MARGARETE DO SOCORRO MENDONÇA GOMES MONITORAMENTO DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DA QUININA E DA MEFLOQUINA EM PACIENTES COM MALÁRIA POR Plasmodium falciparum NO ESTADO DO AMAPÁ – BRASIL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Álvaro Augusto R. D’Almeida Couto. BELÉM 2006 MARGARETE DO SOCORRO MENDONÇA GOMES MONITORAMENTO DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DA QUININA E DA MEFLOQUINA EM PACIENTES COM MALÁRIA POR Plasmodium falciparum NO ESTADO DO AMAPÁ – BRASIL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Álvaro Augusto Ribeiro D’Almeida Couto. Banca Examinadora: PROF. DR. José Luis Fernandez Vieira Departamento de Deontologia, UFPA PROFa. DRa . Maristela Gomes da Cunha Departamento de Patologia, UFPA PROF. DR. Ricardo Luiz Dantas Machado Depto. de Doenças Dermatológicas, Infecciosas e Parasitárias, FAMERP PROF. DR. Luiz Fernando Almeida Machado (Suplente) Departamento de Patologia, UFPA BELÉM 2006 i “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita” (Mahatma Gandhi). ii DEDICATÓRIA Aos meus pais Joaquim de Oliveira Gomes e Maria José Mendonça Gomes, que desde sempre me conduziram ao caminho do saber. À minha família, em especial ao Adjalma amigo e companheiro, pelo constante apoio dedicação e estímulo ao meu desenvolvimento pessoal e profissional, as minhas filhas Ariane e Ariadne, bem como, a Patrícia minha enteada. iii AGRADECIMENTOS Sou agradecida a muitas pessoas e instituições que contribuíram para a realização desse trabalho. Corro o risco de deixar de citar algumas, mas desde já, gostaria de registrar meus agradecimentos a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. • A Deus, que me deu equilíbrio para superar os momentos difíceis e força para seguir adiante. • Ao Professor Dr. Álvaro Augusto Ribeiro D’Almeida Couto, meu orientador, por ter me oportunizado este trabalho, por sua amizade e apoio, pela dedicada orientação e sabedoria na abordagem dos problemas científicos. • Ao Professor Dr. José Luis Fernandez Vieira, meu co-orientador, pela amizade, por ter tornado viável a execução desse trabalho, por ter me concedido toda a sua estrutura laboratorial, por sua prestimosa atenção durante a fase de execução das análises laboratoriais, pela dedicada orientação e por ter compartilhado seus conhecimentos técnicos e científicos relacionados com o presente estudo, o meu especial agradecimento. • A Universidade Federal do Pará – UFPA, especialmente ao curso de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, na pessoa do Professor Dr. Ricardo Ishak, pelo seu empenho em nos oportunizar essa Pós-Graduação. iv • Ao Governo do Estado do Amapá por ter viabilizado e financiado este curso de Pós-graduação. • Ao Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - Departamento de Imunologia Laboratório de Pesquisas em Malária – IX Seminário Laveran & Deane, na pessoa do Professor Dr. Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro, pelas sugestões que contribuíram para o aprimoramento dessa dissertação. • A todos os professores do curso de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários que ministraram as disciplinas, pela atenção, dedicação e pelos conhecimentos repassados. • A Professora Dra. Jussara Moreto Martinelli, pela inestimável contribuição na análise estatística dos resultados. • Ao Professor Ângelo Edgar Jardim Pinheiro, pela valiosa contribuição nas equações matemática. • A Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, por ter disponibilizado através da biblioteca virtual o acesso ao PORTAL CAPES. • A equipe médica da Gerência Projeto Ensino e Pesquisa em Saúde, Dra. Vanja Suely Calvosa D’Almeida Couto, Dr. José Edivaldo Nonato Silva Lima, pela dedicação no acompanhamento clínico dos casos. • Aos Agentes de Saúde, Valdomiro Job de Barros Ferreira e Eronildo da Silva Penha, pela dedicação e colaboração na coletas das lâminas dos pacientes. • As técnicas da Gerência Projeto Ensino e Pesquisa em Saúde, Terezinha do Socorro Silva de Souza Severino e Laura Souza Lima v Monteiro, pelo imprescindível trabalho de diagnóstico laboratorial da malária . • Ao senhor Antônio Menezes da Silva, motorista da Gerência Projeto Ensino e Pesquisa em Saúde, pelo transporte durante as coletas das amostras sangüíneas. • A todos os colegas do Mestrado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários - UFPA, pelo companheirismo, solidariedade e ajuda em muitos momentos durante a fase de obtenção dos créditos e elaboração desse trabalho. • Aos meus amigos Márcio Ronaldo Moreira das Chagas, Danielle Scerne Fadul, Rosilene Malcher Ramos Leite, Natália Vaz Guerreiro, Valdirene de Fátima Barbosa dos Santos e Eilla Paula silva dos Santos, pela amizade e apoio em muitos momentos desse trabalho. • A José Iraceli Mendonça Gomes meu irmão, pela colaboração nas coletas das amostras sangüíneas. • A José Roberto Cardoso da Silva, por sua amizade, presteza, e apoio logístico em Belém. • A minha cunhada Maria José Ferreira do Nascimento, pelo apoio e atenção dedicado as minhas filhas desde a fase inicial dessa jornada. • Ao meu companheiro Adjalma, as minhas filhas Ariane e Ariadne, pela compreensão e tolerância do tempo que deixei de dedicar ao convívio com eles. • Aos pacientes de malária, que foram de fundamental importância para a realização desse trabalho, os meus sinceros agradecimentos. vi SUMÁRIO LISTA DE TABELAS .................................................................................. xi LISTA DE FIGURAS .................................................................................. xiii RESUMO ..................................................................................................... xv ABSTRACT ................................................................................................. xvi 1 INTRODUÇÃO............................................................................. 1 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................... 1 1.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA MALÁRIA............................ 3 1.3 VETORES DA MALÁRIA, AGENTE ETIOLÓGICO E CICLO BIOLÓGICO DOS PLAMÓDIOS ................................................. 7 1.3.1 Vetores da Malária...................................................................... 7 1.3.2 Agente Etiológico....................................................................... 8 1.3.3 Ciclo Biológico........................................................................... 9 1.4 TRATAMENTO DA MALÁRIA 1.4.1 Esquema Terapêutico Recomendado Pelo Ministério da 12 Saúde Para Tratamento De Infecções Por P. falciparum........ 12 1.4.2 Apresentação Farmacêutica ..................................................... 15 1.4.2.1 Quinina ........................................................................................ 15 1.4.2.2 Doxiciclina ................................................................................... 15 1.4.2.3 Mefloquina ................................................................................... 15 1.5 ASPECTOS 1.5.1 FÍSICOS-QUÍMICOS DOS ANTIMALÁRICOS QUININA, MEFLOQUINA E DOXICICLINA................................. 16 Características da Quinina........................................................ 16 vii 1.5.2 Estrutura Química da Quinina................................................... 16 1.5.3 Propriedades Físicas da quinina.............................................. 17 1.5.4 Características da Doxiciclina................................................... 17 1.5.5 Estrutura Química da Doxiciclina............................................. 17 1.5.6 Propriedades Físicas da Doxiciclina........................................... 18 1.5.7 Características da Mefloquina.................................................. 19 1.5.8 Estrutura Química da Mefloquina............................................ 19 1.5.9 Propriedades Físicas da Mefloquina........................................ 20 1.6 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS DA QUININA, MEFLOQUINA E DOXICICLINA.................................................. 1.6.1 Classificação das Principais Drogas 20 Antimaláricas Segundo o Local de Ação no Ciclo Biológico do Parasita........................ 20 1.6.2 Ação da Quinina e Mefloquina e da Doxiciclina ..................... 21 1.6.3 Mecanismo de Ação da Quinina e da Mefloquina .................. 22 1.6.4 Mecanismo de Ação da Doxiciclina ......................................... 28 1.7 FARMACOCINÉTICA ................................................................. 28 1.7.1 Farmacocinética da quinina..................................................... 28 1.7.1.1 Vias de Administração da Quinina ....................................... ..... 28 1.7.1.2 Absorção da Quinina ................................................................... 28 1.7.1.3 Distribuição da Quinina ............................................................... 29 1.7.1.4 Biotransformação da Quinina ...................................................... 30 1.7.1.5 Excreção da Quinina ................................................................... 30 1.7.2 Farmacocinética da Doxiciclina ............................................... 30 viii 1.7.2.1 Vias de Administração da Doxiciclina .......................................... 30 1.7.2.2 Absorção da Doxiciclina .............................................................. 31 1.7.2.3 Distribuição da Doxiciclina ........................................................... 31 1.7.2.4 Biotransformação da Doxiciclina ................................................. 31 1.7.2.5 Excreção da Doxiciclina .............................................................. 31 1.7.3 Farmacocinética da mefloquina............................................... 32 1.7.3.1 Vias de Administração da Mefloquina......................................... 32 1.7.3.2 Absorção da Mefloquina.............................................................. 32 1.7.3.3 Distribuição da Mefloquina .......................................................... 33 1.7.3.4 Biotransformação da Mefloquina................................................. 34 1.7.3.5 Excreção da Mefloquina.............................................................. 34 1.8 MONITORIZAÇÃO DE FÁRMACOS ........................................... 35 1.9 RESISTÊNCIA DO Plasmodium falciparum ÀS DROGAS ANTIMALÁRICAS ........................................................................ 36 1.10 OBJETIVO GERAL ...................................................................... 44 1.10.1 Objetivos Específicos ............................................................... 44 2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................... 45 2.1 ÁREA DE ESTUDOS .................................................................. 45 2.2 CASUÍSTICA ............................................................................... 45 2.3 ESQUEMA TERAPÊUTICO ........................................................ 46 2.4 AMOSTRAS ....................... ........................................................ 47 2.4.1 Amostras Para o Diagnóstico da Malária e Determinação da 2.4.2 Parasitemia ................................................................................ 47 Amostras Para Cromatografia Líquida (CLAE) ....................... 47 ix 2.5 MÉTODOS LABORATORIAIS .................................................... 2.5.1 Diagnóstico Parasitológico da Malária e Quantificação da Parasitemia ................................................................................ 2.5.2 48 48 Quantificação da quinina e Mefloquina por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)............................................ 49 2.5.2.1 Reagentes solventes e Padrões de Referência ........................ 51 2.5.2.2 Instrumentação ............................................................................ 52 2.5.2.3 Condições Cromatográficas ........................................................ 52 2.5.2.4 Extração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina do Plasma .......... 52 2.5.2.5 Curva de Calibração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina........... 53 2.5.2.6 Determinação da concentração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina ................................................................................... 54 2.5.2.7 Avaliação da precisão do Método Analítico ................................. 55 2.6 ANÁLISE ESTATÍSTÍCA ............................................................. 55 2.7 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................... 55 3 RESULTADOS ............................................................................ 56 3.1 CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS PARTICICPANTES.................................................................... 56 3.2 DENSIDADE PARASITÁRIA ....................................................... 56 3.3 TEMPO DE CLAREAMENTO DA PARASITEMIA ...................... 61 3.4 RESPOSTA CLÍNICA E PARSITOLÓGICA ................................ 61 3.5 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA .......... 62 3.5.1 Curva de Calibração da Quinina .............................................. 62 3.5.2 Concentração Plasmática da Quinina ..................................... 64 x 3.5.3 Concentração plasmática da Doxiciclina em D3 .................... 67 3.5.4 Curva de Calibração da Mefloquina........................................ 68 3.5.5 Concentração Plasmática da Mefloquina............................... 70 3.6 CORRELAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÀO PLASMÁTICA E A PARASITEMIA ......................................................................... 73 4 DISCUSSÃO ............................................................................... 76 5 CONCLUSÃO ............................................................................. 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 88 ANEXOS xi LISTA DE TABELAS páginas Tabela 1 - Esquema recomendado para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com quinina em três dias + doxiciclina em cinco dias + primaquina no 6º dia .................. Tabela 2 - 14 Esquema alternativo para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com mefloquina em dose única, e primaquina no 2º dia .............................................................. 14 Tabela 3 - Propriedades Físicas da Quinina (base) ............................... 17 Tabela 4 - Propriedades Físicas da Doxiciclina (Cloridrato).................... 18 Tabela 5 - Propriedades Físicas da Mefloquina ..................................... 20 Tabela 6 - Classificação dos esquizonticidas e seus mecanismos de ação no plasmódio ................................................................. Tabela 7 - Classificação da resposta clínica e parasitológica de acordo com protocolo da Organização Mundial de Saúde Tabela 8 - 39 Média geométrica da parasitemia em D0, D1, D2, D3 e D7 dos participantes do grupo A ................................................. Tabela 9 - 21 57 Média geométrica da parasitemias dos participantes do grupo A subdivididos em sensíveis e resistentes (RI) ........... 58 Tabela 10 - Parasitemia dos participantes do grupo B ............................. 60 Tabela 11 - Resposta clínica e parasitológica dos pacientes do grupo A e Tabela 12 - grupo B aos respectivos esquemas terapêuticos: Quinino+Doxiciclina e Mefloquina .......................................... 62 Áreas dos cromatogramas de calibração da quinina ............. 63 xii Tabela 13 - Concentração plasmática da quinina em µg/mL nos pacientes com malária por P. falciparum............................... 65 Tabela 14 - Concentração da quinina em pacientes sensíveis ................ 67 Tabela 15 - Concentração da quinina em pacientes resistentes (RI) ....... 67 Tabela 16 - Concentração plasmática de doxiciclina em D3 nos participantes sensíveis ........................................................... Tabela 17 - 68 Concentração plasmática de doxiciclina em D3 nos participantes resistentes (RI) ................................................. 68 Tabela 18 - Áreas dos cromatogramas de calibração da mefloquina 69 Tabela 19 - Média da concentração plasmática de mefloquina em pacientes com malária por P. falciparum ............................... 71 xiii LISTA DE FIGURAS páginas Figura 1 - Distribuição geográfica mundial da malária ............................ Figura 2 - Distribuição de casos de malária na região das américas, 1999 ......................................................................................... Figura 3 - 4 Classificação das áreas de risco para malária, segundo a incidência parasitária anual (IPA). Brasil, 2004 ....................... Figura 4 - 4 6 Curva da proporção de casos de malária por P. falciparum, Amazônia Legal, 1999 a 2004 ................................................. 6 Figura 5 - Ciclo biológico dos plasmódios ............................................... 