CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE CAMILA NOBRE GUARSONI CATIA CRISTIANE SARTORI DENISE APARECIDA FERNANDES TONELLO MARIA APARECIDA PEREIRA DE OLIVEIRA FLORA MARIA HELENA SCHILDIWACHTER FRANCO BEZERRA NEGLIGÊNCIA COM O IDOSO, MAUS TRATOS EM DOMICÍLIO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PALMITAL 2012 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE CAMILA NOBRE GUARSONI CATIA CRISTIANE SARTORI DENISE APARECIDA FERNANDES TONELLO MARIA APARECIDA PEREIRA DE OLIVEIRA FLORA MARIA HELENA SCHILDIWACHTER FRANCO BEZERRA NEGLIGÊNCIA COM O IDOSO, MAUS TRATOS EM DOMICÍLIO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA Trabalho de conclusão de curso apresentado à ETEC prof. Mário Antônio Verza, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Agente Comunitário de Saúde. Orientadora: Prof.ª Marislene dos Santos PALMITAL 2012 DEDICATÓRIA A todos familiares que têm idosos. Que elas possam compreender as transformações e limitações que perpassam a velhice e nas dificuldades encontrar e dar amor, carinho e atenção aos seus idosos. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que em todo momento esteve presente em nossas vidas, toda a nossa gratidão por nos ajudar e nos conduzir neste trabalho, onde passamos por muitos desafios, mas que nos proporcionou a vitória. A todos os professores que no decorrer deste curso nos ajudaram. Em especial a professora Marislene orientadora do grupo, pela sua dedicação; paciência e carinho que nos incentivou desenvolver a pesquisa para conclusão do trabalho. Agradecemos a professora Nívea pelo seu apoio, desempenho e incentivo. “As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas.” (Steve Jobs) “Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo.” (Siddahartha Gautama, Buda) BEZERRA, Maria Helena Shildiwachter Franco, FLORA, Maria aparecida Pereira de Oliveira, GUARSONI, Camila Nobre, SARTORI, Cátia Cristiane, TONELLO, Denise Aparecida Fernandes. O Trabalho de Conclusão de Curso no Ensino Técnico – Negligência com o idoso Técnico em Agente Comunitário de Saúde no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Palmital, 2012. RESUMO O problema do abandono e negligência a pessoas idosas não pode ser solucionado adequadamente se as necessidades essenciais dos idosos – de alimentação, abrigo, segurança e acesso à assistência de saúde – não forem atendidas. Todos nós devemos criar um ambiente de saúde em que envelhecer seja aceito como uma parte natural do ciclo de vida, em que atitudes antienvelhecimentos sejam desencorajadas, em que as pessoas idosas tenham o direito de viver com dignidade, livre de abuso e exploração, e seja dada a eles a oportunidade de participar plenamente das atividades educacionais, culturais, espirituais e econômicas. O interesse do grupo em estudar sobre as negligências com o idoso iniciou-se por causa da vivência e as dificuldades encontradas no nosso dia a dia, e com isso diminuir a ocorrência de violência contra o idoso, nas relações familiares tendo como foco as denúncias. Palavras-chave: Negligência, vida, direito, dignidade, violência, idoso, familiares, denúncias. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. ACS: Agente Comunitário de Saúde OMS: Organização Mundial de Saúde PSF: Programa Saúde da Família SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 11 GERAIS ............................................................................................................................ 11 ESPECÍFICOS ................................................................................................................. 11 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 12 METODOLOGIA..................................................................................................................... 13 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................................... 14 1-ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O LUGAR SOCIAL DA VELHICE E DO VELHO .. 15 1.1 Legislação ................................................................................................................... 16 1.2 Código de Ética .......................................................................................................... 16 2.DEFININDO VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA ................................................ 17 3. TIPOLOGIAS DA VIOLÊNCIA ......................................................................................... 18 3.1. VIOLÊNCIA FÍSICA ................................................................................................ 18 3.2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA .................................................................................. 18 3.3. VIOLÊNCIA SEXUAL............................................................................................. 