UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E FÍSICA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO HAMBÚRGUER BOVINO(HBV) Lívia Oliveira Costa Orientador: Profº. Carlos Stuart Coronel Palma Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Matemática e Física, para a obtenção do título de graduação de Engenharia em Alimentos. GOIÂNIA Goiás – Brasil Junho - 2004 1 PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO HAMBÚRGUER BOVINO (HBV) Autora: Lívia Oliveira Costa Orientador: Prfº. Drº Carlos Stuart Coronel Palma RESUMO O consumo de hambúrguer tem aumentado a cada ano, em virtude de seu sabor e praticidade. A elaboração de HBV, é um processo relativamente simples, mas por se tratar de um produto perecível e com matérias-primas com grande chance de contaminação, é de suma importância estabelecer parâmetros para garantir a qualidade do produto final, para que seja viável economicamente, nutritivo e que evite desperdícios durante o trabalho. O propósito deste trabalho é descrever o processo de produção de hambúrguer e propor uma forma de diminuir o reprocesso do mesmo, relatando procedimentos, equipamentos e parâmetros, que devem ser controlados em cada etapa. A elaboração do HBV consiste basicamente em: pesagem dos componentes; trituração; mistura; formação ; congelamento e embalagem. O peso da matéria prima e a perda para a graxaria é um ponto crítico que influencia no rendimento do produto final. Temperatura, características físicas, químicas, microbiológicas e sensoriais do hambúrguer, também têm que ser controlados. O reprocesso de produtos industrializados é parâmetro importante por provocar atraso e reduzir a produção. A temperatura da massa e tempo de mistura influencia nos parâmetros críticos da produção de hambúrguer. Sendo que um bom treinamento, consciêntização dos funcionários e melhorias no processo diminuiria bastante a quantidade de HBV a ser reprocessado. 2 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos a avicultura e a bovinocultura brasileiras passaram por extraordinárias transformações, tornando o Brasil um dos maiores produtores e exportadores de carnes no mundo (Terra, 2000). A carne é um dos produtos mais consumidos no mundo, como fonte de proteína e outros nutrientes de importância para o homem, na sua dieta alimentar, devido a grande variedade de técnicas de preparo a que pode ser submetida e ao seu sabor inigualável (Verruma-Bernardi, 2001). A industrialização de carnes consiste na sua transformação das carnes em produtos cárneos. Realiza integralmente um ciclo que tem o início na produção de carne com qualidade (Terra, 1998). Atualmente com a industrialização da carne, o hambúrguer é uma alternativa para o aproveitamento da carnes menos nobres, o que vem aumentar o lucro dos abatedouros. Assim, para profissionais da área de alimentos é um assunto de interesse que fornecerá subsídios para o desenvolvimento de novos produtos, conhecimento de inovações tecnológicas e caracterização de uma linha processadora de hambúrguers. Mediante a importância e a popularidade do consumo de carnes, a transformação destas em produtos industrializados é de suma importância para praticidade, variedade e balanceamento do cardápio. Essa diversificação de oferta, inclui um grande número de produtos como almôndegas, hambúrguers, empanados, lingüiças, mortadelas, salames, entre outros. 3 Nos últimos anos especial atenção tem sido dada a alimentos que gastam menos tempo em sua preparação para o consumidor, de preço acessível, sabor agradável, de boa qualidade e também com menor teor de gordura . Hambúrguer é um produto cárneo industrializado, obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto que pode ser produzido cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou resfriado (O hambúrguer e sua formulação, 2003). Símbolo máximo do fast food, o hambúrguer foi injustamente subestimado à categoria de comida para apressados, que pouco tempo dispõem para apreciar uma refeição de verdade. Subestimado sim, já que é uma grande receita. Se elaborado com ingredientes de qualidade, dourado da maneira certa e acompanhado por guarnições adequadas, torna-se uma iguaria de encantar qualquer gourmet. Um dos últimos “Codex”, fórum americano de estudos da alimentação, previu que o hambúrguer será o prato mais difundido no mundo até 2020, superando a fama da pizza. Talvez por isso, diversas nacionalidades insistem em ostentar para si a autoria desse best-seller culinário (Com “H” maiúsculo, 2004). Este trabalho foi desenvolvido durante o estágio supervisionado do curso de Engenharia de Alimentos, realizado no período de março a junho, na área de industrializados no setor de hambúrguers da empresa Perdigão Agroindustrial, localizada em Rio Verde – GO. Portanto, todo trabalho se baseia em exemplos da indústria, exceto alguns de diferentes bibliografias. O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de produção de hambúrguer, as matérias-primas, ingredientes e aditivos utilizados. Também analisa o reprocesso dos hambúrguers, abordando localização ou foco do problema, e prioriza os principais motivos este problema. 4 2 2.1 REVISÃO DA LITERATURA HISTÓRIA DO HAMBÚRGUER Não existe uma versão definitiva para a origem do hambúrguer. Uma delas, conta que tudo começou com os guerreiros tártaros que levavam carne embaixo da sela de seus cavalos, para amacia-las e conservá-las. Elas eram consumidas sem serem cozidas. Em homenagem a esse fato os alemães batizaram o famoso prato de carne crua temperada com ovo cru, cebola, vinagre e sal de "steak tartar"( História, lendas e fatos: a história do hambúrguer, 2004). Quando os imigrantes germânicos originários de Hamburgo chegaram à América no início do século XIV, eles trouxeram sua receita, que foi frita para se adaptar ao gosto local. Com o passar do tempo ela foi se popularizando e evoluindo, tomando a forma do sanduíche que conhecemos hoje em dia (História, lendas e fatos: a história do hambúrguer, 2004). Na verdade, a origem do hambúrguer data do século XVIII quando era servido no prato, com cebolas e batatas, pelos germânicos. Foram os marinheiros alemães que partiam do porto de Hamburgo para a Rússia que começaram a cozinhar os bifes de carne, finamente picada, que os nômades da Europa Oriental e Ásia já utilizavam crus há muito tempo. Por influência dos imigrantes alemães, estes bifes redondos de carne moída, "hambúrguer beef - bifes ao estilo hamburguês", chegaram à América. Mas foi somente entre as décadas de 10 e 20 que ele se transformou mesmo em sanduíche. Inserido entre duas fatias de pão, o hambúrguer 5 passou a ser uma alternativa ao hot-dog durante os jogos da liga de beisebol, tornando-se para sempre uma alegoria do way of life americano. Em tempo: convém não confundir tal história com aquela que conta sobre um tal Lorde Sandwich, inglês e comandante das forças navais viciado no jogo, que acostumou a comer pedaços de carne entre duas fatias de pão para não ter de se separar das cartas. Embora muitos acreditem ser uma lenda, essa seria a origem do sanduíche, e não do hambúrguer ( Com “H” maiúsculo, 2004). A responsável por dar a forma final e difundi-la para o grande público foi a White Castle, primeira cadeia de hambúrguers do mundo, inaugurada em 1924 nos Estados Unidos. No Brasil a moda do hambúrguer se espalhou através da lanchonete Bob's, que inaugurou sua primeira loja em 1952 em Copacabana, no Rio de Janeiro (História, lendas e fatos: a história do hambúrguer, 2004). Dificilmente o hambúrguer industrial, congelado por muito tempo e acrescido de farinha de soja, será um produto notável. O que merece esse status é feito artesanalmente, logo antes de ir ao fogo, respeitando a receita tradicional. Utiliza-se carne crua - patinho, contrafilé ou picanha, de preferência - e totalmente sem nervos. O percentual de gordura deve variar entre 5% e 10%, pois o excesso tomaria conta do sabor. Segundo especialistas, a carne deve ser picada na faca ou passada uma única vez na parte mais grossa do moedor a fim de evitar que fique pastosa. Dizem também que não deve receber tempero nem nenhum tipo de liga, já que o gosto da carne deve prevalecer. Na hora de dourar, o ideal é que se use uma grelha ou chapa de metal em fogo alto para "selar" o hambúrguer e manter o suco no interior. (Com “H” maiúsculo, 2004). 6 2.2 A PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER 2.2.1 A FORMULAÇÃO DO HAMBÚRGUER Entende-se por Hambúrguer o produto cárneo industrializado, obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto que pode ser produzido cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou resfriado (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004). Alguns ingredientes podem ser acrescentados na formulação do Hambúrguer, eles são denominados como ingredientes opcionais: gordura animal, gordura vegetal, água, sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó, açúcares, malto-dextrina, aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais, queijos (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004). A formulação de diferentes tipos de hambúrgueres é relacionada com a tabela 1. 7 Tabela 1 – Formulação do Hambúrguer Hambúrguer Bovino e Suíno % Hambúrguer de Frango % Dianteiro – 70,00 Recorte de Frango – 91,50 Gordura Animal – 21,50 - 3,00 Água/Gelo – 3,00 Água/Gelo – 2,00 Sal Iodado/ Não Iodado – 2,00 Sal Iodado/ Não Iodado – 3,00 Cebola in natura – 3,00 Cebola in natura – 3,00 Alho in natura – 0,30 Alho in natura – 0,30 Pimenta do Reino Branca in natura – Pimenta do Reino Branca in natura – 0,20 0,20 Fonte: O Hambúrguer e sua Formulação (2004). 8 Tabela 2 – Formulação do Hambúrguer Matéria-prima Carne bovina magra ................................................................................73,00Kg Papada......................................................................................................7,00Kg Proteína texturizada de soja fina, hidratada..............................................20,00Kg Ingredientes Sal..............................................................................................................1,500Kg Eritorbato de sódio.....................................................................................0,010Kg Pimenta branca moída...............................................................................0,100Kg Glutamato Monossódico.............................................................................0,200Kg Alho em pó..................................................................................................a gosto Aroma de cebola.........................................................................................a gosto Fonte:Terra, 1998. A partir da formulação (matérias-primas) pode-se produzir vários tipos de hambúrguer. Os tipos comercializados de Hambúrguer em relação ao seu tipo de matéria-prima são: hambúrguer de carne bovina ou hambúrguer bovino, hambúrguer de carne suína ou hambúrguer suíno, hambúrguer de carne de peru ou hambúrguer de peru, hambúrguer de carne de frango ou hambúrguer de frango (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004). 9 O fluxograma detalhado de produção pode ser visto na Figura 1. 1- Para a mista: bovino congelada e papada suína congelada. 2 – Para o frango: recortes de frango congelado. Bloco de dianteiro/papada e recortes são quebrados em quebrador de blocos saindo em formas de aparas. Aparas de dianteiro/papada e recortes são misturados com os condimentos em misturador. As misturas são moídas em moedor com disco de 5mm. Depois de moída a massa pode ser moldada manualmente ou automaticamente em placas de polietileno com formato oval. Os hambúrgueres são congelados no girofreezer, um congelador (a – 40ºC em 6h). A embalagem é individual em cartuchos de polipropileno e em seguida em caixas de papel cartão parafinado. São estocados em câmaras de produtos congelados a 12ºC. Figura 1 – Fluxograma de elaboração do hambúrguer Fonte : O Hambúrguer e sua Formulação (2003). 