Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios Gestores dos grandes bancos na mira do BCE Maria João Gago | [email protected] A actuação dos gestores dos bancos significativos é uma das preocupações do supervisor europeu. Equipas do BCE têm reunido com administradores dos grandes bancos nacionais. E já avisaram que querem assistir a reuniões do conselho. A actuação e os mecanismos de controlo dos gestores dos grandes bancos nacionais e europeus são preocupações do Banco Central Europeu no âmbito das suas competências de supervisão. O Negócios sabe que as equipas do supervisor único europeu têm tido encontros com os administradores das instituições significativas - CGD, BCP, Novo Banco e BPI - e admitem mesmo assistir a reuniões dos conselhos de administração. Este alerta já chegou aos bancos portugueses, mas ainda não terá tido resultado prático, apurou o Negócios. Os encontros que as equipas do BCE têm promovido com os gestores dos grandes bancos nacionais vão além dos encontros tradicionais entre os representantes das instituições financeiras e os responsáveis pela entidade de supervisão. Exemplo disso, é que os contactos têm incluído os administradores não executivos, a quem compete, em primeira instância, supervisionar a actuação dos gestores executivos, sabe o Negócios. As reuniões têm decorrido em particular com os administradores não executivos que têm assento nas comissões de auditoria. Este é o órgão que, dentro dos bancos, tem a competência de fiscalizar a actuação da administração, zelar pelo cumprimento da lei e das normas bancárias e de controlo interno, acompanhar e verificar a exactidão dos documentos de prestação de informação financeira. Entre os quatro bancos portugueses significativos, apenas o Novo Banco, que tem um estatuto especial por ser banco de transição, não dispõe de comissão de auditoria. Esta função cabe ao conselho fiscal. Supervisor único quer assistir a reuniões Mas o escrutínio do BCE relativamente à administração dos grandes bancos, em relação aos quais tem responsabilidades directas de supervisão, irá mais longe. O Negócios sabe que no quadro dos seus procedimentos normais, as equipas do Mecanismo Único de Supervisão (MUS) pretendem assistir a reuniões da administração das instituições significativas. CGD, BCP, Novo Banco e BPI já terão sido informados pelo supervisor europeu desta pretensão. No entanto, ao que Negócios apurou, as equipas do BCE ainda não terão participado em nenhuma reunião. Certo é que este tipo de prática não decorrerá apenas em Portugal, mas também nos restantes 116 bancos significativos dos países em que o BCE, no quadro do Mecanismo Único de Supervisão, passou a ser responsável pela fiscalização. A lista de poderes de supervisão do BCE não refere especificamente que o MUS pode assistir às reuniões dos conselho de administração dos bancos significativos. No entanto, são atribuídas competências para a realização de inspecções no local. Estas iniciativas, cujo planeamento é feito numa base anual, destinam-se, entre muitos outros objectivos, a "examinar e avaliar a adequação e a qualidade da governação da instituição de crédito e do seu quadro de controlo interno em função da natureza da sua actividade e dos riscos", de acordo com o guia de supervisão bancária do BCE. *com EM 2015-05-28