ANO XXVIII
Jorge Luzzi
“A Gerência de Riscos é uma necessidade absoluta para as empresas”
Gerente de Riscos do Grupo Pirelli e Presidente da FERMA
O risco de longevidade nas pessoas centenárias
Impacto nas carteiras de rendas vitalícias
JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO
O risco do tipo de juro
Experiência espanhola e Solvência II
FRANCISCO CUESTA AGUILAR
Resiliência na Gerência de Riscos
Um conceito inovador
FRANÇOIS SETTEMBRINO
Observatório de sinistros
Lorca: terremotos na Cidade do Sol
ALICIA OLIVAS
T ERCEIRO QU ADRIM EST RE 2011
111
VE R S ÃO B R AS I LE I R A
Instituto de Ciencias del Seguro
T 91 581 20 08
Paseo de Recoletos, 23. Madrid
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VI PRÊMIO
INTERNACIONAL
DE SEGUROS JULIO
CASTELO MATRÁN
•
A FUNDACIÓN MAPFRE, através do Instituto de
Ciências do Seguro, abre inscrições para o Prêmio
Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán.
O prêmio destina-se a reconhecer trabalhos
científicos de importância relevante relacionados
com o Seguro e a Gestão do Risco.
•
O Prêmio Internacional de Seguros tem uma
periodicidade bienal e abrange a Espanha,
Portugal e os países ibero-americanos.
•
Para a decisão do Prêmio, a FUNDACIÓN MAPFRE
designa um júri composto por pessoas de
reconhecido prestígio nos âmbitos empresarial
e universitário, além de representantes de
instituições do mundo segurador.
•
O Prêmio é de 35.000 euros em espécie, além de
um diploma que comprova sua obtenção.
•
O prazo para a apresentação de trabalhos para
esta sexta edição vai até o dia 31 de maio de
2012.
Para mais informações:
www.fundacionmapfre.com.br
editorial
Necessidade de inovar
Gerência de Riscos e Seguros
No final de 2011 nosso planeta apresenta grandes desequilíbrios, que nos
fazem crer que o mundo, tal como o conhecemos, não será o mesmo por muito
mais tempo.
Por um lado, as catástrofes naturais e suas consequências colocam na
mesa, mais uma vez, as crenças apocalípticas e, por outro, a situação financeira
mundial, e principalmente a europeia, põe em dúvida a sobrevivência do sistema
socioeconômico ocidental que nos conduziu à atual crise econômica. Estamos
vivendo o fim de uma era ou será simplesmente que agora vivemos as catástrofes
(naturais ou provocadas pelo homem) com maior velocidade e frequência por
causa dos meios de comunicação globalizados?
Acabamos de ultrapassar, segundo o Fundo de População da ONU (cuja
sigla é UNFPA em inglês), o marco de sete bilhões de pessoas no mundo. Um
número impressionante, que traz consigo êxitos, reveses e paradoxos. Vivemos
mais tempo, nos alimentamos melhor e realizamos trabalhos que não são tão duros
fisicamente. Sermos mais não nos caiu mal, e acrescentar uma população de mais
idade também não será ruim; no entanto, a grande questão é como prover uma vida
digna para milhões de pessoas de modo compatível com a preservação da Terra.
Neste sentido, tudo indica que, quando foi necessário, a sociedade
mostrou sua capacidade de mudar de rumo para novas direções e inovar. A
inovação é o fator chave do progresso e do bem-estar na sociedade atual. Os
investimentos se dirigem para onde está o talento, e não para onde o custo de
mão-de-obra é mais baixo, o que - diante do deslocamento da produção para os
mercados emergentes - nos obriga a sermos capazes de continuar inovando em
nossas áreas de gestão, com o propósito de melhorarmos a competitividade e
recuperarmos, assim, a confiança.
Como paradigma de uma empresa com vocação inovadora, abrimos esta
edição com Jorge Luzzi, Gerente de Riscos do grupo empresarial Pirelli e, desde
este outono, presidente da Federação Europeia de Associações de Gerentes de
Riscos (FERMA), que pudemos entrevistar durante o Foro 2011 celebrado no
início de outubro em Estocolmo. Na entrevista ele nos manifesta a necessidade
absoluta da Gerência de Riscos para as empresas e nos revela os três pilares da sua
ocupação: a comunicação, a interação e a inovação.
No primeiro dos três estudos incluídos neste exemplar, apresentamos as
reflexões sobre os limites da vida humana, os fatores que influem na longevidade e
na expectativa de vida (agora que já somos mais de sete bilhões de seres humanos).
Nele, seu autor - professor da Universidade Carlos III de Madri e profissional
de reconhecida trajetória no setor segurador - analisa qual pode ser o impacto das
pessoas centenárias nas carteiras de rendas vitalícias.
O segundo estudo apresenta a visão que um inspetor de seguros do Estado
nos oferece sobre as metodologias contempladas no projeto de Solvência II para
o controle e a medição dos requerimentos de capital por risco de tipo de juro na
fórmula padrão, mediante a análise de diferentes métodos de cálculo do Valor em
Risco, como medida básica de comparação para se estimar as perdas.
•
nº 111-2011
3
editorial
No último estudo, volta às nossas páginas o ex-presidente da FERMA e
membro do nosso Conselho de Redação, François Settembrino, que incorpora a
capacidade de resposta diante de situações de crise ou de risco. A resiliência, explica,
é a capacidade de sobreviver. Assim como as pessoas passam a vida se adaptando
a suas novas circunstâncias, as empresas devem estar preparadas para mudar e se
adaptar ao meio, e neste contexto o papel do business continuity manager é manter
a plena atividade da empresa.
O relatório publicado pela FUNDACIÓN MAPFRE sobre o ranking 2010
de grupos seguradores na América Latina (Vida, Não Vida e Total), do qual aqui
publicamos um resumo, destaca como os 25 maiores grupos seguradores da região
tiveram uma emissão de prêmios superior a 58 bilhões de euros, 28,1% a mais que
em 2009, e acumularam 64% dos prêmios, quase três pontos a mais que no ano
anterior.
Antes das costumeiras seções sobre novidades bibliográficas e das últimas
notícias da Associação Espanhola de Gerência de Riscos (AGERS), concluímos
este número da revista com o Observatório de Sinistros, que trata do terremoto
ocorrido em Lorca (Murcia) em 11 de maio último e que, além de causar enormes
danos materiais em edifícios e no patrimônio artístico, provocou a perda de nove
vidas humanas e uns 30.000 pedidos de indenização, que somam mais de 200
milhões de euros.
Apesar de o ano vindouro se apresentar incerto e de seu prognóstico ser
desconhecido no que diz respeito às graves condições que a economia internacional
enfrenta, não se trata agora de nos aferrarmos às lembranças, e sim de definir
o futuro conforme as experiências vividas e fazer frente aos grandes desafios
fomentando a criatividade e a inovação.
FELIZ 2012
FUNDACIÓN MAPFRE
Instituto de Ciencias del Seguro
Paseo de Recoletos, 23.28004 Madrid (España)
Tel.: +34 91 581 12 40. Fax: +34 91 581 84 09
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PRESIDENTE: FILOMENO MIRA CANDEL
DIRETOR: JOSÉ LUIS IBÁÑEZ GÖTZENS
CHEFE DE REDAÇÃO: ANA SOJO GIL
COORDENAÇÃO: MARÍA RODRIGO LÓPEZ
CONSELHO DE REDAÇÃO: IRENE ALBARRÁN LOZANO, ALFREDO ARÁN IGLESIA, FRANCISCO ARENAS ROS,
MONTSERRAT GUILLÉN ESTANY, ALEJANDRO IZUZQUIZA IBÁÑEZ DE ALDECOA, CÉSAR LÓPEZ LÓPEZ, JORGE
LUZZI, MIGUEL ÁNGEL MACÍAS, FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA, IGNACIO MARTÍNEZ DE BAROJA Y RUÍZ DE
OJEDA, FERNANDO MATA VERDEJO, EDUARDO PAVELEK ZAMORA, Mª TERESA PISERRA DE CASTRO, CÉSAR
QUEVEDO SEISES, FRANÇOIS SETTEMBRINO.
PRODUÇÃO EDITORIAL: COMARK XXI CONSULTORES DE COMUNICACIÓN Y MARKETING
DESENHO GRÁFICO: ADRÍAN Y UREÑA
VERSÃO BRASILEIRA:
FUNDACIÓN MAPFRE - DELEGAÇÃO BRASIL
DIREÇÃO: FÁTIMA LIMA
COORDENAÇÃO: MERCEDES GÓMEZ NIETO
TRADUÇÃO: MARISTELA LEAL CASATI
REVISÃO: MARISTELA LEAL CASATI E INNEWS INTELIGENCE
PROJETO GRÁFICO E DESIGN ADAPTADO: bmEW PROPAGANDA
A revista Gerência de Riscos e Seguros não se responsabiliza pelo conteúdo de nenhum artigo ou trabalho assinado por seus autores, nem o fato de publicá-los implica conformidade
ou identificação com os trabalhos apresentados nesta publicação. É proibida a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta revista sem a autorização prévia do editor.
4
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
TERCEIRO QUADRIMESTRE 2011
Obs.: Versão brasileira traduzida, originalmente, da edição espanhola
da Revista Gerencia de Riesgos y Seguros, 3º Quadrimestre de 2011.
índice
111
Atualidade
6
Nova página web da IGREA. RISK 2011, a gestão do risco no setor bancário e
segurador. Jorge Luzzi, presidente da FERMA. Inauguração do curso acadêmico
2011/2012 da Faculdade de Ciências do Seguro, Jurídicas e da Empresa.
Metodologias de gestão de risco para o desenvolvimento de projetos de energias
renováveis. Jornadas de proteção de infraestruturas técnicas. Terremoto na
Turquia. II Congresso de novas tecnologias.
Agenda 2012
15
Entrevista
16
Jorge Luzzi, Gerente de Riscos do Grupo Pirelli e Presidente da FERMA
“A Gerência de Riscos é, atualmente, uma necessidade absoluta para as empresas.”
Estudos
O risco de longevidade nas pessoas centenárias.
JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO .................................................... 26
O risco do tipo de juro: experiência espanhola e Solvência II.
FRANCISCO CUESTA AGUILAR ..................................................................................... 40
O conceito de resiliência na Gerência de Riscos.
FRANÇOIS SETTEMBRINO ............................................................................................. 46
Relatório
Ranking 2010 de grupos seguradores na América Latina.
FUNDACIÓN MAPFRE. CENTRO DE ESTUDIOS .......................................................... 53
Observatório de sinistros
Lorca: terremotos na Cidade do Sol.
ALICIA OLIVAS .............................................................................................................. 64
Livros
77
Notícias AGERS
84
Caderno Brasil
EIMA 8: A caminho da Rio+20 .................................................................................. 86
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
5
LEGISLAÇÃO
Nova página web da IGREA
Real Decreto 1622/2011, de
14 de novembro, pelo qual
se modifica o Regulamento
sobre a colaboração das
seguradoras de acidentes
de trabalho e doenças
profissionais da Seguridade
Social, aprovado pelo Real
Decreto 1993/1995, de 7 de
dezembro. BOE núm. 277,
de 17 de novembro de 2011.
Resolução 4B0/38238/2011,
de 2 de novembro, do Instituto
Social das Forças Armadas, pela
qual se publicam os acordos
com entidades de seguro pelos
quais se prorroga, durante o
ano de 2012, o acordo para a
assistência sanitária de titulares
e beneficiários do ISFAS. BOE
núm. 276, de 16 de novembro
de 2011.
Real Decreto 1616/2011,
de 14 de novembro, pelo
qual se regula o seguro dos
proprietários dos navios civis
para reclamações de direito
marítimo. BOE núm. 275,
de 15 de novembro de 2011.
Resolução de 30 de setembro
de 2011, da Secretaria Geral
de Política Social e Consumo,
pela qual se publica o Acordo
do Conselho Territorial do
Sistema para a Autonomia
e Atenção à Dependência,
sobre critérios comuns para a
conceitualização, elaboração e
avaliação de boas práticas no
6
Sistema para a Autonomia e
Atenção à Dependência. BOE
núm. 268, de 7 de novembro
de 2011.
Ordem ARM/2974/2011, de
26 de outubro, pela qual se
definem as produções e os
rendimentos seguráveis, as
condições técnicas mínimas de
cultivo, o âmbito de aplicação,
os períodos de garantia,
as datas de subscrição e os
preços unitários do seguro
com coberturas crescentes
para explorações de cultivos
forrageiros incluído no Plano
2011 de Seguros Agrários
Combinados. BOE núm. 266,
de 4 de novembro de 2011.
Real Decreto 1386/2011, de
14 de outubro, pelo qual se
modifica o Regulamento
do seguro de riscos
extraordinários, aprovado pelo
Real Decreto 300/2004, de 20
de fevereiro. BOE núm. 259,
de 27 de outubro de 2011.
Real Decreto 1490/2011,
de 24 de outubro, pelo qual
se modifica o Real Decreto
764/2010, de 11 de junho, pelo
qual se desenvolve a Lei 26/2006,
de 17 de julho, de mediação de
seguros e resseguros privados
em matéria de informação
estatístico-contábil e do negócio,
e de competência profissional.
BOE núm. 257, de 25 de
outubro de 2011.
Atualidade
Novidades
Já está operacional a nova
página web da IGREA (www.
igrea.es), com conteúdos
novos e melhores. A nova
página é mais dinâmica e
pretende oferecer informações
de interesse dos associados
e usuários de forma mais
ordenada e acessível, assim
como acrescentar novas seções
e fontes de informação.
Na seção “Eventos”, serão
informados os acontecimentos
e encontros com o mercado
que a IGREA realizará no
futuro próximo, bem como
um resumo daqueles que já
foram realizados.
Na nova seção
“Nosso Critério” (dentro
de Biblioteca), nos
posicionaremos sobre assuntos
regulatórios, legislativos e de
outra natureza, defendendo os
interesses dos associados no
que diz respeito à indústria do
seguro e à Gerência de Riscos.
O foro de debate em
tempo real, de uso exclusivo
para os membros da IGREA,
permitirá aos Gerentes de
Riscos associados à IGREA
trocar experiências e opiniões
sobre qualquer assunto da
atualidade que os preocupe e
que seja de interesse para as
empresas representadas.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
MEMBROS ASSOCIADOS
Desde que a IGREA
nasceu, há dois anos e com
seis sócios-fundadores, nossa
associação vem crescendo
e já somos 25 membros. A
categoria e o peso das empresas
associadas nos animam a
continuar trabalhando e
defendendo seus interesses no
âmbito da Gerência de Riscos e
Seguros.
Na seção de “membros
associados” serão incluídos
os novos sócios que forem se
incorporando, pois este é, sem
dúvida alguma, o maior ativo
da IGREA.
Atualmente as entidades
associadas à IGREA são:
Abengoa, Campofrío Food
Group, Endesa, Ferrovial,
Iberdrola, OHL, Telefónica,
Indra Sistemas, Cemex
España, Bahía Bizkaia
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Electricidad, Grupo Empresarial
San José, Mondragon Sociedad
Cooperativa, Sacyr Vallehermoso,
Gas Natural SDG, Red Eléctrica
Española, Uralita, BBVA,Ortiz
Construcciones, Grupo Ence,
Acerinox, Sol Meliá, Acciona,
AGBAR, ACS Dragados, Enagas.
ATIVIDADES E ENCONTROS
PARA ASSOCIADOS DURANTE
O ÚLTIMO TRIMESTRE DE 2011
No dia 8 de novembro,
a IGREA, o Commercial Risk
Europe e a Apogeris realizaram
no hotel Tryp Atocha de Madri
uma jornada sobre Gerência de
Riscos e Seguros na América
Latina. Foram analisados as
oportunidades e os desafios
que enfrentam nossas empresas
com fortes investimentos nos
países emergentes do continente
americano, bem como as
mudanças regulatórias que estão
ocorrendo e que nos afetam de
forma muito direta.
No dia 29 de novembro
realizou-se no hotel NH Alcalá
de Madri uma jornada onde se
analisaram as perspectivas de
renovação para o ano de 2012.
Foram debatidas as previsões para
o próximo ano nos mercados
americanos e europeus e
particularmente um assunto
que preocupa todos os grandes
compradores de seguros: as NAT
CAT (catástrofes naturais) e os
problemas de limite e capacidade
depois de um ano realmente
difícil para esse tipo de risco.
7
RISK 2011
A gestão do risco no setor
bancário e segurador
Na quinta-feira 20 de
outubro, no Centro Olavide de
Carmona (Sevilha, Espanha),
foi inaugurada a 4ª Reunião
Científica de Pesquisa em
Seguros e Gestão do Risco (4th
Workshop on Risk Management and
Insurance, RISK 2011), um evento
organizado pelos professores do
Departamento de Direção de
Empresas da Universidade Pablo
de Olavide, José Manuel Feria e
Enrique Jiménez, em colaboração
com o Grupo de Pesquisa de
Risco em Finanças e Seguros da
Universidade de Barcelona, que
se estendeu até a sexta-feira e que
reuniu mais de 80 especialistas e
profissionais do setor procedentes
da Europa e da América.
A crise financeira atual
questionou as práticas de gestão
do risco realizadas por certas
entidades. Conscientes deste
cenário, os órgãos reguladores,
os supervisores nacionais e as
próprias instituições envolvidas
não demoraram em apresentar
uma revisão urgente do contexto
normativo, tanto no setor
bancário quanto no segurador.
Neste sentido, as novas
propostas da Basileia III (conjunto
integral de reformas elaborado
pelo Comitê de Supervisão
Bancária da Basileia para
fortalecer a regulação,
8
a supervisão e a gestão de riscos
do setor bancário) e da Solvência
II (projeto promovido pela União
Europeia para que as companhias
seguradoras operem dentro de
seus âmbitos de responsabilidade
com um nível adequado de
viabilidade), respectivamente,
marcam as pautas a serem
seguidas na gestão e cobertura
eficiente do risco, salvaguardando
a estabilidade do sistema
financeiro.
O RISK 2011 reuniu as
declarações das reuniões
anteriores realizadas em Barcelona
(2005), Cantábria (2007) e Madri
(2009), convertendo este foro
de discussão em uma verdadeira
referência científica para
pesquisadores e profissionais das
Ciências Atuariais e Financeiras.
Nesta edição do RISK 2011,
os trabalhos se agruparam em
quatro grandes blocos temáticos:
Metodologia, Seguros e
Resseguros, Gestão de Riscos e
Proteção Social e Dependência.
No decorrer do workshop
também se fez a entrega dos
prêmios aos melhores trabalhos
sobre Gestão do Risco,
patrocinado pela Cajasol-Banca
Cívica, e Seguros, patrocinado
pela FUNDACIÓN MAPFRE,
cada um deles no valor de 1.500
euros.
O Instituto de Ciências do
Seguro da FUNDACIÓN
MAPFRE publicará um número
especial de “Cuadernos de la
Fundación”, em que estarão
reunidos todos os trabalhos
aceitos e apresentados no RISK
2011.
Jorge Luzzi, Presidente
da FERMA
Jorge Luzzi, Diretor de
Gerência de Riscos do Grupo
Pirelli Internacional, foi eleito
Presidente da Federação de
Associações Europeias de
Gerentes de Riscos (FERMA).
Seu mandato começou após o
término do Fórum da FERMA,
no dia 5 de outubro de 2011, e
se estenderá até a finalização do
Fórum 2013.
Michel Dennery, Viceresponsável de Riscos da GDF
Suez, foi nomeado Vicepresidente da FERMA por
um período de dois anos, até
junho de 2013. Julia Graham,
responsável de Riscos da
firma jurídica britânica DLA
Piper, continuará como Vicepresidente até junho de 2012.
O Presidente que está
deixando a FERMA, Peter den
Dekker, presidiu o Fórum
2011 da FERMA, realizado em
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Estocolmo de 2 a 5 de outubro.
Em seu aporte, felicitou Luzzi
por sua nomeação: “Estou muito
contente por passar o cargo ao
Jorge, que muito tem feito para
aumentar o prestígio da FERMA
no cenário internacional”, disse.
Luzzi, até agora Vicepresidente da FERMA, preside
a Federação Internacional de
Associações de Gerentes de
Riscos e Seguros (IFRIMA)
e é Presidente de Honra da
Associação de Gerentes de
Riscos da América Latina
(Alarys) e membro ativo da
associação setorial italiana
ANRA.
Ele possui uma ampla
experiência profissional no
mundo dos seguros e da
gestão de riscos. Além de
Gerente de Riscos do Grupo
Pirelli Internacional, é
Diretor Executivo de Seguros
e Resseguros da Pirelli em
Dublin (Irlanda) e Conselheiro
Delegado de Resseguros do
Grupo Pirelli na Suíça.
profissionais, um recorde de
presença - 436 deles Gerentes de
Riscos de 27 países -, sendo que
a participação espanhola esteve
próxima de trinta pessoas, 49
estandes e 9 áreas reservadas.
Pela primeira vez neste
foro, a MAPFRE colocou
à disposição, junto com os
responsáveis dos Serviços
Centrais, um estande atendido
pelos Diretores dos Escritórios
de Representação da MAPFRE
GLOBAL RISKS na Alemanha,
França e Reino Unido.
A organização do Fórum se
caracterizou por uma apertada
agenda durante os três dias,
com sessão dupla (manhã e
tarde). Nas sessões se debateram
diferentes aspectos vinculados
com estratégias de negócio
e reflexões acerca do futuro
da Gerência de Riscos em
um panorama de incerteza e
mudanças permanentes.
Com o encerramento do
Fórum feito pelo Presidente
da FERMA e a convocação da
próxima edição, a ser realizada
em Maastricht (Países Baixos)
no ano de 2013, se deu por
concluído o encontro.
FERMA FÓRUM 2011
“Gerentes de Riscos se
preparando para o amanhã no
mercado europeu”
O 7º Fórum da Federação
de Associações Europeias de
Gerentes de Riscos foi realizado
em Estocolmo (Suécia) nos
dias 3, 4 e 5 de outubro de
2011, reunindo mais de 1.500
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
9
Inauguração do curso
acadêmico 2011/2012
da Faculdade de Ciências
do Seguro, Jurídicas e da
Empresa
No dia 14 de outubro foi
celebrada no Salão de Atos da
FUNDACIÓN MAPFRE a
cerimônia de graduação e o ato
de abertura do curso acadêmico
2011/2012 da Faculdade de
Ciências do Seguro, Jurídicas
e da Empresa da Universidade
Pontifícia de Salamanca,
gerenciada pela FUNDACIÓN
MAPFRE.
O ato foi presidido por Ángel
Garrido, Reitor da Universidade
Pontifícia de Salamanca;
Filomeno Mira, Presidente do
Instituto de Ciências do Seguro
da FUNDACIÓN MAPFRE;
María José Albert, Decana da
Faculdade de Ciências do Seguro,
Jurídicas e da Empresa, e Antonio
Sánchez, Vice-reitor de Pesquisa,
Inovação e Novas Tecnologias
da Universidade Pontifícia
de Salamanca, entre outras
personalidades.
A palestra inaugural do ato, “A
idade biológica, medida real do
risco do seguro de vida”, ficou a
cargo de José Miguel RodríguezPardo, Doutor em Ciências
Econômicas e Biomedicina, que,
de um ponto de vista teleológico,
dissertou sobre os elementos
ontológicos do preço do seguro,
como a idade e o tempo, e
expôs como os conceitos de
10
saúde e doença se encontram
num processo de reformulação
contínua; por isso, o seguro de
vida também será reformulado.
O Doutor RodríguezPardo indicou que parece
claro que a personalização do
tratamento, consubstancial
com a medicina preventiva, nos
conduz à hiper-segmentação
da tarifa do seguro. Também
constatou que lhe parece difícil
constituir a homogeneização
do risco, elemento necessário e
essencial do negócio segurador.
(...) A novidade é a incerteza
de realizar a análise atuarial de
riscos heterogêneos no processo
de admissão que se verão
necessariamente homogeneizados
nas idades de falecimento.
O desafio para a indústria
do seguro é identificar os
biomarcadores individualmente
ou correlacionados entre si, que
permitam construir modelos
atuariais que meçam com precisão
a idade biológica de um indivíduo
e, consequentemente, o risco de
falecimento.
Durante o ato foi feita
a entrega dos títulos aos
alunos que finalizaram seus
estudos no curso acadêmico
2010/2011: Graduado Superior
Universitário em Ciências do
Seguro, Bacharel em Ciências
Empresariais, Licenciatura em
Ciências Atuariais e Financeiras,
Doutorado em Ciências do
Seguro, Mestrado Universitário
em Seguros e Gerência de Riscos
e Mestrado Universitário em
Gestão e Técnica de Seguros.
