0
UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA
MARIA DAS GRAÇAS DANTAS BEZERRA
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
COMO FATOR ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL:
Um Olhar Sobre as Ações de Internacionalização Desenvolvidas em Instituições de
Ensino Superior do Rio Grande do Norte na Visão dos seus Representantes.
NATAL
2012
1
MARIA DAS GRAÇAS DANTAS BEZERRA
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
COMO FATOR ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL:
Um Olhar Sobre as Ações de Internacionalização Desenvolvidas em Instituições de
Ensino Superior do Rio Grande do Norte na Visão dos seus Representantes.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em
Administração da Universidade Potiguar, como
requisito parcial ao título de Mestre em
Administração na linha de pesquisa Estratégia e
Competitividade.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone.
Co-Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Whebber
Souza de Oliveira.
NATAL
2012
2
Catalogação da Publicação elaborada pelo Bibliotecário
Raimundo Muniz de Oliveira / CRB15 429
Bezerra, Maria das Graças Dantas.
O processo de internacionalização da educação como fator estratégico de
desenvolvimento institucional: um olhar sobre as ações de internacionalização
desenvolvidas em instituições de ensino superior do Rio Grande do Norte na visão
dos seus representantes / Maria das Graças Dantas Bezerra. Natal, RN, 2012.
120 f.
Orientador: Rodrigo José Guerra Leone.
Co-Orientadora: Patrícia Whebber Souza de Oliveira.
Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) Universidade Potiguar.
Programa de Pós-Graduação em Administração. Área de concentração: Gestão
Estratégica de Negócios.
1. Internacionalização da Educação - Dissertação. 2. Ações de Internacionalização
- Dissertação. 3. Estratégias de Internacionalização - Dissertação. 4. Ensino Superior
- Dissertação. I. Leone, Rodrigo José Guerra. II.Título.
RN
CDU 378-045.32
3
MARIA DAS GRAÇAS DANTAS BEZERRA
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
COMO FATOR ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL:
Um Olhar Sobre as Ações de Internacionalização Desenvolvidas em Instituições de
Ensino Superior do Rio Grande do Norte na Visão dos seus Representantes.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em
Administração da Universidade Potiguar, como
requisito parcial ao título de Mestre em
Administração na linha de pesquisa Estratégia e
Competitividade.
Aprovada em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone
Orientador
Universidade Potiguar – UnP
_____________________________________________
Profª. Drª. Patrícia Whebber Souza de Oliveira
Co-Orientadora
Universidade Potiguar – UnP
_____________________________________________
Prof.ª Drª. Fernanda Fernandes Gurgel
Membro Examinador Interno
Universidade Potiguar – UnP
_____________________________________________
Profª. Drª. Jomária Mata de Lima Alloufa
Membro Examinador Externo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a todos os pesquisadores
que contribuem com estudos relevantes para a
sociedade, pelo empenho para tornar o mundo
cada vez melhor.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, em especial aos meus pais Francisco e Iracilda, ao meu
marido Gustavo e à minha filha Raissa, pela compreensão acerca das ausências dedicadas aos
momentos necessários ao desenvolvimento deste estudo.
Agradeço aos amigos e amigas, em particular à Silvia S¢rensen e Socorro Nascimento,
aos colegas do curso e aos demais professores do Mestrado Profissional em Administração da
UNP pelas contribuições.
Agradeço aos orientadores, Professor Rodrigo Leone e Professora Patrícia Whebber
pela confiança e apoio dedicados.
Agradeço às instituições pesquisadas e aos entrevistados pela disponibilidade e
fornecimento dos dados.
Agradeço aos revisores Alexandre Medeiros, Raimundo Muniz e Pedro George Dantas
pelos serviços prestados.
Agradeço também àqueles que dificultaram, em algum momento, a realização da
pesquisa, por terem contribuído nos impulsionando involuntariamente para a transposição de
barreiras, reforçando-nos a ideia de que as dificuldades existem para serem superadas.
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para o desenvolvimento desta
dissertação, a minha mais profunda gratidão.
6
“É preciso trabalhar no sentido de um civismo
planetário, de uma emergência da sociedade
civil mundial, de uma ampliação das Nações
Unidas”.
Edgar Morin.
“A nossa verdadeira nacionalidade é a
humanidade”.
H. G. Wells.
7
RESUMO
O termo internacionalização da educação está cada vez mais presente no meio acadêmico.
Nas últimas décadas, com o advento da globalização, tem-se percebido a ampliação de ações
e iniciativas de internacionalização no âmbito das instituições de ensino superior. O objetivo
do estudo consiste em investigar o processo de internacionalização como fator estratégico de
desenvolvimento institucional, evidenciando as ações de internacionalização desenvolvidas
em instituições de ensino superior do Rio Grande do Norte. O método da pesquisa se
desenvolve numa abordagem qualitativa, de natureza descritiva quanto aos objetivos,
utilizando os procedimentos de pesquisa de campo por meio de levantamento censitário e
pesquisa documental. O estudo se fundamenta principalmente na concepção teórica de Knight
(1994; 1999; 2004; 2005). Para atingir os objetivos do estudo, buscou-se identificar as ações
de internacionalização desenvolvidas, as estratégias adotadas, os benefícios, os riscos, os
fatores favoráveis e os fatores restritivos ao processo de internacionalização; e, por fim, com
base nos indicadores apresentados, se comparou como esse processo ocorre nas instituições
estudadas. Para a análise dos dados, utilizou-se a metodologia de análise de conteúdo. A
análise dos resultados revelou que, das nove instituições pesquisadas, apenas uma concebe a
internacionalização como fator estratégico de desenvolvimento institucional, pois inclui este
tema em sua missão como política institucional e apresenta estratégias que conduzem a um
processo bastante avançado rumo à institucionalização da internacionalização. Como
conclusão, pôde-se constatar que a maioria das instituições de ensino superior do Rio Grande
do Norte não concebe as ações de internacionalização como fator estratégico de
desenvolvimento institucional pelo fato de a internacionalização não estar incluída como
política institucional, desenvolvida por meio de estratégias sistematizadas de forma planejada,
integrada, conectada e sustentável na cultura organizacional, enquanto parte de todos os
âmbitos da instituição. As principais contribuições deste estudo consistem em divulgar as
ações de internacionalização desenvolvidas em instituições de ensino superior do Rio Grande
do Norte e proporcionar reflexões que possam influenciar futuras decisões estratégicas das
instituições quanto à operacionalização dessas ações.
Palavras-chave: Internacionalização da Educação. Ações de Internacionalização. Estratégias
de Internacionalização. Ensino Superior.
8
ABSTRACT
The term internationalization of education is increasingly present in academia.In recent
decades, with the advent of globalization, has perceived the expansion of actions and
initiatives in the field of internationalization of higher education institutions. The objective of
the study is to investigate the internationalization process as a strategic factor of institutional
development, becoming evident the actions developed in internationalization of higher
education institutions of Rio Grande do Norte. The research method is developed in a
qualitative, descriptive regarding the objectives, using the procedures of field research
through census survey and documentary research. The study is based primarily on the
theoretical concept of Knight (1994; 1999; 2004; 2005). To achieve the aims of the study were
identified the actions of internationalization developed, the strategies adopted, the benefits,
the risks, the favorable factors and restricted factors to the internationalization process, and
finally, based on the indicators presented, was compared how this process occurs in the
institutions studied. For data analysis, we used the methodology of content analysis. The
results revealed that of the nine institutions surveyed, only one conceives internationalization
as a strategic factor of institutional development, because includes this theme in its mission as
institutional policy and presents strategies that leads to a process well advanced towards
institutionalization of internationalization. In conclusion, it was verified that most of the
institutions of higher education in the Rio Grande do Norte do not conceive the actions of
internationalization as a strategic factor of development because of internationalization is not
included as an institutional policy, developed through systematic strategies in a planned,
integrated, connected to and sustainable organizational culture, as part of all areas of the
institution. The main contributions of this study are publicize the internationalization actions
developed in higher education institutions of Rio Grande do Norte and provide reflections that
may influence future strategic decisions in the institutions regarding the operationalization of
these actions.
Keywords:
Internationalization
of
Education.
Internationalization Strategies. Higher Education.
Internationalization
Actions.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Razões Emergentes para a Internacionalização.................................................
41
Quadro 2 - Abordagens para Internacionalização............................................................
43
Figura 1 – Ações de Internacionalização............................................................................
47
Quadro 3 - Principais Elementos de Políticas e Estratégias de Internacionalização..........
53
Figura 2 – Estratégias Programáticas e Organizacionais.....................................................
56
Figura 3 - Círculo da Internacionalização: versão modificada por Knight........................
58
Quadro 4 - Proposta de Sistema de Gestão da Internacionalização e de Cooperação
Institucional......................................................................................................................
60
Figura 4 - Fluxograma Explicativo sobre as Etapas da Pesquisa.....................................
63
Quadro 5 - Classificação das IES do RN baseadas no IGC (MEC - 2010).........................
65
Quadro 6 - Relação dos Entrevistados.................................................................................
66
Quadro 7 - Alinhamento dos Objetivos com as Categorias e Questões da Pesquisa...........
70
Quadro 8 – Ações de Parcerias Internacionais e Ações de Ensino nas em IES do RN.......
82
Quadro 9 – Estratégias de Internacionalização Apresentadas em IES do RN.................
89
Quadro 10 - Categorias de Análise do Processo de Internacionalização em IES do RN....
91
Quadro 11 - Benefícios e Riscos da Internacionalização.................................................... 103
Quadro 12 - Fatores Favoráveis e Restritivos à Internacionalização................................
105
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAI – Assessoria de Assuntos Internacionais
AGCS-Acordo Geral de Comércio de Serviços
ALC – América Latina e caribe
ARCU-SUL – Acreditação Regional de Cursos Universitários do Mercosul
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CCINT – Comissão de Cooperação Internacional
CMES – Conferência Mundial de Educação Superior
CNI - Confederação Nacional da Indústria
CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONAES - Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior
CPA – Comissão Própria de Avaliação
EEES – Espaço Europeu de Ensino Superior
EEI - Espaço Europeu de Investigação
ENADE - Exame Nacional de Desempenho Discente
FAUBAI – Fórum de Assessorias de Universidades Brasileiras para Assuntos
Internacionais
GATS – General Agreement of Trade and services
IAU – International Association of Universities
IES – Instituição de Ensino Superior
IGC – Índice Geral de Cursos
IESALC – Instituto internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IQRP - Internationalization Quality Review Process
LIU - Laureate International Universities
MARCA – Programa de Mobilidade Acadêmica Regional de Cursos Acreditados
MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MEC - Ministério da Educação
MESALC - Mapa da Educação Superior na América Latina e no Caribe
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMC – Organização Mundial do Comércio
11
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
PISA – Programa Internacional para Avaliação dos Estudantes
PLI – Programa de Licenciaturas Internacionais
PPI – Plano Político Institucional
PPP – Projeto Político Pedagógico
PROUNI – Programa Universidade para Todos
REUNI – Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades
RN – Rio Grande do Norte
SEM – Setor Educacional do Mercosul
SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
SRI – Secretaria de Relações Internacionais
UE – União Européia
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNIBRASIL - Faculdades Integradas do Brasil
UNIVERSIA – Rede Ibero-americana de Cooperação Universitária
USP – Universidade de São Paulo
WTO - World Trade Organization
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................
14
1.1 PROBLEMÁTICA...................................................................................................
15
1.2OBJETIVOS..............................................................................................................
16
1.2.1 Objetivo Geral......................................................................................................
16
1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................................
16
1.3JUSTIFICATIVA.......................................................................................................
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................
20
2.1 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM UMA
PERSPECTIVA HISTÓRICA.........................................................................................
20
2.1.1 Desenvolvimento Institucional...............................................................................
29
2.1.2 Educação Pública e Educação Privada..............................................................
32
2.2 A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR......................................
36
2.2.1
Definições,
Conceitos,
Motivações,
Razões
e
Abordagens
de
Internacionalização.......................................................................................................
40
2.2.2 Ações de Internacionalização...............................................................................
45
2.2.3 Estratégias de Internacionalização......................................................................
51
2.2.4 Indicadores de Internacionalização.....................................................................
57
3 METODOLOGIA......................................................................................................
63
3.1 TIPO DA PESQUISA ...............................................................................................
64
3.2 UNIVERSO/POPULAÇÃO........................................................................................
64
3.3 COLETA DE DADOS.............................................................................................
66
3.3.1 Categorias de Análise............................................................................................
67
3.3.2 Instrumento..........................................................................................................
72
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS.................................................................................
72
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.........................................
75
4.1 APRESENTAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PESQUISADAS....................................
75
4.1.1 Instituição de Ensino Superior A (IES A)............................................................
76
4.1.2 Instituição de Ensino Superior B (IES B).............................................................
76
4.1.3 Instituição de Ensino Superior C (IES C)............................................................
76
4.1.4 Instituição de Ensino Superior D (IES D).............................................................
77
13
4.1.5 Instituição de Ensino Superior E (IES E).............................................................
77
4.1.6 Instituição de Ensino Superior F (IES F)..............................................................
78
4.1.7 Instituição de Ensino Superior G (IES G)............................................................
78
4.1.8 Instituição de Ensino Superior H (IES H)............................................................
78
4.1.9 Instituição de Ensino Superior I (IES I)...............................................................
79
4.2 AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN......................................
79
4.3 ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN........................
82
4.4 INDICADORES DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN........................
90
4.5 BENEFÍCIOS E RISCOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO NA PERCEPÇÃO
DOS ENTREVISTADOS.................................................................................................
101
4.6 FATORES FAVORÁVEIS E RESTRITIVOS À INTERNACIONALIZAÇÃO NA
PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS........................................................................
104
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
107
REFERÊNCIAS.............................................................................................................
110
APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA..............................................................
120
14
1 INTRODUÇÃO
Internacionalização da educação é uma expressão relativamente nova e significa um
processo de desenvolvimento e de implementação de políticas e programas para integrar as
dimensões internacional e intercultural nas missões, nos propósitos e nas funções de
instituições universitárias. Por meio da internacionalização tende-se a formalizar os benefícios
da cooperação internacional para a comunidade universitária em geral (GARCÍA, 2009).
O referido tema vem ocupando gradativamente espaço no meio acadêmico nos últimos
anos. Mesmo que a expressão “internacionalização” seja considerada como nova, estudos
realizados por Morosini (2006) revelam que não se trata de um fenômeno recente, mas de
uma marca das relações entre as universidades que, devido sua natureza de produtora de
conhecimento, sempre utilizam como norma a internacionalização da função da pesquisa
apoiada na autonomia do pesquisador.
As mudanças ocorridas na ordem econômica mundial a partir dos anos 90 do século
XX atingem inevitavelmente o meio acadêmico. São exigidas adaptações com o intuito desta
se adequar às novas circunstâncias, de modo que toda a sociedade acaba sofrendo os impactos
da globalização, inclusive a educação. Nesse sentido, Gacel-Ávila (2003) reforça a concepção
de que a internacionalização é a forma como os países respondem aos impactos do fenômeno
da globalização enquanto resposta proativa das universidades, no intuito destas se adaptarem a
um mundo globalizado.
O mercado de trabalho passa, então, a exigir pessoas extremamente capacitadas, com
conhecimento de outros idiomas e com maior sensibilidade e tolerância às diferentes culturas
existentes no mundo.
Assim, o nível de conhecimento e experiências, bem como o
desenvolvimento de habilidades e competências, passa a ser condição básica para que um
profissional possa se inserir, nos dias atuais, competitivamente no mercado de trabalho global.
Nesse contexto, de crescente processo de integração cultural, a internacionalização da
educação se apresenta como fenômeno bastante presente no mundo contemporâneo. Estudar
no exterior representa importante fator de aperfeiçoamento na formação acadêmica e as
instituições de Ensino Superior esforçam-se para se adaptar gradativamente a esta dinâmica.
Em estudo realizado por Correia Lima e Betioli Contel (2008), verifica-se que, entre
as instituições de ensino superior brasileiras, poucas dispõem de uma política de
internacionalização formalizada, capaz de atingir coletivamente o conjunto da instituição.
Segundo os autores, isso acontece devido às iniciativas desse processo sempre estarem no
15
âmbito dos programas de pós-graduação stricto sensu, o que os leva à conclusão de que
ampliar a internacionalização para o conjunto da instituição ainda representa enorme desafio
para a maioria, principalmente em um momento marcado pela redução de recursos, tanto
internos (públicos) quanto externos (agências internacionais e organismos multilaterais).
O presente estudo toma por base preceitos de Knight (1994, 1999, 2004, 2005), que
conceitua a internacionalização em nível nacional, setorial e institucional, como o processo de
integração da dimensão internacional, intercultural e global, objetivando desenvolver funções
ou ofertas de educação superior (KNIGHT, 2005). Portanto, considera-se este um conceito
amplo, que abrange todos os níveis e aborda as relações entre os mesmos. Ressalta-se que o
foco desta pesquisa se concentra no âmbito institucional, de modo a se delimitar o nível de
internacionalização que se pretende estudar.
Knight (2004) desenvolve um modelo de internacionalização com estrutura de ciclo
contínuo de aprimoramento e avaliação, no qual identifica as etapas do processo no intuito de
integrar a dimensão internacional na cultura e no sistema universitário. Observa-se que o
processo de internacionalização não é recente, no entanto ainda é considerado reduzido o
número de pesquisas sobre o tema, principalmente no tocante à internacionalização das
universidades brasileiras.
Este estudo aborda o processo de internacionalização como fator estratégico de
desenvolvimento institucional, evidenciando as ações de internacionalização desenvolvidas
em instituições de ensino superior (IES) do Rio Grande do Norte (RN) na visão dos seus
representantes. A pesquisa se desenvolve numa abordagem qualitativa, de natureza descritiva
quanto aos objetivos, utilizando os procedimentos de pesquisa de campo por meio de
levantamento censitário e pesquisa documental.
1.1 PROBLEMÁTICA
As IES apresentam ações de internacionalização nas mais diversas atividades
desenvolvidas, seja na área de ensino, de pesquisa ou de extensão. Entre elas, destaca-se a
mobilidade estudantil, que ocorre quando o aluno ingressa em instituições no exterior, por
meio de intercâmbio, para desenvolver nelas atividades acadêmicas por determinado período
em outra instituição. Essa é uma atividade que envolve grande número de participantes a
cada semestre, tanto de estudantes que vão cursar componentes curriculares nos mais diversos
países, quanto de estudantes estrangeiros que vêm cursar disciplinas em instituições
brasileiras.
16
A internacionalização das instituições de ensino superior, por meio das diferentes
formas de cooperação, tem sido considerada como via de acesso à melhoria da qualidade do
ensino, da pesquisa e da extensão que, unidas, criam condições para o desenvolvimento de
países e o incremento da qualidade de vida das populações. Algumas IES têm demonstrado
um maior interesse pela gestão estratégica da internacionalização, organizando estruturas de
aperfeiçoamento de ações nessa área, no sentido de aplicar metas e desenvolvê-las com o
objetivo de obter resultados futuros.
Atualmente as IES do RN apresentam várias ações de internacionalização divulgadas
em seus websites institucionais, entretanto não há conhecimento que essas ações fazem parte
de uma estrutura capaz de atender satisfatoriamente toda a demanda necessária, ou mesmo se
essas organizações consideram essa perspectiva ou não. Falta um maior conhecimento acerca
da existência de estratégias e investimentos no campo da internacionalização nessas
instituições.
O processo de internacionalização pressupõe cooperação em todas as suas formas:
cooperação científica, tecnológica e acadêmica; e em seus diferentes níveis: graduação e pósgraduação. Para tanto, cresce a importância dos profissionais com visão estratégica, capazes
de analisar a realidade, mobilizar recursos e buscar soluções e caminhos, utilizando métodos
adequados para cada situação e realizando monitoramento e avaliação do processo de forma
eficiente e flexível. Diante do quadro apresentado, esta pesquisa busca responder à seguinte
questão: as ações de internacionalização de IES do RN são concebidas como fator estratégico
de desenvolvimento institucional?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
 Verificar se as ações de internacionalização desenvolvidas em instituições de ensino
superior (IES) do Rio Grande do Norte (RN) são consideradas como fator estratégico
de desenvolvimento institucional.
1.2.2 Objetivos Específicos
 Identificar as ações de internacionalização desenvolvidas em IES do RN;
 Identificar as estratégias de internacionalização adotadas por IES do RN;
17
 Comparar a internacionalização em IES do RN;
 Descrever benefícios e riscos que a internacionalização pode proporcionar a
instituições de ensino superior;
 Relacionar fatores favoráveis e fatores restritivos ao processo de internacionalização.
1.3 JUSTIFICATIVA
O acelerado processo de globalização, percebido principalmente nas últimas décadas,
significa um forte motivo que impulsiona as instituições de ensino superior a buscarem um
novo espaço, com níveis de internacionalização cada vez mais elevados. A internacionalização
passa a ser, em determinadas situações, uma questão de sobrevivência, ou seja, quando é
necessário internacionalizar para poder competir em níveis de igualdade com as melhores
instituições de ensino superior, nacionais e estrangeiras. Dessa forma, torna-se cada vez mais
importante que as universidades estejam preparadas para discutir e oferecer soluções para os
novos desafios.
Para Van der Wende (1999), a internacionalização é o resultado de uma política que
visa integrar elementos internacionais ao ensino, pesquisa e extensão, introduzindo a
cooperação, o intercâmbio e um currículo internacionalizado no ensino superior, além da
bilateralidade da cooperação e da mobilidade, e de iniciativas multilaterais. Essas iniciativas
se fundamentam nos acordos entre países, respeitando as bases de seus sistemas de educação e
a soberania nacional. Espera-se, geralmente, que tais elementos, uma vez inseridos por este
tipo de internacionalização, contribuam para a qualidade e para a competitividade do seu
sistema, influenciando, assim, os seus resultados, em diferentes níveis. Os sistemas de
garantia de qualidade e procedimentos geralmente não incluem ou não tratam adequadamente
esses elementos, tornando-se, desse modo, incompletos ou insuficientes.
Segundo Teles (2005), pensar num Brasil maior e soberano é dotar suas universidades
de uma dimensão internacional e possibilitar-lhes o intercâmbio de conhecimento e
experiências, de forma a propiciar um crescimento qualitativo da graduação, pós-graduação e
pesquisa, respeitando-se inequivocamente as diversidades culturais.
No pensamento da autora, as ações de cooperação internacional que garantam o
intercâmbio de conhecimentos e de experiências e que propiciem o diálogo cultural e
intelectual devem ser desenvolvidas de maneira planejada, de acordo com uma política de
internacionalização em sintonia com interesses das universidades e do país.
18
Na concepção dessa autora, a internacionalização de ações por parte das instituições
de ensino superior está cada vez mais presente nos dias atuais. Percebe-se que as
universidades buscam constantemente verificar os seus níveis de qualidade, incluindo isto
como uma de suas metas. Procuram se estruturar no sentido de institucionalizar a
internacionalização, ou seja, de desenvolver ações de cunho internacional de forma
considerada sustentável. De acordo com essa perspectiva, para que determinada IES seja
vista por todos os países do mundo, é necessário se intensificar estratégias que, direta ou
indiretamente, envolvam a questão da internacionalidade com ações planejadas e
sistematizadas, em consonância com as políticas institucionais.
Procura-se, portanto, obter uma visão mais aprofundada acerca do processo de
internacionalização em nove IES do RN e possibilitar a divulgação de experiências que
possam ser úteis para o processo de internacionalização dessas e das demais instituições de
ensino superior. Este estudo pretende analisar e compreender a dimensão internacional na
política institucional, bem como a dinâmica dessas relações nas próprias instituições.
Com os dados desta pesquisa, buscar-se-á analisar as ações de internacionalização
desenvolvidas em IES do RN e a relevância que a sistematização dessas ações apresenta para
o desenvolvimento institucional. Buscar-se-á verificar se essas instituições adotam uma
abordagem de internacionalização que leve em conta o planejamento estratégico, as ações
desenvolvidas no âmbito internacional, bem como os benefícios e os riscos que a
internacionalização pode proporcionar a instituições de ensino superior, relacionando os
fatores que favorecem e os que restringem o processo de internacionalização.
Pretende-se que o resultado deste estudo possa provocar uma reflexão no âmbito das
instituições que, mesmo não atingindo o patamar de internacionalização, buscam fortalecer as
suas parcerias e a sua inserção no cenário internacional. Que seu resultado possa contribuir
significativamente para a divulgação e a ampliação do conhecimento acerca do processo de
internacionalização em IES do RN, e que fomentem novas reflexões e futuras decisões
estratégicas que possam auxiliar de modo significativo na operacionalização de ações de
internacionalização.
Do ponto de vista institucional, a pesquisa é importante porque os seus resultados
poderão colaborar com futuras decisões estratégicas das instituições. Além disso, representará
mais um meio de divulgação das suas ações de internacionalização.
Do ponto de vista prático, consistirá em base documental para outras pesquisas
referentes ao tema e para outras instituições que vivenciam o processo de internacionalização.
19
Do ponto de vista acadêmico, resultará na oportunidade de ampliar os conhecimentos
intelectuais da pesquisadora e dos demais sujeitos interessados no assunto.
Portanto, para que as estratégias de cooperação se materializem no seio das
universidades, é necessário discutir sua forma, suas condições de execução, suas dimensões e
seus investimentos. A internacionalização é, inquestionavelmente, um tema que está gerando
cada vez mais discussões nos meios acadêmicos, tendo em vista a sua relevância para a
tomada de novos rumos do ensino superior.
Considera-se a pesquisa viável por apresentar um custo razoável e por utilizar uma
pequena quantidade de sujeitos entrevistados, limitando-se a um número de nove
representantes de IES do RN.
Do ponto de vista didático, este trabalho se apresenta da seguinte forma: o primeiro
capítulo consta de introdução; contextualização do problema da pesquisa; apresentação do
objetivo geral e objetivos específicos; e na sequência, apresenta a justificativa que o motivou.
O segundo detalha o referencial teórico utilizado para atingir os objetivos propostos, no qual
são abordados o processo de internacionalização da educação em uma perspectiva histórica,
incluindo tópicos acerca do desenvolvimento institucional e da educação pública e educação
privada; e a internacionalização do ensino superior, com tópicos referentes a definições,
conceitos, motivações, razões e abordagens de internacionalização, ações, estratégias e
indicadores. O terceiro capítulo refere-se aos procedimentos metodológicos definidos para a
pesquisa, em que se explica o tipo, a área de abrangência e a forma de execução da mesma em
todas as suas etapas. O quarto capítulo consiste na análise e interpretação dos resultados, em
que são apresentadas as instituições pesquisadas, assim como analisadas as ações,
identificadas as estratégias, os indicadores, os benefícios e os riscos acarretados, os fatores
favoráveis e os fatores restritivos ao processo de internacionalização. O quinto e último
capítulo dessa pesquisa trata das considerações finais, nas quais se discorre sobre as
contribuições, as limitações e as recomendações para futuras pesquisas.
20
2 - RERENCIAL TEÓRICO
2.1 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM UMA
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O processo de internacionalização surge juntamente com a origem das próprias
universidades, no período medieval, por volta do século XII, com a presença de docentes
vindos de vários lugares do mundo para estudar nessas universidades. Desse modo, verifica-se
que a produção do conhecimento científico apresenta um forte caráter internacional, apesar
das pressões dos Estados pelo desenvolvimento nacionalista (KRAWCZYK, 2008).
No século XX ocorre a primeira reforma, em 1918, que trouxe para a universidade o
princípio da autonomia. É somente na metade do século XX que a universidade passa por um
processo de massificação devido ao aumento do ingresso das camadas médias no ensino
superior. O foco nas universidades ocorre devido a sua importância no fortalecimento das
economias nacionais e nos seus processos de desenvolvimento tecnológico e científico.
Entidades internacionais passam a se interessar pelo financiamento de pesquisas
(KRAWCZYK, 2008).
A partir de 1930, as atividades de pesquisa científica começam a ser
institucionalizadas enquanto parte inerente de atribuições universitárias. Entre as décadas de
1950 a 1980, o sistema universitário latino-americano passa por um intenso processo de
institucionalização e de expansão, no qual surgem agências de fomento à pesquisa, como a
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPQ
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) no Brasil. Nas décadas de
1980 e 1990, surgem novos mecanismos de controle e de qualidade contendo orientações
voltadas para o mercado econômico (KRAWCZYK, 2008).
No Brasil, desde o século XX, as universidades se preocupam com o desenvolvimento
de programas internacionais com o intuito de estabelecer projetos de pesquisa em conjunto,
objetivando fortalecerem-se. Este modelo de cooperação, que visa absorver conhecimentos
dos países do hemisfério norte, dominou as universidades brasileiras entre os anos de 1930 a
1960. Somente a partir deste ano é que são formalizados os primeiros acordos bilaterais entre
IES brasileiras e estrangeiras, com vistas à promoção da cooperação tecnológica e científica.
A partir de 1970 são estabelecidos programas nacionais destinados a apoiar as atividades de
21
pesquisa para estudantes de pós-graduação realizadas em outro país, principalmente projetos
de pesquisa em conjunto (LAUS e MOROSINI, 2005).
Krawczyk (2008) observa que as políticas de internacionalização das universidades se
encontram principalmente no campo da cooperação internacional de diferentes instituições
governamentais, de desenvolvimento de recursos humanos do ensino superior e de
desenvolvimento científico e tecnológico, que implantam inúmeros programas de cooperação
na área da internacionalização, inclusive aqueles que financiam parcerias universitárias e
projetos em conjunto de pesquisa entre o Brasil e o país cooperante ou países cooperantes.