10 2.2.2 PRODUTOS CÁRNICOS PICADOS E CRÚS Os produtos cárneos moídos crus estão representados por hambúrguer s e as salsichas britânicas frescas. Também se incluem nesta categoria produtos como < filé> reformado, contudo estes não são estritamente picados, estando constituídos mais por pedaços de carne que por carne picada (Varnan, 1998). O desenvolvimento de produtos cárneos picados, inicialmente esteve determinados por fatores econômicos e pela necessidade de se utilizar carne de baixa qualidade, recorte, etc. No passado, os produtos picados, como as salsichas, a princípio constituíam a principal fonte de carne para os pobres, que não podiam adquirir peças mais nobres. Os fatores econômicos são importantes para muitos consumidores e os filés de reformados, por exemplo, são considerados mais baratos que as peças inteiras e podem ser mais apetitosos. Um fator adicional, de importância aparentemente crescente, é a comodidade. Isto é importante tanto na preparação caseira de alimentos como a restauração coletiva, sendo agora as redes de fast-foods habituais em todas as cidades (Varnan, 1998). As carnes picadas têm uma carga inicial de microrganismos elevada e às vezes, acrescenta-se conservantes. O sulfito é amplamente usado no Reino Unido e também está permitido em alguns outros países. Em alguns casos também levam nitrito, bem como um ingrediente ou pelo uso de carnes pré-curadas ( por ex., hambúrguer de bacon) (Varnam, 1998). Segundo Almeida & Schneider (1983), a flora microbiana da carne moída depende das aparas e recortes a serem utilizados, da higiene adotada durante o processo de moagem, do tipo de embalagem, processamento e estocagem (Costa et al., 2002). Segundo Silva (1985), citado por Pardi et al. (1993), a carne é um dos alimentos mais suscetíveis à deterioração microbiana, sendo que o grau de higienização do abatedouro influencia na qualidade e no número de microrganismos presentes (Costa et al., 2000). 11 Na carne fresca, a desidratação superficial que ocorre quando a estocagem é feita em ambientes com baixa umidade relativa, com ar frio, acarreta perda de peso e escurecimento do produto, pois há concentração de pigmentos na superfície, à medida que ocorre perda de umidade (Sarantópoulos et al., 2001). Os produtos cárneos picados estão sendo elaborados por muitos anos e têm uma posição bem estabelecida no mercado. Como em outros produtos alimentícios, tem tido um lugar considerável na inovação de produtos dos produtos nos últimos anos. Algumas inovações incluem a aplicação dos grupos de produtos existentes, especialmente a respeito aos produtos com valor acrescentado, também existe um considerável interesse nos produtos com baixo conteúdo de gordura (Varnan, 1998). 2.2.3 TECNOLOGIA Contudo todos os produtos cárneos picados crus, dividem uma tecnologia básica comum, existe uma variação considerável no material de partida e nos detalhes de processo. Isto dá lugar uma ampla variedade de produtos que, em certa medida, ocupam diferentes nichos de mercado (Varnan, 1998). 2.2.3.1 Redução de tamanho O processo é importante na extração das proteínas solúveis com sal e isto permite aos componentes da mescla de carne unir-se entre si (Varnan, 1998). Podem aplicar numerosos métodos diferentes de picado. A natureza da carne picada varia em certa forma segundo o método usado e pode-se usar diferentes métodos de picado para diferentes produtos finais (Varnan, 1998). 2.2.3.1.1 Picado e moído O picado é um processo relativamente simples e o equipamento disponível varia em escala desde os trituradores domésticos de funcionamento 12 manual às grandes plantas industriais. O tipo mais comum consiste em um tornilho que funciona em uma câmara horizontal. As peças da carne são introduzidas desde um depósito montados em um dos extremos da câmara. Os trituradores normalmente não podem trabalhar com carne congelada e produz-se um aumento de temperatura de até 10ºC. Alguns tipos permitem que se use carne semi-congelada e o calor latente de fusão limita o aumento de temperatura. A medida que as peças passam através da câmara vem submetida a considerável pressão e também sofrem rasgaduras entre o tornilho e a parede da câmara. A redução final tem lugar quando sai da câmara. A parte externa de saída consiste em uma placa perfurada fixa, que está situada adjacente a uma navalha rodatória ou uma placa perfurada rodatória. Os fragmentos de osso são um problema potencial em todos os métodos de picado de carne, e alguns picadores estão equipados com sistema de eliminação de ossos. Estes baseiam em diferença de densidade entre os ossos e a carne para impulsionar os ossos em canais separados da placa de saída. Os sistemas disponíveis têm eficiência limitada (Varnan, 1998). Os trituradores produzem um picado relativamente grosso, com partículas irregulares devido à ação das rasgaduras. O tecido conectivo causa problemas a menos que as superfícies corantes mantenham adequadamente. Esta é uma operação complexa que pode causar algumas dificuldades (Varnan, 1998). O moído é um processo similar ao picado, a principal diferença é a ausência de um tornilho e elevada velocidade de funcionamento. O equipamento é de configuração vertical, caindo a carne pelo seu próprio peso até as navalhas e as placas. O material é mais fino que no picado, mas alguns produzem dilaceramento ao passar através da placa fixa perfurada. A operação é muito mais rápida que o picado e adapta melhor às operações com alto rendimento do produto. O moído também tem a vantagem de que pode introduzir facilmente ingredientes adicionais com a carne e incorporam completamente enquanto atravessa o moído. Este tem vantagem em termos de comodidade e tecnologia, sendo o mais importante a dispersão de NaCl na carne magra e em conseqüência o trabalho da carne com a 13 presença do NaCl. Isto melhora a extração das proteínas solúveis, o que favorece as propriedades ligantes, o rendimento, etc. (Varnan, 1998). 2.2.3.1.2 Triturado A redução da partícula é a tecnologia básica para a elaboração de muitos produtos cárneos. Usando diferentes discos e criar produtos com formas variadas como as salsichas cilíndricas e os hambúrguers. Esta operação deve assegurar um moído ótimo dos tecidos muscular, conectivo e adiposo, assim como uma dispersão uniforme da gordura (Rocha, Jul./ago., 2001). O equipamento de trituração mais comum é o bowl chopper. Há muitos tipos mas, o desenho é básico e similar em todos os casos. A trituração tem lugar em um recipiente curvado, circular, que gira lentamente. Um grupo de 3 - 12 navalhas gira a elevada velocidade, em um plano vertical sobre a superfície na lateral do recipiente. A carne pode ser triturada bem finamente, dependendo do grau e do tempo de trituração. A temperatura da carne é importante. É uma prática habitual colocar a carne a aproximadamente – 1ºC; a temperatura final não deve exceder 22ºC e, idealmente, deveria estar no intervalo de 18 – 20ºC. É notável que as temperaturas iniciais mais baixas danifiquem as navalhas, enquanto que as mais altas a gordura tritura em excesso e separa a gordura livre (Varnan, 1998). A principal ação do bowl chopper é o corte e requer uma alto nível de treinamento para afiar e montar as navalhas. As laterais das navalhas e o movimento contra as paredes do recipiente também têm um efeito massageante. Como os moinhos, as bowl chopper são misturadoras eficazes da carne com outros ingredientes (Varnan, 1998). Durante o processamento de elaboração dos produtos moídos e os emulsificados, existem fatores que afetam a qualidade do produto final e que portanto devem ser controladas, tais como a qualidade da matéria prima, o tipo de equipamento e o nível de redução, e a temperatura da carne durante o processo (Rocha, jul./ago., 2001). 14 Durante a elaboração dos produtos moídos e emulsificados, a higiene é de suma importância, posto que qualquer dos casos aumentam as possibilidades de contaminação microbiológicas (Rocha, jul./ago., 2001). A qualidade da matéria prima utilizada para produtos formados ou embutidos vai repercutir diretamente na qualidade do produto final (Rocha, jul.ago., 2001). Em um estudo realizado para observar os efeitos do método do moído nas propriedades de textura de hambúrguers de carne bovina, foram encontradas que são aparentemente afetadas as características de patabilidade dos hambúrguers cozidos. Todavia, este efeito foi mais pronunciado nos hambúrguers com partes de carne de qualidade “Utility” (a mais baixa qualidade segundo a classificação da EE.UU.) que naquelas feitas com carne de qualidade “choice” proveniente do peito (Rocha, jul./ago., 2001). As navalhas dos equipamentos devem estar perfeitamente afiados, do contrário a temperatura durante o processo se elevará demasiadamente devido a uma alta fricção. Contudo, no caso da emulsificação, o produto final resultará em matéria fibrosa visível (Rocha, jul./ago., 2001). Os moedores emulsificadores com vácuo ajudam a melhorar a estabilidade da cor assim como a retardar a oxidação das gorduras nos produtos (Rocha, jul./ago., 2001). O nível de redução das partículas tem grande influência sobre as características estruturais e de textura dos produtos, e se tem demonstrado que é um fator determinante na qualidade do produto final. Por exemplo, em uma reportagem científica foi observado que os hambúrguers de carne moída feitos com discos de 10 mm apresentaram maior grau de tecido muscular rasgado que aqueles feitos com discos de 2,5 mm. Contudo, em hambúrguers feitos com carne moída grossa foram observadas maiores perdas de cozimento e menor suavidade e rugosidade que naquelas feitas com carne moída e pedaços de carne, ou unicamente pedaços de 15 carne. Os hambúrguers feitos com 100% pedaços de carne mostraram as menores perdas de cocção e maior suavidade (Rocha, Jul/ago., 2001). Contrário ao mencionado, nos hambúrguers com baixa quantidade de gordura foi observado que aqueles feitos com carne moída usando orifícios de 5 e 10 mm de diâmetro foram igualmente aceitadas em atributos de textura, sabor e rugosidade; mas aquelas feitas usando discos de 2 mm foram menos aceitadas, apresentaram menor sabor e rugosidade, e suavidade extremamente não desejada (Rocha, jul./ago., 2001). 2.2.3.1.3 Formação Dispõem de dois tipos básicos de equipamentos para a formação de flocos ou escamas de carne, formadoras de bloco e formadoras de impulsão. As formadoras de blocos consistem em uma guilhotina que corta os flocos relativamente grossos a partir de um bloco congelado de carne, o equipamento é sensível em funcionamento, mas requer que forme um bloco de carne de dimensões corretas e congele. A temperatura da carne é importante e requer que concilie para assegurar uma temperatura inicial de –2 a –4 ºC. As temperaturas fora deste intervalo levam a defeitos de qualidade, devido aos desgarros da carne a temperaturas superiores a – 2ºC e são desaconselháveis temperaturas inferiores à –4ºC. Durante a formação de flocos deveria produzir somente um aumento da temperatura bem pequeno aproximadamente 1ºC - (Varnan, 1998). 2.2.3.2 Elaboração de hambúrgueres e produtos similares Burguer deriva de hambúrguer, um principal embutido bovino que é cortado em pedaços antes da cocção. Estes foram importados pelos Estados Unidos por imigrantes alemães e tornaram amplamente populares. No Reino Unido os mesmos produtos são conhecidos como beefburguers, ou burguers (Varnan, 1998). 16 2.2.3.2.1 Ingredientes Os produtos tipos hambúrguers que contém quantidades importantes de substâncias para aumentar o rendimento. Os produtos de soja diminuem significadamente a oxidação lipídica e a descoloração (Varnan, 1998). O elevado conteúdo de carne, especialmente quando se usa bovina, significa que as ervas aromáticas e especiarias são menos importantes na aromatização dos hambúrguers que nas salsichas. O sal, contudo, está sempre presente por razões tecnológicas e sensoriais também existem hambúrguers novos que têm altos níveis de aromatizantes. Estes produtos podem ter também uma grande quantidade de corante. Em outros, não se usa corante. Há ainda, produtos nos quais são usados extratos de fumo líquido para impedir um sabor à barbacoa (Varnan, 1998). 2.2.3.2.2 Trituração Os hambúrguers têm um picado grosso para produzir textura fibrosa. idealmente, a ação mecânica, junto com o sal, deveria ser suficiente para ligar ao produto antes e depois da cocção. Na prática , a necessidade de romper o tecido conectivo faz que seja necessária uma trituração mais intensa. O uso de carne de baixa qualidade que contém grandes quantidades de tecido conectivo pode fazer que o hambúrguer tenha uma textura não desejável, muito coesiva (Varnan, 1998). Agora, estão usando bowl chopper na elaboração de hambúrguers, a trituração é bastante fina para uma boa qualidade do produto final. Por esta razão, a trituração, moer ou formação de flocos são mais comuns. Requer uma etapa de mistura separada se é usada trituração ou formação de flocos (Varnan, 1998). 