Além disso, se procedeu à
entrega do Prêmio ao Melhor
Trabalho de Fim de Carreira à
aluna Ana Belén Herrero por seu
trabalho Riesgo operacional en el
marco de Solvencia II.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Metodologias de
gestão de risco para
o desenvolvimento de
projetos de energias
renováveis
O Grupo Altran elaborou o
relatório “Quantificação do risco
e gerenciamento do risco em
projetos de energia renovável”, cujo
objetivo é garantir que os projetos
de energias renováveis alcancem, de
uma maneira mais fácil e eficiente,
o financiamento necessário para o
seu desenvolvimento.
O projeto, desenvolvido pela
Agência Internacional da Energia,
pretende facilitar a interlocução
entre as partes envolvidas nos
processos de financiamento.
O estudo define uma
metodologia, estruturada e
rigorosa, de identificação,
quantificação e gestão dos riscos
associados às energias renováveis.
As energias renováveis são
percebidas como tecnologias
com importantes riscos, o que
limita decisivamente seu acesso a
fontes de financiamento e coloca
obstáculos ao desenvolvimento
dessas energias a nível mundial.
Para a realização do estudo,
participaram e colaboraram mais de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
20 profissionais de empresas
líderes do setor das energias
renováveis. Sua experiência e
conhecimento foram usados
mediante técnicas baseadas
na metodologia Delphi, que
permite obter conclusões
relevantes, a partir da experiência
e conhecimento procedentes das
diferentes partes envolvidas.
Diferentes categorias
de riscos
Os riscos que podem
impactar os grandes projetos de
energias renováveis devem ser
analisados tendo-se em conta os
âmbitos mais diversos. Alguns
desses riscos podem ser: sociais,
mostrados, por exemplo, através
de repentinas correntes de opinião
com relação a determinadas
tecnologias;
econômicos, derivados, por
exemplo, de imprevistos com
relação aos abastecimentos
necessários, ou de caráter técnico,
que podem fazer com que a planta
não opere da maneira prevista,
comprometendo as atuações dela.
Também existem riscos
políticos quando, depois das
eleições, mudam os responsáveis
pela tomada de decisões ou
se produzem modificações
significativas nos ambientes
regulatórios ou existem incertezas
sobre eles.
Por isso os riscos são
diferenciados e classificados em
função da tipologia de projeto que
se aborda.
11
Fontes energéticas renováveis
como as energias eólicas, a energia
solar, a geotérmica ou a energia
maremotriz estão submetidas a
riscos muito importantes, que
podem atrasar o projeto ou fazer
com que ele fracasse.
Konstantin Graf, responsável
pelo estudo do Grupo Altran,
assinala: “Alguns projetos nos
quais existem lacunas técnicas
importantes derivadas da falta
de experiência, como podem
ser os de energia maremotriz
ou geotérmica, apresentam
alguns riscos muito elevados nas
fases de construção e operação,
que podem ser impedidos de
uma forma mais fácil se forem
devidamente planejados e
gerenciados desde as etapas
iniciais de definição técnica.“
Jornadas de proteção
de infraestruturas
técnicas
instituições e companhias
envolvidas nesta questão.
A proteção de infraestruturas
críticas é regulada na Espanha
pela Lei 8/2011, que transpõe a
Diretriz 2008/114/EC da União
Europeia e é desenvolvida
pelo Real Decreto 704/2011.
A definição de infraestruturas
críticas alcança os doze setores
a seguir: energia, indústria
nuclear, tecnologias da
comunicação, transporte, água,
alimentação, saúde, espaço,
química, instituições de pesquisa,
administrações e esgotos.
Os planos de proteção estão
dirigidos para fazer frente às
ameaças de caráter antissocial
deliberado, que podem causar
danos tanto a pessoas quanto a
ativos físicos e cibernéticos. As
entidades públicas e privadas,
gestoras ou proprietárias deste
tipo de infraestruturas, uma vez
designadas, deveriam elaborar
os planos correspondentes de
segurança do operador e de
proteção específica para sua
aprovação pelo Centro Nacional
de Proteção de Infraestruturas
Críticas.
Terremoto na Turquia
No dia 23 de outubro, na
província turca de Van, ocorreu
um terremoto de 7,2 graus na
escala Richter. O tremor se deu
muito perto da superfície, a uns
5 quilômetros de profundidade,
com o epicentro localizado no
município de Tabani, onde se
sentiu como se fosse um sismo
de 8 a 9 graus. Um perito do
Observatório de Kamdilli afirmou
que depois do tremor inicial
foram
Com a convocação do
Centro Nacional de Proteção
de Infraestruturas Críticas, a
organização das revistas Red
Seguridad e Segurtecnia e a
colaboração da Direção Geral
da Guardia Civil, realizou-se
em Madri, nos dias 28 e 29 de
setembro, a Iª Jornada sobre
Proteção de Infraestruturas
Críticas, que contou com uma
farta assistência de órgãos,
12
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
registradas vinte réplicas de
3,5 a 5,5 graus e advertiu que
poderiam ocorrer mais abalos de
uma intensidade de até 5,7 graus,
estimando que entre 1.000 a 4.000
edifícios poderiam ter sofrido
danos irreversíveis.
Luiz Suárez, presidente do
Ilustre Colegio Oficial de Geólogos
de España, explicou que este
terremoto liberou uma energia
equivalente a uma explosão de
300.000 toneladas de dinamite,
assemelhando-se aos de Lorca
ou do Haiti, porque, como estes,
ocorreu a pouca profundidade e
próximo de núcleos de população.
O tremor se deu numa zona de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
alto risco sísmico, dado que para
lá convergem a placa euroasiática
e a placa árabe, sendo que esta
desloca a primeira à razão de 24
milímetros anuais.
Ele também avaliou que a
zona onde ele ocorreu, no leste
da Turquia, tem edificações
muito pobres, que não cumprem
as normas para resistência a
terremotos, o que gera grande
destruição. Os terremotos são
habituais na Turquia. O último de
consequências tão destruidoras no
país se deu em 1999, na região de
Mármara, com uma magnitude de
7,6 graus na escala Richter.
Segundo Luis Suárez, outro
fator que influi decisivamente
nos danos é o terreno, de tipo
fraco, não de pedra, o que, junto
com a proximidade da população
e a profundidade do epicentro,
proporcionou uma destruição tão
devastadora.
O terremoto, com epicentro
situado na zona fronteiriça com
o Irã, se fez sentir em todas as
províncias adjacentes, inclusive
em Dohuk, ao norte do Iraque,
e na capital da Armênia, Ereván,
com uma magnitude de 3,5 graus
na escala Richter. O abalo mais
potente aconteceu em Giumri,
cidade situada ao norte de
Ereván, junto à fronteira turca,
ocasionando danos e registrando
réplicas de tremores.
Na Espanha, um país de risco
sísmico moderado, o terremoto
mais potente da história sucedeu
em Málaga no ano de 1680 e teve
uma magnitude parecida ao da
Turquia, mas, enquanto neste país
ocorreram dois ou três terremotos
desta magnitude nos últimos
20 anos, na Espanha houve
apenas um de consequências tão
destruidoras.
13
II Congresso de
novas tecnologias e
suas repercussões
no Seguro (Internet,
biotecnologia e
nanotecnologia)
A SEAIDA (Seção Espanhola
da Associação Internacional de
Direitos de Seguros), com a
colaboração da FUNDACIÓN
MAPFRE e o suporte técnico
da Universidade Autônoma de
Barcelona, realizou durante os
dias 17 e 18 de novembro o II
Congresso de novas tecnologias,
com o objetivo de se aprofundar
nos temas abordados no primeiro
congresso e para reunir as
contribuições das novidades no
trinômio riscos, responsabilidade
e seguro.
Participaram do congresso
juízes e magistrados, especialistas
universitários, advogados,
Gerentes de Riscos, peritos,
14
seguradores, resseguradores,
mediadores e corretores.
A primeira mesa redonda foi
dedicada à Internet e se centrou
no ciberjornalismo, no jornalismo
3.0, no pseudojornalismo e no
tráfego de informações na Web
2.1. Também foram abordadas a
segurança em rede e a proteção
criptográfica da informação, bem
como as vulnerabilidades do
sistema operacional e software
malicioso.
Neste sentido se destacou
que no campo do seguro
estamos diante da disciplina e
do asseguramento das novas
responsabilidades eletrônicas
legais, do efeito da Internet
na subscrição do seguro de
automóveis e da incidência
especial na análise do risco e na
tramitação dos sinistros.
A segunda mesa redonda,
dedicada à biotecnologia e à
engenharia genética, ofereceu um
quadro expositivo digno de se ter
em conta por suas repercussões
no seguro, bem como os novos
paradigmas na medicina centrados
na medicina regenerativa e na
medicina personalizada, que
nos proporcionam uma visão
completa dos riscos associados a
diversos cenários.
A terceira mesa redonda
versou sobre aspectos
relacionados com a
nanotecnologia e o seguro.
Nesta mesa, cientistas, juristas
e especialistas em seguros nos
expuseram suas ideias sobre o
que é a nanotecnologia, como
pode nos afetar, o perigo da
nanotecnologia e da exposição
a ela, bem como as mudanças
legislativas relacionadas à
segurança da nanotecnologia.
Esta mesa redonda encerrou o
congresso com algumas reflexões
a respeito do asseguramento
dos produtos nanotecnológicos
e da Gerência de Riscos na
nanotecnologia.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
AGENDA 2012
Agenda
CONGRESSOS E JORNADAS
JORNADA
DATAS
LOCAL
CONVOCANTE
8-10 de fevereiro
Deauville (França)
AMRAE
Gerência de Riscos
no Setor Público
13-14 de fevereiro
Berlim (Alemanha)
European Academy
for Taxes,
Economics & Law
Gerência de Riscos
Empresariais África
2012
20-23 de fevereiro
Sandton (África do Sul)
Enterprise Risk
Management
XIII Congresso Anual
28-29 de fevereiro
Nova Iorque, NY (EUA)
GARP
Riscos da Mídia Social
22 de março
Bruxelas (Bélgica)
BELRIM
XXVIII Seminário sobre
Normativa e Supervisão
em Seguros
22 de março
Genebra (Suíça)
Associação
de Genebra
Fórum 2012
24 de março
Estocolmo (Suécia)
SWERMAs
Congresso Anual
15-18 de abril
Filadélfia (EUA)
RIMS
Congresso 2012
18-19 de abril
Londres (Reino Unido)
PÀLISANDE
Fórum de
Desenvolvimento
Profissional
23-25 de abril
Manchester (Reino
Unido)
IRM
XIV Congresso Anual
27-29 de abril
Assunção (Paraguai)
AIDA
IV Conferência
Internacional de
Seguros
1 de junho
Amsterdã (Países
Baixos)
CEA
XXXIII Conferência
Anual
3-6 de junho
Nashville, TN (EUA)
PRIMA
Congresso Anual
11-13 de junho
Liverpool (Reino Unido)
AIRMIC
Congresso Anual: Risco
e Desenvolvimento em
um Mundo Mutante
18-20 de julho
Sidney (Austrália)
SRA
XIII Congresso de
Gerência de Risco
24-25 de janeiro
Londres (Reino Unido)
IIR
Encontros 2011
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
15
na opinião de...
“A Pirelli presta muita atenção à Gerência de Riscos há muito tempo”,disse
Jorge Luzzi. No grupo italiano dedicam
grandes esforços à análise das ameaças e
sua prevenção, e chegam ao mercado segurador com um risco tratado, “isso é muito
importante”. Agora, além disso, como presidente da FERMA, ele tem novos desa-
fios: conseguir que esta organização seja
ainda mais participativa e acompanhar a
evolução dos gerentes de riscos.
JORGE
Luzzi
GERENTE DE RISCOS DO GRUPO PIRELLI E NOVO PRESIDENTE DA FERMA
“A Gerência de Riscos é, atualmente, uma
FOTOS: ALBERTO CARRASCO
16
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
necessidade absoluta para as empresas”
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
17
na opinião de...
Em primeiro lugar, o senhor poderia
descrever as funções do Departamento de
Gerência de Riscos da Pirelli?
São bastante variadas. Começam com
a etapa de identificação e a análise dos riscos para estabelecer políticas de prevenção.
Nossos próprios engenheiros realizam as
inspeções na fábrica e fazem as recomendações internas, pensando em melhorar o
risco da empresa.
Também desenvolvemos políticas de
prevenção em outras áreas, como Saúde,
para analisar e reduzir os riscos neste âmbito; ou em Transportes, onde os riscos são
também muito importantes. A Pirelli trabalha em países onde os roubos são muito
frequentes. Por isso desenvolvemos uma
central própria com a qual todos os nossos
caminhões estão conectados via satélite.
Fazemos, portanto, prevenção de perdas de
engenharia, de tipo médico, de transportes,
etc. como atividade dentro da empresa.
Quando o risco é analisado, estabelecemos se é possível reduzi-lo através de
novas instalações ou meios, por exemplo,
com extintores de fumaça, compartimentando entre produtos diferentes, mudando
as rotas de transporte, com programas de
saúde a nível interno..., e apresentamos os
projetos de redução de riscos ao Comitê de
Investimentos do grupo. Podemos tomar,
então, duas decisões: assumir o risco, já
que todas as medidas de segurança adotadas
possibilitaram que ele fosse assumido; ou
transferi-lo e ir para o mercado segurador,
mas, quando chegamos nesse mercado, já
levamos o risco tratado; isso é muito importante.
E, se apesar de tudo ocorrer o sinistro,
nos ocupamos com a continuidade do negócio, que também é uma tarefa fundamental do nosso Departamento.
18
“NA PIRELLI
MEDIMOS OS
RISCOS E DEPOIS
DECIDIMOS
QUANTO
PODEMOS
ASSUMIR OU
TRANSFERIR”
Fundada em 1872, a Pirelli é a quinta
operadora a nível mundial no segmento
de pneus, com 19 plantas industriais em
quatro continentes e uma rede comercial
em 160 países. Além disso, o grupo está
presente em outros setores (tecnológico,
energias renováveis e design) por meio da
Pirelli Eco Technology, Pirelli Ambiente e
PZero. Como é possível administrar com
êxito os riscos de atividades tão diferentes?
Na verdade, não é fácil. Em primeiro lugar, há que eliminar a fotocopiadora,
porque nem todos os riscos destes negócios
são iguais ou têm os mesmos efeitos. Uma
coisa é trabalhar com moda, onde a reputação é um elemento do negócio que pode até
ser positivo e, em compensação, em pneus,
cuidar da reputação é uma questão de sobrevivência, porque, se as pessoas acreditarem que os pneus não funcionam ou têm
algum perigo, elas não compram. Por um
lado, portanto, é um elemento comercial
e, por outro, um elemento de subsistência
básico para a empresa. São operações diferenciadas. Mas também há riscos que são
comuns para toda a empresa. Por isso trabalhamos em compartimentos-estanque,
mas com uma política de Gerência de Riscos comum a todos os problemas gerais que
possam afetar a empresa.
Um alto valor
Que valor se outorga às estratégias de
Gerência de Riscos na Pirelli?
Para o nosso grupo, estas estratégias têm
um valor muito importante. E mais: a Pirelli é uma escola nesse sentido, onde eu
me formei, tal como muitos outros, porque, se repassarmos todas as pessoas que
passaram pelo Departamento de Gerência
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
“A GERÊNCIA DE
RISCOS TEM QUE TER
UMA ESTRUTURA
DE COMUNICAÇÃO,
E ISSO NA PIRELLI
NÓS FAZEMOS
CONSTANTEMENTE”
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
19
na opinião de...
de Riscos da Pirelli ao longo da sua história, poderemos verificar que a metade dos Gerentes de
Riscos atuais na Itália tiveram alguma experiência
em nosso grupo. A Pirelli presta muita atenção à
Gerência de Riscos há muito tempo.
“A FÓRMULA 1
NECESSITA DE
UM GRANDE
PLANO DE
CONTINGÊNCIAS”
Ausente desde 1991, a Pirelli volta a
ser fornecedora da Fórmula 1 para três
temporadas. Admitindo que os novos pneus
estão tornando as corridas ainda mais
espetaculares, em que medida este retorno
à F1 se torna uma ferramenta estratégica
para a expansão da marca?
Durante muitíssimo tempo estivemos presentes
na Fórmula 1, na época do Fangio e de outros
UMA CARREIRA EXTENSA E EM DIVERSOS IDIOMAS
Como profissional da Gerência
de Riscos, Jorge Luzzi conta com
uma extensa carreira em diferentes
países e idiomas. Há mais de 25
anos trabalha para o Grupo Pirelli,
onde ocupou a função de Gerente
de Riscos em diversas partes do
mundo, como América Latina,
particularmente no Brasil, mas
também na Argentina. Também
foi responsável pela América do
Norte e Ásia-Pacífico para o grupo
e esteve em outros países como
Turquia e Itália. Antes de ingressar
na Pirelli, trabalhou para a corretora
Marsh e o grupo suíço Ciba Geigy hoje Novartis - na área de Seguros.
Recentemente, Luzzi foi nomeado
presidente da FERMA (Federação de
Associações Europeias de Gerência
de Riscos)
20
Como avalia sua nomeação? Que
objetivos traçou para si em seu
novo cargo?
Desde o princípio foi uma surpresa
para mim, porque eu sou o representante da associação italiana e
existem associações muito maiores
que a minha, como a alemã, a
inglesa e a francesa. Além disso,
estou há pouco tempo de volta
à Europa. Mas é uma honra que
meus colegas europeus tenham me
reconhecido desta maneira, estou
muito contente e creio que também
será um grande trabalho.
A primeira coisa que me propus é
que a FERMA seja um pouco mais
democrática e participativa. Com
isso não quero dizer que ela não
seja, mas tem que ser mais, de
forma que os membros do Conse-
lho das associações nacionais, que
são as que compõem a FERMA,
integrem equipes de trabalho, para
conseguir que a federação seja algo
mais compartilhado.
Não temos que deixar de pensar que o nosso grande suporte
econômico vem das seguradoras,
dos corretores, etc., que encontram
na FERMA um lugar neutro onde
podem se reunir; e não podemos
deixar de pensar nisso, porque é
o que tem ajudado organizações
como a FERMA a seguir em frente.
Por outro lado, temos que pensar
na evolução do Gerente de Riscos,
que numa época era um comprador
de seguros, depois passou a fazer
outras coisas e agora está integrando as equipes de Gerência de
Riscos Empresariais (Enterprise Risk
Management - ERM)
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
grandes corredores internacionais. Quando
a Pirelli decidiu sair deste negócio, dentro
da F1 havia uma situação um pouco complicada. A pressão sobre os pneus era enorme:
pressionava a escuderia, o piloto, a imprensa... E por isso decidimos parar. Havia-se entrado numa espiral que poderia ser negativa
para o negócio e nos causar problemas.
Agora a visão da FIA (Federação Internacional do Automóvel) é diferente. O pneu é
igual em quantidade e qualidade para todos.
É um elemento necessário, mas a diferença
fica a cargo da capacidade do piloto ou do veículo. O pneu para a F1 requer investimentos elevados. São pneus especiais, que não
O senhor também ocupa altos
cargos em outras federações e associações importantes do setor, como
a IFRIMA, a ALARYS e a ANRA. Na
sua opinião, que papel cumprem
estas instituições? Elas estão contribuindo para reforçar a cultura das
empresas diante do risco?
Creio que sim. De alguma forma,
as associações marcaram o início
do diálogo entre os colegas para
tratar de entender uma problemática parecida. Na Gerência de Riscos,
umas empresas vão mais rápido e
outras, mais devagar, e um fator catalisador são as organizações, que
compartilham experiências para que
as empresas que andam a um ritmo
menor possam aprender com as
que mais evoluíram neste âmbito.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
“A ÁREA DE
GERÊNCIA DE
RISCOS INCLUI
TUDO E TEM
A VER COM
TODOS OS
DEPARTAMENTOS
DA EMPRESA”
podem ser feitos em qualquer lugar. Na
Pirelli construímos uma fábrica nova que
só faz pneus para a Fórmula 1; e no nosso Departamento tivemos que trabalhar
muito e fazer planos de contingência bastante específicos para este negócio, onde há
poucas alternativa de seguros. Contamos
com um Seguro de Transportes, sim, mas
o que acontece se os caminhões saem com
os pneus para uma corrida do seu ponto de
origem a 500 quilômetros de distância em
outro país e os funcionários da fronteira estiverem de greve ou houver algum conflito
e não der para passar? O que fizemos para
combater esses riscos? Então contamos com
reservas. Para calculá-las, analisamos nosso
pior sinistro: um terremoto. Nesse caso,
não pudemos voltar a trabalhar na fábrica,
parcialmente destruída até dois meses e
meio depois da catástrofe; e superamos esse
período, calculando, então, uma reserva de
quatro meses. Por isso, se ocorrer um terremoto ou um incêndio ou algo parecido,
podemos, inclusive, construir uma ‘minifábrica’ para continuarmos produzindo. E se
o problema fosse de distribuição, podemos
enviar pneus de diversos lugares do mundo:
Londres, São Paulo, Istambul..., reduzindo,
assim, muitíssimo a possibilidade de que
ocorra algo em todos os lugares ao mesmo
tempo... Ou seja, a Fórmula 1 necessita de
um grande plano de contingências.
Quais departamentos ou áreas do grupo
intervieram na elaboração do sistema de
Gerência de Riscos implantado em seu
grupo? A quem corresponde sua execução?
A área de Gerência de Riscos, e esta é uma
das razões pela quais eu gosto da profissão,
trabalha com todas as áreas da empresa. Por
exemplo, quando se vai elaborar um contrato com uma nova operadora, vários de-
21
na opinião de...
partamentos intervêm: o de Logística, que
trata de melhorar custos; o Jurídico, que
analisa os termos legais, e nós, da Gerência
de Riscos, para ver que riscos podem existir neste contrato. Para isso, temos que trabalhar com ambos os departamentos. Por
exemplo, com a Logística, além do caso anterior, trabalhamos em temas de segurança
no transporte, se há mais risco de roubo,
catástrofes... Também trabalhamos com
Recursos Humanos em todos os temas que
têm a ver com saúde, vida, acidentes... Com
a área Legal e Jurídica, em contratos, como
disse antes, mas também com sinistros,
em temas de Responsabilidade Civil... Na
parte de danos à propriedade e perdas de
benefícios, trabalhamos com a área industrial ou com o gerente de fábrica, em todos
os seus planos de investimento... A área de
Gerência de Riscos atinge tudo e tem a ver
com todos os departamentos. A única coisa
que um Gerente de Riscos não pode fazer
é ficar isolado.
Plano estratégico
A Pirelli colocou em andamento um
plano estratégico para o período 20112015, com o qual pretende crescer e
melhorar seus resultados. De que forma a
Gerência de Riscos pode contribuir para
que estas metas sejam alcançadas?
Em muitas coisas. Uma parte do
plano da Pirelli é a aquisição de novas
empresas. Uma dessas aquisições que já
está praticamente feita, por isso posso
mencioná-la, é na Rússia, onde o grupo
se propôs crescer muito. A Pirelli está
comprando fábricas existentes, e no
Departamento de Gerência de Riscos
vamos trabalhar na identificação de todos
os riscos, desde os industriais - porque
a fábrica, em geral, tem um nível de
segurança inferior ao padrão europeu até os pessoais, de RC...
22
“SEMPRE
TRABALHAMOS
PENSANDO QUE
EM ALGUM
MOMENTO
OS SINISTROS
PODEM
ACONTECER”
Nosso Departamento realizou uma análise profunda, estabelecendo o custo do que
poderia implicar colocar a fábrica no nosso
nível.
Ou seja, na parte de aquisições a Gerência de Riscos pode contribuir muito, mas
também nas fábricas que estamos terminando de construir, como a do México, um
projeto que começamos do zero; ou em outros planos, como o crescimento da venda
de produtos pela Internet, etc.
O grupo italiano está presente em 160
países. Qual é a estrutura da Gerência de
Riscos no exterior?
Globalmente temos uma estrutura de
coordenadores de risco que não são necessariamente empregados do Departamento
de Gerência de Riscos, mas em cada país
onde estamos presentes, os 160, existe um
coordenador de risco. Em cada lugar vemos
quem pode ser a pessoa mais adequada para
este cargo, que pode ser da área Legal, Jurídica, de Recursos Humanos, etc., e ela fica
encarregada de repassar para a central todos
os dados relacionados a riscos, prevenção,
etc. Também contamos com uma pequena
estrutura regional no Brasil que se reporta a mim diretamente, porque a atividade
é central.
Uma gestão adequada do risco tem de ter
um enfoque preventivo. Como se consegue
envolver toda a organização neste
objetivo?
Esta é uma das funções da Gerência de
Riscos. Eu já disse que os Gerentes de Riscos não devem nem podem ficar isolados.