Entretanto, a autora considera as políticas de cooperação internacional na América Latina
ainda muito insipiente no sentido de promover uma política efetiva de integração regional; e
conclui que a política de cooperação, de inserção, de integração regional e de condições de
competitividade do Brasil converge para alcançar objetivos econômicos e políticos que
proporcionem a inserção do país na nova ordem mundial.
Segundo Haddad (1995, p.18), a noção de políticas educacionais pode ser definida
como “uma decisão única ou um conjunto de decisões explícitas ou implícitas que podem
incluir orientações para guiar as decisões futuras, projetar ou atrasar ações ou orientar a
execução de decisões anteriores”. As políticas educacionais abrangem quatro componentes
principais, quais sejam, leis e regulamentações; recursos e orçamento; administração e gestão;
coordenação e articulação. Para Van Haecht (2008), o processo de internacionalização produz
tensões nas políticas nacionais de Educação, tornando difícil a articulação entre as exigências
(regionais ou locais) e os imperativos internacionais (globais). Além disso, a divisão de
responsabilidades entre os níveis nacional, regional e local se encontram em plena
reestruturação.
No tocante aos novos desafios, Akkari (2011) observa que, na última década, a
internacionalização das políticas educacionais resultou na disseminação de novos paradigmas
e conceitos, que supostamente dariam maior eficácia às políticas educacionais. Krawczyk
(2008) considera que as políticas universitárias dissipam-se em sua condução, imersa em um
modelo desenvolvimentista, adquirindo, por conseguinte, uma reorientação singular de
mercado, privilegiando interesses comerciais e estratégicos em detrimento de pesquisas
científicas não necessariamente aplicadas. Nesse aspecto,
A pesquisa básica de longo prazo perde legitimidade e fontes de financiamento, e as
universidades passam a buscar formas de colaboração com setores empresariais, ou
com setores governamentais orientados para resultados práticos concretos, como
forma de manter ativos seus departamentos de pesquisa, e dar conteúdo prático à
formação de seus alunos. A investigação acadêmica, portanto, também assume
22
características de ação econômica, tanto do ponto de vista dos conteúdos das
pesquisas, quanto dos tipos de acordos e contratos que se fazem entre as
universidades e as empresas ou agências governamentais (SCHWARTZMAN, 1996,
p. 4).
Nesse mesmo sentido, Krawczyk (2008) esclarece que as reformas universitárias
apresentam como características: uma nova regulação institucional; a inversão na lógica do
serviço educativo, que passa a ser orientado pela demanda social e pelo mercado; a
substituição, nas políticas universitárias, de um modelo de desenvolvimento econômico
nacional pelos interesses específicos do mercado. Este autor ressalta a crescente importância
da universidade no fortalecimento das economias nacionais e nos seus processos de
desenvolvimento tecnológico e científico.
Para Santos e Almeida Filho (2008), resistir ou ajustar-se à vertente corporativa do
internacionalismo acadêmico poderá se tornar o principal dilema enfrentado pelas
universidades brasileiras no século XXI. Eles consideram que, caso o Brasil não estruture um
novo sistema de educação universitária articulado com o mundo, ficará isolado em relação à
formação profissional, científica e cultural, de modo que poderá se tornar o único país com
algum grau de desenvolvimento industrial que ainda mantém um sistema educacional
universitário compatível com o século XIX.
A internacionalização do ensino superior no Brasil, do ponto de vista desses autores,
continua como uma forte tendência, mas ainda de forma latente devido, por um lado, ao
impedimento legal de estrangeiros ocuparem o controle de organizações educacionais; por
outro, ao fato de os sistemas de credenciamento e avaliação dos órgãos governamentais e de
fomento à pesquisa exercerem um importante papel de controle nesta questão. Por conta
disso, há fortes pressões para que o ensino superior seja incluído nos acordos comerciais
multilaterais no campo da Organização Mundial do Comércio (OMC), sendo esse processo
descrito como transnacionalização do mercado da educação superior (SANTOS E
ALMEIDA FILHO, 2008).
Teles (2005) alerta que, sem uma definição do país sobre esta questão, corre-se o risco
de acontecer uma internacionalização com os mesmos componentes maléficos presentes na
globalização econômica. Schriewer (2004), por sua vez, considera que a disseminação do
modelo mundialmente aceito de Educação escolar gera duas tendências distintas: uma
ideologia mundial acerca do desenvolvimento e da educação; e o desenvolvimento de uma
rede internacional de comunicação e publicações.
23
Akkari (2011) acrescenta que os modelos educacionais internacionais estão presentes
tanto em currículos cada vez mais padronizados, como na mobilidade acadêmica cada vez
maior e na expansão do ensino de línguas estrangeiras e das tecnologias da informação e
comunicação. Para o autor, existe uma forte tendência voltada para a uniformização dos
modelos educacionais. Ele justifica tal fato apontando a semelhança entre as políticas
adotadas por diferentes países, e a constatação dos crescentes estudos comparativos, como,
por exemplo, o PISA (Programa Internacional para Avaliação dos Estudantes), pertencente à
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Esse programa registra desempenhos e habilidades de alunos em parâmetro
internacional, incentivando, assim, a competitividade educacional e econômica internacional.
Ao se conceber a educação como um serviço, as suas orientações passam a ser de ordem
econômica, se distanciando da concepção histórica humanista da escola enquanto um direito
ou bem público. Dessa forma, as instituições vêm sendo pressionadas a atuar na preparação
do chamado trabalhador competitivo, de modo a torná-lo um agente da produção tecnológica,
da ciência aplicada, produzindo conhecimentos que se transformem em inovação, ou seja, em
fator de incremento do mercado (BERALDO; SILVA; VELOSO, 2007). É nessa perspectiva
que Ferreira (2010) concebe a inovação como elemento central e recorrente no discurso para a
produção do saber desenvolvido nas universidades.
Pesquisadores e administradores universitários são induzidos a participar de ambientes
competitivos para captação de recursos públicos e privados, direcionando seus projetos de
acordo com os interesses do mercado. Essa tendência produz acadêmicos que cultivam
perspectivas e comportamentos institucionais semelhantes ao empreendedor no mercado,
usando a lógica da competição capitalista para a obtenção de verbas externas para pesquisa,
investimentos institucionais, parcerias e outras formas de geração de recursos financeiros. Em
muitas instâncias esses acadêmicos são subsidiados por recursos públicos, com o objetivo de
gerar lucros pessoais e institucionais em um contexto de universidades com tradições públicas
não-lucrativas (SLAUGHTER; LESLIE, 2001).
Akkari (2011) observa uma crescente exigência de padrões educacionais e avaliações
nacionais e internacionais para a promoção da internacionalização das políticas educacionais.
A partir do final dos anos 80, percebe-se maior preocupação relacionada à melhoria das
performances dos sistemas educacionais. Para o referido autor, os países desenvolvidos estão
engajados em um movimento de profunda reestruturação de seus sistemas educacionais, na
busca pelo aumento da eficiência e da qualidade. Para ele, a elevação dos padrões se tornou
24
uma palavra de ordem lançada por governos conservadores, resultando na elevação das
exigências avaliativas das escolas e do desempenho das gestões.
Normand (2004) afirma que os modelos de eficiência pressupõem que a qualidade seja
medida por meio de técnicas modernas, que utilizam diversas variáveis juntamente com dados
coletados sob a forma de inputs e outputs.
Ferreira (2010) verifica que existe um processo
significativo de expansão e de diversificação nos sistemas de ensino superior de diversos
países e a implantação de mecanismos de avaliação, qualidade e prestação de contas; ou seja,
uma nova forma de governo e de gestão nas Instituições de Ensino Superior, bem como a
redefinição dos modelos de regulação dos Estados.
As características da educação estão intimamente imbricadas com o processo de
globalização e com as determinações oriundas de organismos internacionais
multilaterais. O Estado avaliativo adquire a conotação de avaliação em todos os
aspectos da realidade educacional e em todos os níveis do sistema. Entretanto, é no
sistema de ensino superior que se verifica o maior impacto. Isto porque, a
globalização considera como um dos principais valores o conhecimento e neste, o
advindo de patamares superiores, onde a busca de educação e certificação
continuada se faz presente. A universidade adquire um valor máximo e a concepção
de liberdade acadêmica, símbolo da intocabilidade do ensino superior passa a sofrer
impacto (MOROSINI, 2011, p.4).
Na concepção de Taubman (2009), a Educação contemporânea costuma aplicar
modelos de normas, avaliação e prestação de contas utilizadas em empresas. Ele ressalta que
os formadores dos professores se permitiram ser dominados pelos valores do neoliberalismo e
do corporativismo, de modo que aprender significaria assimilar normas, objetivos, testes e
números.
Para Lima et al. (2008), é possível que as agências de avaliação e seus respectivos
quadros de profissionais da qualidade venham a ser alvos das tensões entre os gestores e o
mundo acadêmico ao se descobrir, no futuro, a natureza política e reguladora da avaliação da
educação superior, bem como o debate epistemológico a que a sua ação não pode deixar de
ser submetida, designadamente por meio do exame acadêmico. Para estes autores, o
paradigma dominante de avaliação é baseado numa epistemologia positivista e justificado
pelo papel atribuído à avaliação em termos de regulação da educação superior.
No mundo globalizado, as organizações buscam constantemente avaliar o seu nível a
fim de obterem comparações de seus indicadores com os de outras organizações. Nas
instituições de ensino superior não ocorre diferente. As universidades fazem constantemente a
avaliação de seus indicadores, tais como o desempenho de estudantes, as produções
científicas, educativas e culturais, de modo a obter um referencial, ou seja, um nível de
25
performance reconhecido como padrão de excelência em relação a outras universidades.
Considera-se que um dos desafios dos gestores públicos atualmente é encontrar um padrão de
excelência para os principais indicadores da gestão. A crescente importância do conhecimento
e a valorização do capital intelectual dos indivíduos, a revolução da informação e dos meios
de comunicação, a responsabilidade na criação e na manutenção do entendimento entre os
povos e do espírito de solidariedade com os países menos desenvolvidos passam a ser
consideradas como questões permanentemente discutidas nos fóruns internacionais. Essas
questões foram claramente apresentadas na Conferência Mundial sobre Educação Superior,
realizada em Paris (UNESCO, 1998).
A UNESCO1 vem desenvolvendo estudos no âmbito da educação mundial. Essa
organização desenvolve suas análises em todos os níveis de ensino com diversas perspectivas,
tanto no âmbito governamental como no âmbito institucional. Para ela, é impossível que
tenhamos uma educação para o desenvolvimento sustentável sem que haja qualidade da
educação. As reformas na educação superior na década de 1990 tiveram como parâmetro
teórico o liberalismo ortodoxo do Banco Mundial. Entretanto, a partir das primeiras décadas
do século XXI, o processo de Bolonha passa a se constituir em ponto de referência (LIMA et
al., 2008).
Ferreira (2010) explica que é nesse contexto que se inicia, em 1999, o Processo de
Bolonha. Um movimento que surge de fora da universidade, sob o comando dos dirigentes
políticos da União Europeia (UE), que apresenta um novo desenho de regulação e de reforma
na educação superior desse bloco. A Declaração de Bolonha busca convergir o percurso nesse
nível de ensino, padronizando os sistemas nacionais conforme o sistema produtivo e
reduzindo a durabilidade dos cursos mediante a implantação de ciclos, enquanto modelo
gerencial de administração para as IES, para os sistemas de avaliação da qualidade e
credenciamento institucional, com a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior (EEES) e
do Espaço Europeu da Investigação (EEI).
O Processo de Bolonha, na interpretação de Ferreira (2010), tem como meta a
atratividade internacional de estudantes e pesquisadores tanto interna como externamente,
1
A UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, fundada em 1945, tem
como objetivo contribuir para a paz e a segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as
comunicações. É um organismo das Nações Unidas. Seu principal objetivo é reduzir o analfabetismo no mundo.
Para isso a UNESCO financia a formação de professores. A partir da década de 90 esta organização vem se
preocupando também com a educação superior e, em 1998, realizou a Conferencia Mundial de Educação
Superior – CMES. A II CMES foi realizada também em Paris (MOROSINI, 2010, p. 3).
26
assim como a adaptação da formação da graduação ao mercado de trabalho com o objetivo de
alavancar e tornar a Europa mais competitiva no mercado global.
Onzoño (2009) considera que o Processo de Bolonha representa a melhor
oportunidade para renovar e adaptar universidades europeias às novas necessidades da
sociedade. Ela afirma que se costuma dizer que "Bolonha" é o "Euro" no ensino superior, pelo
fato de as consequências dessa integração representar um progresso para a União Europeia,
considerando que a Europa pode se tornar alvo preferido de estudos acadêmicos dos demais
continentes.
Entretanto, Lima et al. (2008) interpretam o Processo de Bolonha como a produção de
uma política pública de um meta-Estado para um meta-campo universitário, constituindo-se
em uma política educacional supranacional, comum aos estados-membros da União Europeia,
com vistas à construção de um espaço europeu de educação superior. Para os referidos
autores, esse processo político é constituído por reformas institucionais, realizadas por
governos nacionais que conduzirão ao estabelecimento efetivo do novo sistema europeu de
educação superior proposto até o ano de 2010, incluindo atualmente 45 países – todos os da
UE e outros 18 países europeus não pertencentes a ela. Nesse sentido, por se tratar de um
grande número de subsistemas nacionais e de instituições educativas, atribui-se um grande
protagonismo às questões relativas à garantia de qualidade.
Esses autores analisam as recentes transformações na educação superior no Brasil e
esclarecem que o projeto da chamada “Universidade Nova” e o Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) constituem-se em
manifestações mais claras do reordenamento desse nível de ensino (seguindo os parâmetros
de Bolonha), e que já experimentara grandes transformações nos governos de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002), transformações essas que teve prosseguimento nos governos
de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006; 2007-2010), embora com distintos matizes.
Afirmam que é neste novo panorama que as universidades tendem a buscar a cooperação
internacional, por reconhecerem que esse é o caminho por meio do qual elas obterão o apoio
necessário para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão; e por buscarem nos
programas de cooperação internacional um incremento de competência no desenvolvimento
de sua missão social.
No Brasil, segundo Ferreira (2010) as políticas de cooperação científica e tecnológica
internacional se reenquadraram, a partir de 2001, em uma política de abertura a novos
mercados e para a construção da liderança brasileira no continente Latino-Americano. Na
América Latina, se intensifica a discussão em torno da ampliação do processo de integração
27
econômica e de competitividade no panorama global. Nesta perspectiva, a Declaração da
Conferência Regional de Educação Superior na América Latina e no Caribe considera que se
faz necessário enfrentar:
a) A renovação dos sistemas educativos da Região, com o objetivo de alcançar uma
melhor e maior compatibilidade entre programas, instituições, modalidades e
sistemas, integrando e articulando a diversidade cultural e institucional; b) a
articulação dos sistemas nacionais de informação sobre Educação Superior da região
para propiciar, mediante o Mapa da Educação Superior na ALC (MESALC) [...]; c)
o fortalecimento do processo de convergência dos sistemas de avaliação e
revalidação nacionais e sub-regionais, visando dispor de padrões e procedimentos
regionais de garantia de qualidade da Educação Superior e da pesquisa para projetar
sua função social e pública [...]; d) o mútuo reconhecimento de estudos, títulos e
diplomas, sobre a base de garantias de qualidade, assim como a formulação de
sistemas de créditos acadêmicos comuns aceitos em toda a região. Os acordos sobre
legibilidade, transparência e reconhecimento dos títulos e diplomas mostram-se
indispensáveis, assim como a valorização de habilidades e competências dos
graduados e a certificação de estudos parciais, igualmente deve ter continuidade o
processo de conhecimento recíproco dos sistemas nacionais de pós-graduação, com
ênfase na qualidade como um requisito para o reconhecimento de títulos e créditos
outorgados em cada um dos países da região; e) o fomento da mobilidade intraregional de estudantes, pesquisadores, professores e pessoal administrativo,
inclusive mediante a implementação de fundos específicos (IESALC, 2008 apud
FERREIRA, 2010, p. 77).
Concorda-se com Ferreira (2010) no tocante ao fato de que as metas indicadas pelo
IESALC2 têm semelhanças com o Processo de Bolonha, sendo este mais voltado para a União
Europeia, enquanto aquele tem seus objetivos voltados para a América Latina e Caribe.
Stallivieri e Monteiro (2005) consideram a importância do FAUBAI 3 ao afirmarem
que o referido fórum procura estimular e assessorar todas as instituições de ensino superior,
no desenvolvimento de setores ou de departamentos que deem conta da promoção e da
difusão das informações referentes às ações de cooperação internacional por meio da
promoção da diversidade e das potencialidades do sistema de educação superior brasileiro; da
promoção da cooperação interinstitucional; do intercâmbio acadêmico com instituições e
2
O Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (IESALC) é um organismo
da UNESCO dedicado à promoção da educação superior. Sua missão fundamental é contribuir para o
desenvolvimento e para a transformação da educação terciária, propondo um programa de trabalho que procure
constituir-se em instrumento para apoiar a gestão de mudança e as transformações, a fim de que a educação
superior da região seja promotora eficaz de uma cultura de paz que permita fazer viável, em uma era de
mundialização, o desenvolvimento humano sustentável baseado na justiça, na equidade, na liberdade, na
solidariedade, na democracia e no respeito dos direitos humanos (MOROSINI, 2010, p. 5).
3
FAUBAI, Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais, criado em 1988,
reúne 115 gestores ou responsáveis por assuntos internacionais e promove a integração e a capacitação dos
gestores da área - por meio de seminários, workshops e reuniões regionais e nacionais -, além de divulgar a
diversidade e as potencialidades das IES brasileiras junto às agências de fomento, representações diplomáticas,
organismos e programas internacionais (http://www.belta.org.br/faubai/br/faubai_estatuto.php).
28
organismos nacionais e estrangeiros; da qualificação do quadro de gestores no campo da
cooperação internacional; da organização de seminários, conferências, workshops, oficinas,
cursos, encontros regionais; de consultorias técnicas e acadêmicas e apoio informativo às
agências e organismos nacionais e estrangeiros; do repasse de informações, experiências e
conhecimentos técnicos e acadêmicos; e do gerenciamento de bancos de dados com
informações relevantes no campo da internacionalização da educação superior.
Stallivieri (2008), que já assumiu o posto de presidente do FAUBAI, no II Encontro de
Reitores Universia 4, afirma que a internacionalização não pode mais ser encarada como um
luxo, e sim como resposta ao fenômeno da globalização. Ela considera que, mesmo se as
universidades não agirem conscientemente, de maneira estratégica, pensando nisso como uma
ação estruturante, a internacionalização vai acontecer de qualquer maneira. A autora constata,
então, que, já que o processo de internacionalização tem de ser feito, que o seja de modo
positivo para a instituição. Estruturado com um plano de ações claro, com objetivos
específicos, selecionando universidades e parceiros com quem se quer colaborar. Definindo
prioridades voltadas para a graduação, para a pós-graduação e para os programas de extensão;
envolvendo-se professores em cursos no exterior; trazendo-se professores estrangeiros, entre
outras iniciativas.
Akkari (2011) acredita que a internacionalização arrisca transformar o papel do
Estado. Considera que o modo de regulação das políticas educacionais sobre o plano do
financiamento e da produção esteve, durante muito tempo, dependente do Estado, pautado em
um modelo hierárquico e burocrático. Julga ainda que as principais mudanças nas políticas
educacionais nas últimas décadas foram a descentralização e a privatização.
Este autor também concebe a ideia de que a internacionalização da educação ainda é
um tema pouco discutido na literatura científica. Ele reconhece que as organizações
internacionais, como o Banco Mundial e a UNESCO, têm exercido grande influência sobre as
políticas educacionais no Brasil e aponta o Banco Mundial como financiador de diversos
projetos voltados para a melhoria da qualidade da educação em diversos Estados, assim como
a UNESCO como desenvolvedora de projetos com ênfase nas classes sociais desfavorecidas e
na promoção da diversidade cultural.
4
UNIVERSIA - Rede de 1.216 universidades que representa 14 milhões de professores e estudantes
universitários. Está presente em 23 países de Ibero América (Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, Nicarágua, México,
Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela). É um projeto de
referência
internacional
em
Responsabilidade
Social
Corporativa
do
Banco
Santander
(http://institucional.universia.com.br/).
29
2.1.1 Desenvolvimento Institucional
Ao se abordar a questão do desenvolvimento institucional, deve-se considerar as várias
dimensões que cercam o conceito de qualidade, remetendo a uma busca de compreensão dos
elementos que envolvem a instituição e à percepção dos sujeitos sobre a organização da
mesma. Esses elementos estão relacionados aos aspectos envolvidos na compreensão e na
construção de uma instituição de qualidade.
Qualidade não é uma adjetivação que remete a um construto universal, mas são
propriedades que se encontram nos seres, nas ações ou nos objetos. Ao atribuir
qualidade a algo ou a um fenômeno, estamos explicitando um valor, assim como
quando dizemos que algo é belo ou adequado. Há, nessas expressões, uma
concepção anterior que assume uma condição valorativa e que está ligada ao plano
da moral e da condição política do homem. Essa perspectiva significa que a
qualidade é auto-referenciada; pressupõe um sujeito ou uma comunidade que aceita
determinados padrões como desejáveis. Para que se possa definir qualidade, é
preciso primeiro explicitar o sentido da ação e a dimensão sobre a qual se estabelece
sua intencionalidade... Quando a qualidade se expressa em processos, os produtos se
tornam relativos e a dimensão da qualidade exige outras formas de expressão,
especialmente as que conseguem transmitir o significado da ação, o sentido que ela
pode ter para alguém ou para um coletivo (CUNHA, 2010, p.1).
Para Dourado et al.(2007), as condições e os insumos para oferta de um ensino de
qualidade são fundamentais para a construção de uma escola considerada como boa,
sobretudo se estiverem articulados às dimensões organizativas e de gestão que valorizem os
sujeitos envolvidos no processo, os aspectos pedagógicos presentes no ato educativo e que,
ainda, contemplem as expectativas dos envolvidos com relação à aquisição dos saberes
escolares significativos e às diferentes possibilidades de trajetórias profissionais futuras.
Sobre o que significa ser uma instituição de ensino de boa qualidade, Dourado et
al.(2007) afirmam que é imensa a lista de elementos que podem ser considerados
indispensáveis à educação escolar eficaz, assim como são profundos e diversificados os
aspectos que podem levar a uma compreensão consistente da problemática, em razão da
multiplicidade de significados do que seja uma boa educação ou uma escola de qualidade.
Para isso, é importante considerar os aspectos envolvidos.
Os referidos autores afirmam que não apenas os fatores envolvidos e os insumos são
determinantes, mas que os trabalhadores em educação (juntamente com os alunos e os pais),
enquanto participantes ativos, também são de fundamental importância para a produção de
uma escola de qualidade ou que apresente resultados positivos em termos de aprendizagem.
30
Akkari (2011) afirma que, no final de 1980, intensificam-se as demandas por
melhorias de padrões dos sistemas educacionais. Ele diz que, na prática, os padrões consistem
em um conjunto de recomendações desenvolvidas e preconizadas por um grupo representativo
de usuários. Esses padrões representam os esforços para a garantia da qualidade e da melhoria
do trabalho desenvolvido na instituição; resultam, portanto, de uma necessidade de políticas
educacionais em nível internacional, buscando alcançar os resultados esperados.
Oliveira et al. (2006) atentam para o fato de que a avaliação de processos educacionais
emerge, desde a metade da década de 1980, enquanto tendência mundial, principalmente pela
exigência de imprimir qualidade à gestão de sistemas educacionais. Na década de 1990, a
avaliação institucional estendeu-se a diversos países em desenvolvimento, como forma de
complementar as reformas instauradas pela globalização, entre elas a descentralização das
funções do Estado.
Apesar de sua ampla disseminação como um dos itens nucleares da política
educacional, é preciso considerar que a avaliação institucional não pode ser realizada como
um fim em si. Portanto, uma proposta de avaliação não pode concluir suas atividades com a
divulgação dos seus resultados, considerando que não geram as transformações em direção a
uma melhoria da qualidade das atividades educacionais. Uma proposta coerente deve levar em
conta a construção de uma cultura avaliativa de caráter permanente e formativo, capaz de
oferecer subsídios para a tomada de decisões na perspectiva da qualidade. (OLIVEIRA et
al.,2006).
Para Oliveira et al. (2006), de acordo com uma perspectiva formativa e emancipatória,
a avaliação não cumpre apenas o papel de controle, regulação e mensuração da eficiência
institucional, mas apresenta-se como lógica indutora do desenvolvimento institucional. É
nesse sentido que a avaliação busca a melhoria da instituição e dos processos de gestão no seu
interior por meio da humanização do trabalho acadêmico. Desse modo, compete às IES e,
particularmente, às universidades, o desenvolvimento das funções indissociáveis de ensino,
pesquisa e extensão, sem submeterem-se a uma lógica de mercado.
Conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP,2011), a
Avaliação Institucional divide-se em duas modalidades: a autoavaliação, coordenada pela
Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição e orientada pelas diretrizes e pelo
roteiro da autoavaliação institucional da Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior
(CONAES); e a avaliação externa, realizada por comissões designadas pelo INEP.
A avaliação externa tem como referência os padrões de qualidade para a educação
superior expressos nos instrumentos de avaliação e nos relatórios de autoavaliações. O
31
processo de avaliação externa, independente de sua abordagem, é orientado por uma visão
multidimensional que busca integrar a natureza formativa e de regulação numa perspectiva de
globalidade. Em seu conjunto, os processos avaliativos devem constituir um sistema que
permita a integração das diversas dimensões da realidade avaliada, assegurando as coerências
conceitual, epistemológica e prática, bem como o alcance dos objetivos dos diversos
instrumentos e modalidades (INEP, 2011).
A Avaliação Institucional é um dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior [Sinaes] e está relacionada: à melhoria da qualidade da
educação superior; à orientação da expansão de sua oferta; ao aumento permanente
da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social; ao aprofundamento
dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior,
por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores
democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e
da identidade institucional (INEP, 2011).
No contexto das avaliações institucionais, o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES) se destaca como um amplo programa de autoavaliação das IES.
O SINAES, o Exame Nacional de Desempenho Discente (ENADE) e o programa de
verificação das condições de oferta de ensino abordam aspectos que giram em torno do
ensino, da pesquisa e da extensão, verificando a responsabilidade social, o desempenho dos
alunos, a gestão da instituição, o corpo docente, as instalações, entre outros aspectos. O
SINAES conta com uma série de etapas e instrumentos que se complementam. A intenção é
que os resultados das avaliações possam definir um panorama da qualidade dos cursos e de
instituições de educação superior no país (OLIVEIRA et al.,2006).
Os referidos autores acreditam que a avaliação deva servir ao propósito de contribuir
para a formulação de juízos equilibrados e para a tomada de decisões que refletirão
diretamente no aperfeiçoamento do processo de desenvolvimento das IES, o que significa
adotar um caminho metodológico que permita a geração de mudanças no processo de suas
construções e, ainda, na própria sistemática de avaliação institucional, tendo em vista a
qualidade do trabalho acadêmico e da gestão das IES. Portanto, para que os dados de uma
avaliação não se reduzam ao formalismo burocrático, mas que sejam realmente norteadores
para as ações de qualidade, faz-se necessário que as informações sistematizadas sejam
compartilhadas com a comunidade acadêmica. Isso significa que todas as instâncias
institucionais devem tomar conhecimento dos propósitos e das políticas, assim como das
bases teórico-metodológicas que norteiam as políticas e a sistemática da avaliação
(OLIVEIRA et al.,2006).
32
A relação entre os conceitos de qualidade e de internacionalização da educação
superior tem sido muito discutida. A melhoria da qualidade pode ser um objetivo importante
de internacionalização, mas o processo de internacionalização do ensino superior, por sua vez,
exerce pressão sobre os atuais sistemas de garantia de qualidade, que têm geralmente base
nacional e não enfrentam adequadamente a dimensão internacional do ensino superior.
Geralmente há pouca coordenação ou cooperação das organizações envolvidas na garantia da
qualidade do ensino superior com aqueles que promovem a internacionalização (VAN DER
WENDE, 1999).
Van der Wende (1999) constata que há poucas evidências sobre a relação entre a
internacionalização e o que realmente pode ser significativo para a qualidade da educação. O
referido pesquisador justifica que isso ocorre em parte porque há pouca pesquisa empírica;
além disso, geralmente há pouco acompanhamento sistemático da qualidade da
internacionalização e raramente existem sistemas que tratem adequadamente de garantia da
internacionalização. Portanto, é no ensino superior que a internacionalização continua a ser
avaliada, quase que exclusivamente por meio de sistemas de garantia de qualidade orientados
nacionalmente.
O referido autor conclui que os sistemas nacionais de avaliação do ensino superior em
geral dão pouca atenção à dimensão internacional, por várias razões: a estreita relação entre
ensino superior e o governo central; a importância do financiamento público para o ensino
superior; e a ênfase na responsabilidade pública como uma importante função dos sistemas de
garantia de qualidade. No entanto, esses fatores estão mudando rapidamente e criando tensões
entre internacionalização e garantia de qualidade.
