X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
A potencialização da aprendizagem de uma língua adicional
através do blended learning
Rossana Kramer
Mestre em Letras - Língua Inglesa
Centro Universitário Ritter dos Reis
[email protected]
Fabiana Saldanha
Pós-Graduada em Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa
Centro Universitário Ritter dos Reis
[email protected]
Suzan Severo
Pós-Graduada em Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa
Centro Universitário Ritter dos Reis
[email protected]
Resumo: Este artigo apresenta o Laureate English Program - LEP (Programa de Inglês da
Laureate) e a metodologia de ensino e aprendizagem adotada pelo Programa que conta com a
parceria da Cambridge University Press, oferecendo a qualificação na língua inglesa e o
crescimento profissional dos alunos e funcionários da UniRitter. Para tanto, as aulas possuem
caráter semipresencial, sendo as presenciais ministradas nos campi Porto Alegre e Canoas e,
as a distância, através de uma plataforma digital desenvolvida pela Cambridge. Essa
combinação do aprendizado presencial com o on-line é denominada blended learning ou blearning. Esse modelo de ensino apodera o aluno do conhecimento da estrutura linguística e do
vocabulário que será apresentado em aula, pois o ato de estudar previamente o conteúdo
deixa o aluno preparado e confiante na interação em língua adicional (LA) com seus colegas e
com o professor. Além disso, o método possibilita que o aluno faça a consolidação do conteúdo
ministrado em aula. Este trabalho caracteriza-se por uma abordagem exploratória acerca do
tema, alicerçada em pesquisa bibliográfica e conta com a contribuição de alunos do LEP que
atualmente estão aprendendo inglês com esta metodologia de ensino.
1 Introdução
O Laureate English Program (LEP) é um programa misto de ensino de
língua inglesa da rede Laureate implementado pela UniRitter no segundo
semestre de 2011 que objetiva a qualificação na língua inglesa e o crescimento
intelectual e profissional de seus alunos. Desse modo, facilita processos de
mobilidade acadêmica, acesso a viagens internacionais e trocas de
conhecimentos com estudantes estrangeiros através da rede Laureate.
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação
SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014
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Atualmente, o curso é destinado aos alunos, alunos egressos e funcionários da
instituição.
Com foco em preparar o aluno para atingir o nível B1 do padrão europeu
de proficiência para falantes de outras línguas no mercado internacional
(Common European Framework of Reference for Languages), o LEP se propõe
a formar alunos alinhados a um patamar cada vez mais exigente de trabalho e
estudo. Para alcançar esse objetivo, o LEP apresenta um modelo de
aprendizagem em língua inglesa chamado blended learning, que consiste na
combinação do aprendizado presencial com práticas virtuais. Esse modelo
possibilita não somente a aprendizagem dentro da UniRitter através de
interações significativas entre alunos e professores, mas também, a aquisição
de habilidades e competências por meio do ensino a distância. Nesse sentido,
a interação é entendida não como uma transmissão de produtos individuais de
um emissor para um receptor, como se os atores sociais enviassem, uns aos
outros, mensagens prontas, fixas e inequívocas por um conduto (REDDY,
2000), mas sim como uma construção conjunta, eminentemente intersubjetiva,
local e situada de atores sociais que interagem de modo complementar e
recíproco (ERICKSON, 2004) ao utilizar a LA como ferramenta de
comunicação.
O termo blended learning surgiu por volta do ano 2000 com atividades
de self-study1 para complementar o que havia sido ensinado em sala de aula.
Mais recentemente, a metodologia de aprendizagem combinada ou mista tem
chamado atenção, e o termo evoluiu para abranger um conjunto muito mais
variado de abordagens de aprendizagem e de ambientes. Atualmente, blended
learning pode se referir a qualquer combinação de diferentes métodos,
ambientes e estilos de aprendizagem.
Sendo assim, Graham (2006, p. 5) define blended learning como uma
metodologia de ensino mista que consiste na combinação de dois modelos de
ensino e aprendizagem: aula presencial e sistema de ensino distribuído2. No
LEP, essa união auxilia na independência do estudante que pode praticar e
estudar o idioma do modo, no local, na hora e na velocidade que desejar. Essa
flexibilidade ajuda estudantes com diferentes habilidades, realidades e
objetivos de aprendizado a se sentirem preparados para a interação em sala de
aula.