2.2.3.2.3 Formação O método mais simples de formação é a prensa manual. Este método, é lento e somente adequado para a elaboração à pequena escala, os processos de 17 extrusão são mais usados. Existem principalmente dois tipos: a extrusão no molde e a extrusão e fatiamento. Nos dois casos são produzidos trabalho mecânico no bombeamento, etc., e este deveria minimizar-se para evitar uma ligação excessivamente firme. A extrusão no molde consiste na impulsão da mistura da através de um orifício a uma câmara de moldagem. Dependendo do desenho da máquina, se desenvolve uma considerável força de cizalhamento. A extrusão e fatiamento, são processos mais simples em que a mistura é levada através de um tubo e corta-se em formato circular com uma navalha ou guilhotina. O processo se ajusta pior com a elaboração à alta velocidade e pode dar lugar a uma aparência defeituosa aos desgarros (Varnan, 1998). 2.2.3.2.4 Envase A embalagem dos hambúrgueres é simples. Os hambúrgueres são congelados e colocados em bandejas de poliestireno, separadas por papel para evitar a adesão, e envolve com uma película permeável (Varnan, 1998). 2.3 PARÂMETROS E CONDIÇÕES FÍSICAS MAIS FAVORÁVEIS À INDÚSTRIA DE CARNE Os fatores ou parâmetros que podem e devem ser avaliados, todos de maior importância em todos os processos e manuseio de carne e produtos cárneos são os seguintes: temperatura, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar, a intensidade de luz (que medida em “lux”, ou unidade de luz de vela), o valor de pH e o valor do “Aa” (atividade de água) (ITAL, 1978). 2.3.1 TEMPERATURA As medidas de temperatura, são importantes, por exemplo, nas salas usadas desossa, estocagem e corte da carne, salas de refrigeração e congelamento, equipamentos para esterilização e cozimento de produtos cárneos. É também de 18 grande importância a medição de temperatura interna da carne, durante a refrigeração, transporte e esterilização (ITAL, 1978). Dois objetivos devem ser alcançados pelo uso de diferentes temperaturas durante o manuseio e processamento da carne: a diminuição do desenvolvimento ou multiplicação de microrganismos pela baixa temperatura, ou uma destruição de microfloras existentes pela alta temperatura usada (ITAL,1978). A estocagem, sob refrigeração é feita nas temperaturas de –1 a +10ºC. Evidentemente, a temperatura mais baixa é mais efetiva na prevenção do crescimento microbiano. O crescimento de Clostridium é comumente inibido a temperatura abaixo de +10ºC, stafilococos abaixo de +7ºC e Salmonelas abaixo de +5ºC. Geralmente o crescimento das bactérias é interrompido a temperatura abaixo de –10ºC, leveduras abaixo de –12ºC e fungos abaixo de –18ºC (ITAL,1978). Existem vários termômetros que são utilizados na indústria de carne, tais como: termômetros bimetálicos, elétricos e termelétricos, estes últimos muito usados para medir temperatura dentro de latas durante a esterilização. A precisão de ± 1ºC nos termômetros é suficiente (ITAL, 1978). 2.3.2 UMIDADE RELATIVA DO AR A umidade relativa do ar, é importante nas salas de refrigeração, nas salas de desossa e corte e nas salas a embalagem é executada. A umidade relativa do ar é medida em porcentagem. A escala varia de 0 a 100%. Para o matadouro e a indústria de carne, a variação de 45 a 95% é de especial importância, mas, mesmo assim, pode-se chegar a umidade relativa de 100% onde a água se condensa na forma de gotículas (ponto de condensação) para diferentes temperaturas (ITAL, 1978). Para um ajuste exato da umidade relativa, deve-se levar em conta dois aspectos (ITAL, 1978): 19 Primeiramente, uma excessiva desidratação dos produtos, resultando em altas perdas de peso, pode ser evitada pela alta umidade relativa (ITAL,1978). Em segundo lugar, a umidade tem que ser ajustada de tal maneira que o crescimento de microrganismos, resultando em viscosidade da carcaça, seja evitado. Isto pode ser conseguido se a umidade for mantida tão baixa que uma certa desidratação da superfície seja possível. Deste modo, o valor de Aa na superfície da carne ou produtos de carne é diminuído. Ambos os objetivos, têm de ser combinados, mas ainda não existe uma combinação perfeita (ITAL, 1978). São recomendados os seguintes valores de “UR” para matadouros e indústrias de carne: salas de desossa e corte (45-60%), salas de embalagem (4560%), câmara de cura e maturação (70-80%), câmara de refrigeração (85-95%). Nas câmaras de resfriamento a umidade deve ser alta para evitar altas perdas de peso (ITAL, 1978). Para a medição de umidade relativa, existem inúmeros psicrômetros de aspiração, bons e baratos, acessíveis às indústrias da carne (ITAL ,1978). 2.3.3 VELOCIDADE DO AR A velocidade de ar é importante nas câmaras de resfriamento, congelamento, corte e transporte de carne e produtos cárneos. Através do movimento do ar, calor ou umidade deverão ser removidos do produto. É importante que o movimento do ar seja constante e uniforme em todas as partes da sala; de outro modo, pode vir a secar ou resfriar os produtos só de um lado (ITAL,1978). A velocidade do ar é medida em metros por segundo. Para a indústria da carne é importante somente à variação de 0-5m/s. Em câmaras de resfriamento normal, a velocidade do ar deve ser de 0,1-0,3m/s. Se é desejado um resfriamento muito rápido, devem ser usadas velocidades maiores, entre 2,0 e 4,0m/s; também nos túneis de congelamento uma velocidade de 2,0 e 4,0m/s é desejável (ITAL, 1978). 20 Aparelhos para medição estão disponíveis no mercado. A maioria deles são elétricos. Nestes, uma corrente é conduzida através de dois fios. Um fio é aquecido, outro não. O movimento do ar esfria o fio aquecido aumentando a resistência elétrica. Um instrumento conectado mostra diretamente a velocidade do ar em m/s (ITAL,1978) 2.3.4 INTENSIDADE DE LUZ A intensidade de luz é medida em “lux”, ou em unidades de luz-de-vela. A escala de luz varia de 0 a 100.000, ou mais. Isto significa da escuridão absoluta à total claridade. A variação de luz importante para a indústria de carne é de 0 a 600 (ITAL, 1978). O valor de 100 lux é considerado baixo, de 100 a 250 lux como médio, de 250 a 500 como alto e acima de 500 lux como muito alto. A fim de prevenir a descoloração e rancidez da carne e dos produtos cárneos, são recomendados os seguintes valores (ITAL, 1978): • Cura, resfriamento e congelamento.........................................0 a 60 lux; • Câmara de estocagem.........................................................60 a 120 lux; • Balcão de exposição.............................................................200-350 lux; • Local de trabalho..................................................................350-500 lux; • Local de inspeção da carne..................................................500-600 lux. A temperatura é um fator a levar em conta já que todas as lâmpadas, incluindo as fluorescentes, emitem calor. As lâmpadas de alta intensidade, ao aumentar o nível de iluminação, também aumentam a temperatura da superfície da carne. A luz causa descoloração da carne, a complexidade da situação torna difícil dar uma exata descrição do processo (Price & Schweigert, 1994). 21 2.3.5 CONCENTRAÇÃO DO ÍON-HIDROGÊNIO (VALOR DE PH) Os valores de pH variam de 0 a 14. Para a carne e produtos cárneos, interessa a variação do valor de pH de 4,5 a 8,0 (ITAL, 1978). A elevada atividade de água e o pH da carne bovina e de aves frescas, mantidas sob condições atmosféricas, tornam estes produtos em meio ideal para o desenvolvimento microbiológico e de processos químicos e físicos, que acarretam a deterioração do produto. O desenvolvimento de microrganismos em carnes e aves resulta em alterações de odor, cor e aparência da superfície, com formação de limo superficial. O manuseio em boas condições sanitárias, a estocagem a baixa temperatura e o sistema de embalagem são elementos chaves no aumento da vida de prateleira (Sarantópoulos et al., 2001). Existem modelos de medidores de pH, inclusive portáteis, acessíveis à indústria da carne (ITAL, 1978). 2.3.6 ATIVIDADE DE ÁGUA (AA) A atividade da água ou Aa, é de importância para produtos de carne, processos tecnológicos e especialmente para vida-de-prateleira de determinados produtos. A vida-de-prateleira da carne e dos produtos cárneos pode ser estimada pela determinação de valor de Aa e do pH. A variação do valor de Aa é de 1,0 a 0,0 (ITAL, 1978). A água destilada, por exemplo, tem um valor de Aa de 1,0, desde que não contenha sais ou outras substâncias solúveis. Uma substância absolutamente livre de água tem um valor de Aa 0,0 (ITAL, 1978). A carne crua tem um valor de Aa de 0,99 (livre de gordura). Se a carne contiver alguma gordura, o valor de Aa estará em torno de 0,98 o valor de Aa é muito importante para a vida-de-prateleira. E estocagem de carne fresca, incluindo aves, pois a superfície estando seca a vida-de-prateleira é prolongada (ITAL, 1978). 22 2.4 MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO DE HAMBURGUER É grande a variedade de carnes empregadas pela indústria como matéria- prima cárnea, indo desde os segmentos musculares até as vísceras, gorduras, sangue, pele e ligamentos (Pardi et al. , 1994). Dependendo do produto, é procedida a escolha do tipo de tecido, da qualidade, do estado e da espécie ou espécies animais a serem empregados (Pardi et al. , 1994). Nos produtos cárneos preparados, empregam-se matérias-primas de diversas espécies animais, como bovinos e suínos em especial, e também, para certos fins, de ovinos, caprinos, eqüinos, aves e pescado (Pardi et al. , 1994). A legislação alemã, exige que a carne se encontre refrigerada, limpa, sem odores anormais e isenta de ossos, esquírolas e cartilagens. As três primeiras categorias não devem conter porções sanguinolentas, glândulas ou carimbos; as carnes de suínos, excetuando os músculos da cabeça, devem estar isentas de pele e as gorduras com carne, toucinho e recorte gordurosos não devem conter sangue extravasado (Pardi et al. , 1994). As qualidades fundamentais da matéria-prima, seu grau de perecibilidade, os riscos que pode acarretar à saúde, a condição higiênico-sanitária, do ponto de vista tecnológico, devem revestir-se de características qualitativas que, nem sempre atendidas pela indústria, deveriam ser objeto de disposições regulamentares (Pardi et al. , 1994). São denominados subprodutos comestíveis aqueles que se destinam à alimentação humana “in natura”, semiprocessados ou participando da composição de outros produtos alimentícios (Picchi, 1980). 23 Sabemos que a qualidade da carne é caracterizada levando-se em conta desde a criação com problemas ambientais como, água, clima, alimentação, idade e sexo dos animais (Mastrogiacomo, 1980). A aplicação do frio na conservação da carne permitirá uma inibição de crescimento bacteriológico e uma redução de número de bactérias presentes. Também vamos Ter uma redução de processo de oxidação da superfície da carne, evitando uma secagem excessiva (Mastrogiacomo, 1980). Pelos dados abaixo, podemos notar que as carnes resfriadas ou congeladas, dependendo de conservação, podem apresentar o seguinte quadro microbiológico (Mastrogiacomo, 1980). • 10ºC – Clostridium – causadores de intoxicação alimentar; • 7ºC – Presença de estafilococos – causadores de intoxicação alimentar; • 5º - Presença de salmonelas – causadores de intoxicação alimentar. Abaixo de 5ºC não se desenvolvem bactérias que ocasionam intoxicação alimentar (Mastrogiacomo, 1980). A temperatura negativa (Mastrogiacomo, 1980). • -15 ºC – início do congelamento da carne; • -8ºC – não há mais crescimento das bactérias; • -10ºC – não há mais crescimento de leveduras; • -12ºC – não há mais crescimento de mofos. Abaixo destas temperaturas, cessa o crescimento microbiano (Mastrogiacomo, 1980). 24 Isto indica que se a carne antes do descongelamento foi mantido fora de refrigeração, há aumento de carga microbiológica, e este excesso de microrganismos vai produzir uma grande quantidade de enzimas que vão alterar as proteínas e as gorduras, mesmo durante o congelamento. Isto traduzirá uma grande perda de qualidade na carne quando da sua utilização mostrando um manuseio inadequado (Mastrogiacomo, 1980). Quando pensamos no aproveitamento de subprodutos comestíveis para a elaboração de embutidos, devemos considerar a sua capacidade de formar emulsão, o poder de retenção de água e sua participação na cor final do produto (Picchi, 1980). Na tabela 3, apresentamos alguns valores relacionados com a capacidade de emulsão e de melhorar a cor de alguns componentes corpóreos bovinos (Picchi, 1980). 