2.1.2 Educação Pública e Educação Privada
Parte-se do pressuposto de que a lógica do ensino público diverge da lógica do ensino
privado, tanto em nível de objetivos, como em formas de regulação. No entanto, apesar dessas
significativas diferenças, as fronteiras entre esses dois tipos de ensino estão cada vez mais
indefinidas (AKKARI, 2011).
As relações sociais, sob a hegemonia das relações sociais capitalistas, podem ser
traduzidas neste início de milênio como resultantes das complexas e significativas mudanças,
visibilizadas pela expressiva revolução tecnológica, as quais têm engendrado alterações
significativas no processo produtivo. A nova fase de reestruturação capitalista é marcada por
33
políticas de centralização, de diferenciação e de diversificação institucional e, especialmente,
de privatização da esfera pública (DOURADO et al.,2002).
O Estado brasileiro, historicamente, é caracterizado como partidário dos interesses do
setor privado. A inserção do país na lógica neoliberal, enquanto coadjuvante no processo de
globalização em curso, entra em sintonia com as premissas de liberalização econômica,
desregulação financeira, alterações substantivas na legislação previdenciária e trabalhista e,
fundamentalmente, na intensificação dos processos de privatização da esfera pública. Isso tem
sido apresentado pelos setores dirigentes como um claro indicador de modernização do até
então estado patrimonial. A perspectiva neoliberal é, nesse contexto, ideologicamente
difundida apenas como reformulação da gestão do desenvolvimento capitalista (DOURADO
et al.,2002).
Segundo Cunha (2004), o Governo Vargas favoreceu o setor privado em expansão ao
estabelecer a imunidade fiscal para as instituições educacionais privadas, em todos os níveis, e
reconhecer a primeira universidade privada no país. No que diz respeito ao setor público do
ensino superior, a atuação foi predominantemente de caráter controlador. Ao mesmo tempo,
foi nesse período que se deu o processo de federalização de faculdades estaduais e privadas,
as quais foram reunidas em universidades.
Para esse autor, os governos militares, as universidades públicas receberam recursos
que permitiram a montagem do ensino de pós-graduação e a institucionalização da profissão
docente; os campi universitários foram edificados, com laboratórios e facilidades inéditas em
nosso país; novas universidades federais e estaduais foram criadas, e as antigas expandiram
suas atividades. Em contrapartida, as instituições privadas receberam incentivos que
contribuíram significativamente com sua expansão.
O processo de privatização do ensino superior, de acordo com Cunha (2004), foi
acelerado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) (1995/2002), quando
o número de instituições privadas aumentou consideravelmente. Tal crescimento deu-se com a
complacência governamental, mesmo diante da qualidade insuficiente do ensino ministrado
nas instituições privadas. Isso ocorreu com o benefício do credenciamento acadêmico e do
crédito financeiro. De um lado, as IES federais padeceram com falta de recursos para
continuarem a operar nos termos que antes faziam, gerando assim o sucateamento do setor
público do ensino superior; de outro, as IES privadas recebiam benefícios, como: o
financiamento das mensalidades cobradas aos estudantes e a linha de crédito exclusiva para
investimentos a juros subsidiados.
34
Para Rodrigues (2007, p. 120) “as atuais transformações da educação superior
brasileira são, em grande parte, determinadas pelos interesses do capital em converter a
educação superior em uma mercadoria”. O referido autor considera que para constituir uma
universidade inserida na dinâmica competitiva do padrão de acumulação do capital o
Ministério da Educação (MEC) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) concordaram
em implantar um “novo marco regulatório”, a partir do qual o sistema de educação superior –
notadamente o público – precisaria ser expandido. É nesse contexto que o “PROUNI” surge,
como um “compromisso social” das IES privadas, de modo que os empresários do ensino
afirmam ser os responsáveis pela “democratização do acesso à educação superior e de
inclusão social”,
Todos esses atores políticos reconhecem a necessidade de expansão da educação
superior, mas também estão de acordo que a ampliação de oferta de educação-mercadoria
ocorra com base em um modelo universitário fragmentado, tanto em forma como em
conteúdo. Isto foi plenamente atendido pelo anteprojeto de reforma da educação superior
proposto pelo Governo Lula da Silva, visando tornar o Brasil uma “Nação mais competitiva”.
Desse modo, burguesia industrial e governo entendem a educação superior e o conhecimento
como elementos fundamentais para o processo produtivo e, portanto, para transformação do
país numa economia competitiva (RODRIGUES, 2007, p. 134).
Há uma convergência geral entre os interesses dos empresários do ensino e dos
empresários industriais, que se materializam, mesmo que de forma conflituosa, nas ações do
Poder Executivo, considerando que ambas as formas do capital (mercantil educacional e
industrial) têm na relação social estabelecida entre homens e mercadoria a mediação para a
valorização do valor pela exploração do trabalho vivo (RODRIGUES, 2007, p. 135).
Cunha (2004) reconhece que o setor privado tem sua importância no campo do ensino
superior e que isso não pode ser simplesmente desconsiderado. Ele acredita que, mesmo com
a baixa qualidade do ensino ministrado apresentado nas avaliações, deve-se propor medidas
que possam produzir o aumento do desempenho; e considera que as instituições públicas, por
sua vez, não são homogêneas.
Segundo o autor, ao lado das instituições públicas que apresentam qualidade
equivalente ao que existe de melhor no plano internacional, há instituições que reproduzem o
caminho da improvisação das universidades mais antigas. O mesmo conclui que, tanto as IES
públicas quanto as IES privadas precisam se libertar dos muitos controles que atuam sobre
elas, sem que isso signifique a desestruturação do campo do ensino superior, acrescentando
35
que o surgimento de novas regras pode propiciar melhores condições de funcionamento do
ensino e da pesquisa, sem simulacros e sem clandestinidade.
No cenário atual, Silva Júnior e Sguissardi (2005), observam que as políticas públicas
passam, no Brasil e no exterior, por um processo de mercantilização ancorado na
privatização/mercantilização do espaço público e sob o impacto de teorias gerenciais próprias
das empresas capitalistas. Consideram que, na modernidade, a contradição público/privado é
intrínseca a toda esfera da atividade humana, de modo que a universidade deve organizar-se e
manter sua dinâmica interna e suas relações com a sociedade e com o Estado, relações estas
voltadas para o setor público e restringindo ao máximo o espaço dispensado ao setor privado.
Eles justificam que as políticas para a educação superior devem ser sempre políticas públicas
de Estado, não orientadas por objetivos focais ou que se ponham como formas de privatização
política e econômica.
Nesse aspecto, Mészáros apud Oliveira (2006, p. 1374) observa que a universalização
da educação é um tema muito frequente nos discursos reformistas da educação a partir dos
anos 1990 e questiona como se pode pensar em reformas educacionais numa realidade de
crescente desemprego e concentração de renda. O referido autor considera que as
determinações fundamentais do sistema do capital são irreformáveis, por isso a necessidade
de se pensar a educação para além do capital.
Mészáros (2007) enfatiza que as determinações abrangentes do capital afetam
profundamente cada domínio singular com algum peso na educação, não apenas as
instituições educacionais formais, sendo que, estas últimas, encontram-se estritamente
integradas na totalidade dos processos sociais. Desse modo, elas não podem funcionar
adequadamente, exceto se estiverem em sintonia com as determinações educacionais
abrangentes da sociedade como um todo. O referido autor considera que, uma das principais
funções da educação formal nas nossas sociedades é produzir consenso o quanto for capaz, a
partir dos limites institucionalizados e legalmente sancionados.
Portanto, não é surpreendente que, conforme a concepção marxista de transcendência
positiva da autoalienação do trabalho, a educação seja caracterizada como uma tarefa
inequivocamente educacional. A esse respeito, dois conceitos chave devem ser mantidos, o de
universalização da educação e o de universalização do trabalho. De fato, nem um dos dois é
viável sem o outro, nem, tampouco, é possível pensar na sua estreita inter-relação como um
problema para um futuro muito distante, considerando sua relevância para todos os níveis e
graus de desenvolvimento sócioeconômico (MÉSZÁROS, 2007).
36
2.2 A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
A seguir será apresentado um resumo de alguns estudos importantes realizados na área
da internacionalização.
Knight e De Wit (1999), em Quality and Internationalisation in Higher Education,
introduzem conceitos de internacionalização e abordam questões de garantia da qualidade do
ensino superior. Os autores apresentam uma visão geral do projeto de Revisão da Qualidade
do Processo de Internacionalização (IQRP) por meio de estudos de caso em seis países de
quatro continentes diferentes, e divulgam orientações acerca do projeto IQRP, além de
examinarem benefícios e problemas relacionados com a análise da qualidade da dimensão
internacional no contexto mais amplo de garantia de qualidade do ensino superior.
Eles constatam o reconhecimento de diferenças entre as IES. A diversidade passa a ser
considerada como fator-chave para a seleção final das instituições do estudo piloto, que
consta agora de nove instituições pertencentes a oito países em cinco continentes (Helsinki
University, na Finlândia; Bentley College, em Massachusetts, nos Estados Unidos;
Universidade Nacional do México, no México; Escola de Economia de Varsóvia, na Polónia;
Sains University, Penang, na Malásia; Universidade de Tartu, na Estónia; Moi University, no
Quênia; Royal Melbourne Institute of Technology e Monash University, Melbourne, na
Austrália).
Para esses pesquisadores, o IQRP é considerado como um excelente mecanismo de
avaliação e de melhora de qualidade da dimensão internacional de IES. Eles justificam que o
IQRP é bastante útil e eficaz em diferentes IES, de diferentes regiões do mundo. Consideram
o IQRP pertinente e adaptável a contextos educativos diferentes, podendo ser utilizado tanto
em diferentes contextos culturais, como também em instituições que se encontram em
diferentes fases da internacionalização.
Knight e De Wit (1999) neste estudo concluem que devam ser desenvolvidos novos
instrumentos de análise de qualidade; que os já existentes sejam adaptados e continuem sendo
aplicados na área da internacionalização; e que a dimensão internacional deva ser
oficialmente regularizada em todos os credenciamentos de programas e de auditorias ou de
avaliações institucionais.
Em nível institucional, Knight (2004) ressalta a importância da reputação internacional
ao relacionar razões emergentes para internacionalização, como a reputação e o perfil
institucional; a geração de receita; o desenvolvimento de estudantes e professores; as alianças
estratégicas; e a produção do conhecimento.
37
Reputação e visibilidade internacional ocorrem quando há reconhecimento do nome da
instituição por meio de alto padrão adquirido em nível internacional, possibilitando a atração
de estudantes e de professores internacionais para projetos de pesquisa de alta qualidade. A
geração de receita de uma IES pode ocorrer em atividades de internacionalização, ou mesmo
da comercialização e comoditização da educação oriunda da distribuição de programas
transfronteira5. O desenvolvimento de estudantes e de professores acontece com o aumento da
mobilidade, enfatizando as competências adquiridas por meio de iniciativas no âmbito da
internacionalização. As alianças estratégicas procuram facilitar o alcance de objetivos
culturais, tecnológicos, econômicos, científicos e acadêmicos das IES envolvidas, definindo
com clareza os propósitos e os resultados esperados. A produção do conhecimento está
intimamente relacionada à colaboração internacional e à interdisciplinaridade como resposta a
vários dilemas sociais (KNIGHT, 2004).
Em seu texto sobre a Universidade brasileira no contexto semi-periférico, constatam
uma nova forma de inserção dependente no mercado internacional. A
mercantilização dos bens imateriais – também chamada de “comoditização”
(commodification) – corresponde à privatização do conhecimento reforçada pelo
regime global de controle de sua circulação. Por sua vez, esse processo de
privatização consolida desigualdades internas e externas - na sociedade e entre os
países. Assim, os autores criticam o “ufanismo” (ou otimismo) quanto às
possibilidades de a economia brasileira inserir-se no mercado internacional
condicionado pelos conteúdos de conhecimento (GUERRINI e OLIVEIRA apud
BAUMGARTEN et al., 2012, p. 2).
Stallivieri (2004), em seu livro Estratégias de Internacionalização das Universidades
Brasileiras, estabelece reflexões sobre o processo de internacionalização pelo qual passam as
universidades no Brasil. Os resultados da sua obra indicam que a situação real deve avançar
para o ideal; que a instituição deve se dispor a enfrentar os desafios; e que a cooperação
internacional deve ser perseguida com vistas aos interesses econômicos e sociais comuns, na
busca por uma realidade mais justa e equilibrada para a população.
De Wit et al. (2005), em seu livro Educação Superior na América Latina: a dimensão
internacional, contribui para o avanço da causa de ensino superior internacional na América
Latina e introduz um modelo genérico de internacionalização do ensino superior, usado como
uma estrutura para analisar a dimensão internacional do ensino superior na América Latina e
em outras regiões. Eles comparam questões de internacionalização, tendências e
oportunidades no ensino superior em determinados países latino-americanos, no âmbito
5
Trans- mudança, deslocamento para além de ou através de. Fronteira – limite entre duas áreas, regiões, países,
etc.(HOUAISS, 2004).
38
institucional, nacional e regional. Estes autores abordam, ainda, elementos específicos do
processo de internacionalização, tais como a mobilidade, o currículo, os vínculos, as redes,
entre outros.
A referida pesquisa analisa a internacionalização em sete países (Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Cuba, México e Peru), que, juntos, representam cerca de noventa por cento
da população de língua espanhola e portuguesa da região, além de verificar os caminhos da
América Latina para transformar-se em centro de conhecimento mundial por meio do
desenvolvimento geral da educação superior, respeitando diferentes fatores, como planos de
estudo, redes educativas e mobilidade de professores e alunos, com ênfase nas oportunidades
que elevam o perfil desse bloco no cenário global. Tal pesquisa considera a Rede de
Cooperação como fator-chave e como meio para os governos da América Latina e suas
universidades estimularem o processo de internacionalização. A obra apresenta uma visão
profunda e holística para o conceito de internacionalização dentro de um ambiente
transformador, reafirmando a dimensão internacional do ensino superior como algo cada vez
mais importante e mais complexo.
Miura (2006) apresenta tese de doutorado, cujo tema é O Processo de
Internacionalização da USP: um estudo em três áreas do conhecimento. Nela, a pesquisadora
busca analisar o processo de internacionalização da USP, tomando por base o modelo de
internacionalização por meio de processos proposto por Knight (2004). Os resultados desse
estudo indicam que a USP apresenta internacionalização enraizada nas suas origens e tem
programas nos quais esse processo está efetivamente consolidado. Ela apresenta ainda
fragilidades e ameaças para um processo sustentável – como a ausência de um plano
estratégico, com ações isoladas e desconectadas entre si – e conclui que a USP se encontra em
fase de transição entre a abordagem de atividades para a abordagem de processos (KNIGHT,
2004).
Correia Lima e Betioli Contel (2008), por meio de publicação em revista, sob o título
Características Atuais das Políticas de Internacionalização das Instituições de Educação
Superior no Brasil, buscam compreender o sentido que as IES brasileiras imprimem à
internacionalização da educação. Os autores concluem que as IES brasileiras geralmente
associam a internacionalização da educação a programas de cooperação, utilizando o
princípio da internacionalização passiva; que poucas instituições dispõem de uma
internacionalização definida; que são predominantemente financiadas com aportes públicos
oriundos da pesquisa. Eles constatam ainda que, quem mais pressiona a criação de
39
mecanismos de internacionalização são os estudantes; e quem menos pressiona são os
pesquisadores.
Souza (2008), em sua dissertação de mestrado Mapeando os Caminhos da
Internacionalização de Instituições de Ensino Superior do Brasil, procura entender como
ocorre o processo de internacionalização de uma IES brasileira. Para tanto, identifica os
principais elementos que caracterizaram a forma como ocorreu a internacionalização nas IES
analisadas, destacando aspectos como a visão estratégica, os conceitos de organismos
multilaterais e a formação de competências organizacionais alinhadas com as IES, tanto
públicas como privadas; e verifica as formas de mobilidade em instituições e em programas
acadêmicos, além de examinar o aproveitamento de vantagens para as atividades
internacionais e a implementação de práticas de gestão da educação transnacional e
acadêmica.
Siegler (2009), em dissertação de mestrado cujo tema é O Processo de
Internacionalização das IES: um estudo de caso na Universidade Federal de Uberlândia –
UFU, analisa as ações de internacionalização promovidas pela UFU, considerando as
estratégias organizacionais e programáticas adotadas pela instituição.
Em suas conclusões consta que na UFU a internacionalização ainda é vista como uma
atividade isolada ou um conjunto de atividades; que o desenvolvimento e a institucionalização
de uma política de internacionalização na UFU são necessários; que a internacionalização
ainda é vista como um fim em si mesmo, pois se constatou ausência de intenção planejada de
integração nas atividades; e que a UFU apresenta pontos frágeis, como a falta de avaliação
sistemática dos efeitos da internacionalização na qualidade do ensino, pesquisa e extensão.
Seus resultados foram parecidos com os encontrados no processo de internacionalização da
USP (MIURA, 2006).
Akkari (2011), em seu livro Internacionalização das Políticas Educacionais:
Transformações e Desafios, propõe analisar criticamente as novas tendências das políticas
educacionais e evidenciar as transformações do papel do Estado, dos gestores educacionais e
dos professores. Ele faz uma análise contextualizada sobre a internacionalização das políticas
educacionais na América Latina e no Brasil.
O autor constata que a democratização progressiva no Brasil e na América Latina
possibilita um amplo debate sobre políticas educacionais, influenciado pelo cenário
internacional; que o nível de influência internacional nas políticas educacionais do Brasil é
que determina a velocidade e a extensão da descentralização. Reconhece ainda o fato de o
sistema de educação brasileiro até agora não apresentar condições para ser comparado ao de
40
países desenvolvidos da OCDE ou ao de alguns países emergentes, como também atesta que
as organizações internacionais, como o Banco Mundial, a UNESCO, entre outros, têm
exercido importante influência sobre as políticas educacionais no Brasil; e que o internacional
sempre combinará com os processos específicos nacionais que estruturam as políticas
educacionais brasileiras.
Na sequência do presente trabalho, verifica-se algumas definições, conceitos,
motivações, razões e abordagens acerca da internacionalização.
2.2.1 Definições, Conceitos, Motivações, Razões e Abordagens de Internacionalização
O termo internacionalização tem evoluído ao longo do tempo. A partir de 1980, ele é
definido em nível institucional como um conjunto de atividades. Para Arum e Van de Water
(1992. p.202), internacionalização significa “as múltiplas atividades, programas e serviços
que estão relacionados com estudos, intercâmbio educacional internacional e cooperação
técnica”. Na década de 1990, Knight (1994) lança uma abordagem mais voltada para o
sentido de processos e transmite a ideia de que a internacionalização deve ser desenvolvida de
forma integrada e sustentável na instituição. Partindo dessa orientação, a autora define
internacionalização como um processo no qual se integra uma dimensão nacional e
intercultural ao ensino, à pesquisa e às funções de serviço de uma instituição. Outros autores
complementam essa definição, como Van der Wende (1997 apud KNIGHT, 2005), que
considera limitada uma definição baseada apenas no nível institucional e sugere que a
internacionalização consiste em um fim, em si mesma. Este autor leva em conta, na sua
definição, que internacionalização significa qualquer esforço sistemático, sustentado e
dirigido em tornar o ensino superior responsivo às demandas e aos desafios relacionados à
globalização da sociedade, à economia e aos mercados de trabalhos (SOUZA, 2008).
Portanto, há definições que contemplam apenas o nível institucional; todavia há
aquelas mais abrangentes. Nesse aspecto, Soderqvist (2002 apud KNIGHT, 2005) pontua que
a internacionalização consiste em um processo de mudança de uma IES nacional em uma IES
internacional, conduzindo a inclusão de uma dimensão internacional em todos os aspectos de
sua administração holística, no sentido de melhorar a qualidade do ensino, da aprendizagem e
de alcançar as competências desejadas.
O autor defende que a internacionalização do ensino superior está relacionada ao
processo de mudança no mundo e sinaliza para uma concepção holística da gestão em âmbito
institucional (SOUZA, 2008).
41
Entretanto, Knight (2004) considera essa definição também limitada, pelo fato de
conceber a internacionalização como algo mais amplo que ensino, pesquisa e
desenvolvimento de competências. A autora leva em conta a importância da forma de se
definir internacionalização, de modo que seu uso indevido pode ocasionar novos
delineamentos para o ensino superior. É com essa preocupação que elabora uma nova
definição ao sugerir que a internacionalização em nível nacional, setorial e institucional seja
definida como o processo no qual se integra uma dimensão internacional, intercultural ou
global aos propósitos, funções e oferta de educação superior. Essa autora foca mais na
valorização dos níveis nacionais, setoriais e institucionais, refletindo os novos paradigmas de
uma sociedade em transformação, como razões, novos agentes e diversidade do ensino
superior (SOUZA, 2008).
O Quadro 1 ilustra as razões emergentes para a internacionalização. Em nível
nacional, consta de desenvolvimento de recursos humanos; alianças estratégicas; transações
comerciais; construção da nação e desenvolvimento social/cultural. Em nível institucional,
considera-se a reputação e o perfil internacional; a geração de receita; o desenvolvimento de
estudantes e de professores; as alianças estratégicas; e a produção do conhecimento.
Quadro 1 – Razões Emergentes para a Internacionalização
Nível Nacional
Nível Institucional
Desenvolvimento de recursos humanos
Alianças Estratégicas
Transações comerciais
Construção da Nação
Desenvolvimento social/cultural
Reputação e perfil internacional
Geração de receita
Desenvolvimento de estudantes e professores
Alianças estratégicas
Produção do conhecimento
Fonte: Knight (2004) apud Siegler (2009, p. 56).
Em termos nacionais, a necessidade de desenvolvimento de habilidades pessoais,
profissionais e de cidadania entre diversas culturas tem sido reconhecida como fator que
colabora com a melhora das relações entre elas. Por meio da mobilidade acadêmica são
desenvolvidas alianças estratégicas aliadas às iniciativas de ensino e pesquisa em conjunto,
consideradas como meio produtivo para o desenvolvimento de laços geopolíticos e
econômicos bilaterais ou regionais em busca de competitividade. Nos últimos anos têm-se
enfatizado aspectos comerciais relacionados à educação transfronteiras. Nesse sentido, o
GATS (General Agreement on Trade and Services) incorpora a educação como um dos seus
42
doze setores de serviços, demonstrando que a importação e a exportação de programas
educacionais vêm se tornando um negócio bastante lucrativo. Projetos de pesquisas
internacionais são considerados importantes para o desenvolvimento de nações carentes de
infraestruturas físicas e de recursos humanos e financeiros, que têm dificuldades em fornecer
educação de qualidade para seus cidadãos. O desenvolvimento social e cultural se relaciona
com a necessidade de compreensão intercultural e de promoção de identidade cultural
(SIEGLER, 2009).
Knight (2004, p. 28) reafirma ser “fundamental articular as motivações para a
internacionalização com as políticas, programas, estratégias e resultados, pois todos são
ligados e guiados por razões explícitas, e mesmo implícitas”.
Percebe-se que existem diferentes motivações e que elas interferem diretamente nas
políticas e nas ações determinadas nas IES. Siegler (2009) observa, no âmbito institucional,
que o reconhecimento da instituição em nível internacional pode proporcionar uma reputação
positiva que possibilite a atração de estudantes e de pesquisadores internacionais para projetos
de qualidade superior. Cresce dessa forma o interesse na educação baseada em resultados,
sendo assim necessário se identificar tipos de competências desenvolvidas por acadêmicos,
oriundos de iniciativas de internacionalização.
Muitas IES buscam, por meio de atividades de internacionalização, uma forma de
gerar receita alternativa. Nesse ponto, é preciso separar os propósitos das instituições públicas
dos propósitos das instituições privadas, uma vez que estas visam primeiramente lucros
financeiros e não se obrigam ao desenvolvimento prioritário do ensino e da pesquisa. As
alianças estratégicas, tanto em nível nacional como institucional, buscam facilitar o alcance
dos objetivos culturais, tecnológicos, econômicos, científicos e acadêmicos das IES
envolvidas. O aumento da interdependência entre as nações, assim como, o aumento da
demanda de questões internacionais talvez sejam as principais razões que têm incorporado a
dimensão internacional na pesquisa e na produção do conhecimento (SIEGLER, 2009).
Sobre essa questão, Correia Lima e Betioli Contel (2009) comentam que apenas
recentemente, com as limitações dos investimentos oriundos do setor público, o crescimento
da competitividade no mercado educacional e as necessidades impostas pelo próprio
conhecimento, o processo de internacionalização apresenta novas motivações e múltiplos
provedores. Eles afirmam que, nos últimos anos, quando o processo de globalização e a
massificação do acesso à informação já não permitem que as instituições educacionais
sobrevivam à margem do conhecimento produzido nos grandes centros acadêmicos, que esse
processo passou a ter vida própria e a impor-se em algumas instituições que começaram a
43
reagir e a criar seus próprios mecanismos de adequação; e percebem, neste contexto, que a
internacionalização da educação vem se afastando de desenhos pautados pela cooperação bi e
multilateral e se aproximando de propostas mais comerciais.
No Quadro 2, Knight (1999) apresenta uma relação de abordagens desenvolvidas com
a definição de internacionalização. No quadro a seguir são observados quatro tipos de
abordagens diferentes: abordagem na atividade; abordagem na competência; abordagem na
cultura; e abordagem nos processos.
Quadro 2 - Abordagens para Internacionalização
Tipo de abordagem
Descrição
Ênfase na atividade
Promove atividades utilizadas para descrever internacionalização, como:
currículo, intercâmbio de estudantes e professores, assistência técnica, entre outros
dessa natureza.
Ênfase na competência
Ênfase na cultura
Ênfase nos processos
Enfatiza o desenvolvimento de novas habilidades, conhecimentos, atitudes e
valores nos estudantes, professores e funcionários. Orientação para as demandas
do mercado de trabalho visando identificar nos sujeitos competências nacionais e
internacionais que contribuam com seus ambientes de trabalho locais e globais.
Enfatiza a criação de uma cultura ou clima organizacional de promoção e apoio às
iniciativas interculturais e internacionais.
Valoriza a integração ou inclusão da dimensão internacional ou intercultural nas
áreas de ensino, pesquisa e extensão através de um conjunto de procedimentos que
envolvem políticas e atividades, com o objetivo de garantir a sustentabilidade
dessa dimensão.
Fonte: Adaptado de Knight (1999) e Qiang (2003).
Knight (1999) lembra que essas quatro abordagens, mesmo que diferentes,
complementam-se e não se excluem entre si.
A abordagem com ênfase na atividade é caracterizada especificamente por atividades
ou programas, sendo considerada a que mais prevalece. A abordagem com ênfase na
competência se baseia nos resultados da educação, com destaque no elemento humano, em
que a qualidade é concebida em termos de conhecimentos, habilidades, interesses, valores e
atitudes dos alunos e na qual existe um grande interesse em identificar e mensurar as
competências. A abordagem com ênfase na cultura se relaciona mais às teorias do
desenvolvimento organizacional, uma vez que foca mais no clima ou cultura dentro de uma
organização, buscando apoiar princípios e metas com o intuito de explicitar mais a cultura da
instituição. A abordagem com ênfase no processo, por sua vez, destaca a integração da
dimensão internacional com a dimensão intercultural por meio de programas acadêmicos,
44
bem como de procedimentos orientados pelas políticas da instituição. Essa dimensão
apresenta uma preocupação em abordar a sustentabilidade da dimensão internacional, sendo a
ênfase colocada sobre os aspectos do programa juntamente com os elementos organizacionais,
como as políticas e os procedimentos (KNIGHT, 1999).
Para a referida autora, na abordagem de processo da internacionalização, a ênfase é
colocada sobre o conceito de reforçar e manter as dimensões internacionais da pesquisa,
ensino e serviços. A integração consiste na chave para o processo de internacionalização,
sendo as estratégias concentradas nas atividades acadêmicas, bem como nos fatores
organizacionais enquanto elementos fundamentais para alcançar uma integração bem sucedida
e sustentável da dimensão internacional.
Verifica-se na literatura o uso de termos variados, com sentidos similares ou distintos,
para se referir à internacionalização. O termo internacionalidade é considerado por De Wit
(2010) como status quo, enquanto a internacionalização é considerada como processo.
Internacionalização e globalização são termos distintos, mas relacionados entre si.
Akkari (2011) afirma que a globalização corresponde às importantes mudanças estruturais
ocorridas no mundo, principalmente a partir da segunda metade do século XX. O autor
reforça o pensamento de que a globalização é caracterizada pelo predomínio da economia de
mercado e acrescenta que esta é acompanhada de políticas para liberalização do comércio de
bens ou de serviços e também acompanhada da expansão migratória internacional. O referido
autor conceitua globalização sob uma perspectiva ampla, evocando a universalização dos
desafios nacionais em consonância com um mundo interdependente.
Alguns autores também fazem a diferença entre o termo globalização e o termo
mundialização. Chesnais (1997) diz que a globalização tem o caráter de um processo
puramente econômico, enquanto a mundialização se refere a fenômenos da sociedade, indo
além das motivações econômicas. Entretanto, a maior parte dos autores costuma usar os
referidos termos como sinônimo.
Berthelot (2006) define a globalização como uma consequência da ideologia
neoliberal, a qual postula que todas as sociedades devem ser regidas pelas regras do mercado
e analisadas apenas sob o prisma econômico, de modo que a liberalização do comércio
internacional é considerada acima dos outros objetivos políticos.