Dentro da organização, os Gerentes de Riscos devem tornar público e notório o impacto que os riscos podem ter. Devem tratar com os executivos da empresa do mais
alto nível, mas também devem se relacionar
com os de baixo. Os engenheiros que estão
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
em nossa estrutura e que vão visitar as fábricas coletam opiniões de operários sobre
como tratar de algum problema específico,
porque, no fim das contas, são eles que estão lá.
A Gerência de Riscos tem que ter uma
estrutura de comunicação, e isso na Pirelli
nós fazemos constantemente com cursos e
manuais de prevenção, que são traduzidos
para todas as línguas dos países onde temos
uma fábrica: inglês, espanhol, português,
turco, chinês, alemão... Tratamos de manter um sistema de comunicação com toda a
empresa. Muitas vezes é difícil, eu sei, mas
é muito importante.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
“NÓS, GERENTES
DE RISCOS,
DEVEMOS
CONTINUAR
DIFUNDINDO
ESTA PROFISSÃO
ATRAVÉS DE
ORGANIZAÇÕES
COMO A FERMA”
Como são tratados os riscos considerados
estratégicos para a empresa?
Os riscos estratégicos do grupo são tratados de forma diferente e específica. Eles
são analisados no seio do comitê de riscos
do grupo e são sempre coordenados centralmente. Depois há os riscos internacionais que poderiam afetar a muitas empresas
e que cobrimos com programas mundiais
na parte de seguros ou com políticas e planos de contingência na parte de não seguros. Também podemos citar os riscos locais
- como a legislação específica de um país -,
que podem chegar a ser riscos estratégicos
em algum momento, ou internacionais.
23
na opinião de...
Por exemplo, se um risco no Brasil, na Rússia ou na China pode afetar 15 ou 20% de
nossas vendas a nível mundial, ele passa a
ser um risco internacional, ainda que tenha
origem local.
E o que a Pirelli faz se os mecanismos
de prevenção falharem e os riscos se
materializarem em sinistros?
Nós sempre trabalhamos pensando que
em algum momento os sinistros podem
acontecer, pois a única forma de não ocorrerem é não realizando atividade nenhuma.
Uma empresa é um movimento de riscos:
se inicia com o investimento de capital,
crescendo em um projeto, fazendo cálculos, análises... Em qualquer momento estão
se assumindo riscos; o que nós fazemos é
com que todas essas ameaças sejam riscos,
e não incertezas, porque o risco de algum
modo se pode calcular, mas a incerteza é
fazer como o avestruz: esconder a cabeça
num buraco e achar não está acontecendo
nada. Na Pirelli nós medimos os riscos e
depois decidimos quanto podemos assumir ou se vamos transferi-los. Trabalhamos
muito calculando os riscos, o que pode
acontecer e a forma de enfrentá-los.
Política de retenção
Que riscos decidiram segurar e em quais
optaram pelo autosseguro?
Há um pouco de tudo. Por exemplo, hoje em dia existem coberturas para
a perda de reputação, mas decidimos reter esse risco, porque não é um risco que
se possa transmitir em grande parte, já
que não poderia ser coberto nem em 5%
24
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
do que nos poderia afetar. Em geral, auxiliamos o mercado segurador para os riscos
normais: Incêndio, Transporte, Construção, RC..., e agora também estamos trabalhando em Crédito. Nesses casos estamos
fazendo programas mundiais de riscos. Mas
sempre assumimos uma participação: é o
que nós denominamos ‘princípio de risco’,
que pode ser de vários milhões, otimizando
o papel da cativa.
Qual é o papel das suas cativas?
A Pirelli tem duas cativas: uma em Dublin (Irlanda) e outra em Lugano (Suíça).
A cativa não tem o objetivo de ser rentável
por si mesma, mas sim de enfrentar os riscos que assume. Além disso, permite estabelecer franquias mais altas ou a ceder aos
seguradores riscos melhores.
O que a Pirelli busca em suas
seguradoras?
Queremos estar seguros de que tenham
capacidade para pagar e fazer o que prometem. A segurança econômica da seguradora vale muito, mas a sua inovação também
tem grande valia, ou seja, que ela tenha a
capacidade de nos entender quando nossa
empresa mudar, de modificar as coberturas adaptando-se às novas necessidades;
também queremos que conte com flexibilidade, capacidade administrativa e técnica,
porque, estando presente em tantos países,
algumas vezes organizamos programas com
dinheiro que flui de uma forma para outra,
de um lugar para outro, e em uns mercados
é mais fácil que em outros... E, por fim, valorizamos a presença mundial. A MAPFRE,
por exemplo, se destaca porque tem uma
grande presença na América Latina, o que
para nossos negócios é muito interessante.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
“O GERENTE DE
RISCOS DEVE
ESTAR SEMPRE
PREOCUPADO
EM COMO
EVITAR RISCOS;
PARA ISSO, ELE
DEVE ESTAR
EM CONTATO
COM TODA A
EMPRESA”
UMA NECESSIDADE
Hoje é impossível conceber o
desenvolvimento sustentável das empresas
sem contar com uma política adequada de
Gerência de Riscos. O que falta, então,
para que a Gerência de Riscos alcance
a velocidade da Fórmula 1 no mundo
empresarial?
A Gerência de Riscos é, hoje em dia,
uma necessidade absoluta para as empresas,
mas às vezes há pessoas ou instituições que
têm necessidades que não sabem que têm, e
lamentavelmente as descobrem quanto têm
um problema.
Nós, gerentes de riscos, devemos continuar com organizadores como a FERMA,
mas também com associações nacionais,
difundindo esta profissão, mostrando o valor agregado que a Gerência de Riscos traz,
porque, quanto mais se falar disso, melhor
será. Atualmente a Gerência de Riscos é
uma questão de sobrevivência.
O que é que mais o atrai em sua profissão?
Sempre disse que a Gerência de Riscos é
para pessoas que não são despreocupadas. O
gerente de riscos é uma pessoa que se preocupa, que sempre está preocupada em evitar os riscos da empresa onde ela estiver, em
como reduzi-los, e isso vai desde cuidar da
fábrica ou da saúde de seus colegas até proteger os investimentos de suas empresas... O
tempo todo ele está pensando na maneira de
evitar riscos, problemas, como reduzir seu
impacto. E isso uma pessoa que seja despreocupada não consegue fazer, ou alguém que
não goste de falar com os outros, porque esta
é outra parte muito interessante da profissão: estar em contato com toda a empresa.
25
estudos
O risco de
longevidade
NAS PESSOAS
CENTENÁRIAS
O presente estudo analisa, à luz de estatísticas e
projeções, se nos encontramos diante de um aumento
na longevidade das pessoas centenárias e qual pode
ser seu impacto nas carteiras de rendas vitalícias.
JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO
A
evolução da expectativa de vida que
se verifica desde o princípio do século
XX permitiu que as pessoas que chegam a ser centenárias cresçam a taxas muito
significativas. Para confirmar este feito, um
relatório recente do departamento britânico
de Trabalho e Pensões nos indica a probabilidade de alcançarmos os 100 anos de idade.
ANO
1931
1961
1991
2011
MULHERES
5.1%
16.0%
26.5%
33.7%
HOMENS
2.5%
10%
19.2%
26%
Universidade Carlos III de Madri
26
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
ILLUSTRATIONSTOCK
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
27
estudos
Vemos que um menino nascido hoje tem
uma probabilidade de ser centenário oito vezes
maior que oitenta anos atrás. As estimativas das
autoridades britânicas predizem que em 2066 a
população centenária no Reino Unido alcançará
os 500.000 habitantes.
Estes números são ainda maiores se tomarmos como referência o estudo dirigido pelo
professor Kaare Christensen, do Centro Danés
de Pesquisa do Envelhecimento, publicado na
revista The Lancet. No estudo, que analisa o
que aconteceu no passado e quais foram as tendências, “observou-se um padrão extraordinário
e constante, que mostra que nos últimos 150
anos tem havido um aumento muito estável nas
perspectivas de vida nos países ricos”. O estudo
conclui que, “se projetarmos as tendências atuais
para o futuro, podemos dizer que os bebês que
nascem hoje viverão 100 anos numa proporção
superior a 50% nos países desenvolvidos”.
Se prestarmos atenção à estimativa do médico e biofísico francês Roland Moreau, autor do
livro La imortalidad para mañana,“no ano de 2027
praticamente a totalidade dos nascidos nesse ano
alcançará os 100 anos; e, sendo assim, alguns
chegarão aos 130 anos, ultrapassando, portanto,
o limite biológico de 120 anos alcançável por
um ser humano”. Ele também afirma que, “se
as terapias bioenergéticas chegarem a se materializar, alterando as causas do envelhecimento,
o limite de vida máxima provável poderia ser ultrapassado”. Esta opinião está conforme o que
defende o cientista Ray Kurzweil, para quem,
graças à nanotecnologia e a uma maior compreensão de como funciona o corpo, se poderão
substituir órgãos vitais e, dessa maneira, viver
para sempre.
O propósito deste trabalho é conhecer as taxas de sobrevivência nas pessoas que se tornaram centenárias segundo as aproximações dis-
tintas de diferentes modelos que tratam de avaliar a longevidade prestando atenção à biologia
da pessoa, associada aos estilos de vida. Esses
modelos podem ser denominados bioatuariais.
Também analisaremos os últimos avanços
em biomedicina relacionados com as causas que
explicam a longevidade e que nos permitirão
entender se estamos diante da possibilidade próxima no tempo de aumentar o limite máximo
de vida provável, comumente estabelecido em
120 anos.
O objetivo final do trabalho não é outro a não
ser o de tratar de visualizar se há, ou se é possível
chegar-se a produzir, déficit nas provisões técnicas das carteiras de rendas vitalícias nas idades
centenárias, justificando, assim, o aforismo “não
se sinta seguro de nada”, de Bertrand Russell.
Pessoas centenárias
e supercentenárias
OS CENTENÁRIOS
O número de pessoas centenárias cresceu
consideravelmente desde a segunda metade do
século XX, ainda que este fenômeno seja uma
singularidade do século atual. De acordo com o
estudo da “Estimativa média de centenários nos
Estados Unidos”(Agência de Recenseamento
dos Estados Unidos), relativo à população centenária nos Estados Unidos, se no ano de 2000 a
população centenária era de 72.000 pessoas, no
ano de 2010 este número se eleva para
A FRONTEIRA DOS 115 ANOS CONSTITUI UMA AUTÊNTICA BARREIRA NA BIOLOGIA DO SER HUMANO.
DE FATO, NO JAPÃO, QUE É O PAÍS MAIS LONGEVO DO PLANETA, ENTRE 1992 E 2009 A PESSOA DE
MAIS IDADE TINHA 114 ANOS
28
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
131.000, com uma projeção para 2050 de 834.000
cidadãos norte-americanos que ultrapassaram os
100 anos de idade.
Para o conjunto da população mundial, no
período 2005-2050 estima-se um crescimento de 35% da população; então, para a faixa de
100 anos ou mais, o crescimento será de 746%,
sendo a maior de todas as faixas etárias, seguida
da faixa de 85 a 99 anos, que crescerá 301%, segundo dados da Agência de Recenseamento dos
Estados Unidos.
OS SUPERCENTENÁRIAS
Considera-se supercentenária a pessoa que
completou 110 anos de idade. Do registro das
pessoas que alcançaram esta elevada idade, parece deduzir-se que este teto está reservado exclusivamente para o gênero feminino, uma vez
que 90% das pessoas que completaram 110 anos
eram mulheres, chegando a 92% as que atingiram a idade de 112 anos e a 95% as que chegaram a ser supersupercentenárias, denominação
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
que se atribui a pessoas que atingiram os 115
anos de idade. Segundo o livro Supercentenarios, coordenado pelo Instituto Max Planck de
Rostock (Alemanha), apenas dezenove pessoas alcançaram esta idade desde 1900, das quais
unicamente duas eram homens. Esses registros
lembram as palavras de Leonard Hayflick, um
dos pioneiros da pesquisa moderna sobre o envelhecimento: “Não há provas de que a duração máxima da vida humana seja diferente do
que uns 100.000 atrás. Ela continua rondando
os 115”.
Quem continua ostentando o recorde de
longevidade é a francesa Jeanne Calment, considerada a pessoa com a vida mais longa: morreu
no dia 4 de agosto de 1997, quando se encontrava com 122 anos, cinco meses e catorze dias
de vida. Seu caso superou o registro anterior de
longevidade conhecido, correspondente a Marta
Graham, que faleceu em 1958, depois de viver
114 anos e 180 dias.
Desde que se iniciou o registro de supercentenários, a referência mais antiga correspondia a
Thomas Peter, falecido em 1857 à idade de 111
anos e 354 dias.
Portanto, observa-se que, se é verídico que
em 150 anos os registros oficiais de pessoas
mais longevas do planeta vêm sendo ultrapassados, também é certo que se confirma um limite
biológico na vida máxima provável de um ser
humano, que tradicionalmente se fixou em 120
anos. Na realidade, se o número de seres humanos que viveram ao longo da história está na
marca de 110 bilhões de pessoas, é significativo
que irrefutavelmente tão somente uma pessoa
tenha chegado aos 120 anos de idade.
Algumas características comuns a todas estas
pessoas é que não eram obesas e não fumavam,
ou fumaram muito pouco.
Portanto, a fronteira dos 115 anos constitui
uma verdadeira barreira na biologia do ser humano. De fato, no Japão, que é o país mais longevo do planeta, ainda que o número de centenários tenha aumentado desde 1992,
29
estudos
quando se registraram 3.000 casos, chegando
aos 40.000 em 2009, nesse período a pessoa de
mais idade tinha 114 anos.
Esta situação se repete periodicamente em
diferentes países. A seguir se observa o maior
registro de idade alcançado em países diversos:
Grã Betanha
122 anos
115 anos
Espanha
114 anos
Itália
114 anos
Suécia
113 anos
França
O gráfico seguinte apresenta a Tabela Mundial Validada de Supercentenários em Vida do
Grupo de Pesquisa de Gerontologia (GRG) de
Los Angeles (EUA). Nela podemos observar o
número crescente de pessoas que atingiram a
idade de 110 anos.
NÚMERO MÁXIMO DE SUPERCENTENÁRIOS VIVOS
(DADOS FORNECIDOS POR LOUIS EPSTEIN)
ais
ais
ais
ais
Os relatórios do GRG de Los Angeles nos servirão para avaliar a probabilidade de falecimento das
pessoas centenárias.
30
Estilo de vida vs. genética
dos centenários
As causas que determinam a longevidade
costumam ser atribuídas em 25% a fatores genéticos e em 75% a fatores relacionados com o
estilo de vida, entre os quais se destacam hábitos
saudáveis de nutrição e dieta, exercício físico, as
relações sociais e uma atitude vital positiva.
Atualmente existe na comunidade científica
especialista em biogerontologia um debate aberto entre os que consideram que alcançar 100
anos de idade é questão de genes e os que, ao
contrário, opinam que os estilos de vida são a
causa principal para se atingir estas idades extremas.
Um artigo recente publicado no Journal of
the American Geriatrics Society conclui que a
genética é o fator principal para se chegar a ser
centenário. O estudo, dirigido por Nir Barzilai,
diretor do Instituto de Pesquisa do Envelhecimento da Faculdade de Medicina Albert Einstein, da Universidade de Yeshiva (Nova Iorque,
EUA), foi realizado analisando-se o estilo de
vida de 477 judeus asquenazes e de pessoas com
idwades compreendidas entre os 95 e os 106
anos que viviam de forma independente.
O estudo tem caráter retrospectivo, ou seja,
perguntou-se aos participantes sobre quais eram
seus hábitos há 30 anos, quando tinham 70. Para
avaliar os resultados, os dados foram comparados com os de um grupo de pessoas que haviam
nascido na mesma época e que, quando beiravam os 70, participaram do estudo epidemiológico NHANCES (National Health and Nutrition Examination Survey ou “Pesquisa Nacional
de Exame da Saúde e da Nutrição”).
As conclusões do relatório foram que o índice de massa corporal e o consumo de álcool
eram equivalentes entre ambos os grupos. As
conclusões foram semelhantes ao se analisar o
exercício físico e a dieta.
Portanto, o estudo revela que é a genética
que propicia a longevidade extrema.
Parece razoável concluir que os genes, o
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
O debate continua aberto, e, à medida que
se avança no conhecimento da biologia dos centenários, poderão ser ponderados os efeitos na
idade de fatores como a genética e os estilos de
vida saudáveis
As taxas de sobrevivência dos
centenários e supercentenários
ambiente, os hábitos de saúde e o sistema sanitário de
atenção médica são os quatro fatores que favorecem a
longevidade centenária.
Um estudo realizado na Espanha sobre a saúde dos
centenários (nesse país existem 10.000 centenários,
dois terços deles mulheres) descreve algumas características do perfil não genético do centenário:
A metade são independentes: não necessitam de
ajuda para comer e realizar suas atividades diárias.
 Vivem em um meio ambiente saudável.
 Residem em uma zona com bom sistema
sanitário de atenção médica.

Apresentam um nível de colesterol baixo.
Uma vez conhecida a magnitude previsível
nas próximas décadas do advento de uma população centenária, devemos refletir sobre como
modelizar o risco de sobrevivência desta legião
populacional, que até agora não tinha muita relevância nas carteiras de rendas vitalícias das entidades de seguro de vida por dois motivos.
O primeiro motivo é que as carteiras seguradas do negócio de renda vitalícias no mercado
espanhol apresentam uma concentração muito
marcada em torno de uma idade modal de 70
anos e, portanto, em termos genéticos, somente
5% dos riscos expostos hoje alcançarão os 100
anos de idade.
O segundo motivo está relacionado com o
primeiro. Porque a carteira segurada está muito distanciada do risco de exposição centenária,
não existe praticamente experiência para avaliar
potenciais insuficiências das provisões técnicas
e, se houvesse, os fluxos probabilizados dessas
potenciais idades descontados na data de cálculo
da provisão matemática hoje poderiam não ser
significativos.
Esses argumentos não devem impedir em
absoluto que o segurador trate de modelizar o
risco da sobrevivência da população centenária
à luz do conhecimento que o comportamento
desse grupo propicia em registros como o do
Grupo de Pesquisa de Gerontologia (GRG) de
Los Angeles (EUA), e que nos permitirá construir tendências de mortalidade que diferem
significativamente daquelas incorporadas nas
A COMUNIDADE CIENTÍFICA ESPECIALISTA EM BIOGERONTOLOGIA ESTÁ DIVIDIDA ENTRE AQUELES
QUE PENSAM QUE CHEGAR AOS 100 ANOS É QUESTÃO DE GENES E OS QUE CONSIDERAM QUE OS
ESTILOS DE VIDA SÃO A CAUSA PRINCIPAL PARA SE ALCANÇAR ESTAS IDADES EXTREMAS
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
31
tabelas de sobre-vivência utilizadas na maioria
dos países que têm como base uma tendência de
mortalidade que segue o modelo de Gompertz,
ou seja, a mortalidade cresce exponencialmente
com a idade.
O modelo de sobrevivência construído a partir dos dados observados pelo GRG, que correspondem aos dados de registros oficiais de recenseamento de cada país que participa deste grupo
de trabalho, retrata a evolução da sobrevivência
da população supercentenária, sabendo, como se
diz no próprio grupo, que a existência de poucos
dados pode não ter significação estatística.
Como se pergunta o professor Steve Cole, diretor da Fundação de Pesquisa de Supercentenários do Instituto de Biologia Molecular da UCLA
(EUA): “A verdadeira pergunta é: esses casos representam uma aberração estatística ou há uma
base biológica no genoma humano para esses valores atípicos? Se existe uma base biológica para
este patamar, o fenótipo do envelhecimento pode
ser conquistado pelas pessoas comuns? Poderia
haver uma predisposição genética peculiar para
acabar sendo supercentenários a partir dos 114 e
terminar em 117 anos, de tal modo que devemos
buscar em sua sequência de DNA? Os genes que
determinam a longevidade podem ser examinados e manipulados por engenharia genética?”.
Antecipando-nos às conclusões, o modelo de
longevidade proposto significa, nas palavras do
doutor Gregory M. Fahy, diretor do Laboratório
de Criopreservação de Órgãos do Laboratório Jerome Holland para Ciências Biomédicas da Cruz
Vermelha Norte-americana, em Rockville (Maryland, EUA), que “a existência de um patamar
na mortalidade tardia da vida para os seres humanos e outras espécies sugere que o envelhecimento se detém acima de uma certa idade”.
Por conseguinte, reproduzem-se os principais
quadros elaborados a partir dos dados disponíveis, todos eles tirados do endereço de Internet
www.grg.org.
A análise começa com as observações dos supercentenários incorporadas à tabela de mortalidade norte-americana da Seguridade Social de
2007, e vemos como segue um comportamento
completamente diferente do proposto pela tabela.
32
Taxa instantênea de mortalidade (por ano)
estudos
Seguridade social, 9 de julho de 2007
N.J. Ruisdael, Europa, 1 de janeiro de 2008
Robert Young, 18 de maio de 2007
Steve Coles (RR), vivo 3 de janeiro de 2008
Idade
O registro da evolução dos centenários se extraiu
do quadro a seguir:
Estimativa de centenários na Europa,
1° de janeiro de 2008, N.J. Ruisdael
Idade
Centenários Diferença com o
grupo seguinte
de idade
100
28.679
12.467
101
16.212
6.657
102
9.555
4.158
103
5.397
2.413
104
2.984
1.541
105
1.443
787
106
656
361
295
184
177
66
111
?
107
108
109
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Falecimentos de supercentenários,
3 de janeiro de 2010, Louis Epstein
Idade
Nº com esta
idade ou mais velhos
Número de
falecimentos
110
679
427
111
491
225
112
226
129
113
137
74
114
63
41
115
22
15
116
7
4
3
2
2
2
0
1
1
122
1
1
0
0
1
123
0
0
117
118
119
120
121
Robert Young, 10 de maio de 2007
491.2 exp. (Idade-110)/1,4569)
Idade
Número de pessoas sobreviventes
E no que se refere aos supercentenários, a evolução se tirou de:
Número de pessoas que morrem
Número de falecimentos por idade
(dados de Robert Young), 14 de março de 2008
Anos de sobrevivência para maiores de 114 anos
Pode-se observar que a taxa anual de falecimento se mantém constante e em torno de 50%
em cada ano.
Posteriormente, se modeliza o comportamento desta população, o que vemos nos gráficos a
seguir:
O SEGURADOR DEVE MODELIZAR O RISCO DE SOBREVIVÊNCIA DA POPULAÇÃO CENTENÁRIA À
LUZ DO CONHECIMENTO QUE O COMPORTAMENTO DESTE GRUPO PROPICIA NOS PRINCIPAIS
REGISTROS MUNDIAIS
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
33
Número de sobreviventes
estudos
Anos de sobrevivência para maiores de 110 anos
Probabilidade
Taxa instantânea de mortalidde (ano-1)
Esta modelização é proposta para as idades
extremas e tomando-se como base a tabela da
Seguridade Social mencionada anteriormente,
em que se utilizam seus dados
até os 90 anos de idade (segundo Robert
Young, membro fundador da Fundação de
Pesquisa de Supercentenários). Os dados da
Seguridade Social dos Estados Unidos provavelmente não são confiáveis acima dos 95
anos, e a partir dessa idade se realiza um ajuste
manual que combina a tabela e o modelo do
resultado proposto por Donald B. Gennery
no estudo Mortality rate as a function of age
(“Taxa de mortalidade em função da idade”)
(2010).
Para o ajuste das idades de 90 anos, utilizam-se os dados de acompanhamento de um
total de 290 pessoas que haviam atingido a
idade de 90 anos em 1920-1922, e registrou-se
a idade em que morreram, a última delas aos
102 anos.
Idade
Figura A. Resultados da Seguridade Social e ajuste manual à idade
de 90 anos (com limites de confiança aproximados de ± 1σ)
Idade
Figura B. Probabilidade de sobrevivência por idade derivada
da curva na figura A
“A EXISTÊNCIA DE UM PATAMAR NA MORTALIDADE TARDIA DA VIDA PARA OS SERES HUMANOS E
OUTRAS ESPÉCIES SUGERE QUE O ENVELHECIMENTO SE DETÉM ACIMA DE UMA CERTA IDADE”,
SEGUNDO O DOUTOR GREGORY FAHY, DO LABORATÓRIO DE CRIOPRESERVAÇÃO DE ÓRGÃOS
34
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
erro não está necessariamente relacionado com
a idade e que inclusive chega a ser irrelevante. E, ao observar o comportamento biológico
de determinados seres vivos mediante estudos
longitudinais, eles afirmam que a mortalidade
na última parte da máxima vida provável produz uma desaceleração do aumento das taxas de
mortalidade, chegando-se a um patamar a uma
determinada idade; ou seja, a taxa de mortalidade se mantém constante. Gavrilov chama este
processo de “mortalidade cinética”, pois não há
desgaste biológico do ser vivo.
