CREA-GO PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DE GOIÁS ANO IV - Nº 10 / NOVEMBRO 2009 Ameaça ao meio ambiente Mineradores têm um ano pela frente para adotar todas as medidas de recuperação das áreas degradadas na região das pedreiras de Pirenópolis Mineração atrai 4 bilhões de dólares NOVEMBRO/2009 1 2 NOVEMBRO/2009 Editorial Aprovação reafirma qualidade dos serviços Num balanço das ações e iniciativas adotadas pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás (Crea-GO) ao longo de 2009, cabe destacar o trabalho desenvolvido para assegurar aos profissionais da base tecnológica e à sociedade como um todo um atendimento de alta qualidade e eficiência. Em busca do aperfeiçoamento dessa prestação de serviços, a autarquia realizou investimentos consideráveis na atualização dos sistemas de informática, na manutenção e adequação de suas instalações físicas e na expansão de sua rede de inspetorias no Estado. Os resultados mais concretos desse esforço para manter o Crea-GO alinhado aos interesses maiores da comunidade estão traduzidos na pesquisa realizada entre profissionais de Goiânia para aferir o nível de satisfação com o trabalho desenvolvido até o momento. O índice de aprovação atingiu nada menos do que 75%, distribuídos entre bom, ótimo e excelente. O processo de interiorização do CreaGO, uma das peças centrais dessa estratégia de aprimoramento dos trabalhos prestados à população e aos profissionais, ganhou fôlego renovado com maior aproximação das 45 inspetorias espalhadas por todo o Estado, com a visita pessoal do Presidente a todas as inspetorias, sendo que algumas delas receberam mais de duas visitas . O apoio às inspetorias e aos profissionais do interior deu-se a partir da implementação de melhorias nas instalações físicas, aquisição de equipamentos mais modernos, investimentos na rede de acesso à Internet, assegurando maior velocidade na comunicação, e ainda por meio da inauguração das inspetorias de Caçu e Campos Belos. A realização de palestras sobre temas definidos de acordo com as solicitações e com o quadro de profissionais em cada região e a criação do programa “Inspetores Presentes” completam, mas não esgotam a agenda da interiorização. A cada sessão plenária, o Crea-GO tem patrocinado a participação de inspetores-chefes e auxiliares de cinco inspetorias do interior, que têm assim a oportunidade de conhecer o funcionamento da autarquia, os procedimentos adotados e ocupantes de postos chave para facilitar os contatos do interior com a sede. Os inspetores têm ainda a oportunidade de expor suas opiniões e apresentar propostas diretamente à presidência do Crea-GO, visando a melhoria dos serviços prestados no interior. O Crea-Go vem incentivando e auxiliando a criação e a regularização de entidades de classe, um dos pilares de sustentação do Conselho, criando um condomínio para abrigar aquelas ainda sem sede própria e oferecendo apoio à criação de novas entidades nas modalidades onde elas ainda não existem. Trata-se, acima de tudo, de valorizar o profissional e fornecer instrumentos para sua representação mais ampla. Além disto, o Crea-GO tem buscado incrementar ações em defesa dos interesses e direitos da sociedade, por meio de inspeções preventivas principalmente em escolas e prédios públicos, tendo também aprofundado os contatos e a troca de informações com instituições de ensino e entidades voltadas para o aprimoramento das profissões de base tecnológica em Goiás. Eng. Civil Gerson de Almeida Taguatinga Presidente do Crea-GO “O processo de interiorização do Crea-GO, uma das peças centrais dessa estratégia de aprimoramento, ganhou fôlego renovado” NOVEMBRO/2009 3 índice CAPA Pedreiras de Pirenópolis O prazo para que mineradores de Pirenópolis cumpram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com Ibama, Agência Ambiental de Goiás, Departamento Nacional de Produção Mineral, Promotoria de Justiça e prefeitura local esgota-se em 21 de novembro de 2010. O termo obriga a adoção de medidas de curto, médio e longo prazo para preservar a sustentabilidade da atividade mineral da pedreira da região. 28 AEROPORTO A despeito de esforços realizados pela administração do Aeroporto Santa Genoveva, vistoria realizada pelo Crea-GO, por solicitação do Ministério Público Federal, constatou uma série de falhas no cumprimento do artigo 8º do Decreto Presidencial 5.296/2004, que define normas para facilitar o acesso a edifícios e a equipamentos urbanos de pessoas portadoras de necessidades especiais. Entre outras deficiências, apenas uma escada assegura o acesso ao segundo piso. 12 Indústria de mineração prepara-se para investir 4 bilhões de dólares em Goiás, apostando na tendência de recuperação da economia mundial, num momento em que o governo dá mostras de que pretende reforçar sua capacidade de influir sobre as decisões do setor. 24 4 NOVEMBRO/2009 MINERAÇÃO Regionalização Crea-GO descentraliza serviços Atividades antes restritas à sede da autarquia serão realizadas nas 45 inspetorias existentes no Estado. Itumbiara e Anápolis receberão projeto piloto Cerca de 20 serviços hoje realizados apenas na sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Goiás (CreaGO), em Goiânia, até o fim do ano estarão também disponíveis nas 45 inspetorias da autarquia. O trabalho integra projeto de regionalização do Conselho, que pretende acelerar atendimento, análise e solução dos processos. A novidade chega no ano em que a entidade completa 42 anos e vai beneficiar o trabalho dos 34 mil profissionais registrados na autarquia. Para a descentralização dos serviços, as inspetorias foram divididas em oito regionais com sedes em Anápolis, Caldas Novas, Aparecida de Goiânia, Formosa, Itumbiara, Goiás, Rio Verde e Porangatu. As inspetorias de Itumbiara e Anápolis receberão o projeto piloto. A meta é que a implantação nas duas regionais ocorra ainda neste ano. Segundo o gerente do Departamento Técnico do Crea-GO, Edvaldo Pereira Maia, a escolha dos polos observou critérios como localização, estrutura física e quadro profissional. Maia afirma que, a princípio, será mantido o atual quadro de funcionários das inspetorias. No entanto, nas unidades regionais, passa a surgir a figura do líder. “O líder vai gerenciar o trabalho das inspetorias regionais”, informa a gerente do Departamento de Apoio ao Colegiado do Crea-GO, Mair Ramos. Segundo Maia, o plano de carreira do Conselho prevê líderes de áreas. E explica que, atualmente, as solicitações que chegam às inspetorias são enviadas para a sede do Conselho em Goiânia. Os malotes com os pedidos são enviados para a capital uma vez por semana e depois devolvidos à cidade de origem com a resposta. A expectativa, diz Maia, é que a regionalização viabilize, por exemplo, a expedição de um documento entre dois e cinco dias, no máximo. “Ao descentralizar os serviços o Crea-GO valoriza o profissional, agiliza os procedimentos. É um avanço que precisávamos há algum tempo”, comenta o conselheiro federal do Crea, Petrolinces Pantaleão de Araújo. Ele, que foi inspetor em Itumbiara por 13 anos, ressalta que há muito tempo os profissionais sentem necessidade de se aproximar mais do Conselho, o que acredita que será viabilizado com o novo projeto. Com a descentralização, inicialmente poderão ser emitidos nas inspetorias: certidão negativa de obras/serviços; certidão de obras/serviços anotados; certidão específica de obras (referente a dados do cadastro do conselho); cópia de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e declaração de ART (posterior a 1990), baixa de obra/serviços, cadastro de obra popular, complementação de taxa de ART, taxa especial para ART, visto em registro de pessoa jurídica, cancelamento de registro de pessoa jurídica, certidão de registro e quitação. Além de: cópia de contrato de trabalho, visto em registro de profissional, prorrogação de carteira provisória, interrupção de registro de profissional, reativação Maia: localização, estrutura física e quadro profissional definem escolha de polos regionais NOVEMBRO/2009 5 Carlos Costa Mair Ramos: “O líder vai gerenciar o trabalho das inspetorias regionais” 6 NOVEMBRO/2009 de registro de profissional e cancelamento de registro de profissional por óbito. Numa segunda etapa, após desenvolvimento do sistema de envio eletrônico de processos, estão programados serviços para serem executados nas inspetorias após a análise na sede, como por exemplo, emissão de certidões de acervo técnico e específico de obras; registro de pessoa jurídica; alteração contratual; expedição de carteira definitiva e provisória, entre outros. PROJETO O projeto de descentralização das atividades do Crea-GO começou a ser elaborado em maio deste ano, segundo informa a gerente do Departamento de Apoio ao Colegiado, Mair Ramos. Segundo ela, o sistema de regionalização planejado para o Conselho em Goiás se baseia no modelo do Crea do Paraná, que há 13 anos implantou o sistema. O gerente do Departamento Técnico do Crea-GO, Edvaldo Maia, informa que o projeto está na etapa de desenvolvimento de sistemas de comunicação eletrônica e de envio de processos eletrônicos. “A previsão para início da descentralização até o fim deste ano está mantida,” pontua. Divisão das inspetorias no Estado Inspetoria regional Inspetorias jurisdicionadas Anápolis Águas Lindas, Ceres, Goianésia, Itapaci, Jaraguá Caldas Novas Catalão, Cristalina, Ipameri, Pires do Rio Goiás Mozarlândia, São Luiz de M. Belos, Iporá, Jussara, Aragarças Formosa Alto Paraíso, Campos Belos, Luziânia, Posse, Valparaíso Itumbiara Bom Jesus, Goiatuba, Quirinópolis, Morrinhos Aparecida de Goiânia Palmeiras, Piracanjuba, Silvânia, Inhumas Rio Verde Chapadão do Céu, Mineiros, Jataí, Santa Helena, Caçu, Acreúna Porangatu Minaçu, Niquelândia, São Miguel do Araguaia, Uruaçu Regionalização 2 Novas inspetorias Campos Belos, em setembro, e Caçu, em outubro, receberam as instalações