25 Tabela 3 – A tabela 3 representa as características das carnes de bovino para embutidos : Carne Porcentagem Capacidade de Capacidade de Porcentagem de gordura dar cor emulsionar de proteína Dianteiro 8,0 – 10,0 0,95-1,0 1,00 19,0-20,8 Fígado 9,0 0,80 0,00 20,7 Bucho 11,0 0,05 0,10 12,8 Pulmão 12,0 0,75 0,05 17,5 Carne de vitela 5,0 0,90 0,80 16,8 Retalhos 15,0 0,90 0,85 18,9 Retalhos 25,0 0,85 0,80 16,9 Bochecha 15,0 0,90 0,85 18,3 Língua 20,0 0,25 0,20 15,5 Aparas de língua 40,0 0,15 0,15 12,6 Focinho 20,0 0,05 0,20 15,9 Coração 21,0 0,90 0,30 14,9 Ponta-de-agulha 23,0 0,80 0,75 15,8 Fonte: Pichi, 1980. 26 2.4.1 EMULSÃO A emulsão cárnea é um sistema bifásico que consiste de uma dispersão de sólidos em líquido, mas o sistema não é homogêneo (Seminário e Workshop , 1998). Nas indústrias de médio e grande porte, são necessárias a utilização de grandes quantidades de carnes que não podem ser obtidas diretamente da produção diária, e para isso, deve lançar mão de matérias-primas congeladas (Mastrogiacomo, 1980). A utilização da matéria-prima congelada no fabrico de embutidos esbarra num primeiro obstáculo que é o “DESCONGELAMENTO” (Mastrogiacomo, 1980). Um procedimento típico para a formação de emulsão em uma trituradora começa com a adição de uma carne magra, rica em proteínas miofibrilares. Acrescentando depois o sal. Para uma ação mais efetiva possível, o conteúdo de sal deve de ser por volta de 4-4,5% da carne. Inicia o picado, mantendo a temperatura abaixo de 3ºC. Coloca também água ou gelo e a desintegração continua até alcançar uma temperatura de 7ºC. Neste instante, é acrescentado a água ou gelo restante, permitindo que se absorva, depois é coloca-se carne gorda junto com o resto dos ingredientes. A mistura continua até alcançar uma temperatura de 13-18ºC (Price & Schweigert, 1994). Se a mistura continuasse até os 21ºC, a emulsão poderia romper-se, causando a separação da gordura durante a fase de tratamento térmico. Já que as proteínas uma vez utilizadas não podem participar de novo na formação da interfase, as partículas de gordura se aglomerariam e deixariam de permanecer em suspensão (Price & Schweigert, 1994). A gordura deve estar em um estado de algo plástico para formar uma emulsão estável. Assim, recomenda uma temperatura final da mistura de 13ºC quando se utiliza gordura suína e de 18ºC quando bovina. Uma gordura dura, 27 cristalina como a de fígado bovino não produz uma boa emulsão. Para as gorduras duras bovina , a formação de uma pré-emulsão com caseinato de sódio produz uma emulsão satisfatória. As gorduras duras tendem a produzir textura granulosa (Price & Schweigert, 1994). Uma vez formada a emulsão, esta se encontra em um estado instável. O produto deve ser embutido e tratado térmicamente tão pronto quanto possível (Price & Schweigert, 1994). A carne salgada que não tenha sofrido rigor é muito bom ingrediente nos produtos tipo emulsão. Coloca o sal às proteínas miofibrilares antes de alcançar o rigor, o pH mantém-se alto prevenindo a formação de actomiosina. Já que a miosina é a proteína mais funcional, o nível alto da miosina livre incrementa bastante a capacidade de ligar gordura à água, às vezes em uns 50% (Price & Schweigert, 1994). Os fatores que influenciam na formação e na estabilidade da emulsão são a quantidade de gordura que se incorpora a uma emulsão fica na dependência da temperatura, do tamanho da partícula de gordura, do pH e o tipo de proteína solúvel e da viscosidade da emulsão (apud Pardi et al. , 1994). Na emulsão pode-se controlar a temperatura através da adição do gelo – melhor que água – durante a operação de cominuição e emulsionamento. O gelo funciona melhor que a água devido ao calor de fusão latente adicional que ele absorverá ao fundir-se. Pode apelar-se inclusive para o emprego de neve carbônica ou para o uso de carne parcialmente congelada (Pardi et al. , 1994). A presença da gordura na formação de emulsões, está diretamente ligada a quantidade de proteína solúvel que irá recobrir as partículas de gordura, quando estas diminuem de tamanho, do contrário, não se formam emulsões (Pardi et al. , 1994). Há que se levar ainda em conta, para que as emulsões formadas sejam estáveis, há necessidade de que as proteínas se encontrem dissolvidas ou 28 solubilizadas, o que se consegue pela ação mecânica do cutter ou similares e pelo tratamento da carne (porção muscular) com salmoura diluída para solubilizar as proteínas miofibrilares, em especial a miosina e actina, que formam a actiomiosina. As proteínas assim solubilizadas são emulsionantes: envolvem as gotículas de gordura e ligam-se a água para dar lugar a uma emulsão estável (Pardi et al. , 1994). A lecitina de soja é um fosfatídeo (combinação da gordura com fósforo) com um bom poder emulsionante. O produto comercial é uma mistura de uns 65% de lecitina e uns 35% de cefalina (Pardi et al. , 1994). Vários são os fatores que concorrem para se conseguir a emulsão. A redução de tamanho dos glóbulos gordurosos e o aumento da viscosidade do conjunto. Em relação ao primeiro, a qualidade da gordura é fundamental para se conseguir a emulsão correta. O uso de gordura velhas, congeladas durante muito tempo, ou procedentes de carcaças exsudativas dificilmente levará a uma boa emulsão. Desde que ela seja firme, não exsudativa, a trituração no cutter a grande velocidade, durante alguns minutos, pode ser suficiente para romper a união entre grande parte dos glóbulos gordurosos e conseguir uma boa emulsão. Há que atentar para outros condicionantes, como a temperatura que se processa a operação, etc. (apud Pardi et al. , 1994). Outro fator que possibilita a obtenção de uma emulsão é que, a gordura com seu conteúdo variável de colágeno, contribui até certo ponto para o aumento da viscosidade do conjunto. Como a presença de colágenos nem sempre é elevada nas gorduras, nem sempre também será capaz de aumentar a viscosidade. Por isso, recorre-se ao uso de outros produtos capazes de promover a viscosidade necessária para a emulsão. Entre eles podem ser citados; o ágar-agar; a celulose; o soro sangüínio; as proteínas lácteas e os amidos (Pardi et al, 1994). Existem substâncias que favorecem claramente a formação de emulsões: os fosfatos e polifosfatos alcalinos; os fosfolipídeos; os citratos; a lecitina; os monodialeinolatos de glicerol e outros glicerídeos (Pardi et al, 1994). 29 Quando a gordura é adicionada aos embutidos sem que seja submetida a uma emulsão prévia, pode ocorrer, durante a cocção, uma separação desta massa do embutido, o que pode depreciar o produto (Pardi et al. , 1994). No caso das emulsões de carne, o uso de matéria prima com alto conteúdo em colágeno resulta em defeitos no produto final, tais como bolsas de gelatina (Rocha, jul./ago., 2001). Para obter um bom produto é necessário utilizar carne fresca de boa ou aceitável qualidade, refrigerada, e que tenha uma alta capacidade de retenção de água (Rocha, jul./ago., 2001). Uma maneira de obter produtos moídos ou emulsificados de baixo custo é agregar mais água a formulação. Contudo, a incapacidade das proteínas da carne de ligarem grandes quantidades de água resulta em sinérese excessiva, diminuição do rendimento e pobre qualidade de textura no produto final (Rocha, jul./ago., 2001). Nestes casos, o controle da temperatura é primordial. A carne emulsificada com um conteúdo de gordura de = 30% e níveis de água < 10%, a temperatura ótima ao final do moído deve ser de 15-23ºC. Não obstante, para emulsão com pouca gordura e maior quantidade de água se recomenda temperatura de 9-15°C (Rocha, jul./ago., 2001). 2.4.2 CARNE BOVINA A carne é utilizada pelo homem como principal fonte de alimentação, é rica em proteínas de alto valor biológico pelos aminoácidos essenciais que a compõem, decorrendo daí a importância de seu consumo (Joelle et al. , 2000). As carnes destinadas ao fabrico de produtos da salsicharia, tipo de produto que, via regra, comporta uma diversificação maior dos tecidos (apud Pardi et al, 1994): 30 Carne de 1ª - Categoria : carne magra, sem gordura aparente, totalmente desprovida de tecido conjuntivo aparente (tendões, nervos, aponevroses) e de vasos sangüíneos mais calibrosos, glândulas, nodos linfáticos e sangue. A retirada do tecido conjuntivo significa a privação de tendões, nervos, aponevroses e vasos sangüíneos na superfície do músculo e intermuscularmente (Pardi et al. , 1994). Carne de 2ª - Categoria: carne magra, sem gordura aparente, privada grosseiramente de nervos, aponevroses, vasos sangüíneos e desprovida por completo de glândulas, nodos linfátidos e sangue (Pardi et al. , 1994). Carne de 3ª - Categoria: carne de cabeça, de esôfago, de faringe, de toalete de língua, de diafragma e seu pilar, sempre frigorificadas; vísceras comestíveis, com exceção de pulmões e baço; sangue e toucinho (Pardi et al. , 1994). 2.4.2.1 Recorte Os recortes têm pouco valor como tais, uma das tecnologias mais interessante é incorporar recortes do que produtos de músculo inteiro de carne vermelha ou branca, pode ser crua, cozida, fresca, ou curada e processada. Dependendo de seu estado, é decidir, frescos ou processados, os produtos elaborados com esta tecnologia apresentam um maior poder ligador, maior retenção de umidade, maior suavidade e sobretudo, maiores rendimentos e rentabilidade (Rocha, 2000). Dependendo do tipo do produto, as características desejadas neste e as necessidades do processador, pode elaborar a formulação específica com ingredientes convencionais para um salmoura (água, sal, fosfatos, amidos modificados, proteínas vegetais) e recortes de carne. O sistema é usado suave e consistente. Ao utilizar ingredientes básicos e uma matéria-prima de baixo custo (como os recortes) abaixa-se os custos do produto final sem comprometer a qualidade, também de aumentar o rendimento e rentabilidade (Rocha, 2000). 31 2.4.2.2 Peito Também conhecido como granito, podendo ainda ser chamado de pecho (espanhol), poitrine (francês) ou brisket (inglês). Parte do dianteiro do boi constituída de músculos e fibras grossas e compridas. Necessita de cozimento longo em calor úmido. Pode ser usado em cozidos, caldos, sopas, refogados, enrolado com temperos e assado na panela com molho. Para churrasco ou grelha, deve ser assado com bastante calor e por várias horas. Na hora de servir, retira-se a gordura, de cor amarelada (Informações, 2004). 2.4.2.3 Diafragma O diagrama e seus pilares, também denominados respectivamente de “fraldinha” e de “lombinho”, fornecem juntos aproximadamente 1,5kg de carne, após terem sido separados de seus tendões e aponervroses (Picchi, 1980). 2.4.2.4 Carne de Sangria Assim denominada por ser proveniente da região anatômica onde a sangria do animal é efetuada. O rendimento industrial deste tipo de carne é bastante variável, dependendo muito da maneira que o músculo esternocefálico é removido e principalmente da “toilete” sobre ela executada (Picchi, 1980). 2.4.3 GORDURA A gordura que deverá compor os produtos cárneos requer cuidados especiais de seleção, tendo em vista não apenas seu estado de conservação, como também sua cor, odor, sabor e consistência, características estas que variam de acordo com a espécie animal, raça, idade, alimentação, grau de engorda e estado geral do animal de que procede (Pardi et al, 1994). 32 É variável, na gordura, o percentual de tecido conjuntivo de 2 a 10%, o conteúdo de água ligado ao tecido conjuntivo de 2 a 15%, cabendo à gordura pura 80 a 90% (Pardi et al. , 1994). A consistência das gorduras, varia de acordo com os ácidos graxos que entram na sua composição. Quanto maior sua consistência, maior a dificuldade de digestão. Muito sujeitas a alterações, em especial as gorduras ricas em ácidos graxos insaturados, devem receber cuidados especiais de higiene em sua obtenção e armazenamento e na conservação dos produtos finais (Pardi et al., 1994). 2.4.4 ÁGUA OU GELO A água ajuda a dissolver o sal e os demais ingredientes, ensejando uma melhor distribuição por toda a massa. Durante o processamento refrigera a massa, mantendo-a em baixas temperaturas, permitindo trituração e mistura prolongada, sem que haja sobreaquecimento mecânico que possa causar danos à emulsão (ITAL, 1981). Além de manter baixa temperatura, a água permite uma lubrificação da massa de carne, conferindo fluidez á emulsão. A textura e suculência do produto final são grandemente afetados pelo conteúdo de água adicionado, além de seu valor econômico de formulação e comercialização (ITAL,1981). 