18 3.4. ABANDONO ............................................................................................................ 18 3.5. VIOLÊNCIA FINANCEIRA OU ECONÔMICA .................................................... 18 3.6. VIOLÊNCIA MEDICAMENTOSA ......................................................................... 18 3.7. VIOLÊNCIA EMOCIONAL E SOCIAL ................................................................. 19 3.8. AUTONEGLIGÊNCIA ............................................................................................. 19 4. COMO PREVENIR A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA? ............................... 20 5. ATUAÇÕES PREVENTIVAS ............................................................................................ 21 5.1. RECOMENDAÇÕES AOS PROFISSIONAIS: ...................................................... 21 5.2. RECOMENDAÇÕES ÀS PESSOAS IDOSAS: ....................................................... 21 6. COMO DETECTAR A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA ............................... 22 6.1. DIFICULDADES ADVINDAS DA PESSOA IDOSA. .......................................... 22 6.2. DIFICULDADES ADVINDAS DO AGRESSOR: .................................................. 23 6.3. DIFICULDADES ADVINDAS DOS PROFISSIONAIS: ........................................ 23 7. INDICADORES DE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA IDOSA ....................................... 24 7.1. NA PESSOA IDOSA ................................................................................................ 24 7.2. NA INTERAÇÃO DA PESSOA IDOSA COM O CUIDADOR ............................. 24 8. SUGESTÕES PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA IDOSA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA....................................................................................................... 25 9. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO PARA FACILITAR A TOMADA DE DECISÕES .................................................................................................................................................. 26 9.1. RESPEITAR A VÍTIMA E CONQUISTAR SUA CONFIANÇA ........................... 26 9.2. ASSEGURA A CONFIDENCIALIDADE ............................................................... 26 9.3. RESPEITAR AS DECISÕES DAS PESSOAS IDOSAS ......................................... 26 10. INTERVENÇÕES .............................................................................................................. 27 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 29 MENSAGEM ........................................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 31 9 INTRODUÇÃO O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje faz parte da realidade na maioria das sociedades. O mundo esta envelhecendo. Tanto isso é verdade que se estima para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento. (caderno de Atenção Básica 2006). A violência contra a pessoa idosa é um fenômeno, é um problema universal e representa um importante problema de saúde pública. O maior desafio à pessoa idosa é conseguir contribuir para que apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possa redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com máxima qualidade possível. Segundo o estatuto do idoso é considerado a pessoa idosa com idade igual ou maior de 60 anos. Envelhecer é um processo de todos os seres humanos que se inicia na concepção e percorre em todos os dias de nossas vidas. A cada instante tornamonos mais velhos que no instante anterior. Todos envelhecemos e, os mais jovens um dia serão os idosos do seu tempo. Baseado no Estatuto do idoso é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar a qualidade de vida do idoso com absoluta prioridade. É importante ressaltar o Artigo 4º que diz: nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência. A autonegligência diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência é uma das formas de violência mais presente no País. Ela se manifesta frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais em particular, para quem se encontra em situação múltipla de dependência ou incapacidade. É preciso romper o véu do silêncio que cobre o assunto. A violência à pessoa idosa ocorre na sua grande maioria no contexto familiar praticada por um membro da família da pessoa idosa. 10 Cuidador é a pessoa, da família ou não, que representa o idoso dependente. Suas tarefas envolvem o acompanhamento nas atividades diárias, como auxilio na alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina entre outros; auxiliando na recuperação e na qualidade de vida dessa pessoa. Como o número de idosos é crescente no mundo, são necessários mais estudos de base populacional representativos dessa faixa etária para melhor compreensão do fenômeno. 