das mais recentes representações do Crea-GO no interior A atual administração do Crea-GO, presidida pelo engenheiro Civil Gerson de Almeida Taguatinga, avança no programa de interiorização de suas atividades ao inaugurar as inspetorias de Campos Belos e Caçu, totalizando até agora 45 inspetorias com previsão para brevemente mais três serem abertas: Itaberaí, Crixás e Caiapônia. A primeira iniciou seus trabalhos no dia 9 de setembro, data da inauguração, e atenderá também municípios do nordeste goiano, contando com todas as instalações necessárias, como mobiliário e aparelhos eletroeletrônicos, num investimento estimado entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. A inspetoria de Caçu foi aberta no dia 7 de outubro. Em Campos Belos, 34 profissionais que atuam na região e autoridades locais participaram da inauguração celebrada por toda a comunidade. A inspetoria deverá dar apoio a uma população calculada em 41,5 mil habitantes. Operando como uma extensão do Crea-GO, a unidade atenderá ainda municípios vizinhos como Divinópolis (antiga Galheiros), São Domingos e Monte Alegre de Goiás. De acordo com Vicente Machado, gerente do Departamento de Inspetorias da entidade, “o objetivo do atual presidente do CreaGO é descentralizar a prestação de serviços, contando com uma rede formada por 12 mil a 15 mil profissionais no interior, até o momento”. Atualmente, o sistema Confea/ Crea, em nível nacional, registra perto de 300 profissões inscritas e só em Goiás são quase 170 modalidades profissionais, entre engenheiros de diversas especialidades, arquitetos e agrônomos, além de outras profissões da área tecnológica, contabilizando cerca de 30 mil profissionais, incluindo técnicos de nível médio, acrescenta Machado. A inspetoria de Caçu atenderá aos municípios de Itarumã, Itajá, Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta e Lagoa Santa. Na área de abrangência da inspetoria, há 110 profissionais responsáveis pelo atendimento a uma população de 40 mil pessoas, em números aproximados. Dentro do projeto de interiorização das inspetorias, idealizado pelo Crea-GO, mais três inspetorias serão implantadas a curto prazo. Essas inspetorias regionais oferecem aos profissionais da área serviços de recebimento de anuidades e de taxas diversas, emissão de certidão de registros e quitação de profissionais e empresas, consulta a cadastros, registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e acompanhamento de processos, entre outros. Machado: atendimento a aproximadamente 30 mil profissionais em todo o Estado NOVEMBRO/2009 7 Atribuições profissionais Em compasso de espera Conselhos regionais de engenharia, arquitetura e agronomia aguardam definições do Confea a respeito da aplicação da Resolução 1.010 Os conselhos regionais de engenharia, arquitetura e agronomia de todo o país aguardam manifestação do Conselho Federal (Confea) sobre a Resolução 1.010, de 22 de agosto de 2005, que dispõe sobre a regulamentação da atribuição de títulos profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Segundo o assessor de Educação e Cultura do Crea-Goiás, Agrônomo Ariston Alves Afonso, a resolução que vigora oficialmente desde 30 de junho de 2007 precisa ser regulamentada de forma mais detalhada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. “Muitos detalhes sobre sua aplicação prática precisam ser esclarecidos, com urgência, pelo Confea, já que a resolução se aplica obrigatoriamente aos estudantes que ingressaram nos respectivos cursos a partir de 1º de julho de 2007, sendo que as primeiras turmas de tecnólogos estão se formando em 2009”. A atuação dos novos profissionais será regida pela Resolução 1.010/2005, estabelecida a partir dos parâmetros da Lei de Diretrizes 8 NOVEMBRO/2009 e Bases da Educação. Entre outras atribuições, definidas pela Lei nº 5.194/1966, ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia cabe organizar, disciplinar e manter atualizado o registro dos profissionais inscritos para exercer atividades de engenharia, arquitetura e agronomia. Para esse fim, o Conselho acata leis e decretos específicos de determinadas profissões ou baixa resoluções que disciplinam tal matéria, tendo em vista os currículos e graus de escolaridade. Até 1996, as instituições de ensino superior eram obrigadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a ministrarem seus cursos segundo o currículo mínimo, que determinava as disciplinas oferecidas ao estudante durante a graduação. A edição da Lei nº 9.394 de 1996, a chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação, suprimiu a exigência do currículo mínimo. Com isso, as instituições de ensino passaram a montar suas grades curriculares com mais autonomia, dando ênfase à variabilidade do perfil do formando, visando atender à demanda do mercado por determinado conhecimento e às características regionais sem, no entanto, descaracterizar o curso. O assessor de educação e cultura do Crea-GO afirma que esse quadro de maior abertura e liberdade levou o Confea a buscar alternativas à sistemática de concessão de atribuições profissionais, dadas as possibilidades do surgimento do mesmo curso com grades curriculares diferentes entre si. Após anos de estudos, uma das alternativas foi baixar a Resolução 1.010/2005. Além de ter aplicação obrigatória para os estudantes que ingressaram a partir de 1º de julho de 2007, é optativa para os que se formaram após essa data. Pela resolução, a escola poderá priorizar determinados conhecimentos, inserindo-os na grade curricular. O estudante também tem a opção de selecionar e priorizar áreas do conhecimento com as quais se identifique e queira direcionar suas futuras atividades profissionais. EVOLUÇÃO Na opinião do assessor do Crea-GO, a Resolução 1.010/2005 representa uma evolução na forma de concessão de atribuições profissionais, beneficiando qualquer profissional, mesmo o formado antes de sua entrada em vigor. Este poderá se preparar e solicitar a revisão de suas atribuições. Ariston Alves cita, como exemplo, o caso do engenheiro eletricista que considerar que os conhecimentos e atribuições em “fundações” são importantes para sua atuação poderá acrescentar essas atribuições às que já possui. O caminho é cursar disciplinas isoladas de graduação e/ou de cursos de pós-graduação válidos, seja lato sensu ou estricto sensu, mestrado ou doutorado, fornecidos por instituições de ensino regulares. Segundo Ariston Alves, a sistemática de concessão de atribuições será feita por meio da análise da grade curricular cumprida pelo estudante, de modo que o profissional poderá desempenhar atividades exclusivamente correspondentes aos conhecimentos que adquiriu. Ele acredita que assim poderá ser reduzido o chamado sombreamento com mais de uma profissão realizando as mesmas atividades. “Também vai evitar que determinado profissional desempenhe atividades para as quais não cumpriu as disciplinas necessárias, situação que não era considerada nas resoluções anteriores”, ressalta. Diploma e competências No capítulo III da resolução, que trata dos registros profissionais, consta que a atribuição inicial de títulos, de atividades e de competências decorrerá, rigorosamente, da análise do perfil profissional do diplomado, de seu currículo integralizado e do projeto pedagógico do curso regular, em consonância com as diretrizes curriculares nacionais. De acordo com o parágrafo primeiro do artigo 8º, o registro dos profissionais no Crea e a respectiva atribuição inicial de título profissional, de atividades e de competências serão procedidos de acordo com critérios a serem estabelecidos pelo Confea para a padronização dos procedimentos, e dependerão de análise e decisão favorável da(s) câmara(s) especializada(s) do Crea, correlacionada(s) com o respectivo âmbito do(s) campo(s) de atuação profissional. Só em Goiás, perto de 34 mil profissionais das áreas de engenharia, arquitetura e agronomia, geografia, geologia e meteorologia têm as atividades regidas pelo sistema Confea/ Crea. NOVEMBRO/2009 9 Serviço Segurança a profissionais e clientes Anotação obrigatória em laudos cresce 64%, mas ainda não alcança todos os documentos emitidos. Crea busca parcerias para garantir cumprimento da lei A quantidade de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) de laudos registrada no Crea-GO aumentou quase 64% em quatro anos. O volume saltou de 5.628 em 2005 para 9.248 em 2008. A média de crescimento por ano no período foi de aproximadamente 15%. Apesar do avanço, o Conselho estima haver número elevado de documentos emitidos sem anotação, em especial laudos periciais. Para reforçar a exigência prevista desde 1977 por meio da Lei nº 6.496, a autarquia busca parcerias com a Justiça do Trabalho, Tribunal de Justiça, empresas e profissionais. Em 2009, até 9 de outubro, 6.681 ARTs de laudos foram registradas no Crea-GO. Mantido o ritmo dos últimos nove meses, a curva de crescimento experimentada nos anos 10 NOVEMBRO/2009 anteriores será quebrada por um recuo de 6% comparado ao ano passado. O coordenador da Câmara de Engenharia de Segurança do Trabalho, engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho, Jovanilson Faleiro de Freitas, explica ser difícil mensurar a quantidade de documentos emitidos sem ART. “No caso de laudos a situação é ainda mais gritante em função da dificuldade de se chegar Fotos: Carlos Costa Jader Alves: trabalho de conscientização de profissionais e do mercado Jovanilson Freitas: situação ainda mais complicada no caso dos laudos sem ART aos documentos sem anotação.” Acrescenta não ter como saber quem fez o laudo e para onde fez. “A fiscalização só vai conseguir isso se entrar numa empresa e alguém falar.” O artigo 1º da Lei 6.496/1977 determina que todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à engenharia, à arquitetura e à agronomia fica sujeito à ART. Freitas ressalta que só pode fazer