mercado na
UnB –, da pesquisa realizada pela Secretaria de Planejamento (UnB, 2008d), destaca-se o que
se refere à área de Recursos Humanos. A pesquisa revelou que as demandas das unidades para
o aperfeiçoamento de seus quadros raramente eram encaminhadas formalmente aos gestores de
Recursos Humanos da UnB e, se o eram, referiam-se a cursos urgentes e onerosos, cuja
realização demandaria tempo e captação de recursos adicionais. Tais fatos, muitas vezes,
impediam ou retardavam o atendimento aos pedidos, gerando críticas das unidades e
desistências dos interessados. Esse aspecto preocupava por demais a área de recursos humanos.
A falta de autonomia das universidades públicas para gerir o quadro de pessoal,
realizar concursos e definir os níveis de remuneração dificulta sobremaneira a distribuição
adequada de pessoal nas diversas áreas. Em 2002 o número de técnicos-administrativos
ativos era de 2.074, sendo 247 em nível de apoio, 529 de nível superior e 1.298 de nível
intermediário (SPL, 2002). Em 2003, o quantitativo era: 628 de nível superior, 1.408 de
nível intermediário e 242 de nível de apoio (SPL, 2003). Internamente, apesar de reconhecer
a competência e o envolvimento de servidores docentes e técnicos como pontos fortes,
representantes das unidades identificaram na área de RH os maiores riscos ao pleno
desenvolvimento da UnB (UnB, 2008d).
Neste ano de 2008, o Governo Federal autorizou concurso público para cargos
técnicos-administrativos, mas o número de vagas não supriu as reais necessidades da UnB.
No Plano de Expansão (REUNI) já foram autorizados concursos para docentes e para
25
técnicos-administrativos, que suprirão as necessidades básicas dos Campi de Planaltina,
Gama e Ceilândia.
Recentemente, a UnB passou por situação atípica, quando o ocupante do cargo de Reitor
renunciou ao cargo. Em conseqüência, foi escolhido, pelo Conselho Universitário – órgão
máximo deliberativo da Instituição –, um Reitor pro tempore. Em sua primeira entrevista, após
ser escolhido para o cargo de Reitor pro tempore da Universidade de Brasília, Aguiar (2008)
se pronunciou nos seguintes termos, a respeito da participação da comunidade nas decisões da
Instituição:
Sim, é um desafio bastante grande porque há um certo hábito de não mais
participar. Durante muito tempo, os colegiados não se reuniram com a
periodicidade necessária e decisões foram tomadas sem a participação deles. A
primeira coisa que temos de fazer é resgatar a publicidade dentro da
universidade:Aqui é um lugar público, onde os componentes têm de participar
das decisões. A segunda coisa é a necessidade de diminuir as tensões entre as
pessoas. Aqui é o lugar da diferença, da divergência, até porque isso é rico
dentro de uma universidade. Mas não é o lugar da inimizade, nem das tensões.
E, finalmente, temos de fazer os conselhos funcionarem. Se tenho algum papel,
é o de estimular o funcionamento e que eles ajam e decidam de acordo com
suas competências.
Em sua mensagem de agradecimento à comunidade da UnB, o novo Reitor da UnB,
escolhido de forma democrática, por voto paritário para o mandato 2008-2012, assim
manifestou-se com relação a sua forma de administrar a Instituição:
A primeira e mais urgente, de natureza política, é afirmar uma atitude exemplar do
reitor, recuperar o sentido deliberativo e participativo da tomada de decisões pelos
colegiados, que é o modelo próprio da universidade. Exercer suas atribuições, mas
não de forma isolada. Criar espaço de debate para a sociedade. De natureza
funcional, fazer um modelo organizacional, para isso é preciso instalar o congresso
universitário.
Agora, comprometidos com uma gestão compartilhada da Universidade,
pretendemos realizar um diálogo permanente com os estudantes, professores e
servidores, de modo a garantir a excelência na produção dos saberes acadêmicos, a
responsabilidade social, a agenda ambiental na administração pública dos Campi,
tendo como eixo transversal a ética e o respeito aos direitos humanos e liberdades
fundamentais.