11 Figura 6 - Estrutura química da quinina................................................... 16 Figura 7 - Estrutura química da doxiciclina ............................................. 18 Figura 8 - Estrutura Química da mefloquina ............................................. 19 Figura 9 - Estrutura da ferriprotoporfirina IX, β-hematina, hemozoína ... 23 Figura 10 - Dependência da concentração mínima (Cmin) e tempo mínimo (tmin) para a cura radical do tratamento com esquizonticida sangüíneo ................................................................................ 40 Figura 11 - Janela de oportunidade para a seleção de parasitas resistentes ................................................................................ Figura 12 - Gráfico da média geométrica da parasitemia 42 nos participantes sensíveis do grupo A durante o seguimento ...... 59 Figura 13 - Gráfico da parasitemia em participantes do grupo A com padrão de resistência RI ao esquema terapêutico quinina+doxiciclina .................................................................. 59 xiv Figura 14 - Gráfico da média geométrica da parasitemia nos participantes do grupo B tratados com esquema terapêutico da mefloquina 60 Figura 15 - Cromatograma do soro branco enriquecido com quinina e quinidina em concentrações conhecidas ................................. 63 Figura 16 - Gráfico da regressão linear de quinina .................................... 64 Figura 17 - Gráfico do perfil da concentração plasmática de quinina......... 66 Figura 18 - Cromatograma do soro branco enriquecido com mefloquina e quinidina em concentrações conhecidas ................................. 69 Figura 19 - Gráfico da regressão linear da mefloquina .............................. 70 Figura 20 - Gráfico do perfil da concentração plasmática da mefloquina... 72 Figura 21 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia dos pacientes sensíveis do grupo A em relação à concentração plasmática de quinina .............................................................. Figura 22 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia 73 dos pacientes recrudescentes do grupo A em relação à concentração de quinina .......................................................... Figura 23 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia 74 dos pacientes do grupo B em relação à concentração de mefloquina ................................................................................ 75 xv RESUMO A correlação entre resposta parasitológica e a concentração plasmática de quinina + doxiciclina e de mefloquina foi monitorada por 28 dias em trinta pacientes com malária por Plasmodium falciparum no Estado do Amapá. No grupo (A) 12 pacientes receberam o esquema terapêutico oral de quinina (3 dias) + doxiciclina (5 dias), e no grupo (B) 18 pacientes receberam mefloquina oral dose única (1º dia). No grupo (A) quatro pacientes (33,3%) apresentaram plasmódios resistentes do tipo RI, e (66,7%) foram sensíveis (S). A média da concentração plasmática de quinina em D1, D3 e D5 foi de 2,575µg/mL, 2,3334µg/mL e 0,532µg/mL para os (S) e de 2,4667µg/mL, 2,1784µg/mL e 0,450µg/mL para os (RI), não houve diferença estatisticamente significativa entre essas concentrações. No grupo (B), 100% dos pacientes apresentaram plasmódios sensíveis. A média da concentração plasmática da mefloquina foi: D0(0 µg/mL), D1 (0,709µg/mL), D3 (0,543 µg/mL), D5 (0,361 µg/mL), D7 (0,187 µg/mL), D14 (0,125 µg/mL), D21 (0,046 µg/mL) e D28 (0 µg/mL). A correlação entre resposta parasitológica e a concentração plasmática de quinina +doxiciclina foi de 94,23% para os (S) e de 76,70% para os (RI). Houve absorção adequada desses fármacos tanto para os (S), quanto, para os (RI), portanto , não foi a má absorção a causa da recrudescência. Os resultados sugerem que houve resistência do P. falciparum ao esquema administrado. Para os pacientes que receberam mefloquina a correlação foi de 91,82%. Houve absorção e manutenção da concentração desse fármaco durante o período de tempo necessário para completa eliminação dos parasitas. xvi ABSTRACT The correlation between the plasma concentration of quinine and doxycycline and of mefloquine with the parasitological answer was monitored by 28 days in thirty patients with malaria by Plasmodium falciparum in the State of the Amapá. In the group (A) twelve patient received the oral scheme of quinine (3 days) + doxycycline (5 days), and in the group (B) eighteen patients received mefloquine oral unique dose (1º day). In the group (A) four sick (33,3%) presented Plasmodium resistant of the type RI, and (66,7%) were sensible (S). On average of the plasma concentration of the quinine in D1, D3 and D5 was of 2,5750µg/mL, 2,3334µg/mL and 0,532µg/mL for the (S) and of 2,4667µg/mL, 2,1784µg/mL and 0,450µg/mL for the (RI), had not difference statistical significant between those concentrations. In the group (B), patients 100% presented sensible Plasmodium. The average of the concentration plasma of the mefloquine was: D0 (0µg/mL), D1 (0,709µg/mL), D3 (0,543 µg/mL), D5 (0,361 µg/mL), D7 (0,187 µg/mL), D14 (0,125 µg/mL), D21 (0,046 µg/mL) and D28 (0µg/mL). The correlation between parasitological answer and the plasma concentration of quinine + doxicyclyne was of 94,23% for the (S) and of 76,70% for the (RI), the quinine and doxycycline adequately was absorption so much for the (S), as well as, for the (RI), therefore, was not to bad absorption of the drug the cause of the recrudescence. The results suggest that there was resistance of the P. falciparum to the administered treatment. For the patients that received mefloquine the correlation was of 91,82%, having the absorption and maintenance of the drug concentration during the period of necessary time for complete elimination of the parasites. 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A malária continua sendo uma das mais severas doenças parasitárias no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 40% da população mundial, na maior parte aquelas que vivem nos países mais pobres, apresentam risco de contraí-la. A doença foi eliminada com sucesso em muitos países, particularmente aqueles de clima temperado, durante meados do século vinte, sendo atualmente encontrada em todas as regiões tropicais e subtropicais (WHO, 2000). As estimativas recentes sugerem a ocorrência de pelo menos 515 milhões de casos clínicos de malária (Snow et al, 2005), resultando em mais de um milhão de mortes a cada ano, representando um dos mais graves problemas de saúde pública para os países envolvidos (Greenwood et al, 2005). A malária é uma doença infecciosa parasitária severa causada por protozoário unicelular do gênero Plasmodium, sendo transmitida através da picada do mosquito fêmea do gênero Anopheles que requer o sangue para maturação de seus ovos. Ocasionalmente, a transmissão também pode ocorrer por transfusão sanguínea, por compartilhamento de agulhas e seringas infectadas com o parasito, acidentes laboratoriais e outras formas menos freqüentes como a transmissão congênita (CDC, 2004). Em 1880, o médico do exército francês Charles Alphonse Laveran, trabalhando na Argélia, foi o primeiro a observar e descrever parasitos da malária no interior dos glóbulos vermelhos humanos. Em 1897, o médico britânico Ronald Ross, na Índia, tornou possível a elucidação do modo de 2 transmissão, ao encontrar formas do parasito da malária no interior de um mosquito que havia se alimentado em um portador da doença. O ciclo completo de desenvolvimento do parasito no homem e na fêmea do mosquito Anopheles foi descrito pelos pesquisadores italianos Amico Bignami, Giuseppe Bastianelli e Batista Grassi, em estudos realizados entre 1898 e 1899 (Villalón, 2004). As dificuldades no fornecimento da quinina durante a Primeira Guerra Mundial estimularam pesquisadores alemães à obtenção de antimaláricos sintéticos, culminando com o desenvolvimento da pamaquina (1924), mepacrina (1930) e cloroquina (1934). Também foram desenvolvidos estudos para a síntese de substâncias com ação inseticida, que apresentaram seu ápice em 1942, quando Paul Hermann aplicou com fins inseticidas o composto dicloro-difenil-tricloroetano (DDT), que demonstrou grande atividade inseticida, elevado poder residual e baixo custo (Dutra, 2001). Considerando os conhecimentos adquiridos sobre o inseto transmissor, que apresenta atividade no interior dos domicílios, o qual após o repasto sangüíneo repousa por horas nas paredes internas das casas, associado com as características do DDT, que seria aplicado nas paredes, e na existência de drogas efetivas para o tratamento, muitos foram levados a crer na possibilidade da doença ser erradicada (Dutra, 2001). Entretanto, por volta da década de 60, surgiram cepas do Plasmodium falciparum (Wernsdorfer,1991). resistentes Simultaneamente às algumas drogas espécies antimaláricas de anofelinos demonstraram resistência ao inseticida DDT. Com isso, a malária voltou a se expandir em diversos países (Mouchet,1988). 3 1.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA MALÁRIA. De acordo com os dados da OMS aproximadamente 100 países ou territórios no mundo são considerados como áreas de risco para malária, principalmente os países tropicais e subtropicais situados ao Sul do deserto de Saara, os do Sudeste Asiático e os da América Latina, particularmente os situados na região da Bacia Amazônica, conforme distribuição geográfica descrita na Figura 1 (WHO, 2000). Cerca de 2,4 milhões de pessoas ainda estão expostas a este risco. Entre os quais aproximadamente 90% destes casos ocorrendo na África Sub-Sahariana, vitimando principalmente as crianças. Em outros países, as mortes acontecem freqüentemente em pessoas não imunes que são infetadas pelo P. falciparum em áreas onde o diagnóstico e o tratamento são inadequados (Baird, 2005). Segundo a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), na região das Américas, ocorre transmissão da malária em 21 dos seus Estados Membros. Nestes países, 88 milhões de pessoas moram em áreas de risco moderado e alto de transmissão, produzindo aproximadamente 1,5 milhão de casos por ano (OPAS/OMS, 2000). Considerando o índice Parasitário Anual (IPA) nesta região, o Brasil em 1999, notificou o maior número de casos de malária (51,7%), seguido da Sub-região Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) (33,1%), conforme apresentado na Figura 2 (OPAS/OMS, 2001). 4 Área Sem Malária Área com Limitado Risco Área com Alto Risco de Transmissão Fonte: http://www.cienciaviva.pt/healthXXI/reynaldo/img/mapa.jpg. Figura 1 - Distribuição geográfica mundial da malária. HAI-DOR = Haiti, República Dominicana. CAPB = América Central, Panamá, Belze GUY-FGU-SUR = Guiana, Guiana Francesa, Suriname ÁREA ANDINA = Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela Cone Sul = Argentina, Paraguai Fonte: OPAS/OMS, 2001. Figura 2 - Distribuição de casos de malária na região das américas, 1999. 5 A distribuição epidemiológica da malária nas Américas mudou devido ao declínio da prevalência do P. falciparum na Amazônia brasileira, o qual, está vinculado à melhoria do manejo dos casos, através do diagnóstico precoce e tratamento imediato, da diminuição da atividade extrativista mineral descontrolada e do menor deslocamento das populações, em virtude da estabilização dos projetos de colonização agrícola (OPAS, 2000). No Brasil, a malária é a mais expressiva das endemias, presente principalmente na Amazônia Legal, que é composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, no qual se concentram 99.5% dos casos, propiciado pelas suas condições climáticas, com hidrografia abundante, altas temperaturas, elevada umidade relativa do ar, altos índices pluviométricos e as florestas que favorecem a manutenção dos criadouros e conseqüentemente a proliferação dos vetores (Brasil/MS/FUNASA, 2003a; Brasil/MS/SVS, 2005). Na Amazônia, a incidência da doença manteve-se elevada em 2004, como mostra a Figura 3, e a maioria dos casos foi devido ao P. vivax. No entanto, apesar da redução geral de casos na região e da diminuição dos municípios de alto risco, é preocupante o incremento do percentual dos casos de malária por P. falciparum em alguns estados da Amazônia, que favorece a ocorrência da doença nas suas formas graves (Brasil/MS/SVS, 2005). No período de 1999 a 2004, houve um aumento da proporção de malária por P. falciparum de 18,6% para 23,7%, correspondendo a um incremento de 27,4%, de acordo com a Figura 4. O Amapá foi o estado que mais contribuiu (272,6%) para esta ocorrência (Brasil/MS/SVS, 2005). 6 Malária Índice parasitário anual Por 1.000 habitantes Estados da Amazônia legal, 2004 0 (169 municípios) > 0.1 – 9.9 (baixo risco – 406 municípios) > 9.9 – 49.9 (médio risco – 112 municípios) > 49.9 (alto risco – 81 municípios) Fonte adaptada: BRASIL-MS / FNS/ SVS, 2005 Figura 3 - Classificação das áreas de risco para malária, segundo a incidência parasitária anual (IPA). Brasil, 2004. Fonte adaptada: BRASIL-MS / FNS/ SVS, 2005 Figura 4 - Curva da proporção de casos de malária por P. falciparum, Amazônia Legal, 1999 a 2004. 7 1.3 VETORES DA MALÁRIA , AGENTE ETIOLÓGICO E CICLO BIOLÓGICO DOS PLASMÓDIOS 1.3.1 Vetores da Malária Os vetores da malária humana são insetos da ordem Diptera, da família Culicidae, do gênero Anopheles (Russel et al. 1946, Forattini 1962). No Brasil, as principais espécies transmissoras pertencem a dois subgêneros: Nyssorhincus, destacando-se as espécies Anopheles (N.) darlingi Root, 1926 e Anopheles (N.) aquasalis Curry, 1932, e o Anopheles (N.) albitarsis Lynch Arribalzaga, 1878 e o subgênero Kerteszia, com as principais espécies; Anopheles (K) cruzii Dyar & Knab, 1908 e Anopheles (K) bellator Dyar & Knab, 1908 (Rachou 1958, Deane 1986). O Anopheles (N.) darlingi Root 1926, é considerado o mais importante vetor da malária no Brasil, particularmente na região Amazônica brasileira (Shannon, 1933; Rachou, 1958). É a espécie de maior importância epidemiológica, pela abundância, ampla distribuição no território nacional, atingindo todo o interior do país, por seu alto grau de antropofilia e endofagia e pela capacidade de transmitir diferentes espécies de Plasmodium. Possui, como criadouros preferenciais às coleções de águas limpas, quentes, sombreadas e de baixo fluxo, situação muito freqüente na Região Amazônica (Deane, 1989; De Oliveira-Ferreira et al., 1990; Póvoa et al., 2000). Estudo realizado por Segura (1998), em áreas próximas a Macapá, demonstrou que o Anopheles aquasalis e o A. marajoara Galvão e Damasceno, 1942, também são vetores importantes da malária, no Estado do Amapá. 8 1.3.2 Agente Etiológico Os agentes etiológicos da malária são protozoários pertencentes ao Filo Apicomplexa, Ordem Eucoccidiidae, Subordem Haemosporinae, Família Plasmodiidae, Gênero Plasmodium Machiafava & Celli, 1885, com 172 espécies, aproximadamente, e que infectam aves, répteis e mamíferos (Levine, 1988). Segundo Garnham & Duggan (1986) quatro dessas espécies infectam naturalmente o homem: Plasmodium malariae Laveran, 1881, Plasmodium vivax (Grassi & Feletti, 1890), Plasmodium falciparum Welch, 1897 e finalmente Plasmodium ovale Stephens, 1922. O P. falciparum é o causador da terçã malígna; o P. vivax, responsável pela terçã benígna; o P. malarie, determinante da forma quartã, e estão distribuídos geograficamente pelas áreas tropicais e subtropicais. O P. ovale, causador de uma terçã benígna é restrito a África tropical, Filipinas, Nova Guiné e Vietnã (Bruce-Chwatt,1985). Entre os quatro tipos de malária, aquela causada pelo Plasmodium falciparum se destaca como a forma mais malígna, uma vez que é a única onde se manifestam complicações severas como comprometimento cerebral, anemia severa, falência renal e afecções pulmonares (Heddini, 2002). Duas características importantes para severidade e patogênese da doença destacam o P. falciparum em relação às outras espécies de Plasmodium que infectam o homem: a habilidade para invadir eritrócitos de todas as idades causando parasitemia elevada e seu acentuado crescimento, assim como, a capacidade dos eritrócitos infectados aderirem ao endotélio vascular pelo processo de seqüestro (Heddini, 2002). 9 Trofozoítas maduros e esquizontes são seqüestrados da circulação periférica devido à adesão de eritrócitos infectados às células endoteliais. Modificações na superfície dos eritrócitos infectados, denominadas "knobs", permitem a adesão ao endotélio e a outros eritrócitos, a qual fornece uma melhor maturação na atmosfera venosa microaerofílica e permite que o parasito escape do clareamento pelo baço, que reconhece a deformabilidade do eritrócito infectado (Kirchgatter & Del Portillo, 2005). A adesão ao endotélio ou citoaderência, tem importante função na patogenicidade da doença, causando obstrução de pequenos vasos e contribuindo para danos em muitos órgãos. A citoaderência designa também a adesão de eritrócitos infectados aos não infectados, fenômeno amplamente conhecido como "rosetting". (Heddini, 2002; Kirchgatter & Del Portillo, 2005). 