11 OBJETIVOS GERAIS Este estudo tem como objetivo: analisar a ocorrência de violência contra o idoso dependente, pela perda da capacidade funcional, nas relações familiares tendo como foco os domicílios, e conhecer os vínculos familiares entre o agressor e o idoso. ESPECÍFICOS Identificar estudos sobre prevalência de abuso na terceira idade; Analisar a qualidade de vida dos idosos; Proporcionar ao idoso dentro do seu contexto familiar onde ele tenha o direito de expressar seus sentimentos e opiniões e ser compreendido perante a sociedade de acordo com a legislação. 12 JUSTIFICATIVA Nos aspectos éticos e legais o Agente Comunitário de Saúde em visita domiciliar é possível estabelecer, junto aos familiares e/ou cuidadores, um suporte mais adequado às necessidades específicas da pessoa idosa, negociando com familiares cada aspecto desse cuidado. Nesse contexto, o Agente Comunitário de Saúde tem um papel de fundamental importância, pois muitas vezes representam o elo entre a família da pessoa idosa e a equipe e saúde. Uma das maneiras mais importantes de ajudar as pessoas é oferecer informação necessária. 13 METODOLOGIA O estudo presente foi baseado em pesquisas bibliográficas, livros e sites da internet em forma de artigo, sendo descritivo e transversal, baseado em experiências vividas no cotidiano profissional do ACS. 14 PROBLEMATIZAÇÃO Em situações encontradas nas visitas domiciliar, é preocupante observar a realidade do idoso no dia-a-dia. O Agente Comunitário de Saúde vivencia casos de negligência de idosos que são dependentes de filhos e parentes ou cuidadores, e estes não lhes dão a devida atenção, isso nos leva a estudar e buscar informações para poder ajudá-los a resolver a situação de negligência aos idosos. . 15 1-ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O LUGAR SOCIAL DA VELHICE E DO VELHO Diante o crescimento populacional do segmento do idoso e do aumento do número de anos de vida, impõe-se hoje pensar e analisar a velhice, não como o fim da vida, mas como uma nova etapa a ser vivida. O velho aparece como o oposto do jovem, sem futuro, vivendo de uma vida passada, já vivida como adulto jovem. Essa visão da velhice é geradora de representações sociais que podem desenvolver atitudes discriminatórias em relação ao seguimento idoso. Diante desse quadro é importante chamar a atenção do profissional da saúde que lida diretamente com os idosos para o papel que deve desempenhar como agente de mudança. Os idosos por sua vez não se dispõem a relatar os episódios que vivenciam, por medo de um abandono ainda maior, já que muitas vezes é cometido por pessoas de confiança. A falta de uma estratégia sistematizada para auxiliar os profissionais a suspeitarem de situações de vivência dificulta a abordagem nos serviços de saúde. Com a implantação da Estratégia saúde da família, em situações de violência contra o idoso, vem preencher esse vazio, pois apresenta um enorme potencial para programar ações de prevenção, detecção e acompanhamento de famílias em situações de violência, visando a um estreitamento nas relações entre o serviço de saúde e a comunidade. Por isso, o programa necessita de um apoio mais objetivo, na identificação de famílias de risco, possibilitando apoio de possíveis redes sociais, permitindo uma pratica disciplinar eficiente. Por outro lado, percebe-se uma maior frequência de violência entre os idosos com maior nível escolar e aqueles com problema de memória. A qualidade de vida, em especial na população idosa tem como objetivo alcançar um processo de envelhecimento mais saudável e ativo. O idoso deve ter uma alimentação saudável, ter como o hábito a prática de atividade física que é um incentivo para a procura de amigos ou uma ocupação para que ele não se sinta só. 16 1.1 Legislação Prevenir e combater a violência doméstica, são funções do poder público, e o Estado tem se empenhado na prevenção e controle da violência, por meio de campanhas, programas e, principalmente, pela legislação específica. Sabe-se que a violência apresenta um forte componente cultural, dificilmente superável por meio de Leis e normas. No entanto, é necessário um respaldo legal para que o processo de prevenção e combate seja legitimado. O artigo 66 do decreto lei 3668 de 1941, reconhece como contravenção penal, a omissão do profissional de saúde que não comunicar crime contra o idoso que tenha tomado conhecimento por meio do seu trabalho. 1.2 Código de Ética Entende-se por código de ética o conjunto de normas e princípios morais que devem ser observados no exercício de uma profissão. Baseado nele, o profissional pode tomar decisões e adotar condutas para o desenvolvimento do seu trabalho. 