Além de proporcionar a prática das quatro habilidades linguísticas: ler,
falar, escrever e ouvir, o ambiente virtual de aprendizagem agrega atividades
síncronas e/ou assíncronas e proporciona ao estudante, não só a interação
1
Self-study significa estudar por conta própria
Sistema de ensino distribuído significa o uso de tecnologia e/ou outros recursos possibilitando
a expansão do curso para locais diferentes da sala de aula.
2
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com o conteúdo, mas também com outros estudantes através das ferramentas
de chats e blogs presentes na plataforma. Além disso, permite a prática da
língua alvo de modo significativo e contextualizado e também desenvolve a
autonomia no processo de aprendizagem. Considerando uma perspectiva
sociocultural em que o processo de aprendizagem se dá a partir da interação
social entre os indivíduos, é importante que no blended learning sejam
ofertadas atividades que promovam a construção do conhecimento a partir da
interação do estudante, não somente com o conteúdo, mas através da
interação e da colaboração entre eles.
Por tais razões, o blended learning promove a aprendizagem
colaborativa, sendo a sala de aula o ponto de partida para a promoção de
práticas de aprendizagem centradas no aluno (JONES, 2007). Desse modo, no
LEP, os professores focam nas necessidades e capacidades dos alunos. A
ideia por trás dessa prática é que a aprendizagem torna-se mais significativa
quando os tópicos são relevantes e estão dentro do contexto de vida dos
alunos.
Este tipo de abordagem trás benefícios aos alunos, pois eles tornam-se
mais envolvidos no processo de aprendizagem, não dependendo de seu
professor o tempo todo. Além disso, a oportunidade de compartilhar ideias, em
pares ou em pequenos grupos, fortalece a cooperação entre os alunos e a
valorização das contribuições de cada um como indivíduo único. No entanto,
apesar do aluno desenvolver uma certa autonomia no processo de
aprendizagem, o papel do professor continua indispensável, pois ele gerencia
as atividades, fornece suporte e orientação aos alunos para que eles possam
desenvolver as suas competências linguísticas, tanto na interação em sala de
aula, quanto no ambiente virtual de aprendizagem. Em suma, apesar da
metodologia promover a autonomia dos estudantes, muitas características do
papel do professor permanecem inalteradas no ambiente de blended learning.
O professor continua a incentivar e motivar, dar feedback, orientar e monitorar
o progresso.
Nas próximas seções serão apresentados o objeto e a metodologia
adotada pelo presente trabalho. Na sequência, serão apresentadas as
correlações entre a teoria e a percepção dos alunos sobre o método de ensino
utilizado pelo LEP.
2 Objeto de estudo
O objetivo deste trabalho é apresentar o Programa de Inglês da
Laureate (Laureate English Program - LEP) utilizado na UniRitter, bem como,
fazer uma abordagem exploratória de sua metodologia de ensino que se baseia
no conceito de blended learning (ensino combinado presencial e a distância).
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Além disso, pretende-se explicar como a metodologia está sendo aplicada no
contexto acadêmico, bem como compartilhar os depoimentos de alunos do LEP
acerca do Programa. Por fim, abordar-se-ão os benefícios de ensinar e
aprender uma língua adicional através dessa metodologia que, ao juntar
ferramentas tecnológicas de aprendizagem a distância com encontros
presenciais ricos em interação e prática da língua alvo, proporciona aos
estudantes do Programa a possibilidade de desenvolver a competência
linguística de forma mais otimizada.
3 Metodologia de trabalho
Além de uma abordagem exploratória acerca do blended learning, o
trabalho conta com a contribuição de alunos que estão atualmente cursando
inglês no Programa. Alunos de todos os níveis participaram da pesquisa. Ao
todo, 16 alunos responderam a duas perguntas via e-mail, sendo elas: a) o que
você acha da metodologia do LEP? e b) como você percebe a realização dos
exercícios da plataforma no seu aprendizado?
Na próxima seção, apresenta-se uma correlação entre o embasamento
teórico quanto à metodologia de ensino blended learning e às respostas
fornecidas pelos alunos do Programa.