Aos servidores técnico-administrativos, nossa solidariedade com o aprimoramento
da carreira como instrumento de gestão e o compromisso com uma política de
valorização permanente, para que cada vez mais assumam o exercício responsável
de suas atribuições administrativas e gerenciais. Aos professores, nossa confiança
de que juntos poderemos construir uma universidade aberta à interlocução entre a
cultura científica e a cultura das humanidades e das artes, orientadas por uma
política pedagógica pautada no diálogo criativo e na formação cidadã (SOUSA
JÙNIOR, 2008).
26
Na UnB é respeitado o direito do servidor em participar e se expressar livremente
sem o risco de sofrer penalidades, inclusive no âmbito das entidades de classes, que são
localizadas no próprio Campus: Sindicato dos Servidores da Fundação Universidade de
Brasília, Associação dos Docentes da UnB, Associação dos Ex-Alunos. Na condição de
membro dessas entidades, os servidores têm autorização para se afastar do trabalho para
participar de congressos e outros eventos similares, devidamente autorizados pela Chefia
imediata, comunicada a SRH.
No âmbito dos Conselhos Superiores da UnB e dos Colegiados das Unidades que a
compõem, os servidores, os docentes e os estudantes têm representatividade.
Rios (2008), no texto Antonio Gramsci e as ideologias de classe, mostra que as classes
dominantes usam a ideologia para convencer os indivíduos a aceitarem sua condição de
dominado como natural Constata-se que a classe hegemônica, na sua ideologia, massificam os
indivíduos, imputando-lhes regras, normas, costumes. Aos indivíduos não é permitido o
esclarecimento, a liberdade do uso público da razão.
A SRH, por intermédio do seu Núcleo de Desenvolvimento Humano, oferece cursos
de Especialização para os servidores, como é o caso do Curso de Formação e
Desenvolvimento Gerencial, com 150 horas/aula, prioritariamente para os gerentes da UnB
portadores de diploma de curso de nível médio, mas aberto a outros interessados, com apoio
de diferentes especialistas da Universidade, em cada tópico do conteúdo programático. Para o
primeiro semestre de 2009 está previsto o oferecimento de curso de Mestrado
Profissionalizante em Gestão Pública, exclusivamente para servidores da FUB
O objetivo do Núcleo é preparar o servidor para que ofereça qualidade no serviço,
tenha satisfação profissional e pessoal, é o que almeja a maioria das pessoas. O indivíduo
precisa se sentir realizado profissional e pessoalmente para responder com qualidade em seu
trabalho às expectativas do mercado.
Na UnB, não existe centralização de poder. São vários os órgãos internos que têm
autonomia administrativa e financeira, funcionando em perfeita harmonia com a missão
da Universidade. Aos servidores é permitida liberdade para expressarem suas opiniões e
sugestões, contribuindo para o aperfeiçoamento de ações existentes.
No entanto, também se observa certa subjetividade domesticada, herdada do passado,
quando, durante 24 anos, prevaleceu a gestão autoritária na UnB. O poder era concentrado na
Administração Superior. Especialmente os servidores mais antigos, os de pouca formação
intelectual, ainda se comportam de forma domesticada. Acomodaram-se em suas funções,
27
cumprem normas, regras, rotinas, horários, diferentemente dos mais jovens já hoje estabilizados
na Instituição, que, em grupos, já defendem novas ideologias.
4.2 RELAÇÕES HUMANAS NA UnB
Lidar com pessoas é uma tarefa altamente complexa, porém gratificante para
quem souber fazê-lo de forma a enaltecer o trabalho e dignificar o ser humano.
(CHIAVENATO, 1994, apud SRH, 2008).
Compete à Secretaria de Recursos Humanos formular e desenvolver a política de
recursos humanos da UnB, a partir dos planos de carreira e propostas formuladas pelos
fóruns de RH, e assessorar a Reitoria nas decisões relativas ao pessoal vinculado à
Instituição. Tem como funções precípuas o Planejamento, a Coordenação, o Controle e a
Supervisão (SRH, 2008).