17 2.DEFININDO VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA São muitos os termos utilizados para definir o que é a violência contra a pessoa idosa. São exemplos: maus tratos, abusos, negligência omissão, abandono etc... Segundo a OMS a violência contra a pessoa idosa se define como ato único, ou repetitivo, ou omissão, que ocorre em qualquer relação supostamente de confiança que cause dano ou incomodo à pessoa idosa. 18 3. TIPOLOGIAS DA VIOLÊNCIA Na cartilha produzida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos “Violência contra os Idosos” são definidos diversas formas de violência contra a pessoa idosa: 3.1. VIOLÊNCIA FÍSICA É o uso da força para competir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou morte. 3.2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA Corresponde a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou isolar do convívio social. 3.3. VIOLÊNCIA SEXUAL Refere-se ao ato do jogo sexual ou praticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. 3.4. ABANDONO É uma violência que se manifesta pela ausência dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessita de proteção e assistência. 3.5. VIOLÊNCIA FINANCEIRA OU ECONÔMICA Consiste na exploração imprópria ou ilegal ao uso não consentido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e patrimoniais. 3.6. VIOLÊNCIA MEDICAMENTOSA É a administração por familiares, cuidadores e profissionais de medicamentos prescritos de forma indevida, aumentando, diminuído ou excluindo os medicamentos. 19 3.7. VIOLÊNCIA EMOCIONAL E SOCIAL Refere-se à agressão verbal social crônica, incluindo palavras que possam desrespeitar a identidade, dignidade e autoestima. 3.8. AUTONEGLIGÊNCIA É a violência da pessoa idosa contra si mesma (conduta) ameaçando a sua própria saúde ou segurança. Normalmente se manifesta com a recusa ou o fracasso de prover a si próprio um cuidado adequado, mesmo tendo condições físicas para fazê-lo (não tomar banho, não se alimentar, não se movimentar. etc.). 20 4. COMO PREVENIR A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA? A prevenção tem como principal objetivo evitar as diversas manifestações da violência contra a pessoa idosa, detectando situações e fatores de riscos e a efetiva intervenção nas suas consequências. Para prevenir são necessárias ferramentas que subsidiem a prática assistencial cotidiana em busca da melhoria integral da qualidade de vida das pessoas idosas, incluindo a valorização dos riscos e, sobretudo dos profissionais, preferencialmente quando feita por uma equipe interdisciplinar. 21 5. ATUAÇÕES PREVENTIVAS 5.1. RECOMENDAÇÕES AOS PROFISSIONAIS: Avaliar periodicamente o nível de independência nas suas atividades de vidas diária. Lembrando sempre que quanto maior a dependência maior será o risco da ocorrência de violência. Incentivar os idosos a participar de atividades sociais de lazer e recreação. Promover atividades para informação e prevenção da violência. 5.2. RECOMENDAÇÕES ÀS PESSOAS IDOSAS: Evitar o isolamento social por meio das seguintes ações: Ter um bom amigo com quem possa falar abertamente dos seus problemas. Participar de atividades sociais da comunidade (grupos de idosos, centros de convivências, etc.). Ter o controle do seu cartão bancário, não fornecendo a senha para estranhos. Ter alguém a quem recorrer quando se sentir maltratado. 22 6. COMO DETECTAR A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA Detectar a violência é uma necessidade, uma responsabilidade do profissional de saúde. Os profissionais de saúde devem estrar conscientes de que enfrentarão alguns obstáculos e barreiras que poderão dificultar ou interferir. É preciso reconhecer e superar as dificuldades. Elas podem vir das próprias pessoas idosas, das famílias, dos cuidadores, dos próprios profissionais e até mesmo da sociedade que não enxerga a violência contra a pessoa idosa. 6.1. DIFICULDADES ADVINDAS DA PESSOA IDOSA. O não reconhecimento da existência da violência contra a pessoa idosa. A negação é uma das dificuldades mais comuns e frustrantes para a detecção e informação da violência contra a pessoa idosa. A vítima mostra-se reticente ao admitir que esteja sofrendo o maltrato e da situação vivenciada. Algumas e principais dificuldades que as pessoas idosas manifestam são: Medo que ao revelar a existência da violência, o agressor (geralmente membro da família da vítima) torne-se mais violento e ponha em risco a sua vida. Sentimento de culpa. A pessoa idosa pode pensar que é sua culpa por estar sofrendo os maus tratos, pois não foi um bom pai ou uma boa mãe e agora esta colhendo os resultados. Vergonha. A vítima pode sentir vergonha por não ter conseguido controlar ou superar a situação em que se encontra. O fato de ela romper a cadeia de violência poderá abalar a reputação da família. Acreditar que a busca por ajuda é o reconhecimento do fracasso. Às vezes fica dependente e com certo ressentimento do cuidador em dar muito e receber pouco, tem o cuidador distante que acaba por ajudá-la financeiramente. 