1.3.3 Ciclo Biológico O ciclo biológico dos plasmódios ocorre em dois hospedeiros. O homem que é considerado, o hospedeiro intermediário onde ocorre reprodução assexuada do tipo esquizogonia, e o mosquito, o hospedeiro definitivo onde ocorre a reprodução sexuada do tipo esporogonia, de acordo com o ciclo descrito na Figura 5 (CDC, 2004). O ciclo inicia-se quando a fêmea infectada do mosquito Anopheles, ao exercer a hematofagia no homem, inocula esporozoítos na corrente sangüínea (1). Estas formas desaparecem da circulação sangüínea do indivíduo suscetível e alcançam os hepatócitos, onde evoluem (2). Após invadirem os hepatócitos, os esporozoítos se multiplicarão por reprodução 10 assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais (3), que em seguida se rompem e liberam milhares de merozoítos (4). Essa fase primária do ciclo é chamada pré ou exo-eritrocítica ou tecidual (A) (CDC, 2004). A segunda fase do ciclo é denominada eritrocítica (B), e inicia-se quando os merozoítos teciduais invadem os eritrócitos (5). O desenvolvimento intra-eritrocítico do parasito se dá por esquizogonia. Após a invasão no eritrócito, os merozoítos sofrem maturações, morfologicamente distintas, compreendendo três fases respectivamente: anel, trofozoíto e esquizonte. Com a maturação completa, os eritrócitos se rompem liberando novos merozoítos na circulação sangüínea, que em seguida invadem novos eritrócitos reiniciando o ciclo(6). Depois de sucessivas gerações de merozoítos sangüíneos, algumas formas se diferenciam em estágios sexuados, os gametócitos (femininos e masculinos), que são as formas infectantes para o mosquito (7) (CDC, 2004). A infecção do vetor ocorre quando a fêmea do mosquito Anopheles durante a hematofagia em um indivíduo infectado ingere gametócitos macho (microgamentócitos) e fêmeas (macrogametócitos), (8). No estomago do mosquito, o microgametócito fecunda o macrogametócito gerando o zigoto (9), o qual se alonga, originando o oocineto (10), que atravessa a parede do estômago do inseto e se transforma em oocisto (11). Cujo conteúdo divide-se para formar os esporozoítos (12), que são liberados na hemocele e migram para as glândulas salivares do mosquito estando assim prontos para infectar um novo indivíduo (1). A mutiplicação do parasito dentro do mosquito é conhecida como ciclo esporogônico (C). (CDC, 2004). 11 Fonte: http://www.dpd.cdc.gov/dpdx. acesso, novembro, 2004. Figura 5 – Ciclo biológico dos plasmódios. 12 1.4 TRATAMENTO DA MALÁRIA O tratamento adequado e oportuno da malária é hoje o principal alicerce para o controle da doença. Antes do surgimento da resistência do P. falciparum à cloroquina, esta droga era utilizada para as quatro espécies de plasmódios que parasitam o homem. Hoje, além da cloroquina, o P. falciparum apresenta resistência a diversos outros antimaláricos, tornando o seu tratamento um dilema para o médico e um desafio para as autoridades de saúde responsáveis pelo controle da malária. A decisão de como tratar o paciente com malária deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos: (BRASIL/MS/FUNASA/CENEPI, 2001a). (a) gravidade da doença: quando dá necessidade de drogas injetáveis e com ação mais rápida sobre os parasito, visando reduzir letalidade; (b) espécie de plasmódio: deve ser diferenciada, em face do perfil variado de resposta do P. falciparum aos antimaláricos. Caso não seja possível determinar a espécie do parasito, deve-se optar pelo tratamento do P. falciparum, pelo risco de evolução grave; (c) idade do paciente: pelo pior prognóstico da malária na criança e no idoso, requerendo especial atenção; (d) história de exposição anterior à infecção: indivíduos não imunes (primoinfectados) tendem a apresentar formas clínicas mais graves; (e) susceptibilidade dos parasitos aos antimaláricos convencionais: para indicar tratamento com drogas sabidamente eficazes para a área de ocorrência do caso, evitando atraso no efeito terapêutico e agravamento do quadro clínico. 13 1.4.1 Esquema Terapêutico Recomendado Pelo Ministério da Saúde Para Tratamento de Infecções Por P. falciparum. O Ministério da Saúde do Brasil recomenda para tratamento das infecções por P. falciparum dois esquemas terapêuticos, sendo um de primeira escolha e o outro alternativo (BRASIL/MS/FUNASA/CENEPI, 2001a). Esquema de primeira escolha: quinina isolado ou associado. 1º) Sulfato de quinina isolado: 25 mg de sulfato de quinina/kg/dia durante sete dias. 2º) Sulfato de quinina associado: 30 mg de sal de quinina/kg/dia durante três dias, com 3,3 mg/kg/dia de doxiciclina, de 12 em 12 horas (exceto para crianças menores de oito anos de idade, hepatopatas e durante a gravidez ), durante cinco dias, a partir do primeiro dia, de acordo com Tabela 1. Em caso de não disponibilidade da doxiciclina, usar 250 mg de tetraciclina três vezes por dia, durante sete dias (exceto para crianças com menos de oito anos de idade, durante a gravidez e para hepatopatas), a partir do primeiro dia do uso da quinina (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). Em caso de impossibilidade de uso da doxiciclina ou tetraciclina (gestantes e crianças menores de oito anos), usar 20 mg/kg/dia de clindamicina, quatro vezes ao dia, durante cinco dias. (BRASIL/MS/FUNASA/ CENEPI, 2001a). Esquema de Segunda Escolha: A mefloquina é recomendada, como esquema de segunda escolha para tratamento da malária por Plasmodium falciparum não complicada em adultos com dose de 15-20 mg/kg, seguindo o esquema terapêutico do Tabela 2. 14 Tabela 1 - Esquema recomendado para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com quinina em três dias associado a doxiciclina em cinco dias, e primaquina no 6º dia. Drogas e Doses Grupos Etários 1 o, 2 o 3 o dias 4 o e 5 o dias 6o dia Quinina comprimido Doxiciclina comprimido Doxiciclina comprimido Primaquina comprimido 8 a 11 anos 1e½ 1 1 1 12 a 14 anos 2e½ 1e½ 1e½ 2 4 2 2 3 15 ou mais anos Fonte: Adaptado de BRASIL/MS/FNS/ CENEPI, 2001a. Tabela 2 – Esquema alternativo para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com mefloquina em dose única, e primaquina no 2º dia. Drogas e Doses Grupos Etários 1o dia 2o dia Mefloquina Comprimido Primaquina comprimido Adulto Infantil Menores de 6 meses * - - 6 a 11 meses ¼ 1 - 1 a 2 anos ½ ¼ - 3 a 4 anos 1 1 - 5 a 6 anos 1e¼ 1 - 7 a 8 anos 1e¼ 1e½ - 9 a 10 anos 2 1e½ - 11 a 12 anos 2 e 1 /2 1e½ - 13 a 14 anos 3 2 - 15 anos ou mais 4 3 - Fonte: Adaptado de BRASIL/MS/FNS/ CENEPI, 2001a. 15 1.4.2 Apresentação Farmacêutica 1.4.2.1 Quinina As apresentações farmacêuticas mais comuns dos sais de quinina em comprimidos e injetáveis são cloridrato, dicloridrato e sulfato da quinina que contêm, respectivamente, 82%, 82%, e 82,6% de quinina na forma de base livre. Em geral, tanto a apresentação oral quanto a injetável contêm 500mg do sal de quinina, equivalendo a 325 mg da base livre (BRASIL/MS/ FNS/CENEPI, 2001a). 1.4.2.2 Doxiciclina A doxiciclina é apresentada em cápsulas e comprimidos contendo 100 mg de sal de doxiciclina, como hidrato ou hidrocloridrato. Prefere-se a apresentação em comprimidos pela facilidade de fracionamento da dose (Doxycycline.com, 2005). 1.4.2.3 Mefloquina A mefloquina é apresentada em comprimidos contendo 274 mg de cloridrato de mefloquina, equivalentes a 250 mg de mefloquina na forma de base livre, é indisponível na forma oral (BRASIL/MS/FNS, 2001a). 1.5 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA QUININA, DOXICICLINA E MEFLOQUINA 1.5.1 Característica da quinina A quinina foi o primeiro quinolinometanol natural usado como antimalárico, é o principal alcalóide das espécies de árvores do gênero 16 Cinchona da família Rubiaceae (Tracy & Webster Jr, 1996), a qual foi isolada da casca da árvore da quina em 1820 pelos químicos franceses Pierre Pelletier e Joseph Caventou, mas só foi sintetizada em laboratório pela primeira vez em meados dos anos 40 (Wernsdorfer & Mcgregor, 1988). 1.5.2 Estrutura Química da Quinina Sua estrutura química consiste de um anel quinolínico bi- conjugado heterocíclico ligado a um anel quinuclidínico alifático bi-heterocíclico ligado por um carbono alcoólico C9, que é um dos quatro centros quirais desta molécula; Figura 6 (Warhurst et al., 2003). Fonte: adaptado de Karle & Karle, 2002. Figura 6 - Estrutura química da quinina Denominação química: Monossulfato de alcalóide, expressos em sulfato de bis[(R)-(6-metoxi-4-quinoleíno-4-il) [(2S,4S,5R)-5-etinil-1-azabiciclo [2.2.2] -oct -2-il] metanol] (Farmacopéia Portuguesa, 2002; USP, 2005). Fórmula química: Quinina base C20H24N2O2, sulfato de quinina (C20H24N2O2)2,H2SO4,2H2O (Martindale, 2002). 17 1.5.3 Propriedades Físicas da Quinina Tabela 3 - Propriedades físicas da quinina (base). Estado físico ⇒ Pó branco cristalino ou cristais incolores Ponto de fusão ⇒ 173 – 175o C Ponto de gravidade específica ⇒ 0.8 Peso molecular ⇒ 324,42 Kda Rotação ótica ⇒ ≅ - 163o (C=2 EtOH) Solubilidade ⇒ Facilmente solúvel em água Fonte: Adaptado de www.chemicalland21.com/lifescience/phar/(-)-QUININE.htm, 2005. 1.5.4 Característica da Doxiciclina A doxiciclina é um antibiótico derivado da oxitetraciclina, tendo espectro de atividade idêntico. Difere da tetraciclina pelo fato de ser mais completamente absorvida e mais lipossolúvel. Além disso, tem meia vida plasmática mais longa que esta (Martindale, 2002). A doxiciclina deve ser sempre empregada em combinação com outro antimalárico (Martindale, 2002). 1.5.5 Estrutura Química da Doxiciclina A estrutura química básica do hidrato de doxiciclina consiste em um núcleo do hidronaftaceno contendo quatro anéis hexa-cíclico (a origem do nome da tetraciclina). As diferenças químicas entre os principais membros da família da tetraciclina estão nos substituintes dos três átomos de carbono (C5, C6 e C7), Figura 8 (Doxycycline.com, 2005). 18 Fonte: adaptado de Doxycycline.com, 2005 Figura 4 - Estrutura química da doxiciclina Denominação química: Mono-hidrato de (4S,4aR,5S,5aR,6R,12aS) 4-(dimetilamino)-3,5,10,12,12a-penta-hidroxi-6-metil-1,11-dioxi-14,4a,5,5a,12a octa-hidronaftaceno-2-carboxamida (Farmacopéia Portuguesa, 2002; USP, 2005). Fórmula química: monohidrato de doxiciclina C22H24N2O8·H2O, cloridrato de doxiciclina: C22H24N2O8.HCl.1/2 C2H5OH.1/2 H2O (Martindale, 2002). 1.5.6 Propriedades Físicas da Doxiciclina (Cloridrato) Tabela 4 - Propriedades físicas da doxiciclina (cloridrato). Estado físico ⇒ Pó cristalino levemente amarelado Ponto de fusão ⇒ Aproximadamente 201o C Constante de dissociação ⇒ PKa 3.7, 7.7, 9.5 Peso molecular ⇒ 512.94 Kda Rotação específica ⇒ Solubilidade ⇒ Próximo de - 110o (10mg/mL de Hcl 10mM em metanol) Facilmente solúvel na água, ligeiramente solúvel no álcool e insolúvel no éter. Fonte: Adaptado de http://www.chemicalland21.com/lifescience/phar/DOXYCYCLINE % 20 HYCLATE.htm, 2005; USP, 2005. 19 1.5.7 Característica da Mefloquina A mefloquina é um quinolinometanol sintético estruturalmente relacionado a quinina, desenvolvida durante os anos 70 originalmente pelo Walter Reed Army Institute of Research nos Estados Unidos, com o objetivo de combater a resistência aos fármacos existentes na época (Peters, 1998). 1.5.8 Estrutura Química da Mefloquina A mefloquina, assim como a quinina, possui um anel conjugado bi-heterocíclico ativo. A presença de um radical trifluorometil na posição 8 do anel quinolínico é necessária para a obtenção de uma alta atividade antimalárica, assim como, na posição 2 para prolonga esta atividade, Figura 7 (Warhurst et al., 2003). Denominação química: cloridrato de (RS)-[2,8-bis(trifluorometil) - 4 -quinoleinil]-[(2SR)-2piperidil] metanol (Farmacopéia Portuguesa, 2002). Fórmula química: mefloquina C17H17F6H2O mefloquina C17H16F6H2O.HC (Martindale, 2002). Fonte: adaptado de Karle & Karle, 2002 Figura 8 - Estrutura química da mefloquina cloridrato de 20 1.5.9 Propriedades Físicas da Mefloquina (Cloridrato) Tabela 5 - Propriedades físicas da mefloquina (cloridrato). Estado físico ⇒ Pó cristalino, branco ou levemente amarelado Ponto de fusão ⇒ Cerca de 260o C (com decomposição) Constante de dissociação ⇒ PKa aproximadamente 9.0 (25 o C) Peso molecular ⇒ 414.8 Kda Rotação específica ⇒ -0,2 a + 0,2 Solubilidade ⇒ Pouco solúvel em água, solúvel em etanol, facilmente solúvel em metanol. Fonte: Adaptado de http://www.rochecanada.com/pdf/lariampmE.pdf, 2004; USP, 2005. 1.6 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS DA QUININA, DOXICICLINA E MEFLOQUINA 1.6.1 Classificação das Principais Drogas Antimaláricas Segundo o Local de Ação no Ciclo Biológico do Parasito Segundo o seu alvo de ação no ciclo biológico do parasito, as drogas antimaláricas são classificadas em esquizonticidas teciduais ou hipnozoiticidas (cura do P. vivax), esquizonticidas sangüíneos (promovem a cura clínica), gametocitocidas (bloqueiam a transmissão), esporonticidas (impedem a infecção pelos esporozoítos), conforme demonstrado na Tabela 6 (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). A escolha da droga dependerá da espécie de Plasmodium, gravidade da doença e padrão de resistência aos antimaláricos no provável local de utilização (Krongstand & Schlesinger, 1986). 21 Tabela 6 - Classificação dos esquizonticidas e seus mecanismos de ação no plasmódio. Categoria Química Composto Mecanismo de Ação no Plasmódio 4 – aminoquinolinas Cloroquina Amodiaquina Digestão de produtos da hemoglobina '' 8 – aminoquinolinas Primaquina Inibe a respiração mitocondrial do parasito Quinolinometanóis Quinina Mefloquina Halofantrina Digestão de produto da hemoglobina '' '' Lactona sesquiterpênica Artemisinina (qinghaosu) Metabolismo das proteínas Éter de lactona Sesquiterpênica Artesunato (derivado hemisuccinil De qinghaosu) Metabolismo das proteínas Éter de lactona Sesquiterpênica Artemeter Metabolismo das proteínas Derivados de naftaceno Tetraciclina Doxiciclina Síntese das proteínas '' Lincosaminas Clindamicina Lincomicina Síntese das proteínas '' Fonte: Adaptado de BRASIL/MS/FNS/ CENEPI, 2001a. 1.6.2 Ação da Quinina e Mefloquina e da Doxiciclina Os quinolinometanóis (quinina e mefloquina) agem principalmente no estágio assexuado intra-eritrocítico do Plasmodium (Schmidt et al., 1978a, 1978b; Geary et al., 1986; Wiser, 2003). A quinina é um potente esquizonticida que tem ação sobre todas as formas de Plasmodium humanos e, também, gametocitocida contra o P. vivax, P. malarie e P. ovale, mas não para o P. falciparum. O fármaco não tem efeito na forma inicial exo-eritrocítica do Plasmodium. Vem sendo usada 22 isoladamente para malária por P. falciparum em áreas onde as cepas ainda não desenvolveram resistência, ou em associação com antibióticos para áreas com comprovada resistência a este antimalárico (Suebsaeng et al., 1986). No Brasil, a quinina continua sendo a droga de escolha para a malária por P. falciparum não grave ou complicada, em associação com doxiciclina ou tetraciclina (Boulos, 1997; Leal et al., 2003). A mefloquina é um quinolinometanol estruturalmente semelhante a quinina. É um forte esquizonticida de ação prolongada inclusive contra cepas de P. falciparum multirresistentes. É também efetiva contra os estágios eritrocíticos de P. Vivax, P. malarie e P. ovale. Não é efetiva contra as formas exoeritrocíticas da malária. Não tem ação contra as fases hepáticas dos parasitos, sendo eficaz contra gametócitos de P. vivax (Gustafsson et al., 1987). A doxiciclina é um antibiótico recomendado como antimalárico secundário, que, administrado em combinação com quinina, mefloquina ou artesunato, é eficaz para tratar malária por P. falciparum sem complicações. É um esquizonticida de ação lenta que age sobre as formas eritrocíticas do P. falciparum, mas não contra os gametócitos. (Wernsdorfer, 1997). 1.6.3 Mecanismo de Ação da Quinina e Mefloquina O mecanismo de ação dos quinolinometanóis não é bem conhecido, mas pode envolver: ligação direta ao grupo heme, inibição de uma ferriprotoporfirina IX polimerase não identificada (inibição de polimerização da heme), inibição de uma fosfolipase vacuolar, inibição da síntese de proteína, interação com o DNA (Foley & Tilley, 1998). 