Por este comportamento singular das idades
extremas, como já comentamos anteriormente, os modelos atuariais de Gompertz ou até o
de Weibull não reproduzem adequadamente os
modelos de confiabilidade dos seres vivos, que,
no caso dos seres humanos, se pode comprovar
com o comportamento da evolução da população da Suécia, em Mortality of Swedish women for
the period of 1990-2000 from the Kannisto-Thatcher
Database on Old Age Mortality e na fonte Gavrilov-Gavrilova Why we fall apart. Engineering’s reliability theory explains human aging (IEEE Spectrum, 2004).
Taxa de mortalidade, escala logarítimica
Esta proposta de modelo de comportamento da longevidade da população geral baseada na
experiência dos supercentenários permite extrair
algumas conclusões adicionais à mais relevante,
que é a existência de um patamar de mortalidade
ao se atingir os 110 anos. Estas conclusões são do
próprio Donald B. Gennery: “De acordo com a
tabela anterior, a probabilidade de alcançar esta
idade é 2,11 x 10-9. Mediante a projeção de 300
milhões de nascimentos, o número esperado de
nascidos hoje que chegarão à idade de 122 anos
seria de 0,6333 pessoas, e aplicando-se o fator
corretor de diferenças de mortalidade atual e
passada de 5,41, tem-se 0,117 como o número
aproximado esperado hoje de pessoas que deveriam ter 122 anos de idade, levando-se em conta
as taxas de mortalidade mais altas no passado”.
A modelização das idades centenárias tomando forma de patamar é uma proposta que podemos encontrar na literatura atuarial mais recente
através dos modelos bioatuariais e os modelos
de heterogeneidade não observável.
Com relação ao primeiro, citaremos os estudos de Gavrilov & Gavrilova em Handbook
of the Biology of Aging (“Manual da Biologia
do Envelhecimento”) (Academic Press, 2006).
Nesta obra, partindo da teoria da confiabilidade dos sistemas, conclui-se que o risco de
Extrrapolação
Dadoss Reais
Idade, anos
Vemos como a partir dos 90 anos a curva
de sobrevivência é maior segundo a experiência sueca do que a proposta pelos modelos de
Gompertz.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
35
estudos
Esta hipótese nos propõe um desafio à teoria
de que o ser humano tem aos 120 anos o limite
de seus recursos biológicos, uma vez que a modelização nos leva a propor o contrário; ou seja,
a taxa de mortalidade em idades extremas, ao ser
constante, supõe que a sobrevivência não tem limite em nenhuma idade concreta. Esta proposta tem muitas semelhanças com a conclusão do
modelo descrito e elaborado sobre a experiência
dos supercentenários.
A linha de trabalho baseada nos modelos
de heterogeneidade não observável, apresentada, entre outros pesquisadores atuariais de destaque, por Olivieri e Pittaco, propõe incorporar
a variável fragilidade ao modelo tradicional de
mortalidade. Isto é, a sobrevivência de um indivíduo é afetada pela sua propensão à longevidade, que é uma variável relacionada à fortaleza
fenotípica individual, que faz com
que os indivíduos que sobrevivem a idades muito avançadas tenham taxas de sobrevivência que
tendem a tomar a forma de um patamar.
Encontramos a origem de todos esses modelos em observações de mortalidade de idades
elevadas em países desenvolvidos, onde se constata uma desaceleração nas taxas de crescimento
da mortalidade em ditas idades (Horiuchi e Wilmoth, 1998, Zen Yi e Vaupel, 2003).
No trabalho Graduação da mortalidade em
Andaluzia com modelos de mortalidade com
heterogeneidade inobservável, de Antonio Fernández Morales, publicado em 2009 nos Anais
do IAE, que trata da modelização da variável
de fragilidade (Zx), os indivíduos com maior
probabilidade de falecimento apresentam taxas
menores de fragilidade. Ela é modelizada com
as distribuições Gamma ou a Inversa Gaussiana, criando uma função mistura de mortalidade
(Gompertz, Makeham)-fragilidade (Gamma ou
a Inversa Gaussiana).
Observamos que, a partir de três aproximações diferentes, a saber, registro de supercentenários, modelos bioatuariais e modelos de heterogeneidade não observáveis, a ciência atuarial é
capaz de reproduzir o comportamento da longevidade dos centenários.
Sabemos, então, que para estas idades há um
patamar nas taxas de mortalidade. Portanto, os
modelos atuariais devem ser corrigidos e ajustados a esta tendência, que começa a ser quantificável na medida em que os registros de longevidade dessas idades começam a oferecer dados
consistentes e podem substituir meras estimativas de projeção geradas sobre taxas de mortalidade de idades inferiores.
Por conseguinte, de acordo com este conhecimento adquirido e modelizado, sim, é conveniente que as entidades revisem o valor de seus
passivos. Tal como afirma Olivieri (2006), “(...)
a não consideração da heterogeneidade
A PARTIR DE TRÊS APROXIMAÇÕES DIFERENTES - REGISTRO DE SUPERCENTENÁRIOS, MODELOS
BIOATUARIAIS E MODELOS DE HETEROGENEIDADE NÃO OBSERVÁVEIS -, A CIÊNCIA ATUARIAL
É CAPAZ DE REPRODUZIR O COMPORTAMENTO DA LONGEVIDADE DOS CENTENÁRIOS
36
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Modelos de longevidade
fenotípicos
Mortalidade
devida a fatores não observáveis em uma carteira
de vida resulta numa subestimação dos passivos
tanto em valor esperado quanto na extremidade
direita, já que a distribuição da mortalidade em
uma população heterogênea é diferente daquela
que corresponde a um grupo homogêneo, especialmente nas idades mais avançadas”.
Sabendo que nos encontramos diante de um
novo modelo atuarial que modifica a hipótese central da biometria baseada no modelo de
Gompertz (1820), a ciência atuarial tem que ser
capaz de propor a idade a partir da qual a mortalidade começa a desacelerar. Todas as pesquisas
nos levam a propor a faixa 90-95 e a avaliar, por
outro lado, a intensidade do patamar.
Perante esta situação, talvez a melhor solução
seja assumir que existe este novo fenômeno, revisando a subestimação de passivos da extremidade direita de segurados e ajustando a reserva
à medida que os modelos se ajustarem a realidades estatísticas conhecidas, que nos casos da
população centenária deve se servir de fontes de
registros populacionais internacionais.
Uma vez analisada a resposta da ciência atuarial para o fenômeno da longevidade nas pessoas
de idade avançada, e especialmente os centenários, faremos referência ao estudo da longevidade
a partir da visão que oferece a biodemografia evolutiva, que trata de reunir as teorias do envelhecimento dos radicais livres e do corpo perecedor.
Ele considera, portanto, que o processo de longevidade é o resultado do impulso de aquisição de
energia e sua localização.
O estudo Evaluation of mortality: Trajectories in evolutionary biodemography (“Avaliação
da mortalidade: Trajetórias em biodemografia
evolucionária”), de Stephan B. Munch e Marc
Mangel (PNAS, publicado online em 23 de outubro de 2006), oferece uma ótica diferente para
entender a longevidade e sua repercussão em idades extremas.
O modelo fenotípico nos revela que as trajetórias de mortalidade são compostas por duas variáveis que dependem do fenótipo: uma dependente do tamanho e outra que depende do dano. Para
sua avaliação se usam determinados parâmetros
como múltiplos do metabolismo basal consumido na alimentação variável na qual os indivíduos
regulam o crescimento, a acumulação do dano e
a depredação do risco. A todos os parâmetros é
atribuída uma interpretação mecanicista.
Vejamos graficamente as duas trajetórias da
mortalidade do modelo fenotípico:
Decomposição da mortalidade por idades.
Idade
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
37
estudos
Na medida em que se avance no conhecimento fenotípico aprofundando-se nos biomarcadores, este modelo nos oferecerá a métrica necessária para entendermos o fenômeno da
longevidade extrema.
Continuando com esta argumentação biomédica, aprofundamo-nos um passo a mais no
conhecimento da longevidade máxima (MLSP,
Maximum Life Span Potential ou “Potencial
Máximo de Tempo de Vida”), que representa
o número máximo de anos que um indivíduo
pode viver por pertencer a uma determinada espécie.
A longevidade máxima vem determinada
pelo genoma, que é constante e característico de
cada espécie. A longevidade máxima se correlaciona com a resistência aos processos gerais de
envelhecimento e é inversamente proporcional
à velocidade máxima de envelhecimento das espécies (Cutler, 1984).
As duas teorias bioenergéticas que se relacionam com o envelhecimento são a teoria dos
radicais livres e a teoria do encurtamento dos
telômeros.
Existem inúmeros estudos que demonstram
que existe uma relação entre a produção de radicais livres e a longevidade máxima.
A análise de José Gómez Sánchez em sua
tese de doutorado (2010, UCM - Faculdade de
Biologia) nos ajuda a entender este processo. Ele
afirma que a taxa de produção de radicais livres
se correlaciona de forma inversa com a longevidade máxima das espécies, de modo que esta
taxa é maior em espécies de vida curta do que
em espécies longevas (Barja et al., 1994b; Lambert et al., 2007; Robert et al., 2007).
É neste ponto que podemos introduzir aspectos de estilos de vida como a restrição dietética,
que se relaciona com a longevidade. Diversas
pesquisas demonstraram que a restrição dietética é capaz de reduzir a produção mitocondrial
de radicais livres (Sohal et al., 1994; Sohal &
Weindruch, 1996; Gredilla et al., 2001a,b; Barja,
2002a; Drew et al., 2003; Bevilacqua et al., 2004;
Judge et al., 2004; Gredilla & Barja, 2005).
A teoria do encurtamento dos
telômeros
Todas as provas de envelhecimento nascem
da ciência dos telômeros e da telomerase, enzima que controla o relógio biológico da célula.
Na verdade, Jerry Shay, do Southwestern Medical Center de Dallas (Texas, EUA), num artigo
publicado recentemente na Science, afirma que
“é o melhor biomarcador de envelhecimento
disponível hoje”. Tal qual na teoria dos radicais
livres, com um estilo de vida saudável é possível
voltar a dispor de telômeros mais longos.
AINDA NÃO É POSSÍVEL MEDIR A EXPECTATIVA DE VIDA COM O TAMANHO DO TELÔMERO, MAS
SE PODE, SIM, CONHECER A IDADE BIOLÓGICA DE UMA PESSOA EM RELAÇÃO À SUA IDADE
CRONOLÓGICA. COM MAIS ANÁLISES TELOMÉRICAS PODERÃO SER ESTABELECIDAS RELAÇÕES
ENTRE O ESTILO DE VIDA E O RELÓGIO BIOLÓGICO
38
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Ainda não é possível medir a expectativa de
vida com o tamanho do telômero, mas se pode,
sim, conhecer a idade biológica de uma pessoa
em relação à sua idade cronológica. À medida
que se aumente o número de análises teloméricas, poderão ser estabelecidas relações entre
o estilo de vida e o relógio biológico. Demonstrou-se, de fato, que a obesidade e o fumo levam
a uma perda acelerada de telômeros.
Estas duas teorias biomédicas que tratam de
explicar a longevidade tradicionalmente não encontravam relação entre si, embora Ronald A.
DePinho, do M.D.Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard, sugira na Nature (julho
de 2011) que o encurtamento dos telômeros é a
causa da disfunção mitocondrial e da diminuição das defesas antioxidantes. De modo conjunto, elas reduzem a energia corporal e diminuem
o funcionamento dos órgãos, duas características do envelhecimento. E acrescenta: “O que
descobrimos é o caminho principal do envelhecimento, que conecta diversos processos biológicos relacionados com a
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
idade que anteriormente eram considerados independentes uns dos outros”.
A relação entre ambas as teorias trará avanços
significativos para o conhecimento e as métricas
da longevidade dos centenários, especialmente
sabendo-se que, como dizia Heráclito, “a natureza adora se esconder”.
Portanto, nos anos vindouros a ciência biomédica estará em condições de avaliar, a partir
da genética e do estilo de vida, a probabilidade
de se alcançar idades centenárias e possivelmente supercentenárias.
A ciência atuarial, embora esteja começando a incorporar o conhecimento revelado pela
biomedicina, deverá se aprofundar nesta linha
para poder modelar o risco de longevidade e,
por sua vez, avaliar a possibilidade da extensão
da máxima vida provável em um cenário onde a
expectativa de vida se aproxime deste indicador.
Como disse um pensador, “o envelhecer é algo
inevitável; a luta contra a tendência biológica de
nossos genes para envelhecer passou de impossível a infinitamente pouco possível”.
Em uma estrutura de dinâmica demográfica
onde os centenários serão os verdadeiros novos
protagonistas, as carteiras de rendas vitalícias
se aproximarão de idades extremas, territórios
inexplorados pelo setor segurador. A grande
vantagem é que se podem ir preparando estratégias de ajustes periódicos do passivo contingente
comprometido no balanço.
39
estudos
O risco de tipo de juro:
Neste artigo se analisam as metodologias de cobertura de risco de tipo de juro postas
em prática na Espanha e se descrevem quais metodologias são consideradas no
projeto de Solvência II para o controle e a medição dos requerimentos de capital por
risco de tipo de juro na fórmula padrão.
FRANCISCO CUESTA AGUIAR
Inspetor de Seguros do Estado Espanhol
A
lguns seguros de vida são operações
com garantia de tipo de juro a muito
longo prazo. O surgimento de cenários de juros em baixa pode gerar situações
comprometedoras para a entidade seguradora.
Daí ser muito necessária a adoção de estratégias de cobertura do risco de tipo de juro.
O risco de tipo de juro é, sem dúvida, um
dos riscos financeiros com os quais a doutrina
científica mais tem se ocupado. No âmbito do
seguro de vida, já faz mais de uma década que
foram incorporados à normativa espanhola os
sistemas de imunização financeira como metodologias de cobertura do risco de tipo de
juro. A experiência avalia
Experiência espanhola
40
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 111-2011
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
ILLUSTRATIONSTOCK
e Solvência II
41
estudos
O RISCO DO
TIPO DE JURO É
UM DOS RISCOS
FINANCEIROS
COM OS QUAIS
A DOUTRINA
CIENTÍFICA
MAIS SE TEM
OCUPADO
SISTEMAS DE IMUNIZAÇÃO FINANCEIRA:
A EXPERIÊNCIA ESPANHOLA
Com a aplicação desses sistemas, a
normativa espanhola permite calcular a
provisão matemática a um tipo de juro
obtido a partir da rentabilidade dos ativos
alocados, sempre que se cumpram determinados requisitos que minimizem o risco de tipo de juro.
No sistema de casamento de fluxos
se exige uma coincidência adequada, em
tempo e quantia, de cobranças e pagamentos. Se, cada vez que a entidade seguradora tiver que enfrentar o pagamento de um determinado compromisso, ela
dispuser do saldo financeiro necessário, o
risco de juro é mínimo.
As normas espanholas exigem basicamente os seguintes requisitos:
o excelente papel que eles têm exercido
no controle do risco de tipo de juro por
parte das entidades seguradoras que operam no segmento de Vida.
O presente trabalho aborda o estudo
de ambos os sistemas (casamento de fluxos [cash flow matching] e imunização
por durações) a partir de uma perspectiva eminentemente prática, introduzindo
previamente alguns conceitos financeiros básicos necessários para sua adequada
compreensão.
O estudo termina com uma descrição
básica das metodologias que atualmente
estão sendo consideradas no projeto de
Solvência II para o controle e a medição
dos requerimentos de capital por risco de
tipo de juro na fórmula padrão. O capítulo se completa com a análise dos diferentes métodos de cálculo do Valor em Risco
(VaR) como medida base de calibração
utilizada para estimar as perdas por risco
de tipo de juro.
.
42
 Que os fluxos de cobrança
estejam indubitavelmente à margem
do risco de crédito. Desta forma se
excluem determinados ativos como as
ações.
 Que o risco de crédito não
ultrapasse um determinado limiar.
Mais espeficamente, o ativo deverá
dispor de uma classificação mínima
BBB
 Que se trate de ativos aptos para
a cobertura das provisões técnicas.
Aparece com destaque o requisito da
liquidez.
 Que se adotem medidas a partir
de uma análise prospectiva do direito
de resgate para evitar que o valor de
mercado dos investimentos possa cair
abaixo do valor de resgate garantido.
 Que sejam computados os
fluxos de pagamento por prestações,
gastos e, conforme o caso,
participação em benefícios.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
 Que o saldo financeiro final da
operação seja positivo ou nulo.
 Que os saldos financeiros
mensais sejam positivos ou, caso
sejam negativos, que não ultrapassem
determinados limites.
O sistema de imunização por
durações busca uma compensação entre
as variações dos ativos e passivos geradas
diante de qualquer variação da curva de
juro de mercado.
A duração corrigida é uma medida de
sensibilidade do valor atual de uma corrente de fluxos diante de uma variação
do juro de mercado. Se a estrutura de cobranças e pagamentos for tal que as durações corrigidas de ativos e passivos sejam
equivalentes, ante uma variação do juro
de mercado a variação do valor dos ativos
se verá compensada com a variação (de
sinal contrário) dos passivos.
Além dos requisitos mencionados no sistema anterior para os fluxos de cobrança e pagamento, a normativa espanhola
acrescenta novos requisitos no sistema de
imunização por durações:
 Que o valor dos ativos seja
superior ao dos passivos.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
 Que exista uma equivalência
das durações corrigidas dos ativos e
passivos. Tecnicamente, esta exigência
garante a compensação das variações
apenas quando a curva de juro for
plana e variar de uma forma paralela e
infinitesimal.
 Que as variações dos valores
atuais de ativos e passivos se
compensem entre si diante de
cenários de variação parcial e não
infinitesimal da curva de juro de
mercado. É um requisito cuja
incorporação é necessária para
controlar os riscos omitidos no
requisito anterior.
Como particularidade relevante do
sistema de imunização por durações, deve
se destacar a admissão da utilização de
ativos de renda variável. Como premissa
básica se considera a maior rentabilidade
que esses ativos, num horizonte temporal
de longo prazo, deveriam proporcionar
com relação aos ativos de renda fixa. Seu
regime se completa com a exigência de requisitos de liquidez, diversificação e risco,
entre outros.
Segundo foi exposto, ambos os sistemas de imunização financeira admitem
a utilização de ativos financeiros com
risco de crédito. Não obstante, se algum
ativo passar por default, a entidade seguradora não poderá deixar de pagar suas
obrigações. Dito de outra forma, o princípio do risco de crédito dos ativos não
é transferível aos segurados. De acordo
com a premissa mencionada, interessa
calcular qual seria o valor de investimentos (sem risco de crédito) que pudesse
gerar fluxos de cobrança semelhantes aos
que geram os investimentos da entidade
(com risco de crédito). O primeiro valor
é superior ao segundo, e a diferença entre ambos mede o preço que a entidade
seguradora deveria pagar para eliminar
A ADMISSÃO DA
UTILIZAÇÃO
DE ATIVOS
DE RENDA
VARIÁVEL É UMA
CARACTERÍSTICA
DETERMINANTE
DO SISTEMA DE
IMUNIZAÇÃO
POR DURAÇÕES
43
estudos
NO ATUAL
ESTADO DE
SOLVÊNCIA II,
A PROVISÃO
DO SEGURO
DE VIDA É
CALCULADA
DESCONTANDOSE OS
FLUXOS DE
PAGAMENTOS
A UMA TAXA
LIVRE DE RISCO
AJUSTADA COM
O PRÊMIO DE
ILIQUIDEZ
44
o risco de crédito de sua carteira de investimentos. Faz-se com que a provisão matemática coincida exatamente com esse
valor (valor dos investimentos ajustado
para incorporar o risco de crédito).
SOLVÊNCIA II
No atual estado do projeto de Solvência II, a provisão do seguro de vida é
determinada descontando-se os fluxos de
pagamento a uma taxa livre de risco ajustada com o prêmio de iliquidez.
Para suportar o risco de juro, como
qualquer outro risco, a entidade deverá
dispor de determinados níveis de capital.
Ao longo dos diferentes estudos de
impacto (QIS), variou a metodologia
utilizada para a quantificação do requerimento de capital por risco de tipo de juro
segundo a fórmula padrão, assim como
os parâmetros resultantes da calibração.
As duas metodologias utilizada têm sido
a análise por cenários e a análise por durações corrigidas, sistemas semelhantes aos
descritos no sistema espanhol de imunização por durações.
O requerimento de capital padrão
(SCR) também pode ser determinado
com modelos internos autorizados. Uma
vez que o valor em risco foi a medida de
calibração eleita para a determinação das
perdas, é conveniente analisar suas características principais:
 Hipótese de cálculo. É
incompleta toda medida de projeção
das perdas se não for mencionado
o período de tempo e o nível de
confiança para os quais é calculada.
 Método de variânciascovariâncias. Considera que a
distribuição das perdas é normal, o
que requer ajustes corretores para
apresentar caudas grossas.
 Método de simulação histórica.
Supõe que o comportamento
passado replica adequadamente o
comportamento futuro.
 Método de simulação
Montecarlo. Estima a distribuição de
probabilidade das perdas mediante
a geração de números aleatórios e
amostragens estatísticas.
 Volatilidade. É sem dúvida a
variável principal e que mais influi na
estimativa das perdas.
 Stress testing. A estimativa inicial
deve ser complementada com a
análise de perdas por acontecimentos
extraordinários.
 Back testing. Qualquer método
utilizado não será adequado se não
replicar adequadamente as perdas
reais.
 TailVaR. É uma medida que
analisa a distribuição das perdas uma
vez alcançado o nível do VaR.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
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45
ILLUSTRATIONSTOCK
estudos
46
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Gerência de Riscos
Resiliência,
cada vez mais...
Até muito pouco tempo atrás, ninguém tinha se atrevido a
incorporar ao enfoque da gerência de riscos este conceito um tanto
curioso e mais para inesperado neste campo. De fato, refere-se a
uma realidade geralmente ausente em todos os manuais, que se
limitam a colocar em ação o processo de gestão de riscos mediante
uma identificação obrigatória. O resto do conteúdo dos manuais
em questão se dedica a determinar o que se vai fazer com os riscos
assim identificados, ou seja, assumi-los, suprimi-los se for possível,
ou ao menos reduzi-los, ou inclusive tratar de transferi-los. Se
podemos nos beneficiar de modelos, tanto melhor, uma vez que a
gestão do risco se converte numa realidade científica cuja validez
deve ser reconhecida pelo mundo todo... Mas se nos aprofundarmos
neste assunto, vejamos o que acontece.
FRANÇOIS SETTEMBRINO
Gerente de Riscos FERMA
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
47
estudos
T
ratemos de definir o que o vocábulo “resiliência” esconde. A vida das empresas
e também a vida diária, observadas com
humildade, demonstram que o futuro nunca
pode ser compreendido em sua essência. Por
mais que queiramos ou façamos, o futuro é uma
incerteza absoluta. Portanto, é presunçoso crer
que a gestão do risco, na medida em que se dirige ao futuro, vai permitir que nos transportemos a ele com toda a tranquilidade. Quaisquer
que sejam os meios utilizados, a realidade pode
diferir muito do que o procedimento de gerência de risco utilizado tenha permitido prever.
Isto não quer dizer que o procedimento não
tenha um valor intrínseco; longe disso. Seu
maior êxito procede do bom uso do acúmulo
de experiências, pois nunca se aprende tanto
como observando e tratando de entender o que
não funcionou bem para corrigi-lo no futuro.
O problema é que o passado continua sendo o
passado, que nunca oferecerá todas as chaves do
futuro. Se nos basearmos apenas no passado e
numa identificação perfeita dos riscos, deixaremos todo o procedimento no ar com relação
aos riscos que não foram detectados ou que
simplesmente foram desprezados porque ainda
não são identificáveis. Não nos esqueçamos do
exemplo desta terrível doença que é a AIDS, que
os atuários de seguros de vida nunca haviam incluído em seus cálculos, simplesmente porque
ninguém sabia da sua existência.
Voltemos agora ao que quer dizer “resiliência”. É simplesmente a capacidade de se dar bem
em caso de imprevisto; no âmbito empresarial,
trata-se de como fazer frente a um dano imprevisto. O mesmo nos acontece como indivíduos,
pois é necessário ter praticado uma ginástica do
espírito para abordar a incerteza que o porvir
nos reserva e se sobrepor a ela na medida do
possível.
O exemplo de resiliência que se cita com
frequência está ao alcance do entendimento de
qualquer um. Um homem preocupado com a
sua forma física escolhe a corrida a pé como disciplina. Ele treina todos os dias e está muito feliz
com isso... Mas um dia enfrenta uma situação
que poderia acabar em drama: um grave incêndio irrompe perto dele, e nosso desportista, para
evitar sofrer suas consequências, dá no pé e se
afasta a toda velocidade. De todas as pessoas presentes, ele é o único que sai incólume. Sua salvação se deve à sua forma física, mas ele nunca
havia previsto o uso que pôde fazer dela. Isso é
resiliência.