2.4.5 CMS (CARNE MECANICAMENTE SEPARADA) A carne mecanicamente separada de espécie (CMS) é um produto resultante da separação mecânica da carne dos ossos. A CMS é obtida através de desossadoras mecânicas que forçam os ossos aderidos da carne contra peneiras ou dispositivo semelhante (Seminário e Workshop, 1998). CMS foi adotado pelo Codex como “carne mecanicamente separada significa um produto cárneo comestível que não contém mais do que 0,027% de 33 cálcio para cada 1% de proteína e nenhuma partícula óssea maior que 2 mm em tamanho, que foi obtida pela remoção da maior parte dos ossos e cartilagens de um produto cárneo cominutado (carne e resíduos ainda não separados) do qual os ossos e cartilagens não tenham sido previamente removidos” (Beraquet, 1994). O principal uso da CMS, cuja consistência é essencialmente pastosa, está nos produtos emulsionados de massa fina, salsichas e mortadelas, em que a qualidade está diretamente ligada à estabilidade da emulsão. Para que a emulsão seja estável, é necessário que as partículas de gordura na massa estejam envolvidas por uma membrana protetora de proteína (Beraquet, 2000) As proteínas miofibrilares são as principais responsáveis pela emulsificação da gordura, pela capacidade de retenção de água e pela estrutura e consistência do produto obtido. Essa consistência firme é dada por fibras musculares intactas, e é uma das principais razões porque a maior parte dos fabricantes de máquinas de desossa mecânica reclama que a CMS produzida por meio da sua máquina tenha fibrosidade. Quando se utiliza CMS com alto teor de gordura, pode acontecer que a membrana protéica ao redor da gordura não resista ao processo de cocção e rompa-se, com isso o produto perde a estrutura, e nos casos menos graves, fica com bolhas cheias de líquido (Beraquet, 1994). Por isso é importante determinar-se a composição química da CMS, que influenciada primordialmente pelos tipos de cortes ou ossos utilizados, pela presença ou não de pele e relação carne/osso (Beraquet, 1993a). CMS ou “mechanically separated meat” (“MSM”) foi adotado pelo Comitê de Codex Alimentarius sobre carne Processada e Produtos de Aves em Copenhagem em 1978 e pelo USDA em 1982 (Seminário e Workshop, 1998). No Brasil , adotamos a denominação e as recomendações de Codex. Para CMS de aves, especificamente, o USDA denomina carne de frango ou peru mecanicamente separada ou “mechanicaly separated chiken or turkey” - 34 “MSCT” -, de acordo com o FSIS da USDA (Food safety and Inspection Service, 1998) (Seminário e Workshop, 1998). Nos países europeus é denominada de carne mecanicamente recuperada ou “mechanicaly recovered meat” – CMR - . Para CMS de pescado a denominação pescado fragmentado ou “minced fish” (Seminário e Workshop, 1998). 2.4.5.1 Aspectos econômicos na produção da CMS A CMS é um dos itens em crescimento na produção e utilização no Brasil e em outros países. A sua conveniência econômica, aliada a uma qualidade satisfatória tem impelido mais e mais as indústrias a utilizarem essa matéria-prima (Beraquet, 1993a). O aumento nos abatedouros das operações de corte e industrialização gera grande disponibilidade de matéria-primas para a separação mecânica. Cortes de baixo valor comercial como dorsos e pescoços que representam cerca de 23% do peso da carcaça (Beraquet, 1994). Sob o ponto de vista macroeconômico, existe um benefício real para todos os setores envolvidos na produção e consumo de produtos cárneos. Caso esse material não fosse preparado de forma a ser utilizado diretamente em alimentos para consumo humano, na melhor das hipóteses, seria destinado ao enriquecimento protéico de farinhas de carne e ossos. Na pior das hipóteses seria destinado ao lixo doméstico (Beraquet, 1993a). 2.4.5.2 Propriedades da CMS As diferentes propriedades nutricionais, físicas, químicas, microbiológicas e sensorial da CMS dependem da qualidade da matéria-prima que a originou (Seminário e Workshop, 1998). 35 2.4.5.2.1 Propriedades nutricionais Os estudos se direcionaram, em avaliar em quanto e em que componente dos ossos e do tutano influíam na composição da CMS comparada com a carne separada manualmente (Seminário e Workshop, 1998). Os teores de cálcio encontrados no CMS de suínos, aves e bovinos variam de 0,06 a 0,28% enquanto o teor de resíduos ósseos variou de 0,12 a 0,62% . Estes níveis estão abaixo do limite máximos exigidos por diversos regulamentos, entre eles a brasileira/Codex (2,5% na matéria seca), americana 0,75% (equivalente a 3-4% de ossos) e a holandesa 0,25% de cálcio e 1% de ossos (Seminário e Workshop, 1998). Os minerais encontrados não apresentavam riscos à saúde pública nos níveis encontrados no CMS de aves. O tutano ainda contribui com ácidos nucléicos na CMS. As pesquisas demonstraram que as quantidades de purinas (adenina, guanina, hipoxantina e xantina) encontrados em CMS de aves ou vitela, entre 94 a 135 mg/100g, eram inferiores ou da mesma ordem que as encontradas em carnes desossadas manualmente . De 20-30% de colágenos são encontrados firmemente aderidos aos ossos, muito pouco é extraído junto a CMS (apud Seminário e Workshop, 1998). A questão nutricional de CMS não é preocupante pois a literatura consultada demonstra que existe uma razão de eficiência protéica (PER) comparável as carnes desossadas manualmente, tanto em CMS de pescado quanto de aves. A USDA (1982) inclui nos seus regulamentos um PER mínimo de 2,5 ou teor de aminoácidos essenciais presentes pelo menos de 33% do total de aminoácidos presentes ( apud Seminário e Workshop, 1998). A adição de CMS em produtos cárneos beneficiaria uma grande parcela da população, as com mais de 40 anos, particularmente as mulheres, que necessitam quantidades maiores de cálcio. Também, a CMS que contém o tutano vermelho, qual é rico em ferro e contém o dobro do ferro separada manualmente e a 36 quantidade de vitaminas do complexo B também estão presentes em CMS, em quantidades similares às da carne manualmente separada (Seminário e Workshop, 1998). 2.4.5.2.2 Propriedades tecnológicas A composição da CMS, desta vez como matéria-prima cárnea para a elaboração de derivados da carne é de importância fundamental tanto nos aspectos nutricionais, bem como no aspecto tecnológico (funcionais e de estabilidade). A composição da CMS depende da matéria-prima (da espécie, do plano nutricional na criação, sexo, idade, posição anatômica e composição dos diferentes tecidos, sistema de desossa normal) e também do tipo da desossadora mecânica, da sua regulagem e da temperatura da matéria-prima durante o processo de Seminário e Workshop , 1998). 2.4.5.2.3 Propriedades funcionais A capacidade de retenção de água (CRA) relaciona-se com a perda de peso e qualidade do produto final no qual foi utilizado CMS, em decorrência da formulação, processamento, armazenamento, cozimento e congelação. A CMS aumenta a CRA dos produtos, pois apresenta um pH mais elevado que as desossadas manualmente. A elevação do pH em CMS é atribuído à incorporação de tutano vermelho, que apresenta pH entre 6,8 a 7,4. Existe uma relação linear entre o aumento do pH e o aumento da capacidade de retenção de água. Cálcio, magnésio, ferro, cobre e a presença de tecido conjuntivo diminuem a CRA, a congelação também, particularmente a congelação lenta (Seminário e Workshop, 1998). Uma variabilidade na capacidade de emulsificação e na estabilidade da emulsão é esperada pela presença dos tipos de proteínas do tutano vermelho, a albumina e a globulina da hemoglobina. Estas também têm boa capacidade de emulsificação como a miosina da carne. O que confere a CMS a sua capacidade de emulsificação e estabilidade de emulsão é o pH elevado. O tutano tem o pH similar 37 do sangue, próximo a 7,0. Mas a grande influência nas propriedades de emulsificação de uma determinada CMS é a presença de gordura, proveniente da pele e dos depósitos localizados de gordura. OLIVEIRA e TERRA, 1994 comparando CMS com carne de coxa e peito desossadas manualmente concluíram que CMS possui propriedades reológicas adequadas para a formulação de emulsões cárneas (Seminário e Workshop, 1998). É muito importante pois reflete no rendimento do processo e na qualidade do produto cárneo final acrescido de CMS. São dependentes da capacidade de retenção de água e das propriedade de emulsificação, isto é, são influenciadas pelo teor de proteínas (Seminário e Workshop, 1998). A capacidade de conferir cor da CMS depende da quantidade de hemoglobina do interior dos ossos, bem como da mioglobina do músculo. Logo após a desossa ambos os pigmentos, devido à exposição ao oxigênio atmosférico, facilitada pelo rompimento dos tecidos na operação de desossa, estão na forma oxigenada (O2 passa a fazer parte da molécula), a oximioglobina, de cor vermelha brilhante, de cor vermelho brilhante. A CMS é portanto vermelho brilhante quando fresca e quando congelada de forma adequada. È esta a melhor condição para a utilização de CMS em produtos, enquanto os pigmentos ainda não estão oxidados. A oxidação se caracteriza pela transformação do núcleo da molécula dos pigmentos de Fe++ para Fe+++, adquirindo cor marrom. Outras transformações podem ocorrer, mudando a cor da CMS para verde ou cinza. A rapidez destas transformações em comparação à carne desossada manualmente, se deve à presença de alta concentração de metais, aminas, compostos sufidrílicos e fenólicos que catalisam as reações (Seminário e Workshop, 1998). 2.4.5.2.4 Propriedades microbiológicas Se as “Boas Práticas de Manufatura” forem seguidas durante todo o período de obtenção dos ossos, a matéria prima para a produção da CMS em si, quando empregados os equipamentos atuais, não aumentam a contagem 38 microbiana. No entanto, devido à redistribuição desta carga microbiana num volume maior e maior disponibilidade de nutrientes (pelo rompimento das células), se a CMS não for encaminhada para uso imediato, deve ser congelada o mais rápido possível (Seminário e Workshop, 1998). 2.4.5.2.5 Propriedades oxidativas Os fatores gordura insaturada e pigmentos heme do tutano, redução a partículas finas, incorparação de ar, contato com metal e algumas vezes elevação de temperatura na desossa podem levar à fomação de odor e gosto de ranço e deterioração da cor em CMSs. As diferenças na velocidade de oxidação são bastante variadas em função da alta composição. A CMS de aves e a de pescado são as que alteram mais rapidamente, devido á insaturação de seus lipídios quando comparadas à CMS de espécies de carne vermelha, sendo a bovina considerada bastante estável. O efeito da utilização de antioxidantes BHA/BHT + nitrito e da embalagem a vácuo na estabilidade da CMS de dorso de frango armazenada sob refrigeração. Concluíram que os dois métodos estenderam por mais 2 dias a vida-depratileira em relação a CMS controle (Seminário e Workshop, 1998). 2.4.5.2.6 Propriedades sensoriais Em geral não são percebidos diferenças no sabor (aroma e gosto) em produtos adicionados até 20% de CMS, tornando-se muitas vezes mais aceitáveis por torná-los mais macios e suculentos. No entanto, com o armazenamento, a mudança no sabor é mais rapidamente detectada que no produto sem adição de CMS. Essa mudança tem sido descrita como sabor residual, de fígado e tem sido atribuído do tutano. Recomenda-se a utilização de 0,5% de albumina de ovo desidratada para corrigir o problema. Quanto à textura, considera-se, de um modo geral, que são percebidos uma grânulos idade em produtos que contenham mais que 30% de CMS (apud Seminário e Workshop, 1998). 39 2.5 ADITIVOS/INGREDIENTES E SUAS FUNÇÕES NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS São “aditivos” todas aquelas substâncias que se adicionam aos alimentos, independentemente de qualquer consideração quanto à finalidade tecnológica ou de outro tipo. Alega que este conceito é valido também quando os aditivos possuem um certo valor nutritivo, caso em que seriam melhor definidos como “ingredientes”. Assim sendo, os ingredientes representam componentes nutritivos essenciais (apud Pardi et al. , 1994). Para que se justifique o qualquer aditivo em alimentos, é preciso que ele tenha propósito útil, seja atóxico e exista um método analítico para determinar quantitativamente a sua presença. Algumas razões para o emprego de aditivos são (ITAL, 1978): • Tornar possível a escolha de uma matéria-prima diferente; • Reduzir o tempo de processamento; • Auxiliar na conservação; • Eliminar falhas de processamento; • Aumentar o valor nutritivo; • Modificar a aparência; • Alterar as qualidades degustativas; • Contribuir para a uniformidade; • Melhorar a estabilidade; • Tornar o produto mais conveniente para o fabricante e consumidor. 