A diferença entre a internacionalização e a transnacionalização da educação é
claramente abordada por Dias Sobrinho (2007). Para ele, a primeira corresponde à cooperação
acadêmica, à solidariedade interinstitucional e à liberdade de pensamento, enquanto que a
45
segunda segue a lógica do mercado, da mercantilização da educação como um produto
negociável que se submete as regras do comércio e da concorrência.
Morosini (2011) considera que a transnacionalização universitária existe em
decorrência do processo de globalização e ressalta que o Estado tem um papel regulador que
influencia diretamente as políticas educacionais. A referida autora contextualiza a
internacionalização universitária e a faz de acordo com seu embasamento teórico.
Consolidação do Estado avaliativo/regulador/supervisor na educação, destacando
sua marca na educação superior, através de uma rede complexa e minuciosa de
políticas educacionais públicas formuladas pelo Estado e com a legitimidade da
comunidade; o acelerado processo de expansão da educação superior em quase todos
os países, principalmente no Brasil; e a possibilidade da classificação da educação
superior como serviço (GATS), direcionada pela OWT – Organização Mundial do
Comércio e com o predomínio de conceito isomórfico de qualidade (MOROSINI,
2011, p.5).
O próximo tópico aborda as ações de internacionalização e apresenta as principais
ações desenvolvidas em instituições de ensino superior.
2.2.2 Ações de Internacionalização
O processo de internacionalização das IES envolve certamente ações. Essas ações
tornam-se cada vez mais importantes, considerando que preparar cidadãos do futuro para um
mundo interligado e independente requer um sistema de educação superior cujo processo de
internacionalização permita o conhecimento direto e o respeito pela diversidade cultural,
promovendo, acima de todos os conceitos, o entendimento e o respeito pela multiplicidade de
valores e a tolerância entre os povos (MARCKOVITCH, 1994 apud SIEGLER, 2009).
O processo de internacionalização de uma IES pressupõe ações e metas planejadas
para todos os seus âmbitos de atuação. Pode-se, certamente, eleger alguns âmbitos como
prioritários, com ações mais imediatas, mas deve-se avançar como um todo, para que os
resultados sejam sentidos por todos os atores envolvidos (JUSTINO, 2009).
Justino (2009) considera que ter ações ou atividades internacionais é diferente de ter
uma política de internacionalização institucionalizada, enquanto parte integrante do
desenvolvimento estratégico da instituição, de modo que o processo de internacionalização
não se refere apenas à organização de ações internacionais (seminários, congressos,
programas de intercâmbio). Ou seja, ter programas de intercâmbio e ter estudantes
estrangeiros também não significa ser uma instituição internacional. As ações de
46
internacionalização devem ser desenvolvidas de forma planejada e de acordo com uma
política de internacionalização sintonizada com os interesses da instituição e os rumos do
país.
Para Knight (2004), é importante o fortalecimento e a consolidação de uma cultura de
internacionalização no interior das IES que envolva todos os seus segmentos: alunos,
docentes e técnicos administrativos. Portanto, a internacionalização deve ser incluída no plano
estratégico da organização, apresentando uma política definida para sua implantação, com
metas e prazos claros, conhecida por todas as partes interessadas e fazendo parte dos
documentos institucionais e mais importante, de suas diretrizes estratégicas (JUSTINO,
2009).
Knight (2005) observa que as ações de internacionalização na América Latina são
planejadas e efetivadas de forma marginal, no sentido de não estarem integradas ao núcleo das
políticas de desenvolvimento institucional. Constata, em seus estudos, que na maioria dos
casos as ações internacionais parecem responder a propostas que vêm de fora da instituição, e
conclui que as IES na América Latina não concebem a dimensão internacional como uma
estratégia transversal da política de desenvolvimento acadêmico, não se integrando
sistematicamente, por isso, às políticas de desenvolvimento institucional.
Gacel-Ávila et al. (2005) constata que, na América Latina, a ênfase se concentra mais
na ação de mobilidade e que existe uma incoerência nas estratégias dos programas
acadêmicos pelo fato de a internacionalização continuar existindo, em geral, de uma forma
marginal em todos os planos das instituições.
Apesar da concepção, negociação e implementação de projetos e programas de
pesquisa acadêmica ser de responsabilidade dos departamentos acadêmicos e do corpo
docente, é importante a presença de um setor específico de relações internacionais no sentido
de promover captação de recursos, seminários, formalização de cooperações internacionais e
facilitar intercâmbios (LAUS e MOROSINI, 2005). Para estas autoras, a existência de um
setor específico para lidar com as questões internacionais da instituição representa um papel
relevante na mesma.
Na Figura 1, observam-se algumas das principais ações de internacionalização
desenvolvidas em IES. Entre elas, destacam-se as parcerias internacionais caracterizadas
pelos acordos institucionais formalizados, programas de cooperação, pesquisa conjunta,
desenvolvimento tecnológico e mobilidade da comunidade universitária.
Existem ações
relacionadas ao ensino, que abrangem os aspectos relacionados ao desenvolvimento da
47
estrutura curricular com o conteúdo internacional, aprendizagem de línguas estrangeiras,
inserção do ensino em língua estrangeira, e treinamento intercultural (SIEGLER, 2009).
Parcerias
internacionais
*Acordos institucionais;
Ações relacionadas
ao ensino
*Currículo com conteúdo
internacional;
*Programas de cooperação;
*Aprendizagem de língua estrangeira;
*Pesquisa conjunta;
*Desenvolvimento tecnológico;
*Oferta de disciplinas em língua
estrangeira;
*Mobilidade.
*Treinamento intercultural.
Figura 1 - Ações de Internacionalização
Fonte: Siegler (2009, p. 71).
Siegler (2009) considera que é a formulação de estratégias e de políticas de
internacionalização a responsável pela estruturação das ações, ou seja, as reformas
curriculares, as pesquisas conjuntas, os acordos internacionais, o intercâmbio, entre outros,
são pontos cruciais que definirão um processo sustentável de internacionalização de
determinada instituição.
A seguir são definidas algumas ações relacionadas a parcerias internacionais.
Conforme o Decreto Federal 6.179/2007, Convênio é um ajuste que disciplina a transferência
de recursos financeiros de dotações consignadas nos orçamentos fiscais e da seguridade social
da União. Tem como partícipes de um lado, órgão da administração pública federal direta ou
indireta e, de outro lado, órgão da administração pública Estadual, Distrital ou Municipal
direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de
programas de governo, envolvendo a realização de projetos, de atividades, de serviços, de
aquisição de bens ou de eventos de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação
(OLIVEIRA, 2007).
Portanto, convênios consistem em acordos celebrados entre os órgãos públicos e
outras instituições, públicas ou privadas, para a realização de um objetivo comum, mediante
formação de parceria. Os convênios assinados pelo Poder Público preveem obrigações para
ambos os parceiros. Deveres esses que geralmente incluem repasse de recursos de um lado e,
48
do outro, aplicação dos recursos de acordo com o ajustado, bem como apresentação periódica
de prestação de contas (CAPES, 2011).
Percebe-se que convênio é um documento que expressa a assunção de obrigações por
todos os parceiros nele envolvidos, visando alcançar objetivos comuns, que resultam em
metas específicas a serem cumpridas por cada qual, segundo plano de trabalho definido. Não
importa se a abrangência do plano de trabalho é maior ou menor. O que importa é que haja a
definição clara do objeto e dos objetivos, de modo que se possa proceder ao adequado
acompanhamento da sua prestação de contas. O acordo de cooperação representa a expressão
genérica para designar um documento do qual decorrem obrigações para as partes sem,
contudo, especificar as cláusulas da mesma forma de um convênio (CCINT - USP, 2012).
Acordo de Cooperação Internacional é o instrumento pelo qual uma instituição
nacional interatua com uma IES estrangeira, no sentido de estabelecer bases de cooperação
mútuas, respeitando o princípio da reciprocidade e objetivando desenvolver ações de
intercâmbio, de estágio internacional, de pesquisa acadêmica, de mobilidade internacional, de
parceria na realização de eventos, entre outras. (WEBSITE SRI/UFRN, 2012).
Dentre os programas que incentivam a internacionalização, o Programa Ciência sem
Fronteiras destaca-se como um programa que busca promover a consolidação, a expansão e a
internacionalização da ciência e da tecnologia; da inovação e da competitividade brasileira
por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa faz parte de um esforço
conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da
Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento, o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e de Secretarias de Ensino Superior e de Ensino
Tecnológico do MEC. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para
promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no
exterior com o objetivo de manter contato com sistemas educacionais competitivos em
relação à tecnologia e à inovação. Além de buscar atrair pesquisadores do exterior que
queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas
prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de
empresas recebam treinamento especializado no exterior (WEBSITE DO PROGRAMA
CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS, 2012)
O Programa Mercosul foi criado a partir do projeto de apoio ao Programa de
Mobilidade Mercosul em Educação Superior. É um projeto do Setor Educacional do Mercosul
(SEM), conhecido como Mercosul Educacional, que surge a partir de um convênio de
49
financiamento entre o Mercosul e a União Européia, assinado em 16 de abril de 2008. A
gestão do projeto foi delegada ao Ministério de Educação e Cultura da República Oriental do
Uruguai que, por sua vez, delegou-a à Universidade da Republica (WEBSITE
UNIVERSITÁRIOS MERCOSUL, 2012).
O Programa de Mobilidade Acadêmica Regional em Cursos Acreditados (MARCA)
foi desenvolvido e implementado pelo Setor Educacional do Mercosul atendendo a duas
prioridades do planejamento estratégico do setor, a melhoria da qualidade acadêmica, por
meio de sistemas de avaliação e acreditação; e a mobilidade de estudantes, de docentes e de
pesquisadores entre instituições e países. Participam do programa os cursos de graduação
avaliados e aprovados pelo sistema de Acreditação Regional de Cursos Universitários do
Mercosul (ARCU-SUL) pertencentes a instituições dos quatro países membros (Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai) e dos países associados Bolívia e Chile. Os estudantes desses
cursos de graduação podem se candidatar a um intercâmbio de um semestre letivo em uma
instituição de outro país (WEBSITE MEC, 2012).
O Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) tem como objetivo elevar a
qualidade da graduação, tendo como prioridade a melhoria do ensino dos cursos de
licenciatura e a formação de professores por meio da ampliação e dinamização as ações
voltadas à formação inicial e implementação de novas diretrizes curriculares para a formação
de professores, com ênfase no ensino fundamental e no ensino médio. Serão selecionados
projetos de melhoria do ensino e da qualidade na formação inicial de professores nas áreas de
química, física, matemática, biologia, português, artes e educação física. Os estudantes de
cursos de licenciaturas de universidades brasileiras permanecem até vinte e quatro meses em
determinadas universidades de Portugal (WEBSITE CAPES, 2012).
O Programa Fulbright é composto por comissão para intercâmbio educacional entre os
Estados Unidos e o Brasil, sendo voltado especificamente para o ensino técnico
profissionalizante (WEBSITE FULBRIGHT/BRASIL, 2012).
As Redes de Cooperação também figuram como ações relacionadas a parcerias
internacionais, o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB) foi formalmente
constituído como associação de dirigentes universitários em 2008, na Universidade de
Coimbra. Sua missão é promover a integração interinstitucional e internacional, mediante
programas de mobilidade docente e discente, contribuindo para o processo de
internacionalização soberano da rede universitária nacional com suas contrapartes estrangeiras
(WEBSITE DO GRUPO COIMBRA, 2012).
50
O Intercâmbio consiste em um programa no qual o acadêmico participa por um
período de permanência de aproximadamente seis meses a um ano em uma instituição no
exterior, visando a sua formação acadêmica. Geralmente, realiza-se junto a outras
universidades por meio de acordos ou convênios bilaterais ou multilaterais, utilizando-se ou
não de agências de fomento. Pode acontecer na graduação e na pós-graduação e ser do tipo
bilateral ou multilateral. Os programas bilaterais são programas específicos entre duas
universidades, enquanto que os programas multilaterais são aqueles formalizados entre mais
de duas instituições (WEBSITE UNIBRASIL, 2012).
O Grupo Tordesilhas surge com a celebração do I Encontro de Reitores das
Universidades do Brasil, Espanha e Portugal, realizado no ano 2000, e que teve como
universidade anfitriã a Universidade de Valladolid, na cidade de Tordesilhas. Tem como
objetivo estabelecer vínculos acadêmicos, culturais e sócioeconômicos entre todos os seus
membros (WEBSITE DA UCS, 2012).
A Universia atua como um elemento de conexão entre empresas, instituições e
universidades. Fornece ferramentas, espaços e projetos que ajudam empresas e instituições
quanto a apresentação de produtos e de serviços de valor para a comunidade
universitária. Esta atividade faz parte de três vertentes: serviços de emprego, de formação e de
negócios (UNIVERSIA, 2012).
A Rede Laureate International Universities (LIU) apresenta como missão tornar a
educação superior de qualidade acessível e disponível para estudantes que buscam alcançar o
sucesso no mercado global. A educação profissional é orientada em uma perspectiva
internacional voltada a preparar os alunos em benefício do desenvolvimento das sociedades
(WEBSITE LAUREATE, 2012).
A criação de Institutos Internacionais contribui com cenários academicamente
estruturantes ao envolver a interação entre as grandes áreas do conhecimento e ao abrir
inúmeras possibilidades de atuações futuras (WEBSITE SRI/UFRN, 2012).
Quanto às ações relacionadas especificamente ao ensino, pode-se citar o Instituto de
Línguas, Literaturas e Culturas Modernas que oferece cursos de línguas estrangeiras aos
professores, técnico-administrativos e alunos, assim como cursos de língua portuguesa a
professores e estudantes estrangeiros. O Instituto atua em todas as atividades referentes ao
ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, buscando atender a necessidades específicas de
ensino, pesquisa e extensão (WEBSITE SRI/UFRN, 2012).
Os Programas de Duplo-Diploma possibilitam aos melhores alunos ingressarem em
um estabelecimento parceiro no exterior por um período determinado a fim de lá efetuarem
51
parte de seus estudos. À conclusão desse curso, os estudantes são diplomados pelas duas
instituições. Do ponto de vista dos estudantes, esses programas oferecem uma chance única
de enriquecer sua formação por um período de estudos no exterior. Além dos aspectos
acadêmicos e profissionais,
eles representam uma
aventura humana
e cultural
verdadeiramente enriquecedora. Para os estabelecimentos, a introdução de tal programa
corresponde a um desejo de oferecer uma formação de alto valor agregado aos seus alunos
(MOTTE et al., 2006).
A Co-Tutela de Tese é uma modalidade que permite ao estudante de doutorado
realizar sua tese sob a responsabilidade de dois orientadores, um na instituição de origem e,
um segundo orientador, na instituição de um país estrangeiro. Os dois orientadores exercem
sua competência conjuntamente em relação ao estudante, que deve permanecer nas duas
instituições por períodos equivalentes. A tese é defendida uma única vez, na instituição de
origem ou na outra instituição partícipe, conforme ficar definido no acordo e, são atribuídos
ao estudante, dois diplomas de doutorado referentes respectivamente a cada uma das
instituições participantes. É exigida, à priori, a assinatura de um acordo entre as instituições
envolvidas, específica para cada doutorando (WEBSITE SRI/UFRN, 2012).
O desenvolvimento de uma política de internacionalização eficaz passa pela
identificação do nível de internacionalização em que a instituição se encontra ou pela falta de
ações dessa natureza.
A quantidade e a qualidade das ações relacionadas à
internacionalização devem ser adequadas aos interesses e potencialidades de cada IES
(JUSTINO, 2009).
A internacionalização das IES, por meio das mais diversas formas de cooperação,
aponta em direção à melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa e dos serviços que, unidos,
criam as condições para o desenvolvimento dos países e da qualidade de vida de sua
população. O Próximo tópico apresenta a questão das estratégias de internacionalização,
destacando as estratégias programáticas e organizacionais.
2.2.3 Estratégias de Internacionalização
A expressão estratégias de internacionalização vai além da ideia de atividades
internacionais, de forma que esse termo faz referência tanto aos programas como às
iniciativas organizacionais em nível institucional (KNIGHT e De Wit, 1999). Miura (2006)
utiliza o termo “programa” para expressar o modo como a política pode ser traduzida em
ações. Políticas e programas em nível institucional são consideras por Knight (2004) aquelas
52
que abordam os aspectos específicos da internacionalização e/ou políticas que integram e
sustentam a dimensão internacional na missão principal e nas funções da instituição.
Esta autora entende por política institucional de internacionalização todas as
declarações direcionadas ou documentos de planejamento da instituição referentes às questões
que envolvem o referido tema, ou seja, considera as políticas caracterizadas como um
conjunto de objetivos que fundamentam o planejamento das ações a serem desenvolvidas na
instituição.
Knight (2004) considera a internacionalização da educação estratégia fundamental
para melhorar a qualidade do ensino, da aprendizagem e da pesquisa, com o objetivo de
atender as demandas e os desafios do século XXI. Apesar dessa constatação, observa ausência
de políticas explícitas voltadas para a internacionalização e constata que poucas instituições
formulam planos e definem políticas relacionadas ao processo de internacionalização,
considerando que a estratégia de internacionalização se expressa no
Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) e que poucos documentos descrevem totalmente a forma
como o processo de internacionalização se desenvolve na instituição, apontando as razões, as
prioridades, os objetivos, os programas, as regulamentações e os procedimentos de
planejamento e de avaliação da qualidade. Para ela, a execução do plano pressupõe o
acompanhamento deste, com o objetivo de avaliar o seu resultado e a sua eficiência dentro e
fora da instituição.
As políticas de internacionalização de IES existem tanto em nível nacional quanto
institucional. No âmbito institucional, as políticas incluem programas acadêmicos, pesquisas,
serviços comunitários, projetos interculturais, atividades extracurriculares, infraestrutura e
apoio acadêmico. Essas políticas são desenvolvidas com o intuito de criar vantagens
comparativas, de modo que as universidades nacionais possam competir globalmente
(KNIGHT, 2004).
Para a definição de estratégias, cada universidade deve procurar observar o princípio
de sua autonomia, definindo individualmente as suas necessidades de acordo com os objetivos
consensuais ao plano de metas da instituição. Para a autora, as estratégias geralmente emanam
dos níveis superiores por meio dos conselhos diretores, das reitorias e do corpo diretivo das
instituições, podendo ser centralizadas ou contar com a participação de outras instâncias
institucionais ou unidades acadêmicas, como os setores específicos para tratar de assuntos
internacionais, estruturalmente constituídos nas universidades (STALLIVIERI, 2002).
53
As estratégias, de acordo com De Wit (2002, p. 154), são “iniciativas adotadas pelas
IES para integrarem uma dimensão internacional à pesquisa, ao ensino e ao serviço da
educação superior, assim como nas políticas e sistemas de gerenciamento”.
O Quadro 3 apresenta alguns dos principais elementos de políticas e estratégias de
internacionalização. Trata-se do Relatório International Association of Universities - IAU
(2006), que relaciona essas ações com as posições geralmente adotadas pela instituição quanto
ao desenvolvimento de políticas e estratégias.
Quadro 3 - Principais Elementos de Políticas e Estratégias de Internacionalização
Elementos de Política/Estratégia de Internacionalização
Posição
Redes/acordos internacionais entre instituições
1
Oportunidades de mobilidade internacionais para estudantes
2
Colaboração em pesquisas internacionais
3
Oportunidade de mobilidade internacional para docentes ou equipe de apoio das IES
4
Professores e pesquisadores internacionais visitantes
5
Melhora da dimensão internacional e intercultural do currículo
6
Áreas de estudo, idiomas estrangeiros, cursos com ênfase em internacionalização
7
Desenvolvimento de projetos internacionais
8
Recrutamento de estudantes estrangeiros pagantes
9
Duplos diplomas
10
Recrutamento de pesquisadores internacionais
11
Atividades extra-curriculares internacionais e interculturais
12
Recrutamento de estudantes estrangeiros não-pagantes
13
Contato com comunidades baseados em grupos culturais internacionais
14
Educação à distância
15
Ampliação de programas internacionais extra-campus
16
Estabelecimento de novos campus em países estrangeiros
Fonte: IAU (2006) apud Siegler (2009, p. 65).
17
Knight (2004) classifica as estratégias em programáticas e organizacionais. As
estratégias programáticas consistem em: 1 - Programas acadêmicos (intercâmbio de
estudantes; estudo de idiomas estrangeiros; dimensão internacional do currículo; estudos
temáticos; trabalho e estudo no exterior; processo ensino-aprendizagem; programas de duplo
diploma; treinamento intercultural; mobilidade de professores e funcionários; professores e
54
palestrantes visitantes); 2 - Atividades relacionadas à pesquisa (áreas e centros temáticos;
projetos de pesquisa conjunta; conferências e seminários internacionais; artigos e trabalhos
publicados; acordos internacionais de pesquisa; programas de intercâmbio para pesquisa); 3 Relações exteriores (parcerias com grupos de organizações não-governamentais ou grupos do
setor público ou privado; serviço comunitário e projetos de trabalho intercultural; projetos de
assistência para o desenvolvimento internacional; divulgação de programas educacionais;
vínculos, parcerias e redes internacionais; treinamento e programas de pesquisa e serviços); 4
- Atividades extracurriculares (clubes e associações de estudantes; eventos internacionais e
interculturais; ligação entre grupos étnicos e culturais da comunidade; entre outros).
Quanto às estratégias organizacionais, a referida autora classifica como: 1 Governança (compromisso expresso por líderes; envolvimento ativo do corpo de
funcionários; razões e objetivos para a internacionalização bem articulados; reconhecimento
da dimensão internacional na missão; planejamento e documentos de política); 2 - Operações
(integradas ao planejamento, orçamento e sistemas de revisão de qualidade em nível
institucional e departamental; estruturas organizacionais apropriadas – sistemas formais e
informais para comunicação, ligação e coordenação; equilíbrio entre promoção centralizada e
descentralizada e gestão da internacionalização; apoio financeiro adequado e sistemas de
alocação de recursos); 3 - Serviços (apoio de unidades de serviços da instituição –
acomodação para estudantes, tecnologia de informação; envolvimento de unidades de apoio
acadêmico – biblioteca, ensino e aprendizado, desenvolvimento do currículo, treinamento de
funcionários; serviços de apoio estudantil para estudantes recebidos e enviados – programas
de orientação, conselheiros sobre vistos, treinamento); 4 - Recursos Humanos (processos de
seleção e recrutamento que reconheçam a experiência internacional; políticas de recompensa e
promoção para reforçar contribuições dos professores e funcionários; atividades de
desenvolvimento profissional dos professores e funcionários; apoio para trabalhos
internacionais e concessões de licenças para estudos).
Para Knight (2004), as estratégias organizacionais e programáticas são consideradas
base fundamental para o processo de internacionalização. Nesse sentido, Stallivieri (2004)
enfatiza que as IES que já desenvolvem o processo de internacionalização devem reforçá-lo, e
as que ainda não o têm, devem buscar acelerar esse processo, considerando que a ausência de
estratégia institucional, seja organizacional ou programática, pode significar um fator de
retardamento da aquisição de muitos resultados de desenvolvimento e projeção institucional
no cenário internacional.
55
As estratégias programáticas se referem à ações que permitem a internacionalização de
currículos, planos de estudo, mobilidade de estudantes, desenvolvimento de técnicos
administrativos, serviços de extensão e atividades extracurriculares. São as estratégias do
programa que indicam o nível de participação da instituição na realização de suas políticas de
internacionalização. As estratégias organizacionais, por sua vez, referem-se aos sistemas
administrativos, às políticas institucionais e aos demais sistemas que buscam integrar a
dimensão internacional, intercultural e global das principais funções da universidade (ensino,
pesquisa e extensão) na instituição; e refletem como a internacionalização é realizada pela
instituição, se os programas e projetos são realmente bem desenvolvidos (GACEL-ÁVILA et
al., 2005).
Siegler (2009) concorda com Knight (2004) quanto ao fato de as estratégias serem
compreendidas como iniciativas organizacionais e programáticas adotadas no nível
institucional, sendo assim uma abordagem planejada e integrada às mudanças que decorrem
do crescimento no aspecto comercial da internacionalização. Em sua concepção, cada IES
deve observar o princípio da sua autonomia e definir as suas necessidades de acordo com os
objetivos relacionados no plano da instituição.
A Figura 2 ilustra as principais estratégias programáticas e organizacionais
relacionadas pela autora, consideradas como suporte relevante para a internacionalização.
56
ESTRATÉGIAS PROGRAMÁTICAS
1 - Programas Acadêmicos:
*Intercâmbio de estudantes;
*Estudo de idiomas estrangeiros;
*Dimensão internacional do currículo;
*Estudos temáticos;
*Trabalho/estudo no exterior;
*Processo de ensino-aprendizagem;
*Programas de duplo diploma;
*Treinamento intercultural;
*Mobilidade professores /funcionários;
*Palestrantes e professores visitantes.
2 - Atividades relacionadas à Pesquisa:
*Área e centros temáticos;
*Projetos de pesquisa conjunta;
*Conferências e seminários internacionais;
*Artigos e trabalhos publicados;
*Acordos internacionais de pesquisa;
*Programas de intercâmbio para pesquisa
3-Relações Exteriores (domésticas e transnacionais):
-Plano Doméstico:
*Parcerias entre comunidade e organizações nãogovernamentais ou grupos do setor público-privado;
*Serviço comunitário e projetos de trabalho
intercultural.
-Plano Transnacional:
*Projetos de assistência para o desenvolvimento
internacional;
*Entrega de programas educacionais transnacionais
(comerciais e não-comerciais);
*Vínculos, parcerias internacionais e Redes;
*Treinamento baseado em contrato e programas de
pesquisa serviços;
*Programa alumini-abroad .
4 - Atividades Extracurriculares:
*Clubes e associações de estudantes;
*Eventos internacionais/interculturais (campus);
*Ligação entre grupos étnicos e culturais da
comunidade;
*Programas e grupos de apoio dos pares.
ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS
1 - Governança:
*Compromisso expresso por líderes;
*Envolvimento ativo do corpo de funcionários;
*Boa articulação entre razões e objetivos para a
internacionalização;
*Reconhecimento da dimensão internacional na
missão, planejamento e documentos da política
institucional.
2 - Operações:
*Operações integradas ao planejamento,
orçamento e sistemas de revisão de qualidade
em nível institucional e departamental;
*Estruturas organizacionais apropriadas sistemas formais e informais para
comunicação, ligação e coordenação;
*Equilíbrio entre promoção centralizada e
descentralizada e gestão da
internacionalização;
*Apoio financeiro adequado e sistemas de
alocação de recursos.
3 - Serviços:
*Apoio de unidades de serviços da instituição:
acomodação para estudantes, captação de
recursos, tecnologia de informação;
*Envolvimento de unidades de apoio
acadêmico: Biblioteca, ensino e
aprendizagem, desenvolvimento do currículo,
treinamento do corpo de funcionários;
*Serviços de apoio estudantil pra estudantes
recebidos e enviados: programas de
orientação, conselheiros, treinamento
transcultural, conselhos sobre vistos.
4 - Recursos Humanos:
*Processos de seleção e recrutamento que
reconheçam a experiência internacional;
*Políticas de recompensa e promoção para
reforçar contribuições de professores e
funcionários;
*Atividades de desenvolvimento profissional
de professores e funcionários;
*Apoio para trabalhos internacionais e
concessão de licenças para fins de estudo.
Figura 2 – Estratégias Programáticas e Organizacionais
Fonte: Knight (2004) apud Siegler (2009, p. 63-64).
57
O Próximo tópico focaliza a questão dos indicadores de internacionalização, bem
como as políticas institucionais voltadas para essa área.
2.2.4 Indicadores de Internacionalização
Uma das dificuldades encontradas no processo de pesquisa da Internacionalização do
Ensino Superior, indicadas por Siegler (2009), consiste na identificação de um modelo de
internacionalização que possa ser tomado como base para avaliar os processos em que se
encontram as IES.
Gacel-Ávila et al. (2005) acredita que o nível institucional apresenta padrões que
constituem a instituição, como a busca por padrão internacional e por melhoria de qualidade.
O desenvolvimento dos recursos humanos e as alianças estratégicas parecem ser um meio e
um fim, em relação a essas razões fundamentais. Em geral, as operações de geração de renda
e comerciais, que não sejam as coletadas com assistência técnica e subsídios, não são ainda
forças motrizes para a internacionalização em nível institucional. A referida autora levanta
alguns problemas que restringem o processo de internacionalização, como a conectividade, as
políticas nacionais, a discrepância entre pragmatismo e realidade; e o temor pela perda da
identidade cultural.
Knight (2004) apresenta um modelo de internacionalização, atualizado e adaptado,
denominado de círculo da internacionalização. Nesse modelo, a autora define diferentes
etapas do processo na tentativa de conectar a dimensão internacional na cultura e ao sistema
da organização. O modelo inclui uma cultura que encoraja a integração da internacionalização
e abrange as seguintes etapas: 1 – análise do contexto; 2 – consciência; 3 – comprometimento;
4 – planejamento; 5 – operacionalização; 6 – implementação; 7 – revisão; 8 – reforço; 9 –
efeito da integração. Esse modelo considera tanto o contexto interno como o externo,
favorecendo uma visão ampla do processo de internacionalização.