Como dito anteriormente, a SRH dispõe de uma Coordenadoria de Capacitação
(Procap), que tem por missão a atualização dos recursos humanos da Instituição, visando à
qualidade dos seus serviços, e por princípios a melhoria da qualidade de vida e da
qualificação profissional; a adequação do perfil de servidores e colaboradores aos diversos
ambientes organizacionais; a valorização da sua participação nos programas da Universidade
e o processo contínuo de treinamento como agente motivador de participação (SRH, 2008).
A SRH tem como metas (SRH, 2008).
ƒ
vencer a resistência à definição e à implementação de novo modelo de gestão que busque
a excelência acadêmica e administrativa; a adoção de instrumentos de gestão da
inteligência; e a substituição de modelo ineficaz de gestão da informação, da tecnologia e
de processos;
ƒ
superar a escassez e a gestão inadequada de recursos humanos e financeiros e a falta de
integração e articulação interna;
ƒ
adotar práticas político-pedagógicas modernas;
ƒ
elaborar plano de comunicação institucional que elimine as deficiências do processo e a
insuficiente infra-estrutura de comunicação;
Os desafios estratégicos da área de Recursos Humanos são: superar a insuficiência de
recursos humanos; vencer a limitação de recursos orçamentários e financeiros; elaborar
propostas visando a racionalizar a legislação federal sobre recursos; corrigir a falta de
28
integração de sistemas, a defasagem tecnológica e a inadequação da estrutura organizacional
(SRH, 2008).
Além das funções básicas e da política de capacitação intelectual e profissional dos
servidores da UnB, a SRH promove várias atividades voltadas para os servidores,
destacando-se:
ƒ
concessão de medalha e placa para os servidores que completam ano de casa no mesmo
ano em que a Universidade faz aniversário;
ƒ
concessão de placa para os servidores com 25 anos de casa – denominados “Prata da Casa”;
ƒ
café da manhã no Dia da Secretária e no Dia das Mães;
ƒ
participa da organização da Festa de Confraternização de final de ano oferecida
aos servidores.
O clima das relações interpessoaiss dos servidores da UnB pode ser considerado um
dos melhores. Especialmente os mais antigos, que são do quadro ativo permanente. Mesmo
não se vendo diariamente, é normal manterem tratamento de amizade, cortesia, coleguismo,
cumplicidade nos assuntos referentes à classe, entre outras afinidades. Nas oportunidades em
que se encontram, as conversas vão das relativas a trabalho até a vida pessoal. Comuns são
encontros em barzinhos, em festas e encontros promovidos pela Instituição.
A SRH é um dos órgãos que promovem atividades de qualidade de vida e de bemestar para os servidores. A Secretaria é bem dividida e organizada, não restando muito a ser
questionado pelos recursos humanos da Instituição. Também nessa direção, tem-se a
Diretoria de Arte, Cultura e Lazer, que promove atividades para os estudantes e para os
servidores em geral, e Faculdade de Educação Física, que oferece várias oficinas, inclusive
atividades para diabéticos e ginástica laboral, feita pessoalmente por estudantes da área nos
locais de trabalho.
O planejamento e a gestão na UnB contam com a participação de todos os gestores. As
decisões institucionais na Universidade de Brasília são provenientes dos seus Conselhos
Superiores, compostos por representantes dos três segmentos: docentes, técnicosadministrativos e estudantes. Vários sãos os órgãos da UnB, tanto da área acadêmica, quanto
da administrativa, que têm autonomia, e as decisões no âmbito interno também são
provenientes dos seus colegiados.
Na UnB os relacionamentos interpessoais são dos melhores, principalmente entre os
servidores mais antigos, é como se todos fizessem parte de uma mesma família. Qualquer
novidade com relação a uns logo chega ao conhecimento dos outros. A depender da situação,
a solidariedade é ampla.
29
As interações internas não são muitas, mas as que existem são importantes. Registram
os momentos que o segmento docente e o técnico-administrativo se reúnem, como, por
exemplo, na Confraternização Natalina.
As interações externas restringem-se aos grupos informais, colegas, amigos, parentes,
família. Ocorrem, normalmente, em final de semana, em casa de algum servidor e clube.
