Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders
A Representação Social sobre Função e Atuação do Psicólogo
Escolar/Educacional: uma proposta de investigação na escola
Eixo temático 2: Formação de professores e cultura digital
Érico Lopes Pinheiro de Paula 1
Helena de Ornellas Sivieri-Pereira2
Até hoje é possível encontrar na educação uma visão estreita que liga o apoio da
Psicologia à organização geral da escola (OLIVEIRA, MARINHO-ARAÚJO, 2009).
Deste ponto de vista o trabalho do psicólogo estaria restrito ao gabinete / consultório,
em atendimento individualizado de problemas que se prescreve resolverem geralmente
no plano físico-neurológico. No horizonte desse projeto, identificamos que a atuação do
psicólogo na escola pode abordar também outros níveis – na interface entre os vários
atores da instituição. Além disso, tomando por base a discussão pública em torno do
Projeto de Lei nº 60/2007 – que propõe a inserção do psicólogo em todas as escolas da
rede pública do país –, investigar a concepção que os profissionais da educação têm em
relação ao trabalho do psicólogo na escola pode contribuir para estreitar a relação entre
eles e minimizar as controvérsias em relação ao papel de cada ator nesse campo. A
investigação aqui esboçada – com caráter qualitativo e cunho psicossocial – faz
interlocução com as abordagens que permitem aos professores maior consciência sobre
seu compromisso com o trabalho e com a escola (RIOS, 1997). Atentos a essas
premissas, observamos que os trabalhos do Grupo de Estudos “Docência, Memória e
Gênero” (FEUSP) – por meio dos registros organizados por Bueno, Catani e Sousa
1
UFTM, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado em Educação) –
[email protected]
2
UFTM, Departamento de Psicologia, Instituto de Educação, Letras, Artes, Ciências Humanas e Sociais
, Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado em Educação) – [email protected]
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(BRANDÃO, 2003) – sugerem que as entrevistas com professores são momentos
preciosos na construção do autoconhecimento. Os resultados não apenas orientam
políticas públicas, mas também podem dar impulso a ressignificações sobre a vida e o
trabalho desses sujeitos. Estudos apontam preocupação crescente em relação ao papel
que o Psicólogo Escolar pode desempenhar na estrutura e na organização das práticas
escolares. Gomes e Meireles divulgaram em 2007 os resultados de pesquisa realizada
com professores em escolas particulares no município de Teresina – PI. Em 2010 foi
publicado artigo que destaca a concepção de professores atuantes no município de Porto
Velho – RO (SANTOS; BEZERRA; TADEUCCI). Em 2011 foram publicados os
textos de Ramos, um levantamento com profissionais atuantes em Florianópolis – SC,
bem como de Gaspar e Costa, esse trabalho realizado com psicólogos em atuação nas
escolas particulares de Salvador – BA. Os resultados apresentados reforçam a
importância de se ampliar o quadro das considerações e dos consensos a respeito da
função e atuação dos psicólogos escolares no atual contexto escolar brasileiro.
Diferentemente das pesquisas mencionadas, pretendemos investigar um recorte menos
limitado. Com intuito de explorar as representações sociais (MOSCOVICI, 2001) que
são construídas no ambiente escolar, procuramos definir a pesquisa contemplando as
escolas públicas do município de Uberaba. Interessa-nos produzir um panorama que
permita generalizar algumas concepções dos professores – nessa cidade de médio porte
do Estado de Minas Gerais. O levantamento preliminar, junto à Secretaria de Educação
de Uberaba (SEMEC) e à Superintendência Regional de Minas Gerais (SEE-MG),
apresentou o total de 98 unidades educacionais de Ensino Fundamental e Médio regular,
distribuídas em: 35 EMs, 36 EEs, 20 CEMEIs, 4 unidades autônomas do Estado de
Minas Gerais e 3 conveniadas com a Prefeitura Municipal. O número de professores
efetivos está distribuído em: 2198 vinculados à Secretaria Estadual e 714 à Secretaria
Municipal. Nos questionários a amostra será composta por no mínimo 246 sujeitos, 187
indivíduos oriundos da Superintendência e 59 da Prefeitura. Para as entrevistas
estimamos um conjunto de 25 sujeitos e pretendemos realizar grupo focal com 8
pessoas, sendo 6 da Superintendência e 2 da Prefeitura. O estudo será realizado para
identificar
as
visões
compartilhadas
a
respeito
da
atuação
do
psicólogo
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escolar/educacional. Os objetivos específicos são: identificar as representações sociais
dos professores da educação básica, sobre função e atuação do psicólogo escolar na rede
pública de Uberaba; analisar qualitativamente essas representações sociais; revisar
bibliografia
acadêmica
e
documentação
oficial
relacionadas;
relacionar
as
representações sociais dos docentes com o debate acerca do PL nº 60/2007. Como
critérios de inclusão estabelecemos que o professor atendesse os requisitos: figurar no
quadro de professores efetivos do Estado ou do Município; ser servidor da ativa; estar
em exercício na educação básica. As etapas projetadas são: levantamento dos dados
sobre os servidores públicos da educação municipal (quantidade, distribuição, entre
outros) e solicitação de autorização para as SEMEC e SEE-MG; elaboração, confecção
e aplicação de questionários; tabulação e análise preliminar das respostas para definição
dos critérios das entrevistas; visitas às unidades escolares selecionadas para gravação de
entrevistas semiestruturadas; análise do conteúdo, por meio do método das
representações sociais, sobre os discursos produzidos pelos educadores; agendamento e
realização de grupos focais com os professores, com base nas manifestações colhidas
nas entrevistas; análise da literatura sobre a especialidade profissional de Psicólogo
Escolar/Educacional (atas, boletins e publicações acadêmicas dos conselhos Nacional e
Regional de Psicologia, bem como os artigos em periódicos científicos sobre
abordagens em psicologia escolar e representações sociais de professores); identificação
das representações que divergem da expectativa oficial em relação ao ingresso do
psicólogo nos sistemas de ensino nacionais. A análise dos dados se dará pela construção
de categorias (MOSCOVICI, 1978), árvores de associação e linhas narrativas
(BARDIN, 1977; JOVCHELOVITCH & GUARESCHI, 1994), na busca dos
enunciados construídos e compartilhados socialmente (JODELET, 2001; SPINK, 1994).
No momento, o projeto está autorizado pelas secretarias de educação para a coleta de
dados nas escolas (Maio/2013), bem como já obteve aprovação do Comitê de Ética da
UFTM para início das atividades (Julho/2013). Em seguida serão negociadas as visitas
às escolas, visando maior proximidade e interação com os professores.
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Palavras-chave: estado da arte, psicologia, representações sociais, escola pública
Referências
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