Um apóstolo da resiliência, Boris Cyrulnik,
se aprofundou no tema dos meninos maltratados pelas guerras, inclusive os que tiveram a sorte de sobreviver aos campos da morte. A maioria
SE NOS BASEARMOS APENAS NO PASSADO E NUMA IDENTIFICAÇÃO PERFEITA DOS RISCOS, DEIXAREMOS
A GERÊNCIA DE RISCOS NO AR COM RELAÇÃO AOS RISCOS QUE NÃO FORAM DETECTADOS OU QUE
SIMPLESMENTE FORAM DEZPREZADOS PORQUE AINDA NÃO SÃO IDENTIFICÁVEIS.
48
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
deu, mais tarde, mostras de extraordinárias qualidades de resiliência para superar, e inclusive
utilizar, os sofrimentos que tinham padecido.
O título do livro que B. Cyrulnik escolheu para
descrever suas descobertas, Un merveilleux
malheur (Uma desgraça maravilhosa) (Poche,
2002), é por si só toda uma revelação. A resiliência humana, sobretudo a infantil, é estudada e
pesquisada por um cientista, médico, psicólogo
e psiquiatra.
Um dos profissionais da gerência de riscos, o
gerente de continuidade do negócio poderá melhor que ninguém descrever quão difícil é a sua
tarefa. Como o seu futuro não é mais que incerteza, somente pode funcionar com suposições,
que são outras tantas hipóteses de grandes dificuldades que se poderiam produzir e bloquear
as atividades da empresa. Para que as atividades
continuem custe o que custar, conta-se muito
com ele. Na falta de uma bola de cristal, sua tarefa já é extremamente difícil, mas se vocês soubessem como são poucas as Direções que dão
importância a isso... Eis aqui dois exemplos:
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Uma empresa americana fabrica excelentes calçados esportivos, com uma reputação
bem merecida; os modelos são excelentes, e
a fôrma, impecável. Um dia a Direção decide
deslocar a fabricação para um país emergente
da Ásia. Os preços de venda no mercado não
se modificam, mas a operação quase triplicou
os benefícios, nada menos que isso. E os acionistas estão muito satisfeitos. Mas eis que um
dia um desportista de alto nível, fiel à marca,
entra com uma demanda judicial pelos danos
físicos que o calçado lhe havia causado, apresentando provas médicas disso. Como ocorre
com muita frequência nos Estados Unidos, as
quantidades reclamadas são colossais, mas a
firma paga para não dar o que falar e manter
sua boa imagem. Pouco tempo depois, outro
famoso desportista apresenta o mesmo tipo
de demanda e pede compensações ainda mais
astronômicas, que obtém sem grandes dificuldades. Como desgraça pouca é bobagem, ela
voltou a acontecer, de novo com as mesmas
consequências. Havia, portanto, um grave
problema de fabricação e, consequentemente, um controle de qualidade que não estava
à sua altura. Vários conselheiros expressaram,
então, seu desejo de repatriar a fabricação para
terem uma supervisão melhor. A solução parecia lógica, mas a resposta foi demolidora: as
fábricas tinham sido vendidas, assim como o
maquinário, e o pessoal qualificado não estava
localizável. Voltar a começar do zero era quase
impossível, e o custo disso teria sido assombroso. Tiveram que se decidir por enviar ao
estrangeiro, com um custo elevado, uma equipe que se responsabilizasse pela qualidade,
deslocá-la com indenizações por expatriação,
gastos de alojamento, escolarização dos filhos
e visitas regulares ao país de origem.
O outro exemplo é atual. Algumas fábricas
Peugeot estão paralisadas por falta de várias
peças fabricadas no Japão. Deverão enfrentar o problema com paciência, já que relançar
uma fabricação na Europa seria uma utopia e
vender os veículos afetados é totalmente impensável. E a Peugeot não é a única que sofre...
49
estudos
Em ambos os casos, qualquer resiliência teria
sido impossível. Quaisquer que sejam as vantagens (financeiras ou de outro tipo) do deslocamento, elas não devem nos impedir de pensar
no futuro com um pouco mais de realismo. Na
falta dessa reflexão, a resiliência se converteu em
algo totalmente impossível de organizar, e ninguém mais sabe onde está a verdadeira relação
custo-benefício dos pontos fracos registrados.
Apesar disso, é responsabilidade dos diretores
perante os funcionários, os clientes e a cidadania responder às ações que poderiam se interpor.
Esses exemplos vão mudar a mentalidade dos
diretores? Provavelmente não se observarmos
seu comportamento, obscurecido unicamente
pelo curto prazo em que o futuro nem sequer
é considerado.
Se voltarmos ao gerente de continuidade do
negócio, seu papel é manter a empresa ativa,
mas isso se converte muito rápido em um pesadelo. Sempre se analisou o incêndio, o roubo,
a agitação social e, para o deslocado, as possibilidades de mudança dos poderes, democráticos,
ditatoriais, ou com armas na mão... tudo tinha
de ser pesado e contrapesado. Mas faz pouco
tempo que nosso homem também deve somar
a tudo isso questões de saúde pública, novas doenças aleatórias ou causadas pelo homem, furacões, nuvens vulcânicas, tremores de terra cada
vez mais devastadores, inundações e inclusive
50
tsunamis. As teorias de gerência de riscos já deram respostas mais ou menos válidas, tais como
a compartimentação das instalações, a manutenção das relações com diferentes provedores, melhor que com apenas um, o procurar dispor de
um pessoal o mais flexível possível... As fontes
da resiliência são inúmeras, mas nunca se sabe
nem onde, nem quando, nem como serão necessárias. De qualquer jeito, estudar caminhos
de solução antes que deles se necessite é o meio
mais seguro de se dotar de uma resiliência certeira, simplesmente fazendo uso de treinamento
permanente. Aqui também um pequeno exemplo permitirá compreender melhor as expectativas. Um banco instalado em um grande edifício
de quinze andares, equipado com uma unidade de gerência de riscos. Esta unidade começa
a se interessar pelos riscos mais conhecidos e,
no caso em questão, o risco de incêndio se encontra em primeiro lugar. Como não se faz nada
pela metade, as companhias seguradoras e os
bombeiros são convidados a avaliar a situação.
Seus engenheiros encontram um edifício bem
projetado, bem construído e equipado com um
sistema de aspersores, com uma reserva de água
no telhado. A opinião deles é que um sinistro
danificaria no máximo duas plantas: uma pelos
meios de extinção utilizados e a outra, ou, melhor dizendo, duas metades de plantas ficariam
danificadas pela água e pela fumaça. Para não
deixar nada pela metade, uma equipe se encarrega de estimar as necessidades em caso de in-
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
cêndio das dimensões previstas pelos “especialistas”. Essas necessidades vão desde os contatos
com as autoridades que têm de ser previstos e
a instalação de um perímetro de segurança ao
redor do lugar até um inventário dos materiais
que têm de ser adquiridos. O contato com os
provedores é feito meticulosamente para lhes
expor a situação provável. Não se compram 200
mesas de escritório, cadeiras, telefones e computadores tão facilmente como se acredita; iniciam-se relações, organizam-se contatos regulares, e todo mundo acredita que fez o máximo.
Infelizmente, um dia, para se distrair, uns meninos colocam umas salsichas para cozinhar numa
fogueira feita com papelão de embalar num terreno que alojava um supermercado pegado ao
banco e que acabara de ser demolido. Brincando
num vão aberto, os meninos descobriram algumas latas de salsicha esquecidas. Pedaços de
papelão queimado voam por cima da coluna de
ar quente criada pelo fogo, e num instante são
aspirados pelas entradas de ar condicionado em
todas as plantas, introduzindo o fogo em todo
o imóvel ao mesmo tempo. Felizmente, era um
dia festivo e, portanto, não houve vítimas. Mas
que papel exerceu a resiliência neste caso? Simplesmente no fato de que uma equipe já tinha
interlocutores em quase todos os lados e eles
puderam ser ativados imediatamente. Isso não
foi fácil, pois conseguir 2.000 mesas, cadeiras,
etc. é um pouco mais complicado que 200, mas
os prazos se reduziram muito. Para as suas operações, o banco havia se equipado com uma excelente capacidade de resiliência, pois os sistemas de informática já estavam interconectados
com as diferentes sedes, e, por este lado, o pior
tinha sido evitado.
Vocês acreditam que todas estas lições vão
servir para alguma coisa? Se nos referirmos ao
mundo das finanças e ao sistema bancário em
particular, a resposta só pode ser negativa. Tinham arriscado a sorte se munindo de uma
gerência financeira de riscos tão bem desenhada
que nada poderia lhes acontecer; viu-se qual foi
o resultado. Mas assim que assumem a catástrofe, repetem os mesmos erros. Talvez se esconda
nisso uma forma de cinismo: para que se equipar de resiliência, uma vez que, quando as coisas
vão mal, os Estados vão, apesar de tudo, ajudar
os bancos. Consequentemente, são os contribuintes que vão amortizar as perdas. E como
muitos também são clientes, passarão pelo caixa
duas vezes.
A moral desta história é que a certeza não
existe em absoluto e não existirá nunca; os fatalistas dirão que o risco zero não existe, e os
realistas dirão que, inclusive quando se fez tudo
para evitar o risco, não se está nunca seguro de
que nada vai acontecer. Observem o drama do
Japão: as únicas construções que resistiram ao
sismo são os edifícios mais caros, construídos
segundo as normas. Os prédios modestos desapareceram. Se a isso se somarem os estragos
causados pelo tsunami, isso se converte num
desastre total. Já não se pode continuar falando
das angústias da central nuclear, se não for para
dizer que foi construída para resistir aos efeitos
de um terremoto de menor intensidade que o
ESTUDAR CAMINHOS DE SOLUÇÃO ANTES QUE DELES SE NECESSITE É O MEIO MAIS SEGURO DE SE DOTAR
DE UMA RESILIÊNCIA CERTEIRA, SIMPLESMENTE FAZENDO USO DE TREINAMENTO PERMANENTE
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
51
estudos
ocorrido e que praticamente tanto o edifício
como os equipamentos sofreram enormemente. Se um novo Chernobil for evitado, assegurar o lugar não será fácil e durará muito tempo.
O tsunami, por sua vez, levou casas, barcos e
habitantes com uma violência incrível, e as fotos e os vídeos impactaram fortemente os espectadores. O que muitos esquecem é o significado da escala Richter; recordando o que foi
aprendido no primário, muitos entendem que
um valor 9 é quase o dobro de 5. Na realidade,
todo incremento de intensidade 1 corresponde
a uma multiplicação por 30 da energia e por 10
da intensidade do movimento, o que é verdadeiramente espantoso.
Quanto à resiliência demonstrada pelas
autoridades japonesas, ela parece basicamente fraca. Em Kobe foram necessários três dias
para que os serviços de socorro fossem acio-
nados... e agora foi um pouco mais rápido.
Enviaram-se rapidamente 80.000 soldados para
ver se havia sobreviventes e retirar os cadáveres
dos escombros. Por outro lado, para os sobreviventes, a resiliência foi quase nula. Em uma
época em que se utilizam aviões e helicópteros
para qualquer coisa, eles poderiam ter depositado ou lançado equipamentos e alimentos para
os mais necessitados, inacessíveis por estrada,
mas, pelo que parece, não foi assim. Há que
dizer que a comunicação não tem sido o forte
das autoridades.
Tudo isso vai construir um acúmulo de experiências complementares inéditas e muito
importantes para os praticantes da gerência de
riscos, mas elas continuarão não tendo valor se
os diretores das companhias ou os políticos não
as utilizarem como deveriam. Só o futuro nos
dirá o que eles fizeram com estas experiências.
AS EXPERIÊNCIAS COMPLEMENTARES INÉDITAS ADQUIRIDAS POR CAUSA DE UM DRAMA COMO O DO
JAPÃO SÃO MUITO IMPORTANTES PARA A GERÊNCIA DE RISCOS, MAS ELAS CONTINUARÃO NÃO
TENDO VALOR SE OS DIRETORES DAS COMPANHIAS OU OS POLÍTICOS NÃO AS UTILIZAREM COMO
DEVERIAM
52
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
informe
2010
RANKING
de grupos seguradores
na América Latina
A FUNDACIÓN MAPFRE apresenta, pelo
nono ano consecutivo, o ranking por volume de
prêmios dos 25 maiores grupos seguradores na
América Latina, desta vez relativo a 2010. Foram
elaborados três rankings - Total, Vida e Não Vida -,
e as informações relativas aos seguradores locais e
às multinacionais foram incluídas separadamente.
FUNDACIÓN MAPFRE
CENTRO DE ESTUDOS
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 111-2011
53
informe
Ranking Total
RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2010
TOTAL
Nº
1
GRUPO
BRADESCO SEGUROS
Prêmio Bilhões
de €
PAÍS
%
Participação
de Mercado
RANK
2009
2010%
2009
2010
BRASIL
5.834
8.014
37,3
8,9
1
2
MAPFRE¹
ESPANHA
4.284
6.705
56,5
7,4
3
3
ITAÚ/UNIBANCO
HOLDING
BRASIL
4.741
5.351
12,9
5,9
2
4
METLIFE²
EUA
2.527
3.575
41,5
4,0
4
5
BRASILPREV³
BRASIL
1.528
3.258
113,1
3,6
-
6
SANTADER
ESPANHA
2.311
3.239
40,2
3,6
7
7
PORTO SEGURO
BRASIL
1.858
3.090
66,3
3,4
8
8
LIBERTY MUTUAL
EUA
2.317
2.351
1,4
2,6
6
9
CNP
FRANÇA
1.527
2.085
36,5
2,3
9
10
ALLIANZ
ALEMANHA
1.267
1.712
35,1
1,9
16
11
G. NACIONAL
PROVINCIAL
MÉXICO
1.417
1.657
17,0
1,8
11
12
AXA
FRANÇA
1.393
1.589
14,1
1,8
13
13
MCS
EUA
1.112
1.541
38,6
1,7
21
14
TRIPLE-S
PORTO RICO
1.411
1.513
7,2
1,7
12
15
HSBC
REINO UNIDO
1.216
1.504
23,7
1,7
17
16
ZURICH
SUIÇA
1.328
1.500
23,7
1,7
14
17
SULAMÉRICA
BRASIL
14.489
1.338
-10,1
1.5
10
18
GENERALI
ITÁLIA
1.146
1.309
14.3
1,4
19
19
BBVA
ESPANHA
1.278
1.188
-7,0
1,3
15
20
SURAMERICANA
COLOMBIA
805
1.16
38,6
1,2
24
21
MMM HEALTHCARE
EUA
947
1.007
6,3
1,1
22
22
AIG
EUA
1.213
994
-18,1
1,1
18
23
ACE
EUA
656
882
34,4
1,0
26
24
RSA
REINO UNIDO
629
830
31,9
0,9
28
25
INBURSA
MÉXICO
1.143
781
-31,6
0,9
24
Total 10 primeiros
28.196
39.380
39,7
43,6
Total 25 primeiros
45.379
58.131
28,1
64,4
Total setor
75.769
90.316
19,2
100,0
¹ Inclui BasilVeiculos e Aliança Brasil
² Inclui as companhias da ALICO
³ Integrada pelo Banco do Brasil e Principal; em rankings anteriores, seus prêmios eram incluidos no Banco do Brasil.
54
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
55
informe
Ranking No Vida
RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2010
NÃO VIDA
Nº
GRUPO
2009
2010
%
Participação
de Mercado
RANK
2009
2010%
1
MAPFRE
ESPANHA
3.371
4.969
47,4
10,5
1
2
PORTO SEGURO
BRASIL
1.752
2.944
68,0
6,2
3
3
LIBERTY MUNDIAL
EUA
2,238
2.252
0,6
4,7
2
4
BRADESCO SEGUROS
BRASIL
1.435
1.972
37,4
4,2
5
5
ITAÚ/UNIBANCO
HOLDING
BRASIL
1.728
1.611
-6,8
3,4
4
6
ALLIANZ
ALEMANHA
1.101
1.454
32,1
3,1
7
7
AXA
FRANÇA
1.062
1.215
14,4
2,6
8
8
SULAMÉRICA
BRASIL
1.338
1.127
-15,8
2,4
6
9
G.NACIONAL
PROVINCIAL
MÉXICO
912
1.050
15,2
2,2
11
10
ZURICH
SUIÇA
56
1.031
7,9
2,2
9
11
GENERALI
ITÁLIA
846
979
15,7
2,1
13
12
AIG¹
EUA
809
942
16,5
2,0
14
13
ACE
EUA
553
34,9
1,6
18
14
TALANX
ALEMANHA
526
740
40,7
1,6
19
15
RSA
REINO UNIDO
609
705
15,7
1,5
10
16
MERCANTIL
VENEZUELA
912
692
-24,2
1,5
10
17
QUÁLITAS
MÉXICO
467
589
26,0
1,2
20
18
CNP ASSURANCES
FRANÇA
405
563
38,9
1,2
22
19
INBURSA
MÉXICO
864
534
-38,2
1,1
12
20
SANTANDER
ESPANHA
337
523
55,0
1,1
28
21
SANCOR
ARGENTINA
415
495
19,1
1,0
21
22
BBVA
ESPANHA
389
450
15,7
0,9
23
23
METLIFE
EUA
293
428
46,4
0,9
31
24
CHUBB
EUA
337
428
27,0
0,9
27
25
SURAMERICANA
317
423
33,2
0,9
29
Total 10 primeiros
15.893
19.625
23,5
41,4
Total 25 primeiros
23.973
28.859
20,4
60,8
Total setor
42.889
47.460
10,7
100,0
¹ Inclui a Chartis
56
PAÍS
Prêmio Bilhões
de €
COLÔMBIA
746
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Ranking Vida
RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2010
VIDA
Nº
GRUPO
PAÍS
Prêmio Bilhões
de €
2009
2010
%
Participação
de Mercado
2010%
RANK
2009
1
BRADESCO SEGUROS
BRASIL
4,399
6,042
37,3
14,1
1
2
ITAÚ/UNIBANCO
HOLDING
BRASIL
3,013
3,741
24,2
8,7
2
3
BRASILPREV1
BRASIL
1,528
3,258
113,1
76,6
-
4
METLIFE
EUA
2,235
3,147
40,8
7,3
3
5
SANTANDER
ESPANHA
1,974
2,717
37,6
6,3
5
6
MAPFRE
ESPANHA
913
1,736
90,2
4,1
10
7
MCS
EUA
1,112
1,541
38,6
3,6
8
8
CNP
FRANÇA
1,122
1,523
35,7
3,6
7
9
TRIPLE-S
PORTO RICO
1,294
1,392
7,6
3,2
6
10
HSBC
REINO UNIDO
829
1,083
30,7
2,5
12
11
MMM HEALTHCARE
EUA
947
1,007
6,3
2,4
9
12
BBVA
ESPANHA
889
738
-17,0
1,7
11
13
SURAMERICANA
COLÔMBIA
488
42,2
1,6
14
14
G. NACIONAL
PROVINCIAL
MÉXICO
505
607
20,2
1,4
13
15
HUMANA
EUA
483
591
22,3
1,4
15
16
NEW YORK LIFE
EUA
473
549
16,0
1,3
16
17
BANAMEX
MÉXICO
375
531
41,6
1,2
19
18
ZURICH
SUÍÇA
372
469
25,9
1,1
21
19
FIRST MEDICAL
HEALTH PLAN
EUA
373
427
14,5
1,0
20
20
PMC MEDICARE
CHOICE
PORTO RICO
386
387
0,1
0,9
18
21
AXA
FRANÇA
331
374
13,0
0,9
22
22
CONSORCIO
CHILE
242
340
40,7
0,8
28
23
GENERALI
ITÁLIA
300
330
10,3
0,8
23
24
CARDIF
FRANÇA
285
318
11,6
0,7
26
25
ING
HOLANDA
286
315
10,1
0,7
25
Total 10 primeiros
18,418
26,179
42,1
61,1
Total 25 primeiros
25,154
33,856
34,6
79,0
Total setor
32,880
42,856
30,3
100,0
693
¹ Integrada pelo Banco do Brasil e Principal; em rankings anteriores, seus prêmios eram incluídos no Banco do Brasil.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
57
informe
RANKING DE GRUPOS LOCAIS E DE MULTINACIONAIS
RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2010
TOTAL
Nº
GRUPO
Prêmio Bilhões
de €
PAÍS
2009
2010
%
Participação
de Mercado
RANK
2009
2010%
1
BRADESCO
BRASIL
5,834
8,014
37,3
8,9
1
2
ITAÚ/UNIBANCO HOLDING
BRASIL
4,741
5,351
12,9
5,9
2
3
BRASILPREV
BRASIL
1,528
3,258
113,1
3,6
-
4
PORTO SEGURO
BRASIL
1,858
3,090
66,3
3,4
4
5
G. NACIONAL PROVINCIAL
MÉXICO
1,417
1,657
17,0
1,8
6
6
TRIPLE-S
PORTO RICO
1,411
1,513
7,2
1,7
7
7
SULAMÉRICA
BRASIL
1,489
1,338
-10,1
1,5
5
8
SURAMERICANA
COLÔMBIA
1,143
1,116
-2,4
1,2
8
9
INBURSA
MÉXICO
1,143
781
-31,6
0,9
9
10
MERCANTIL
VENEZUELA
936
708
-24,4
0,8
10
Total 10 primeiros
21,502
26,827
24,8
29,7
Total setor
75,769
90,316
19,2
100,0
RANKING DE MULTINACIONAIS SEGURADORAS NA AMÉRICA LATINA 2010
TOTAL
Nº
58
GRUPO
Prêmio Bilhões
de €
PAÍS
2009
2010
%
Participação
de Mercado
RANK
2009
2010%
1
MAPFRE
ESPANHA
4,284
6,705
56,5
7,4
1
2
METLIFE
ESTADOS UNIDOS
2,527
3,575
41,5
4,0
2
3
SANTANDER
ESPANHA
2,311
3,239
40,2
3,6
4
4
LIBERTY
MUTUAL
ESTADOS UNIDOS
2,317
2,351
1,4
2,6
3
5
CNP
FRANÇA
1,527
2,085
36,5
2,3
5
6
ALLIANZ
ALEMANHA
1,267
1,712
35,1
1,9
9
7
AXA
FRANÇA
1,393
1,589
14,1
1,8
6
8
HSBC
REINO UNIDO
1,216
1,504
23,7
1,7
10
9
ZURICH
SUÍÇA
1,328
1,500
12,9
1,7
7
10
GENERALI
ITÁLIA
1,146
1,309
14,3
1,4
12
Total 10 primeiros
19,316
25,569
32,4
28,3
Total setor
75,769
90,316
19,2
100,0
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
COMENTÁRIOS SOBRE O RANKING
A consolidação da recuperação econômica na
maioria dos países da América Latina em 2010
teve seu reflexo no comportamento do setor segurador, que obteve crescimentos em todos os
mercados, em moeda local e a preços correntes. O valor dos prêmios expressado em euros
aumentou em 19,2% com relação ao exercício
anterior, alcançando um volume de 90,316 bilhões1. Este crescimento se viu favorecido pela
valorização da maioria das moedas locais frente
ao euro, principalmente do real brasileiro e do
peso colombiano. Ao contrário, a desvalorização
do bolívar em janeiro de 2010 deu lugar a um
decréscimo de 35% no volume de prêmios em
euros do mercado segurador venezuelano, que
contrasta com um crescimento de 23% em moeda local.
O Brasil, o maior mercado segurador da América Latina, cresceu 17% em moeda local e 39%
em euros, impulsionado mais um ano pelo seguro de Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL),
produto que tem sua distribuição concentrada
no canal bancário e que conta com incentivos
fiscais. No México, o segundo maior mercado,
o incremento do setor (sem incluir Pensões) foi
de 1% em moeda local e 14% em euros. A evolução dos segmentos Não Vida foi negativa, devido ao fato de que a renovação da apólice integral
multianual de seguros da Petróleos Mexicanos
(PEMEX) se deu em 2009, e em 2010 não houve
emissão.
O declínio dos prêmios na Venezuela coloca
Porto Rico de novo como o terceiro maior mercado segurador da região, com um volume de
prêmios de de 7,943 bilhões de euros. Tais
faturamentos representam uma subida de 6%
com relação ao exercício anterior, graças ao
crescimento do segmento de Saúde (10%). Os
outros três maiores mercados, Chile, Argentina e Colômbia, registraram aumentos em euros de 37%, 10% e 29%, respectivamente.