Não obstante o clima harmonioso, de amizade e até familiar, há de se dizer que, como
é normal em organizações de qualquer porte, há desavenças, brigas e até agressões entre
docentes e alunos, docentes e técnicos e entre técnicos e alunos. Para resolver as questões a
UnB dispõe de uma Comissão de Ética e, a depender da gravidade, usa a Comissão
Permanente Disciplinar.
O grupo deste estudo vê o líder como um maestro conduzindo sua orquestra, com seus
inúmeros e diferentes instrumentos, ovacionado por todos pelo sucesso. Na ciência, o grupo
adota o conceito de Chiavenato (apud REIS, s.d.) no sentido de que liderança “é uma
influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de
comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos”.
Segundo um dos Reitores da Universidade de Brasília, “A liderança de um dirigente
universitário se mede pela capacidade na agregação de competências e formulação de um
projeto para a academia” (MORHY, 2005).
E mais:
Na universidade, ao contrário do que sucede no conjunto social, os liderados
exercem um papel ativo. Eles não se limitam a seguir os passos de alguém, mas
ajudar este alguém nas tarefas de governança, e, mais do que isso, na concepção das
políticas acadêmicas. Essa influência mútua é praticada nos colegiados, que por sua
vez não devem guardar semelhança com os plenários políticos ou assembléias de
classe, onde atuam "bancadas" e "facções" mais preocupadas com a reação de suas
bases eleitorais (MORHY, 2005).
Pode-se dizer que não há um tipo ideal de liderança, nem melhor, nem pior. A melhor
liderança seria a soma de fatores como: características do líder e dos liderados. Na UnB
predomina a Liderança Democrática, considerando que, com a descentralização e autonomia
de várias unidades, as pessoas são escolhidas pelos seus pares, são orientadas e incentivadas,
por meio de discussões e diálogos, a participarem das decisões nos colegiados.
Na área de recursos humanos, por exemplo, as tarefas são expostas, discutidas e as
pessoas se envolvem e tomam as providências para atingir os objetivos. O gestor de RH da
UnB deixa as pessoas à vontade para desenvolver tarefas e comporta-se como se fosse um
30
membro da equipe. Esse comportamento agrada a todos e o objetivo final é alcançado com
satisfação, sendo motivo de prazer e orgulho.
Na UnB percebe-se claramente o choque cultural entre os mais antigos e os recémcontratados. Ainda é considerável o quantitativo de servidores ingressos a partir dos anos de
1961 até 1980. De fato, são grandes as diferenças de hábitos, valores, costumes, tradições etc.
Mas, nota-se, que os mais antigos não se interessam em “convencer” os mais novos a
adotarem a cultura antiga da Instituição.
Os mais novos têm conceitos e valores mais modernos a respeito das diferenças, e
sabem o que a Instituição espera de cada um deles. São mais exigentes, mais especializados,
mais interligados e interagem mais do que os antigos. Todos convergem para a realização da
missão da Instituição: o ensino, a pesquisa e a extensão. Esse é o tipo de cultura predominante
na Universidade de Brasília, a dos valores compartilhados pela maioria dos servidores. A
Secretaria de Recursos Humanos é responsável por nomear os servidores concursados os
colaboradores contratados e encaminhá-los, por meio de documento de apresentação, ao órgão
de lotação pré-definido. A partir daí, acontece a metamorfose (mudança do indivíduo para se
adaptar à Instituição) e a exposição dos símbolos materiais (cargos diretivos).
São inúmeros os órgãos que possuem aparelhos de ar-condicionado, frigobar, central
telefônica, equipamentos de informática de última geração entre outros símbolos
representativos da hierarquia e de poder localizados. A verificação da produtividade,
comprometimento e rotatividade é responsabilidade das chefias imediatas, que também
providenciam a Avaliação de Desempenho dos seus servidores.
Observando-se o Sistema Likert, pode-se afirmar que a abordagem comportamental na
UnB é Participativa (VALENTIM, 2007), que é o sistema administrativo democrático, o mais
aberto de todos os sistemas, haja vista que na UnB as decisões advêm dos Colegiados, nos
quais os três segmentos estão representados; o sistema de comunicação é amplo e eficaz; os
relacionamentos interpessoais existem de fato. Não existe o sistema de recompensas
(PASQUETTI, s.d.), mas sim o de punições, porquanto os servidores públicos são regidos
pela Lei 8.112/1990 (BRASIL, 1990), que prevê sanções disciplinares para os segmentos
docente e técnico-administrativo.