a anotação, assim como atuar na área, o profissional com registro no Crea. “O bacharel está qualificado, mas para exercer seu trabalho tem de estar registrado no Conselho. Se não tiver, está exercendo ilegalmente a profissão.” O laudo dispensa o número do registro profissional, bastando a assinatura. Freitas informa que o grande problema enfrentado pela autarquia hoje se refere aos laudos periciais. Segundo ele, tanto na justiça convencional como na do trabalho, em função do profissional que fará o laudo ser nomeado por um juiz, subentendese ser desnecessário uma ART para garantir o serviço. O coordenador informa estar em estudo parceria com a Justiça do Trabalho com objetivo de tornar obrigatória a ART nos laudos solicitados pelo órgão. Depois de firmada a parceria com a entidade, a autarquia vai buscar adesão à essa prática também pela justiça comum, o que é esperado para o próximo ano. RISCOS Segundo o coordenador, quando uma empresa deixa de exigir a anotação técnica em um laudo assume o risco de não ter a garantia pelo serviço contratado. “Já passamos por situações em que o profissional emitiu um laudo técnico sem a ART e, posteriormente, registrou-se um acidente no local vistoriado. A defesa do profissional usou a ausência da anotação no documento para justificar que não havia sido feito um laudo fim, mas apenas uma análise.” O acidente provocou sequelas em um trabalhador. O processo tramitou no Crea-GO e no Conselho de Ética da autarquia e foi constatado que o documento era um laudo técnico. “Foi um caso de antiética. Deixou de anotar responsabilidade por uma coisa que ele era responsável,” pontua Freitas. O profissional, por sua vez, ao fazer a ART, diz o coordenador, pode se resguardar de qualquer alteração no local avaliado que possa ocorrer após a emissão do laudo. Anotação eletrônica Para incentivar a ART em laudos, o Crea-GO desenvolve um trabalho de conscientização, que envolve palestras para empresas, profissionais, estudantes e sociedade em geral, como explica o gerente de Fiscalização do Conselho, engenheiro Civil Jader Rodrigues Alves. “Informamos a importância da ART, que garante as cláusulas do contrato e delimita quais são as responsabilidades do profissional.” Jader informa que as palestras são agendadas a pedido de instituições de ensino ou a partir de necessidades identificadas pelo Conselho. A ART pode ser registrada de forma on-line, por meio do site do Crea-GO (http://www.crea-go.org). A anotação é considerada válida a partir do momento em que é paga. Para controle da autarquia, cópia do documento assinado pelo profissional e SETEMBRO/2009 11 contratante deve ser enviada ao Crea-GO para ser arquivada. Está em estudo uma ART eletrônica de padrão nacional que dispensará o envio físico do documento para o Conselho. A novidade é esperada para o segundo semestre de 2010. NOVEMBRO/2009 11 Um obstáculo Acessibilidade a mais Vistoria realizada pelo Crea-GO constata que aeroporto de Goiânia dificulta acesso de portadores de necessidades especiais Santa Genoveva: recursos ainda insuficientes para assegurar direitos de portadores de necessidades especiais 12 NOVEMBRO/2009 Apesar de alguns esforços e adaptações com o objetivo de tornar o Aeroporto Santa Genoveva acessível às pessoas portadoras de deficiências e de mobilidade reduzida, vistoria realizada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-GO), atendendo à solicitação do Ministério Público Federal, constatou diversas falhas em relação às exigências do artigo 8º do Decreto Presidencial 5.296/2004 que estabelece normas para priorização do atendimento e para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, em vigor desde 2007. O trabalho foi baseado no próprio decreto e na norma NBR 9050, que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos, editada em 31 de abril de 2004 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O levantamento envolveu estacionamento, circulação externa, acesso ao estabelecimento, circulação interna, sanitários, sala de embarque, mobiliário, sinalização e equipamentos como bebedouros e telefones. Realizada no dia 29 de maio, a vistoria foi autorizada pelo superintendente da Infraero, Jucélio Alves de Oliveira, e acompanhada pelo coordenador de Operação Luciano da Silva Oliveira, pelo gerente de Operações Juliano de Castro Duarte, pelo arquiteto João Eduardo Bandeira de Melo Araújo, pela representante do setor de Comunicação Social Liz Flávia dos Reis e pelo gerente de Operações da Regional Centro-Leste Ailton Souza Andrade, além dos agentes de Fiscalização do Procon Michele de Aquino Veloso e André Luiz Monteiro do Espírito Santo. Foi constatado que o estacionamento, privativo, com 324 vagas, reserva seis para deficientes físicos, devidamente sinalizadas e em local próximo a embarque e desembarque, atendendo aos parâmetros Fotos: Carlos Costa existe uma plataforma fixa metálica na área de embarque que dá acesso ao equipamento elétrico, que propicia o traslado até a aeronave. FALHAS DETECTADAS Assinado pela Arquiteta e Urbanista Luciana Joyce Hamer, da Assessoria Técnica do Crea-GO, o relatório constata que o acesso à área superior do prédio, de dois pisos, só pode ser feito por escadas, não existe piso direcional, tátil, ou sinais de alerta na edificação, necessários para a orientação dos deficientes visuais, ausência de sinalização em braile, rampas sem corrimão ou com inclinação superior à estabelecida pela norma e sem o acabamento necessário, degrau dificultando o acesso de cadeirantes à sala destinada ao Departamento da Infância e Juventude, problemas com as bancadas e acessórios instalados nos banheiros, altura do balcão de atendimento, deficiência na sinalização, falta de plataforma metálica, de acesso a equipamento elétrico durante o desembarque. Além disso, a área adicional para deslocamento do estacionamento até o prédio não atende aos requisitos mínimos e algumas vagas não dispõem de área de deslocamento. da norma. A calçada tem piso antiderrapante em bom estado de conservação e passarela de circulação, com faixa de pedestre e largura superior ao estabelecido. No embarque de passageiros, existe área destinada a deficiente físico, com sinalização e faixa de deslocamento, além de rampa para acesso à edificação, com inclinação correta. Foi verificado também que a circulação interna junto ao balcão de informações, guichês das companhias aéreas, áreas de embarque e desembarque de passageiros é plana e os vãos de passagem maiores que os solicitados pela NBR 9050. Dois banheiros possuem boxes acessíveis, com barras devidamente instaladas, e o mobiliário da área de alimentação atende aos requisitos. As instalações acrescentam ainda aparelho telefônico para atendimento de deficientes auditivos e equipamentos em duas alturas. Nos guichês das agências há sinalização de atendimento prioritário; Luciana Hamer: vagas para deficientes e rampas em bom estado NOVEMBRO/2009 13 Fotos: Carlos Costa Fernandes: falhas podem ser sanadas mesmo sem a reforma do prédio Caminhos de pedra Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho de Acessibilidade do Crea-GO, engenheiro Augusto Cardoso Fernandes, o Aeroporto Santa Genoveva já foi totalmente inacessível, não havia acesso nem aos banheiros. Também não existia o carro motorizado utilizado atualmente para facilitar a entrada na aeronave. Ele percebe a preocupação da administração do aeroporto e das pessoas que nele trabalham com a questão da acessibilidade e acredita que as falhas sejam consequência da expectativa pela construção do novo aeroporto, que deverá ser o mais acessível possível. “A equipe técnica já demonstrou ter conhecimento da norma e da importância da implementação da acessibilidade, inclusive com treinamento de pessoal para melhorar e humanizar o atendimento”, afirma. Fernandes acredita que as principais falhas poderão ser sanadas, mesmo sem a reforma do aeroporto, inclusive com a colocação do elevador para o segundo piso, pois há espaço adequado. O grupo de trabalho tem informação de que uma ou duas pessoas que necessitam de atendimento prioritário são recebidas diariamente no local. Segundo Fernandes, perto de 25 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, sem contar as pessoas idosas que também precisam de atenção. Ele lembra que os portadores de deficiências tomam caminhos de pedra para chegar a qualquer lugar e que têm o direito de usufruir de todos os espaços. “Já se foi o tempo em que a pessoa tinha que ser carregada, hoje as pessoas deficientes lutam pela oportunidade de trabalhar, estudar e produzir, o que é muito bom, pois ninguém quer ficar em casa esperando o tempo passar. Há um mundo cheio de belezas a ser contemplado e oportunidades pelas quais todo cidadão tem o direito de lutar”, ressalta. 