Miura (2006, p.71) afirma que tal modelo apresenta vantagem sobre os outros, pelo
fato de fornecer “uma visão geral do processo de internacionalização, considerando desde a
análise do contexto (interno e externo) da instituição, até os cuidados na implementação dos
programas e integração entre ensino, pesquisa e extensão”. Siegler (2009) complementa que
em todas as fases os aspectos institucionais e os aspectos específicos por departamentos foram
incluídos, assim como a integração entre eles.
58
A Figura 3 ilustra o modelo de internacionalização proposto por Knight (2004). Essa
autora não considera a internacionalização como um processo estático e isolado. Ao contrário,
considera-a desenvolvida em um ciclo permanente de avaliação e aprimoramento.
O modelo apresentado a seguir revela a integração e a conexão entre todas as etapas
do processo, enfatizando a importância da cultura organizacional da IES como algo arraigado
mentalmente nas pessoas que compõem a instituição.
8. REFORÇO
Desenvolver
iniciativas,
reconhecimento
e
recompensas para docentes
e
funcionários
e
participação de estudantes.
1. ANÁLISE DO
CONTEXTO
Analisar contexto externo e
interno (documentos das
políticas e declarações).
2. CONSCIÊNCIA
Necessidades, propósitos e
benefícios
de
internacionalização
p/
estudantes,
professores,
funcionários e sociedade.
7. REVISÃO
Avaliar e melhorar a
qualidade e impacto das
iniciativas e progresso da
estratégia.
9. EFEITO DE
INTEGRAÇÃO
Impactos no ensino, pesquisa e
extensão.
3.
COMPROMETIMENTO
Da
administração,
governos,
professores,
funcionários e estudantes.
6. IMPLEMENTAÇÃO
Implementação
de
programas e estratégias
organizacionais.
5. OPERAÇÃO
Atividades acadêmicas e
serviços,
fatores
organizacionais
e
princípios-guia.
4. PLANEJAMENTO
Identificar necessidades e
recursos, propósitos e
objetivos, prioridade e
estratégias.
Cultura que encoraja a integração da internacionalização
Figura 3 - Círculo da Internacionalização: versão modificada por Knight
Fonte: Knight (2004) apud Siegler (2009, p. 70).
59
Dentro
dessa
perspectiva,
Knight
(apud
Siegler,
2009)
desconsidera
a
internacionalização enquanto processo linear e concebe sua forma enquanto processo
contínuo. Ela desenvolve um modelo com estrutura de ciclo permanente de aprimoramento e
de avaliação, em que identifica as etapas do processo no intuito de integrar a dimensão
internacional à cultura e ao sistema universitário.
Esse modelo de internacionalização apresenta seis etapas: consciência de propósitos e
benefícios; comprometimento da alta administração, professores e estudantes; planejamento
das prioridades e estratégias; operacionalização das atividades e serviços; revisão para avaliar
a qualidade e os impactos do processo; reforço para incentivar e reconhecer a participação dos
atores da internacionalização.
Cada uma dessas etapas requer revisão antes de passar para a etapa seguinte. Além
disso, é fundamental que haja uma cultura organizacional que respalde integração das ações
de internacionalização.
Souza (2008) resume teoricamente o modelo de internacionalização de Knight (2004)
como um modelo que analisa o contexto da globalização e da internacionalização do ensino
superior, proporcionando vantagens específicas do país e da organização por meio da
consciência e do planejamento desenvolvidos em forma de atividades de mobilidade de
instituições,
mobilidade
de
programas
e
mobilidade
de
acadêmicos,
contendo
comprometimento, operação, implementação, revisão, reforço e efeito de integração.
Numa perspectiva de internacionalização institucional, Madera (2006, apud Morosini,
2010) expõe uma proposta de sistema de gestão da internacionalização e de cooperação
institucional, revelada no Quadro 4, onde apresenta um sistema composto por política de
internacionalização voltada para a IES.
O autor elabora uma estrutura organizacional voltada para a gestão da
internacionalização, com estratégias que contribuam para organizar, dirigir, monitorar e
avaliar as várias ações e iniciativas que interferem na dimensão internacional dos processos
universitários. Esse sistema expõe a importância de se implantar uma dimensão internacional
no âmbito da política institucional por meio da criação de uma estrutura organizacional
suficiente para atender as demandas necessárias, bem como a definição de estratégias
organizadas em nível de dimensões e em nível de linhas e ações.
60
Quadro 4 - Proposta de Sistema de Gestão da Internacionalização
e de Cooperação Institucional
I. Política
II. Estrutura
III. Estratégia
Política de Internacionalização da
Universidade estabelece princípios e
linhas gerais para a prática
universitária
na
dimensão
internacional e de cooperação. Os
principais indicadores são: Integrar a
dimensão internacional com a missão
institucional, assumida a liderança e
o compromisso por parte das
autoridades
universitárias;
Desenvolver
uma
cultura
internacional conforme um Comitê
de Internacionalização; Conceber
uma política institucional de
internacionalização; Desenvolver um
plano
estratégico
para
a
internacionalização;
Adicionar
programas internacionais com as
políticas
de
desenvolvimento;
Facilitar
a
coordenação
administrativa do processo de
internacionalização;
Fornecer
financiamento adequado; Buscar
uma participação ativa e de consenso
da
comunidade
acadêmica;
Implementar
sistemas
de
recrutamento e promoção da
comunidade
acadêmica
e
administrativa,
valorizando
a
experiência internacional; Criar
sistemas de incentivos para a
participação
em
atividades
internacionais;
Desenvolver
estratégias de promoção, divulgação
e informação; Fornecer serviços de
recepção a estudantes e bolsistas;
Manter o monitoramento e a
avaliação da atividade internacional
(o progresso do plano e a qualidade
dos programas internacionais).
Estrutura Organizacional para
a
gestão
da
Internacionalização,
que
permita a implantação da
política.
Organização
administrativa que concentra
as iniciativas assegurando a
integração
da
dimensão
internacional na cultura e
missão da instituição por meio
de políticas e sistemas
administrativos apropriados.
Os princípios organizacionais
são: Reconhecimento mútuo
dos papéis e responsabilidades
de cada um dos atores sociais
envolvidos
no
sistema;
Desenvolvimento
e
aperfeiçoamento permanente
dos caminhos para assegurar a
troca de informações e
estabelecimento de ligações e
interconexões
entre
os
diferentes atores; Orientação
dinâmica, flexível e autoanalítica
das
ações
correspondentes a cada um
dos atores sociais; e avaliação
contínua e feedback sobre a
qualidade e a eficiência do
sistema.
Estratégia de internacionalização e
cooperação para planificar, dirigir,
monitorar e avaliar estrategicamente as
várias ações e iniciativas que
contribuem
para
a
dimensão
internacional
dos
processos
universitários. As estratégias estão
divididas em três níveis: dimensões,
ações e linhas.
III.1 Quanto às Dimensões: Alcançar
progressos substanciais nos processos
que contribuem para a melhoria
contínua da qualidade do sistema
acadêmico; Atingir um alto nível de
desenvolvimento tecnológico, com a
utilização otimizada dos recursos
disponíveis com o uso das tecnologias
informação e comunicação; Ampliar as
relações das IES com outras
instituições nacionais e internacionais,
fazendo
uso
eficiente
das
oportunidades de cooperação e acesso
a recursos alternativos; Transformar a
gestão administrativa e promover o
desenvolvimento
da
cultura
organizacional
na
busca
de
modernização
institucional;
Redimensionar o impacto social da
instituição em face a novas realidades
em ambientes dinâmicos.
III.2. Quanto às Linhas e às Ações
do Sistema Estratégico de Gestão da
Internacionalização e da Cooperação
envolve a Internacionalização da
Docência: (Internacionalização do
currículo, corpo docente, mobilidade
estudantil), Internacionalização da
pesquisa, da extensão, das atividades
extracurriculares e internacionalização
para a gestão e melhoria contínua do
sistema universitário.
Fonte: Madera (2006) apud Morosini (2010, p.6).
Conforme Schwartzman (2003) existem aspectos positivos e negativos oriundos da
internacionalização. Os efeitos positivos se caracterizam por novos padrões, metodologias,
materiais e práticas de ensino veiculadas por instituições estrangeiras, propiciando ao
estudante experiências de aprendizagem e oportunidades. Como efeitos negativos, se verifica
61
a necessidade de esforços nacionais para controlar a qualidade dos cursos e criação de
credenciais de avaliações institucionais; indisponibilidade às influências internacionais e às
oportunidades de cooperação; pode ser um caminho para a “evasão de cérebros”; inclusão da
educação como uma commodity na indústria de serviços; desregulação dos sistemas
educacionais superior.
Siegler (2009) aponta como um dos principais riscos da internacionalização a chamada
evasão de cérebros, que se caracteriza na possibilidade de êxodo de um grande número de
pesquisadores oriundos de países pobres se fixarem em países industrializados. Segundo essa
autora, na circulação de talentos entre os países é possível constatar benefícios para os
envolvidos na exportação de mão-de-obra qualificada por meio de: 1 - incentivo à educação,
considerando que a possibilidade de bons empregos no exterior leva os cidadãos a investir na
própria educação ou na de seus filhos; 2 - aumento das remessas, em que trabalhadores
qualificados têm salários mais altos e, por isso, enviam um volume maior de dinheiro às suas
famílias; 3 - criação de redes de contatos, por meio das quais os emigrantes em postos de
destaque no exterior tendem a fazer negócios e parcerias científicas com o país de origem; 4 retorno premiado, proporcionando, a muitos profissionais qualificados, a oportunidade de
voltar a seu país com novos conhecimentos ou dinheiro para investir.
O
Relatório
IAU
Survey
(2006)
indica
como
os
principais
riscos
da
internacionalização a comercialização e a comoditização, as certificações sem critérios, a
evasão de cérebros, o crescimento do elitismo, e o uso excessivo do idioma inglês.
Miura (2006, apud Siegler, 2009) ressalta que, apesar da diversidade de razões e de
propósitos que estimulam a mobilidade de professores e de pesquisadores em busca de outras
universidades, que pode variar de simples conferências e visitas para obtenção de informações
a respeito de programas a atividades de pesquisa e ensino com perspectivas de mudança de
residência e cidadania, há poucos dados estatísticos que possam revelar, com exatidão, a
quantidade, as razões e os tipos de atividades desempenhadas durante o período despendido
fora do país.
Knight (2004) relaciona algumas implicações da dimensão internacional para o ensino
superior, como: o surgimento de novos tipos de prestadores públicos e privados que oferecem
educação e formação por meio de programas além das fronteiras; os programas de
treinamento especializado desenvolvidos para atender especificamente nichos de mercado e
desenvolvimento profissional em escala mundial; os programas de educação, formação e
pesquisa cada vez mais virtuais; os métodos de remessa internacional inovadores, como elearning, franquias, campus via satélite; as maiores exigências para o credenciamento de
62
programas, fornecedores e reconhecimento das qualificações; a adequação de currículos e de
material didático em diferentes culturas e potenciais para a homogeneização e novas
oportunidades de hibridização; a maior ênfase na orientação comercial para a exportação e
importação de programas educacionais e menor ênfase em projetos internacionais de
desenvolvimento; e as novas estruturas regionais e internacionais consideradas como
complementos nacionais e práticas políticas regionais, especialmente nas áreas de garantia de
qualidade, acreditação e mobilidade de estudantes.
63
3 METODOLOGIA
Este capítulo detalha as ações que foram desenvolvidas no decorrer desta pesquisa,
descrevendo os métodos, técnicas e ferramentas utilizadas. A Figura 4 ilustra um esquema
resumido do delineamento do presente estudo. Parte-se do problema, depois se busca ampliar
o conhecimento teórico para, na sequência, definir a metodologia adequada ao tipo de
pesquisa escolhido e, finalmente, analisar e interpretar os dados obtidos com base na
fundamentação teórica apresentada.
PROBLEMA DE PESQUISA
As ações de internacionalização de IES do RN são concebidas
como fator estratégico de desenvolvimento institucional?
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conceito de internacionalização proposto por Knight (2005)
Internacionalização da Educação
Desenvolvimento Institucional
Educação Pública e Educação Privada
O Processo de Internacionalização do Ensino Superior
Definições, Conceitos,
Motivações, Razões e
Abordagens
Ações
Estratégias
Indicadores
METODOLOGIA DA PESQUISA
Tipo de
Pesquisa:
Universo/
População:
Qualitativa e
Descritiva
IES do RN com
Índice INEP > ou = 3
Coleta de Dados:
Pesquisa Censitária e
Pesquisa Documental
Tratamento
dos Dados:
Análise de
Conteúdo
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Proposição
Teórica
Organização das evidências coletadas para responder a
questão da pesquisa e atingir os objetivos específicos
Figura 4 – Fluxograma Explicativo sobre as Etapas da Pesquisa
64
3.1 TIPO DE PESQUISA:
O estudo consiste em uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, utilizando
os procedimentos de pesquisa de campo por meio de levantamento censitário e de pesquisa
documental. Gil (2010) menciona que a pesquisa descritiva tem como objetivo a descrição das
características de determinada população. Vergara (2009) complementa tal afirmação ao
mencionar que a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de
determinado fenômeno, contudo não tem compromisso de explicar os fenômenos que
descreve, embora sirva de base para tal explicação.
Pela natureza do problema de pesquisa proposto neste trabalho, considerou-se que uma
abordagem qualitativa fosse mais condizente com a investigação do fenômeno em questão.
Acreditou-se que, com essa abordagem, possa se aprofundar as conclusões precedentes.
Richardson (2011) considera que as investigações voltadas para uma análise
qualitativa têm como objeto situações complexas ou estritamente particulares. Para ele, o
emprego dessa metodologia pode descrever a complexidade de determinado problema,
analisar a interação de determinadas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos
vivenciados por grupos sociais, além de contribuir no processo de mudanças de grupos e
possibilitar, com maior profundidade, a compreensão de particularidades do comportamento
dos sujeitos.
A pesquisa documental se fundamenta em documentos elaborados por autores com
finalidades diversas. A pesquisa censitária é caracterizada pela interrogação direta às pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer. Ela se desenvolve por meio da solicitação de
informações direcionadas a um grupo significativo de pessoas sobre o problema estudado
para, na sequência, mediante análise, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados
coletados (GIL, 2010). Portanto, o estudo buscou constatar, por meio do levantamento dos
dados colhidos nas entrevistas e na análise de documentos institucionais, se as ações de
internacionalização desenvolvidas em IES do RN são concebidas como fator estratégico de
desenvolvimento institucional.
3.2 UNIVERSO/POPULAÇÃO
O universo ou população consiste em um conjunto de elementos (empresas, produtos,
pessoas, etc.) que possuem as características que serão objeto de estudo. A tipicidade é
65
constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considera representativo da
população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa população (VERGARA, 2009).
A pesquisa tem como universo 9 (nove) IES do RN que apresentaram o Índice Geral
de Cursos (IGC) maior ou igual a 3 (três), em uma escala de 0 (zero) a 5 (cinco), de acordo
com classificação baseada na última avaliação do Ministério da Educação (MEC), realizada
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), no ano de 2010, conforme se observa
no Quadro 5.
Quadro 5 – Classificação das IES do RN baseadas no IGC (MEC - 2010)
#
IES
UF
Município(sede)
Dependência
Admin.
IGC Faixa
1º
A
RN
Natal
PÚBLICA
4
2º
B
RN
Natal
PRIVADA
4
3º
C
RN
Mossoró
PÚBLICA
3
4º
D
RN
Natal
PÚBLICA
3
5º
E
RN
Natal
PRIVADA
3
6º
F
RN
Natal
PRIVADA
3
7º
G
RN
Mossoró
PÚBLICA
3
8º
H
RN
Natal
PRIVADA
3
9º
I
RN
Natal
PRIVADA
3
Fonte: Fucape Business Scholl (2012).
Essa delimitação se deve ao fato de as instituições de ensino superior com nota menor
que três não terem sequer apresentado um índice minimamente satisfatório no tocante à
qualidade da educação fornecida, conforme a avaliação do Ministério da Educação (MEC,
2010).
Ao utilizar a avaliação do Ministério da Educação (MEC, 2010) como critério de
seleção, observou-se que o Estado aparece nesse cenário como órgão regulamentador e
avaliador da educação no País. Segundo BUCCI, MOTTA (2008, apud MOROSINI 2010, p.
1), “o Estado avalia e o Estado regula. A função realmente capaz de garantir que os cursos
satisfaçam a razão pelo qual foram autorizados é a avaliação de qualidade, renovável
periodicamente, conforme dispõe a Lei de Diretrizes e Bases (LDB)”.
Buscou-se, em cada instituição pesquisada, que a entrevista fosse realizada com o
sujeito ocupante do cargo, o mais próximo possível, dos assuntos internacionais da
organização. Percebeu-se nesta lista uma variedade de termos usados para definir tanto o
66
cargo como o setor responsável pelos assuntos internacionais da instituição. Notou-se também
que, quando a instituição não dispõe de um representante específico, esses assuntos são
tratados por um representante da área acadêmica, como Pró-Reitor Acadêmico, Diretor
Acadêmico, Gestor Acadêmico, ou mesmo por um Coordenador Geral. O Quadro 6 apresenta
a relação dos entrevistados com suas respectivas instituições.
Quadro 6 - Relação dos Entrevistados
Nº
Cargo do Entrevistado
Instituição Entrevistada
1
Secretário de Relações Internacionais
IES A
2
Pró-Reitora Acadêmica
IES B
3
Assessora de Relações Internacionais
IES C
4
Assessor de Extensão e Relações Internacionais
IES D
5
Coordenadora Geral
IES E
6
Diretor Acadêmico
IES F
7
Assessor do Diretor de Assuntos Internacionais
IES G
8
Gestor Acadêmico
IES H
9
Coordenador do International Office
IES I
3.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada em duas etapas: primeiro foram coletados os dados
primários por meio das entrevistas, para as quais foram identificados os sujeitos responsáveis
pelos assuntos internacionais das nove instituições pesquisadas. Houve o contato pessoal da
entrevistadora com cada IES para marcar as entrevistas. As datas foram marcadas e as
entrevistas realizadas em um período de dois meses. Foram gravadas e transcritas e os dados
das mesmas organizados e analisados. Em seguida, buscaram-se os dados secundários por
meio da análise de websites de cada instituição e de seus respectivos documentos oficiais que
contivessem missão, objetivos e estratégias das mesmas.
As entrevistas foram aplicadas e gravadas pela própria pesquisadora em um tempo
estimado de 30 minutos, a qual esclareceu a cada pessoa entrevistada que ela poderia dispor
67
do tempo necessário para responder, até, inclusive, marcar outro dia para a conclusão da
mesma. Isso ocorreu visando à elucidação completa das questões. A gravação teve por
finalidade contribuir para o aprofundamento da análise de conteúdo e ficou condicionada à
permissão do(a) entrevistado(a), considerando ser importante um clima harmonioso entre
entrevistadora e entrevistado(a).
A coleta total de dados, incluindo a aplicação de entrevistas e análise de websites, foi
realizada ao longo de quatro meses. As entrevistas foram transcritas na íntegra, procurando-se
a fidelidade do relato exibido pelos entrevistados.
Considerou-se importante a visão geral do contexto de desenvolvimento da pesquisa,
de modo que os dados apresentados serviram como parte das respostas dos objetivos
propostos na introdução deste trabalho. Optou-se por substituir os nomes das instituições por
letras e usar o nome do cargo no lugar do nome do sujeito, a fim de não expor as organizações
e os entrevistados, principalmente porque o que importa para a pesquisa são os resultados
alcançados.
Para Vergara (2009) o leitor deve ser informado como o autor pretende obter os dados
de que precisa para responder ao problema da pesquisa. O critério definido para a escolha da
análise documental, análise de websites e de documentos institucionais, ocorre para
complementar e aprofundar os dados obtidos anteriormente por meio das entrevistas, com a
finalidade de se construir uma compreensão ampla do fenômeno investigado.
De acordo com Bardin (2011), a análise documental tem o propósito de atingir o
armazenamento de uma forma variável, de tal modo que se obtenha o máximo de informação
(aspecto quantitativo) com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo).
Portanto, pretendeu-se construir um referencial teórico que contemplasse elementos
integrantes do constructo desta pesquisa, ou seja, as ações de internacionalização como fator
estratégico de desenvolvimento institucional. Com essa análise, buscou-se verificar os tipos
de ações desenvolvidas; se a internacionalização está inclusa na missão e nos objetivos da
instituição; quais os recursos investidos; enfim, saber qual a estrutura disponível por cada
instituição para a área da internacionalização.
3.3.1Categorias de Análise
As categorias em análise foram denominadas de: ações; estratégias; indicadores;
benefícios; riscos; fatores favoráveis e fatores restritivos. As mesmas estão intimamente
relacionadas com questões pertinentes ao processo de internacionalização, portanto,
68
consideradas fundamentais para a compreensão do sistema de internacionalização
desenvolvido nas instituições pesquisadas, considerando que essas categorias na verdade
fazem parte dos indicadores de internacionalização (ver Quadro 7).
O termo indicador origina-se do latim (indicare), verbo que significa apontar, indicar,
revelar, propor, sugerir, expor, entre outras acepções (DEPONTI et al., 2002). Justino (2009)
sugere que a administração da instituição, apoiada nos departamentos competentes, elabore
um diagnóstico a fim de identificar as ações existentes, que inclua também o levantamento de
recursos oriundos de fontes de financiamento, bem como o levantamento de benefícios,
riscos, fatores favoráveis e fatores restritivos ao processo de internacionalização. Esse
diagnóstico tem o objetivo de estabelecer algumas bases sobre o nível de internacionalização
em que a instituição se encontra e contribuir com o estabelecimento de uma política
estruturada, planejada e com metas mais efetivas para a internacionalização institucional.
A palavra ação significa evidência de uma força, de um agente, etc. e o seu efeito;
disposição ou capacidade para agir; modo de proceder; comportamento. A palavra
estratégia tem sua origem no planejamento de operações de guerra e significa planejamento
de uma ação para conseguir um resultado (HOUAISS, 2004).
Conforme já visto anteriormente, as estratégias são consideradas por De Wit (2002,
p.154) como “iniciativas adotadas pelas IES para integrarem uma dimensão internacional à
pesquisa, ao ensino e ao serviço da educação superior, assim como nas políticas e sistemas de
gerenciamento”.
Devem-se considerar alguns dos itens propostos por Sebastián (apud
JUSTINO, 2009, p. 54), como “caracterização da instituição, caracterização da unidade
gestora da cooperação internacional, estratégias para a cooperação, atividades de cooperação,
financiamento, resultados e impactos obtidos, debilidades e mudanças necessárias”.
Ainda que uma IES conte com políticas e estratégias bem definidas, a
internacionalização de uma IES somente se concretiza mediante as ações. Entre elas, os
acordos acadêmicos talvez estejam entre as mais relevantes, pois asseguram a maior parte das
demais ações (DUARTE, et al., 2012, p. 348). É nesse aspecto que se buscou constatar se as
ações de internacionalização estão sendo elaboradas e implantadas como fator estratégico de
desenvolvimento institucional, e se a internacionalização da instituição acontece de forma
institucionalizada; ou mesmo se a internacionalização se encontra em processo inicial ou
ausente na instituição.
O termo benefício significa auxílio, favor, privilégio ou provento concedido a alguém,
resultado de benfeitoria; circunstância favorável. Já o termo risco representa probabilidade de
perigo ou probabilidade de insucesso. Quanto ao termo fator, é definido como elemento que
69
concorre para um resultado. O termo favorável é interpretado como algo que favorece; que
auxilia; que traz vantagens; que está de acordo. Restritivo, se refere a algo restrito, que, por
sua vez, significa algo reduzido em relação a outro; algo mantido em limites estreitos;
limitados (HOUAISS, 2004).
O Quadro 7 apresenta os objetivos da pesquisa alinhados com as respectivas categorias
e questões. São relacionadas categorias de análise com objetivos específicos, sendo elas
denominadas de: Categoria 1 – Ações; Categoria 2 – Estratégias; Categoria 3 – Indicadores;
Categoria 4 – Benefícios e riscos; Categoria 5 – Fatores favoráveis e restritivos. Essas
categorias representam a classificação de elementos constitutivos do processo de
internacionalização, de modo que são analisadas com base em Knight (1994, 1995, 1999,
2002, 2004, 2005, 2007); De Wit (1995, 2005); Stallivieri (2004); Miura (2006); e Siegler
(2009).
70
Quadro 7 - Alinhamento dos Objetivos com as Categorias e Questões da Pesquisa.
Objetivo geral
Analisar as ações de internacionalização desenvolvidas em instituições de ensino superior do Rio
Grande do Norte como fator estratégico de desenvolvimento institucional.
Objetivos
Específicos
Categorias de
internacionalização
Questões
-Identificar as ações
dinternacionalizaçã
o desenvolvidas em
IES do Rio Grande
do Norte.
1 - Ações
1.1. Quais as ações de internacionalização
desenvolvidas nesta instituição? Quais as que
mais se destacam? Justifique.
KNIGHT, 1994.
1.2. De onde parte as iniciativas para
desenvolver as ações de internacionalização e
como
ocorre
o
acompanhamentomonitoramento delas
KNIGHT, 2002.
2.1.
Quais
as
estratégias
de
internacionalização adotadas pela instituição?
DE WIT, 1995.
Verificar
as
estratégias
de
internacionalização
adotadas em IES do
RN.
2 - Estratégias
Referencial Teórico
KNIGHT e DE WIT, 1999.
KNIGHT, 2004.
KNIGHT, 2007.
DE WIT, 2005.
2.2. O(a) Sr.(a) considera que essas
estratégias são suficientes para implementar
as ações desenvolvidas Justifique.
STALLIVIERI, 2004.
MIURA, 2006.
SIEGLER, 2009.
-Comparar
a
internacionalização
em IES do RN.
3 - Indicadores:
3.1. O (a) Sr.(a) considera que o processo de
internacionalização desta instituição está
institucionalizado? Justifique a resposta.
3.2.
Quais
os
investimentos
mais
significativos que a instituição tem
apresentado no âmbito da internacionalização
e quais as ações priorizadas com estes
investimentos
3.3. Quais as normas regulamentares da
instituição
relacionadas
à
internacionalização
3.4.
O(A)
Senhor(a)
considera
a
internacionalização
como
um
fator
indispensável para o desenvolvimento
institucional? Justifique.
-Descrever
benefícios e riscos
que
a
internacionalização
pode proporcionar a
IES.
4 – Benefícios e
riscos
4.1. Quais os benefícios e os riscos que a
internacionalização pode trazer para a
instituição
-Relacionar fatores
favoráveis e fatores
restritivos
ao
processo
de
internacionalização.
5– Fatores favoráveis
e restritivos
5.1. Quais os fatores favoráveis e quais os
fatores
restritivos
ao processo de
internacionalização da instituição da qual
o(a) senhor(a) faz parte?
71
A consolidação da dimensão internacional em atividades de ensino, pesquisa e
extensão define um ambiente acadêmico distinto, no qual IES têm formulado políticas,
estratégias e ações com o propósito de acrescentar uma dimensão internacional aos seus
serviços. Mesmo que as IES apresentem políticas e estratégias muito bem definidas, são as
ações (categoria 1) que efetivam a internacionalização das mesmas (KNIGHT, 2002).
Em relação às estratégias de internacionalização (categoria 2), toma-se por base
Knight (2004). Essa autora considera que tanto as estratégias organizacionais como as
estratégias programáticas consistem em suporte necessário
para o
processo
de
internacionalização das instituições de Ensino Superior, de modo que a ausência delas, ou a
ausência de parte delas, pode se caracterizar como obstáculo ao referido processo.
Sobre os indicadores (categoria 3), Knight e De Wit (1999) ressaltam que os principais
motivos identificados pela instituição para se internacionalizar devem direcionar os objetivos
da mesma, que, por sua vez, determina os tipos de estratégias que são usadas para alcançar
esses objetivos.
Portanto, esses autores consideram importante avaliar a dimensão internacional da
instituição, identificando as políticas adotadas por meio das metas voltadas para a
internacionalização, bem como implementar as estratégias nessa área e identificar se existe
uma dimensão internacional nas principais funções da instituição, ou seja, se a
internacionalização está presente no ensino, na pesquisa e na extensão da IES, além de
verificar se a instituição inclui a internacionalização como tema fundamental para a garantia
de qualidade.
Quanto aos possíveis benefícios e riscos proporcionados pela internacionalização
(categoria 4), busca-se compreender o que a internacionalização pode proporcionar de
vantagens para as IES e quais os riscos para os participantes desse processo.
Ao se abordar fatores favoráveis e restritivos ao processo de internacionalização de
uma determinada instituição (categoria 5), Knight (2004) observa que a falta de estratégias
organizacionais, a falta de recursos humanos capacitados, a carga horária dos professores, a
inexistência de um sistema de equivalência de créditos e a inexistência de uma infraestrutura
para recepção de alunos e de professores estrangeiros podem apresentar vários entraves ao
processo de internacionalização.
72
3.3.2 Instrumento
O instrumento de pesquisa consistiu em uma entrevista semiestruturada, conduzida a
partir de um roteiro previamente estabelecido, contendo dez questões abertas (ver modelo
apresentado no Apêndice A), elaborada com base em Triviños (1996) e Richardson (2011).