23 Apesar do mecanismo dos quinolinometanóis não está completamente esclarecido, existem evidências de que a interação entre os antimaláricos esquizonticidas sangüíneos com o grupo heme ferriprotoporfirina IX (Fe (III) PPIX) está envolvido na toxicidade destes fármacos ao parasito intra-eritrocítico. Vários experimentos in vitro estabeleceram que fármacos antimaláricos quinolínicos agem por interferência na cristalização da hemozoína, que tem por unidade básica a β-hematina , como demonstra a Figura 9 (Sullivan Jr. et al., 1998). Heme ou Ferriprotoporfirina IX β-Hematina - unidade básica dos cristais de hemozoína Hemozoína Fonte: Adaptado de Pagola et al., 2000; Wiser, 2003. Figura 10 - Estrutura da Ferriprotoporfirina IX, β-Hematina e hemozoína É consenso que estes fármacos inibem a formação da hemozoína. Persiste, entretanto, uma divergência sobre como isto ocorre (Egan & Marques, 1999). Os parasitos degradam cerca de 75% da hemoglobina dos eritrócitos e a utilizam como fonte alimentar. A hemoglobina é importada para dentro de um compartimento acídico do parasito, conhecido como vacúolo alimentar, e é quebrada por enzimas proteolíticas, chamadas plasmecinas, em 24 peptídeos que, posteriormente, são degradados a aminoácidos (Egan & Marques,1999). O resíduo livre heme ou ferriprotoporfirina IX (Fe(III)PPIX) é tóxico ao parasito. A Fe(III)PPIX é polimerizada formando um composto inerte, insolúvel e não tóxico ao parasito, o pigmento malárico hemozoína (Egan & Marques,1999). Slater & Cerami (1992), sugeriram que a reação de formação da hemozoína no parasito é catalisada por uma enzima, que seria inibida pelos antimaláricos quinolínicos. Esta conclusão foi baseada nas condições extremas que, aparentemente, seriam requeridas para a formação por síntese da βhematina e na observação que um extrato de membrana plasmodial aparentemente catalisa esta formação. Entretanto, Dorn et al. (1995) encontraram que a formação de βhematina é independente de proteínas e sugeriram que ela é autocatalítica, sendo que o agente catalítico no extrato do parasito é, de fato, a própria hemozoína. Uma outra hipótese é que os antimaláricos quinolínicos podem inibir a formação de hemozoína, pela interação direta com a Fe(III)PPIX. Warhurst (1981), demonstrou espectroscopicamente que antimaláricos quinolínicos formam, em solução benzênica, complexos com a Fe(III)PPIX e que o epímero inativo da quinina, a 9-epiquinina, não forma o complexo. Egan et al. (1994), demonstraram que as drogas cloroquina, quinina e amodiaquina são capazes de inibir a polimerização espontânea da Fe(III)PPIX em solução de ácido acético, enquanto a 9-epiquinina e outras substâncias inativas na fase eritrocítica da malária não são. 25 Dorn et al. (1998), também relataram que a formação de βhematina é inibida por antimaláricos quinolínicos sob condições mais brandas, que se aproximam mais daquelas que são esperadas in vivo. Assim, o efeito primário dos fármacos antimaláricos que atuam na fase eritrocítica da doença é a ligação com a Fe(III)PPIX e a inibição da sua polimerização para formação da hemozoína. Secundariamente, a Fe(III)PPIX e o complexo FE(III)PPIX-fármaco acumulam-se e ficam disponíveis para exercer seus efeitos tóxicos (Orjih et al., 1994). A base precisa para os efeitos tóxicos da Fe(III)PPIX livre e seus complexos com antimaláricos quinolínicos no parasito não está completamente estabelecida (Egan & Marques, 1999). Uma das hipóteses é que esta toxicidade resulta da atividade peroxidativa da Fe(III)PPIX e dos complexos Fe(III)PPIX-fármaco sobre os lipídeos da membrana (Sugioka & Suzuki , 1991). Outra hipótese é que a Fe(III)PPIX lisa o parasito via um mecanismo colóidoosmótico, possivelmente pela inibição da manutenção do gradiente de cátions (Egan & Marques, 1999). Alguns autores têm sugerido que o mecanismo de ação dos quinolinimetanóis pode ser similar ao da cloroquina (Slater, 1993), entretanto, as evidências que sustentam as interações heme como modo de ação das 4amoniquinoleínas não estão completamente esclarecidas, assim como, não está claro se o heme é o único alvo de ação dos antimaláricos quinolinometanóis (Chou et al., 1980; Chevli & Fitch, 1982). 26 Estudos iniciais sugeriram que a quinina assim como a cloroquina pode inibir a replicação do DNA e a síntese do RNA do Plasmodium, ainda que, através de elevadas concentrações de droga (Parker e Irvin 1952, Cohen & Yielding 1965, citados em Foley & Tilley, 1998, p.60; Thelu et al., 1994). Estudos ultra-estruturais indicam que a mefloquina causa mudanças morfológicas no vacúolo do P. falciparum. As mudanças se assemelham às alterações observadas após tratamento com a cloroquina, exceto que a mefloquina parece causar mais degranulação da hemozoína do que as alterações morfológicas causadas pela cloroquina (Peters et al., 1977; Jacobs et al., 1987; Olliaro et al., 1989). A mefloquina mostrou inibir a heme polimerização in vitro com similar (Slater & Cerami, 1992; Slater, 1993) ou menor eficiência que a cloroquina (Chou & Fitch, 1993; Raynes et al., 1996). Os dados disponíveis sugerem que, A mefloquina interfere em diferentes passos no processo de alimentação do parasito quando em comparação com a cloroquina (Geary et al., 1986). Os efeitos morfológicos no parasito seguidos ao tratamento com quinina e mefloquina são similares aos efeitos observados pelo tratamento com a cloroquina, por exemplo, há uma expansão inicial do vacúolo alimentar (Jacob et al., 1987; Olliaro et al., 1989; Peters et al., 1977). É largamente aceito que a cloroquina exerce seu efeito antimalárico pela interação com o processo de degradação da hemoglobina dentro do parasito, provavelmente por meio uma interação com a hematina (Dorn, et al., 1998; Ridley 1997a; Ridley et al., 1997b), embora o completo 27 mecanismo de ação, seja até hoje debatido (Asawamahasakda, et al., 1994; Ward et al., 1997), a inibição da polimerização da hematina tem sido usada como marcante representante do tipo de atividade antimalarial das 4aminoquinolinas (Slater et al., 1992; Raynes et al.,1996; Hawley et al., 1998). Embora a quinina e a mefloquina interaja com a hematina livre, a interação é relativamente fraca, com redução correspondente da inibição da polimerização de hematina (Chevli & Fitsch 1982, Dorn, et al., 1998). A quinina e mefloquina, assim como, as 4-aminoquinolinas, podem inibir este processo in vitro (Dorn, et al., 1998; Hawley et al., 1998; Slater et al., 1993). Entretanto, existem sugestões de que a interação com a polimerizacão da hematina pode não ser em si, suficiente para explicar a atividade de drogas como a mefloquina (Foley & Tilley, 1997). A quinina interage fracamente com a fração heme da memoglobina (Chou et al., 1980), mas tem sido mostrada por inibir a heme polimerização (Slater, 1992; Chou & Fitch 1993) e a atividade de heme catálise (Ribeiro et al., 1997). Na ausência de um transportador específico, a quinina é acumulada menos eficientemente no vacúolo alimentar que a cloroquina. A mefloquina é uma base fraca monoprotéica que deve se acumular menos que a cloroquina. Apesar disso, ela mostrou valores similares na concentração de inibição (IC50) in vitro. Essas evidências tem sido a base para o questionamento, se esta droga interage em diferentes pontos com o processo de degradação da hemoglobina ou se a mefloquina tem um mecanismo de ação adicional, independente ou distinto da cloroquina (Desneves, et al., 1996; Foley & Tilley, 1997). 28 1.6.4 Mecanismo de Ação da Doxiciclina Seu mecanismo de ação atua por inibição da síntese de proteína, por bloquear a união do RNA de transferência ao complexo ribossômico do RNA mensageiro. A ligação é produzida na subunidade ribossômica 30S dos organismos sensíveis, interferindo no aporte e ligação dos aminoácidos das proteínas essenciais para sua existência (Chopra, 1985, Tavares, 2001). 1.7 FARMACOCINÉTICA 1.7.1 Farmacocinética da Quinina 1.7.1.1 Vias de Administração da Quinina A quinina pode ser administrada por via oral ou intravenosa. Se não for possível o uso oral, a primeira dose deve ser administrada por via intravenosa, mediante infusão lenta em solução isotônica de glicose, durante quatro horas. Sempre que o fármaco for administrado por via parenteral, o tratamento oral deve ser reiniciado assim que o paciente suportar e continuado até o fim da série. Para malária sem complicações, a quinina deve ser administrado preferencialmente por via oral (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). 1.7.1.2 Absorção da Quinina A quinina é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal quando administrado oralmente. A biodisponibilidade é de aproximadamente 80% em indivíduos saudáveis e o pico da concentração plasmática é alcançado dentro de 3 - 5 horas (Supanaranond, 1991). 29 1.7.1.3 Distribuição da Quinina A distribuição da quinina varia em função da gravidade dependendo do grau de doença. O volume de distribuição é menor em pacientes com malária grave, mas aumenta com a recuperação da doença. As crianças e mulheres grávidas têm um volume de distribuição menor em relação às mulheres não grávidas e adultos masculinos (White, 1985). As concentrações no plasma e na célula vermelha sangüínea (RBC) parecem ser semelhantes antes da infecção; no entanto, durante um ataque de malária, as concentrações no plasma são consideravelmente mais altas que concentrações na RBC (White et al. 1983). Por ter alta capacidade de ligação às proteínas, distribui-se por todos os fluidos do corpo. Atravessa facilmente a barreira placentária, mas não atravessa livremente a barreira hemato-encefálica, é encontrada no líquido cefalorraquidiano com distribuição em relação ao plasma de aproximadamente 7%, é distribuído no leite dos ductos lactíferos, alcançando pico de concentrações em aproximadamente 90 minutos depois de administração oral (White, 1985; Phillips, 1986). A ligação da quinina às proteínas plasmáticas é alta, mais de 90% em pacientes com malária grave, mulheres grávidas, e crianças (Panisko & Keystone, 1990). Em torno de 85 a 90% em pacientes com malária não complicada (White, 1985), e cerca de 70 a 80% em indivíduos saudáveis (Supanaranond, 1991; Oradell, 1991). 30 1.7.1.4 Biotransformação da Quinina A quinina é biotransformada no fígado (Franke, 1987). Os seus metabólitos têm menos atividade que o composto original (White, 1985). A meia-vida da quinina em adultos com malária grave é de aproximadamente 18 horas, em pacientes não complicados é de 10 a 12 horas, em indivíduos saudáveis é cerca de 16 horas (Supanaranond, 1991). 1.7.4.5 Excreção da Quinina A excreção da quinina ocorre principalmente pela via renal, com cerca de 20% sendo excretado na forma alterada. Sua excreção é aumentada por acidose urinária. Pequena quantidade da quinina é secretada pela saliva e bile (White, 1985). 1.7.2 Farmacocinética da Doxiciclina 1.7.2.1 Vias de Administração da Doxiciclina A doxiciclina é administrada por via oral (cápsulas/comprimidos). Os sintomas gastrointestinais podem ser reduzidos quando administrada junto com uma refeição (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). 1.7.2.2 Absorção da doxiciclina A doxiciclina é mais lipossolúvel que a tetraciclina, sendo completamente (93% a 100%) absorvida pelo trato gastrintestinal. A absorção não é afetada significativamente pela presença de alimento no estômago ou no duodeno. Porém, leite e seus derivados devem ser evitados, já que reduzem a sua absorção (Martindale, 2002). 31 O pico médio da concentração plasmática de 2.6µg/mL tem sido relatado 2 horas após o uso de 200mg via oral, depois de 24 horas da ingestão inicial a concentração plasmática diminui para 1.45µg/mL (Saivin & Houin, 1988) , sendo primordial a dose de manutenção diária, considerando que, a concentração mínima efetiva é de 0.8µg/ml no soro (Doxycycline.com, 2005). 1.7.2.3 Distribuição da doxiciclina A doxiciclina é amplamente distribuída por todos os tecido e fluídos do corpo, apresentando alta capacidade de ligação às proteínas plasmáticas (80-95%). Concentrações maiores ou similares às encontradas no soro (cerca de 3µg/mL) são observadas em vários órgãos, significando que, apresenta elevado nível terapêutico (Doxycycline.com, 2005). 1.7.2.4 Biotransformação da doxiciclina A doxiciclina é pouco biotransformada no corpo humano. Embora tenha sido relatada reações de inativação hepática, alguns pesquisadores consideram que isto é incerto. No entanto, a cinética da doxiciclina tem sido reportadamente alterada em pacientes que recebem fármacos indutores das enzimas de biotransformação hepática (Saivin, 1988). A doxiciclina apresenta uma meia-vida biológica em torno de 1224 horas (Saivin, 1988). Mas em adultos com malária grave foi relativamente mais curta, cerca de 10.5 horas (intervalo de 6.9 a 17.9) (Newton et al., 2005). 1.7.2.5 Excreção da doxiciclina A doxiciclina é excretada pela via fecal, e pela urina (cerca de 40% em 72 horas) (Martindale, 2002). 32 1.7.3 Farmacocinética da Mefloquina Estudos farmacocinéticos da mefloquina revelam consideráveis variações de um individuo para outro em diversos parâmetros cinéticos e evidências sugerem diferenças entre grupos étnicos (Karbwang & White 1990; Palmer et al., 1993). 1.7.3.1 Vias de Administração da Mefloquina A mefloquina é administrada por via oral. A melhor solubilidade e a maior biodisponibilidade podem ser alcançadas com a ingestão de água antes da administração do medicamento. Sua biodisponibilidade também aumenta se for tomada após as refeições (BRASIL/MS/FNS, 2001b). Existem algumas provas de que o risco de vômitos associados ao medicamento pode ser diminuído mediante o tratamento sintomático da febre e uso de antieméticos. Se ocorrer vômito na primeira hora da ingestão do medicamento, é necessário repetir a dose inteira (BRASIL/MS/FNS, 2001b). Em pacientes com malária complicada, concentrações sangüíneas adequadas tem sido obtida usando administração nasogástrica, mas, esta via não pode ser confiável nos pacientes graves (Chanthavanich et al., 1985), uma vez que a absorção pode ser incompleta (Karbwang & White 1990; Palmer et al.,1993). 1.7.3.2 Absorção da Mefloquina A mefloquina é bem absorvida por indivíduos saudáveis e pacientes com malária não complicada após administração por via oral. A presença de alimentos aumenta significativamente a taxa e extensão de 33 absorção, elevando a biodisponibilidade para cerca de 40%. O pico de concentração plasmática é alcançado entre 2 à 24 horas com média em torno de 17 horas após uma única dose de 250mg. A administração em dose única de 1000mg produz uma concentração máxima de aproximadamente 1000μg/L (Karbwang et al., 1987; Looareesuwan et al., 1987). 1.7.3.3 Distribuição da Mefloquina A mefloquina tem um amplo volume de distribuição, distribuindose em todos os tecidos em indivíduos saudáveis, entretanto é reduzida na presença da malária (Juma & Otego, 1989; Karbwang et al., 1988). Em crianças que receberam mefloquina com sulfadoxina + pirimetamina na forma de comprimidos triturados e misturados com xarope de glicose, a concentração sangüínea máxima de mefloquina foi elevada, e alcançada em um curto tempo, quando comparada com doses equivalentes em adultos (Singhasivanon et al., 1994). Em mulheres grávidas com malária não complicada, as concentrações sangüíneas apresentaram baixos teores quando comparadas com mulheres não grávidas e o volume aparente de distribuição foi amplo (NaBangchang et al., 1994). A mefloquina tem alta capacidade de ligação às proteínas plasmáticas (98%) (Panisko & Keystone, 1990). Atravessa a barreira placentária (Lariam, 2004). É distribuída no leite materno, mas, o estudo de uma única dose em duas mulheres, indicou que a concentração de mefloquina no leite materno foi menor em comparação ao plasma (Edstein et al., 1988). 34 1.7.3.4 Biotransformação da Mefloquina A mefloquina é biotransformada no fígado, Dois produtos de biotransformação foram identificados em humanos, o principal é o ácido carboxílico 2-8-bis-trifluorometil-4-quinolil (Panisko & Keystone, 1990), o qual parece ser inativo contra o P. falciparum (Hakanson, et al., 1990). 1.7.3.5 Excreção da Mefloquina Somente uma pequena percentagem (4 a 9%) da mefloquina é excretada pela urina (Schwartz et al., 1987). Estudos em animais sugerem que a sua excreção e de seus produto de biotransformação ocorre principalmente pelas fezes e bile (Karbwang & White 1990; Palmer et al., 1993). A mefloquina tem uma meia-vida de excreção extremamente longa, apresentado consideráveis variações individuais, entre 10 a 40 dias, com média de 21 dias em adultos, porém tende a ser mais curta em crianças e gestantes. Verificou-se que a meia vida de eliminação é mais demorada em pessoas caucasianas que nas africanas ou tailandesas (Karbwang & White 1990; Palmer et al., 1993). Considerando a meia vida de eliminação da mefloquina, o seu uso em área endêmica deve ser cauteloso, pois o indivíduo pode reinfectar-se, estando com teores sangüíneos de mefloquina subterapêuticos, favorecendo o aparecimento de cepas resistentes à droga (Karbwang & White, 1990). 35 1.8 MONITORIZAÇÃO DE FÁRMACOS A monitorização de fármacos é fundamentada no fato de que a resposta terapêutica se correlaciona e depende da concentração deste na corrente sanguínea do usuário, e não somente da dose administrada ao mesmo. O uso de doses regulares em intervalos periódicos não significa que existirão níveis constantes em todos os pacientes, devido às diferenças individuais de absorção, biotransformação, biodisponibilidade e excreção do fármaco, os quais influenciarãom no efeito terapêutico final (Lima, 1992). A determinação da concentração plasmática constitui uma ferramenta na terapia com diferentes classes de fármacos, e sua aplicação na terapia clínica tem sido possível graças ao desenvolvimento de métodos analíticos que permitem o doseamento de substâncias ativas com precisão em diferentes líquidos biológicos e à possibilidade de expressar em termos quantitativos os processos que experimentam os fármacos após sua administração; permitindo a determinação de regimes de dosagem que se ajustam as necessidades dos pacientes (Barcellos, 2005). Em alguns casos, as faixas terapêuticas que indicam valores de concentrações para os quais a substância tem utilidade farmacológica, apresentam frágil distanciamento daquela considerada tóxica, na qual surgem complicações no quadro de saúde do paciente que podem levar à intoxicação, evoluindo em alguns casos ao óbito. A monitorização traz como vantagem a possibilidade de ajustes nas doses do medicamento, prevenindo a intoxicação, bem como, garantindo os efeitos farmacológicos do composto, evitando que a concentração fique abaixo da mesma. Propiciando assim, segurança à terapêutica medicamentosa. (Perez, 2002). 