4 Síntese dos resultados
Não há uma maneira única de aprender uma língua adicional, assim
como não há uma maneira única de ensiná-la. O ensino de línguas, na sua
grande maioria, ainda ocorre na sala de aula e, em geral, com uma carga
horária em média de duas horas semanais, por esse motivo, proporcionar
condições mais favoráveis para a interação na língua alvo é um verdadeiro
desafio no ensino de uma língua adicional já que trabalhar as estruturas
linguísticas e, ao mesmo tempo promover debates e atividades que usam a
língua alvo como meio e não como fim, demanda tempo de preparação prévia
pelo estudante. Desse modo, em sala de aula, entende-se que para atender as
necessidades dos estudantes, faz-se necessário criar um ambiente que mais
se assemelha ao uso real da língua alvo através do uso de uma série de
recursos e ferramentas, bem como de uma variedade de atividades (CHEER &
TOWMDROW, 2002).
Ao optar-se por um programa combinado de ensino a distância e
presencial, pode-se, além de se aproveitar os benefícios da tecnologia
explorando diversos estilos de aprendizagem, otimizar o tempo de contato com
a língua alvo, bem como, suprir as necessidades dos estudantes e tornar a
aprendizagem mais personalizada. Esse tipo de abordagem tem, ainda, o
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objetivo de oferecer ao estudante mais autonomia no processo de aprender
(JONES, 2007). A tecnologia, neste caso, funciona como uma ferramenta
cognitiva que se coloca como um andaime3 auxiliando o aluno a desenvolver
as habilidades linguísticas necessárias para o uso da língua alvo em situações
reais ou similares às enfrentadas em um contexto real de uso da língua. Essa
afirmação é relatada por todos os alunos que responderam as perguntas,
segundo um deles: “a metodologia trata de situações as quais, nós alunos,
vivenciamos em nosso dia a dia. Muitas delas estão inseridas de maneira muito
próxima ao real.”
Jonassen (2000) afirma que computadores são parceiros intelectuais
que apoiam a aprendizagem e que as tecnologias podem apoiar a construção
dos significados por parte dos alunos quando os alunos forem colocados em
situações em que possam aprender não através, mas com as tecnologias.
Ainda, de acordo com o autor
os computadores apoiam a aprendizagem pela prática quando
permitem simular problemas, situações e contextos significativos do
mundo real…; pela conversação ao permitirem colaborar com os
outros…; pela reflexão quando permitem articular e representar o que
os alunos sabem,... (JONASSEN, 2000, p. 21)
Antes mesmo do surgimento do termo blended learning, uma
combinação de abordagens de ensino já era utilizada com o propósito de
fornecer aos estudantes um ambiente de aprendizagem mais favorável.
Portanto, blended learning não é um conceito novo, o que é inovador é a gama
de diferentes oportunidades e ambientes de aprendizagem que tornaram-se
possíveis através do uso de tecnologia voltada à aprendizagem e ensino. O
que também é novo é a expectativa dos estudantes ao usar a tecnologia dentro
e fora da sala de aula como parte do processo de aprendizagem.
Levando em consideração os aspectos mencionados acima e, visando a
implementação eficaz do blended learning, Marsh (2012, p. 15) enfatiza que as
aulas devem seguir 3 (três) passos importantes: a) preparação para a aula, online; b) foco na comunicação, em aula; e c) revisão, extensão e consolidação,
on-line. Uma das alunas do Programa ressalta que "os exercícios na plataforma
são como uma ferramenta a mais para o meu aprendizado e para a fixação do
que aprendemos em aula e serve, até mesmo, como uma ferramenta de auxílio
quando não compreendo alguma coisa passada em aula. Portanto, é uma
3
Do Inglês, scaffold. Apresenta a ideia de uma andaime em que o aluno possa apoiar-se e
subir a um novo nível de conhecimento (JONASSEN, 2000).
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ferramenta essencial e de grande ajuda." Esse depoimento corrobora o terceiro
passo mencionado por Marsh (2012) e demonstra a importância que o sistema
de ensino a distância, chamado de plataforma pela aluna, exerce no
aprendizado dos alunos. Essa percepção quanto à plataforma é compartilhada
por 70% dos alunos participantes.