23 6.2. DIFICULDADES ADVINDAS DO AGRESSOR: As principais dificuldades são: Negação. O agressor tem o mesmo sentimento da vítima: negar a ocorrência da violência. Isolamento. O agressor pode tentar impedir que a vítima tenha acesso ao sistema de saúde e serviços sociais para evitar que os profissionais detectem a violência. Medo do fracasso. Da mesma forma que a vítima, o agressor pode pensar que ao admitir a existência da violência e a busca de ajuda, estará atestando, que as coisas não estão indo como devia, e, portanto, há o fracasso. 6.3. DIFICULDADES ADVINDAS DOS PROFISSIONAIS: Assim como a vitima e o agressor, os profissionais também têm dificuldades: Falta de informação adequada para identificar corretamente os sinais, e os procedimentos para intervenção na violência contra a pessoa idosa. Não querer envolver-se com questões legais. Inexistência ou desconhecimento de recursos disponíveis. Acreditar que se a vítima quisesse, ela poderia ter saúde da situação sozinha. 24 7. INDICADORES DE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA IDOSA Há múltiplas situações, condutas, sintomas e sinais que podem levar a suspeitas de existências de violência. A própria queixa por parte da pessoa idosa é um indicador mais sensível e específico, comum a todos os tipos de violências. Determinados comportamentos ou condutas de uma pessoa idosa ou seus cuidadores podem indicar a possibilidade de que esteja vivenciando uma situação de violência. 7.1. NA PESSOA IDOSA Parece ter medo de um familiar ou de um cuidador profissional. Seu comportamento muda quando o cuidador entra ou sai do espaço físico onde se encontra. Manifesta sentimento de solidão, diz que precisa de amigos, família, dinheiro etc... Mostra exagerado respeito ao cuidador. 7.2. NA INTERAÇÃO DA PESSOA IDOSA COM O CUIDADOR Observar se há relação conflitiva entre o cuidador e a pessoa idosa com frequentes discussões, insultos etc... Se houve conflitos ou crises familiares recentes. O cuidador mostra-se hostil, cansado ou impaciente durante a entrevista e a pessoa esta demasiadamente agitada ou indiferente na sua presença. A relação entre os dois é de indiferença mútua. 25 8. SUGESTÕES PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA IDOSA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA É importante lembrar que o profissional deverá oferecer um ambiente seguro que possibilite a pessoa idosa a expressar o que esta passando. Apresentamos algumas recomendações: Adaptar a linguagem ao nível cultural da pessoa idosa, de forma que seja claro e compreensível, para que ela entenda a informação relevante que se pretende transmitir e para que facilite a forma de comunicação. Não julgar as opiniões, crenças ou pensamento da pessoa idosa. Estabelecer uma relação se colocando no lugar do outro. A pessoa idosa se sentirá mais compreendida, não se sentirá criticada e poderá expressar realmente o que a preocupa. Cabe ao profissional dar o primeiro passo nesta relação. 26 9. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO PARA FACILITAR A TOMADA DE DECISÕES 9.1. RESPEITAR A VÍTIMA E CONQUISTAR SUA CONFIANÇA É imprescindível o respeito à vítima. O profissional deve informar desde o início da intervenção o seu desejo de ajudá-la na situação que esta vivenciando. Em muitas situações a pessoa idosa pode sentir-se constrangida com uma situação que esta passando, e apresentar dificuldades em relação o que esta lhe acontecendo. É responsabilidade do profissional favorecer uma atmosfera de confiança para a pessoa. 9.2. ASSEGURA A CONFIDENCIALIDADE O profissional deve assegurar a confidencialidade das informações que estão sendo relatadas a ele, evitando que se ponha em situação de maior risco a pessoa idosa em situação de violência. Dentro do possível, realizar a entrevista em lugar que favoreça o sigilo. 9.3. RESPEITAR AS DECISÕES DAS PESSOAS IDOSAS Infelizmente, muitas pessoas idosas que estão em situações de violência escolham continuar na situação, devido a laços afetivos que ela tem com o agressor. Esta situação pode resultar em frustação para os profissionais e um sentimento de impotência. Apesar da escolha da pessoa idosa não ser a mais apropriada, cabe ao profissional continuar mostrando seu apoio, para que a pessoa idosa não precise necessariamente continuar nessa situação, estando disposto a ajudá-la. 27 10. INTERVENÇÕES O tema da violência contra a pessoa idosa comporta uma complexidade muito grande, a começar pelo recente reconhecimento do fenômeno pela sociedade. Para facilitar a compreensão dos diversos fatores que envolvem a violência contra a pessoa idosa, chamamos a atenção para os seguintes princípios orientadores: - Toda pessoa idosa, até que se prove o contrario, é competente para tomar decisões sobre sua vida. É preciso respeitar o principio da autonomia, condição