40 O Decreto nº 55.8571, de 26/03/1995, referente a normas reguladoras do emprego dos aditivos para alimentos assim classifica (Pardi et al, 1994): • Antioxidantes: substância que retarda o aparecimento de alterações oxidativas nos alimentos; • Antiumectantes: substância capaz de reduzir as caraterísticas higroscópicas dos alimentos; • Aromatizantes: substância que confere e intensifica o aroma dos alimentos • Conservadores: substância que impede ou retarda a alteração dos alimentos provocada por microrganismos ou enzimas; • Corantes: substância que intensifica a cor dos alimentos; • Edulcorantes: substância orgânica artificial, não glícica, capaz de conferir sabor doce aos alimentos; • Espessantes: substância capaz de aumentar, nos alimentos, a viscosidade de soluções, emulsões e suspensões; • Estabilizantes: substância que favorece e mantém as caraterísticas físicas de emulsões e suspensões; • Umectantes: substância capaz de evitar a perda de umidade dos alimentos. 2.5.1 ANTIOXIDANTES Aditivos utilizados para evitar a oxidação dos componentes dos alimentos. Muitos alimentos, especialmente gorduras e azeites, se oxidam formando compostos com aroma e sabor de ranço, alguns dos quais podem ser prejudiciais. Os processos 41 de oxidação, que implicam reações químicas do oxigênio atmosférico como alimento, é acelerado coma presença de determinados íons metálicos livres e também pela luz e o calor (Hughes,1994). São substâncias que têm como objetivo neutralizar quimicamente a ação dos radicais livres, que podem atuar no início do processo da rancidez oxidativa (Barros, 2004). São divididos em naturais (encontrados principalmente no reino vegetal) e sintéticos. Os antioxidantes naturais mais utilizados são a vitamina E, vitamina C e beta caroteno, porém, seu uso é limitado devido ao alto custo. Os antioxidantes sintéticos amplamente utilizados são: BHA (butil hidroxi anisol), BHT (butil hidroxi tolueno), ETOX (etoxiquina) e TBHQ (terbutil hidroxi quinona). Existem diversas formas desses produtos no mercado, e, muitas vezes, quando usados misturados (mesclas), apresentam excelentes resultados (Barros, 2004). Sabe-se que os antioxidantes devem ser usados, preferencialmente, nas matérias-primas, pois são mais eficazes do que quando usados no produto final. Existem, porém, matérias-primas que, na sua forma original, são altamente estáveis, mas, após processamento, tornam-se instáveis, necessitando uso de antioxidante específico. É o que acontece na soja em grão, matéria-prima altamente estável devido a grande quantidade de antioxidantes naturais que possui, no entanto, no momento que sofre a extrusão, torna-se instável, necessitando de um antioxidante (Barros, 2004). São um grupo de compostos que retardam o desenvolvimento da oxidação da gordura, que produziria alterações na cor, aroma e sabor. A oxidação da gordura é um processo de autoxidação que os produtos iniciais da reação catalizam a própria reação. Os agentes antioxidantes reagem com estes produtos iniciais e previnem as reações posteriores (Price e Schweigert, 1994). Os produtos da oxidação arrancam prótons de outros componentes químicos do alimento, tornando-se mais suscetíveis a oxidação. Os antioxidantes são 42 doadores de prótons muito fortes e seus prótons são captados preferencialmente pelos compostos oxidados, finalizando assim a reação da cadeia. Os antioxidantes se destroem neste processo e quando quase estão esgotados a reação de oxidação completa segue seu curso; os antioxidantes somente retardam a oxidação, não a detém (Hughes,1994). Os antioxidantes, em um sentido amplo, são substâncias capazes de diminuir a velocidade de oxidação dos materiais auto-oxidáveis. A eleição de um antioxidante para um propósito dado depende das necessidades do sistema e das características das substâncias disponíveis. Seria desejável que o antioxidante fosse efetivo á baixas concentrações, que não contribuiria características indesejáveis ao sistema em que é utilizado, de manipulação segura e baixo custo. (Price e Schweigert, 1994). Um antioxidante não pode ser utilizado em uma gordura comestível até passar por provas exaustivas de toxidade a curto e longo prazo, para comprovar que é seguro a concentrações muitas vezes superiores às requeridas para conferir seu efeito protetor (Price e Schweigert, 1994). Os principais agentes antioxidantes solúveis em gordura são: BHA, BHT, e galato de propila (Price e Schweigert, 1994). Os antioxidantes primários, podem utilizar o ácido cítrico, o citrato de sódio, o citrato de monoisopropila e o citrato de monoglicerídio. Estes atuam como agentes quelantes dos metais pesados que promovem a oxidação e funcionam sinergicamente com os antioxidantes primários (Price e Schweigert, 1994). 2.5.1.1 BHA C11H16O2 (buti-hidroxianisol) É um antioxidante artificial desenvolvido inicialmente para seu uso no toucinho, mas atualmente utilizado amplamente em muitos alimentos gordurosos, incluindo manteigas, cereais, biscoitos, produtos de confeitaria, margarinas e azeites vegetais. Ás vezes é utilizado também para impregnar papéis de embalagem que 43 vão estar em contato com superfícies gordurosas em alimentos. São utilizados também para aumentar o período de conservação dos chicletes. O BHA é utilizado freqüentemente como agente seqüestrante, como o ácido cítrico, que atua de forma sinérgica como é. Pesquisadores recentes nos Estados Unidos sugerem que o BHA pode proteger frente a certos tipos de câncer e aumentar a vida dos animais da experimentação. No Reino Unido não está autorizado a adição de BHA nos alimentos infantis (Hughes,1994). 2.5.1.2 BHT C15H24O2 (butil-hidroxitolueno) É um antioxidante desenvolvido inicialmente para seu uso em toucinho. Atualmente é utilizado em alimentos gordurosos, incluindo bolachas, cereais para dejejum, margarinas, snacks e azeites vegetais. O BHT não é tão estável mediante aquecimento. Pesquisas recentes nos Estados Unidos sugerem que o BHT pode proteger frente certas formas de câncer, defeitos nas crias ou fracasso reprodutivo em experiência em animais. No Reino Unido não está permitido a utilização do BHT nos alimentos infantis (Hughes,1994). BHT é hidroxitolueno butilado. É um conservante e antioxidante usado como base de chiclete, em flocos de batata e de batata doce e em flocos secos de cereais. É também estabilizador de emulsão de gorduras, usado em arroz enriquecido e em banha e gorduras sólidas comerciais que contenham gordura animal. É usado também para retardar a rancificação de lingüiça de porco e carneseca congeladas. BHT e BHA são quimicamente parecidos, mas o BHT pode ser mais nefrotóxico (tóxico para os rins). Proibido na Inglaterra e sob estudos nos Estados Unidos para determinar a quantidade "segura". A FDA tem um banco de dados atualizado chamado "PAFA" que pode estar on line e que provavelmente apresenta informações mais atuais (FAQ – Perguntas mais freqüentes, 2004). 44 2.5.2 AGENTES LIGANTES - AMIDOS E PROTEÍNAS VEGETAL E ANIMAL Na indústria de carne, substâncias denominadas ligadoras, enchedoras, emulsionadoras e estabilizadoras são utilizadas com o propósito de aumentar a estabilidade de emulsão e o rendimento no cozimento, incrementar as características de corte, de sabor e, principalmente, para reduzir os custos de formulação (ITAL, 1981). Essas emulsões podem ser produtos derivados do leite, como leite em pó desnatado, caseinato de sódio, soro de leite em pó e de cereais, como amidos e produtos de soja, farinha (50-60% de proteína), que pode estar na forma texturizada ou não (ITAL, 1981). Tais produtos, exceto os amidos, além de possuir grande capacidade de absorção de água, também contém proteínas, com características emulsificantes (ITAL, 1981). O fabricante dispõe de uma série de produtos não cárneos que podem incorporar à carne nos embutidos. Estas substâncias são denominadas de ligação ou de recheio e menos freqüentemente estabilizantes ou emulsificantes. É acrescentado nas formulações pelas seguintes razões: (1) para favorecer a estabilidade da emulsão, (2) para aumentar o rendimento no tratamento térmico, (3) para melhorar as características de corte, (4) para melhorar o sabor e (5) para reduzir os custos de formulação. Seu emprego está estritamente regulado. Muitos deles realizam funções úteis nos sistemas cárneos contribuindo à ligação da água e gordura. Outros simplesmente servem como recheio. Seu uso se limita geralmente a 3,5%, com exceção da proteína de soja com o limite de 2% (Price & Schweigert, 1994). Os produtos lácteos são aceitados sem problema pelo consumidor e geralmente tem um efeito positivo sobre o sabor, particularmente nos produtos derivados do fígado (Price e Schweigert, 1994). 45 Os agentes procedentes de cereais são principalmente o amido e como tais se unem à água. Muitos produtos cárneos não são aquecidos suficiente para completar a geleificação do amido. Sempre ocorre geleificação em certo grau, mas são mais efetivo em embutidos cozidos. Permanecem com um suave sabor de amido (Price & Schweigert, 1994). As proteínas de soja incluem a sêmola ou farinha (50% de proteína), o concentrado (79%) e o isolado (90%). Podem ser adequados em produtos texturizados ou não. Conforme o conteúdo protéico diminui, o sabor aumenta. Seu sabor não se manifesta até depois de muitos dias ou semanas armazenado sob refrigeração. A proteína isolada de soja é um bom agente ligante, funcionando na emulsão de maneira semelhante à proteína cárnea (Price & Schweigert, 1994). Outros agentes ligantes são a farinha de mostarda e a mostarda moída desidratada que pode ser usada ao nível de 1%. As proteínas de levedura e os hidrolizados delas de proteínas lácteas representam outro exemplo de substâncias ligantes. Muitas delas podem ser classificadas como saborizantes (Price & Schweigert, 1994). A gelatina, não sendo propriamente um ligante, é utilizada como agente ligante em alguns embutidos tipo picado fino (Price & Schweigert, 1994). 2.5.2.1 Derivados da soja A soja é uma planta de origem oriental, que é consumida em larga escala nos países asiáticos, sob as mais diversas formas. Foi introduzida nos Estados Unidos da América do Norte, sendo a principal fonte de matéria-prima para a extração de óleo vegetal comestível para uso na alimentação humana (Teixeira, 2004). O óleo de soja possui características que o tornam mais saudável do que os óleos de amendoim e de caroço de algodão. O farelo resultante da extração do óleo, pelo seu alto teor em proteína, é um importante ingrediente na elaboração de 46 ração animal. Para o caso do consumo humano, o farelo de soja é moído e peneirado em peneira de 100 mesh, dando origem à farinha de soja desengordurada, com um teor de proteína ao redor de 47%, com baixas percentagens de gordura e fibras. Ela têm propriedades funcionais, que a tornam um ingrediente alimentar bem versátil e de baixo custo (Teixeira, 2004). O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), de Campinas, vêm pesquisando a utilização da soja e de seus derivados, com o objetivo de obter alimentos enriquecidos, com alto valor protéico e boas características organolépticas, para atender principalmente as necessidades da população mais carente, com acentuada desnutrição protéica. Os produtos alimentícios oferecidos devem também apresentar características que permitam boa aceitação a custos reduzidos (Teixeira, 2004). Nos Estados Unidos, têm sido imensas as pesquisas objetivando o melhor aproveitamento dos derivados da soja na alimentação humana. No Brasil, o cultivo da soja ocorreu a partir da década de 1.950, que passou por uma extraordinária expansão, tornando o nosso país o segundo produtor mundial, ultrapassado apenas pelos Estados Unidos. A principal utilização dos grãos de soja é para a obtenção do óleo comestível e do farelo para ração animal (Teixeira, 2004). Os produtos derivados da soja são os mais utilizados na fabricação de produtos cárneos. A proteína de soja possui uma composição de aminoácidos essenciais conforme segue: lisina 3,1%; triptófano 0,8%; metionina 0,7%; treonina 2,0%; fenilanina 2,4%; leucina 3,8%, isoleucina 2,8%; e valina 2,27%. Esta composição representa um conteúdo de 60 a 105% dos diferentes aminoácidos essenciais quando comparado com a quantidade igual de proteína proveniente do ovo. O teor mais baixo, isto é 60%, refere-se aos que contém enxofre, metionina e cistina. Por outro lado, o teor mais alto, isto é, 105%, refere-se à lisina, aminoácido deficiente nas proteínas de cereais (ITAL, 1978). A proteína de soja adicionada a um produto de carne até um nível de 10% não chega comprometer o balanço de aminoácidos essenciais no produto final, pois 47 a carne supre a quantidade de metionina e cistina deficiente na proteína de soja (ITAL, 1978). A utilização de proteínas de soja em derivados cárneos permite aferir qualidade, nutrição e redução do custo (Pardi, 2001). Atualmente, é grande o número de produtos cárneos que usam proteínas de soja em suas formulações, como salsichas, as mortadelas, presuntos, apresuntados, lingüiças, e hambúrgueres (Pardi, 2001). A proteína de soja, que tem como característica fundamental a capacidade de reter água e emulsionar gordura, assegurando a estabilidade dos produtos, substituem parcialmente a carne e aumentam consideravelmente a capacidade de emulsão e liga, o que melhora as características de corte e fatiamento (Pardi, 2001). Os isolados e concentrados neutralizados de soja são comumente utilizados na elaboração de produtos como a almôndega e as salsichas para aumentar a capacidade de retenção de água. Também, estes ingredientes desempenham outras funções, entre as quais destacam a emulsificação e a estabilização da mistura cárnea. Alguns pesquisadores estão mostrando que as proteínas do leite (como o caseinato) criam facilmente glóbulos de gordura que impedem a salga úmida do produto durante o cozimento. Por outra parte, estão desenvolvendo outros ingredientes a base de proteína para aumentar o rendimento do produto cárneo terminado (Aguirre & Monterrey, 1999). 