Na entrevista, os dados foram organizados em cinco blocos de questões referentes às
categorias de análise: ações; estratégias; indicadores; benefícios e riscos; fatores favoráveis e
fatores restritivos.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas, com o objetivo
de transpor o significado da narrativa do entrevistado com fidelidade. Essa forma de
entrevista permitiu explorar as questões pesquisadas com mais profundidade e de acordo com
o tipo de metodologia utilizada neste estudo, já descrita anteriormente.
A entrevista semiestruturada, segundo Triviños (1996, p. 152), “favorece não só a
descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua
totalidade”, além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de
coleta de informações.
O foco principal da entrevista foi colocado pelo investigador-entrevistador. Para
Richardson (2011), a entrevista consiste em uma técnica importante que permite o
desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas, sendo um modo de comunicação no
qual determinada informação é transmitida de uma pessoa a outra, sendo considerada uma
comunicação bilateral.
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento dos dados foi realizado por meio de análise de conteúdo, no intuito de se
buscar, no relato dos participantes da pesquisa, as respostas necessárias para a compreensão
da questão proposta. Com a abordagem qualitativa, a intenção foi destacar os aspectos mais
importantes do processo de internacionalização, na busca de respostas aos questionamentos
iniciais da pesquisa, vislumbrando interpretar o fenômeno e seus significados por meio do
método de análise de conteúdo. Esse método é definido por Bardin (2011, p. 48) como
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas dessas mensagens).
73
Portanto, a análise de conteúdo significa um conjunto de técnicas de análise das
comunicações que usa procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens. Bardin (2011) afirma que o fator comum dessas técnicas múltiplas e
multiplicadas, desde o cálculo de frequências que fornece dados cifrados, até a extração de
estruturas traduzíveis em modelos, consiste em uma hermenêutica controlada, baseada na
dedução, ou seja, na inferência. Para essa autora, a intenção da análise de conteúdo é a própria
inferência de conhecimentos relativos às condições de produção, ou eventualmente de
recepção, inferência que recorre a indicadores.
A análise de conteúdo foi realizada por etapas. Primeiro, levantaram-se os dados dos
entrevistados correspondentes às categorias: ações, estratégias e indicadores. Depois,
levantaram-se os dados colhidos em websites acerca dessas categorias, em que se fez uma
comparação entre esses dados e os dados das entrevistas. Por fim, levantaram-se os dados
referentes às categorias: benefícios e riscos; fatores favoráveis e restritivos ao processo de
internacionalização, de acordo com a concepção dos entrevistados.
Procurou-se, com a análise, colocar em evidência opiniões, juízos, tomadas de
posição, conscientes ou não, considerando que esse é um processo dedutivo ou inferencial que
parte de índices ou indicadores definidos.
O analista atua como uma espécie de arqueólogo, pelo fato de trabalhar com vestígios,
que são os documentos suscitados pelas necessidades de estudo, por exemplo, o conteúdo das
entrevistas aplicadas; e os documentos denominados de naturais, que são aqueles produzidos
espontaneamente na realidade, como a comunicação de uma organização. A análise de
conteúdo, em sua vertente qualitativa, parte de uma série de pressupostos, os quais, no exame
de um texto, servem de suporte para captar seu sentido simbólico. Esse sentido nem sempre é
manifesto e o seu significado não é único. Pode ser enfocado em função de diferentes
perspectivas, considerando que um texto contém muitos significados (BARDIN, 2011).
Segundo Bardin (2011), o analista, tendo à sua disposição resultados significativos e
fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos
previstos ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas. O material obtido na
pesquisa evidenciou as interpretações e conclusões, fazendo paralelamente uma relação com o
referencial teórico.
Bardin (2011) afirma que as diferentes fases da análise de conteúdo organizam-se em
torno de três pólos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material; e o tratamento dos
resultados, com a inferência e a interpretação. Para tanto, neste estudo, foi utilizada a técnica
74
de análise de conteúdo como ferramenta adequada para a compreensão da construção de
significados captados no discurso dos entrevistados e na análise de documentos e de websites.
Isso permitiu o entendimento das representações que os sujeitos apresentam em
relação a sua realidade e à interpretação que fazem dos significados à sua volta. Consiste,
portanto, em uma visão interpretativa da realidade do ponto de vista dos entrevistados a partir
do
discurso
declarado
pelos
mesmos,
procurando-se
identificar
as
ações
de
internacionalização vivenciadas pelas IES estudadas.
Procurou-se também identificar se a internacionalização estava inserida na missão,
objetivos e estratégias dessas instituições. Em seguida, foi realizada a análise cruzada entre
entrevistas e documentos, possibilitando uma visão mais aprofundada da relação entre as
categorias consideradas e o processo de internacionalização das IES. Esses procedimentos
possibilitaram um maior rigor na pesquisa e um maior aprofundamento na compreensão do
fenômeno estudado.
Na sequência, apresenta-se a análise condensada do conteúdo estudado, tendo como
embasamento a apresentação dos resultados obtidos na pesquisa.
75
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, busca-se apresentar uma análise geral dos resultados adquiridos na
pesquisa de campo. A partir do conjunto dos dados obtidos junto aos entrevistados,
relacionaram-se os objetivos do estudo às categorias correspondentes e às questões da
pesquisa, na intenção de delinear todo o processo de coleta dos dados.
A análise foi utilizada no intuito de retirar do conjunto de suas respostas, bem como do
estudo de documentos de acesso ao público, elementos relacionados ao processo de
internacionalização de cada instituição pesquisada, com o objetivo de buscar saber se as ações
de internacionalização desenvolvidas em IES do RN representam fator estratégico de
desenvolvimento institucional.
Por meio da análise, espera-se atingir os objetivos propostos na introdução deste
trabalho, que são: identificar as ações de internacionalização desenvolvidas em instituições de
ensino superior do Rio Grande do Norte; apresentar as estratégias identificadas; comparar o
processo de internacionalização em instituições de ensino superior do Rio Grande do Norte;
descrever os benefícios e os riscos que a internacionalização pode proporcionar à instituições
de ensino superior; e relacionar fatores favoráveis e fatores restritivos ao processo de
internacionalização.
A análise e a interpretação dos resultados da pesquisa estão expostas em 6 (seis)
segmentos sequenciais, quais sejam: na seção 4.1, realiza-se a apresentação resumida das
instituições pesquisadas. Na seção 4.2, apresenta-se as ações de internacionalização. Na seção
4.3, apresenta-se- as estratégias. Na seção 4.4, encontram-se os indicadores de
internacionalização em IES do RN. Na seção 4.5, estão os benefícios e riscos da
internacionalização na percepção dos entrevistados. E na seção 4.6, constam os fatores
favoráveis e restritivos à internacionalização na percepção dos entrevistados.
4.1 APRESENTAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PESQUISADAS
Na apresentação dos resultados, optou-se por denominar as instituições de ensino
superior pesquisadas por letras, ou seja, IES A: IES B; IES C; IES D; IES E; IES F; IES
G; IES H e IES I. Primeiramente, uma breve descrição dessas nove instituições e, logo
depois, a análise do conteúdo dos dados colhidos por meio de entrevistas semiestruturadas,
documentos e websites oficiais das referidas organizações.
76
4.1.1 Instituição de Ensino Superior A (IES A)
A IES A, criada em 1958, é uma instituição universitária de caráter público, vinculada
ao Ministério de Educação, com sede e foro na cidade de Natal, capital do Estado do Rio
Grande do Norte. A Universidade goza de autonomia didático-científica, administrativa e de
gestão financeira e patrimonial, em conformidade com a Constituição Federal. A partir de
1968, com a reforma universitária, a IES A passou por um processo de reorganização que
marcou o fim das antigas faculdades e escolas e a consolidação da atual estrutura
organizacional. A IES A tem apresentado, nos últimos anos, uma visível ampliação em suas
atividades de ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão (PDI, 2010-2019 apud
WEBSITE IES A). Encontra-se estruturada no seu campus central com a reitoria, 8 (oito) PróReitorias, 2 (duas) secretarias acadêmicas e 3(três) superintendências. A área acadêmica é
composta por 8 (oito) centros acadêmicos, com 68 (sessenta e oito) departamentos, 5 (cinco)
unidades acadêmicas especializadas, 3 (três) escolas de ensino técnico e uma escola de ensino
fundamental. Possui 4 (quatro) hospitais universitários com atendimento de média e alta
complexidade , um laboratório de produção de medicamentos, 3 (três) museus, uma emissora
de televisão educativa em canal aberto, uma rádio em frequência modulada e uma agência de
comunicação. Encontra-se presente em 2 (dois) campi em Natal e 5 (cinco) campi no interior
(PLANO DE GESTÃO - 2011-2015 apud WEBSITE IES A, 2012).
4.1.2 Instituição de Ensino Superior B (IES B)
A IES B, de caráter privado, tem como mantenedora a Liga de Ensino do Rio Grande
do Norte. Em 1997 a referida instituição foi criada através de Portaria. Atualmente são
oferecidos treze cursos de graduação e vinte e dois cursos de pós-graduação "lato sensu". Sua
estrutura organizacional é composta por Reitoria, Vice-Reitoria e Pró-Reitoria Acadêmica
(WEBSITE IES B, 2012).
4.1.3 Instituição de Ensino Superior C (IES C)
A IES C, com sede na cidade de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte, foi criada
em 2005. É pessoa jurídica de direito público, dotada de autonomia didático-científico,
financeira, administrativa e disciplinar, regendo-se pela legislação federal vigente, pelo
77
estatuto, pelo regimento geral e pelas resoluções e normas emanadas dos respectivos
Conselhos. Todos os assuntos que envolvem a IES C são administrados pela Reitoria, sejam
eles diretos ou indiretos, incluindo assuntos referentes ao ambiente externo, nas áreas
estadual, nacional ou internacional (WEBSITE IES C, 2012).
4.1.4 Instituição de Ensino Superior D (IES D)
A história desta instituição começou em 1909 com a criação da Escola de Aprendizes
Artífices, de caráter público. Em 1942, recebe nova denominação, passando a atuar, vinte
anos depois, na oferta de cursos técnicos de nível médio, e transformando-se, em 1965, em
Escola Industrial. Com o passar dos anos, a IES D extingue os cursos industriais básicos e
passa a concentrar-se no ensino profissionalizante de 2º grau. Em 1994, inicia-se o processo
cujos desafios incluiriam a oferta de educação profissional nos níveis básico, técnico e
tecnológico, além do ensino médio. Sua atuação no ensino de 3º grau começou com a oferta
de cursos de graduação tecnológica, ampliando-se, posteriormente, para os cursos de
formação de professores, as licenciaturas. Mais recentemente, a instituição passou a atuar
também na educação profissional vinculada ao ensino médio, na modalidade de educação de
jovens e adultos e no ensino à distância. A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
(SETEC) amplia a sua atuação no Estado, implantando, em 2006, mais três unidades de
ensino. Em 2007, entra em ação a segunda etapa do Plano de Expansão da Rede, no qual o
Rio Grande do Norte passa a contar com outras seis unidades inauguradas em 2009.
(WEBSITE IES D, 2012).
4.1.5 Instituição de Ensino Superior E (IES E)
A IES E, de caráter privado, credenciada por Portaria Ministerial, oferece os seguintes
programas de graduação: Administração, Ciências, Comunicação Social com habilitação em
Publicidade e Propaganda, Direito, Turismo, Tecnologia em Marketing, Tecnologia em
Processos Gerenciais, Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Tecnologia em Gestão
Comercial, Tecnologia em Gestão de Turismo, Tecnologia em Gestão Hospitalar, Tecnologia
em Comércio Exterior, e Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação, todos
autorizados por portarias. A IES E é mantida por uma Associação do Estado da Paraíba
(WEBSITE IES E, 2012).
78
4.1.6 Instituição de Ensino Superior F (IES F)
A IES F é uma instituição de caráter privado, criada há mais de três décadas.
Primeiramente tinha por objetivo formar secretários executivos para o mercado de trabalho.
Com a criação de novos cursos, a faculdade passou a ter nova denominação. Atualmente, a
instituição tem 21 (vinte e um) cursos implantados na área de graduação e vários outros em
tramitação no MEC. A Instituição investe permanentemente na criação de novos projetos,
sendo o maior deles, o seu credenciamento como Centro Universitário, concretizado
recentemente (MANUAL DO ALUNO - 2011-2012 apud WEBSITE IES F, 2012).
4.1.7 Instituição de Ensino Superior G (IES G)
A IES G, de caráter público, foi criada por Lei Municipal. Seu marco inicial é a
implantação de uma Faculdade de Ciências Econômicas na cidade de Mossoró, instituída
através de Resolução. Em 1973, a mantenedora passou a ser administrada por um presidente,
a quem cabia as atividades burocráticas e a captação de recursos financeiros, sendo a
Universidade administrada por um Reitor, incumbido das ações acadêmicas. Esse modelo
administrativo vigorou por alguns anos, voltando mais tarde a ser administrada, tanto a
mantenedora como a mantida, por apenas um gestor, juntamente com os conselhos superiores.
O seu reconhecimento como universidade ocorre em 1993. Logo após o reconhecimento,
foram criados novos cursos (Física, Química, Biologia e Ciência da Computação). O ano de
2005 termina com a IES G presente em todas as regiões do Estado. A referida instituição é
hoje formada por um campus central, cinco campi avançados e doze Núcleos Avançados de
Educação Superior (PDI apud WEBSITE IES G, 2012).
4.1.8 Instituição de Ensino Superior H (IES H)
Fundada em 1999, a IES H é uma instituição de caráter privado. Os primeiros cursos
oferecidos – Administração com Habilitação em Gestão de Organizações e Ciências
Contábeis – despontavam como as bases necessárias para duas das mais promissoras
profissões nas empresas: finanças e gestão de negócios. Pouco tempo depois, após ter sua
qualidade aprovada por seus alunos e pelo Ministério da Educação – MEC, passou a oferecer
mais 7 (sete) cursos de graduação e 51 (cinquenta e um) de pós-graduação lato sensu nas
79
áreas de contabilidade, negócios, direito, desenvolvimento social, tecnologia e educação. Em
2010 foi incorporada a um novo Grupo (WEBSITE IES H, 2012).
4.1.9 Instituição de Ensino Superior I (IES I)
A IES I, de caráter privado, criada em 1981, tem sede em Natal e recebeu o
credenciamento como Universidade em 1996. Atualmente a instituição atua no Rio Grande do
Norte baseada em dois campi, um localizado em Natal e outro no município de Mossoró.
Além desses, assumiu o desafio de implantar novos campi em cinco municípios do Estado. A
Universidade tem uma estrutura acadêmica que atende às diversas áreas do conhecimento. Na
graduação, essa estrutura é composta por 32 (trinta e dois) cursos de bacharelado e de
licenciatura em Natal e 10 (dez) em Mossoró; 16 (dezesseis) cursos superiores de tecnologia
em Natal e 07 (sete) em Mossoró. Na pós-graduação stricto sensu são oferecidos 04 (quatro)
mestrados e lato sensu 51 (cinquenta e um) cursos de especialização em Natal, 10 (dez) em
Mossoró e 01(um) em Caicó, dos quais, 04 (quatro) na modalidade de educação à distância
(PDI -2007-2016 apud WEBSITE IES I, 2012).
4.2 AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN
Acerca das ações relacionadas às parcerias internacionais, constata-se que a
formalização de convênios e/ou acordos internacionais se destaca como a ação de
internacionalização mais presente. Em um universo de nove IES pesquisadas, sete mencionam
essa ação. Em seguida vem os Programas de Mobilidade, merecendo destaque o Programa
Ciências sem Fronteiras presente em seis dessas nove instituições; depois, o Intercâmbio de
Estudantes lidera entre os intercâmbios e se encontra presente em cinco instituições, seguido
do Intercâmbio de Professores, presente em quatro instituições, e do Intercâmbio de Técnicos
Administrativos, que aparece em apenas duas. Constata-se a participação em Redes
Internacionais também em duas instituições, além de a realização de Eventos Internacionais
em quatro instituições e a presença de Institutos Internacionais na organização em apenas
uma instituição.
Quanto às ações de internacionalização relacionadas especificamente ao ensino,
apenas uma instituição, a IES A, as desenvolve, sendo elas determinadas pela criação de
Escola de Idiomas, desenvolvimento de Programa de Duplo Diploma e formalização de CoTutela de Tese Doutoral.
80
Observa-se que Siegler (2009) divide as ações de internacionalização em: parcerias
internacionais e ações relacionadas ao ensino. Com base nessa autora, nota-se claramente uma
predominância de ações voltadas para as parcerias internacionais, com apenas uma instituição
apresentando ações internacionais relacionadas propriamente ao ensino.
Portanto, a IES A aparece como a única, entre as instituições pesquisadas, que mantém
uma escola própria de idiomas. Percebeu-se que houve um investimento destinado ao ensino
de idiomas por parte da IES A antes mesmo de haver uma crescente demanda por cursos de
línguas. Essa demanda resulta do fato de o domínio de uma língua estrangeira ser considerado
pré-requisito para participação nos programas de intercâmbio implementados pelo Governo
Federal. Isso é confirmado na fala do próprio entrevistado.
Como todas as universidades brasileiras, têm se detectado dificuldades no ensino de
língua estrangeira por parte dos alunos. Esse problema é tão grande que eles
[Governo Federal] já têm pensado à (sic) nível nacional. A CAPES* já tem pensado
sobre esse assunto. A própria Presidenta Dilma tem se preocupado. O primeiro
entrave apresentado neste programa [Programa Ciências sem Fronteiras] foi
exatamente o problema da língua. Na IES A nós temos enfrentado diretamente este
problema com o Instituto de Línguas, que foi criado recentemente, mas devemos
propor inclusive mudanças no tratamento do Instituto para tentar atender, de forma
mais dinâmica e mais imediata, a esses alunos quanto à sua performance em língua
estrangeira (ENTREVISTA com a IES A).
Considerou-se que a IES C não se inclui como instituição com escola de idiomas, pelo
fato de a escola que funciona dentro do seu espaço não pertencer à mesma, mas tratar-se de
uma escola de cunho privado que presta seus serviços no interior da referida universidade,
oferecendo pequenos descontos à comunidade universitária. A entrevistada da IES C
questiona:
Existe um curso de inglês? Existe, mas um curso de inglês que é externo e funciona
na instituição. Então as pessoas para fazerem o curso tem que pagar alguma coisa.
Então isso realmente já dificulta. A instituição não dá o apoio para o inglês. O aluno
tem que procurar. A instituição apoia o inglês da seguinte forma: devido (sic) à
parceria e ao convênio com uma escola de idiomas. Ela funciona dentro da
instituição, mas os alunos que desejem fazer o curso, eles têm que pagar. Não temos
curso de inglês gratuito para os alunos, mas temos uma política de desconto
(ENTREVISTA com a IES C).
Na IES A predomina tanto o número de ações quanto o número de programas
apresentados. Constata-se em sua website (2012) a participação da instituição em três Redes
Internacionais: o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras; o Grupo Tordesilhas; e o
Grupo Universia. Verifica-se também na website que, mesmo não tendo sido mencionado na
entrevista com o seu representante, existem no estabelecimento mais ações relacionadas ao
81
ensino. Uma delas é o Programa de Duplo Diploma com a Université de Pau et dês Pays de
l’Adour (França), específico para o Curso de Engenharia Química e que envolve a área da
graduação. Outra ação específica de ensino detectada é a Co-Tutela de Tese Doutoral.
As principais ações de internacionalização das IES do RN consistem em parcerias
internacionais. Percebe-se uma adesão considerável das instituições pesquisadas ao Programa
Ciências sem Fronteiras (Quadro 7), coordenado e financiado pelo Governo Federal. O Fato
de serem disponibilizadas bolsas de estudo para os participantes certamente justifica tamanha
adesão ao programa.
Quanto aos demais programas citados nas entrevistas realizadas,
figuram o Programa Mercosul, o Programa de Mobilidade Acadêmica Regional em Cursos
Acreditados (MARCA) e o Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI).
Em relação aos intercâmbios, constata-se que o número de alunos é maior que o de
docentes e o de técnicos administrativos, sendo que a diferença entre o intercâmbio de alunos
e o de docentes é discreta, mas discrepante se comparado ao intercâmbio de servidores
técnicos; detectou-se que apenas duas instituições, das nove estudadas, apresentaram algum
tipo de intercâmbio voltado para esse segmento.
Nesse aspecto, Gacel-Ávila et al., (2005) considera que o processo de
internacionalização das IES se analisa com base em uma definição mais ampla de política
institucional. Essa definição se refere a uma abordagem institucional sustentável e integrante
da internacionalização, que inclui procedimentos e políticas que abrangem a garantia de
qualidade. Portanto, essa autora inclui o pessoal administrativo como parte integrante da
instituição, que, como tal, não deve ficar à margem do processo de internacionalização, de
modo que envolva todos os segmentos, áreas e níveis da organização.
Mazza (2009) constata que a tendência contemporânea de intensificação do fluxo
internacional de bens, serviços, capitais e informações tem ressonância direta no campo da
mobilidade de pessoas, nas práticas, nas ofertas e nas demandas da área educacional. Ela
considera a experiência internacional como elemento relevante para a análise dos sistemas
nacionais de educação, das estratégias de diferenciação no mercado de diplomas e da
formação de setores profissionais.
No Quadro 8, faz-se um resumo das ações de Internacionalização constatadas nas IES
do RN. Essas ações estão divididas em dois tipos: parcerias internacionais e ações
relacionadas ao ensino, tomando por base Siegler (2009) e websites das instituições
pesquisadas.
82
Quadro 8 – Ações de Parcerias Internacionais e Ações de Ensino nas IES do RN
AÇÃO
Convênios e/ou
Internacionais
Acordos
Programas de Mobilidade
IES
QUANTIDADE
DE IES
IES A; IES B; IES C; IES D; IES G; IES H;
IES I.
7
IES A (Ciências sem Fronteiras; Mercosur;
6
Marca; PLI);
AÇÕES DE PARCERIAS INTERNACIONAIS
IES B (Ciências sem Fronteiras);
IES C(Ciências sem Fronteiras);
IES D (Ciências sem Fronteiras; Fulbright, PLI);
IES G(Ciências sem Fronteiras);
IES I (Ciências sem Fronteiras).
Intercâmbio de estudantes
IES A; IES B; IES C; IES D; IES G; IES I.
6
Intercâmbio de professores
IES A; IES B; IES C; IES D; IES I.
5
Intercâmbio de
administrativos
IES D; IES I.
2
IES A (Grupo Coimbra; Grupo Tordesilhas;
Grupo
Universia);
2
técnicos
Redes Internacionais
IES I (LaureateInternationalUniversities).
Eventos
(Palestras,
outros)
Internacionais
Seminários,
IES A; IES B; IES D; IES F; IES I.
5
IES A (Inst. do Cérebro; Inst. Int. de Física; Inst.
Int. de Neurociências)
1
IES A.
1
Programa Duplo Diploma
IES A (Graduação - Curso de Engenharia
Química)
1
Co-Tutela de Tese Doutoral
IES A (Pós-Graduação)
1
AÇÕES DE ENSINO
Institutos Internacionais
Escola de
instituição
idiomas
da
4.3 ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN
Knight (2004) estabelece as principais Estratégias Programáticas e Organizacionais
relacionadas à internacionalização (ver Figura 2). Percebida a importância do processo de
83
internacionalização das IES, torna-se relevante que ocorram iniciativas que favoreçam o seu
desenvolvimento. A referida autora entende que essas iniciativas devem ser adotadas pela
instituição de forma planejada e integrada.
A seguir, apresenta-se a análise referente às estratégias de internacionalização, na qual
se verificou, por cada IES pesquisada, se a internacionalização estava explícita em sua
missão, se havia representante específico, estrutura física disponível para esse setor, recursos
humanos e recursos financeiros definidos, bem como, se havia um portal ou página da web
própria para assuntos internacionais.
O Plano de Desenvolvimento Institucional da IES A (PDI 2010-2019) apresenta como
missão educar, produzir e disseminar o saber universal; preservar e difundir as artes e a
cultura; contribuir para o desenvolvimento humano, comprometendo-se com a justiça social, a
sustentabilidade socioambiental, a democracia e a cidadania. Tem como visão de futuro
Uma universidade com inserção internacional e sustentabilidade em suas ações, com
uso disseminado de tecnologias de informação e de comunicação nas práticas
acadêmicas, flexibilidade curricular na formação e mobilidade interna e externa,
mantendo a oferta de cursos em áreas estratégicas e qualidade da formação com
novas modalidades de educação continuada e sendo referência em produção de
conhecimentos em áreas de fronteira e estratégicas para o desenvolvimento sócio
econômico, buscando a inovação, com estreita interação com a sociedade, poderes
públicos, setor produtivo e movimentos sociais, induzindo políticas públicas e
compartilhando conhecimentos (PDI 2010-2019, In: WEBSITE da IES A, 2012).
Verificou-se que o PDI da IES A tem como visão de futuro apresentar uma
universidade com inserção internacional e sustentabilidade em suas ações; e que há um
Secretário de Relações Internacionais, além de um espaço físico específico para as questões
de ordem internacional com uma estrutura de recursos humanos, equipamentos e verba
própria. Comprovou-se também que o website da IES A apresenta disponibilidade de
documentos oficiais, como o Plano de Desenvolvimento Institucional, o Projeto Político
Pedagógico e o Plano de Gestão, entre outros. Além disso, consta no portal da instituição um
site próprio do Setor de Relações Internacionais muito bem estruturado, no qual se obtém
notícias e orientações acerca de questões relacionadas à internacionalização.
A IES B, por sua vez, tem como missão
Participar ativamente do desenvolvimento sócio-econômico (sic) local e regional,
por meio da formação de profissionais de nível superior com capacidade criadora,
espírito científico e atitude transformadora do seu meio e, inter-institucionalmente,
cooperar para o intercâmbio e divulgação de ideias e procedimentos que propiciem a
elevação cultural e o aprimoramento do ensino e da pesquisa, utilizando, para isso, a
84
busca permanente da qualidade de suas ações, embasando-se em uma tradição
centenária no campo educacional (WEBSITE DA IES B, 2012).
Observou-se que o website da IES B não faz referências a dados com questões
relacionadas à internacionalização, nem tampouco divulga o acesso a documentos oficiais,
como o Projeto Político Pedagógico e o Projeto de Desenvolvimento Institucional. A missão
da instituição não deixa explícita a questão da internacionalização. Em sua estrutura
organizacional, a IES B não dispõe de representante específico para a referida área nem de
recursos físicos, humanos e/ou financeiros.
A IES C tem como missão
Produzir e difundir conhecimentos no campo da educação superior, com ênfase para
a região semiárida brasileira, contribuindo para o exercício pleno da cidadania,
mediante formação humanística, crítica e reflexiva, preparando profissionais capazes
de atender demandas da sociedade (REGIMENTO GERAL, 2012, In: WEBSITE DA
IES C).
Observou-se que no próprio website da IES C existe uma página exclusiva para as
questões da área internacional e que todos os documentos oficiais da instituição se encontram
à disposição nesse portal. A missão da instituição não deixa explícita a questão da
internacionalidade, como também não consta esse tema nos objetivos da instituição
(ESTATUTO – 2005, In: WEBSITE DA IES C).
Constatou-se a existência de uma Assessoria de Relações Internacionais, vinculada à
Reitoria, como unidade administrativa responsável por fomentar, articular e administrar a
cooperação da Universidade com outras instituições e nações. Essa assessoria é exercida por
um assessor designado pelo Reitor e atualmente é ocupada por uma docente que acumula o
cargo com o de Pró-Reitora de Extensão. A assessoria também pode ser ocupada por um
servidor técnico administrativo de nível superior. Essa assessoria tem como estrutura física
uma sala e não dispõe de recursos humanos e financeiros próprios (WEBSITE IES C, 2012).
Por seu lado, a IES D tem por missão
Ofertar educação profissional e tecnológica – de qualidade referenciada socialmente
e de arquitetura político-pedagógica capaz de articular ciência, cultura, trabalho e
tecnologia – comprometida com a formação humana integral, com o exercício da
cidadania e com a produção e a socialização do conhecimento, visando, sobretudo, a
transformação da realidade na perspectiva da igualdade e da justiça sociais. Desse
modo, a IES D contribui para uma formação omnilateral6 que favorece, nos mais
6
Na consideração de Manacorda(1991) o conceito de omnilateralidade significa uma formação mais ampla, mais
avançada, mas não antagônica ao metabolismo do capital.
85
variados âmbitos, o (re) dimensionamento qualitativo da práxis social (PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO – 2012, In: WEBSITE DA IES D).
A Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) é o setor responsável pela criação,
implementação, regulamentação, orientação e condução das políticas e das ações, tanto dos
projetos quanto dos programas de extensão. Assim, responde pela avaliação, pelo
acompanhamento e pelo aperfeiçoamento das políticas e das ações de extensão. Atua, em
âmbito sistêmico, com o apoio da Assessoria de Programas e Convênios e a da Assessoria de
Extensão e Relações Internacionais (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – 2012, In:
WEBSITE DA IES D).