RANKING TOTAL
Em 2010, os 25 maiores grupos seguradores
da América Latina faturaram 58,131 bilhões de
euros, 28,1% a mais que em 2009, e acumulam
64,4% dos prêmios da região, quase três pontos
mais que no ano anterior.
Nos dez primeiros grupos a concentração
aumentou cinco pontos, chegando a 43,6%,
algo muito relacionado com a evolução do
mercado segurador brasileiro, já que quatro
dos dez maiores grupos são brasileiros e os seis
restantes têm uma filial nesse país. O crescimento de prêmios do mercado brasileiro aumentou significativamente pela valorização
OS 25 MAIORES GRUPOS SEGURADORES DA AMÉRICA LATINA FATURARAM EM
2010, 58,131 BILHÕES DE EUROS, O QUE REPRESENTA 28,1% MAIS QUE NO
EXERCÍCIO ANTERIOR
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
59
informe
do real brasileiro frente ao euro. Além disso, entre os fatores que influenciaram na maior concentração, destacam-se os movimentos empresariais que aconteceram em 2010, entre eles o
acordo firmado entre a MAPFRE e o Banco do
Brasil, e a compra da filial de seguros de Vida da
AIG, American Life Insurance Company (ALICO), pela MetLife.
O ranking está mais uma vez encabeçado pelo
brasileiro Bradesco, com um volume de prêmios
de 8,014 bilhões de euros. Em 2010 este grupo
aumentou seu faturamento em 37,3% e sua participação de mercado em algo mais que um ponto, chegando a 8,9% (7,7% em 2009). Em seguida
vem o grupo MAPFRE, que sobe uma posição na
classificação e aumenta sua participação em 1,7
ponto, graças ao acordo firmado com o Banco do
Brasil. O acordo se materializou com a criação
de duas holdings (BB-MAPFRE, para o negócio de Vida e Agrário, e MAPFRE-BB, para os
negócios de Autos e Seguros Gerais), nas quais
foram integradas as entidades filiais seguradoras
de ambos os grupo no Brasil.
O Itaú/Unibanco passa do segundo para o
terceiro lugar2, e a MetLife mantém a quarta posição, aumentando sua participação de mercado
em sete décimos. A companhia Brasilprev3, integrada pelo Banco do Brasil e pelo grupo Principal, ocupa o posto número cinco graças ao extraordinário crescimento de seus prêmios pela
venda do produto VGBL.
Em geral, à margem das fusões e aquisições
realizadas no exercício, as principais causas que
influenciaram as mudanças de posição na classificação do exercício 2010 são as que foram comentadas na primeira parte do estudo:
a forte valorização das moedas locais frente ao
euro, especialmente o real brasileiro e o peso
colombiano, que favoreceu o crescimento dos
grupos com filiais de tais países. A influência da
valorização do peso mexicano também foi positiva, se considerarmos que é o segundo maior
mercado da região. No entanto, apesar de o mercado venezuelano continuar crescendo em moeda local, a desvalorização do bolívar no início
do ano produziu um efeito contrário ao descrito
anteriormente.
As elevações mais importantes foram as da
MCS - companhia especializada em Vida e Saúde de Porto Rico, que sobe oito posições depois
de integrar a carteira de Saúde de Cooperativa
de Seguros - e a Allianz -, que passa da décima
sexta para a décima posição graças a crescimentos em todos os mercados da região onde opera,
principalmente no Brasil, Colômbia e México.
No sentido oposto, a SulAmérica desce da décima para a décima sexta posição após a venda de
sua participação de 60% na Brasilveículos para o
Banco do Brasil. O espanhol BBVA baixa quatro
postos em consequência da queda nos prêmios
de suas filiais no México e na Colômbia.
Finalmente, há que mencionar a saída dos
grupos venezuelanos Mercantil e La Previsora,
que tinham entrado no ranking em 2009. Substituindo-os estão o ACE, dos Estados Unidos, e
o britânico RSA. O grupo norte-americano volta
a fazer parte do ranking após sua saída no ano
anterior.
RANKING NÃO VIDA
Os 25 maiores grupos seguradores do segmento Não Vida alcançaram uma participação
de mercado de 60,8% em comparação aos 58%
de 2009. A concentração aumentou mais nos dez
primeiros grupos, cuja participação cresceu quatro pontos, chegando a 41,4%.
OS DEZ PRIMEIROS GRUPOS SEGURADORES DO SEGMENTO NÃO VIDA NA
AMÉRICA LATINA AUMENTAM SUA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO EM QUATRO
PONTOS, CHEGANDO A 41%
60
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
O motivo principal desta subida é novamente a
influência do mercado segurador brasileiro e o
acordo da MAPFRE com o Banco do Brasil. Por
um lado, e ao contrário do que ocorreu em 2009,
a contribuição das companhias mexicanas também foi positiva, fato favorecido pela valorização
do peso mexicano frente ao euro.
Com um crescimento de 47,4%, a MAPFRE
continua como líder do ranking Não Vida e acumula 10,5% dos prêmios deste segmento, 4,969
bilhões de euros, 2,6 pontos a mais que no exercício anterior. Os motivos que propiciaram este
crescimento são o bom comportamento de todas
as suas filiais na região e o fato de haver incluído o faturamento da Brasilveículos e Aliança do
Brasil em virtude da aliança firmada em 2010
com o Banco do Brasil.
O acordo firmado entre o Itaú/Unibanco e a
Porto Seguro em 2009 continua impulsionando
o crescimento da Porto Seguro, que supera a Liberty e se situa no segundo lugar da classificação. O Bradesco, com um volume de prêmios
de 1,972 bilhões de euros, se coloca na quarta
posição e desloca o Itaú/Unibanco para o quinto
posto.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Sobre o restante das mudanças de posição no
ranking, deve-se mencionar os declínios do grupo venezuelano Mercantil, por efeito da desvalorização do bolívar (seus prêmios cresceram 11%
em moeda local), e do Inbursa, por este grupo
ser o favorecido da apólice multianual da PEMEX. Também devem ser destacadas as inclusões do Santander, da MetLife, da Chubb e da
Suramericana colombiana (Grupo Sura).
RANKING VIDA
Os 25 grupos seguradores que compõem o
ranking de Vida auferiram 33,856 bilhões de euros em prêmios, 34,6% a mais que no exercício
anterior. A concentração aumentou ligeiramente
(seis décimos) nos 25 maiores grupos e pouco
mais de três pontos nos dez primeiros.
Os três primeiros postos da classificação estão ocupados por grupos brasileiros, liderados
mais um ano pelo Bradesco, que em 2010 auferiu 6,042 bilhões de euros em prêmios. Bastante atrás dele está o Itaú/Unibanco, com faturamento de 3,741 bilhões de euros. A companhia
Brasilprev4 teve um crescimento extraordinário,
113,1% (79% em moeda local), graças à venda
do produto VGBL, o que a coloca no terceiro
lugar, à frente da MetLife, que também obteve
uma elevação importante de sua receita graças à
compra do negócio de Vida da AIG.
Os maiores movimentos da classificação
de 2010 foram a subida da MAPFRE, que passa da décima para a sexta posição pela operação
do Banco do Brasil, e o da Zurich, que sobe três
postos graças aos crescimentos de todas as suas
filiais, especialmente da sua companhia chilena.
Como novidade, cabe citar as inclusões do chileno Consorcio e da francesa Cardif e a saída da
AIG - após a venda da ALICO para a MetLife - e
do grupo colombiano Bolívar.
61
informe
RANKING DE GRUPOS LOCAIS E RANKING
DE MULTINACIONAIS
Não há nenhuma variação na composição do
ranking de grupos locais. O Bradesco continua
sendo o líder, aumentando a distância de seu seguidor imediato, o também brasileiro Itaú/Unibanco.
A MAPFRE continua liderando a classificação de multinacionais na América Latina, seguida da MetLife e do Santander. Com um crescimento de 40,2%, o grupo espanhol ultrapassou
o volume de prêmios da Liberty Mutual e está
posicionada em terceiro lugar. A saída do grupo
BBVA desta classificação, como consequência da
diminuição de seus prêmios na Colômbia e no
México, permite a inclusão da Generali, graças
ao crescimento generalizado das companhias do
grupo na região, especialmente na Argentina e
no México.
METODOLOGIA
Para elaborar estas informações, seguiu-se a
mesma metodologia que a dos anos anteriores.
Os dados foram obtidos das informações publicadas pelos órgãos de controle de seguros dos
diversos países, e o volume de prêmios de cada
grupo é a soma dos prêmios emitidos em cada
país. Para calcular os dados, foram consideradas
as fusões e aquisições anunciadas no exercício.
É importante destacar que, na hora de elaborar este tipo de estudo, existe uma complicação,
62
que se deve à composição diversa dos segmentos Vida e Não Vida em cada um dos países. De
modo geral e sempre foi possível, os segmentos
de Saúde e Acidentes foram incluídos nos segmentos Não Vida, mas não se pôde aplicar este
critério, por exemplo, em Porto Rico, onde o
segmento de Incapacidade (Saúde) é considerado um segmento de Vida. De fato, os maiores
seguradores de Vida e Saúde de Porto Rico são
principalmente seguradores de Saúde, sendo que
alguns deles estão entre os 25 maiores grupos de
Vida da América Latina.
Por outro lado, no Brasil não foram consideradas as contribuições de Previdência Privada
nem os prêmios do seguro de Saúde - sob o controle da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS) -, na Argentina não se incluem as Rendas
Vitalícias e os seguros de Aposentadoria, e no
México se excluem as Pensões5.
Para a conversão em euros dos dados expressos em outras moedas, utilizou-se o tipo de câmbio médio de cada ano. As taxas de crescimento
são calculadas sobre os faturamentos em euros.
Os rankings podem ser obtidos na seção de
publicações eletrônicas do ‘Instituto de Ciencias
del Seguro’ da FUNDACIÓN MAPFRE, no
endereço de Internet:
www.fundacionmapfre.com/cienciasdelseguro.
¹ Não inclui o seguro de Saúde no Brasil, as Rendas
Vitalícias e os seguros de Aposentadoria na Argentina e
as Pensões no México.
² Em 2009, o Itaú/Unibanco e a Porto Seguro selaram
um acordo para unificar seus negócios de seguros
de Automóveis e de Residência, criando uma nova
empresa, a Itaú Seguros de Auto e Residência,
controlada pela Porto Seguro.
³ Em edições anteriores deste ranking, os prêmios desta
companhia estavam incluídos no Banco do Brasil.
4
Em edições anteriores deste ranking, os prêmios desta
companhia estavam incluídos no Banco do Brasil.
5
Por este motivo e pelas diferenças na composição dos
segmentos Vida e Não Vida, o dado sobre o volume
total de prêmios Vida e Não Vida deste estudo é
diferente do publicado pela FUNDACIÓN MAPFRE no
relatório El mercado assegurador iberoamericano.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Instituto de Ciencias del Seguro
Centro de Documentación
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observatório de sinistros
Lorca:terremotos
A CIDADE MURCIANA ENFRENTA SUA
RECUPERAÇÃO APÓS OS TREMORES
DE 11 DE MAIO
ALICIA OLIVAS
64
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
N
o dia 11 de maio último, às
cinco e cinco da tarde, um
terremoto de magnitude
4,5 graus na escala Richter sacudiu
a cidade murciana de Lorca, o terceiro município mais importante da
comunidade autônoma, instaurando o pânico na população lorquiana. Mas o pior estava por vir, já que
uma hora e 40 minutos mais tarde a
terra voltou a tremer, desta vez com
mais força, com um novo sismo de
magnitude 5,1, que provocou oito
mortos - aos quais se somaria mais
um no dia seguinte -, centenas de
feridos e enormes destroços materiais em edifícios e no patrimônio
artístico.
E este terremoto não foi mais um
numa zona acostumada a este tipo
de movimentos. Trata-se de um dos
sinistros mais graves acontecidos na
Região de Múrcia, segundo a Rede
Sísmica do Instituto Geográfico
Nacional. Além disso, na Espanha
na Cidade do Sol
A ciência atual ainda não permite predizer desastres como os que
viveu Lorca (região de Múrcia) durante o último mês de maio, mas
o acionamento rápido e eficaz de planos de emergência é fundamental
para superar crises desta natureza.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
65
observatório de sinistros
não havia vítimas mortais causadas por terremoto desde 28
de fevereiro de 1969, quando
um terremoto de 7,8 graus levou a vida de sete pessoas na
costa de Huelva.
O epicentro dos tremores
se situou a sete quilômetros
da zona urbana, na serra de
Tercia. Os efeitos dos sismos
foram sentidos em outras populações murcianas, como a
capital, Mazarrón, Cartagena
e Águilas, e também mais longe, em Almería, Jaén, Málaga,
Granada, Sevilha..., e em algumas zonas de Madri, como a
praça de Castilla ou o povoado
de Vallecas, que estão assentados sobre rochas de calcário,
terrenos que amplificam o tremor.
Milhares de pessoas dormiram a céu aberto nesse dia por
medo de possíveis réplicas, e
durante a noite aconteceram
cerca de 30 tremores.
66
O TERREMOTO DE 11 DE
MAIO FOI UM DOS
SINISTROS MAIS GRAVES
OCORRIDOS NA REGIÃO
DE MÚRCIA, SEGUNDO
A REDE SÍSMICA DO
INSTITUTO GEOGRÁFICO
NACIONAL
INTERVENÇÃO RÁPIDA
E EFICAZ
O conselheiro da Presidência
da Comunidade Murciana, Manuel Campos, em seu comparecimento no dia 14 de setembro
último para informar sobre as
atuações e os agentes operacionais aplicados em Lorca após os
terremotos, disse que “este triste acontecimento pôs à prova a
ação e a coordenação de todos os
efetivos que participaram do dispositivo, que com seu extraordinário esforço e dedicação minimizaram os efeitos do terremoto,
um dos mais graves acontecidos
na Espanha”.
As primeiras chamadas ao
112, após o primeiro sismo, alertaram imediatamente sobre a
gravidade dos fatos, o que determinou que, do Centro de Coordenação, se ativassem os bombei
ros do ‘Consorcio de Extinción y
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Salvamento’ da Região de Múrcia e as ambulâncias do 061, que
de imediato acudiram as diferentes zonas de Lorca onde seus serviços haviam sido solicitados.
A Prefeitura de Lorca ativou
seu Plano Municipal de Emergências, e o governo autônomo
fez o mesmo com o Plano Especial de Proteção Civil ante o Risco Sísmico na Região de Múrcia
(SISMIMUR), primeiro em nível 1 e depois em nível 2, conforme o desastre crescia. Do Posto
de Mando Avançado, situado no
Huerto de la Rueda, se coordenaram as atuações dos sete grupos de ação:
O Grupo de Intervenção
- do qual participaram
quase 1.350 bombeiros e
600 efetivos da Unidade
Militar de Emergências se encarregou de reduzir
e controlar os efeitos dos
terremotos.
O Grupo de Avaliação
Sísmica - em que
trabalharam mais de 200
voluntários, entre arquitetos,
construtores e engenheiros
civis - realizou trabalhos de
estabilização de estruturas
nas moradias, para que
ficassem seguras.
O Grupo de
Restabelecimento de
Serviços Essenciais
supervisionou os
danos produzidos nas
infraestruturas principais,
procurando a rápida
recuperação dos serviços
básicos
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
OS PLANOS EMERGENCIAIS
DA COMUNIDADE
E DA PREFEITURA
MOBILIZARAM EM
POUCO TEMPO
MILHARES DE EFETIVOS
DE SETE GRUPOS DE
AÇÃO
O Grupo Sanitário
se encarregou de que
1.100 pessoas fossem
atendidas; 153, transferidas
de ambulância, e 392,
evacuadas dos hospitais
Rafael Méndez e Virgen
del Alcázar para outros
centros da região.
O Grupo de Ordem
se ocupou da segurança
dos cidadãos e da ordem
pública na zona afetada,
assim como de regular
o tráfego, o controle de
acessos e a identificação das
vítimas, com a colaboração
da Polícia Local, 445
efetivos do Corpo Nacional
de Polícia e outros 500 da
Guardia Civil.
67
observatório de sinistros
O Grupo de Apoio
Logístico forneceu todos os
equipamentos necessários
para o desenvolvimento
das atividades de todos os
grupos.
E, por fim, o Grupo de
Ação Social organizou a
infraestrutura necessária
para atender os danificados
em todos os aspectos sociais
derivados da emergência.
“Em suma, milhares de profissionais trabalharam sem descanso durante dias para garantir
a segurança dos cidadãos e a ordem pública nas zonas afetadas,
atender pedidos de ajuda, dar
assistência sanitária, restabelecer
no menor tempo possível os serviços essenciais, supervisionar os
danos produzidos nas moradias
e sua habitabilidade, fornecer o
abastecimento necessário e atender a todos os aspectos sociais
derivados da emergência”, apon-
tou Campos.
68
O TERREMOTO RESULTOU
EM DANOS MATERIAIS
NO VALOR DE 1,2
BILHÕES DE EUROS, E
TAMBÉM AFETOU UMA
RODOVIA ESTATAL
INÚMEROS DANOS
Após o desastre, Lorca apresentava um panorama desolador:
edifícios destruídos, fachadas severamente danificadas, pisos rachados... Os danos diretos e indiretos do sinistro sobem, segundo
fontes seguradoras, a cerca de 1,2
bilhão de euros.
Mais de uma centena de técnicos examinaram os edifícios
afetados pelo terremoto, classificando-os em “verdes” (quando não havia problemas para sua
ocupação e acesso), “amarelos”
(aos que se poderia acessar com
precaução para retirar utensílios,
por exemplo) e “vermelhos” (nos
que era proibida a entrada), começando as tarefas de limpeza e
remoção de escombros.
Um dos feridos graves faleceu
após o sismo, elevando para nove
o número de vítimas do terremoto.
A Comunidade Autônoma
decidiu suspender as aulas nas
escolas, institutos e Universidade, não autorizando sua abertura
até avaliar os danos nas instalações. Além disso, foi necessário
evacuar os doentes do hospital
da localidade e transferi-los para
municípios vizinhos. O mesmo
ocorreu com algumas residências
e centros de idosos.
O Ministério de Fomento informou em um comunicado que
as infraestruturas da Rede do
Estado em Múrcia não haviam
sofrido danos importantes que
tanto os portos da comunidade
quanto o aeroporto de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
de Múrcia, San Javier, não haviam sido afetados pelo terremoto. A A-7 foi a única rodovia estatal que ficou danificada,
e em alguns túneis e viadutos
dela houve alguns danos menores. Quanto ao tráfego ferroviário, houve problemas no
serviço de Cercanías (trens de
subúrbio) e na linha de percurso longo Barcelona-Lorca, mas,
segundo destacaram as fontes
de Renfe, apenas 70 pessoas foram afetadas.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
A FALHA DE ALHAMA DE
MÚRCIA, QUE PASSA
UNS 2 QUILÔMETROS A
NORDESTE DE LORCA,
É CONSIDERADA PELO
RELATÓRIO PRELIMINAR
COMO A RESPONSÁVEL
PELO TERREMOTO
CAUSAS DO SINISTRO
Poucas horas depois do evento, deslocou-se para a área um
grupo de especialistas em geologia de terremotos de várias instituições: Instituto Geológico e
Mineiro (IGME); Grupo de Tectônica Ativa, Paleosismicidade e
Riscos; Associações da Universidade Complutense de Madri;
Universidade Autônoma de Madri (UAM) e Universidade Rei
Juan Carlos de Madri (URJC),
com o propósito de coletar todos
os dados do sinistro.
69
observatório de sinistros
Papel do setor segurador
O Consórcio de Seguros já pagou
181 milhões aos afetados
70
O Consórcio de Compensação
de Seguros (CCS) já pagou aos
cidadãos de Lorca prejudicados
pelos terremotos de 11 de maio
indenizações que somam 181,7
milhões de euros, segundo informou
este organismo dependente do
Ministério da Economia no dia 21
de setembro. Até essa data haviam
sido registrados 28.510 pedidos
de indenização, dos quais 25.283
correspondem a moradias e 2.538 a
comércios e escritórios que sofreram
danos em consequência dos sismos
ocorridos há cinco meses.
Assim, do total de pedidos
recebidos, o órgão público pagou, de
forma definitiva ou mediante abono
de adiantamentos como sinal da
indenização final, o correspondente a
22.924 processos. Essa quantidade
representa 84,8 por cento do total
de pedidos de indenização recebidos
pelo Consórcio de Seguros até o dia
15 de agosto passado.
O Consórcio estimou a princípio
que este terremoto lhe implicaria
um custo aproximado de 70 milhões
de euros e a tramitação de mais
de 30.000 processos. Em meados
de setembro, e ainda sem encerrar
definitivamente o sinistro, o CCS
havia recebido mais de 28.500
reclamações, pelas quais já pagou
quase 182 milhões de euros.
Após o desastre, a maioria
das seguradoras montaram
mecanismos especiais para
informar seus segurados sobre os
passos necessários para solicitar
a indenização ao CCS, como a
MAPFRE, que no dia seguinte ao
do sinistro abriu um escritório
móvel para atender seus clientes,
escritório que, ainda por cima,
substituía temporariamente as
três delegações que a seguradora
tinha na localidade, já que também
foram afetadas pelo terremoto.
De sua parte, a FUNDACIÓN
MAPFRE entregou um donativo de
250.000 euros para impulsionar a
atividade comercial do município.
Esta ação se somou a outras
realizadas pelo Instituto de Ação
Social da FUNDACIÓN MAPFRE em
Lorca, entre elas o plano de ajuda
humanitária realizado para os
prejudicados pelo terremoto dias
depois da tragédia.
O relatório preliminar aponta
em suas conclusões que a Falha
de Alhama de Múrcia é provavelmente a responsável pelo
sismo. A posição dos epicentros, tanto do terremoto principal de magnitude 5,1 quanto
do terremoto de magnitude 4,5
ocorrido duas horas antes
coincidem espacialmente com a
localização do desenho da Falha
de Alhama de Múrcia (FAM),
situada a uns 2 quilômetros a
nordeste da cidade de Lorca.
A FAM tem sido objeto de
diversos trabalhos de caráter
estrutural, neotectônico, sismotectônico e paleosísmico em que
se evidenciam seu caráter ativo e
seu alto potencial sismogenético,
segundo o relatório. Ela se estende ao longo da borda noroeste da
depressão do Guadalentín, desde
as proximidades de Alcantarilla até
os arredores de Góñar, na Almería,
alcançando uma longitude total de
pelo menos 85 quilômetros. A estrutura da falha em sua passagem
por Lorca é bastante complexa:
ela sofre uma ligeira mudança de
direção e podem existir várias ramificações ativas da falha no substrato da zona urbana.
Os especialistas também concluem que os enormes danos causados pelo terremoto de 5,1 se devem à sua pouca profundidade e à
sua localização, muito próxima à
cidade, o que explica a aceleração
que se produziu, muito alta para
um terremoto dessa magnitude.
E, em comparação com outros
terremotos que afetaram o planeta nestes anos, o de Lorca foi de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
uma magnitude importante, mas
moderada.
Portanto, a proximidade do
epicentro ao centro urbano e à
superfície (menos de 5 quilômetros) multiplicaram os efeitos
destrutivos do sismo, ocasionando inúmeros danos às construções. Além disso, as normas
de edificação em Lorca previam
um coeficiente de amplificação
máximo de 0,12 g. No entanto,
os sismos registrados no dia 11
de maio chegaram a um nível de
0,36 g, ou seja, o triplo do previsto para este terreno pela Norma
Sismo-resistente de 2002.
RESTABELECER A ORDEM
Pouco a pouco se conseguiu
restabelecer a ordem. O trabalho de reabilitação se centrou em
realizar obras de escoramento de
acessos, remoção
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
A PROXIMIDADE DO
EPICENTRO DO
TERREMOTO À
ZONA URBANA
E À SUPERFÍCIE
MULTIPLICARAM OS
EFEITOS DESTRUTIVOS
DO SISMO
de escombros e assegurar cornijas, entre outras reformas, para
permitir a entrada dos lorquianos aos edifícios que não haviam
sofrido danos estruturais. No dia
16 de maio, o Consistório anunciou que naquele momento 75%
dos 4.100 edifícios examinados
eram habitáveis.
Escolas, institutos e a Universidade de Múrcia no campus de
Lorca reiniciaram as aulas após
comprovarem que as instalações
não apresentavam danos estruturais e depois de consertarem os
estragos observados.
No dia 25 de maio foi constituída em Lorca a Comissão Mista criada pelo Real Decreto-Lei
6/2011, pelo qual se adotavam
medidas urgentes para reparar os
danos causados pelos movimentos sísmicos do mês de maio na
cidade. O objetivo desta comissão é avaliar e quantificar as ajudas concedidas a
71
observatório de sinistros
Periculosidade sísmica de Múrcia
A Comunidade de Múrcia
pertence à zona com
mais atividade sísmica da
Espanha, junto à Andaluzia e
à Catalunha. Historicamente,
a região sofreu uma boa
quantidade de eventos
danosos. Os catálogos de
sismicidade histórica indicam
que nos últimos 500 anos
foram registrados mais de
dez sismos de intensidade
(MSK) maior ou igual a VIII,
que causaram inúmeros
danos humanos e materiais.