48 Tabela 4 – Propriedades funcionais das proteínas: Produto Presunto/ Problema Fatiabilidade apresuntado perda Solução difícil excessiva e Melhorar a matriz de gel e coesão entre de pedaços mediante uso de gel de proteína de líquidos após cozimento soja dissolvida na salmoura no tumbing ou injeção. Mortadela/ Exudação de gordura na Melhorar a estabilidade da emulsão através salsicha estufagem e fatiabilidade do uso de proteína isolada de soja. quebradiça Lingüiça Encolhimento na fritura Melhorar a geleificação reforçando a matriz com gel de proteína isolada de soja. Patê Falta de cremosidade Melhorar a emulsão usando uma proteína isolada com alta capacidade emulsionante e baixa capacidade geleificante. Hambúrguer Encolhimento na fritura Melhorar a matriz de gel com proteína isolada e reter os líquidos livres (água/gordura) com proteína texturizada. (Fonte: Zilio (1984), citado em Pardi, 2001). Farinha de soja 2.5.2.1.1 Certamente, a adição de farinha de soja desengordurada a produtos a base de cereais, como as farinhas de trigo e de milho, é um meio barato de melhorar o valor nutricional. Por outro lado, notáveis progressos têm sido conseguidos no desenvolvimento de produtos substitutos da carne e do leite de vaca. Assim, a farinha de soja desengordurada pode substituir parte da farinha de trigo e de milho, elevando o valor protéico dos produtos alimentícios elaborados. A farinha de trigo tem um teor de proteína de cerca de 12,7% e a farinha 49 de milho desengordurada (degerminado) de 7,9% (A soja na alimentação humana, 2004). As farinhas de soja, por não sofrerem nenhum processamento mais sofisticado, são as mais econômicas e sob o ponto de visto nutritivo se assemelham aos derivados mais elaborados (ITAL, 1978). 2.5.2.1.2 Proteína texturizada de soja (PTS) Dentre os derivados de soja, a proteína texturizada de soja é a que tem sido a mais utilizada. Esta difusão foi devida ao elevado custo da carne para a industrialização, aliada á grande disponibilidade de soja em países como Estados Unidos, onde o processo de texturização foi desenvolvido. A texturização da proteína de soja resulta em um produto de sabor menos intenso e textura mais adequada para ser utilizada em diferentes produtos cárneos (ITAL, 1978). A proteína texturizada de soja, conhecida popularmente como carne de soja é obtida a partir do processo de extração do seu óleo. É constituída em aproximadamente 48% de proteína de alto valor biológico, contém: vitaminas do complexo B, minerais como: o cálcio, o ferro, o potássio, o zinco; as isoflavonas, os ácidos graxos poliinsaturados que não elevam o colesterol. È utilizada em hambúrguers, croquetes, recheios, caçarolas, sopas, refogados, etc (Proteína Texturizada de Soja (PVT), 2004). A farinha de soja desengordurada é muito utilizada no enriquecimento protéico de pães, bolachas, tortas e outros tipos de alimentos de confeitaria. Pelas suas características funcionais, o isolado protéico de soja é muito utilizado no processamento de produtos cárneos. Possui um teor de proteína acima de 90%. Ele é usado no processamento de embutidos, almôndegas, quibe, hambúrguer e de outros produtos cárneos (Texeira, 2004). A legislação brasileira permite um nível máximo de adição de PTS, sem declaração no rótulo, de 3,5% ou 10,5% na base hidratada. De acordo com 50 regulamentação recente, ela permite com declaração no rótulo a adição de até 7,5% em base seca e 22,5% em base hidratada de proteína texturizada de soja em produtos cárneos, exceto para presunto cozido, salame, lingüiças calabreza e toscana e carne cozida enlatada (“corned Beef”). A combinação de ingredientes, tais como estômagos, emulsões de pele, etc., com proteína texturizada de soja hidratada, não deve ultrapassar os 22,5% em peso, calculados em relação à massa do produto final. A carne deve contribuir com o mínimo de 55% nos produtos derivados (ITAL, 1978). A adição do PTS em produtos de carne tipo emulsionado introduz pequena modificação no fluxograma de produção. De modo geral, as PTS precisam ser hidratadas com duas partes de água por um período de 15 a 20 minutos antes de ser pré-triturada (no “cutter”). Esta operação adicional requer cuidados com a temperatura de massa necessitando diminuir outros componentes, ou preparar a proteína hidratada com antecedência e mantê-la sob refrigeração para atender às especificações na saída do “Cutter” e do emulsionador (ITAL, 1978). 2.5.3 2.5.3.1 ESTABILIZANTES FOSFATOS Estes são sais derivados do ácido fosfórico e existem diversos tipos classificados em alcalinos e ácidos. Os fosfatos alcalinos têm a função de aumentar a força de ligação e retenção de água mediante diversos mecanismos. Estes ajudam conjuntamente com o sal a liberação das proteínas solúveis da carne (actina e miosina) (Aguirre, 1999). Os fosfatos atuam elevando o pH do meio, acentuando a capacidade de retenção de água e a conseqüente embebição da massa. Acarretam, ainda, a diminuição da retração do produto por ocasião do cozimento, tendo em vista a menor perda de umidade. Do ponto de vista comercial, a retenção de umidade proporcionam um aspecto mais homogêneo e brilhante ao corte e aumenta a 51 suculência e tenrura do produto. No entanto, é exatamente este o ponto de controvérsia; determinadas indústrias vêm cometendo abusos quanto ao aumento da umidade, para auferir lucros (Pardi et al. , 1994). O aumento da capacidade de retenção de água por parte dos fosfatos tem como resultado: a) a redução da perda de água durante o cozimento; b) aumento do rendimento depois do cozimento; c) redução da perda de água durante o descongelamento; d) aumento da suavidade; e) retenção de sabor pelas perdas de sucos próprios da carne durante o cozimento; f) redução da queima pelo frio; aumento da capacidade de ligação entre as peças musculares; e h) aumento da vida de pratileira pela habilidade de seqüestrar o ferro que cataliza as reações de oxidação (Aguirre, 1999). O pirofosfato de sódio, assim como as misturas de polifosfatos (tripofosfato ou hexametafosfato) e outros pirofosfatos com pH neutro, estão demostrando ser aditivos ótimos para estabilizar as emulsões cárneas mediante a ligação com a água e proteína. Esta estabilidade melhora as características do produto final. Por exemplo, está demostrado que os fosfatos melhoram o rendimento, a textura e a uniformidade das salsichas frescas (sem cozimento). A porcentagem recomendada para este tipo de fosfato é de 0,15 a 0,35% com base ao peso do produto final (Aguirre, 1999). Na indústria de carne, os fosfatos mais utilizados são os sais de sódio ou potássio de tripolifosfato (Na5P3O10), hexametafosfato (NaPO3)6 e pirofosfato (Na4P2O7). Outros compostos empregados em menor escala são: fosfato monossódico (NaH2PO4), fosfato dissódico (Na2HPO4) e pirofosfato ácido de sódio (Na2H2P2O7). Cada um destes fosfatos apresenta propriedades características de solubilidade, higroscopicidade, poder complexante de metais, capacidade emulsificante e distintos pH (ITAL, 1978). Os fosfatos são utilizados, principalmente para aumentar a retenção de umidade no produto, embora proporcione numerosos outros benefícios na maciez, cor, preservação do sabor e prevenção contra a rancidez oxidativa (ITAL, 1978). 52 A principal função destes compostos está relacionada com a ação sobre o pH; levando-se a carne a um pH adequado, confere-se-lhe características de uma estrutura elástica – estrutura semelhante encontrada em animais recentemente abatidos – pela ação dilatadora do fosfato sobre as fibras musculares, a qual implica em aumento da capacidade de retenção de umidade e em diminuição no encolhimento durante o processo de cozimento (ITAL, 1978). Os fosfatos reduzem a viscosidade da emulsão, facilitando o trabalho das máquinas (Price & Schweigert, 1994). São ainda atribuídas aos polifosfatos as seguintes propriedades; melhoram a uniformidade e a estabilidade da cor do produto final; protegem contra o escurecimento durante a armazenagem e atuam sinergicamente com os ascorbatos contra a rancidez (Pardi et al. , 1994). Têm-se as seguintes vantagens tecnológicas no emprego dos polifosfatos (apud Pardi et al, 1994): • Retardam a oxidação; • Reduzem a perda de sucos nos enlatados; • Impedem a perda de água durante o descongelamento; • Quando adicionados à carne picada, moída e misturada com sal, as proteínas estruturais atuam como agente para unir as partículas e obter uma aparência agradável; • Oferecem boa textura e sensação de amolecimento. O mecanismo de ação dos fosfatos sobre a capacidade de retenção de água é duplo: (1) aumentam o pH da carne e (2) solubilizam as proteínas musculares. Somente os fosfatos alcalinos são eficazes, pois os fosfatos ácidos diminuem o pH e causa uma maior contração. Ao aumentar a capacidade de retenção de água, aumentam por sua vez o rendimento (Price e Schweigert, 1994). 53 O tripofosfato e suas combinações com hexametafosfato são os fosfatos mais empregados no curado da carne, já que, em muitos casos, possuem a associação de propriedades mais conveniente. Ocasionam o adequado pH básico, a compatibilidade com cálcio, e um grande efeito modificador sobre as proteínas (Price e Schweigert, 1994). No processamento de carnes, frangos e pescados usa-se os principais tipos de fosfatos: Tripolifosfato de Sódio, o Tetrapirofosfato de Sódio, o Pirofosfato Ácido de sódio e o Hexametafosfato de Sódio. A tabela 2 apresenta as propriedades de alguns polifosfatos. (Goutefongea, 1991). 54 Tabela 5 – Propriedades dos Polifosfatos. Nome Fórmula PH Solubilidade Solubilidade Teor de a H2O (g/100g de H2O (g/100g de P2O5 em 1% H2O) a 0ºC H2O) a 40ºC % NaH2PO42H2O 4,3 91 308 46 Pirofosfato dissódico NaH2P2O7 4,2 4,4 18,3 63,5 Fosfato NaH2PO4 4,4 57,9 138,2 58,9 (NaPO2)n 6,4 S/limite S/limite 68,1 Na7P5O16 8,4 S/limite S/limite 64,5 NaHPO412H2O 9,0 4 175 (34ºC) 19,5 Na2 PO4 9,1 1,6 52 49,5 Tripolifosfato anidro Na5P3O10 9,6 - 16 57,9 Pirofosfato Na4 P2O7 10, 2,3 13,1 53,4 Fosfato monossódico cristalizado monossódico anidro Metafosfato de Na (ou sal de Graham) Pentapolifosfato de sódio Fosfato dissódico cristalizado Fosfato dissódico anidro tetrasódico anidro 3 Fonte: PARDI, 2001. 2.5.3.2 Efeito seqüestrante Os fosfatos reagem com metais polivalentes inativando-os, mantendo-os em solução e impedindo-os de participar de reações normais na carne. Tais metais 55 poderiam catalisar a oxidação da gordura e causar rancidez ou servir como nutriente no metabolismo microbiano (ITAL, 1978). O efeito seqüestrante de alguns fosfatos sobre metais resulta em acréscimo na retenção de umidade, especialmente ao complexar zinco e cálcio presentes na carne. Ao complexar ferro, envolvido na reação de oxidação, os fosfatos estão inibindo as mudanças e, ao mesmo tempo, mantendo a cor desejável da carne (ITAL, 1978). 2.5.3.3 Efeitos tampão e ligador São funções secundárias dos fosfatos na carne e têm restrita aplicação como sal (ITAL, 1978). Os fosfatos especialmente de cadeia curta (ortofosfatos e pirofosfatos), possuem forte capacidade tamponante, podendo manter o pH da carne próximo aos valores da carne de animal recentemente abatido, enquanto outros, específicos, podem elevá-lo a um nível alcalino (ITAL, 1978). A capacidade ligadora ocorre quando certos fosfatos ao auxiliarem a liberação das proteínas solúveis dissolvem-se nelas e migram para a superfície do produto onde se geleificam pela a ação do calor, aderindo às superfícies adjacentes. O resultado é um produto cárneo coeso e de estrutura consistente notado em “hambúrguer” e em bolo de carnes (ITAL, 1978). 