Observou-se que no website da IES D existe uma página exclusiva da extensão, no
qual são divulgadas notícias e bolsas na área internacional. Entretanto, não existe uma página
exclusiva para as questões dessa área. Todos os documentos oficiais da instituição se
encontram à disposição nesse website. A missão da instituição não deixa explícita a questão da
internacionalização, mas existe a figura de um Assessor de Extensão e Relações
Internacionais como integrante da Pró-Reitoria de Extensão. O mesmo utiliza como recursos
físicos uma sala anexa à Pró-Reitoria de Extensão. De acordo com o depoimento da pessoa
que atualmente ocupa o cargo, não existe um recurso financeiro específico para a
internacionalização da IES D, mas há auxílios das unidades acadêmicas e da própria PróReitoria de Extensão. Ele afirma que isso acontece somente quando há a necessidade de
recursos para a concretização de intercâmbios.
A IES E tem como missão “investir em um processo de ensino e aprendizagem que
capacite os seus egressos a atenderem às necessidades e expectativas do mercado de trabalho
e da sociedade, com competência para formular, sistematizar e socializar conhecimentos em
suas áreas de atuação" (WEBSITE DA IES E, 2012).
Verificou-se que o website da IES E não faz referências a dados que contenham
questões relacionadas à internacionalização, nem tampouco divulga o acesso a documentos
oficiais
como
Estatuto,
Regimento,
Projeto
Político
Pedagógico
e
Projeto
de
Desenvolvimento Institucional. A missão da instituição não deixa explícita a questão da
internacionalização. Em sua estrutura organizacional, a IES E não dispõe de representante
específico para a referida área nem de recursos físicos, humanos e/ou financeiros.
A IES F afirma que suas atividades são desenvolvidas em consonância com o Projeto
Político Institucional e o Projeto de Desenvolvimento Institucional da instituição, buscando
atender o seu papel no processo de universalização do conhecimento e explicitando como
objetivo institucional, o fomento às atividades de pesquisa e extensão. A missão dessa IES é
86
atender o educando por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, contribuindo para sua
inserção no contexto social sobre o qual deverá atuar como agente transformador. Constatouse que o website da universidade não faz referências a dados relacionados à
internacionalização, nem tampouco divulga o acesso a documentos que afirma existir, como o
Projeto Político Institucional e o Projeto de Desenvolvimento Institucional. Na missão da
instituição também não está explícita essa questão (MANUAL DO ALUNO – 2012, In:
WEBSITE DA IES F).
O único documento veiculado ao website é o Manual do Aluno, por meio do qual se
constatou que, em sua estrutura organizacional, a IES F não dispõe de representante
específico para a área da internacionalização, nem de recursos físicos, humanos e/ou
financeiros. Destaca-se o seguinte trecho desse manual:
A IES F tem como uma das suas finalidades a inserção regional e considera que
vivemos hoje em um mundo marcado por profundas mudanças à força da
mundialização do capital, o avanço científico e tecnológico e sua
internacionalização, ocasionando, especialmente a partir dos anos 80, a diminuição
do campo de trabalho e o surgimento de novas e escassas oportunidades com novos
perfis profissionais (MANUAL DO ALUNO – 2012, In: WEBSITE DA IES F).
Esta instituição deixa claro, portanto, que a internacionalização gera consequências
negativas, como a diminuição do campo de trabalho e o surgimento de novas e escassas
oportunidades com novos perfis profissionais.
A missão da IES G consiste em promover a formação de profissionais competentes,
críticos e criativos, para o exercício da cidadania, além de produzir e difundir conhecimentos
científicos, técnicos e culturais que contribuam para o desenvolvimento sustentável da região
e do País (PDI, 2007-2013, WEBSITE DA IES G). A instituição define como visão de futuro
Ser reconhecidamente uma universidade autônoma, política e financeiramente,
capaz de se planejar e de se auto-avaliar continuamente, com vistas à realização de
ações de ensino, de pesquisa e de extensão, visando a excelência na formação de
pessoas e buscando o desenvolvimento sustentável da sociedade” (PDI, 2007-2013,
In: WEBSITE DA IES G).
A missão da instituição não deixa explícita a questão da internacionalização.
Observou-se também essa lacuna nas ações e diretrizes propostas pela instituição no seu Plano
de Desenvolvimento Institucional – PDI (2007-2013). Constatou-se que no website da IES G
existem poucas notícias e informações divulgadas referentes à área internacional, sequer uma
janela ou página exclusiva dentro do portal voltada para a referida área. Observou-se ainda
que o PDI é o único documento oficial disponível no site da instituição e que existe a figura
87
de um Diretor de Assuntos Internacionais como um dos integrantes que compõem a
Assessoria Técnica do Gabinete do Reitor. Essa Diretoria dispõe de um Assessor em Tradução
e Assuntos Internacionais, que presta assessoria a algumas Pró-Reitorias da instituição. De
acordo com a entrevista realizada com o atual assessor, não existe uma sala exclusiva para
atendimento de assuntos internacionais, como também não há recursos financeiros próprios
para a internacionalização da IES G, mas sim auxílios por parte da Reitoria com diárias e
transportes quando ocorre participação de representantes em eventos na área da
internacionalização.
Constatou-se que o website da IES H não faz referências a dados com questões
relacionadas à internacionalização e nem divulga o acesso a documentos oficiais como
Estatuto, Regimento, Projeto Político Pedagógico e Projeto de Desenvolvimento Institucional,
entre outros. A IES H tem como missão
Através da formação de recursos humanos qualificados, contribuir para o
desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social do País com
comprometimento ético e responsabilidade social, proporcionando o acesso de
diferentes segmentos da população ao ensino de qualidade articulado aos benefícios
da pesquisa, da extensão e da formação continuada, privilegiando a descentralização
geográfica e o valor acessível das mensalidades, e buscando ao mesmo tempo a
inclusão social na construção, pelo conhecimento, de uma sociedade mais justa,
mais humana e mais igual (WEBSITE DA IES H, 2012).
Conforme entrevista com o Coordenador Pedagógico da IES H, sua estrutura
organizacional não dispõe de representante específico para a referida área, nem de recursos
físicos, humanos e/ou financeiros.
A IES I, por meio de seu Estatuto, apresenta-se como instituição pluridisciplinar,
formadora de quadros profissionais de nível superior, promotora da pesquisa e da extensão,
sob a forma de uma comunidade inspirada nas liberdades fundamentais. A missão da IES I é
“formar cidadãos comprometidos com os valores éticos, culturais, sociais e profissionais,
contribuindo – através do ensino, da pesquisa e da extensão de excelência – para o
desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte, da Região e do País” (ESTATUTO, In:
WEBSITE DA IES I, 2012).
Observou-se que, em sua missão como instituição, não está clara a questão da
internacionalização. No entanto, a IES I faz parte de uma rede internacional de instituições de
ensino superior, que inclui várias instituições de ensino superior localizadas na América do
Norte, América Latina, Europa e Ásia. Cada instituição da rede opera sob sua própria marca,
guiada por uma liderança local, oferecendo programas que misturam conteúdo nacional e
88
internacional para atender às necessidades atuais e futuras da economia global. Mais de 600
mil estudantes fazem parte dessa comunidade internacional, que inclui instituições com
instalações físicas e on-line em 24 países. Com sede em Baltimore, Maryland, EUA, a
organização começou em 1998 como Sylvan Learning Systems, Inc. Hoje em dia, a rede
possui mais de 50 instituições de ensino superior (WEBSITE IES I, 2012).
Constatou-se que a referida rede internacional se volta exclusivamente para estimular
o processo de intercâmbio internacional de suas universidades, considerando o fato de ela ter
como missão
Ampliar o acesso ao ensino superior de qualidade para fazer do mundo um lugar
melhor. Em toda a nossa rede mundial de instituições de ensino superior,
compartilhamos a missão de tornar a educação superior de qualidade mais acessível
e disponível para que mais alunos possam alcançar os seus sonhos. Estudantes,
professores, alunos, famílias e os empregadores que contratam nossos alunos estão
fazendo uma diferença positiva em comunidades ao redor do mundo. Quando os
nossos alunos têm sucesso, países prosperam e sociedades se beneficiam
(ESTATUTO, In: WEBSITE DA IES I, 2012).
Observou-se, consequentemente, que a missão da rede é voltada para uma das ações
de internacionalização, que consiste nos intercâmbios. Entretanto, a missão da IES I deixa
uma lacuna sobre esta questão pelo fato de não inserir a questão da internacionalização. Além
disso, não a inclui em seus objetivos institucionais, conforme foi observado em seu Estatuto.
Verificou-se a disponibilidade de vários documentos oficiais no Portal da IES I, entre
eles o Projeto Político Institucional (PPI) e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)
(2007-2016). No entanto, constatou-se a ausência de referência, nesses documentos, em
relação à internacionalização como política
institucional.
A responsabilidade da
internacionalização, segundo o estatuto, é atribuída ao International Office, por meio do
relacionamento que a universidade mantém com a rede. Nesse caso, percebeu-se a
internacionalização como algo à margem, separada das políticas institucionais.
Constatou-se a existência de divulgação de várias notícias relacionadas às questões
internacionais, tanto na página web da rede internacional de universidades participante da IES
I, como também na página web do setor internacional da IES I.
O International Office da IES I é considerado um meio que viabiliza as iniciativas, os
programas e serviços de intercâmbio entre as instituições participantes da rede da qual faz
parte. Esse setor se propõe a oferecer aos alunos qualidade internacional, formação
multicultural, empregabilidade global, além de ajuda na escolha dos melhores programas
acadêmicos internacionais, orientando os participantes em todos os preparativos necessários
89
ao desenvolvimento dos mesmos. O International Office foi criado em 2008, inicialmente
denominado de Núcleo de Intercâmbio da IES I, como um órgão suplementar, de natureza
executiva, vinculado à Reitoria (WEBSITE IES I, 2012).
Com base na entrevista realizada com o coordenador do International Office da IES I,
a estrutura física se resume em um espaço contendo duas salas, com bons equipamentos.
Quanto aos recursos humanos, o referido coordenador trabalha com o auxílio de apenas uma
secretária. Não há recursos financeiros próprios. Existe o apoio da própria rede de
universidades da qual faz parte, que inclusive disponibiliza algumas bolsas de estudo. Em
algumas situações, há o auxílio da instituição. O Quadro 9
ilustra as estratégias de
Internacionalização adotadas por parte das IES do RN aqui pesquisadas.
Quadro 9 – Estratégias de Internacionalização apresentadas em IES do RN
IES
Internacionalização
explícita
na missão
Representante para
assuntos
internacionais
Estrutura
física
Recursos
Humanos
Recursos
financeiros
definidos
Portal ou
página Web
do setor
internacional
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Legenda:
Instituição Pública
Instituição Privada
Sim
Não
Conforme os dados obtidos na pesquisa de campo, das nove IES estudadas quatro são
de caráter público e cinco de caráter privado. As IES públicas apresentaram entre dois a seis
itens de investimentos em internacionalização, dos seis que lhes foram expostos. As IES
privadas, por sua vez, indicam nenhum a, no máximo, quatro itens de investimentos em
90
internacionalização, dos seis que lhes foram expostos, sendo que, das cinco IES privadas,
quatro
apresentam
cem
por
cento
de
ausência
de
investimentos
básicos
em
internacionalização, ou seja, não insere a internacionalização em sua missão; não dispõe de
representante de assuntos internacionais; não dispõe de estrutura física como espaço
apropriado; não dispõe de recursos humanos para o desenvolvimento do trabalho nessa área;
não dispõe de verba destinada ao desenvolvimento da internacionalização; e não exibe portal
ou página da web específica para as questões internacionais. Apenas uma das cinco IES
privadas aqui estudadas apresenta quatro itens de investimento institucional nessa área.
Apenas uma das quatro IES públicas tem cem por cento dos itens apresentados como
investimentos da instituição referentes à internacionalização. Portanto, nesse caso, constatase que, no RN, as IES públicas investem mais em internacionalização que as IES privadas.
4.4 INDICADORES DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM IES DO RN
Considera-se que as ações e as estratégias de internacionalização estão contidas nos
indicadores. Nesse aspecto, Knight (1994) lança uma abordagem mais voltada para o sentido
de processos e transmite a ideia de que a internacionalização deve ser desenvolvida de forma
integrada e sustentável na instituição.
Os novos parâmetros de referência incluem políticas e programas em todos os níveis.
Os programas podem ser observados de maneira mais ampla que as estratégias e são
utilizadas como um dos instrumentos de políticas ou como uma das formas de a política
realmente conduzir a uma ação (DE WIT et al., 2005). Nessa mesma perspectiva, Knight
(2004) descreve as políticas e programas para a internacionalização em nível institucional
como políticas que se referem a aspectos específicos da internacionalização ou políticas que
integram e apoiam a dimensão internacional na missão principal das funções da instituição.
O Quadro 10 mostra as categorias de internacionalização analisadas com base nas
respostas fornecidas pelos entrevistados. Comparam-se as instituições pesquisadas por meio
do levantamento das ações, estratégias adotadas e indicadores de internacionalização, de
acordo com os dados fornecidos pelos participantes das entrevistas. Para tanto, busca-se
verificar, por um lado, se a internacionalização é considerada algo relevante para a instituição;
por outro, se a internacionalização é percebida como fator de desenvolvimento institucional.
Busca-se, enfim, constatar se a internacionalização está plenamente institucionalizada na
percepção dos entrevistados.
91
Quadro 10 - Categorias de Análise do Processo de Internacionalização em IES do RN
IES
AÇÔES
ESTRATÉGIAS
A
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
Participação
mobilidade;
em
programas
de
Intercâmbio
professores;
de
estudantes
e
INDICADORES
Transformação da AAI em SRI.
Criação
e
apoio
aos
Internacionais ligados à IES A.
Institutos
Criação de Escola de Idiomas.
Participação em redes internacionais;
Organização
internacionais;
de
Instalação
internacionais;
de
eventos
institutos
Instalação de escola de idiomas
apoiada pela instituição;
Implantação de programa de duplo
diploma;
Aborda a internacionalização no PDI;
Plano de Gestão; Regimento da SRI;
normatização
para
estudantes
de
intercâmbio (graduação e pós-graduação);
a normatização para estágio encontra-se
em discussão.
Os investimentos mais significativos são:
existência de orçamento próprio da SRI;
Funcionamento mais eficiente da SRI; o
desenvolvimento da cooperação desde os
grupos de pesquisa; Adoção de postura
mais criteriosa na proposição e renovação
de acordos.
Implantação de co-tutela de tese
doutoral.
B
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
Participação
mobilidade;
em
programas
de
Intercâmbio
professores;
de
estudantes
e
D
de
Participação
mobilidade;
em
programas
de
Intercâmbio
professores.
de
estudantes
e
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
em
Intercâmbio
professores
administrativos;
 Organização
internacionais.
referentes
à
programas
de
e
de
estudantes,
técnicos
de
 Considera que em muitos aspectos que a
internacionalização
está
institucionalizada porque existe uma
política de internacionalização se
consolidando; há um processo avançado
de internacionalização com ações
direcionadas de acordo com o plano
científico e acadêmico da instituição.
Houve a criação da comissão de
mobilidade com representantes das
unidades acadêmicas. As ações são bem
divulgadas com acesso a todos os meios
de comunicação (internos e externos).
Existe uma participação significativa em
reuniões.
Entretanto,
tem
alguns
problemas, mas estamos procurando
trabalhar nesse sentido.
 Não considera a internacionalização
como
fator
de
desenvolvimento
Institucional
porque
não
acha
indispensável, mas considera que agrega
valor ao ensino, à pesquisa e à extensão.
 Ainda
não
considera
internacionalização
institucionalizada.
que
a
está
eventos
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
Participação
mobilidade;
Não existem normas
internacionalização.
Não existem investimentos.
Organização
internacionais.
C
Não apresenta estratégia.
 Considera a internacionalização como
fator de desenvolvimento Institucional
porque acha importante o diálogo com o
exterior; a possibilidade de práticas
diversificadas; o renome e facilidade de
recursos como consequência; entretanto o
mais importante é o aceleramento do
processo de produção científica, visando
o conforto da humanidade.
eventos
Não apresenta estratégias.
Não existem normas
internacionalização.
referentes
à
Não
existem
investimentos.
A
internacionalização não aparece como área
prioritária, mas é errôneo pensar que não é
uma área prioritária. A instituição é jovem
e trabalha para fortalecer cursos.
Não apresenta estratégias.
Aborda a internacionalização no PPP.
Há uma pequena cota dentro do
orçamento da Pró-Reitoria e pequena ajuda
da assistência estudantil; cada ação é
negociada, não existe um recurso próprio.
 Considera a internacionalização como
fator de desenvolvimento Institucional
porque considera que a IES se projeta em
escala internacional; há reconhecimento
internacional que projeta também o País,
contribuindo para o amadurecimento da
ciência.
 Não considera que a internacionalização
está institucionalizada.
 Considera a internacionalização como
fator de desenvolvimento Institucional
porque hoje não dá para se imaginar
isolado do resto do mundo.
 Considera que a internacionalização está
institucionalizada porque está incluso no
PPP.
92
IES
AÇÔES
ESTRATÉGIAS
E
Não há ações de internacionalização.
INDICADORES
Não apresenta estratégias.
Não existem normas
internacionalização.
referentes
à
Não existem investimentos.
 Não considera a internacionalização
como
fator
de
desenvolvimento
Institucional porque o desenvolvimento
institucional pode ir bem mesmo sem a
internacionalização. Esta seria apenas um
fator a mais que soma.
 Existe uma tendência com a globalização
da maioria das IES privadas se fundirem
com
outras
IES
e
assim
a
internacionalização acontece.
 Considera que a internacionalização não
está institucionalizada.
F
Organização
internacionais.
de
eventos
Não apresenta estratégias.
Não existem normas
internacionalização.
referentes
à
Não existem investimentos.
G
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
Participação
mobilidade;
em
programas
de
Intercâmbio de estudantes.
H
 Considera que a internacionalização não
está institucionalizada.
Não apresenta estratégias.
Não existem normas referentes à
internacionalização, mas se encontra em
discussão a regulamentação do estudante
de intercâmbio.
Não existem investimentos, apenas ajudas
de custo para participação de professores e
gestores em eventos.
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação.
Não apresenta estratégias.
Não existem normas
internacionalização.
 Não considera a internacionalização
como
fator
de
desenvolvimento
Institucional, mas acha que pode ser que
até lá fora a internacionalização possa dar
um diferencial à instituição.
referentes
à
Não existem investimentos.
 Considera a internacionalização como
fator de desenvolvimento Institucional
porque possibilita a abertura da IES para
o mundo, favorecendo a troca de
experiências.
 Considera
que
internacionalização
institucionalizada.
na
prática
a
não
está
 Não considera a internacionalização
como
fator
de
desenvolvimento
Institucional, mas considera como fator
complementar. Temos outras prioridades
antes de se pensar em integração
internacional.
 Considera que a internacionalização não
está institucionalizada.
I
Formalização de convênios e/ou
acordos de cooperação;
Fomenta a
internacionais.
Participação
mobilidade;
As metas do setor são traçadas de acordo
com o que a Rede disponibiliza.
Intercâmbio
professores
administrativos.
em
programas
de
e
de
estudantes,
técnicos
Participação em redes internacionais;
Organização
internacionais.
de
eventos
troca
de
experiências
Existe uma Resolução do Conselho que
cria o International Office. Consta a
internacionalização como um dos pilares
da instituição.
Houve investimento na ampliação da
estrutura física do setor e também em
mídia interna e externa.
 Considera a internacionalização como
fator de desenvolvimento Institucional.
Finalmente o Governo Federal atentou
para isso ao ofertar milhares de bolsas.
 Considera que a internacionalização está
institucionalizada porque consiste em um
dos pilares da instituição.
93
As categorias agrupam as unidades de registro do tema da pesquisa. Bardin (2011, p.
148) considera que “a categorização tem como primeiro objetivo (da mesma maneira que a
análise documental) fornecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados
brutos”.
Siegler (2009) considera a internacionalização do ensino superior um processo
complexo e que as razões, abordagens e estratégias de internacionalização ocorrem de forma
diferenciada em cada IES. Nesse aspecto, observou-se que a IES I apresenta uma motivação
para a internacionalização mais voltada a participar de uma Rede Internacional de IES, sendo
em torno desse ponto que se desenvolve a maior parte de suas ações, ou seja, que se
desenvolve todo o seu processo de internacionalização.
A IES I apresenta o intercâmbio como a sua ação de maior destaque. Isso foi
constatado na fala do coordenador do International Office da instituição, quando afirmou que
A gente tem principalmente o intercâmbio de envio e de recebimento, tanto a gente
envia alunos para fora do país, como a gente recebe alunos. Para professores e
funcionários tem curso de férias. A gente tem também como ação de
internacionalização a visita de professores de fora na nossa instituição, sempre da
rede. A gente desenvolve eventos internacionais presenciais e on-line. Eventos que
estão acontecendo em tempo real em outro país. Em outra universidade da rede a
gente pode transmitir para os alunos, geralmente são seminários ou congressos. A
instituição define que é preciso fomentar a troca de experienciais internacionais
(meta institucional). E aí a gente [International Office] traça as metas de acordo com
o que a rede disponibiliza. A gente tem que contextualizar com o histórico da
internacionalidade. A IES I entrou na rede em 2007. E de 2007 para cá isso [a
internacionalização] vem crescendo gradativamente, mas ainda é um dos fatores que
a gente precisa realmente fortalecer, digamos assim (ENTREVISTA IES I).
De acordo com Knight (1999), existem quatro tipos de abordagens para
internacionalização: com ênfase na atividade; com ênfase na competência; com ênfase na
cultura; e com ênfase nos processos (ver Quadro 2). Portanto, constatou-se, com base nos
dados da pesquisa, que a maioria das IES do RN apresenta abordagem com ênfase na
atividade, pelo fato de se utilizarem as ações para descrever internacionalização – ações estas
em que não se constatou sua integração ao contexto geral da instituição, pois não se
desenvolveram por meio de um processo planejado e sistematizado estrategicamente, em
consonância com a missão e com os objetivos institucionais.
As razões para internacionalizar podem ser interpretadas como sinônimo para os
motivos que as instituições têm para incorporar a dimensão internacional em suas atividades.
Nesse sentido, é importante compreender as motivações, considerando que motivos (razões)
diferentes acarretam também meios (abordagens) diferentes, gerando assim resultados
94
diferentes (SIEGLER,2009). Knight (2004) reafirma a importância de se articular as
motivações para a internacionalização com as políticas, programas, estratégias e resultados,
pois considera que todos são ligados e guiados por razões explícitas e implícitas.
Os entrevistados das IES B, IES C, IES F, IES G, e IES H apresentaram ações, mas
não consideraram a instituição internacionalizada. Ou seja, das nove instituições
entrevistadas, cinco afirmam desenvolver ações, sem, contudo, considerar que elas
representem a internacionalização da IES. As IES A, IES D e IES I apresentam ações e
consideram a instituição internacionalizada, sendo apenas a IES E a única que não apresenta
ações nessa área e, coerentemente, se considera não internacionalizada.
Ao serem indagados se creem que o processo de internacionalização da organização se
encontra institucionalizado, os entrevistados responderam:
A internacionalização acontece de acordo com as oportunidades (ENTREVISTA
IES B).
Eu acho que o processo de internacionalização desta instituição não está
institucionalizado. Ainda não está. Ela [referindo-se a IES C] precisa se preparar
para esse processo de internacionalização. Ela ainda não está preparada. Para que ela
passe pelo processo de internacionalização, primeiro ela tem de cumprir uma
diretriz. Tem que “montar” uma política de internacionalização. Que política é essa?
Uma política com um conjunto de ações que tenha uma programação que vise
incluir essas pessoas interessadas, que vise divulgar, que sejam ações continuadas e
não ações pontuais. Isso nós não temos ainda... O que nós já fizemos aqui? Nós
fizemos ações pontuais. Eu posso dizer ações pontuais porque quando se realiza um
seminário e se diz para o aluno que se ele precisar e quiser fazer estágio no exterior
ele pode procurar a Assessoria de Relações Internacionais, mas, porém a Assessoria
de Relações Internacionais não tem um programa de ações estabelecidas, um
planejamento com ações continuadas para realizar as suas atividades, ou seja, um
programa que institucionalize a universidade [refere-se à internacionalização].
Porque a universidade só vai “cair” no campo da institucionalização da
internacionalização quando ela tiver esse programa... Aí se completa. Isso nós ainda
não temos. Só temos ações pontuais (ENTREVISTA IES C).
Eu sou um pouco descrente com a internacionalização. As instituições... como é que
está sendo feito o processo de internacionalização no Rio Grande do Norte? As
grandes empresas de educação estão comprando instituições locais. Isto está sendo
no Brasil todo. Essas grandes empresas têm instituições em todo o local do mundo.
O processo de internacionalização nada mais é do que a aquisição das empresas
locais, as empresas estão perdendo o seu caráter principal. Toda instituição tem a sua
visão, a sua missão, o seu futuro (ENTREVISTA IES F).
Se fala que vai internacionalizar, mas na prática isto não ocorre. O que existe é
apenas a liberação de transportes, passagens e diárias para participação de
professores e gestores em atividades ligadas à internacionalização (ENTREVISTA
IES G).
Não há estratégia local definida. Temos diversas atividades que precisam ser
organizadas localmente antes de se pensar em um cenário de integração
internacional (ENTREVISTA IES H).
95
O entrevistado da IES D justificou que é uma instituição internacionalizada porque
essa questão se encontra inserida no Projeto Político Pedagógico, respondendo:
Sim, inclusive porque ele está em documento [refere-se ao PPP e sua organização
didática]. O trabalho vem sendo feito, inclusive a gente tem números maiores do que
o resto de toda a Rede Federal [referindo-se aos intercâmbios nas demais unidades
dessa organização no país] (ENTREVISTA IES D).
Observou-se que a IES A é a única IES que se enquadra na abordagem com ênfase de
processos, pelo fato de valorizar a integração ou a inclusão da dimensão internacional ou
intercultural nas áreas de ensino, pesquisa e extensão por meio de um conjunto de
procedimentos que envolvem políticas e atividades, com o objetivo de garantir a
sustentabilidade dessa dimensão (Knight, 1999).
Verificou-se, nas entrevistas e na pesquisa documental, que a IES A abrange a
internacionalização no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão. De acordo com o
entrevistado,
Nós temos ações de internacionalização em todos os níveis acadêmicos e
administrativos... No PDI [Plano de Desenvolvimento Institucional] da IES A consta
a internacionalização como uma das vias. A internacionalização é uma das metas
dessa gestão. Não só dessa gestão, como da IES A para os próximos dez anos.
Nesse sentido o que é que já foi feito para apoiar? A criação dos institutos
internacionais, a transformação da antiga AAI [Assessoria de Assuntos
Internacionais] em SRI [Secretaria de Relações Internacionais], o que lhe deu um
peso maior e um orçamento próprio. Além disso, a criação do Instituto [de idiomas],
exatamente já pensando, mesmo antes dessa dificuldade do Programa Ciências sem
Fronteiras, já pensando que seria necessário institucionalizar os nossos docentes e
discentes no domínio das línguas estrangeiras. Essas foram as ações básicas, agora
vem, claro, toda uma política de internacionalização que nós estamos consolidando e
que vai direcionar as próximas ações, mas sempre em comum acordo com o plano
cientifico e o plano acadêmico (ENTREVISTA IES A).
Do ponto de vista dos entrevistados, as IES B, IES D, IES E, IES F, IES G e IES H
não apresentaram estratégias específicas relacionadas à internacionalização. As IES B, IES C,
IES E, IES F, IES G e IES H não apresentam normas regulamentares e investimentos nessa
área. Defrontado com a mesma pergunta feita às outras IES, ou seja, se considera que o
processo de internacionalização da instituição está institucionalizado, o representante da IES
A respondeu:
Em muitos aspectos sim, considero que a internacionalização da IES A está
institucionalizada. Mas, ainda temos algumas, eu não digo entraves, digo
dificuldades. É mais um plano da instituição, a institucionalização da
96
internacionalização, a ser executado. Nós já temos planos nesse sentido, por
exemplo, no regimento da SRI nós prevemos a criação de uma Comissão de
Mobilidade de Internacionalização, com representantes de todas as unidades
acadêmicas. Os membros dessa comissão já foram indicados e logo a gente deve ter
uma primeira reunião e o objetivo é exatamente esse: trazer as necessidades dos
Centros Acadêmicos e das Unidades Acadêmicas em geral, discuti-las aqui [SRI] e, a
partir daí, consolidar nosso planejamento e ao mesmo tempo fazer com que as
nossas ações sejam difundidas nos Centros por esses representantes. A IES A está
em um processo bastante avançado de internacionalização. Sem falar que nós temos
acesso constante a todos os meios de comunicação internos e até externos. Então as
nossas ações são bem divulgadas (ENTREVISTA IES A).
Mesmo revelando um quadro bastante positivo no tocante ao processo de
internacionalização, o representante da IES A apresentou algumas dificuldades.
Nós temos ainda uma questão que está em vias de ser resolvida, que é o problema de
apoio à mobilidade. Nós tanto precisamos ter uma legislação que nos permita apoiar
o nosso estudante que sai quanto, em alguns casos, apoiar o estudante que chega...
Mas, ainda tem alguns problemas sim, como em toda grande instituição. A gente não
pode esquecer que essa universidade tem mais de quarenta mil pessoas atuando
cotidianamente. Então é difícil atingir todo mundo, mas estamos procurando
trabalhar nesse sentido (ENTREVISTA IES A).