Muitos desses tremores foram
associados à Falha de Alhama
de Múrcia, a causadora dos
terremotos registrados em 11
de maio passado. Estima-se
que esta falha seja capaz de
produzir sismos de magnitude
entre 6,5-7,0 graus a cada
2.000 anos.
Entre os movimentos
mais importantes dos
últimos anos destacase a série sísmica de La
Paca-Aviles-Zarcilla de
Ramos, ocorrida dia 29 de
janeiro de 2005, com uma
intensidade de 4,7 graus
de magnitude, que causou
destroços em cerca de mil
edifícios, ainda que dessa
vez não tenha havido vítimas
mortais . Mas estes não
são os únicos tremores
72
desastrosos ocorridos
na região. Em fevereiro
de 1999 a região perto
de Mula foi sacudida por
vários terremotos com
magnitudes próximas a
5 graus, ocasionando
graves danos e um
grande alerta social. E
em agosto de 2002, a
localidade de Bullas se viu
afetada por movimentos
telúricos moderados, com
magnitudes inferiores a 5
graus, mas que também
causaram prejuízos
importantes.
Mais recentemente,
no dia 11 de setembro
último, um sismo de
3,1 graus sacudiu
Aledo e várias aldeias
lorquianas, semeando o
alarme entre os vizinhos,
quando se completavam
quatro meses da
catástrofe. Felizmente,
o terremoto não deixou
danos significativos.
Dias mais tarde, o
Instituto Geográfico
Nacional detectou três
novos terremotos com
magnitudes entre os 2,2
e 1,5 graus, mas em
nenhum deles consta que
tenha havido danos ou
alarme entre os vizinhos.
particulares, em virtude dos pedidos apresentados, para arrendamento, reconstrução, reabilitação ou conserto de moradias
que constituam o domicílio habitual, assim como para a reposição de utensílios de primeira
necessidade. No dia 18 de julho
esta comissão aprovou as primeiras 217 ajudas a pessoas prejudicadas pelos terremotos, por um
valor de cerca de um milhão de
euros; posteriormente se soma-
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
ram outras 462, pelo valor de
2.205.427,80 euros, dia 24 de
agosto; e outras 1.763 ajudas adicionais, no valor de 8.812.603,99
euros, dia 3 de outubro.
Mas em alguns casos a recuperação não foi possível. O vereador de Urbanismo da Prefeitura
de Lorca, José Joaquín Peñarrubia, informou no dia 6 de setembro que um total de 1.164
moradias e 45 galpões, armazéns
e outros tipos de construção tiveram de ser derrubados em
consequência dos danos causados pelos tremores, o que significava uma superfície total demolida de 164.458 m2. A zona mais
afetada foi o bairro de La Viña,
considerado como a zona zero
da tragédia, onde três quarteirões
inteiros desapareceram.
DANOS AO PATRIMÔNIO
ARTÍSTICO
ALÉM DOS DANOS
NAS MORADIAS, O
TERREMOTO CAUSOU
UMA CATÁSTROFE
PATRIMONIAL DE
ENORME MAGNITUDE
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Independentemente das vítimas
mortais, outra das consequências
mais graves desses terremotos
foi a perda de uma parte importante do patrimônio histórico da
cidade. O conselheiro de Cultura e Turismo, Pedro Alberto Cruz, qualificou o desastre
como “a maior catástrofe patrimonial ocorrida na Europa nos
últimos anos”.
Os bens materiais que se encontram nos edifícios catalogados
como Bem de Interesse Cultural
sofreram apenas estragos - exceto
algumas peças do Museu Arqueológico -, mas os observados nos
edifícios são “catastróficos”. Na
Colegiada de São Patrício, do século XVIII, alguns de seus piná-
culos e capitéis de pedra calcária
vieram abaixo com o tremor de
terra. Outra das construções mais
emblemáticas da cidade, o castelo
de Lorca, também foi fortemente
danificada. Do mesmo modo, há
destroços significativos na ermida
de São Clemente e no convento
da Virgen de las Huertas, dois dos
elementos arquitetônicos de mais
destaque do patrimônio lorquiano. Além disso, há danos estruturais em quase todas as paróquias,
e algumas delas estão quase em
ruínas.
A administração autônoma,
em colaboração com a Prefeitura
e o Ministério da Cultura, empreendeu uma série de medidas
urgentes. A primeira foi a evacuação dos bens materiais que guardam os edifícios históricos que,
de modo geral, se encontram em
bom estado. Também está sendo
feito, em colaboração com empresas privadas, um escoramento
das construções. Por último, está
se completando uma “exaustiva”
documentação gráfica de todos
os lugares visitados pelos técnicos, caso seja necessário reintegrar
seus elementos arquitetônicos ou
pictóricos.
APRENDER COM O DESASTRE
“Temos que extrair todas
as lições possíveis do terremoto de Lorca.” Assim se expressou o presidente da Ilustre
Ordem de Geólogos (ICOG),
Luis Suárez, durante um debate organizado por essa Ordem, em meados de junho,
para analisar as consequências
e a repercussão do terremoto
73
observatório de sinistros
que a localidade murciana sofreu
em 11 de maio. Na opinião do
presidente do ICOG, o terremoto de Lorca “deve estabelecer um
antes e um depois” na prevenção
de riscos naturais na Espanha.
“Seria inaceitável que, em dez ou
quinze anos, se voltar a acontecer
um sismo semelhante, ele tivesse
as mesmas consequências catastróficas”, acrescentou Suárez.
A Ordem de Geólogos apresentou às administrações públicas, meios de comunicação e
diferentes partidos políticos um
decálogo de medidas para evitar
que catástrofes naturais futuras,
não apenas terremotos produzam grandes danos materiais e
pessoais.
Entre suas propostas, pretendem abordar a reforma da Norma de Construção Sismo-resistente (do ano 2002) no prazo
“mais breve possível”, de forma
que ela pegue as experiências de
Lorca e estabeleça com “maior
rigor” a necessidade de cumprir
os requisitos antissísmicos e incorpore contribuições de paleosismicidade e falhas ativas.
Além disso, a Ordem insta a
“potenciar” a realização de estudos de periculosidade e vulnerabilidade sísmica, assim como
reformar a Inspeção Técnica de
Edifícios, para que se exija nas
zonas de periculosidade a adaptação dos edifícios à norma sis-
Decálogo da Ilustre
Ordem de
Geólogos
para minimizar
o risco sísmico
na Espanha
Medidas a serem implementadas
pela Administração Geral do Estado
1.
2.
74
Abordar a reforma da Norma de Construção Sismo-resistente: parte geral e
edificação (NCSR-02), aprovada pelo RD
997/2002, para que, no prazo mais breve
possível, colete as experiências do terremoto de Lorca, estabeleça com maior rigor
a necessidade de cumprimento dos requisitos anti-sísmicos e incorpore as contribuições da paleosismicidade e das falhas
ativas. O ICOG se oferece para participar
da Comissão Permanente das Normas
Sismo-resistentes, junto a outras ordens
profissionais competentes na matéria.
Potenciar a realização dos estudos de
periculosidade e vulnerabilidade sísmica pelo Instituto Geológico e Mineiro da
Espanha (IGME), tomando como modelo
o Serviço Geológico dos Estados Unidos
(USGS), o melhor serviço geológico e sismológico do mundo.
3.
4.
Reformar a Inspeção Técnica de Edifícios
(ITE), para que se exija nas zonas de
periculosidade sísmica a adaptação dos
edifícios à Norma Sismo-resistente em
cinco anos.
Abordar a obrigatoriedade da validação
dos estudos geotécnicos na edificação,
com o propósito de reforçar os controles
de segurança no que concerne às condições geotécnicas do solo, especialmente
do risco sísmico.
Em nível autônomo e local
5.
Impulsionar os órgãos legislativos de todas as autonomias para que desenvolvam
o vigente Texto Refundido da Lei do Solo,
na verdade seu artigo 15, onde se estabelece a obrigatoriedade de elaborar mapas
de riscos naturais nos relatórios de sustentabilidade dos Planos Gerais de Ordenação
Urbana, harmonizando esses instrumentos
com as normas de edificação.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
O TERREMOTO DE LORCA
DEVE ESTABELECER “UM
ANTES E UM DEPOIS” NA
PREVENÇÃO DE RISCOS
NATURAIS NA ESPANHA,
SEGUNDO A ORDEM DE
GEÓLOGOS
6.
7.
Gerir, por par te das assessorias competentes na ordenação do território das
comunidades autônomas situadas em
zonas de periculosidade sísmica, a elaboração de estudos de periculosidade e
vulnerabilidade sísmica, a fim de que se
adotem medidas de prevenção na tipologia das construções, nos usos do solo,
nas restrições urbanísticas e nas vias de
comunicação. Para esses efeitos, o ICOG
se coloca à disposição das comunidades
autônomas que solicitarem seus conhecimentos.
Realizar cursos de sensibilização e de
formação para o pessoal técnico dos
municípios por meio da FEMP, tomando
como referência o “Guia metodológico
para a elaboração de car tografias de
riscos naturais na Espanha”, elaborado pelo ICOG em colaboração com o extinto
Ministério da Moradia como referência o
“Guia metodológico para a elaboração
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
8.
9.
de car tografias de riscos naturais na
Espanha”, elaborado pelo ICOG em colaboração com o extinto Ministério da
Moradia.
Informar aos cidadãos residentes em zonas de risco sísmico sobre as condutas
de autoproteção adequadas durante e
imediatamente após a ocorrência de um
terremoto. Com isso, se evitariam muitas vítimas mor tais em plena rua, devido
fundamentalmente ao desprendimento
de cornijas, tapumes, sacadas ou ao colapso de prédios. Também se deveriam
elaborar manuais de prevenção de riscos
sísmicos que possam ser distribuídos no
ambiente escolar.
Aprovação de um plano de reabilitação
dos edifícios construídos antes da promulgação das normas sismo-resistentes,
especialmente as infraestruturas críticas
e aqueles a que se referiu como de especial impor tância na Norma de Construção
mo-resistente “em cinco anos”.
Igualmente, ela pede que se
aborde a obrigatoriedade da validação dos estudos geotécnicos
na edificação, para reforçar os
controles de segurança, no que
concerne às condições geotécnicas, e que a responsabilidade civil
recaia sobre a ordem profissional
e o signatário da validação.
Em nível autônomo e local,
a Ordem de Geólogos pede que
se impulsione o desenvolvimento do Texto Refundido da Lei
do Solo Estatal e sobretudo seu
Sismo-resistente, par te geral e edificação (NCSR-02), tais como hospitais, edifícios de comunicações, de bombeiros,
depósitos de água e gás, centrais elétricas, etc.
10. Melhorar os mecanismos de controle do
cumprimento da Norma Sismo-resistente
nos projetos de edifícios, mediante a
validação de projetos e cer tificados de
cumprimento da Norma Sismo-resistente
pelas ordens profissionais. Atualmente
existem duas modalidades de controle:
por par te do projetista, através das prefeituras e ordens de arquitetos, e uma
segunda, através dos órgãos de controle
técnico (OCT). Seria necessário introduzir um terceiro mecanismo de verificação, através de amostras por par te das
administrações, mediante o recrutamento de técnicos competentes nas atuações
sobre o terreno.
75
observatório de sinistros
SISMIMUR, um plano necessário
A alta sismicidade da região justifica a necessidade de se dispor na comunidade autônoma do Plano Especial
de Proteção Civil ante o Risco Sísmico
na Região de Múrcia (SISMIMUR), que
assegura a intervenção eficaz e coordenada dos recursos e meios disponíveis, com o propósito de limitar as
consequências dos possíveis terremotos que se possam produzir sobre as
pessoas, os bens e o meio ambiente,
como ocorreu no último 11 de maio.
Neste documento se detalham a
periculosidade sísmica, a estimativa da
vulnerabilidade e o risco sísmico em termos de danos. Também se elabora um
catálogo de elementos de risco para as
construções de especial importância,
que estão localizadas em zonas onde
a intensidade possa ser igual ou supe-
artigo 15, onde se estabelece a
obrigatoriedade da elaboração
de mapas de riscos naturais nos
relatórios de sustentabilidade
dos Planos Gerais de Ordenação
Urbana.
Igualmente, a ordem profissional propõe também elaborar
estudos de periculosidade e vulnerabilidade sísmica e se coloca
à disposição das comunidades
autônomas que solicitarem sua
colaboração.
Por outro lado, ela considera
que é necessário implantar medidas e meios para a sensibilização e formação do pessoal técnico, assim como dos cidadãos,
76
rior a VII, para um período de retorno
de 475 anos, expõem-se as fases de
emergência que podem ser elaboradas,
se detalham a estrutura e a organização
do plano, os procedimentos de informação à população, acompanhamento e
notificação, assim como a operacionalidade dos diversos grupos, os procedimentos de coordenação com o plano
estatal, os conteúdos dos planos de
atuação de âmbito local para todas as
prefeituras da região, os passos para a
sua aprovação, etc.
O Plano SISMIMUR, elaborado em
2006, se submete a uma revisão ordinária completa a cada cinco anos para
que se adapte à situação atual da comunidade, considerando experiências e
exercícios de treinamento e simulações,
entre outros aspectos.
O CONGRESSO DOS
DEPUTADOS APROVOU
EM SETEMBRO
UM PLANO DE
RECONSTRUÇÃO COM
NOVAS MEDIDAS PARA
CONSEGUIR QUE A
CIDADE VOLTE A SER A
“CABEÇA ECONÔMICA”
DA COMARCA
especialmente os que vivem em
zonas de risco sísmico, sobre as
condutas de proteção adequadas.
“PLANO LORCA”
Mas levar a cidade de Lorca
de volta à situação anterior ao
desastre não é tarefa fácil. A Prefeitura e a Comunidade de Múrcia criaram o “Plano Lorca”, para
que o governo invista no município 1,65 bilhões de euros, que
permitam não só reconstruir fisicamente a cidade após os sismos
de 11 de maio como também reativar a economia e que, uma vez
finalizada sua execução, a cidade
murciana esteja onde teria estado
nessa data se a catástrofe não tivesse acontecido.
Em meados de setembro, o
Congresso dos Deputados aprovou por unanimidade o acionamento do plano para reconstruir
a cidade, que deverá reunir medidas complementares às já aprovadas e, em todo caso, as necessidades de financiamento para
os próximos três anos e os custos diretos e indiretos de ajudas
para as moradias; a reparação dos
recursos escolares e sanitários e
das instalações públicos; apoio
ao conjunto produtivo com medidas financeiras e fiscais para as
empresas e o comércio; um plano de emprego para os anos 2012
e 2013, e investimentos complementares para se conseguir que
Lorca volte a ser a cabeça econômica da comarca.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
livros
EL CINE COMO
PROSPECTIVA EM LA
SOCIEDAD DEL RIESGO
JUAN DE DIOS RUANO
GÓMEZ
(ED.)
Cursos Congressos 118
Universidade da Coruña
ISBN: 978-84-9749-448-9
241 páginas
Preço: 18 €
A
IV Jornada sobre Gestão
de Crise, realizadas na
Universidade da Coruña, se
dedicaram à análise do cinema
de catástrofe, uma especialidade
cinematográfica de grande
valor sociológico e semiológico
na hora de aprofundar as
representações sociais com
as quais nossas sociedades
avançadas transferem ao grande
público situações de risco,
ameaça ou perturbação da
ordem social e política a partir
das mais variadas encenações de
algumas situações reais de crise
e catástrofes.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
O livro é uma coletânea que
integra doze estudos sobre o
cinema de catástrofe como construção teórica cultural em que
se projetam inquietudes, valores
e ideologias sociais em torno
das situações coletivas de risco
e emergência, assim como sua
gestão por parte das autoridades.
As complexas relações entre
cinema e catástrofes podem ser
abordadas a partir das perspectivas mais diversas e dispersas,
que vão desde o ponto de vista
econômico até a perspectiva
cultural, os temas de terror, as
frases históricas..., ficando de
fora os aspectos técnicos, psicológicos, históricos e econômicos.
Tendo por base os dados sociológicos sobre filmes de catástrofe, a obra apresenta, entre
outras questões, como se reflete
o contexto social em que ocorrem as catástrofes e se os filmes
lançam luz sobre os problemas
humanos e sociais.
77
livros
O cinema de catástrofe tem
como temas as ameaças e os riscos derivados da energia nuclear,
a mudança climática, o discurso
do milênio apocalíptico, a segurança marítima, a escassez de
alimentos e os riscos próprios da
modernidade industrial.
Uma das formas em que se
expressam esses riscos são os
relatos pós-catastróficos, ao narrar aos sobreviventes o que lhes
acontece “no dia seguinte” ao da
catástrofe.
As catástrofes sempre nos
acompanham. Sua presença
viva é indicada pelo fato de que
Hollywood continua disposto a
saciar o apetite do mundo por
catástrofes; contra todo prognóstico, os filmes sobre desastres
de todo tipo continuam gerando recordes de espectadores e
bilheteria.
EL DERECHO AMBIENTAL
COMO INSTRUMENTO DE
GESTIÓN DEL RIESGO
TECNOLÓGICO
PAULA CERSKI LAVRATTI
Cadernos de Direito Ambiental, 4
Publicações URV
ISBN: 978-84-8424-176-8
118 páginas
Preço: 12,5 €
O
s riscos tecnológicos,
traço característico
da sociedade de risco
contemporânea e produto
do maciço desenvolvimento
tecnológico-industrial originado
no paradigma do domínio da
natureza, têm consequências
além dos planos econômico,
social e cultural e impactam
os âmbitos jurídico e político.
A presente publicação analisa
suas origens e principais
características, assim como o
papel do Direito Ambiental em
sua gestão no contexto do Estado
social e democrático de direito.
78
O trabalho se reveste de
pesquisa de ponta e contém uma
aproveitável revisão bibliográfica,
além de um excelente conteúdo
e fundamento em um tema altamente relevante.
A autora faz considerações
sobre as principais características dos riscos, como a ruptura
das barreiras de espaço e tempo,
exemplificando as alterações
sofridas por causa da mudança
climática, a dificuldade na identificação do nexo de causalidade e
a própria proliferação de definições de risco, mascarando sua
percepção social.
Paula Cerski Lavratti consegue associar um tema inovador,
como o risco tecnológico, com
o papel do Direito e, a partir
da busca do desenvolvimento
sustentável, consegue defender
o aperfeiçoamento da sua aplicação; situação que somente
se pode alcançar por meio da
informação e da participação
popular adequadas, assim como
de decisões com as quais se
concordou a partir da aplicação
dos princípios de colaboração e
responsabilidade.
A obra, que se encerra com
a certeza de contribuir para
uma visão avançada do Direito
Ambiental, tem um significado
especial para os operadores jurídicos que procuram uma maior
efetividade do Direito para a
geração atual e as futuras.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
MICROSEGUROS: ANÁLISIS
DE EXPERIENCIAS
DESTACABLES EM
LATINOAMÉRICA Y EL
CARIBE
LUZ ANDREA CAMARGO
E LUISA FERNANDA
MONTOYA
México: FIDES, 2011
Na capa: Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Fundo
Multilateral de Investimento do BID
(FOMIN), Federação Interamericana
de Companhias de Seguros (FIDES) e
FUNDACIÓN MAPFRE
224 páginas
O
mercado de microsseguros
da América Latina e
do Caribe está em expansão
atualmente, e é importante,
precisamente neste momento,
estabelecer um filtro para evitar
a multiplicação de experiências
que não trazem nenhum valor ao
consumidor e que não são viáveis
financeiramente. É importante
integrar ao setor privado
segurador apenas os produtos que
cumprem estas duas condições de
forma simultânea, para que sejam
implementados e aprofundados.
Pois bem, a avaliação dos produtos de microsseguros não deveria ser realizada apenas por cada
entidade isoladamente, mas sim
de forma conjunta e transparente,
e para isso é essencial a consolidação das informações separadas de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
microsseguros e sua divulgação.
No entanto, constatou-se que
o setor privado segurador dos
países em estudo não é a favor
de compartilhar informações.
Por isso, é imperativo que a
associação e os agentes de supervisão promovam a transparência
neste aspecto; do contrário, será
impossível diagnosticar de forma
real um produto ou o mercado
de microsseguros de um país.
Há também que destacar a
importância do cenário regulatório aplicável aos microsseguros
em cada país para promovê-los
e facilitá-los, assim como para
proteger o consumidor de tais
produtos. Isso não quer dizer
que se necessite de uma regulamentação especial de microsseguros em cada país, dado que,
tal como se viu, isso não garante
que o cenário regulatório seja
adequado para os microsseguros.
É importante analisar de forma
transversal todo o cenário regulatório aplicável aos microsseguros
para se ter a capacidade de emitir
diagnósticos exatos, estabelecendo os passos a seguir para que
seja cada vez mais adequado o
contexto em que se oferecem
produtos de microsseguros, o
qual deve se caracterizar por seu
equilíbrio entre dois elementos:
a promoção de microsseguros e a
proteção do consumidor.
79
FUNDACIÓN MAPFRE
Instituto de Ciencias del Seguro
LA SALUD Y SU
ASEGURAMIENTO EN
ARGENTINA, CHILE,
COLOMBIA Y ESPAÑA
JUAN CARLOS GALINDO
VÁCHA
FUNDACIÓN MAPFRE,
Madri, 2011
ISBN: 978-84-9844-194-9
318 páginas
Caderno 169
Preço: 20 €
A
FUNDACIÓN MAPFRE
acaba de publicar este
trabalho do advogado e
professor colombiano Juan
Carlos Galindo Vácha, por
ocasião da ajuda à pesquisa
Risco e Seguro solicitada pela
Fundação mencionada.
Trata-se de uma pesquisa
comparativa em que se
examinam três temas
fundamentais à luz dos
desenvolvimentos históricos e
da normativa atual: o direito à
saúde, os sistemas de seguridade
social em saúde e os seguros
privados e medicina pré-paga na
Argentina, Chile, Colômbia e
Espanha.
80
A publicação contém um
trabalho de grande utilidade,
que permite observar a realidade
sobre o asseguramento da saúde
nesses países, particularmente
no Chile e na Colômbia, com
sistemas de vanguarda na
seguridade social em saúde, que
desenvolveram alguns esquemas
interessantes com participação
do setor privado.
Da pesquisa de Galindo
Vácha se deduz que os seguros
privados e os contratos de
medicina pré-paga constituem
um mecanismo adicional para
a proteção do direito à saúde,
financiado pelos interessados
e, de forma externa, aos
mecanismos de solidariedade.
Esses contratos privados são
uma alternativa de garantia da
saúde com muito futuro nos
países ibero-americanos.
DIFERENCIAS DE SEXO EM
CONDUCTAS DE RIESGO
Y TASAS DE MORTALIDAD
DIFERENCIAL ENTRE
HOMBRES Y MUJERES
LUIS GÓMEZ JACINTO
FUNDACIÓN MAPFRE,
Madri, 2011
ISBN: 978-84-9844-262-5
146 páginas
Caderno 168
Preço: 20 €
O
trabalho se aprofunda
nas raízes das diferenças
de mortalidade entre homens
e mulheres. Embora há mais
de dois séculos existam dados
demográficos sobre a maior
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
mortalidade dos homens e se
proponham diversas explicações
causais próximas de tipo
biológico e comportamental
(Ruzicka, Wunsch e Kane,
1989), apenas apresentaram
hipóteses evolucionistas para
essas diferenças (Kruger, 2008).
A conduta de assumir riscos
e a conduta anti-social sugerem
condutas impulsivas, temerárias, egoístas e reforçadoras
de forma imediata. Ainda que
nem todas as condutas de risco
sejam anti-sociais, elas estão,
sim, relacionadas com atividades típicas da vida moderna,
como a direção imprudente
de automóveis. Isto levou a
se falar de tendências pessoais
como “o gosto pelo risco”, “a
síndrome da conduta problemática” e “baixo autocontrole”,
que deixam implícito o nexo de
união entre a tomada de riscos
e a anti-sociabilidade (Mishra &
Lalumière, 2008).
Embora a conduta arriscada possa produzir resultados
muito caros (como a redução da
expectativa de vida, por exemplo), ela também pode ter benefícios (como o aumento das
oportunidades de casamento).
Daí o comportamento arriscado
ser o produto de outro grande
processo seletivo da evolução: a
seleção sexual.