inerente ao ser humano e que deve percorrer a existência. Envelhecimento não é sinônimo da perda de autonomia. Entretanto, sabemos que a presença da violência pode promover o medo e inibir a capacidade de decisão da pessoa idosa. Deve-se garantir a decisão da pessoa idosa nas intervenções. - Em alguns casos, a avaliação profissional, a partir da situação apresentada, poderá nos levar a conclusão de que existe a violência contra a pessoa idosa, mas a própria pessoa idosa, não tem a percepção de que ela esteja acontecendo. Essas situações exigem do profissional maior cuidado e prudência. - Prevenção deve ser a palavra chave. A melhor forma de prevenir é oferecer recursos eficientes e adequados para as pessoas idosas, famílias, instituições e profissionais que superem a precariedade e a falta de sensibilidade. É preciso investir numa cultura que ofereça atitudes positivas na sociedade sobre a velhice e envelhecimento. - Diversos estudos apontam que a violência contra a pessoa idosa em muitas vezes passa despercebida por profissionais. Para a detecção da violência é indispensável a prontidão e atenção para identificar aos sinais de alerta. - Quando houver a suspeita da ocorrência de violência à pessoa idosa, lembrar que a suspeita, por si só não é a prova da existência da violência. Não podemos dar aos indícios identificados a natureza de prova. É preciso investigar para se chegar à confirmação da violência. 28 - O diagnóstico e intervenção na violência à pessoa idosa requer a participação de diversas categorias profissionais, bem como diversos serviços e instituições. Torna-se imprescindível para evitar que se provoquem incômodos ou danos a pessoa idosa que já está passando por situações difíceis e constrangedores. - Para a abordagem da violência à pessoa idosa deve-se partir de uma ética baseada no respeito e na consideração ao ser humano. A atuação profissional exige compromisso e responsabilidade para analisar os princípios morais envolvidos e também nas consequências das decisões tomadas. 29 CONCLUSÃO É preocupante descobrir que ainda nos dias de hoje convivemos com muitos casos de maus tratos. O estatuto social do Idoso está fragilizado com as marcas sobre a velhice que ameaçam transformar o idoso num ser descartável. O próprio idoso, por pressão sente-se muitas vezes ultrapassado, acha que já teve sua época e que agora não serve para mais nada. A negação social do direito a existência é uma das mais graves formas de violência e é realizada pelo próprio idoso em relação a si mesmo e pela sociedade. Algumas pessoas acreditam que providenciar tratamento e medicações adequadas é suficiente para preservar a saúde e o bem estar de seus familiares mais velhos. Mas providenciar tratamento e medicação não basta. É preciso fazer mais e melhor! Não adianta tentar aliviar a consciência dando o melhor tratamento médico, quando se nega um carinho, uma visita, ou um telefonema. O acompanhamento, a estimulação, o amor e a atenção, oferecem ao idoso a oportunidade de ser útil a si mesmo e aos outros. O problema da violência contra o idoso é um problema de todos nós e não só dos idosos. No decorrer deste estudo o grupo concluiu a necessidade de divulgar panfletos com orientações aos idosos de como se proteger de possíveis abusos familiares e negligencia em geral. Esses panfletos serão distribuídos nas visitas domiciliares e locais de acesso ao público (PSF, biblioteca, mercado...), com o objetivo de educar as famílias e os cuidadores, como proteger a pessoa idosa. 30 MENSAGEM Como Profissionais as Saúde, temos enorme responsabilidade na prevenção, diagnóstico e tratamento da violência contra as pessoas idosas. Que os sonhos se transformem em conquistas. Sonhos de uma velhice plena, com direito à vida, à paz, a diversidade, à inclusão social, à cidadania, à boa qualidade de vida e à boa qualidade de morte. É preciso levar dignidade aos dias finais. 31 REFERÊNCIAS S2 41ca São Paulo (cidade) Secretaria da Saúde. Violência Domestica contra a Pessoa Idosa: orientações gerais. Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Política de Saúde-CODDEPS. São Paulo: SMS, 2007. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa/ Ministério da Saúde, Secretaria de atenção à saúde, Departamento de Atenção Básica-Brasília: Ministério da Saúde, 2006. SOUZA, A. S. et. al. Fatores de Risco de maus-tratos ao idoso na relação idoso/cuidador em convivência intrafamiliar. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.7, n.2, 2004. UnATi. Textos sobre envelhecimento. www.estspptmsenteridade/ferrenoalves.ppsmentedepentdente=08/04/2011. Pt.scribd.com/doc/7284811/violência-idoso-dependente.-03/05/2011. Web grafia. Portal do envelhecimento. -10/06/2011. http://www.portaldoenvelhecimento.net; - 17/11/2011. Estatuto do Idoso. Lei nº. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Brasília, 2003.