36 A monitorização de antimaláricos é fundamental para a distinção entre falha terapêutica e resistência do parasito. A resistência aos antimaláricos pode causar falha terapêutica, mas nem toda falha terapêutica é devido à resistência (Bloland, 2001). Muitos fatores podem contribuir para a falha terapêutica, como a ingestão incorreta das doses pelo paciente, a não obediência à duração do tratamento, a utilização de medicamentos que não atendem aos parâmetros de qualidade, interação farmacologia, má absorção, entre outros (Bloland, 2001). Provavelmente todos esses fatores causam falha do tratamento no individuo, mas também contribuem para o desenvolvimento e intensificação da verdadeira resistência, devido a uma maior probabilidade de expor os parasitos da malaria a níveis sub terapêuticos do fármaco, evidenciando assim, a importância da monitorização dos níveis sangüíneos destes medicamentos (Bloland, 2001). 1.9 RESISTÊNCIA DO P. falciparum ÀS DROGAS ANTIMALÁRICAS A OMS considera, que entre os maiores desafios para o controle mundial da malária, estão a expansão e intensificação da resistência do parasito às drogas antimaláricas (WHO, 2000), razão pela qual vem implementando um arrojado projeto de vigilância denominado Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas (RAVREDA) (OPAS/OMS, 2004). Entre as linhas de pesquisa da RAVREDA, inclui-se a avaliação do uso de medicamentos antimaláricos pela comunidade (automedicação, 37 acesso aos medicamentos, conhecimentos, atitudes e práticas) que podem levar ao desenvolvimento da resistência (OPAS/OMS, 2004). A resistência às drogas antimaláricas foi primeiramente definida como “a capacidade de uma população de parasitos sobreviver e/ou multiplicar-se, apesar da administração e da absorção de uma droga dada nas doses iguais ou superiores do que aquelas geralmente recomendadas, porém dentro dos limites de tolerância do individuo” (Wernsdorfer & Payne 1965; WHO,1973). A definição de Wernsdorfer & Payne (1965) foi posteriormente ampliada por Bruce-Chwatt et al., (1986) para especificar que a droga em questão além de ser administrada nas doses adequadas, deve ser absorvida e ter acesso à célula sangüínea infectada e ao parasito, por um tempo de duração necessário para sua ação eficaz. O termo “resistência do parasito” tem sido usado com diferentes significados nas publicações. Por exemplo, para se referir ao parasito in vitro pela habilidade confirmada para sobreviver a uma concentração limiar da droga sob condições padrões de cultura contínua (Wongsrichanalai et al., 2002). A resistência também tem sido usada para se referir ao fracasso terapêutico após administração de uma dose padrão de uma droga, esta definição é usada pela WHO no protocolo padrão de prova in vivo (Wongsrichanalai et al., 2002). No entanto, neste teste, níveis de droga no soro não são normalmente quantificados e o fracasso terapêutico observado pode ser devido à má absorção, metabolismo rápido ou anormal ou a presença de infecções latentes de outra malária (Talisuna et al., 2004). 38 A definição de Bruce-Chwatt et al., (1986) requer a demonstração da parasitemia em um paciente sob tratamento acompanhado, que receba dose de uma droga antimalárica, com demonstração simultânea das concentrações sangüíneas adequadas da droga e de seus produtos de biotransformação, usando métodos estabelecidos de laboratório, como a cromatografia líquida de alta eficiência. Nos estudos sobre a resistência in vivo para que esse fenômeno seja bem conhecido, é fundamental a confirmação da absorção e do metabolismo da droga (Bloland, 2001). Os testes in vivo são tradicionalmente o padrão ouro para detecção da resistência as drogas (WHO, 1996). Eles refletem a verdadeira resposta biológica natural ao tratamento, que envolve a complexa interação entre o parasito a droga e a resposta do hospedeiro, pois os testes in vitro avaliam somente a interação entre o parasito e a droga (Bloland, 2001). O teste clássico definido pela WHO em termos de liberação de parasitos em resposta a cloroquina, foi o primeiro a ser usado interpretando o sistema de classificação padrão, ou seja, S (sensível), RI (resistência tipo I), RII (resistência tipo II) e RIII (resistência tipo III) (WHO, 1973). Como a re-infecção é difícil de ser excluída em áreas com intensa transmissão de malária, a WHO introduziu um protocolo modificado, baseado na conseqüência clínica, classificado em três categorias de respostas terapêuticas denominadas, RCA (resposta clínica adequada), FTT (fracasso tardio do tratamento) e FPT (fracasso precoce do tratamento), para áreas com intensa transmissão onde a presença de parasitemia na ausência de sinais e sintomas clínicos se apresenta (WHO, 1996), de acordo com o Tabela 7. 39 Tabela 7 - Classificação da resposta clínica e parasitológica de acordo com protocolo da Organização Mundial de Saúde. Classificação da resposta parasitológica Sensível (S) Liberação da parasitemia após tratamento sem recrudescência subseqüente dentro do período de seguimento. Classificação da resposta clínica Resposta clínica adequada (RCA) (i) Ausência de parasitemia no 14º dia sem restrição de condição de febre, sem previamente encontrar nenhum dos critérios para FPT e FTT. (ii) Ausência de febre sem restrição da condição da parasitemia, sem previamente encontrar nenhum dos critérios para FPT e FTT. Fracasso tardio do tratamento Resistência RI com recrudescência (FTT) tardia Presença de sinais de perigo ou Liberação inicial da parasitemia seguida (i) de malária grave depois do dia pela recrudescência após sete dias 3 (entre os dias 4 e 14 ou 28), com parasitemia da mesma espécie que em D0 (ii) Presença de parasitemia no 7º dia, 14º, 21º ou 28º. Fracasso precoce do tratamento Resistência RII com recrudescência (FPT) precoce (i) Durante os três primeiros dias Redução da parasitemia no dia 2º dia de seguimento o paciente para menos que 25% da parasitemia no apresenta sinais de perigo ou dia zero, mas sem completa liberação. malária grave na presença de parasitemia; Resistência RIII (ii) Febre (Temperatura axilar ≥ No 2º dia, não há redução da 37.5º C) e a parasitemia em D2 parasitemia ou há redução para um maior que em D0 nível igual ou superior que 25% da (iii) Febre e parasitemia no D3. parasitemia do dia zero. (iv) Densidade parasitária no D3 ≥ a 25% da densidade do D0. Fonte: Adaptado de WHO 1973, 1996. 40 O impacto do uso de drogas antimaláricas em concentrações abaixo da concentração inibitória mínima (MIC) durante o tempo mínimo necessário para sua ação, ou manutenção da concentração acima da MIC por um período de tempo curto, abaixo do tempo mínimo necessário, resultará em fracasso terapêutico e provável seleção de parasitos resistentes, de acordo com a Figura 10. No que se refere aos parasitos resistentes, a concentração mínima inibitória (MIC) pode usualmente não ser alcançada com o máximo de dose tolerada pelo indivíduo (Wernsdorfer, 1994). Fonte: adaptado de Wernsdorfer, 1994. Figura 10 – Dependência da concentração mínima (Cmin) e tempo mínimo (tmin) para a cura radical do tratamento com esquizonticida sangüíneo. Há uma variabilidade de tempo na janela de oportunidade para a seleção de resistência no caso de uma infecção novamente adquirida durante a fase de eliminação. Na Figura 11, o gráfico (a) representa a seleção de 41 resistência na exposição de uma infecção adquirida recentemente para concentrações residuais de uma droga antimalárica com eliminação lentamente (White & Pongtavornpinyo, 2003; White, 2004). A janela de seleção de resistência abre para A quando a concentração de sangue (eixo-y) cai abaixo do IC90 para o mutante resistente (ICR90), que corresponde aproximadamente à concentração que produz uma taxa de multiplicação de um ciclo, e fecha para B quando a rede de crescimento dos 100 000 parasitos droga-sensíveis emergem do fígado mais rápido do que o mutante droga-resistente alcançando a densidade exigida para produzir números transmissíveis de gametócitos (White & Pongtavornpinyo, 2003; White, 2004). No gráfico (b), se uma infecção emerge do fígado (há cerca de 105 parasitos de malária para esta fase) quando a janela de seleção abre, os parasitos resistentes R1 (linha pontilhada) sobreviverão e multiplicarão para produzir uma infecção capaz de alcançar as densidades de parasitos (cerca de 109 parasitos de malária) necessários para transmissão, considerando que, os parasitos sensíveis permanecem S1 e serão eliminados (White & Pongtavornpinyo, 2003; White, 2004). Se uma infecção emerge do fígado logo após a janela de seleção fechar, então os crescimentos dos parasitos sensíveis S2 ultrapassam as dos parasitos resistentes R2 (linha pontilhada). Quando estes alcançam níveis detectáveis de população param o crescimento. Os parasitos resistentes não atingem densidades transmissíveis, e não há nenhuma seleção de resistência (White & Pongtavornpinyo, 2003; White, 2004). 42 Fonte: Adaptada de White & Pongtavornpinyo, 2003. Figura 11 - Janela de oportunidade para a seleção de parasitos resistentes. As características da droga são determinantes importantes que contribuem na seleção de parasitos resistentes aos antimaláricos (Wongsrichanalai et al., 2002). Primeiramente, as drogas que apresentam uma meia-vida de eliminação longa, tal como a mefloquina, podem exercer a seleção pósterapêutica residual da droga, nas reinfecções contraídas após o tratamento da infecção inicial, quando a droga persiste em concentrações subterapêuticas no plasma, especialmente nas áreas com transmissão intensa da malária (Wernsdorfer, 1994). 43 Em segundo lugar, a manutenção de concentrações adequadas da droga sobre um período suficientemente longo, é importante para eliminar a população inteira dos parasitos dentro de um dado indivíduo. As concentrações subterapêuticas da droga eliminam os parasitos mais susceptíveis e deixam aqueles que podem ser resistentes para se recuperar e reproduzir. Em conseqüência disto, a dose terapêutica necessária para eliminar os parasitos resistentes pode aumentar além do máximo tolerado pelo indivíduo e assim surgirá à resistência a droga (Wongsrichanalai et al., 2002). Em terceiro lugar, o uso difundido das drogas em intensidade elevada serve para aumentar a pressão da droga que é um determinante para a seleção de populações de parasito resistentes (Wongsrichanalai et al., 2002). Couto (2001), ao realizar estudos de caracterização de cepas de Plasmodium falciparum e monitorização longitudinal da resistência às drogas em duas áreas da Amazônia brasileira, evidenciou que, nas áreas onde o uso da droga foi mais intenso, o padrão da resistência se apresentou elevado ou sua sensibilidade foi reduzida, sendo provavelmente, a pressão prolongada da droga antimalárica sobre a população de parasitos o mais importante elemento desse processo. Nesse contexto, a avaliação dos níveis plasmáticos dos antimaláricos quinina+doxiciclina e mefloquina, utilizados segundo os esquemas terapêuticos preconizados pelo Ministério da Saúde, em pacientes com malária falciparum na Amazônia brasileira, contribuirá para fornecer subsídios na avaliação da resistência e na otimização dos esquemas terapêuticos. 44 1.10 OBJETIVO GERAL Monitorar os níveis plasmáticos da quinina e da mefloquina e determinar os níveis de doxiciclina em pacientes com malária por Plasmodium falciparum correlacionando-os com a parasitemia. 1.10.1 Objetivos Específicos. • Determinar a densidade e negativação da parasitemia e a classificação da resposta clínica e parasitológica nos pacientes com malária falciparum tratados com a associação da quinina mais doxiciclina, e com mefloquina; • Determinar as concentrações plasmáticas da quinina, de doxiciclina e da mefloquina nos pacientes com malária falciparum submetidos aos esquemas terapêuticos propostos; • Correlacionar os níveis plasmáticos da quinina, doxiciclina e mefloquina com a dendidade parasitária e o tempo de negativação da parasitemia. 45 2. 2.1. MATERIAL E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO O presente estudo foi realizado no Estado do Amapá, localizado na região amazônica, considerado área de alto risco para malária segundo o índice de parasitemia anual (IPA), pois apresentou no período de janeiro a novembro de 2003, o maior percentual de índices de lâminas positivas por P. falciparum (IFA), dentre os estados que compõem a Amazônia legal brasileira (Brasil/MS/SVS, 2003b). 2.2. CASUÍSTICA Foram selecionados como doadores de amostra de sangue para o presente estudo 34 indivíduos de ambos os sexos, residentes e domiciliados no Estado do Amapá, com idade entre 8 e 60 anos, com exame de gota espessa positiva para malária por Plasmodium falciparum, que não haviam utilizado tratamento com antimaláricos nos últimos dois meses. Ressalta-se que a triagem dos pacientes foi por demanda espontânea no âmbito do projeto RAVREDA. Foram excluídos, os pacientes com doença crônica ou infecciosa concomitante, portadores de malária mista ou falciparum grave ou complicada (malária cerebral, pulmonar, formas colérica e biliosa de malária grave), as gestantes, portadores de história de hipersensibilidade aos medicamentos do esquema terapêutico ou aqueles que discordaram em participar do estudo ou não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo no 01). Todos os casos positivos foram devidamente tratados e 46 acompanhados pela equipe médica da Gerência Projeto Ensino e Pesquisa em Saúde/SESA, priorizando sempre o bem estar do paciente. Para tal, utilizou-se a ficha de inclusão e acompanhamento do projeto RAVREDA (anexo 03). 2.3. ESQUEMA TERAPÊUTICO Dos trinta e quatro participantes, trinta casos de malária por Plasmodium falciparum não complicada foram acompanhados e seu progresso foi avaliado por vinte e oito dias em D0, D1,D2,D3 D7,D14,D21,D28, sendo segregados em dois grupos, considerando o esquema de primeira escolha e o esquema alternativo, de acordo o Manual de Terapêutica da Malária (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). Grupo A – esquema de primeira escolha: formado por doze participantes tratados com sulfato da quinina + doxiciclina como a seguir: sulfato da quinina, via oral (comprimidos de 500mg correspondendo a 30mg de quinina/kg/dia), durante os três primeiros dias, sendo a dose diária dividida a cada 12 horas e conforme a idade (até 11 anos: 1.000mg; de 12 a 14 anos: 1.500mg; e acima de 15 anos: 2.000mg); associado a doxiciclina como hidrato, via oral (comprimidos de 100mg correspondendo a 3,33mg/kg/dia), durante os 5 dias, sendo também a dose diária dividida a cada 12 horas (até 11 anos: 100mg; de 12 a 14 anos: 150mg); e acima de 15 anos: 200mg. Grupo B – esquema alternativo: formado por dezoito participantes tratados com cloridrato de mefloquina (04 comprimidos de 250mg) correspondendo a 20mg/kg via oral, durante o primeiro dia, em dose única. 47 Todos os medicamentos utilizados no estudo, estavam dentro do prazo de validade e foram fornecidos pelo projeto RAVREDA, sendo que, o cloridrato de mefloquina foi produzido pelo Laboratório Farmacêutico da Marinha, lote 006, o sulfato de quinina produzido pelo.Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, lote 0210261 e o cloridrato de doxiciclina pela Industria Química do Estado de Goiás S. A., lote 1477. Após análise no LACEN-AP, todos os lotes referidos estavam adquados para consumo humano. 2.4 AMOSTRAS 2.4.1 Amostras Para o Diagnóstico da Malária e Determinação da Parasitemia Foram coletados gotas de sangue com volume aproximado de 20µL extraídas com lancetas descartáveis, através de punção da polpa digital dos participantes do estudo, e aplicados em lâminas de vidro para a confecção da gota espessa e do esfregaço. 2.4.2 Amostras Para Cromatografia Líquida (CLAE) Foram coletados 5mL de sangue venoso em tubo de vidro com anticoagulante heparina, centrifugado por 10 minutos a 2000 rpm para separar o plasma, o qual foi armazenado em criotubos a –20°C até o seu processamento. Para os pacientes que se submeteram à terapia com comprimidos de sulfato de quinina, as coletas foram nos dias D0-D1-D3-D5-D7, considerando que, a quinina tem uma meia-vida de eliminação curta em pacientes não complicados em torno de 10-12 horas (Supanaranond, 1991). 