Contudo, as taxas de mortalidade masculina e feminina
não são determinadas geneticamente. Todas as características
fenotípicas, inclusive a tendên-
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
comuns com o padrão universal que tem sido revelado em
diversos trabalhos em outros
países, embora se observarão
variações devidas aos fatores
históricos, culturais e econômicos que configuraram o panorama social espanhol nos últimos
tempos.
cia ao risco, são influenciadas
por fatores ambientais que
variam ao longo do tempo e
da cultura. De maneira muito especial, existe uma forte
interação entre essa tendência
ao risco e as mudanças políticas
e econômicas, que introduzem
elementos de estresse na vida
social diária (Kruger & Nesse,
2007).
A partir destas premissas
teóricas, o trabalho analisa o
padrão de mortalidade diferencial na Espanha nos últimos 30
anos. O ambiente evolucionista
que o sustenta pressupõe que
este terá muitos elementos
MOVILIZACIÓN Y RESCATE
DE LOS COMPROMISOS
POR PENSIONES
GARANTIZADOS MEDIANTE
CONTRATO DE SEGURO
ROBERTO FERNÁNDEZ
FERNÁNDEZ / DIEGO
MEGINO
FERNÁNDEZ
FUNDACIÓN MAPFRE,
Madri, 2011
ISBN: 978-84-9844-261-8
162 páginas
Caderno 167
Preço: 20 €
E
m seu trabalho de
promoção da pesquisa nos
campos do seguro e da Gerência
de Riscos, a FUNDACIÓN
MAPFRE publicou
recentemente o trabalho dos
professores universitários
Roberto Fernández Fernández,
da Universidade de León, e
Diego Megino Fernández, da
81
Universidade a Distância de
Madri, sob o título Movilización
y rescate de los compromisos por
pensiones garantizados mediante
contrato de seguro.
Com esta obra, os autores
pretenderam analisar de maneira
detalhada uma das questões
que carecem de resposta
satisfatória no ambiente da
previsão social complementar
na Espanha: o destino dos
compromissos com pensões
pactuados pelo empresário
quando o trabalhador perde
seu posto de trabalho antes de
haver originado as prestações
comprometidas.
Os autores dividem seu
trabalho em cinco capítulos,
concluídos com um sexto,
nos quais transmitem ao leitor
as principais conclusões da
pesquisa, tentando não apenas
identificar os problemas de
maior teor jurídico que a prática
apresenta no dia a dia, mas
também oferecendo, quando
possível, soluções hipotéticas aos
mesmos.
82
Assim, o primeiro capítulo
ressalta a magnitude que os
mecanismos complementares de
pensões alcançaram na Espanha
nos últimos anos, podendo
arriscar sem medo de errar que
sua importância aumentará se o
sistema público continuar pelo
caminho dos cortes. O segundo
capítulo centra sua tarefa no
estudo das diferentes alternativas
ao alcance do empresário em
favor da externalização de seus
compromissos com pensões
e, em especial, quando ele faz
isso por meio de um contrato
de seguro. Esta última figura
jurídica é o foco da atenção
do terceiro capítulo e, mesmo
quando breve, se faz uma
revisão esclarecedora dos
aspectos subjetivos e objetivos
dessa modalidade contratual.
O quarto capítulo reúne os
aspectos fundamentais da
pesquisa, abordando com
exaustividade o regime jurídico
da mobilização e do resgate dos
compromissos com pensões e
analisando de forma detalhada a
normativa aplicável na matéria e
na interpretação judicial que se
fez sobre ela. Por fim, o quinto
capítulo faz uma pequena
digressão pelo tratamento fiscal
que a mobilização ou o resgate
destas melhoras voluntárias
recebe no ordenamento
espanhol.
Com esta obra, os autores
e a FUNDACIÓN MAPFRE,
reiterando seu compromisso
constante com a divulgação
e promoção da pesquisa,
pretenderam ressaltar os
problemas significativos que
a mobilização e o resgate
antecipado de compromissos
com pensões apresentam no
panorama espanhol, assim
como a resposta ineficiente que
o legislativo e a jurisprudência
têm oferecido para solucionálos.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
‘EMBEDDED VALUE’
APLICADO AL RAMO NO
VIDA
PAULA OCÓN GÓNZALEZ
FUNDACIÓN MAPFRE,
Madri, 2011
ISBN: 978-84-9844-194-9
318 páginas
Caderno 166
Preço: 20 €
H
oje em dia o mercado
segurador se caracteriza
por uma grande competência
devido à desregulamentação, à
liberalização, ao desenvolvimento
tecnológico e às mudanças
constantes das circunstâncias.
Neste contexto, uma das
principais preocupações das
seguradoras, tanto de Vida
como de Não Vida, é fazer uma
estimativa do valor conjunto
dos negócios em curso e do
rendimento da carteira para
eliminar os produtos menos
rentáveis ou os de maior risco
de flutuação, com o objetivo
de garantir uma margem de
solvência ou fundos mínimos
que protejam os segurados.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Para isso, as seguradoras
devem dispor de métodos de
avaliação do rendimento de
seus produtos. Neste trabalho,
a autora tentou explicar para o
segmento de Não Vida, passo a
passo e por meio de um exemplo
de análise da demonstração de
resultados, como se aplica a
técnica de avaliação Embedded
Value, assim como os princípios
conhece como Valor Intrínseco
ou Valor Atual Líquido, que
permite medir o comportamento
da empresa baseando-se na
carteira de negócios em curso,
tomando como input o fluxo
de caixa disponível e como taxa
de desconto a rentabilidade
exigida pelo acionista. O
fluxo de caixa considerará
as receitas financeiras, assim
como os prêmios do exercício,
dos quais se deduzem os
gastos com sinistros, resgates
e vencimentos.
European Embedded Value e Market
Consistent Value, com o objetivo
de determinar se um produto é
suficientemente rentável e cria
valor para a companhia. Este
método normalmente é utilizado
nos seguros de Vida, ainda que
sua aplicação nos seguros Não
Vida também seja útil para
superar as diferenças existentes
entre ambos os negócios quanto
à sua estrutura de fluxo de caixa e
à duração de ativos e passivos.
As ferramentas de avaliação
desembocaram no que se
83
NOTÍCIAS
Assistência maciça e grande êxito da XVII Jornada de Expectativas de
Renovação dos Programas de Seguros para 2012, organizada pela AGERS
N
o decorrer do último
trimestre de 2011, a
AGERS realizou as seguintes
jornadas e cursos:
No dia 20 de outubro, em
colaboração com a Associação
de Empresários de Alcobendas
(AICA), realizou-se uma jornada sobre “Novidades na responsabilidade ambiental”, onde
se ampliaram as informações
referentes à Ordem Ministerial
ARM/1783/2011, de 22 de junho,
considerada uma das disposições
mais importantes aprovadas na
Espanha nos últimos anos. O
Pool de Riscos ao Meio Ambiente apresentou informações sobre
o Modelo de Oferta de Responsabilidade com o Meio Ambiente
(MORA) e abordou a análise de
riscos, assim como as soluções de
asseguramento.
Nos dias 26 e 27 de outubro
foi dado o curso “A transferência alternativa de riscos: cativas,
cat bonds, swaps e outros mecanismos”, em que se analisou de
forma realista e prática a situação
atual do mercado de seguros e
resseguros a partir da perspectiva do cliente, e neste ambiente
foram oferecidas novas possibilidades para transferir os riscos aos
mercados financeiros.
84
No dia 16 de novembro, no
Auditório Rafael del Pino, de
Madri, se desenvolveu a XVII
Jornada de Expectativas de Renovação dos Programas de Seguros
para 2012. À situação econômica
e política do momento, marcada pela persistência da crise da
dívida em nível europeu e pelas
eleições gerais realizadas no dia
20 passado, se uniu um excelente
painel de oradores, que corresponderam com suas reflexões ao
interesse dos 300 participantes
do ato.
A Jornada teve início com a
conferência inaugural, proferi-
da pelo Presidente do Conselho Assessor da Expansión e da
Actualidad Económica, Manuel
Conthe. Em seguida, se realizou
a mesa de abertura, em que interveio a Subdiretora de Ordenação
do Mercado de Seguros da DGSFP, Laura Pilar Duque, a quem
acompanharam o Presidente da
A SUBDIRETORA DE
ORDENAÇÃO DO MERCADO
DE SEGUROS ANUNCIOU
A PROVÁVEL DEMORA DA
ENTRADA EM VIGOR DA
SOLVÊNCIA II ATÉ JANEIRO
DE 2014
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
AGERS, Ignacio Martínez de
Baroja, e o Secretário Geral da
associação, Gonzalo Iturmendi.
Posteriormente se desenvolveram três paineis temáticos
sobre Responsabilidade Civil,
Danos Materiais e Seguros Financeiros. A Jornada se completou com monografias tanto sobre
o mercado de transportes quanto
sobre o impacto da reforma laboral e das pensões nos planos de
pré-aposentadoria.
As conclusões da Jornada sobre Expectativas de Renovação
dos Programas de Seguros adquiriram neste momento um valor especial como indicadores da
situação econômica vindoura no
ano de 2012 e como apresentação das estratégias que o setor de
seguros proporá para enfrentar a
realidade nos próximos meses.
Também nesse dia foi realizado o III Encontro para Gerentes
de Riscos e Seguros: Renovações
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
2012, em que se abordaram desde
a perspectiva dos clientes, as necessidades que o gerente de riscos
encontra para o enfoque da gestão e posterior transferência dos
riscos mais novos e relacionados
com as novas regulações, a proteção da marca, os intangíveis e o
risco de reputação, assim como os
ciber-riscos, a exposição das redes
MANUEL CONTHE,
PRESIDENTE DO CONSELHO
ASSESSOR DE ‘EXPANSÃO’ E
‘ACTUALIDAD ECONÔMICA’,
PROFERIU UMA BRILHANTE
PALESTRA INAUGURAL,
EM QUE CRITICOU O
PROGRESSISMO POPULISTA
E AFIRMOU QUE “UM PAÍS
QUE ASPIRA A TER UMA
SOBERANIA INCÓLUME DEVE
TER SUPERÁVIT”
sociais e o impacto da interrupção do negócio por eventos sem
dano material direto. Em todos os
casos foram consideradas as experiências e inquietudes dos participantes quanto à própria gestão
dos riscos.
Também foi dado o curso “A
crise do estado de bem-estar e
uma possível solução por meio
de fórmulas particulares” (30 de
novembro e 1º de dezembro).
85
caderno nacional
EIMA
8:
a caminho da Rio+20
TEXTO: SUCENA SHKRADA RESK
O
Encontro Ibero-Americano sobre
Desenvolvimento Sustentável (EIMA 8)
foi realizado na cidade de São Paulo,
entre 17 e 20 de outubro de 2011, e teve como
destaque as reflexões sobre o processo de
construção da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20),
que será realizada em junho deste ano, no
Brasil. O evento terá como temas a economia
verde no contexto da erradicação da pobreza e
a governança da sustentabilidade. Ao mesmo
tempo, refletirá um balanço da ECO 92, maior
encontro da área ambiental realizado até hoje,
que estabeleceu os principais documentos
estruturantes do setor.
Para a realização da edição 2011, a
FUNDACIÓN CONAMA teve como
parceiros a FUNDACIÓN MAPFRE, a
Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (EESP/FVG), a Itaipu
Binacional, a Ecodes, o Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social e a Rede
Nossa São Paulo.
Wilson Toneto, presidente do Conselho
Administrativo do Grupo MAPFRE no Brasil,
reforçou que a organização ampliou os esforços
em desenvolver, nos últimos quatro anos,
fóruns voltados ao desenvolvimento sustentável
e essa é uma ação já incorporada na estrutura da
responsabilidade social corporativa da empresa.
86
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Ao término do encontro, Gonzalo
Echagüe, presidente da FUNDACIÓN
CONAMA, expôs a importância
da participação da sociedade, das
organizações e do poder público nas
discussões sobre a Rio+20, o que
prioriza o documento oficial produzido
como conclusão do EIMA 8.
CAMINHOS POSSÍVEIS
Durante os painéis de debates, Luis
Jiménez Herrero, diretor executivo do
Observatório de Sustentabilidade na
Espanha (OSE), e Paulo Itacarambi,
do Instituto Ethos, apresentaram a taxa
Tobin (sobre operações financeiras
internacionais), como proposta de
incremento para a implementação
do desenvolvimento sustentável
mundial. Esse mecanismo foi proposto
inicialmente pelo economista James
Tobin, nos anos 70, e até hoje não foi
implementado, como instrumento de
combate à extrema pobreza.
Itacarambi e o representante da
Confederação Nacional das Indústrias
(CNI), Percy Soares Neto, relataram
que as organizações entregaram
à Comissão Nacional da Rio+20
propostas para o documento oficial que
o Governo brasileiro apresentou em
novembro de 2011, ao Secretariado da
Rio+20, na Organização das Nações
Unidas (ONU).
A base conceitual brasileira baseia-se
no multilateralismo. Os eixos principais
discorrem sobre temas consolidados,
como erradicação da pobreza, trabalho
decente, emprego e responsabilidade
social das empresas, produção e
consumo sustentáveis, energia e
inovação e acesso à tecnologia.
O documento teve contribuições
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
de propostas de 75 organizações da
sociedade civil, por meio do Conselho
de Desenvolvimento Econômico e
Social da Presidência da República,
além de uma consulta pública via
internet, por meio de questionário, que
obteve o retorno de 139 participantes
(103 da sociedade civil, 16 empresas,
com forte participação no setor de
energia, 9 da comunidade acadêmica e
11 de governos locais).
Sheila Guebara, assessora da
presidência do Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), também expôs
que a instituição brasileira defenderá,
na Rio+20, as diretrizes do documento
Visão 2050, criado pelo World Business
Council for Sustainable Development.
As propostas foram estruturadas por 29
empresas globais para o horizonte de
2050 e têm os seguintes princípios:
• Incorporar os custos de
externalidades, a começar
pelo carbono, os serviços dos
ecossistemas e a água;
• Dobrar a produção agrícola sem
aumentar a extensão das terras
agricultáveis e o consumo de água;
• Acabar com o desmatamento e
potencializar o rendimento das
florestas plantadas;
• Reduzir à metade as emissões de
carbono no planeta, tomando como
base os níveis de 2005, entre outros.
Gonzalo Echague,
Presidente Fundación Conama
Wilson Toneto, presidente do
Conselho Administrativo do Grupo
MAPFRE no Brasil
Victor Viñuales, diretor da
Fundación ECODES, reforçou
que, nesse contexto, o exercício da
cidadania tem posição estratégica para
conquistar as transformações almejadas.
Segundo ele, as manifestações mundiais
que pedem reformas, no contexto da
87
caderno nacional
crise econômica, são representativas e
não podem ser ignoradas. “Os tempos
políticos da governança global são
lentos. Mas a sociedade aprendeu a se
mover rapidamente e é preciso gerar
esperança para essa cidadania global.
As pessoas estão saindo às ruas, porque
consideram que a mudança é possível”.
No eixo da economia verde,
Gonzalo Echagüe, presidente da
FUNDACIÓN CONAMA, reforçou
que é fundamental que, no processo
rumo à Rio+20, os cidadãos sejam
impulsores e protagonistas na
governança da sustentabilidade.
O Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma)
criou um guia a respeito da economia
verde como base para a discussão
sobre o conceito, que ainda está em
amadurecimento. “Economia verde é
aquela que resulta na melhoria do bemestar da humanidade e na igualdade
social, ao mesmo tempo em que reduz
significativamente riscos ambientais e a
escassez ecológica”, disse Denise Hamu,
representante do Pnuma no Brasil.
Na avaliação de Ana Leiva, diretora
da Fundación Biodiversidad da
Espanha, a economia verde inclusiva
faz parte da agenda de todos os países
hoje. “É mais competitiva e inovadora.
Integra o capital natural e humano.
É capaz de renovar a economia
tradicional”.
Nelton Friederich, diretor brasileiro
da Itaipu Binacional, considera
importante que não seja esquecida
a importância da ecopedagogia,
do exercício da responsabilidade
compartilhada e das ações transversais
durante a implementação.
O princípio de precaução e
seguridade precisa estar presente,
segundo Luis Herrero, diretor
executivo do Observatório de
Sustentabilidade da Espanha (OSE).
Ele considera que o termo “economia
da sustentabilidade” é mais indicado
porque trabalha o conceito de rede
como um subsistema do ecossistema
global, no qual há capital natural,
manufaturado, social e humano.
“Os desafios são as mudanças
climáticas e a promoção do trabalho
decente para a maioria da população.
Recuperar os princípios ecológicos
é necessário para esse processo de
implementação da sustentabilidade”,
disse.
Segundo Jaime Manteca, diretor de
internacional da Fundación COPADE,
a economia verde tem de incentivar
o consumo responsável por meio de
produtos responsáveis e informações
mais transparentes.
“Agora é a vez dos países
emergentes, como o Brasil,
comandarem o processo de crescimento
mundial no contexto da crise
econômica, que atingiu principalmente
os países desenvolvidos”, afirmou
Yoshaki Nakano, diretor da Escola de
Economia da FGV.
Como exemplo de projetos em
curso de propostas de políticas internas
para o desenvolvimento sustentável no
Brasil, André Urani ( in memoriam,
faleceu em 14 dezembro de 2011),
presidente do Instituto de Estudos do
“OS DESAFIOS SÃO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A PROMOÇÃO DO TRABALHO DECENTE PARA A
MAIORIA DA POPULAÇÃO. RECUPERAR OS PRINCÍPIOS ECOLÓGICOS É NECESSÁRIO PARA ESSE
PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE”
88
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
Trabalho e Sociedade (IETS), resumiu
a iniciativa do projeto Megalópole
Brasileira. A iniciativa envolve a
parceria com outras organizações
e pretende atingir 232 municípios
brasileiros nos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde
residem 22% da população e se
concentra 35% do Produto Interno
Bruto (PIB).
“O documento está sendo
formulado há cinco anos e possibilita
a exploração da capacidade de pesquisa
e a presença de empresas nacionais
e estrangeiras nessa região, como
também, pensar em técnicas inovadoras
na base da pirâmide, no combate às
desigualdades e à pobreza”.
Como case internacional de gestão
pública, foi apresentado o histórico
das ações na cidade basca de VitoriaGasteiz, capital da Província de Álava,
na Espanha. O município, com cerca
de 250 mil habitantes, foi eleito a
Capital Verde Europeia de 2012. Nos
anos anteriores, as cidades eleitas foram
respectivamente Estocolmo (Suécia) e
Hamburgo (Alemanha).
“O Parlamento Europeu está
convencido de que o futuro das
cidades passa pelo desenvolvimento
sustentável. Isso envolve políticas de
transporte público, mobilidade, redução
de uso de água, coleta seletiva, adoção
de ciclovias, de paineis solares, entre
outras iniciativas”, explicou o prefeito
Javier Maroto.
Entre as ações socioambientais
desenvolvidas pela cidade está a de
prevenção das mudanças climáticas
(2006-2012), que tem o objetivo de
reduzir em 300.000 toneladas anuais
as emissões de CO2 e, no longo prazo,
chegar ao patamar de carbono neutro.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 111-2011
DESAFIO ENERGÉTICO
Tendo como pano de fundo
justamente as mudanças climáticas,
mais um tema que norteou o EIMA – 8
foi o de energia, trazendo informações
sobre o setor no Brasil e na Espanha,
demonstrando a necessidade de
ampliação de investimentos em energia
renovável.
Isabel Del Omo, chefe do
Departamento de Coordenação Geral
do Instituto para la Diversificación
y Ahorro de Energia (IDAE), do
Ministério de Industria, Turismo y
Comercio de España, disse que, em
2020, o país pretende alcançar 20% de
redução de emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEEs) com o incremento
em energias renováveis e melhora
da eficiência energética na mesma
proporção no período.
“A Espanha depende 75% de
recursos fósseis e 80% das emissões de
CO2 provenientes de usos energéticos”,
disse. Segundo ela, o Governo aposta
em veículos elétricos. “Há a proposta
de produção de 2,5 mil veículos
elétricos por ano e o estabelecimento
do marco regulatório para isso”.
No Brasil, também já existem
projetos em curso e protótipos são
utilizados na Itaipu Binacional. “Existe
um projeto de pesquisa de ônibus
híbridos (elétrico e álcool), que deverão
ser usados pelas delegações na Copa do
Mundo, em 2014, desenvolvidos pela
empresa em parceria com a Eletrobras”,
disse Jorge Samek, diretor geral
brasileiro da Itaipu Binacional.
Entre as novidades no campo da
inovação, Altino Ventura, secretário de
Planificação Energética do Ministério
de Minas e Energias (MME), informou
que há um projeto de pesquisa no
AGORA É A VEZ DOS
PAÍSES EMERGENTES,
COMO O BRASIL,
COMANDAREM
O PROCESSO DE
CRESCIMENTO
MUNDIAL NO
CONTEXTO DA
CRISE ECONÔMICA,
QUE ATINGIU
PRINCIPALMENTE
OS PAÍSES
DESENVOLVIDOS
Yoshiaki Nakano
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caderno nacional
O PARLAMENTO
EUROPEU ESTÁ
CONVENCIDO DE
QUE O FUTURO DAS
CIDADES PASSA PELO
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL. ISSO
ENVOLVE POLÍTICAS
DE TRANSPORTE
PÚBLICO, MOBILIDADE,
REDUÇÃO DE USO
DE ÁGUA, COLETA
SELETIVA, ADOÇÃO DE
CICLOVIAS, DE PAINEIS
SOLARES, ENTRE
OUTRAS INICIATIVAS”
Javier Maroto
90
Nordeste de um protótipo termosolar,
entre o MME e o Ministério de Ciência
e Tecnologia e Inovação (MCT).
“Deverá ser competitivo no Brasil no
horizonte de 20 anos, porque o país
tem outras fontes renováveis (eólica,
solar fotovoltaica)”
Mais um assunto que prendeu a
atenção dos participantes do evento foi
a água. Victor Pochat, coordenador do
Programa Hidrológico Internacional da
UNESCO para a América Latina e Caribe,
lembrou que o problema hidrológico é
preocupante por causa dos impactos das
mudanças globais e das ações humanas.
“Nesse contexto, a intensa utilização dos
recursos naturais, dos solos e das áreas
florestais, para extração de madeira e
fabricação de papel, produção hidrelétrica
e produção de biocombustíveis deve ser
reavaliada”, alertou.
Benedito Braga, presidente do Sexto
Fórum Mundial da Água, que será
realizado de 12 a 17 de março deste ano,
em Marselha, citou a importância da
participação pública e privada na gestão
mundial das águas e explicou que o evento
terá caráter propositivo de soluções.
“Um dia antes do término de
evento haverá o chamado ‘Dia do
Compromisso’, que deverá reunir
cerca de 120 ministros e representantes
governamentais”. Segundo ele, nos meses
que antecedem ao evento, a sociedade
pode contribuir com sugestões no site
http://www.worldwaterforum6.org.
Durante o evento, serão tratados assuntos
relacionados aos Direitos Humanos e
gestão transfronteiriça, entre outros.
A colocação do eixo ‘água’ na Rio+20
é uma proposta que está sendo viabilizada
pela Agência Nacional de Águas (ANA)
para compor a agenda da Rio+20, de
acordo com Vicente Andreu Guillo,
diretor-presidente do órgão regulador
brasileiro dos recursos hídricos.
DESAFIO EIMA - 8
O Desafio EIMA – 8 foi uma das
novidades desta edição, coordenado
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),
com um total de 102 estudantes
universitários inscritos e 19 cases
desenvolvidos. A vencedora do
concurso foi Mariana Calabrez, aluna
de Economia da FGV, que apresentou
um projeto de desenvolvimento
econômico baseado nas liberdades
individuais, no contexto da economia
verde. Ela recebeu um pacote de viagem
de cinco dias à Espanha como prêmio,
além da possibilidade de participar de
reuniões e eventos de sustentabilidade
com especialistas espanhóis.
“Meu objetivo é questionar o
modelo tradicional, e me inspirei
nos princípios desenvolvidos pelo
economista indiano Amartya Sen, de
que o desenvolvimento só é possível
quando os indivíduos possuem
liberdade”, disse, no último dia 20,
durante o encerramento do evento.
Os outros finalistas foram
respectivamente:
- Natalia Jung, aluna de
Administração da FGV: iniciativa de
união do Governo, empresas brasileiras
e ibero-americanas para levar água e
esgoto para as favelas com o princípio
da ecoeficiência;
- Patrícia Santos, aluna de Gestão
Pública da Universidade de São
Paulo (USP): projeto de cooperação
internacional técnico-privada de
tecnologias sociais;
- Ricardo Miguel Weber Ara, aluno
de Economia da FGV: proposta de
flexibilização de patentes num formato
de gestão binacional.
A íntegra dos documentos
produzidos no EIMA - 8 pode ser
consultada no site http://www.eima8.
org/web/index.php.
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Nº 111 Terceiro quadrimestre 2011