14 NOVEMBRO/2009 A posição do Ministério Público A promotora Marilda Helena dos Santos, da Promotoria de Justiça de Defesa do Cidadão, afirma que o poder público tem a obrigação de oferecer ao portador de deficiências condições de igualdade relativa de acesso aos espaços e serviços públicos. Em sua opinião, o Aeroporto Santa Genoveva é desqualificado, inclusive nas condições de acessibilidade de cadeirantes, cegos e surdos. “O cidadão merece um aeroporto melhor”, sustenta. Ela afirma que tudo é feito pela metade, que há muita promessa e nada sai do papel. “É uma vergonha um Estado que não se respeita e não respeita o cidadão, pois há muito tempo a população goiana tem sido obrigada a seguir de carro até Brasília para pegar voo quando precisa cumprir seus compromissos”. Para Marilda Helena, acessibilidade é uma coisa e novo aeroporto é outra. “Como posso falar que vai atender às diversas necessidades, se não reúne condições de ser chamado de aeroporto e nem com todas as reformas atenderá às exigências legais? Goiânia precisa de outro aeroporto, em outro espaço, pois o atual coloca em risco imenso os moradores próximos. O governo estadual tem o dever de exigir providências e verba do governo federal”, destaca. O Ministério Público recebeu representação da Associação das Mulheres Surdas denunciando que uma cidadã perdeu o voo, mesmo aguardando no local, pois não teve nenhum tipo de orientação e assistência. Para Marilda Helena, o cadeirante ter que ser carregado nas escadarias é uma indignidade. A falta do elevador para acesso ao segundo piso do aeroporto até hoje reflete o desprezo total com a questão da acessibilidade. Segundo a promotora, o Ministério público tem obrigação de zelar para que o deficiente tenha respeitado seu direito de ir e vir. “Locomoção sem necessidade de acompanhante e igualdade de tratamento são direitos básicos. Mais do que direito, o Ministério Público tem o dever de agir, propondo ajuste de conduta e até mesmo ação judicial”, arremata. Movimento planetário A conscientização em relação aos direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais é uma tendência cada vez mais forte nos grandes aeroportos mundiais. França, Estados Unidos, Inglaterra e outros países estão constantemente inovando com o objetivo de acolher, nas melhores condições possíveis, as pessoas com deficiências. Há inclusive um serviço especial inteiramente dedicado aos passageiros com mobilidade limitada. A maioria das companhias aéreas têm efetivamente colocado à disposição acompanhamento pessoal do viajante, para facilitar o embarque e desembarque. Para ter acesso aos serviços, basta comunicar com antecedência. No Brasil, o próprio Decreto 5.296, da Presidência da República, de 2 de dezembro de 2004, regulamentou as leis 10.048/2000, que prioriza o atendimento aos portadores de necessidades especiais, e 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. E estabeleceu prazo de até 36 meses para que o serviço de transporte coletivo aéreo e os equipamentos de acesso às aeronaves se tornassem acessíveis e disponíveis para serem operados de forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Está prevista a aplicação de sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis em caso de descumprimento. BARREIRAS Conforme o Decreto, a acessibilidade é entendida como condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. São consideradas barreiras os entraves e obstáculos que limitem ou impeçam o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas como barreiras urbanísticas, barreiras nas edificações, nos transportes e no mobiliário. Entre os maiores entraves estão as barreiras nas comunicações e informações, definidas como qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação. Tanto a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), quanto a Infraero estabeleceram normas Acesso ao embarque: rampa com inclinação correta, segundo normas do setor Falhas: escada é único meio de acesso ao segundo piso do aeroporto de acessibilidade. Um dos procedimentos exigidos pela Anac é o treinamento específico para os funcionários das empresas aéreas e administrações aeroportuárias, com alocação de vagas específicas nos estacionamentos, embarque prioritário e a disponibilidade de veículos de apoio ao embarque. A Infraero, em parceria com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, implantou o Programa Nacional de Acessibilidade em Aeroportos, onde busca adequar as instalações e capacitar e sensibilizar a comunidade aeroportuária. Entre as melhorias realizadas estão a colocação de piso tátil especial para portadores de deficiência visual, telefones para surdos e mudos com teclado acoplado, ambulâncias, sinalizadores de solo, plataformas elevatórias, rampas adequadas, bebedouros e banheiros adaptados. NOVEMBRO/2009 15 Concursos públicos De olho no edital O Sindicato dos Engenheiros e o Crea-GO apontam irregularidades em organização de concursos públicos. A decisão é apoiada pelo TJ-GO Pessoas de várias partes do Brasil se preparam para uma série de provas em concursos que serão realizados neste ano em todo o País. Alguns deles para o preenchimento de cargos em órgãos públicos, como os direcionados ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) e à Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). Ambos com avaliações realizadas em outubro. Recentemente, os candidatos ao concurso do TCE viveram momentos de tensão ao serem informados sobre a suspensão do processo seletivo no dia 8 de outubro. A decisão foi tomada pelo juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública do Estado, Ari Ferreira de Queiroz, que acatou reivindicação do Ministério Público de Goiás. Pela avaliação do próprio MP, do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás (Senge-GO) e do Crea-GO, o edital do concurso para o TCE não deveria abrir mão de alguns requisitos para o preenchimento das vagas, distribuídas entre os níveis superior e médio. Segundo o presidente do Senge, João Batista Tibiriçá, a forma que o edital do concurso do TCE foi elaborado dá abertura para que qualquer pessoa, graduada em qualquer curso superior registrado pelo Ministério da Educação, ingresse nos cargos dispostos 16 NOVEMBRO/2009 pelo órgão. Dentre eles estão os destinados às áreas de engenharia civil, elétrica e ambiental. “Esperamos que seja respeitada a lei para que participe apenas quem for formado na área”, salienta Tibiriçá, cuja entidade que dirige, juntamente com o Crea-GO, solicitou ao MP providências nesse sentido. Depois de analisar o edital do referido concurso, o Ministério Público acionou o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), que, por meio do magistrado Ari Ferreira de Queiroz, suspendeu a realização do concurso. Para ele, o edital abre campo para interpretações que podem prejudicar tanto o funcionamento do órgão quanto os concorrentes. “Os requisitos para o preenchimento dos cargos não podem ficar nas mãos da administração, mas sim da legislação”, afirmou. O mais correto, de acordo com o juiz, seria a reabertura de novas inscrições para que apenas candidatos graduados nas áreas requeridas pudessem concorrer às vagas. Mais de 12 mil pessoas se inscreveram para o concurso do TCE. Para o Senge e o MP, a forma como o edital foi elaborado também possibilitava um grande número de inscrições. OUTRAS IRREGULARIDADES Em editais para a realização dos concursos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Agrodefesa teriam sido encontradas irregularidades como as constatadas pelo juiz Ari Queiroz. A comissão Carlos Costa João Batista Tibiriçá: “Esperamos que seja respeitada a lei” Carlos Costa Já o TCE conseguiu, junto ao TJ, dar continuidade ao concurso. O vice-presidente do TJ, desembargador Vítor Barbosa Lenza, afirmou em nota que a suspensão do processo poderia gerar transtornos à população. Isso porque nem todos os inscritos teriam acesso às informações necessárias em tempo hábil – leva-se em conta que a liminar de suspensão do concurso havia saído uma semana antes da data prevista para a realização das provas. A assessoria de comunicação do TCE informou que todos os cuidados com o edital foram tomados, escalando para a comissão do concurso um membro do MP e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Goiás. Assim, a seleção para os 80 cargos oferecidos pelo TCE continua normalmente. Em contrapartida, o juiz Ari Queiroz acredita que a realização do concurso, da forma como está, prejudica todas as pessoas que dele participam. Ele informa que, após um prazo de 60 dias, poderá proferir sentença definitiva para que se anule o concurso. responsável pelo concurso da Agrodefesa informou que o edital está dentro da legislação e que todos os cargos superiores exigem diplomas direcionados às áreas que serão preenchidas. O Senge e o Crea-GO observaram na organização do concurso para o TCU os mesmos vícios daquele executado pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás. O presidente do sindicato, João Batista Tibiriçá, disse que, pela visão tanto do Senge quanto do Crea, o edital contém irregularidades relacionadas à exigibilidade de títulos para o preenchimento dos cargos. No entanto, a categoria não se queixou à comissão de realização do concurso. “Não tivemos apoio”, lamenta Tibiriçá. Para Ari Queiroz, problemas como esses estão se tornando rotineiros em aplicação de provas para o preenchimento de cargos públicos. Isto, na visão do magistrado, é algo delicado, já que vários profissionais atualmente apostam numa carreira pública para obter estabilidade financeira. Ari Ferreira de Queiroz: os requisitos não podem ficar nas mãos da administração AGRODEFESA Uma das reivindicações dos engenheiros de Goiás, em relação ao edital do concurso da Agrodefesa, é o salário oferecido. De acordo com a legislação, um engenheiro agrônomo deve receber seis salários mínimos por seis horas trabalhadas diariamente, o que equivale a R$ 2.790. O valor disposto no edital é de R$ 2.500 para 40 horas semanais. A comissão de concurso da Agrodefesa informou que todo o edital está fora de qualquer irregularidade e não há possibilidade de ser reformulado ou cancelado. NOVEMBRO/2009 17 Assistência técnica: suporte prometido a toda a atividade agrícola Agronomia pública e eficiente Reestruturada, Emater deve retomar seu trabalho ainda neste ano e atender, preferencialmente, a mini e pequenos produtores rurais no Estado A reestruturação da antiga Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás (Emater-Goiás) abre caminho para a prática eficiente da agronomia pública, com atendimento preferencial voltado para mini, micro, pequenos e médios produtores rurais, bem como para agricultores familiares. Transformada em Agência Rural em 1999 e depois incorporada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em meados do ano passado, o que havia restado da estrutura da antiga Agência Rural estava em processo de liquidação. Reconhecendo a importância da assistência técnica e da