48 Para aqueles que utilizaram comprimidos de cloridrato de mefloquina as coletas foram nos dias D0-D1-D3-D7-D14-D21 e D28 considerando que, a mefloquina tem uma meia-vida de eliminação plasmática longa, com média de 21 dias em adultos. (Stepniewska et al., 2004). A amostra do dia inicial foi coletada antes da administração da droga para verificar sua ausência ou presença antes da instituição da terapia. As outras coletas de amostras foram sempre obtidas a tarde cerca de 6 horas após ingestão da droga. Levando-se em consideração estudos que avaliam a farmacocinética desses antimaláricos (White, 1985; Palmer et al., 1993). 2.5 MÉTODOS LABORATÓRIAIS 2.5.1 Diagnóstico Parasitológico da Malária e Quantificação da Parasitemia O diagnóstico parasitológico da malária é definido pela presença de formas eritrocíticas do parasito no sangue periférico. Neste estudo foi utilizado a técnica da gota espessa e esfregaço corado pelo Giemsa, segundo a técnica de Walker e, examinados em microscópio de luz (OPAS/OMS, 1975). A parasitemia foi determinada pela contagem de parasitos em 100 campos microscópicos (750 vezes), sendo este valor multiplicado por cinco, e o resultado expresso em parasitos por milímetro cúbico de sangue. Considerouse negativa quando, ao examinar, no mínimo 200 campos da gota espessa, não se visualizou formas assexuadas do P. falciparum (BRASIL/MS/FNS /RAVREDA, 2001b). 49 Considerando as recomendações do Protocolo da RAVREDA, os exames da gota espessa e as avaliações clínicas foram realizados respectivamente em D0, D1, D3, D7, D14, D21 e D28 (BRASIL/MS/FNS /RAVREDA, 2001b). Os participantes do estudo permaneceram em Macapá até o término da investigação. Todas as lâminas positivas foram revisadas em laboratório de referência para o controle da qualidade de lâminas de malária. A resposta clínica foi avaliada pesquisando os sinais e sintomas sendo classificada em resposta clínica adequada (RCA), fracasso precoce de tratamento (FPT) e fracasso tardio do tratamento (FTT), e a resposta parasitológica foi classificada em sensível (S), ou resistente tipo I, II e III, seguindo os critérios da Organização Mundial de Saúde para áreas com intensa transmissão (WHO, 1973,1996). 2.5.2 Quantificação da Quinina, Mefloquina e Doxiciclina por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) A CLAE é um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura, distribuídos entre duas fases, na qual uma permanece estacionária enquanto a outra se move através dela. De acordo com a sua afinidade por uma das fases, os componentes da amostra são retidos, seletivamente na fase estacionária, ou arrastados pela fase móvel resultando em migração diferencial (Collins et al.,1995). De acordo com Bergqvist & Churchill (1988), a CLAE é uma técnica adequada para a determinação de fármacos antimaláricos, visto que, 50 permite a identificação e quantificação da droga durante o tratamento do paciente com precisão e seletividade. A técnica de CLAE utilizada neste estudo foi descrita por Kapetanovic (1983) para mefloquina, ao método descrito por Dua (1993) e Vieira (1998) para quinina, e ao método descrito por Ruz et al, (2004) para doxiciclina. Fluxograma do método da mefloquina e quinina 51 Fluxograma do método da doxiciclina 2.5.2.1 Reagentes Solventes e Padrões de Referência Foram utilizados reagentes de grau cromatográfico Tédia do Brasil®: Diclorometano, Acetonitrila, Metanol. Reagente para análise Merck®: Trietilamina e Ácido Fosfórico. Coluna Nucleosil 100 C8 5µm com pré-coluna C8 Supelco®. Membranas filtrantes e discos de filtragem tipo Millipore®, padrões de referência Quinina, Quinidina, Mefloquina, Doxiciclina e Piroxicam Sigma®. 52 2.5.2.2 Instrumentação Utilizou-se um Cromatógrafo VARIAN® para CLAE composto de módulo de bombeamento isocrático ProStar 300, injetor manual reodyne com loop de 20µL, detector duplo canal Ultravioleta e Visível ProStar 220 com monitoramento e aquisição de dados simultaneamente em software Star Cromatography Workstation® para processamento de dados, desenvolvimento de métodos, gerenciamento e controle cromatográficos. 2.5.2.3 Condições Cromatográficas A fase móvel para a quinina foi composta de acetonitrila a 14% em solução aquosa de trietilamina 0,01M. Para mefloquina foi acetonitrila a 40% em trietilamina 0,01N, e para doxiciclina foi água/acetonitrila/metanol (55:25:20, v/v/v). O pH das três fases foram ajustados a 2,3 com ácido fosfórico a 50%, a seguir, foram filtradas e sonicadas por 15 minutos antes do uso. O fluxo foi de 1,2 mL/min, para quinina e mefloquina e de 1,0 mL/min. para doxiciclina, o comprimento de onda foi de 254nm para quinina, 222nm para mefloquina e 347nm para doxiciclina, o tempo de desenvolvimento do cromatograma foi de 15 minutos, para quinina e mefloquina e de 10 minutos para doxiciclina (Kapetanovic, 1983; Dua, 1993; Vieira, 1998; Ruz et al., 2004). 2.5.2.4 Extração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina do Plasma Para extração da quinina e mefloquina do plasma sangüíneo, juntou-se 500μL de plasma em tubo de vidro, 40μL de quinidina, como padrão interno em concentração de 21μg/mL, 40μL de solução de hidróxido de sódio 53 2M, agitou-se em vórtex por 30 segundos e juntou-se 2,0mL de diclorometano , agitou-se em agitador mecânico por 10 minutos, em seguida centrifugou-se a 2500rpm, por 10 minutos, separou-se 2.5mL da camada orgânica em tubo ependorff®, e evaporou-se a temperatura de 28°C até secura. Reconstituiu-se o resíduo contido no tubo ependorff® com 100μL da fase móvel, agitou-se em vórtex por 30 segundos e injetou-se no cromatógrafo líquido. Na extração da doxiciclina do plasma sangüíneo, adicionou-se 100μL de plasma em tubo de vidro, 50μL de Piroxicam como padrão interno, em concentração de 16μg/mL, 200μL de acetonitrila, agitou-se em vórtex por 1 minuto, centrifugou-se a 2500rpm por 10 minutos, colocou-se para resfriar a 20oC, retirou-se o sobrenadante, transferiu-se para tubo de ependorff®, acrescentou-se ao sobrenadante 20μL de metanol-ácido acético 1:1, agitou-se em vórtex por 30 segundos, injetou-se 50 μL no equipamento de CLAE (Vieira, 1998; Ruz et al., 2004). 2.5.2.5 Curva de Calibração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina Para cada uma das curvas foi preparada previamente uma mistura de vários soros humanos isento de antimalárico (soro branco). Para curva da quinina utilizou-se uma solução mãe de padrão de quinina em concentração de 67,5mg/100mL, juntou-se 1mL dessa solução mãe a 4ml do soro branco e obteve uma solução de intermediária com concentração de 135µg/mL, utilizada para se obter as diluições dos quatro pontos da curva nas concentrações de 1,68, 3,37, 6,75 e 13,5 μg/mL. 54 Para curva de mefloquina utilizou-se uma solução mãe de padrão de mefloquina em concentração de 0,25mg/mL, juntou-se 1mL dessa solução mãe a 20ml do soro branco e obteve uma solução intermediária com concentração de 12,5µg/mL, utilizada para se obter as diluições dos quatro pontos da curva nas concentrações de 0,625, 1,25, 6,25 e 12,5μg/mL, os quais foram submetidos ao procedimento de extração descrito em 2.5.2.4, e posteriormente analisadas de acordo com as condições cromatográficas padronizadas em 2.5.2.3 Para curva da doxiciclina utilizou-se uma solução padrão da doxiciclina (0,5mg/mL) utilizada para se obter as diluições dos quatro pontos da curva nas concentrações de 50, 25,5 e 2.5 μg/mL. As diluições dos quatros pontos das curvas da quinina, mefloquina e doxiciclina foram submetidos ao procedimento de extração descrito em 2.5.2.4, e posteriormente analisadas de acordo com as condições cromatográficas padronizadas em 2.5.2.3. Os resultados obtidos foram plotados em um gráfico, sendo no eixo X as concentrações, e no Y a relação de áreas da amostra e do padrão interno. A seguir foi realizada a regressão linear para obtenção da equação de reta. 2.5.2.6 Determinação da concentração da Quinina Mefloquina e Doxiciclina A concentração plasmática dos antimaláricos foi determinada a partir da relação entre a área da amostra e a área do padrão Interno, em seguida, esses valores obtidos foram plotados na equação da reta descrita em 2.5.2.5. 55 2.5.2.7 Avaliação da Precisão do Método Analítico Para avaliação da precisão do método analítico da quinina, foi empregado plasma controle, contendo quinina, em concentrações de 1,68, 3,37, 6,75 e 13,5 μg/mL. Para mefloquina foi empregado plasma controle contendo mefloquina bem concentrações de 0,625 1,25 6,25 e 12,5μg/mL, os quais foram submetidos à determinação dos antimaláricos, conforme procedimento descrito em 2.5.2.5 e 2.5.2.6. 2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA As informações foram armazenadas em banco de dados Microsoft Acess 2000, sendo utilizado o programa BioEstat 3.0 (Ayres et al., 2003). Os testes estatísticos empregados para as análises estatísticas dos resultados obtidos foram: Estatística descritiva, teste t (Student), regrassão linear simples e regrssão polinomial quadrática, sendo considerados estatisticamente significativos os resultados de análises que apresentaram valores de p ≤ a 0,05. 2.7 ASPECTOS ÉTICOS. Os pacientes candidatos ao presente estudo, manifestaram por escrito a sua concordância em participar da pesquisa. Exigência para que fossem incluídos, (Anexo no 02). O presente estudo foi desenvolvido com material biológico coletado para as pesquisas vinculadas ao Projeto RAVREDA, aprovado pelo Conselho de Ética em Pesquisa do Instituto Evandro Chagas. 56 3 3.1 RESULTADOS CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS PARTICIPANTES No período de outubro de 2004 a maio de 2005 trinta e quatro pacientes portadores de malária por P. falciparum não complicada adquirida no Estado do Amapá foram incluídos no estudo. Destes, trinta casos foram acompanhados e seu progresso foi avaliado por vinte e oito dias. Quatro pacientes foram excluídos, dois por perdas no seguimento do tratamento e dois por terem sido reinfectados por Plasmodium vivax. Os participantes do grupo A tratados com a quinina+doxiciclina apresentaram idade média de 29,4 (±11,9 desvio padrão) anos, com intervalo de 10 a 48 anos, sendo constituído por 57,1% de homens e 42,9% de mulheres. Destes, 10 adultos (83,3%) e 02 crianças (16,7%). Os pacientes do grupo B tratados com a mefloquina apresentaram idade média de 24,6 (±12 desvio padrão) anos, com intervalo de 11 a 52 anos, sendo constituído por 72,2% de homens e 27,8% de mulheres. Destes, 14 adultos (77,8%) e 04 crianças (22,2%). O emprego do teste paramétrico t (Student) não demonstrou diferença estatística significativa entre as idades dos pacientes dos dois grupos, p (bilateral) igual a 0.2686 > 0.05. 3.2 DENSIDADE PARASITÁRIA A densidade parasitária para os doze participantes do grupo A, com valores expressos em média e desvio padrão, foi de 835,26 (± 5.38) parasitos/mm3 com intervalo de 10 a 6.650 parasitos/mm3 no dia inicial (D0), apresentou um pico no dia seguinte (D1), com posterior declínio a partir de D2, até zerar completamente em D7, conforme demonstrados na Tabela 8. 57 Tabela 8- Média geométrica da parasitemia em D0, D1, D2, D3 e D7 do grupo A. Parasito Forma Assexuada Dias de Seguimento DO D1 D2 D3 D7 Média Geométrica (parasitos/ mm3) 835,26 477,89 64,61 18,71 0 Desvio Padrão ± 5.38 ± 8.40 ± 6.01 ± 2.43 0 Mínimo (parasitos/ mm3) 10 5 10 10 0 Máximo (parasitos/ mm3) 6.650 8.650 1.800 35 0 A Tabela 9 demonstra a média geométrica da parasitemia dos participantes do grupo A em D0, D1, D2, D3, D7, D14, D21, D28, subdivididos em sensíveis e resistentes do tipo I (RI) com recrudescência tardia. Nos sensíveis o número médio de parasitos/mm3 no dia zero foi 852,66 ± 6,17 (desvio padrão) com intervalo de 10 a 6.650 parasitos/mm3. Nos resistentes (RI) o número médio de parasitos/mm3 no dia zero foi 793,27 ± 4,62 (desvio padrão) com intervalo de 180 a 3.200 parasitos/mm3. Não houve diferença estatística significativa entre as parasitemias em D0, D1 D2 D3 D5 e D7 dos participantes sensíveis e resistentes (RI), no teste t (Student) o p (bilateral) foi igual a 0.342 > 0.05. 58 Tabela 9 – Média geométrica da parasitemias dos participantes do grupo A subdivididos em sensíveis e resistentes (RI). Dia Parasitos em mm3 D0 S RI Média Geom. (± DP) Intervalo 852,66 (± 6,17) 10 — 6.650 793,27 (± 4,62) 180 — 3200 D1 Média Geom. (± DP) Intervalo 254,77 (± 9,40) 0 — 1900 1681,4 (± 5,44) 165 — 8650 D2 Média Geom. (± DP) Intervalo 20,2 (± 1,62) 10 — 30 448,14 (± 3,80) 125 — 1800 D3 Média Geom. (± DP) Intervalo Negativo 0—0 18,70 (± 2,43) 10 — 35 D7 Média Geom. (± DP) Intervalo Negativo 0—0 Negativo 0—0 D14 Média Geom. (± DP) Intervalo Negativo 0—0 Negativo 0—0 D21 Média Geom. (± DP) Intervalo Negativo 0—0 7,27 (± 2,43) 0 — 2.800 D28 Média Geom. (± DP) Intervalo Negativo 0—0 985,58 (± 2,05) 450 — 1.850 Legenda: Média Geom. = Média Geométrica; DP = desvio padrão; S = sensível; RI = resistente. As Figuras 12 e 13 demonstram os gráficos das médias geométricas das parasitemias por mm3 de sangue periférico nos participantes do grupo A classificados como sensíveis e resistentes (RI) nos diferentes dias de seguimento do tratamento. Onde se observam comportamentos distintos na parasitemia em D21 e D28 respectivamente. 59 900 852.66 Média Geométrica dos Parasitos/mm3 800 700 600 500 400 300 254.77 200 20.2 100 0 0 0 0 0 D3 D7 D14 D21 D28 0 D0 D1 D2 Dias de Seguimento Figura 12 – Comportamento da parasitemia nos participantes sensíveis do grupo A durante o seguimento. Parasitemia dos Pacientes com Padrão de Resistência RI Tratrados com Mefloquina parasitas/mm3 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 D0 P a c ie nt e 7 7 D1 D3 D7 D14 D21 D28 D0 D1 D3 D7 D 14 D 21 3200 3500 10 0 0 2800 D 28 P a c ie nt e 8 0 18 0 16 5 35 0 0 0 P a c ie nt e 7 5 250 16 0 0 0 0 0 0 18 5 0 450 P a c ie nt e 6 6 2750 8650 0 0 0 0 115 0 Figura 13 – Parasitemia nos participantes do grupo A com padrão de resistência RI ao esquema terapêutica quinina+doxiciclina. As densidades parasitárias dos dezoito participantes do grupo B em D0, D1, D2, D3, D7, D14, D21, e D28, estão descritas na Tabela 10 e foram expressas em média e desvio padrão. A média geométrica da parasitemia em 60 D0 foi de 901,11 (± 10,07) parasitos/mm3 com intervalo de 30 a 45.000 parasitos/mm3, apresentou declínio a partir do dia seguinte (D1), zerando completamente em D7 e assim permanecendo até o fim do seguimento. A Figura 14 demonstra o comportamento da parasitemia dos participantes do grupo B nos diferentes dias do tratamento. Tabela 10 – Parasitemia dos participantes do grupo B. Dias de Seguimento Parasito Forma Assexuada DO D1 D2 D3 901 233 36 14 0 0 0 0 ± 10,07 ± 8,97 ± 4,03 ± 37,12 0 0 0 0 Mínimo (F/ mm3) 30 5 10 1 0 0 0 0 Máximo (F/mm3) 45.000 5.450 210 200 0 0 0 0 Média Geométrica (F/ mm3) Média geométrica dos parasitos/mm3 Desvio Padrão 1000 900 D7 D14 D21 D28 901 800 700 600 500 400 300 200 100 0 233 36 D0 D1 D2 17 0 0 0 D3 D7 D14 D21 0 D28 Dias de Seguimento Figura 14 – Comportamento da parasitemia nos participantes do grupo B tratados com esquema terapêutico da mefloquina. 61 Não houve diferença estatística significativa no teste t entre as médias da densidade parasitária em D0 nos participantes do grupo A tratados com o esquema terapêutico da quinina+doxiciclina e os participantes do grupo B, tratado com o esquema terapêutico da mefloquina, p igual a 0.923 > 0.05. 3.3 TEMPO DE CLAREAMENTO DA PARASITEMIA O tempo de clareamento da parasitemia (TCP) no grupo A englobando os casos dos participantes sensíveis e resistentes (RI) foi de 72 (± 44,15) horas com intervalo de 24 a 168 horas com a negativação da parasitemia ocorrendo na primeira semana de tratamento. Para o grupo B o TCP foi de 68 (± 48,9) horas com limite de 24 a 168 horas, com a negativação da parasitemia também ocorrendo na primeira semana de tratamento. No teste t não houve diferença estatisticamente significativa entre os TCP dos dois grupos, p igual a 0.614 > 0.05. 3.4 RESPOSTA CLÍNICA E PARASITOLÓGICA A Tabela 11 apresenta as respostas clínicas e parasitológicas dos participantes considerando os dois esquemas terapêuticos empregados. Dos 12 participantes tratados com quinina+doxiciclina, oito participantes (66,7%) tiveram resposta clínica adequada (RCA) ao tratamento, sendo classificados parasitologicamente apresentaram como fracasso sensíveis tardio do (S). Quatro tratamento participantes (FTT), com a (33,3%) resposta parasitológica classificada no padrão de resistência tipo RI. Os pacientes recrudescentes receberam tratamento com mefloquina e acompanhamento até 62 completa cura. Todos os dezoito participantes (100%) tratados com a mefloquina tiveram resposta clínica adequada (RCA) ao tratamento, sendo classificados parasitologicamente como sensíveis (S). Tabela 11 - Resposta clínica e parasitológica dos participantes do grupo A e B aos respectivos esquemas trapêuticos: quinino+doxiciclina e mefloquina Resposta clínica RCA FTT S RI RII RIII Nº % Nº % Nº % -- -- -- -- -- -- 18 4 33,3 -- -- -- -- 12 Resposta parasitológica Esquema Nº % M 18 100 8 66,7 Q+D FPT Total Legenda: RCA = resposta clínica adequada, FTT = fracasso tardio do tratamento, FPT = fracasso precoce de tratamento, S = Sensível, RI = Resistência tipo I, RII = Resistência tipo II, RIII = Resistência tipo III, Q+M = Quinina+Doxiciclina, M = Mefloquina. 