Observou-se também que a formalização de convênios e/ou acordos se encontra
presente na IES A, IES B, IES C, IES D, IES G, H e IES I. No entanto, dessas IES, apenas
a IES H apresentou acordo sem, contudo, desenvolver ações relacionadas a ele. Apenas a
IES E não apresentou ações de internacionalização. A IES A figura como a IES que dispõe
de um maior número de ações, tanto no âmbito da cooperação como no do ensino. A IES I foi
a instituição que apresentou o segundo maior número de ações, todas elas centradas no campo
da cooperação.
Os entrevistados das IES A, IES C, IES D, IES G e IES I consideraram a
internacionalização como fator de desenvolvimento institucional, entretanto as IES B, IES E,
IES F e IES H não tiveram o mesmo posicionamento. Portanto, é um número significativo
de instituições que não consideraram a internacionalização um fator de desenvolvimento
institucional. Entretanto, entre os entrevistados que consideraram tal fato, com exceção da
IES A, constatou-se a falta de investimentos nessa área.
Ao serem indagados acerca dos investimentos mais significativos que a instituição tem
apresentado no âmbito da internacionalização e quais as ações priorizadas com estes
investimentos, os representantes das IES responderam:
Nós temos uma pequena cota dentro do orçamento da Pró-Reitoria de Extensão e
Relações Internacionais da Instituição, mas nós contamos com a Assistência
Estudantil também, com recursos que são pequenos... tudo isso é negociado em cada
97
ação. Não existe assim um recurso disponibilizado para isso, isso e isso. Não existe
um recurso exclusivamente destinado à internacionalização da instituição
(ENTREVISTA IES D).
Não existe, pois as verbas do Governo... [mantenedora da instituição] são escassas e
se percebe uma falta de cultura relacionada à necessidade/importância da
internacionalização (ENTREVISTA IES G).
Stallivieri (2004) compreende que a ausência de estratégias pode acarretar o
retardamento de inúmeros resultados de desenvolvimento e projeção da instituição no cenário
internacional. Para tanto, a autora pondera que cada universidade busca observar o princípio
de sua autonomia, definindo suas próprias necessidades conforme objetivos aceitos no plano
de metas da instituição. Ela observa que as estratégias costumam proceder dos níveis
superiores, como reitoria, conselhos diretores e do corpo diretivo da organização.
Sete instituições, as IES B, IES C, IES D, IES E, IES F, IES G e IES H, não
apresentaram estratégias e nem investimentos específicos destinados à área da
internacionalização. Apenas duas, a IES A e a IES I, mencionaram ter estratégias e
investimentos nessa área.
Oito instituições, as IES B, IES C, IES D, IES E, IES F, IES G, IES H e IES I não
apresentaram documentos que inserem a internacionalização como algo relevante. Nesse item,
apenas a IES A apresenta documentos dessa natureza.
A IES A adotou estratégias importantes como: a transformação da Assessoria de
Assuntos Internacionais (AAI) em Secretaria de Relações Internacionais (SRI); a criação e
apoio aos Institutos Internacionais ligados à IES A; e a criação de uma escola de idiomas.
Os investimentos mais significativos nessa área foram: a aquisição de orçamento
próprio para a SRI; o funcionamento mais eficiente da SRI com a ampliação do espaço, dos
recursos humanos e materiais; o desenvolvimento da cooperação a partir dos grupos de
pesquisa; e a adoção de uma postura mais criteriosa por parte da instituição na proposição e
renovação de acordos internacionais.
Na IES A, a internacionalização se encontra explicitada no PDI (2010-2019), no Plano
de Gestão e no Regimento da SRI, além de constar uma normatização específica para
estudantes de intercâmbio, da graduação e da pós-graduação. A normatização para estágio
encontra-se atualmente em discussão.
O entrevistado da IES A considerou a internacionalização um fator de
desenvolvimento institucional e ressaltou a importância do diálogo com o exterior, que
possibilita práticas diversificadas, além de proporcionar renome e facilidade de recursos como
consequência. O mesmo concluiu que o legado mais importante da internacionalização é o
98
aceleramento do processo de produção científica, visando ao conforto da humanidade. Essa
IES apresenta uma concepção de internacionalização ampla e inclui a dimensão internacional
no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão.
O entrevistado da IES A considerou que em muitos aspectos a instituição se encontra
internacionalizada e que existe uma política de internacionalização se consolidando na
mesma, com um processo bastante avançado de internacionalização. Ele justificou o fato
afirmando que as ações são direcionadas de acordo com o plano científico e acadêmico da
instituição; que as mesmas são bem divulgadas, com acesso a todos os meios de comunicação,
tanto internos como externos; que existe uma comissão de mobilidade formada por
representantes docentes das unidades acadêmicas; que a SRI tem hoje uma participação
significativa em reuniões. No entanto, o entrevistado ponderou que, apesar disso tudo, ainda
há alguns problemas a serem solucionados nesse aspecto, mas que estão procurando trabalhar
nesse sentido.
A IES B, de forma coerente com as respostas dadas, afirmou que a internacionalização
ainda não se encontra institucionalizada em sua organização. A entrevistada afirmou que a
internacionalização não é indispensável para o desenvolvimento institucional, entretanto
afirmou que a mesma agrega valor ao ensino, à pesquisa e à extensão. Conforme reafirma
Miura (2006), os propósitos e funções referem-se aos papéis e objetivos que a educação de
ensino superior desempenha no país (missão da instituição) e às suas principais funções
(ensino, pesquisa e extensão). Portanto, se a internacionalização agrega valor a essas áreas da
instituição, então porque ela não é considerada indispensável para o desenvolvimento
institucional? Essa indagação é direcionada a IES B.
Sobre os investimentos mais significativos, a IES C relatou que a internacionalização
não aparece como área prioritária para a instituição, que a mesma ainda é “jovem” por ter
apenas cinco anos de existência e que trabalha prioritariamente para fortalecer os seus cursos.
Entretanto, a entrevistada afirmou ser errôneo pensar que a internacionalização não é uma
área prioritária, pois a considera como área de grande importância para o desenvolvimento
institucional. Considerou que a internacionalização projeta a IES em escala internacional e
esse reconhecimento, por sua vez, projeta também o país na qual a instituição está inserida,
contribuindo para o amadurecimento da ciência. Afirmou que a mesma ainda não se encontra
institucionalizada.
O entrevistado da IES D afirmou, em relação a investimentos mais significativos, que
há uma pequena cota dentro do orçamento da Pró-Reitoria de Extensão e uma pequena ajuda
do Setor de Assistência Estudantil. Entretanto, colocou também que cada ação é negociada
99
individualmente e que não existe um recurso próprio. Portanto, compreendeu-se que não
existem investimentos.
O entrevistado da IES D, por sua vez, citou o Projeto Político Pedagógico (PPP) como
documento que insere a internacionalização em seu texto. No entanto, no PPP disponível no
website da IES D não se constatou nenhuma referência à internacionalização, de modo a se
supor que uma nova versão do PPP esteja em processo de atualização, mas que, no momento,
ainda não foi disponibilizada publicamente. O mesmo considerou a internacionalização como
algo indispensável para o desenvolvimento institucional, justificando que hoje não dá para se
imaginar isolado do resto do mundo.
Para o entrevistado da IES D, a internacionalização está institucionalizada na
organização pelo fato de estar incluída no PPP. Tomando por base Knight (1999), considerouse que esse argumento não justifica que uma determinada instituição esteja com o processo de
internacionalização institucionalizado. Para a referida autora, a abordagem de processos (ver
Quadro 2 – Abordagens de internacionalização) valoriza a integração ou a inclusão da
dimensão internacional ou intercultural nas áreas de ensino, pesquisa e extensão por meio de
um conjunto de procedimentos que envolvem políticas e atividades, com o objetivo maior de
garantir a sustentabilidade dessa dimensão.
Complementando
essa abordagem,
Knight
(2004)
esboça um modelo
de
internacionalização (ver Figura 3 – Círculo da Internacionalização) que estimula uma cultura
que encoraja a integração da internacionalização e considera a internacionalização como um
processo desenvolvido em um ciclo contínuo de avaliação e aprimoramento, enfatizando a
integração e a conexão de todas as etapas desse modelo.
A entrevistada da IES E afirmou que a internacionalização não se encontra
institucionalizada. Ela não considerou a internacionalização como fator de desenvolvimento
institucional e justificou que o desenvolvimento institucional pode ir bem, mesmo sem a
internacionalização, pois esta apenas representa um fator a mais, que soma. A representante
concebe a internacionalização como uma tendência oriunda da globalização, que induz a
maioria das IES privadas a se fundirem com outras IES e, assim, gerar a internacionalização.
Conforme a definição de internacionalização elaborada por Knight (2004), a
concepção da entrevistada se apresenta de forma bastante limitada ao focar numa abordagem
puramente econômica.
O entrevistado da IES F afirmou que a internacionalização da IES da qual faz parte
não se encontra institucionalizada. Ele não considerou a internacionalização como fator de
desenvolvimento institucional, mas considerou que pode fornecer um diferencial à instituição.
100
A IES G não apresentou investimentos, mas seu representante considerou que existe a
colaboração da administração com determinadas ajudas de custo voltadas para a participação
de professores e gestores em eventos.
Ele não apresentou documentos que inserem a
internacionalização como algo relevante, mas afirmou que vem sendo discutida uma
regulamentação para aproveitamento de componentes curriculares por parte dos estudantes
que participam de intercâmbio.
O entrevistado considerou a internacionalização como algo indispensável para o
desenvolvimento institucional, justificando que o fato possibilita a abertura da IES para o
mundo, favorecendo a troca de experiências. Questionado se a internacionalização se encontra
institucionalizada, ele afirmou que, na prática, não. Isso leva à dedução de que teoricamente
essa IES apresenta uma internacionalização formalizada institucionalmente. Entretanto, ao
analisar a entrevista fornecida e os documentos postos no website da IES G, percebeu-se que
não existem estratégias, investimentos e, tampouco, documentos que comprovem esse fato.
O entrevistado da IES H afirmou que a internacionalização da IES da qual faz parte
não se encontra institucionalizada. Ele não considerou a internacionalização como fator de
desenvolvimento institucional, e sim como fator complementar, ressaltando que a instituição
tem outras prioridades, antes de se pensar em integração internacional.
A IES I adotou como estratégia de internacionalização o fomento à troca de
experiências internacionais, cujas metas são definidas de acordo com o que a rede
internacional disponibiliza. Conforme seu representante, os investimentos mais significativos
nessa área consistiram na ampliação da estrutura física do setor e em investimentos em mídia
interna e externa. Questionado sobre a existência de documentos que tratem da
internacionalização, ele citou a Resolução do Conselho, que cria o International Office, e
afirmou que consta a internacionalização como um dos pilares da instituição. Acerca dessa
questão, constatou-se, em documentos verificados no website da IES I, que realmente existe a
Resolução nº 025/2008 – CONSUNI, que trata da criação do Núcleo de Intercâmbio da IES I,
depois transformado em International Office. No entanto, por meio de consultas realizadas ao
PDI e PPP da referida organização, não se visualizou nenhum outro documento que insira a
internacionalização como algo relevante para o desenvolvimento institucional.
O entrevistado considerou a internacionalização fator importante de desenvolvimento
institucional e observou que, finalmente, o Governo Federal atentou para o fato ao ofertar
milhares de bolsas destinadas às universidades de todo o país. Considerou também a
internacionalização institucionalizada na IES I, pelo fato de esse fator ser um dos pilares da
instituição.
101
Como já explicitado anteriormente, a justificativa é quase a mesma fornecida pelo
entrevistado do IES D, ou seja, que a instituição tem a internacionalização institucionalizada
pelo fato de esse fator estar inserido em um documento da organização. Nesse aspecto, Knight
(1999) considera limitada a concepção acerca da internacionalização. Para a referida autora, a
internacionalização consiste em um processo desenvolvido em um ciclo contínuo de avaliação
e aprimoramento, enfatizando a integração e a conexão de todas as etapas desse modelo.
Portanto, os indicadores apresentados por meio das entrevistas sinalizam que, entre as
nove IES pesquisadas, quatro se encontram em estágio inicial do processo de
internacionalização – três públicas (IES C, IES D e IES G) e uma privada (IES I). Quatro
IES, todas de caráter privado (IES B, IES E, IES F e IES H), sequer iniciaram esse processo,
mesmo algumas delas tendo apresentado ações esporádicas, mas desconectadas das políticas
organizacionais. Apenas uma, a IES A, de caráter público, apresentou um processo bastante
avançado de internacionalização.
Na seção seguinte, serão apresentados benefícios e riscos proporcionados pelo
fenômeno da internacionalização.
4.5 BENEFÍCIOS E RISCOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO NA PERCEPÇÃO DOS
ENTREVISTADOS
Na percepção dos entrevistados, os principais benefícios recebidos pelo indivíduo,
entre estudantes, professores e técnicos administrativos, foram: o fato de o aluno se inserir em
um grande projeto institucional, projeto este que beneficia indiretamente outros tantos alunos,
possibilitando a multiplicação do know-how adquirido no exterior e aplicando-o em pesquisas
e extensão; a aquisição e a ampliação de uma visão singular de mundo, que possibilita
progresso acadêmico individual; troca de conhecimentos, relacionamentos e experiências;
integração com ambientes diversos; aquisição de novo idioma.
Observou-se que as IES também se beneficiam com a ampliação de oportunidades de
intercâmbio de alunos e professores, pelo fato de proporcionar experiências diferentes de
estudo; haver amadurecimento de áreas de ensino; ampliar oportunidades de pesquisa;
reconhecer a organização no exterior; conceber a instituição como algo universal;
proporcionar aumento da demanda de alunos na IES; desenvolver o corpo discente, apesar do
difícil ajuste entre as legislações dos países; e oferecer um diferencial para o aluno.
Essa questão deve ser ampliada, pois não se deve esquecer de que também o
intercâmbio de técnicos administrativos traz benefícios à instituição, na medida que pode
102
proporcionar a aquisição de novos conhecimentos teóricos e práticos para o excelente
desempenho de suas funções.
Os benefícios para a sociedade proporcionados pela internacionalização, segundo os
entrevistados, foram: contribuição para o desenvolvimento tecnológico; promoção e
fortalecimento da cultura; respeito pela diversidade; e contribuição para o desenvolvimento do
Estado.
Quanto aos riscos acarretados ao indivíduo, apontados pelos entrevistados, foi
colocado que acontecem nas variáveis externas do processo, como, por exemplo, a própria
viagem. Outro mencionado foi de o indivíduo tentar viver o mundo que não seja o dele e
querer que tudo aconteça da mesma forma que em seu país. Os entrevistados indicaram
também o provável choque de culturas e conceitos de valores diferentes. Os riscos para a
instituição se limitaram a questões que envolvem proteção de patentes, por consistir em um
risco financeiro e que pode representar a perda de um bem da instituição; e também a
diferença nas estruturas curriculares de diversos Países.
Entre os benefícios mais citados estão, para o indivíduo, a possibilidade de se tornar
um multiplicador de conhecimentos e a ampliação de sua de visão de mundo; para a
instituição, o reconhecimento da mesma em nível nacional e internacional; para a sociedade, a
contribuição com o desenvolvimento social.
Acerca dos riscos, o mais citado pelos entrevistados foi a dificuldade em se lidar com
culturas diferentes, podendo ocasionar perda da identidade cultural.
No Quadro 11, apresentam-se quais são os riscos e os benefícios para o indivíduo, para
a instituição e para a sociedade proporcionados pela internacionalização, segundo a percepção
dos entrevistados.
103
Quadro 11- Benefícios e Riscos da Internacionalização
BENEFÍCIOS
Para o indivíduo:
RISCOS
Para o indivíduo:
 O aluno se insere em um grande projeto
institucional, pois beneficia indiretamente outros
tantos alunos;
 Nas variáveis externas do processo, como a viagem;
 Possibilidade de se tornar multiplicador do knowhow adquirido no exterior e aplicar em pesquisas e
extensão;
 Tentar viver em mundo que não é nosso ao querer
que tudo aconteça da mesma forma que funciona no
outro País;
 Choque de culturas e conceitos de valor diferentes.
 Aquisição de visão de mundo diferente da nossa;
 Ampliação da visão de mundo;
 Troca de conhecimentos,
experiências;
relacionamentos
e
 Integração com ambientes diversos;
 Conhecer outro mundo e poder melhorar;
 Aquisição de novo idioma.
Para a instituição:
 Oportunidades
professores;
de
intercâmbio
Para a instituição:
de
alunos
e
 Experiência diferente de ensino;
 Amadurecimento de áreas de ensino;
 Quando envolve proteção de patentes é um risco
financeiro e que pode representar a perda de um
bem;
 Diferença nas estruturas curriculares de diversos
Países.
 Âmbito maior de oportunidade de pesquisa;
 Reconhecimento da instituição no exterior;
 Visão da instituição como algo universal;
 Aumento da demanda de alunos na instituição;
 Desenvolvimento do corpo discente, apesar do difícil
ajuste entre as legislações;
 Oferecer um diferencial para o aluno.
Para a sociedade:
 Contribuição para o desenvolvimento tecnológico;
 Promoção e fortalecimento da cultura;
 Respeito pela diversidade;
 Contribuir com o desenvolvimento do nosso Estado.
Para a sociedade:
 Perda de identidade cultural.
104
Enfim, foram apontados mais benefícios que riscos advindos do processo de
internacionalização. Apesar de Knight (2007) alertar para os sérios riscos associados ao
crescimento desse fenômeno, os entrevistados não destacaram os riscos como uma questão
que possa trazer danos de grande proporção para os envolvidos nesse processo, de modo que
enfatizaram mais os possíveis benefícios como algo que possa superar os possíveis riscos.
Isso pode significar um motivo que venha a estimular as IES a investirem mais nessa área.
Percebe-se que para alguns entrevistados não está claro o significado de risco no
contexto da internacionalização ao responder que o risco está nas variáveis externas do
processo, como a viagem; ou na diferença de estruturas curriculares de diversos Países. Na
realidade a estrutura curricular é considerada por Knight (2004) como um dos vários entraves
ao processo de internacionalização, ou seja, enquanto fator restritivo. No caso da viagem, foi
considerada como fator de risco de forma equivocada, pois a questão trata de fatores inerentes
ao processo de internacionalização.
4.6 FATORES FAVORÁVEIS E RESTRITIVOS À INTERNACIONALIZAÇÃO NA
PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS
A relação de fatores que favorecem o processo de internacionalização apresentados
pelos entrevistados foram: produtividade científica; avaliação nos rankings; região
turisticamente privilegiada; localização da cidade; existência de uma secretaria de assuntos
internacionais na instituição; atividades em conjunto com outras instituições que conjuguem o
que vem sendo feito nelas com a vida produtiva do Estado; oportunidade de bolsas concedidas
pelo Governo Federal e órgãos de fomento à pesquisa; criação de um modus operandi
adequado a todas as condições que existem; divulgação de oportunidades; negociação de
recursos com os departamentos envolvidos nas atividades; pluralismo de ideias na instituição;
constatação de que outras instituições oferecem ações de internacionalização, estimulando
assim a competitividade; participação em redes de cooperação, por se ter todos os incentivos
que a própria rede exige; percepção de que a internacionalização é importante para a
instituição; e apresentação de uma boa infraestrutura.
Quanto aos fatores que restringem o processo de internacionalização, foram indicados:
as restrições burocráticas com exigências legais e documentais; os momentos de cortes com
gastos públicos; a falta de investimento; a falta de recursos financeiros específicos para a
internacionalização; a falta de um fundo destinado a bolsas de estudo; a visão que se tem da
própria falta orçamentária, de não se prever um orçamento para investir em
105
internacionalização; a falta de planejamento; a pouca procura por intercâmbios; a falta de
comunicação interna entre as unidades da instituição; e o baixo poder aquisitivo das pessoas.
O Quadro 12 indica os fatores favoráveis e os que restringem o processo de
internacionalização institucional, com base nas respostas dos entrevistados.
Quadro 12- Fatores Favoráveis e Restritivos à Internacionalização
Fatores favoráveis
Fatores restritivos
 Boa produtividade científica;
 Restrições burocráticas com exigências legais e
documentais;
 Boa avaliação nos Rankings;
 Região turisticamente privilegiada;
 Momento de cortes com gastos públicos;
 Boa localização da cidade;
 Falta de investimento;
 Existência
de
uma
Secretaria
de
assuntos
internacionais da instituição;
 Atividades em conjunto com outras instituições que
conjugue o que vem sendo feito nelas com a vida
produtiva do Estado;
 Oportunidade de bolsas concedidas pelo Governo
Federal e órgãos de fomento à pesquisa;
 Criação de um Modus operandi adequado a todas as
condições que existem;
 Boa divulgação de oportunidades;
 Negociar recursos com os Departamentos envolvidos
nas atividades;
 Pluralismo de ideias na instituição;
 Falta de recursos financeiros específicos para a
internacionalização;
 Falta de um fundo destinado a bolsas de estudo;
 Visão que se tem da própria falta orçamentária, de
não se prever um orçamento para investir em
internacionalização;
 Falta de planejamento;
 Procura pequena por intercâmbios;
 Falta de comunicação interna entre as unidades da
instituição;
 Baixo poder aquisitivo das pessoas.
 Constatar que outras instituições oferecem ações de
internacionalização;
 Fazer parte de Rede de Cooperação, por se ter todos
os incentivos que a própria Rede exige;
 A visão de que a internacionalização é importante
para a instituição;
 Boa infraestrutura.
Os fatores favoráveis apontados pelos entrevistados foram diversificados, abrangendo
questões no âmbito acadêmico, institucional e social. Com base nos fatores apresentados,
constatou-se que o número de fatores favoráveis é maior que o de fatores restritivos.
106
Entretanto, o fator apontado como o que mais favorece o processo de internacionalização foi a
localização da IES, considerando que região turisticamente privilegiada se encaixa nesse
mesmo item. Considerou-se a falta de investimentos como o fator, indicado pelos
entrevistados, que mais restringe esse processo.
Portanto, nota-se com base em Knight (1999; 2004), que a maioria das IES
pesquisadas percebem e definem a internacionalização numa abordagem limitada, com ênfase
basicamente nas atividades que são desenvolvidas na instituição.
107
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral foi respondido com os resultados apresentados, ao se identificar que a
maioria das IES do RN não concebem as ações de internacionalização como fator estratégico
de desenvolvimento institucional, pelo fato de a internacionalização não estar incluída como
política institucional, desenvolvida por meio de estratégias sistematizadas de forma planejada,
integrada, conectada e sustentável na cultura organizacional, ou seja, em todos os âmbitos da
instituição.
A análise dos resultados revelou que, das nove instituições pesquisadas, apenas uma
concebe a internacionalização como fator estratégico de desenvolvimento institucional, pois a
inclui em sua missão como política institucional e apresenta estratégias que conduz a um
processo bastante avançado rumo à institucionalização da internacionalização.
Os objetivos específicos foram alcançados ao se identificar as ações de
internacionalização desenvolvidas nas IES do RN. Verificou-se que a dimensão internacional
não está inserida no planejamento estratégico da maioria das IES estudadas, de modo que o
processo de internacionalização não é concebido como fator estratégico de desenvolvimento
institucional para as referidas instituições. Com base no conceito de internacionalização de
Knight (2004), o fato de uma IES fazer parte de uma rede de cooperação não é suficiente para
torná-la uma IES internacionalizada.
Constatou-se que em nenhuma das IES do RN estudadas a internacionalização é
plenamente institucionalizada, tomando-se como parâmetro o conceito de internacionalização
definido por Knight (2004). Apenas uma IES apresentou um processo bastante avançado
nesse aspecto, além de investimentos significativos, e revelou também a existência de política
e de estratégias de internacionalização em documentos oficiais da instituição. Entretanto, essa
IES ainda não apresenta o conceito de internacionalização do ensino superior totalmente
integrado à cultura organizacional da instituição, pois ainda não consolidou a natureza
internacional em todos os seus âmbitos. Considerou-se que tal universidade caminha de forma
bastante estruturada rumo a um processo de institucionalização da internacionalização, em
vias de ser consolidado.
Verificou-se que os estudantes são quem mais participa dos intercâmbios, vindo em
segundo lugar os professores. Entretanto, confirmou-se que, em apenas duas instituições há a
participação de técnicos administrativos em intercâmbios. Verificou-se também que a
108
instituição que está com o processo de internacionalização mais avançado, não inclui o
segmento técnico administrativo em seus programas de intercâmbio.
Os benefícios proporcionados pela internacionalização são maiores que os poucos
riscos advindos desse processo, que abrangem questões no âmbito individual, institucional e
social.
Os benefícios mais indicados foram a aquisição de conhecimentos, em nível
individual; o reconhecimento e desenvolvimento, em nível de instituição; e a contribuição
para o desenvolvimento tecnológico e cultural, em nível de sociedade. Os riscos apontados
foram o conflito do sujeito entre culturas diferentes e os riscos da viagem, para o indivíduo; a
proteção de patentes e a diferença entre grades curriculares, para a instituição; e a perda da
identidade cultural, para a sociedade.
Os fatores favoráveis apontados foram diversificados e maiores que o número de
fatores restritivos. A localização da região ou cidade onde se situa a instituição foi apontada
como o fator que mais favorece a internacionalização, enquanto a falta de investimentos,
principalmente de ordem financeira, foi indicada como o fator que mais restringe o processo
de internacionalização.
Uma das questões observadas na pesquisa se refere à falta de percepção da
importância de se internacionalizar a IES, considerando que esse é realmente um processo
complexo e que as ações desenvolvidas nessa área ocorrem de forma bastante diferenciada,
conforme as razões, motivações, abordagens e estratégias de cada instituição. Notou-se, por
parte da maioria das IES pesquisadas, a ausência de uma política formalizada, que constasse
explicitamente a questão da internacionalização em sua missão, bem como a falta de diretrizes
estratégicas direcionadas às unidades acadêmicas das mesmas, que possibilitem que esse
fenômeno aconteça de forma sustentável, por meio de uma cultura que estimule esse processo.
Portanto, o estudo revelou resistências por parte das IES em se lidar com algo novo,
com um processo que muitas vezes realiza sua trajetória tomando por base experiências
exitosas na área da internacionalização em outras instituições. As dificuldades apontadas
nesse aspecto foram principalmente em torno da ausência ou escassez de investimentos
financeiros e estruturais na área da internacionalização. Apesar disso, percebeu-se que,
quando a IES tem vontade política para se internacionalizar, a instituição delineia seu próprio
projeto nesse aspecto, com seus próprios erros e acertos, inexistindo um modelo determinado
a ser seguido na íntegra. Isso não significa dizer que não se possa utilizar como parâmetro as
experiências que deram certo na área da internacionalização em outras universidades,
considerando que essas experiências certamente contribuirão para estruturar o perfil
internacional das demais que buscam trilhar suas próprias trajetórias.
109
Considera-se como limitações da pesquisa a amplitude do público alvo, por motivo de
as entrevistas se limitarem a apenas o grupo de representantes, o mais próximo possível, do
setor responsável pelos assuntos internacionais da instituição. Outra limitação detectada diz
respeito à ausência de documentos organizacionais de caráter público, como PDI, PPP, Plano
de Gestão, Estatuto, Regimento, entre outros, não postados nos websites de algumas das IES
pesquisadas e que, devido ao prazo para a conclusão da pesquisa, não houve tempo hábil para
a solicitação desses documentos às referidas instituições. Essas limitações podem motivar
futuras pesquisas no sentido de aprofundar ainda mais a compreensão do fenômeno da
internacionalização da educação.
Finalmente, sugerem-se alguns temas para trabalhos futuros, como: pesquisar os
motivos da ausência ou escassez de investimentos financeiros e estruturais na área da
internacionalização; realizar comparativo acerca do processo de internacionalização entre
instituições públicas e privadas; analisar a contribuição da internacionalização para o
desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; verificar, junto a outros segmentos da
comunidade universitária (estudantes, professores e/ou técnicos administrativos), a percepção
que se tem do processo de internacionalização.
110
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120
APÊNDICE A
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Entrevistado:______________________________________________Data:____________
Cargo:________________________Unidade:_____________________________________
Instituição:________________________________________________________________
1 - AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO
1.1. Quais as ações de internacionalização desenvolvidas nesta instituição? Quais as que
mais se destacam? Justifique.
1.2. De onde parte as iniciativas para desenvolver as ações de internacionalização e como
ocorre o acompanhamentomonitoramento delas
2 - ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO
2.1. Quais as estratégias de internacionalização adotadas pela instituição?
2.2. O(a) Sr.(a) considera que essas estratégias são suficientes para implementar as ações
desenvolvidas Justifique.
3 – INDICADORES DE INTERNACIONALIZAÇÃO
3.1. O (a) Sr.(a) considera que o processo de internacionalização desta instituição está
institucionalizado Justifique a resposta.
3.2. Quais os investimentos mais significativos que a instituição tem apresentado no
âmbito da internacionalização e quais as ações priorizadas com estes investimentos
3.3. Quais as normas regulamentares da instituição relacionadas à internacionalização
3.4. O(A) Senhor(a) considera a internacionalização como um fator indispensável para o
desenvolvimento institucional? Justifique.
4 – BENEFÍCIOS E RISCOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO
4.1. Quais os benefícios e os riscos que a internacionalização pode trazer para a
instituição
5 – FATORES FAVORÁVEIS E RESTRITIVOS À INTERNACIONALIZAÇÃO
5.1. Quais os fatores favoráveis e quais os fatores restritivos ao processo de
internacionalização da instituição da qual o(a) senhor(a) faz parte?
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