pesquisa para o desenvolvimento do agronegócio goiano, o governador Alcides Rodrigues Filho assinou no dia 27 de agosto deste ano o Decreto nº 6.972, autorizando a suspensão da liquidação e determinando a recriação da Emater-Goiás, com atuação voltada à assistência técnica e à extensão rural, bem como à pesquisa. A mesma lei fixou o prazo de até 31 de dezembro deste ano para que a Emater fosse reestruturada, começando a funcionar efetivamente com sua nova estrutura em 1º de janeiro de 2010. O mesmo decreto autoriza o órgão a realizar concurso público para contratação de 30 profissionais para o segmento da pesquisa. O secretário da Agricultura, Pecuária e 18 NOVEMBRO/2009 Abastecimento, Leonardo Veloso do Prado, que coordena os trabalhos de reestruturação da empresa, mostra-se muito otimista. “Queremos colocar a nova Emater funcionando ainda este ano e possuímos todas as condições para isso”, afirma, acrescentando que, na realidade, os serviços prestados pela antiga Agência Rural, incorporada à Secretaria da Agricultura, não foram interrompidos. “Temos um quadro funcional ativo, comprometido com suas atribuições. A assistência técnica, tanto na área agrícola quanto na pecuária, e demais funções inerentes ao trabalho no campo continuam sendo oferecidos aos produtores rurais de todo o Estado”, sustenta. Veloso, que preside interinamente a comissão que trabalha para reestruturar a nova Emater, disse que a ideia é discutir e implementar uma empresa de assistência técnica que se torne patrimônio do povo goiano. Para tanto, realizou reunião no dia 22 de outubro, com participação dos mais diferentes setores envolvidos, incluindo técnicos da própria Secretaria, de instituições de ensino como a Universidade Federal de Goiás e a Universidade Estadual de Goiás, Ministérios da Agricultura e da Reforma Agrária, conselhos como o Crea-GO, Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Arquivo Extensão rural LIÇÃO DO PASSADO “Nossa meta é estabelecer diálogo permanente com entidades, associações de produtores, órgãos representantes do segmento rural e demais interessados, para alcançarmos os objetivos da nova empresa”, afirma Veloso. Ele enfatiza também que o governo não tem interesse em criar uma estrutura cuja atuação seja imposta. Ao contrário, busca a coparticipação e a corresponsabilidade de todos para que sejam aliados e defensores da nova instituição. Embora a atuação da nova Emater esteja voltada aos pequenos produtores rurais, nada impede que médios e grandes possam usufruir dos benefícios por ela gerados, em especial no que se refere aos resultados de pesquisas. “Nosso foco será o pequeno produtor, o pequeno pecuarista, o agricultor familiar, mas os médios e grandes produtores também podem demandar nossos serviços”, explica Veloso, acrescentando que a nova Emater desenvolverá pesquisas em parceria com outras entidades (Embrapa, unidades da Emater de outros Estados, universidades e empresas privadas) e é justo que esses resultados cheguem a todos os produtores indistintamente. Indagado sobre a escassez de recursos vivenciada nos últimos anos na então Agência Rural (que desenvolvia atividades de extensão rural e pesquisa), sobre dificuldades estruturais como falta de veículos e até combustível para desempenho das atividades, Veloso disse que toda a experiência vivida no passado servirá de lição para que a nova Emater não repita os mesmos problemas. “Temos a oportunidade de aproveitar os conhecimentos acumulados para estabelecer uma estrutura enxuta, mas funcional para a empresa, onde o foco seja realmente a assistência técnica, a extensão rural e a pesquisa”, afirma. Segundo o secretário, com a nova estrutura, as parcerias serão mais ágeis. Há manifestação do governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em firmar convênios com a empresa, pelos quais serão repassados recursos complementando, assim, o orçamento da Emater, especialmente agora que está em votação no Congresso Nacional a lei da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Além disso, nos convênios firmados pela Secretaria da Agricultura com todos os municípios goianos fica estabelecida a contrapartida do município. Do montante dos recursos previstos na contrapartida, 30% serão destinados ao escritório local da Emater, sendo que os depósitos serão feitos automaticamente no Banco do Brasil, que também já firmou convênio com a Secretaria da Agricultura. Isso significa mais uma fonte de recursos para a futura Emater. Carlos Costa (Fetaeg), entre outros para discutir um plano de ação estratégico, incluindo metodologia de trabalho, formas de atuação, prioridades e atividades voltadas ao atendimento das necessidades dos produtores goianos. Veloso informa que a estrutura da antiga Agência Rural é bem significativa, com patrimônio estimado de R$ 25 milhões. Possui saldo em conta de R$ 2 milhões e um contencioso trabalhista (dívidas) com valor aproximado de R$ 1 milhão. A proposta orçamentária do governo estadual para o ano de 2010 também contempla o novo órgão, prevendo a destinação de R$ 30,337 milhões a serem utilizados no pagamento de pessoal e manutenção. A força de trabalho é expressiva, incluindo pessoal de apoio, técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, veterinários, zootecnistas e outros (veja quadro). “Temos todas as condições para formatar e consolidar uma empresa eficiente, moderna e ágil, corrigindo os erros e os vícios do passado, assegurando a oferta de serviços de qualidade, conforme as necessidades dos produtores”, arrematou. Veloso: orçamento de R$ 30,337 milhões para a Emater em 2010 Carlos Costa Pecuária de corte: trabalho de apoio ao setor não foi NOVEMBRO/2009 19 interrompido O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás (Crea-GO), entidade que reúne em seu quadro de associados também os engenheiros agrônomos, dará apoio incondicional à nova Emater, pelo que ela pode contribuir para o desenvolvimento do agronegócio goiano. Mas espera que a nova estrutura seja eficiente, ágil e capaz de atender às necessidades dos produtores rurais. “Há muito o Crea-GO tem fomentado o estabelecimento de uma agronomia pública (custeada pelo poder público) eficaz e agora isso se torna possível com a reestruturação da Emater-Goiás”, afirma o engenheiro agrônomo Celen Rezende, conselheiro do Crea-GO, enfatizando que o Estado contabilizou perdas nos últimos anos com o enfraquecimento do órgão de assistência técnica e extensão rural e de pesquisa. Rezende explica que o Crea-GO apoia o segmento da construção civil para pessoas de baixa renda, ao viabilizar a planta baixa de casas com até 70 metros quadrados. Também antes da extinção, o Conselho firmou convênio com a Agência Rural com o objetivo de reduzir o valor das ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica), para facilitar e baratear o custo dos trabalhos de assistência técnica e extensão rural prestados aos produtores rurais. “Na nova Emater pretendemos continuar essa parceria, de modo que o Crea-GO se torne facilitador e fomentador da agronomia pública em Goiás”, comenta. IMPORTÂNCIA Para Rezende, a reestruturação da Emater é de grande importância para o desenvolvimento do agronegócio goiano, especialmente pelos bons serviços que esse órgão já prestou ao Estado e ao País. “A Emater foi responsável, em grande parte, pelos avanços tecnológicos verificados na produção agrícola e pecuária de Goiás. Juntamente com a extinta Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (Emgopa), a Emater difundiu e transferiu tecnologias que até hoje fazem diferença”, assevera. Ele ressalta também que em outros Estados a Emater continua executando relevantes serviços e os produtores goianos, especialmente os mini, pequenos e médios, bem como agricultores familiares, continuam precisando desses serviços. A expectativa do representante do Crea-GO é que a Emater possua as condições necessárias para desenvolver seu trabalho com eficiência. Na opinião de Celen Rezende, a empresa precisará ampliar seu quadro de técnicos e não poderá ter suas atividades comprometidas por falta de veículos, equipamentos de informática e até combustível. “O papel do Crea-GO é colaborar, mas também cobrar melhor qualidade do serviço, além de ser solidário com os profissionais agrônomos filiados à entidade para que tenham condições de exercer sua atividade de forma plena”, conclui. 20 NOVEMBRO/2009 Carlos Costa Crea-GO dá apoio e faz cobrança Rezende: oportunidade de desenvolver uma agronomia pública no Estado Números da Nova Emater Goiás Dados financeiros Patrimônio estimado R$ 25 milhões Recursos disponíveis R$ 2 milhões Dívidas (contencioso trabalhista) R$ 1 milhão Orçamento 2010 (Tesouro Estado) R$ 30,337 milhões Servidores Apoio nível médio Apoio nível superior Apoio operacional Nível médio Técnico agrícola Técnico em agropecuária Técnico em magistério Nível superior Agrônomo Assistente social Biólogo Engenheiro florestal Pedagogo Sociólogo Médico veterinário Zootecnista Total (pessoal) 179 24 113 127 1 18 118 10 1 2 2 9 67 6 677 Estrutura física Escritórios Unidades regionais Unidades locais Estações experimentais (Senador Canedo, Porangatu e Anápolis) Campos experimentais (Rio Verde, Goiânia e Luís Alves /São Miguel do Araguaia) Quantidade 14 216 4 3 Direito do consumidor A busca por soluções Cresce o número de processos de reclamação abertos no Crea-GO contra profissionais responsáveis por edificações que apresentam problemas A proliferação de obras civis pelo Estado, graças ao novo boom da construção civil alavancado pela facilidade de crédito, fez aumentar também o número de pessoas que procuram a Ouvidoria do Crea-GO. Elas reclamam de profissionais que não cumprem, a contento, os contratos, deixando falhas no acabamento da obra, empregando materiais de construção inadequados ou permitindo que o imóvel fique com problemas estruturais, como infiltrações, que