UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA História da Malária BMP-5777 Flávia Silva Damasceno A Malária acomete os seres humanos desde a pré-história; Escritos mais antigos datam de 5.000 anos a.C. Na região da antiga Babilônia a denominavam de “Príncipe dos Demônios”; Menções a malária podem ser observadas em escritas do povo Romano, Chines e Egipício; 400 a.C. Hipócrates foi o primeiro a descrever os sintomas clínicos da doença; Escritores Romanos atribuíam a Malária aos pântanos; Dante Alighieri, citou a doença como algo muito ruim; William Shakespeare, mencionou a Malária em oito de sua peças Há referências a febres sazonais e intermitentes em textos religiosos e médicos bastante antigos, Estes relacionavam a doença à punição de deuses e a presença de maus espíritos; Sec. II d.C.: médicos gregos e romanos fizeram várias referências sobre a doença, que ocorria em epidemias na Grécia, Itália e diversas partes da Europa, As várias denominações da malária: Príncipe dos Demônios Febre Romana Paludismo Impaludismo Maleita Febre terçã benigna Febre terçã maligna Febre quartã Malária (Sec. XVIII “mal aire”) Sec. XVI – Jesuítas perceberam que os índios Peruanos usavam uma casca de uma determinada árvore para o tratamento das febres; “pó dos Jesuítas” 1820 – seu principio ativo foi identificado: o quinino Qual seria o agente causador da Malária? 1880 – Formas do parasita foram encontradas em amostra de sangue de soldados; Médico francês Charles Louis Alphonse Laveram Essas formas foram chamadas: Oscillaria malarie Plasmodium malarie Como o parasita chegava até o sangue do paciente? 1897 – Ronald Ross demonstrou que um mosquito era capaz de picar pessoas infectadas e transmitir formas para outro animal; Amico Bignani Giuseppe Bastianelli Batista Grassi 1898 – Descreveram o ciclo de transmissão e o vetor que transmitia a doença à humanos era o anofelino Essas descobertas foram fundamentais para a eliminação da doença na Europa e nos Estados Unidos; Início do Sec. XX – pesquisadores Alemães desenvolveram antimaláricos sintéticos: 1924 – pamaquina 1930 – mepacrina 1934 – cloroquina 1942 – Paul Muller desenvolveu o composto dicloro-difenil-tricloroetano (D.D.T.) Distribuição da malária em 1946: A MALÁRIA NO BRASIL Sec. XIX – (Ciclo da borracha) primeira grande epidemia de malária na Amazônia; 1872 – Construção da estrada de ferro “Ferrovia do Diabo” Madeira-Mamoré 1888 – Fim da escravidão no Brasil – aumento da transmissão da malária na região sudeste; 1916 – Malária, ancilostomíase e doença de Chagas ganharam o status de “Trindade Maldita” 1930 – Raymond Shannon (fundação Rockfeller) encontrou o mosquito Anopheles gambiae no nordeste; 1938 – grande epidemia de malária no Ceará, (150 mil casos, 14 mil mortes em 8 meses) Teve inicio uma grande campanha de erradicação do mosquito. 1940 – erradicação do mosquito e controle da epidemia 1940 – segundo ciclo da borracha na Amazônia (uma nova epidemia de malária na região); Década de 40 – áreas de maior transmissão: Amazônia, vales dos rios São Francisco e Paraná, baixada fluminense e região da costa sul e sudeste; – Shortt e Garnham, descreveram formas hepáticas do Plasmodium vivax Anos depois também descreveram do Plasmodium falciparum 1948 1957 – OMS lançou as bases para a Campanha Mundial de Erradicação da Malária: A identificação de todas as áreas malarígenas; A borrifação semestral de DDT nos imóveis; Fase de manutenção 1970 - 53% da população residente em áreas malarígenas estavam livres do risco da doença; 1976 – Trager e Jasen, desenvolveram um protocolo para o cultivo do Plasmodium falciparum in vitro; 1980 - ocorreu o aumento progressivo no número de casos na maioria dos países (exceto Europa e América do Norte) Final do séc. XX Anotação do genoma humano, Plasmodium falciparum Anopheles gambiae; Atualmente dispomos de transcriptomas e proteomas Ainda não existem no mercado drogas eficazes para combater a malária Distribuição da malária atualmente Mais de 100 Países: África, Ásia e Américas Central e do Sul. A malária encenada no grande teatro social Erney Plessmann Camargo “A HISTÓRIA DA MALÁRIA, talvez mais do que qualquer outra da medicina, mostra, mesmo diante de problemas médicos racionalmente abordáveis,que grupos sociais podem manipular o fato objetivo e desconstruir e construir a realidade ao sabor de seus interesses ou preconceitos. E, a partir daí, podem criar farsas, dramas ou até comédias a serem representadas para um público perplexo em um cenário controverso de conflitos ideológicos, políticos, religiosos ou até mesmo raciais”. Referências Camargo, E.P.;(2005) A malária encenada no grande teatro social; Estudos avançados (24) Albrechet, L. Análise do repertório de genes variantes de Plasmodium falciparum da Amazônia e identificação de genes variantes relacionados ao fenótipo de citoaderencia a ICAM1 de isolados de Rondônia [Tese]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, 2008. PAULINI, E.: O passado revisitado: o Instituto de Malariologia e o Instituto de Endemias Rurais (INERu), apresentação de Gilberto Hochman. História, Ciências, Saúde . Manguinhos, vol. 11(1): 143-58, jan.-abr. 2004. Hochman, G. et al. A malária em foto: imagens de campanhas e ações no Brasil da primeira metade do século XX. História, Ciências, Saúde . Manguinhos, Rio de Janeiro vol. 9 (suplemento):233-73, 2002 Imagens: google imagens Obrigada!!!