Conforme dito anteriormente, a grande vantagem desse modelo está na
otimização do tempo de exposição do estudante à língua alvo e na diversidade
de recursos e tecnologias que podem ser associadas ao ambiente virtual de
aprendizagem possibilitando abranger estudantes com diferentes estilos de
aprendizagem. Além disso, de acordo com Graham (2006, p. 7), uma das
principais razões citadas para a opção pelo blended learning é o fato deste
modelo proporcionar uma prática pedagógica mais efetiva no encontro
presencial em sala de aula. Segundo outra aluna, a plataforma "ajuda muito na
conversação, porque escuto e repito." Neste caso, fora do ambiente da sala de
aula, a aluna utiliza os recursos de áudio disponíveis na plataforma para
praticar a pronúncia e expressões que serão, posteriormente, explorados na
interação com os colegas no encontro presencial.
De acordo com Graham (2006, p. 14), quando as aulas presenciais e
mediadas por computadores são combinadas, os estudantes agregam mais
valor e dão mais ênfase às aulas presenciais. Com isso, os estudantes tem
oportunidade de praticar aquele mesmo conteúdo de maneira significativa além
de esclarecer suas dúvidas com o auxílio do professor. O blended learning
promove a interação primeiramente do estudante com o conteúdo e
posteriormente, no encontro presencial, a prática desse conteúdo através da
interação social, como pontua outra aluna, "é uma metodologia que
proporciona ao aluno aprender a falar, escrever e a conversar com os outros
colegas." É através da interação, no aqui e agora da sala de aula, que
podemos observar a construção dos contextos e a realização das atividades
conjuntamente, (BULLA, LEMOS, SCHLATTER, 2012) utilizando-se assim da
linguagem como uma prática socialmente construída por seus agentes.
5 Conclusões parciais ou finais.
A educação através de ambientes virtuais de aprendizagem é uma
tendência crescente, tanto no que se refere à educação formal, quanto ao que
se refere à capacitações profissionais realizadas em empresas. Do mesmo
modo, no ensino de línguas adicionais o uso de tecnologias com base na
educação a distância através de ambientes virtuais de aprendizagem é aliada
para a promoção da aprendizagem. Neste contexto, o chamado blended
learning apresenta uma nova perspectiva para o aprendizado de um idioma na
medida que combina o ensino da língua de modo presencial e virtual. O
blended learning oferece uma gama de opções de aprendizagem e ainda
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atende a uma variedade de estilos de aprendizagem e de contextos de ensino.
Além disso, é possível otimizar o tempo de exposição do estudante à língua
alvo e tornar as aulas presencias mais produtivas na medida em que as aulas a
distância preparam o estudante com prática de vocabulário e estruturas
linguísticas que serão usadas na aula presencial, em atividades comunicativas
de forma que os alunos possam se apropriar do conteúdo e usá-lo de forma
significativa. Para que o Programa seja bem sucedido é importante o
comprometimento dos alunos na realização das atividades do ambiente virtual,
antes das aulas presencias. Ainda, é importante ressaltar que os alunos que
participaram da pesquisa reconhecem a eficácia e percebem os benefícios do
blended learning.
Referências
BULLA, Gabriela; LEMOS, Fernanda; SCHLATTER, Margarete. Análise de
material didático para o ensino de línguas adicionais a distância:
reflexões e orientações para o design de tarefas pedagógicas. Horizontes
de Linguística Aplicada, ano 11, n. 1, jan./jun. 2012.
CHEERS, Chris; TOWNDROW, Phillip. Blended language learning. Acessado
em 11 de setembro de 2014. http://www.learnerstogether.net/storage/BlendedLanguage-Learning.pdf
ERICKSON, Frederick. Talk and social theory. Cambridge: Polity Press, 2004.
GRAHAM, Charles. The handbook of blended learning: Global
perspectives, local designs. São Francisco, CA: Pfeiffer, 2006. Capítulo 1:
Blended Learning Systems: Definition, Current Trends, and Future Directions,
p. 3-22.
JONES, Leo. The student centered classroom. Nova Yorque: Cambridge
University Press, 2007.
JONASSEN, David H. Computadores, ferramentas cognitivas: desenvolver
o pensamento crítica nas escolas. Porto Editora, 2000.
MARSH, Débora. Blended learning creating learning opportunities for
language Learners. Cambridge University Press, 2012.
REDDY, Michael J. A metáfora do conduto: um caso de conflito de
enquadramento na nossa linguagem sobre a linguagem. Cadernos de
Tradução, n. 9, p. 5-47, 2000.
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