provocam prejuízos ao patrimônio, com a sua desvalorização. Outro tipo comum de queixa vem dos vizinhos de obras que alegam que seus imóveis ficaram abalados com a construção ao lado. Em 2007, a Ouvidoria do Crea-GO registrou 95 processos de reclamações. No ano passado, esse número passou para 123 e, neste ano, até o dia 30 de setembro, já eram 66. Segundo o então gerente do Departamento Técnico do órgão, Edvaldo Pereira Maia, e o assessor Jader Rodrigues Alves, 90% das reclamações registradas são de pessoas residentes em Goiânia e, na maioria dos casos, houve acordo entre as duas partes, intermediado pelos técnicos do Conselho. Os assessores do Crea-GO lembram que qualquer pessoa que se sentir prejudicada por algum serviço prestado por um profissional de engenharia, arquitetura ou agronomia pode procurar o Crea-GO para fazer a reclamação. Contudo, ressalta Edvaldo Maia, “o serviço tem de ter sido ou estar sendo prestado por um profissional habilitado, que tenha o devido registro profissional no Conselho”. Ao fazer a reclamação, os técnicos da Ouvidoria do Crea-GO abrem o processo e o encaminham ao Departamento Técnico e para a Área de Apoio ao Direito do Consumidor. A partir daí é feita uma análise técnica do problema, com a vistoria no local da obra. Geralmente, no prazo máximo de 30 dias, as duas partes são chamadas para uma reunião no Crea-GO, na qual os técnicos do órgão atuam como conciliadores, buscando firmar um acordo, já que o objetivo é alcançar a solução e garantir a conclusão da obra ou o reparo dos danos. SEM ACORDO Quando não há acordo entre as partes o processo é encaminhado para uma das câmaras especializadas, como a de Engenharia Civil e Agrimensura, a de Arquitetura ou de Agronomia. Nesses casos, a Comissão de Ética do órgão procura apurar os fatos, ouvir as testemunhas e no final do processo sugere a penalidade a ser imposta ao profissional ou o arquivamento do processo. Edvaldo Maia e Jader Alves destacam a importância das pessoas contratarem apenas profissionais habilitados para executarem obras ou serviços de engenharia, arquitetura ou agronomia, pois assim seus direitos estarão preservados. “Quando a obra ou serviço é prestado por uma pessoa que não possui registro profissional, o Crea não pode fazer nada”, avisam. Nesses casos, as pessoas que se sentirem prejudicadas têm de procurar a Justiça, onde o processo pode demorar até cinco anos, além de implicar em custos elevados. Como proceder a reclamação no Crea-GO l A obra/serviço tem de ter a participação de um profissional registrado no órgão l O solicitante tem de comprovar que comunicou por escrito os problemas ocorridos em seu imóvel ao profissional/ empresa e que não obteve solução satisfatória l A obra ou serviço não pode ter mais de cinco anos l A pessoa precisa fazer um requerimento assinado relatando os problemas ocorridos em seu imóvel, fornecendo endereço completo e telefones para contatos l O solicitante tem de comprovar que é proprietário do imóvel ou que tem a procuração deste NOVEMBRO/2009 21 Direitos autorais Conduta imprópria Ausência de anotação da ART abre espaço para uso irregular de projetos, colocando em risco seus usuários e todo o empreendimento 22 NOVEMBRO/2009 Os técnicos do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás (Crea-GO) têm observado, em suas vistorias em obras, e mesmo por meio de reclamações registradas no órgão, a proliferação de casos de profissionais, geralmente não qualificados, se apropriando ou fazendo modificações de projetos de outros profissionais (engenheiros, arquitetos e agrônomos) ou de pessoas que assinam projetos que não foram realizados por eles, em casos de acobertamento profissional. Contudo, a legislação é clara: qualquer projeto elaborado pelo profissional habilitado tem de ser respeitado e executado integralmente. Em caso de necessidade de modificação, o autor tem de ser acionado para fazer as adequações. “Quem modifica, aleatoriamente, o projeto de um profissional pratica a violação do direito autoral, conforme prevê a Resolução 1002 do Conselho Federal, e poderá ser civilmente acionado para indenizar o autor e responder por crime pela violação da lei de direitos autorais”, alertava o então gerente do Departamento Técnico do Crea-GO, Edvaldo Pereira Maia. Durante as visitas às obras espalhadas em todo o Estado de Goiás, os técnicos do Crea-GO têm observado que muitos projetos, registrados no órgão, são modificados durante a sua execução, sem autorização ou participação do seu autor, colocando em risco, inclusive, todo o empreendimento. Os casos mais comuns são os projetos arquitetônicos, lembra o gerente de Fiscalização do Crea-GO, Jader Rodrigues Alves. Os técnicos do Conselho apontam que muitos profissionais desenvolvem o anteprojeto de uma obra e não fazem o devido registro da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) nem contrato de prestação de serviço que especifica que o anteprojeto já foi entregue. Com isso, o contratante, usando de má fé, apropria-se do projeto e geralmente o repassa a um profissional, que cobra mais barato pelo serviço, para fazer a sua conclusão. Este, por sua vez, registra o projeto nos órgãos competentes, como se fosse de sua autoria, e executa a obra. Quando isso ocorre torna-se mais difícil o profissional autor do anteprojeto ou do projeto final provar que o trabalho é de sua autoria. Para evitar dores de cabeça no futuro, o Crea-GO recomenda a seus associados que façam, sempre, a anotação da ART em seus trabalhos e o registre no órgão; que elaborem um contrato entre as partes especificando todo o trabalho e definindo os direitos e deveres do profissional e do contratante e que retenham a segunda via do trabalho, com a devida anuência do proprietário. Aqueles profissionais que foram lesados devem procurar o Crea-GO para fazer a denúncia. Para isso, devem levar os documentos comprobatórios da autoria de seus trabalhos. O Conselho, então, abre um processo para apurar a procedência da denúncia. Se comprovada, poderá punir a pessoa que feriu direitos autorais do profissional. Saudade Perdas para a engenharia goiana Edésio Daher e Márcio Naves, ambos conselheiros do Crea-GO, participavam ativamente dos trabalhos da autarquia Sua alegria contagiava a todos que estavam ao seu redor. Profissional dedicado, o engenheiro civil e consultor Edésio Daher Filho foi alvo de uma fatalidade, segundo amigos mais próximos. Ele faleceu no dia 13 de novembro, vítima de grave acidente ocorrido na rodovia BR-153, no município de Nova Glória, no norte do Estado. Natural de Ipameri, Edésio tinha 55 anos e deixa a esposa Ângela Maria Áurea dos Santos Daher, as filhas Ludmilla Áurea Daher Moreira, 28 anos, e Marília Áurea Daher, 18, além do neto Marco Daher Moreira, de 10 meses. Edésio graduou-se pela Universidade Federal de Goiás em 1979. Desenvolveu várias atividades na iniciativa privada e no setor público, sobretudo na elaboração de projetos e construção de empreendimentos imobiliários e equipamentos sociais (creches, estabelecimentos de ensino e parques), tanto na capital quanto no interior. Em seu currículo, duas obras significativas foram a edificação da Casa de Prisão Provisória (CPP) e a do Centro de Convenções de Goiânia. O engenheiro militou com muita ênfase no Crea-GO, a partir de janeiro de 1997. Até dezembro de 2003, foi, respectivamente, conselheiro suplente e titular da autarquia. Naquele ano, assumiu a primeira vice-presidência na gestão do engenheiro agrônomo Francisco de Almeida. Tornou-se novamente conselheiro titular entre janeiro de 2005 e dezembro de 2007, sendo reconduzido no mês seguinte. Seu mandato terminaria em dezembro de 2010. Atualmente era coordenador-adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Civil e Agrimensura. Um nome a ser lembrado por todos, símbolo da engenharia civil em Goiás. MÁRCIO NAVES Alto, carismático e sempre disposto a ajudar, o engenheiro agrônomo Márcio Naves, falecido no dia 15 de novembro, aos 42 anos, também era conselheiro do Crea-GO como representante da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Goiás (Aeago). A notícia pegou os familiares e amigos de surpresa. Esse sentimento, porém, deu lugar à revolta, pois a causa da morte ainda permanece um mistério – os médicos não souberam explicar o que aconteceu. Crea-TO Carlos Costa Márcio Naves: líder da campanha para criação do Crea-TO Edésio Daher: atuação destacada na Engenharia Civil no Estado Primeiro suspeitou-se de dengue, depois de meningite e, por último, da gripe tipo A. O engenheiro nasceu na cidade de Araguaína (TO) em 19 de maio de 1967. Márcio deixa a esposa Lígia Valéria de Carvalho, natural de Brasília, e a filha Bárbara Naves de Carvalho, de 17 anos. Formado pela Faculdade de Ciências Agronômicas de Itumbiara em 1991, Márcio começou a trabalhar em Tocantins, graças à influência do pai, e liderou campanha para desmembrar o então Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás e Tocantins (Crea-GO/TO) em unidades estaduais. Na fundação da autarquia tocantinense, em 1993, foi presidente interino durante seis meses. Em Goiás, Márcio participou da campanha que elegeu o engenheiro Gerson Taguatinga à presidência do Crea-GO. Empossado como conselheiro em 2 de fevereiro, seu mandato terminaria em 2011. Sempre atuante em sua área, integrou a Câmara Especializada de Agronomia, a Comissão de Estudo de Renovação do Terço e o Grupo de Trabalho sobre Engenharia Química, Alimentos e de Produção. Márcio alimentava um sonho: eleger-se presidente da entidade. Segundo os colegas, ele seria um grande nome que brilharia na principal cadeira da autarquia goiana. NOVEMBRO/2009 23 Mineração Apesar das incertezas... Mineradoras programam investimentos de praticamente R$ 7 bilhões para os próximos cinco anos em Goiás, enquanto debate mudanças no Código Mineral O setor de mineração avança em Goiás e programa