5
CONCLUSÃO
O presente estudo é resultado de esforço conjunto do grupo para realizar um trabalho
que demonstrasse a visão sistêmica da Universidade de Brasília.
A maioria dos dados e informações a respeito da UnB estava ao alcance da mão, em
documentos, estudos e pesquisas realizadas pela própria Instituição. Os textos e livros
adotados pela Universidade Metodista de São Paulo foram de suma importância para
enriquecer o trabalho, além de artigos, trabalhos disponíveis na Internet, o livro Filosofia e
Modernidade, entre outros.
De todo o conteúdo do presente estudo, constata-se que a Universidade de Brasília é
de fato um organismo vivo e não corre o risco de “morrer”. Ao contrário, a tendência é
crescer, se desenvolver e expandir ainda mais, como demonstrado no item 4.3 –Tendências e
Influências Políticas, Sociais e Tecnológicas na UnB, do presente estudo. Se depender de seus
dirigentes e seu quadro de pessoal, a UnB continuará sendo uma Universidade referência em
todo o País, o que pode ser comprovado com os conceitos que têm obtido nas Avaliações da
CAPES e do INEP (ambos do Ministério da Educação) (INEP, 2006).
Como visto no capítulo – 4 Tendências e Influências Ambientais na UnB –, a pesquisa
realizada pela Secretaria de Planejamento (UnB, 2008d) relevou que as questões relacionadas
à área de recursos humanos preocupavam a todos os gestores. Foram identificadas, no
ambiente externo, poucas oportunidades e muitas ameaças, sendo as mais expressivas a falta
de autonomia da Universidade para gerir o quadro de pessoal, realizar concursos e definir os
níveis de remuneração. No âmbito interno, apesar de reconhecer a competência e o
envolvimento de servidores docentes e técnicos como pontos fortes, representantes das
unidades identificaram na área de RH os maiores riscos ao pleno desenvolvimento da UnB.
No entanto, como os dados são de 2004, muita coisa mudou desde então. No que diz
respeito a recursos humanos, mesmo sem autonomia para promover contratações legais
(concursos públicos) e oferecer salários dignos, a Universidade tem conseguido sobreviver a
esses percalços. Por exemplo, os professores desenvolvem projetos para terceiros e quando
permitido, adquirem equipamentos para os laboratórios, entre outros bens necessários ao
desenvolvimento da Instituição. Infelizmente, uma política justa de RH depende sobremaneira
do Governo Federal, mas, no que é possível, como, por exemplo, o oferecimento gratuito de
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capacitação aos servidores, já é um passo importante, pois o servidor, ao concluir o curso,
obtém progressão funcional, o que gera aumento no salário.
Com relação a dificuldades para desenvolver o presente trabalho, não há de se falar a
respeito, porquanto duas componentes do grupo do estudo pertencem ao quadro de pessoal
permanente da Universidade de Brasília, conhecedoras de boa parte da história da Instituição.
Outro fato facilitador é que quase todo o material pesquisado encontrava-se ao alcance da
mão, em sua grande maioria, no próprio Portal da UnB.
Para as duas integrantes do grupo que trabalham na UnB há mais de 30 anos, o estudo
mostrou que muito há ainda a se conhecer a respeito da Instituição. Foi quase com
encantamento que se debruçaram em tudo que dizia respeito à Universidade de Brasília.
Houve momentos em que as atividades do ambiente de trabalho provocavam interrupção do
estudo, mas nem por isso as mentes deixavam de pensar e planejar o que tinha de se escrito.
Alguns fatos foram ratificados e outros se revelaram como descobertas gratificantes. Para os
outros dois membros do grupo, foi um aprendizado inesquecível, pois não tinham noção do
tamanho desse organismo vivo chamado Universidade de Brasília.
De todo o exposto, acredita-se que a UnB muito ainda há de oferecer em termos de
Conhecimento. A expectativa é que a Instituição leve sua extensão a outras regiões do País,
oferecendo educação superior com qualidade à população menos favorecida.
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