3.5 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA 3.5.1 Curva de Calibração da Quinina A curva de calibração da quinina apresentada na Figura 15 demonstra as áreas dos cromatogramas para cada respectiva concentração (1,68, 3,37, 6,75 e 13,5 μg/mL), obtida a partir da extração do soro branco com quinina (67,5mg /100mL). O tempo de retenção da quinidina foi de 8.82 minutos e da quinina foi de 10.16 minutos e o tempo do cromatograma 15 minutos. 63 Figura 15 - Cromatograma do soro branco enriquecido com quinina e quinidina em concentrações conhecidas. A Tabela 12 apresenta os valores das áreas dos cromatogramas do padrão interno quinidina e da quinina, o (y) foi obtido através da relação de área da quinina pela quinidina. Tabela 12 - Áreas dos cromatogramas da curva de calibração da quinina. (x) concentração da quinina μg/mL 1,68 3,37 6,75 13,5 Área da Quinidina 2933692 2878955 2550312 2169566 Área da quinina 1044276 189469 3848774 6493857 (y) Relação de área 0,3559 0,6580 1,5091 2,9931 A regressão linear da quinina a partir da equação da reta y = a+b.x com os valores da área do cromatograma(y) versus concentração(x) demonstrados na Figura 16, apresentou o coeficiente de correlação (r2) = 0,9989, o RSD = 6,076%, o coeficiente de intersecção = - 0.049981, o coeficiente de inclinação = 0.2259. O valor de F (regressão) foi estatisticamente significativa, p = 0.0006 < 0.05. 64 Regressão Linear - Quinina Relação de área (y) 3.5 2.9931 3 2.5 2 1.5091 1.5 0.658 1 0.3559 0.5 0 0 2 Y 4 Y previsto 6 8 10 12 14 16 Concentração ug/mL Figura 16 – Gráfico da regressão linear da quinina. Os coeficientes de intersecção (0.049981) e inclinação (0.2259) da regressão linear da quinina foram utilizados para determinação da concentração plasmática usando a equação da reta y = a+b.x. 3.5.2 Concentração Plasmática da Quinina As determinações das concentrações plasmáticas da quinina encontram-se descritas na Tabela 13. Os valores encontrados nos dias préestabelecidos foram expressos em média, desvio padrão e intervalo de concentração. O emprego do teste t não demonstrou diferença estatística significativa, entre as concentrações plasmáticas de adultos e crianças, p 0.06312 > 0.05. As concentrações em D1 e D5 não foram determinadas nos pacientes (64, 66, 67,69 e 70), passando a serem determinadas a partir do 65 paciente 75, em decorrência de um ajuste metodológico. Ressalta-se que, em todos os participantes desse grupo não foi detectado presença da quinina em D0, o pico plasmático foi detectado em D1, manteve-se até D3 e declinou em D5, até zerar completamente. A Figura 17 demonstra esse perfil da concentração plasmática da quinina durante os primeiros sete dias de seguimento Tabela 13 - Concentração plasmática da quinina em µg/mL em pacientes com malária por P. falciparum. Participantes Concentração da quinina em ug/mL Dia -0 Dia -1 Dia -3 Dia - 5 Dia – 7 64* ND -- 2,088 -- ND 66* ND -- 3,146 -- ND 67* ND -- 1,338 -- ND 69* ND -- 2,039 -- ND 70* ND -- 3,064 -- ND 75* ND 2,36 1,005 0,6064 ND 76* ND 2,21 2,346 0,3695 ND 77* ND 2,91 3,099 0,4470 ND 78* ND 3,64 1,071 0,4743 ND 80* ND 2,13 1,464 0,2965 ND 81* ND 2,43 2,366 0,7879 ND 83* Média ND 0 2,02 2,529 4,356 2,289 0,4963 0,497 ND 0 Desvio padrão 0 0,5683 1,033 0,1613 0 Mínimo 0 2,02 1,005 0,2965 0 Máximo 0 3,64 4,356 0,7879 0 (*) número do registro da ficha do paciente; ND: Não detectado 66 Média da concentração em ug/mL Concentração Plasmática da Quinina 3 2,529 2.5 2,289 2 1.5 1 0.5 0 -0.5 0,497 0 D0 0 D1 D3 D5 D7 Dias de Seguimento Figura 17 – Gráfico do perfil da concentração plasmática da quinina. Nas Tabelas 14 e 15 estão descritos respectivamente os valores individuais das concentrações plasmáticas da quinina nos participantes do grupo A sensíveis e resistentes (RI) observados em D0, D1, D3, D5, D7 e D14. Os valores médios em D1, D3 e D5 para os pacientes sensíveis foram de 2,5750µg/mL , 2,3334µg/mL e 0,532µg/mL respectivamente e para os paciente resistentes (RI) os valores médios em D1, D3 e D5 foram de 2,4667µg/mL, 2,1784µg/mL e 0,450. O emprego do teste t (Student) não demonstrou diferença estatística significativa entre as concentrações plasmáticas em D1, D3 e D5 nos pacientes sensíveis e resistentes (RI), p (0.8143, 0.8144 e 0.5525) > 0.05. 67 Tabela 14 - Concentração da quinina em pacientes sensíveis Quinina Amostra µg/mL em D0 64 ND 67 ND 69 ND 70 ND 76 ND 78 ND 81 ND 83 ND Média 0 ND: Não detectado Quinina µg/mL em D1 2,21 3,64 2,43 2,02 2,5750 Quinina Quinina µg/mL µg/mL em D3 em D5 2,0883 1,3381 2,0389 3,0635 2,3461 0,3695 1,0707 0,4743 2,3656 0,7879 4,3558 0,4963 2,3334 0,5318 Quinina µg/mL em D7 ND ND ND ND ND ND ND ND 0 Quinina µg/mL em D14 ND ND ND ND ND ND ND ND 0 Tabela 15 - Concentração da quinina em pacientes resistentes (RI). Quinina Amostra µg/mL em D0 66 ND 75 ND 77 ND 80 ND Média 0 ND: Não detectado 3.5 3 Quinina µg/mL em D1 ND 2,360 2,910 2,130 2,4667 Quinina µg/mL em D3 3,1460 1,0048 30985 1,4643 2,1784 Quinina µg/mL em D5 ND 0,6064 0,4470 0,2965 0,4500 Quinina µg/mL em D7 ND ND ND ND 0 Quinina µg/mL em D14 ND ND ND ND 0 Concentração Plasmática da Doxiciclina em D3 Nas Tabelas 16 e 17 estão descritos os respectivos valores individuais das concentrações plasmáticas de doxiciclina nos participantes do grupo A, sensíveis e resistentes (RI) observados em D3. Os valores das concentrações expressos em média e desvio padrão para os participantes sensíveis foi de 1,1275 ± 0,1054 µg/mL, e para os participantes recrudescentes foi de 1,3425 ± 0,8262 µg/mL. O emprego do teste t (Student) não demonstrou diferença estatisticamente significativa nas concentrações plasmáticas em D3 entre os pacientes sensíveis e resistentes (RI), p = 0.5726 > 0.05. 68 Tabela 16 - Concentração plasmática de doxiciclina em D3 nos participantes sensíveis. Doxiciclina µg/mL em D3 1.46 1.53 0.80 0.82 0.84 1.49 0.91 1.17 Amostra 64 67 69 70 76 78 81 83 Média (desvio padrão) 1,1275 ± 0,1054 Tabela 17 - Concentração plasmática de doxiciclina em D3 nos participantes resistentes (RI). 66 75 77 80 Doxiciclina µg/Ml em D3 1,37 2,50 0,80 0,81 Média (desvio padrão) 1,3425 ± 0,8262 Amostra 3.5.4 Curva de Calibração da Mefloquina A curva de calibração da mefloquina está apresentada na Figura 18, onde se observam as áreas dos cromatogramas para cada respectiva concentração (0,625 1,25 6,25 e 12,5μg/mL), obtida a partir da extração do soro branco com padrão de referência de mefloquina (118,75mg/100mL). O tempo de retenção da quinidina foi de 2.34 minutos e para mefloquina 9.83 minutos e o tempo do cromatograma foi de 15 minutos. 69 Figura 18 - Cromatograma do soro branco enriquecido com mefloquina e quinidina em concentrações conhecidas. A Tabela 18 apresenta os valores das áreas dos cromatogramas do padrão interno quinidina e da mefloquina, o (y) foi obtido através da relação de área da mefloquina pela quinidina. Tabela 18 – Áreas dos cromatogramas da curva de calibração da mefloquina. (X) concentração da mefloquina μg/mL 0.625 1.25 2.75 3.75 Área da Quinidina 2175227 1727431 1991237 2407239 Área da Mefloquina 399237 858956 1677169 1907010 (y) Relação de área 0.18353 0.49724 0.84227 1.26231 A regressão linear da mefloquina a partir da equação da reta y = a+b.x com os valores da área do cromatograma(y) versus concentração(x) demonstrados na Figura 19b apresentou os coeficientes de correlações 70 utilizados, sendo o coeficiente de correlação (r2) = 0.9811, RSD = 13,92%, coeficiente de intersecção = 0.019205, coeficiente de inclinação = 0.323406. O valor de F (regressão) foi estatisticamente significativo, p = 0.0070 < 0.05. Regressão Linear - Mefloquina Relação de área (y) 1.4 1.26231 1.2 1 0.84227 0.8 0.6 0.49724 0.4 0.2 0.18353 0 0 Y 0.5 1 Y previsto 1.5 2 2.5 3 3.5 4 Concentração ug/mL Figura 19 - Gráfico da regressão linear da mefloquina. Os coeficientes de intersecção (0.019205) e inclinação (0.323406) da regressão linear da mefloquina foram utilizados para determinação da concentração plasmática da mefloquina usando a equação da reta y = a+b.x. 3.5.5 Concentração Plasmática da Mefloquina Os resultados da determinação das concentrações plasmáticas da mefloquina encontram-se descritas na Tabela 19. Os valores encontrados nos dias pré-estabelecidos foram expressos em média, desvio padrão e intervalo de concentração. As concentrações em D1 e D3 não foram determinadas nos pacientes (19, 20, 22, 23, 26, 29, 30), passando a serem determinadas a partir do paciente 37, em decorrência de um ajuste metodológico. 71 Tabela 19 – Concentração plasmática de mefloquina em pacientes com malária falciparum. Concentração de mefloquina em µg/mL Participantes D- 0 D- 1 D- 3 D- 5 D- 7 D- 14 D- 21 D- 28 19 ND - 1,029 - ND 0,150 - ND 20 ND - 1,072 - ND 0,130 - ND 22 ND - 0,647 - 0,128 0,043 - ND 23 ND - 0,579 - 0,154 0,100 - ND 26 ND - 0,464 - 0,138 0,057 - ND 27 ND - 0,260 - 0,140 0,121 - ND 29 ND - 1,081 - 0,246 0,158 - ND 30 ND - 0,184 - 0,109 0,094 - ND 37 ND 0,454 0,235 0,416 0,159 0,159 0,005 ND 38 ND 0,839 1,094 0,697 0,573 0,159 0,060 ND 39 ND 1,042 0,266 0,464 0,312 0,299 0,041 ND 40 ND 0,351 0,584 0,313 0,204 0,099 0,056 ND 42 ND 0,480 0,279 0,248 0,087 0,107 0,087 ND 43 ND 0,294 0,299 0,283 0,121 0,111 0,034 ND 44 ND 0,645 0,375 0,258 0,214 0,172 0,049 ND 45 ND 1,768 0,344 0,292 0,159 0,228 0,051 ND 47 ND 0,764 0,448 0,264 0,055 0,054 0,032 ND 48 ND 0,449 0,531 0,373 0,191 0,002 0,049 ND 0 0,709 0,543 0,361 0,187 0,125 0,046 0 0 0,4399 0,3177 0,1385 0,1205 0,0692 0,0213 0 Mínimo 0 0,294 0,184 0,248 0,055 0,002 0,005 0 Máximo 0 1,768 1,094 0,697 0,573 0,299 0,087 0 Média Desvio Padrão ND: Não detectado 72 Ressalta-se que, em todos os participantes desse grupo não foi detectado presença de mefloquina em D0, o pico plasmático foi detectado em D1, sofreu uma leve diminuição em D3 e declinou a partir de D5 e assim prosseguiu até zerar completamente em D28. Na Figura 20, o gráfico da média aritmética durante os vinte e oito dias de monitoramento, demonstra o perfil da concentração plasmática da mefloquina. média da concentração (ug/mL) Concentração Plasmática da Mefloquina 0.8 0,709 0.7 0.6 0,543 0.5 0,361 0.4 0.3 0,187 0.2 0.1 0 0 -0.1 D0 0,125 0,046 D1 D3 D5 D7 D14 D21 0 D28 Dias de Seguimento Figura 20 - Gráfico do perfil da concentração plasmática da mefloquina. 73 3.6 CORRELAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÀO PLASMÁTICA E A PARASITEMIA A correlação entre as concentrações plasmáticas da quinina e a parasitemia dos participantes do grupo A classificados como sensíveis, encontram-se apresentada na Figura 21. O teste da regressão polinomial quadrática (Y' = a + (b1)X + (b2)X^2) demonstrou que o número de parasitos/mm3 desses participantes depende da concentração plasmática da quinina. Sendo o coeficiente de regressão (r2) = 0.9423 e o valor de F (regressão) estatisticamente significativo, p = 0.0000 . Figura 21 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia dos pacientes sensíveis do grupo A em relação à concentração plasmática da quinina. 74 A correlação entre as concentrações plasmáticas da quinina e a parasitemia dos participantes do grupo A classificados como resistentes (RI), encontram-se apresentada na Figura 22. O teste da regressão polinomial quadrática (Y' = a + (b1)X + (b2)X^2) demonstrou que o número de parasitos/mm3 desses participantes depende da concentração plasmática da quinina. O valor de F (regressão) foi estatisticamente significativo, p = 0.0004 < 0.05. Porém, observa-se pelo coeficiente de regressão (r2) = 0.7670 que, somente 76.70% do comportamento da parasitemia é explicado pela concentração plasmática da quinina, devendo outros fatores ter influenciado nesse comportamento. Parasitemia dos Pacientes Recrudescentes (RI) em Relação à Concentração de Quinina Figura 22 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia dos pacientes resistentes (RI) do grupo A em relação à concentração da quinina. 75 A correlação entre as concentrações plasmáticas da mefloquina e a parasitemia dos participantes do grupo B encontra-se apresentada na Figura 23. O teste da regressão polinomial quadrática (Y' = a + (b1)X + (b2)X^2) demonstrou que o número de parasitos/mm3 desses participantes depende da concentração plasmática da mefloquina. Sendo que, o coeficiente de regressão (r2) = 0.9182 e o valor de F (regressão) foi estatisticamente significativo, p = 0.0000 < 0.05. Parasitemia dos Pacientes do Grupo B em Relação à Concentração de Mefloquina Figura 23 - Regressão polinomial quadrática da parasitemia dos pacientes do grupo B em relação à concentração da mefloquina. 76 4 DISCUSSÃO A multiplicidade de esquemas terapêuticos, objetivando maior eficácia no controle de cepas resistentes do P. falciparum, visa contornar problemas regionais de resistência (Souza et al., 1997). As razões para o desenvolvimento e a propagação da resistência do parasito às drogas incluem fatores díspares relacionados uso do antimalárico, aos aspectos intrínsecos da droga e de sua farmacocinética, as características do parasito, a imunidade do hospedeiro, o vetor e o ambiente (Bloland, 2001). No Brasil o Ministério da Saúde recomenda como escolha para o tratamento das infecções por Plasmodium falciparum a quinina em três dias associada a doxiciclina em cinco dias, sendo o esquema alternativo a mefloquina em dose única (BRASIL/MS/FNS/CENEPI, 2001a). Na Amazônia Legal o uso de medicamentos antimaláricos vem sendo acompanhado pela Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas, objetivando avaliar a manutenção da eficácia desses fármacos (RAVREDA) (OPAS/OMS, 2004). Neste estudo os esquemas de primeira e segunda escolha recomendados pelo Ministério da Saúde foram acompanhados em seu progresso e avaliados por vinte e oito dias, sendo os teores sangüíneos desses fármacos monitorados em trinta participantes. Os pacientes do grupo A tratado com quinina associado a doxiciclina, assim como, os do grupo B tratados com mefloquina foram predominantemente constituídos por adultos do sexo masculino. Entretanto, a proporção de menores de 15 anos de idade foi menor no grupo A com 14.3% 77 em comparação com o grupo B com 22.22%. A média de idade entre os dois grupos não apresentou diferença estatística significante. No que se refere à densidade parasitária, a média geométrica dos participantes do Grupo (A) subdivididos em sensíveis e resistentes (RI) não apresentou diferença estatística significante em D0, D1, D2, D3, D5 e D7, assim como, a média geométrica da densidade parasitária dos participantes do grupo (A) e do grupo (B) em D0, também não apresentou diferença estatística significante. Esses resultados sugerem a homogeneidade da densidade parasitária entre os grupos no início do seguimento. A recuperação (cura) parasitológica da malária é avaliada convencionalmente pelo clareamento da parasitemia no esfregaço de sangue periférico (White & Krishna, 1989). Enquanto que, a eficácia do tratamento pela droga antimalárica é avaliada em termos da velocidade com que os sintomas desaparecem e a parasitemia declina (usualmente relatado como o tempo de clareamento da parasitemia) e a proporção de pacientes no qual a infecção recua dento de um período definido (WHO, 1973). Com relação ao tempo de clareamento da parasitemia tanto para os participantes do grupo A, quanto para o grupo B, o TCP ocorreu na primeira semana de tratamento, não havendo diferença estatisticamente significante entre os TCP dos dois grupos. Estes resultados corroboram com Leal et al., (2003), que pesquisaram a resposta de portadores de malária falciparum, nãocomplicada, ao tratamento com quinino associado a doxiciclina em ensaio clínico aberto no Estado do Acre, onde, todos os 21 pacientes apresentaram TCP no período de 5 dias. 78 No que concerne à resposta clínica e parasitológica, os resultados deste estudo para o esquema quinina e doxiciclina concordam com os estudos anteriores nos estados da Amazônia brasileira (Calvosa et al., 2002, Leal et al., 2003), bem como, com estudos recentes realizados por Calvosa (2005), no estado do Amapá, onde o percentual da resposta clínica adequada ao tratamento classificada como sensível foi de 68,6% e o fracasso tardio do tratamento com resistência tipo RI foi de 33,3%. O presente estudo vem corroborar com o de Calvosa (2005), visto que, o percentual da resposta clínica adequada ao tratamento classificado parasitologicamente como sensíveis foi de 66.7% havendo, entretanto, quatro casos (33,3%) de fracasso tardio do tratamento classificado parasitologicamente como resistência tipo RI, sem nenhum caso de RII ou RIII. Esses resultados reforçam a diminuição da eficácia do esquema de tratamenta quinina associado a doxiciclina em casos de malária falciparum não complicada. Neiva (1910), registrou no Brasil a ocorrência do primeiro insucesso no tratamento da malária causada por P. falciparum com quinina, e sugerindo que a seleção de parasitos resistentes acontece em decorrência do uso contínuo, prolongado ou em subdosagem das drogas, como sendo os principais fatores indutores de mutantes resistentes (Neiva, 1910, citado em Couto, 2001, p.22). No entanto, os fatores responsáveis pelo aparecimento e propagação da resistência do parasito não são completamente conhecidos. Porém a resistência do parasito pode acontecer para qualquer droga antimalárica e a pressão da droga é um pré-requisito de seleção crítico e essencial para o desenvolvimento desta resistência (Talisuna et al., 2004). 