investimentos de cerca de 4 bilhões de dólares, o correspondente a quase R$ 7 bilhões, para os próximos cinco anos. Para o Brasil estão previstos recursos da ordem de 47 bilhões de dólares. Os empresários apostam na recuperação da economia mundial, apesar das incertezas no mercado interno, num momento em que o governo vem dando mostras de que pretende reforçar sua capacidade de influir sobre as decisões do setor, ao cobrar, por exemplo, investimentos da Companhia Vale do Rio Doce em siderurgias, de forma a agregar valor ao minério de ferro exportado pelo País. Com objetivos semelhantes, o Palácio do Planalto debate o novo marco 24 NOVEMBRO/2009 regulatório para a mineração, estuda a taxação das exportações de matérias-primas e o aumento de royalties sobre a exploração de recursos minerais. Nos últimos 12 meses, a mineração no Estado de Goiás, a exemplo do que ocorreu em todo o mundo por causa da crise financeira internacional, passou por ajustes, com a reestruturação e o redimensionamento de projetos de implantação e de expansão. Ainda assim, os minérios continuaram sendo o segundo principal item da pauta das exportações goianas, com destaque para o sulfeto de cobre, ferronióbio, ouro e amianto. Nos últimos cinco anos, o setor mineral brasileiro cresceu a taxas de quase 20% ao ano. As Fotos: Divulgação Marco regulatório: proposta inclui novas regras para direitos minerários, pesquisa e royalties exportações, no mesmo período, passaram de 10 bilhões de dólares para 24 bilhões de dólares. “Isso mostra a força do setor mineral e a necessidade de nossa união para participar das discussões dessas mudanças que o governo pretende impor ao setor”, declara o presidente da Associação dos Geólogos do Centro-Oeste (Ageco), Nassri Bittar. Goiás concentra, atualmente, os maiores investimentos privados no setor mineral. Apenas a Anglo American está aplicando 1,8 bilhão de dólares no Projeto Barro Alto, para exploração de ferroníquel, no município de Barro Alto, no Médio Norte Goiano. Além disso, a empresa tem outra jazida e a indústria de ferroníquel em Niquelândia, Norte do Estado. A Yamana Gold também produz sulfeto de cobre e ouro em sua mina de Alto Horizonte e já realiza investimentos de mais de 250 milhões de dólares para sua expansão. Também em Barro Alto, a Mineração Santo Expedito explora jazida de bauxita, minério usado na produção de alumínio e seus derivados. Em outras regiões do Estado existem projetos de exploração de ouro, como em Pilar e Guarinos, e de níquel, no Oeste goiano. Ainda como decorrência da crise, a segunda maior mineradora do mundo – a Anglo American – anunciou a venda de negócios não-estratégicos, como as unidades de fosfato e nióbio localizadas em território goiano. NOVEMBRO/2009 25 O setor mineral prepara-se para o que espera ser seu principal “embate” desde a criação do Código de Mineração, em 1967. As primeiras peças desse jogo, na verdade, já começaram a ser movidas, com a tramitação, no Congresso, de projetos de lei que alteram desde a forma de tributação até a concessão de direitos minerários. Representantes das entidades ligadas à mineração temem que o movimento de intervenção do governo federal no setor possa causar insegurança, sobretudo porque, até o momento, ainda não há nada de forma clara a respeito, principalmente, em relação à criação do novo marco regulatório. O engenheiro de Minas Augusto César Gusmão Lima, conselheiro do Crea-GO e vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Minas de Goiás, lembra que, até o momento, o marco regulatório está apenas em discussão geral sobre seus propósitos. Ele duvida que a mudança de normas possa impulsionar o setor. “O que alavanca qualquer atividade produtiva são recursos financeiros, mercados e estudos tecnológicos, e não tributação ou leis. O mercado (demanda) não se faz por decreto. Assim, não acredito que um marco regulatório para o setor mineral possa impulsionar a atividade”, afirma. O geólogo e empresário Luiz Antônio Vessani, presidente da Comissão de Mineração da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), lembra que o Código de Mineração Brasileiro, em vigor, possui ferramentas de controle do setor, mas que, infelizmente, não são utilizadas pelo governo. Ele destaca que, curiosamente, já estão consolidados na legislação - mas não têm sido cumpridos - os pontos levantados pelo Ministério de Minas e Energia para justificar o novo marco. Entre eles estão o excesso de requerimentos por titular sem realização de pesquisa e o controle de jazidas por empresas sem colocá-las em produção. “Não precisamos de novas regras, apenas algumas adequações nas atuais e fazer com que sejam respeitadas”, afirma Vessani. A proposta, diz ele, é envolver todo o setor industrial 26 NOVEMBRO/2009 Carlos Costa Marco regulatório em debate Bittar: união do setor para participar do debate sobre novo marco legal nesse debate, inclusive – e principalmente – a própria Confederação Nacional das Indústrias (CNI). A reforma do código atualmente em vigor, conforme parece ser a estratégia do Ministério de Minas e Energia (MME), deverá ser realizada em fatias, por meio do encaminhamento ao Congresso de vários projetos de lei (alguns já em andamento). Ao final, deverá ser estabelecido um novo marco regulatório para a mineração no País. A fase de exuberância aparente experimentada pela mineração a partir de 2000, relata Vessani, “fez parecer que o setor estava realizando lucros absurdamente elevados, sem se levar em conta que os custos também subiram, reduzindo as margens da indústria mineral.” Ele teme que a construção do novo marco regulatório tome como ponto de partida essa percepção equivocada de lucros excessivos e caminhe para uma tentativa de forçar o setor mineral a realizar uma verticalização “sem bases técnico-econômicas.” Entre as mudanças que o setor pretende evitar, está a proposta de aumento da cobrança da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e do pagamento de royalties. Sugestão que, na visão do presidente da Câmara Setorial de Mineração, toma como base o mesmo e distorcido pressuposto dos ganhos DEBATE ABERTO Uma discussão aberta com a sociedade sobre as mudanças na legislação do setor mineral é a proposta do superintendente de Geologia e Mineração da Secretaria de Indústria e Comércio, engenheiro de Minas Luiz Fernando Magalhães. Ele sugere que nessa hora é importante refletir sobre a eficácia das mudanças propostas pelo governo. Questiona como ficará a participação dos Estados e dos municípios, tendo-se em vista que a gestão dos recursos minerais é extremamente centralizada desde a época do Brasil colônia. “Tudo isso tem de ser revisto”, sugere. Os profissionais do setor estão preocupados, também, com a possível redefinição dos recursos da CFEM. Eles alertam que, caso seja feita a divisão entre todos os Estados, como propõe o governo federal, Goiás, Pará, Minas Gerais, Bahia – os maiores produtores de bens minerais – serão penalizados com queda nas receitas daquela contribuição. Magalhães: “Gestão do setor ainda é extremamente centralizada” Fotos: Carlos Costa exuberantes da mineração. Nos corredores, prossegue Vessani, “o que conseguimos apurar foi que se pretende mudar também o processo de requisições de áreas para pesquisa, instituindo um sistema de licitação.” O código atual define que a mineradora que primeiro apresentar o pedido leva não só a autorização para pesquisar a área, como assegura prioridade na concessão do direito de lavra. A mudança, argumenta Vessani, tende a penalizar quem de fato investe em tecnologia e pesquisa. “O que se tem notícia, até aqui, porque nada foi colocado claramente para o setor, é de uma reforma com base em conceitos equivocados e que sinaliza para maior intervenção estatal no setor”, sustenta. Terceiro maior produtor no País Vessani: “Não precisamos de novas regras para o setor mineral” A despeito de um novo marco regulatório, das intervenções do governo federal e da crise financeira mundial, o setor mineral em Goiás tem evoluído a taxas crescentes, na opinião dos empresários, geólogos e engenheiros de minas que atuam no setor. “O mercado amadureceu com a crise e promoveu um filtro com base em melhores índices de viabilidade econômica”, destaca Luiz Vessani. Já Luiz Fernando, da SIC, lembra que o governo do Estado, em parceria com a União, investiu na elaboração do mapa aerogeofísico de Goiás e está fazendo levantamentos geológicos básicos. Por sua vez, o governo do Estado criou o Fundo de Fomento à Mineração (FunMineral) para apoiar as micro e pequenas empresas, cujos resultados já podem ser medidos, com a produção de mais materiais de construção, artesanatos minerais e outros. Augusto César Gusmão de Lima destaca o grande potencial geológico para a descoberta de novos jazimentos em território goiano. Goiás, segundo ele, é o terceiro produtor de bens minerais do País. Detém as maiores jazidas e a maior produção brasileira de níquel, cobalto, amianto crisotila e vermiculita, além da segunda posição nacional na produção de fosfato, nióbio e ouro. Nassri Bittar também reconhece o potencial mineral goiano, mas alerta para a necessidade de o novo código de mineração contemplar o segmento de rochas ornamentais. “Os empresários dessa área chegam a esperar até 20 anos pela emissão do título definitivo para exploração mineral”, lamenta. NOVEMBRO/2009 27 Meio ambiente Prazo quase esgotado Carlos Costa Mineradores que trabalham nas pedreiras de Pirenópolis têm apenas um ano para acatar as exigências de termo de ajuste de conduta assinado em 2005 Como no século 17: minerador autônomo retira pedras em Pirenópolis 28 NOVEMBRO/2009 Durante várias décadas e, especialmente no período anterior à vigência das legislações ambientais, inúmeras irregularidades foram praticadas por empresários do setor mineral em Pirenópolis. O município, que recebe regularmente levas de turistas atraídos por suas belezas naturais, sofria com a devastação do solo e do comprometimento do meio biótico. A extração do quartzito, pedra usada na construção de muros, alicerces, calçadas e bordas de piscinas, remonta ao século 17. Até pouco tempo a atividade era rudimentar, precária e desorganizada. Nesse período, as pedreiras produziram um passivo ambiental constituído de rejeitos da área explorada. A situação agravou-se nos primeiros anos do século 20. Em 2002, o promotor de Justiça Rafael de Pina Cabral assumiu a comarca de Pirenópolis e determinou à Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Goiás que fizesse fiscalização do trabalho das pedreiras. E descobriu o que todos já desconfiavam: nenhuma delas tinha licença ambiental e mineral para funcionar. Os fiscais autuaram pessoas físicas e jurídicas e estas foram obrigadas a encerrar as atividades. O fato provocou um grande movimento social na cidade e centenas de pessoas foram bater às portas da Promotoria. “A maior parte da mão-de-obra local trabalha nas pedreiras e muitas famílias sobrevivem da exploração do quartzito”, afirmou Cabral. Diante do impasse, pressionados por órgãos ambientais e pelo Ministério Público, Ibama, Agência Ambiental, Promotoria de Justiça, 6º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Prefeitura Municipal, e duas cooperativas de Pirenópolis – a Coopedras e a Coopepi – firmaram um primeiro termo de ajustamento de conduta em abril de 2005. Esse termo foi assinado por 37 pedreiras, inclusive a maior de toda a Região Centro-Oeste, a “Pedreira da Prefeitura”. Os mineradores conseguiram, assim, autorização provisória para trabalhar. Esse primeiro TAC expirou em 29 de agosto e foi substituído por um outro celebrado em 21 de novembro daquele mesmo ano. Desta vez, 13 pedreiras das 17 autuadas pelo Ibama em 2005 e mais oito não-autuadas, que aderiram na última hora, assinaram a segunda versão do documento. O termo estabelece objetivos para curto, médio e longo prazo. Os compromitentes deverão providenciar, até 21 de novembro de 2010, licenciamento ambiental e mineral, projetos de recuperação de áreas degradadas, tratamento do passivo ambiental, definição do método de lavra, identificação dos meios físico e biótico, entre outras medidas. Os signatários também precisarão entregar dentro de um ano relatórios individualizados e um relatório final das atividades. Se esses documentos forem aprovados, autuados e não-autuados se habilitarão a assinar um novo termo. Esse processo será repetido a cada três anos até a exaustão das lavras e recuperação das áreas devastadas. Segundo o promotor, os compromitentes estão buscando adequar-se aos preceitos legais. Em 2000, a Superintendência de Geologia Mineral da Secretaria da Indústria e Comércio de Goiás (SIC) e o Ministério das Minas e Energia iniciaram um estudo da lavra de quartzito para viabilizar a meta de “resíduo zero”. Mas, somente a partir de 2003 esse estudo ganhou força, revelando a possibilidade de utilização e racionalização dos rejeitos para produção de areia na construção civil. Segundo o superintendente de Geologia e Mineração da SIC, Luís Fernando Magalhães, há um projeto de implantação de usina de moagem com essa finalidade. “Realizamos testes tecnológicos para detectarmos a real utilidade da usina e fizemos sondagens do mercado, focando o eixo Brasília-Goiânia”, salienta. Esse projeto de unidade industrial para processar os rejeitos e aproveitá-los como agregado na construção civil – na opinião de Magalhães – pode fazer com que o passivo ambiental de Pirenópolis desapareça no período de cinco a dez anos. São necessários recursos da ordem de R$ 1,5 milhão para viabilizar a usina. “Parcerias entre os governos municipal, estadual e federal, mais o apoio financeiro da iniciativa privada, são fundamentais nesse projeto”, acrescenta. Há cinco anos, técnicos do Funmineral (Fundo de Fomento à Mineração) calcularam a existência de 700 mil metros cúbicos de rejeitos produzidos pelas pedreiras. Hoje, esse número pode chegar a 1 milhão de metros cúbicos. ARRENDAMENTO A chamada Pedreira da Prefeitura é responsável por 65% da atividade mineradora do município. Fundada em junho de 1994, a Associação dos Mineradores do Município (Amip) criou posteriormente a Coopedras de Pirenópolis a quem transferiu o direito de exploração dessa pedreira em forma de arrendamento. Mediante um contrato assinado em setembro de 2005 com o Executivo, foi estabelecido um porcentual indenizatório da ordem de 20% por lavra explorada. Há 22 empresas atuando na pedreira e mais cem profissionais autônomos ligados à Coopepi e sócia da Amip. A área da prefeitura operada pela entidade possui 10 alqueires e trabalham nela cerca de 500 pessoas no sistema de pias (frentes de lavra). “Nós buscamos atender a dois objetivos – exercer a atividade econômica e Figueiredo: “Buscamos respeitar exigências ambientais” respeitar às exigências ambientais”, afirmou o presidente da associação, o médico veterinário João Figueiredo. Ele reconhece que as pedreiras jamais funcionaram com licença ambiental e defende um projeto de resgate das áreas degradadas. A ideia de constituir a Coopedras, segundo Figueiredo, surgiu a partir da exigência de cumprimento das disposições do TAC. Ele tem um desafio pela frente: adquirir definitivamente o direito de lavra da pedreira, investindo, de acordo com seus cálculos, R$ 100 mil em um estudo só para a preservação do meio biótico. Ele adianta que a Amip fechou contrato recentemente com uma empresa encarregada de processar as impurezas do quartzito. Em princípio, essa empresa irá moer 2 mil metros cúbicos por mês de rejeito, podendo chegar a 8 mil metros cúbicos mensais. Vai ser preciso avançar mais Coordenadora dos trabalhos do TAC, a geóloga Ilka Maria Afonso Cortês, informou que, em julho passado, mineradores ligados à Coopedras e à Coopepi protocolocaram ofício na Justiça, solicitando aditivo ao termo para garantir o cumprimento das ações em relação ao meio biótico. Eles querem que haja remodelamento das cláusulas e flexibilização dos prazos. De um modo geral, segundo Ilka, os compromitentes estão se esforçando nessa direção. “Pelo menos aquele aspecto de imenso garimpo desapareceu de Pirenópolis”, opinou. A geóloga demonstra certa apreensão em relação a lavras que trabalham sem o menor cuidado com a segurança dos trabalhadores e com o meio ambiente. “Temos cinco ou seis empreendedores que assinaram o TAC nessas condições”, revela. E complementa: “Se for necessário vamos notificar e autuar as pedreiras que extraem o quartzito de forma inconsequente.” Nos últimos meses, acrescenta, houve certa “estagnação” na aplicação de medidas de melhoramento das lavras, embora a mitigação dos impactos da extração das pedras na água e no solo devesse ser uma preocupação permanente. Para a coordenadora, é preciso evitar o comprometimento dos recursos hídricos e a ocorrência de possíveis erosões. A questão do passivo ambiental é ainda grave e os rejeitos produzidos em 2005 serão eliminados somente em 2010. “Os mineradores precisam entender uma coisa: o poder público não pode arcar com tudo. É necessário que eles façam a sua parte, tirando dinheiro do bolso”, adverte. NOVEMBRO/2009 29 Expediente DIRETORIA Presidente: Eng Civil Gerson de Almeida Taguatinga 1° vice-presidente: Agrônomo Celen Rezende 2° Vice-Presidente: Eng Eletricista Luiz Carlos Carneiro de Oliveira A Revista do Crea-GO é uma publicação trimestral do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás, dirigida aos profissionais e empresas registrados na Autarquia. As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. 1° Secretário: Arquiteto Luciano Mendes Caixeta 2° Secretário: Téc. em Agrimensura Antônio de Pádua Ferreira 1° Tesoureiro: Eng Florestal Daniel Demori 2° Tesoureiro: Eng Civil Ricardo Luiz Machado COORDENADORES DAS CÂMARAS ESPECIALIZADAS Câmara Especializada de Agronomia: Agrônomo Rogério de Araújo Almeida Câmara Especializada de Arquitetura: Arquiteto Maurício Marques de Faria Câmara Especializada de Engenharia Civil e Agrimensura: Eng Civil Daniel Ferreira Câmara Especializada de Engenharia Elétrica e Mecânica: Eng Eletricista Jovanilson Faleiro de Freitas Câmara Especializada de Geologia e Minas: Geólogo Wanderlino Teixeira de Carvalho COORDENADORES DAS COMISSÕES Comissão de Orçamento e Tomada de Contas: Arquiteto Gaspar Luiz Martins Comissão de Ética Profissional: Arquiteto Maurício Marques de Faria Comissão de Licitações: Eng Civil Daniel Ferreira 30 NOVEMBRO/2009 Comissão de Meio Ambiente: Agrônomo Marcos Teixeira Comissão de Educação e Cultura: Agrônomo Rogério de Araújo Almeida Comissão de Estudo de Renovação do Terço: Eng Civil Roger Pacheco Piaggio Couto Comissão de Engenharia de Segurança do Trabalho: Eng Eletricista e de Segurança do Trabrabalho Jovanilson Faleiro de Freitas Comissão do Mérito: Eng Civil Osvaldo Luiz Valinote COORDENADORES DOS GRUPOS DE TRABALHO Grupo de Trabalho de Acessibilidade: Eng Civil Augusto Cardoso Fernandes Grupo de Trabalho de Engenharia Química, Alimentos, de Produção e Ambiental: Eng de Minas Augusto César Gusmão Lima Grupo de Trabalho de Transporte e Trânsito: Eng Civil Alexandre Vieira Moura REVISTA DO CREA Coordenadoria de Comunicação Social do Crea-GO: Coordenador: Eng Civil Antônio de Pádua Teixeira Telefone: (62) 3221.6200 E-mail: [email protected] Área de Imprensa do Crea-GO: Jornalista Responsável: Doris Costa - MTB nº JP- 00886-GO Telefone: (62) 3221.6200 Fax: (62) 3221.6281 E-mail: [email protected] Edição: Lauro Veiga Filho Reportagem: Carlos Alberto Pacheco e Hamilton Carvalho Fotografia: Carlos Costa / Foto Capa: Carlos Costa Projeto gráfico, diagramação, fotolito, impressão, produção e publicidade: ND Editora e Publicidade Ltda. -Rua 1034 Nº 49 - Setor Pedro Ludovico - CEP: 74.823-090 - Goiânia - GO. 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