79 Quanto a resposta clínica e parasitológica para o esquema da mefloquina, os dezoito participantes (100%) tiveram resposta clínica adequada (RCA) ao tratamento, sendo classificados parasitologicamente como sensíveis (S), resalta-se que, todos os pacientes que apresentaram resposta de resistência (RI) frente a quinina, também foram sensíveis a mefloquina, Estes resultados são similares àqueles encontrados anteriormente na Amazônia, como os estudos de Cerutti Jr. et al. (1999), que acompanharam, 94 pacientes com malária por P. falciparum tratados com mefloquina (1000-mg em dose única de mefloquina), os quais responderam com 99% de cura, com a ocorrência de somente um caso de resistência RI. Em outro estudo Magill et al., (2004), avaliaram a eficácia da mefloquina na bacia Amazônica peruana realizando testes in vivo e não evidenciaram resistência, encontrando 100% de cura. Calvosa (2005), ao avaliar a resistência e eficácia ao tratamento da malária no Estado do Amapá de 2001 a 2005, encontrou 97% de respostas sensíveis ocorrendo somente 3% de resistência (RI) com o uso da mefloquina. Apesar de relatos de resistência in vivo na Amazônia brasileira (Cerutti Jr et al. 1999; Noronha et al., 2000, Calvosa, 2005), assim como, de evidências da redução de sensibilidade in vitro em amostras isoladas dessa região (Santos et al., 1987; Couto et al., 1993; Calvosa et al., 2000: Couto, 2001), os resultados obtidos no presente estudo, demonstram que a mefloquina continua apresentando uma alta taxa de cura no Estado do Amapá. No que se refere à concentração plasmática da quinina, os valores expressos em média ± desvio padrão em D1, D3 e D5 foram 80 respectivamente 2.5750µg/mL , 2.3334µg/mL e 0.532µg/mL para os pacientes sensíveis (S) e de 2.4667µg/mL, 2.1784µg/mL e 0.4500 para os paciente resistentes (RI). Estes resultados demonstram que as concentrações plasmáticas da quinina mantiveram-se elevadas nos primeiros dias de tratamento declinando posteriormente no período de convalescença, concordando com estudos de White et al., (1982), nos quais evidenciaram que, as propriedades farmacocinéticas foram alteradas na fase aguda da malária por P. falciparum, com redução no volume aparente de distribuição da quinina que resultou em concentrações elevadas no sangue. Os níveis aumentados de proteínas de ligação no plasma reduziram a fração livre da droga, causando o pico plasmático inicial, o que provavelmente explica por que as concentrações plasmáticas da quinina no presente estudo tenham se mantidas elevadas nos primeiros dias de seguimento do tratamento. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as concentrações plasmáticas da quinina nos pacientes sensíveis e recrudescentes em D1, D3 e D5, bem como, os perfis das concentrações plasmáticas da quinina na primeira semana de tratamento não diferiram entre os pacientes curados e aqueles cujas infecções recrudesceram. Assim, o efeito parasiticida máximo, e, por conseguinte, o mais elevado número de morte de parasitos, pode ser assumido neste primeiro ciclo de exposição à droga para todos os pacientes do grupo A. Os primeiros resultados das concentrações de mefloquina in vivo em seres humanos foram obtidos por Desjardins et al., (1979). Os quais 81 estudaram a farmacocinética da mefloquina em sangue total de vinte pacientes, destes, quatro receberam dose única 1000mg de mefloquina, o qual foi semelhante ao esquema empregado neste estudo. A mensuração da droga foi por absorção no UV usando HPLC, os valores em média ± desvio padrão foram expressos em µg/mL e o pico da concentração encontrado foi de 0.710 ± 0.11µg/mL. Considerando que, a concentração plasmática da mefloquina no plasma é levemente mais baixa que no sangue total (Ter-Kuile et al. 1994), o presente estudo vem corroborar com Desjardins et al., (1979), visto que, o pico da concentração plasmática da mefloquina foi de 0.709 ± 0.4µg/mL, mesurados por absorção no UV usando HPLC. O pico da concentração foi encontrado em D1, sendo os outros valores determinados em D0 (0 µg/mL), D3 (0.543 µg/mL), D5 (0.361 µg/mL), D7 (0.187 µg/mL), D14 (0.125 µg/mL), D21 (0.046 µg/mL) e D28 (0 µg/mL) respectivamente. O perfil da concentração plasmática da mefloquina demonstrado nesse estudo apresentou comportamento similar àqueles encontrados anteriormente por (Desjardins et al., 1979; Schwartz et al., 1982; Karbwang & White 1990; Palmer et al., 1993), nos quais, a mefloquina apresentou eliminação plasmática longa, com variações individuais, entre 10 a 40 dias e média de 21 dias. Drogas com uma meia-vida de eliminação longa tem duas valiosas propriedades terapêuticas. Primeiro, elas podem prover proteção à longo prazo contra reinfecção. Principalmente em áreas de moderada ou alta transmissão, porque são prevenidos episódios adicionais da doença. Isto ajuda 82 na recuperação da anemia, a principal causa de morbidez de malária e um contribuinte para mortalidade. De maneira semelhante, na malária epidêmica, onde a população é altamente suscetível, e a ocorrência da doença repentina pode ser de aproximadamente 100%, mas com epidemia de curta duração e infreqüente (Snow et al., 1999) as drogas de meia-vida longas são de relevante valor. Segundo, as drogas de meia-vida longas não requerem várias administrações o que reduz o risco de sub dosagem e alguns dos problemas de submissão ao tratamento (Hastings et al., 2002). Porém, por serem excretadas lentamente, tais drogas poderão apresentar concentrações sub-terapêuticas, que, apesar do alcançar o propósito inicial de cura, podem constituir uma potente força seletiva para o aparecimento de resistência aos antimaláricos (Watkins & Mosobo 1993). Isto sugere que, drogas com meia-vida longa são benéficas à terapia individual, mas são desvantajosas à população. A despeito da relativa facilidade de quantificar a carga de infecção em pacientes com malária, quando comparados aqueles com infecção bacteriana ou viral, existem poucas informações na relação entre as concentrações de antimaláricos no plasma in vivo e a resposta terapêutica (Simpson et al., 2000; Pukrittayakamee et al., 2003). A relação concentração-efeito tem sido estudada extensivamente in vitro, mas a extrapolação direta para o in vivo não pode ser assumida sem a consideração de fatores adicionais. No ajuste artificial de culturas ex vivo, os parasitos da malária crescem em meio nutriente na ausência de células do hospedeiro ou de proteínas de ligação, enquanto as concentrações das drogas 83 antimaláricas permaneçe constante (Pukrittayakamee et al., 2003). Em relação a correlação entre as concentrações plasmáticas da quinina e a parasitemia dos participantes do grupo A classificados como sensíveis, o teste da regressão polinomial quadrática demonstrou que 94,23% da dinâmica da parasitemia dependeram da concentração plasmática da quinina. No que se refere à correlação entre as concentrações plasmáticas da quinina e a parasitemia dos participantes do grupo A classificados como resistentes (RI), o teste da regressão polinomial quadrática demonstrou que, somente 76.70% da dinâmica da parasitemia foi explicado pela concentração plasmática da quinina. Estimativas das concentrações in vivo de alcalóides da cinchona requeridas para uma resposta terapêutica adequada em pacientes com malária foram primeiramente feitas em uma série clássica de estudos conduzidos nos Estados Unidos após à Segunda Guerra Mundial (Earle et al., 1948). Estes estudos confiaram em um ensaio espectrofotométrico impreciso para determinação da quinina e quinidina (que incluiu todo os metabólitos fluorescentes e que superestimou a verdadeira concentração dos referidos fármacos), estava baseado em amostragem sangüínea diária e as infecções foram induzidas artificialmente por uma única cepa (Earle et al., 1948). Em um estudo conduzido por Pukrittayakamee et al., (2003), a concentração plasmática da quinina durante o de tratamento de sete dias e a subseqüente resposta terapêutica foi estudada em 30 pacientes adultos com malária falciparum não complicada monitorados durante ≤ 28 dias, que 84 receberam um regime oral somente com quinina ( 10mg/kg/dia) durante sete dias (n 22) ou em combinação com Rifampin® (n 8). A utilização da Rifampin® resultou em um marcado aumento no sistema de liberação da quinina, isto levou a redução da concentração da quinina no sangue influenciando na falha do tratamento. Os resultados desse estudo sugerem uma concentração parasiticida mínima (MPC) da quinina no plasma em média de 3.4 µg/mL e uma concentração mínima inibitória (MIC) de 0.7 µg/mL para malária por P. falciparum não complicada na Tailândia, e concluíram que, para assegurar a cura, a concentração parasiticida mínima precisa ser excedida durante quatro ciclos assexuados (aproximadamente 6 dias), quando da utilização desse esquema terapêutico. Estudos realizados por Couet et al., (1991), em trinta e seis pacientes portadores de malária grave na África divididos em dois grupos de igual tamanho, onde o grupo A foi tratado com quinina na dose de 20mg/kg por administração endovenosa, e o grupo B foi tratado igualmente com a quinina em combinação com a doxiciclina em dose igual a 200mg/dia pela mesma via, os autores observaram que, não houve nenhum efeito da doxiciclina sob a farmacocinética da quinina na fase aguda da malária. No entanto, devido a doxiciclina ser um esquizonticida de ação lenta, usado como antimalárico complementar, sua adequada absorção é primordial para perfazer a eliminação total dos parasitos no indivíduo (Newton et al., 2005). No presente estudo a concentração plasmática da doxiciclina em D3 para os os participantes sensíveis foi de 1,1275 ± 0,1054 µg/mL, e para os participantes recrudescentes foi de 1,3425 ± 0,8262 µg/mL, não houve 85 diferença estatisticamente significativa nas concentrações plasmáticas entre sensíveis e resistentes (RI). A concentração mínima efetiva de doxiciclina é de 0.8µg/ml no soro (Doxycycline.com, 2005), os resultados demonstraram que esta concentração foi adequadamente alcançada para todos os pacientes do grupo A. Não houve diferença significante nos perfis das concentrações plasmática da quinina e nos níveis plasmáticos de doxiciclina em D3, tanto para os pacientes sensíveis, como para os resistentes (RI), sugerindo que outros fatores influenciaram na recrudescência da infecção. Possivelmente a pressão de seleção da droga exercida sob os parasitos, pode ter selecionado mutantes resistentes para as concentrações da quinina+doxiciclina utilizada nesse esquema terapêutico, estudos posteriores serão necessários para elucidar esse questionamento. No que se refere à correlação entre as concentrações plasmáticas de mefloquina e a parasitemia dos participantes do grupo B, onde todos os dezoito pacientes tiveram resposta clínica adequada (RCA) ao tratamento e foram classificados parasitologicamente como sensíveis (S), o teste da regressão polinomial quadrática demonstrou que 91.82% da dinâmica da parasitemia desses pacientes dependeram da concentração plasmática de mefloquina. Nosten et al., (1987), ao investigarem o tratamento da malária na Costa da Birmânia Tailandesa com mefloquina – sulfadoxina – pirimentamina observaram que, nos pacientes cujos parasitos foram relativamente sensíveis, as concentrações parasiticidas mínimas estimadas in vivo foram baixas (menos 86 que 500ng/mL), conseqüentemente a taxa de redução dos parasitos foram mantidas por tempo suficiente para completa eliminação da infecção. Os resultados do presente estudo similarmente demonstraram que todos os parasitos foram sensíveis a mefloquina resultando na completa cura dos pacientes, houve uma correlação altamente significativa entre a concentração plasmática e a parasitemia ao longo de 28 dias de seguimento. Isto sugere que houve a manutenção da concentração durante um período de tempo necessário para completa eliminação dos parasitos, corroborando com estudo de Wernsdorfer, (1994), que relatou, ser imperiosa essa prerrogativa. Devido a sua ampla incidência e aos efeitos debilitantes, a malária é a doença que mais contribui para a decadência do homem da Região Amazônica. A utilização de drogas e esquemas de tratamentos seguros e eficazes, são pressupostos básicos para a efetividade e alcance da redução da morbimortalidade pela malária (Brasil/MS/SVS, 2005). Nesse sentido, os resultados que foram encontrados neste estudo vêm contribuir para a avaliação da farmacorresistência dos parasitos da malária na Amazônia brasileira. 87 5. CONCLUSÃO • O percentual de 33.3% de resistência do tipo RI ao esquema terapêutica quinina associado a doxiciclina, reforça a diminuição da eficácia desse esquema em casos de malária falciparum não complicada. • No grupo A, em 94,23% pacientes sensíveis o comportamento da paresitemia foi correlacionado com o perfil da concentração plasmática da quinina, mas, somente 76,70% dos pacientes recrudescentes apresentaram essa correlação. • Houve absorção adequada da quinina e doxiciclina tanto para os pacientes sensíveis, quanto, para os resistentes (RI), portanto, não foi a má absorção da droga a causa da recrudescência. Os resultados sugerem que houve resistência do P. falciparum ao tratamento administrado. • A mefloquina continua apresentando uma alta taxa de cura no estado do Amapá. • A correlação entre as concentrações plasmáticas de mefloquina e a parasitemia dos participantes do grupo B sugere que houve a absorção da droga e manutenção adquada da concentração durante um período de tempo necessário para completa eliminação dos parasitos. • A concentração plasmática de mefloquina manteve níveis residuais da droga, constituindo uma força seletiva para o surgimento da resistência para mefloquina no futuro. 88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYRES, M., AYRES JR., M., AYRES, D.L. SANTOS, A.S. dos. BioEstat 3.0 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá, 2003. ASAWAMAHASAKDA, W., ITTARAT, S., CHANG, C. C., MCELROY, P., MESHNICK, S. R. Effects of antimalarials and proteinase inhibitors on plasmodial haemozoin production. 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ANEXO 01 Termo de Esclarecimento Você tem um tipo de doença denominada Malária e está sendo convidado a participar do estudo denominado “Monitoramento da concentração plasmática da quinina e mefloquina em pacientes com malária por Plasmodium falciparum no Estado do Amapá – Brasil”. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. O objetivo deste estudo é quantificar os níveis plasmáticos das drogas antimaláricos quinina e mefloquina por cromatografia líquida de alta eficiência, correlacionando-os com a negativação da parasitemia, e caso você participe, será necessário fazer exames de sangue, consultas médicas semanais, fazer perguntas sobre seu estado de saúde. Você, ou a pessoa pela qual é responsável será tratada para malária com o mesmo medicamento que está sendo usado pelo serviço de saúde do seu município para o tratamento desta doença. Com a sua autorização iniciaremos um acompanhamento do tratamento no 1º, 3º, 7º, 14º, 21º e 28º dias após o paciente ter recebido a primeira dose do medicamento. As visitas de acompanhamento serão feitas por um profissional da equipe, o qual ira pedir informações sobre o seu estado de saúde e coletará sangue da ponta do dedo e do seu braço para fazer exames de laboratório. Será coletado 10ml de sangue da veia no 1º, 3º, 7º, 14º, 21º e 28º dias.Você poderá ter algum desconforto quando receber uma picada para colher o sangue do seu braço, poderá ficar uma mancha roxa que desaparecerá em um curto espaço de tempo. Depois que os resultados dos exames estiverem pronto, a pessoa que participar da pesquisa poderá ver estes resultados. Esse sangue não será usado para mais nada. Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. ANEXO 02 Termo de Consentimento Livre, Após Esclarecimento Eu, ____________________________________________________________________ li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Macapá, ............./ ................../................ Assinatura do voluntário (ou responsável legal): ----------------------------------------------------------------------Assinatura do pesquisador responsável: ----------------------------------------------------------------------- Número do documento de identidade: Assinatura do pesquisador orientador: Telefone de contato dos pesquisadores: Em caso de dúvida em relação a esse documento, você pode entrar em contato com o pesquisador responsável pelas informações contidas neste consentimento livre e esclarecido, cujo número de telefone encontra-se junto a sua assinatura.