2.5.4 GLUTAMATO MONOSSÓDICO (MSG) E ÁCIDO GLUTÂMICO Estas substâncias são utilizadas para melhorar o sabor natural do produto (ITAL, 1978). C6H8NnaO4; aji-no-moto, MSG, glutamato de sódio, L-glutamato de hidrogênio e sódio. Potenciador do sabor e condimento; sal sódico do ácido glutâmico, aminoácido não essencial presente nos tecidos dos animais e das plantas, 56 particularmente no cérebro dos animais e nos cereais. O aminoácido foi isolado primeiramente a partir de uma alga no Japão em 1909, que segue sendo seu maior produtor (Hughes,1994). O glutamato de sódio e os nucleotídios potenciam o sabor próprio da carne enquanto os hidrolizados de proteínas vegetais contribuem um sabor cárneo característico. Contudo, os nucleotídeos afetam o sabor e a textura atuando nos centros de percepção do gosto na língua (Price e Schweigert, 1994). O glutamato monossódico potencia o sabor dos alimentos ricos em proteínas. Contudo não possui sabor em si mesmo, tem um sabor doce, devido a presença de impurezas e ação de saborizantes. Cada ano consome no mundo umas 500.000 toneladas deste glutamato. São empregados nos cereais para desjejum, condimentos e molhos, produtos cárneos, aperitivos, sopas e muitos outros alimentos (Hughes,1994). Está demonstrado que doses grandes deste potenciador de sabor produz danos celebrais, esterilidade e obesidade em animais experimentados. Seu uso em alimentos infantis não está permitido no Reino Unido (Hughes,1994). 2.5.5 CORANTES Aditivos usados para colorir alimentos para contribuir para sua decoração, identificação do produto, uniformidade do lote (para tornar uniforme a cor de alimentes procedentes de distintas fontes ou processo) e para dar sensação de frescura. O último emprego é o que causa a maior preocupação do público (Hughes,1994). O consumidor espera que um alimento tenha uma cor particular ou que encontre dentro de uma categoria de cores. A cor do alimento muda com o tempo, em geral torna marrom ou preto (Hughes,1994). A maioria dos corantes utilizados na indústria de alimentos são pigmentos ou tintas sintéticas obtidas a partir de um corante ou uma base absorvente tal como o 57 hidróxido de alumínio ou o hidróxido de amônia. Entre os corantes mais comuns utilizados na indústria de alimentos se incluem o marrom chocolate HT, ponceau 4R, amarelo FCT e tartracina (Hughes,1994). Alguns fabricantes estão substituindo os corantes sintéticos em seus produtos por extratos naturais e derivados. Os extratos naturais e seus derivados e seus derivados, tais como o caramelo, carbono vegetal, carotenóides, clorofila e clorofilina, cochinila e xantofilas tendem também a ter uma cor menos intensa que seu rivais sintéticos e são instáveis quando são expostos a luz e o calor (Hughes,1994). Existem diversos minerais que também são utilizados como corantes de alimentos, como o dióxido de titânio (pó branco opaco, utilizado na pintura), o carbonato de cálcio e os metais alumínio, prata e ouro (Hughes,1994). Um grupo de aditivos relacionado com o emprego de corantes são os de fixadores de cor, que se utilizam para manter a cor original do alimento durante mais tempo. Entre eles pode citar o nitrato de sódio e o nitrito de potássio, utilizando para manter a cor vermelho da carne, e o glutamato ferroso, utilizado para estabilizar a cor das azeitonas pretas (Hughes,1994). 2.5.5.1 Carmim de Cochonilha Este é o corante natural obtido a partir de partes secas do corpo da fêmea do inseto Dactilopius coccus (joaninha), que vive em cactus nativos na região do México e são cultivadas na América do Sul. O extrato conhecido como cochonilha, contém aproximadamente 10% do amido carmínico que é a substância corante. O carmim é obtido da cochinilha (laca alumínica) (Aguiar & Calil, 1999). O corante carmim possui a função de propiciar a cor vermelha mais intensa dos produtos cárneos que perdem a coloração natural durante o processamento, porém, ele é muito sensível à degradação microbiológica (Multon, 2000). 58 O carmim possui boa estabilidade a luz, temperatura e em atividade de água elevada, mas descolore na presença de dióxido de enxofre. É possível em soluções alcalinas, apresenta coloração violeta, é sensível ao pH e precipita em meio ácido. Por sua alta eficiência e estabilidade, o carmim deveria ser o corante vermelho mais preferido, contudo, em razão de seu alto custo, sua utilização nem sempre é viável. Comercialmente é disponível em concentrações variando de 50 a 52% (Araújo, 1990). 2.5.5.2 Corante Urucum Uma planta nativa das florestas tropicais , que tem seu cultivo em poucas regiões do mundo, notadamente no Brasil, seu maior produtor, além do Peru e Quênia (Mascarenhas & Stringheta, 1998). O urucum é o corante natural mais comercializado no mundo. Atualmente são produzidas 11.000 toneladas na América Latina, 1800 toneladas na África e 1500 toneladas na Ásia. O mercado brasileira conta com 1 milhões de pessoas envolvidas, direta e indiretamente, desde a produção da matéria-prima à obtenção do corante (Mascarenhas & Stringheta, 1998). Este corante natural é extraído do fruto arbusto conhecido como urucuzeiro (Bixa orellana), encontrado desde a Amazônia até a Bahia, sendo cultivado também em outros estados. Existem duas variedades: uma de frutos vermelhos e outra de frutos amarelos (Araújo, 1990). O corante de urucum apresenta-se convencionalmente em duas formas: em extrato lipossolúvel (solúvel em óleo), no qual a Bixina é o pigmento, e em extrato hidrossolúvel (solúvel em água), no qual a Noorbixina é o pigmento (Mascarenhas & Stringheta, 1998). Ainda pode ser encontrado na forma lipossolúvel (emulsificado), na forma hidrossolúvel estável em meio ácido, em suspensão em óleo, misturados a outros corantes, como por exemplo com a curcuma, onde cada um possui um teor de 59 pigmento correspondente e a tonelada e a cor específica (Mascarenhas & Stringheta, 1998). O pigmento é constituído basicamente do carotenóide cis-bixiga, insolúvel em óleo e que compreende mais de 80% do corante presente na semente. O pigmento é obtido mecanicamente (abrasão) do pericarpo submerso em óleo vegetal aquecido a 70ºC, e o produto comercial apresenta 0,20 a 0,25% de bixina. O aquecimento utilizado na extração converte a cis-bixina em trans-bixina, de coloração avermelhada e solúvel em óleo (Araújo, 1990). A estabilidade do urucum é boa, porém a bixina é sensível ao pH, alterando sua coloração do amarelo-alanrajado para o rosa fraco, em pH baixo (Araújo, 1990). O corante de urucum é utilizado principalmente na coloração de tripas de salsichas e salsichões (Araújo, 1990). Atualmente, o corante de urucum pode ser utilizado em uma série de produtos alimentícios; margarinas, iogurtes, queijos, cremes vegetais, sorvetes, derivados de cereais, bebidas, confeitos, molhos, carnes e, principalmente, em embutidos (Mascarenhas & Stringheta, 1998). 2.5.6 CLORETO DE SÓDIO (SAL) Em concentração suficiente funciona como agente bacteriostático inibindo o desenvolvimento microbiano, evitando a subsequente deterioração pelo aumento da pressão osmótica do meio, que se reflete no abaixamento de atividade de água e dificultando sua utilização pelas bactérias. Uma solução salina pode chegar ser tóxica para organismos, dependo da concentração e tolerância deste pelo sal, atua como desidratante das próprias bactérias, alterando seu metabolismo; também as atividades enzimáticas, quer de origem microbiana quer específica da carne, são diretamente suprimidas. Além das características de ação como conservante e desidratante, o sal age como agente de sabor (ITAL, 1978). 60 O uso do sal isoladamente, entretanto, resulta num produto cárneo de sabor adstringente, seco, de cor escura, tornando-o não atrativo ao consumidor. Como efeito indesejável do sal sobre a aparência, ele é geralmente empregado em combinação com outros compostos como açúcar e nitrito ou nitrato (ITAL, 1978). Em produtos emulsionados, o sal, além da habilidade de solubilizar as proteínas miofribilares, ainda atua como conservante e agente de sabor. Neste tipo de produto, as proteínas solubilizadas servem como emulsionantes, as quais envolvem as partículas de gordura e se ligam à água, formando uma emulsão estável (ITAL, 1978). O sal é um ingrediente cárneo mais comum nos embutidos. O produto final contém entre 1 e 5% de sal, que desempenha as seguintes funções: dar sabor, funciona como conservante e solubiliza proteínas. A quantidade utilizada de sal varia, dependendo da localização geográfica, da necessidade de um tratamento térmico posterior antes do consumo e do critério do fabricante (Price & schweigert, 1994). A pureza do sal utilizado no curado é muito importante. Somente deve empregar sal de grau alimentar, já que as possíveis impurezas poderiam causar problemas de cor e sabor (Price & schweigert, 1994). O sal serve como conservante retardando o crescimento microbiano, comportando como agente bacteriostático (Price & schweigert, 1994). A capacidade da água para solubilizar as proteínas miofribilares é de importância capital para elaborar um embutido com êxito. Estas proteínas solubilizadas servem como envoltório das partículas de gordura e unem a água, dando lugar a uma emulsão estável. É o cloro e o sódio o principal íon responsável no efeito de união de água e gordura (Price & Schweigert, 1994). As principais funções do sal são: solubilizar a actina e miosina melhorando a retenção de água na carne; possuir papel bacteriostático; contribuir para a conservação das carnes, ajudar a dar liga em alguns produtos como almôndegas e conferir sabor (Pardi, 2001). 61 2.6 CONDIMENTOS UTILIZADOS PARA A PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER Condimento é o termo genericamente aplicado para qualquer ingrediente ou constituinte que possa, por si ou em combinação com outros, desenvolver sabor e aroma ao produto cárneo. Pode ser utilizado na forma moída, óleo-resina e, às vezes, integral (ITAL, 1978). Pardi et al. (1994) em seu estudo define condimento como “o produto contendo substâncias aromáticas, sápidas, com ou sem valor alimentício, empregado com o fim de temperar alimentos, dando-lhes aroma e sabor.” Seu emprego em conservas, a especiaria, e outros produtos industriais, além de imprimir odores e sabores característicos, tem o mérito de agir como antioxidante em relação às gorduras. Esta propriedade é mais atribuída a algumas especiarias como: pimenta-do-reino; cravo; gengibre; noz-moscada; alecrim; sálvia e tomilho (Pardi et al., 1994). Algumas especiarias possui ação emulsionante quando se produz um processo de embebição ao contato com a água. A fixação da água fica na dependência não somente do tipo de especiaria, mas também da proporção das partículas, de seu número e da temperatura atingida. Será tanto maior a capacidade de retenção de água quanto menores forem as partículas e mais elevada a temperatura (Pardi et al., 1994). O condimento deve-se suas propriedades saborizantes e aromatizantes a determinadas combinações de substâncias que variam dependendo do país de origem, do clima e das condições de crescimento, colheita e armazenamento. O processo de moagem dos condimentos é realizado de tal forma que equilibrem, na medida do possível, estas oscilações mediante a realização de misturas e a aplicação de tratamento mais sofisticados (Shiffner et al. , 1996). 62 Determinados condimentos também perdem suas propriedades quando são aquecidos, o ponto crítico neste sentido produz ao alcançar temperaturas de 90ºC (Shiffner et al. , 1996). O baixo padrão higiênico, associado ao emprego de técnicas primitivas na colheita, secagem e armazenagem, etc. faz com que especiarias naturais sejam portadoras de uma combinação bacteriana considerável que, uma vez introduzida num produto, pode deteriorá-lo ou pelo menos encurtar a sua vida-de-pratileira (ITAL, 1978). O emprego de essências mostra vantagens sobre as especiarias naturais, por serem elas praticamente estéreis, não conferem ênzimos e serem razoavelmente uniformes quanto a sabor e aroma. Pela homogeneização do óleo essencial com óleo-resina é possível de se reproduzir o aroma e o sabor característico de cada uma das especiarias (ITAL, 1978). Para conseguir o sabor típico e particular de cada tipo de embutido é necessário agregar a cada qual as espécies indicadas nas proporções adequadas. Para isso é necessário conhecer as particularidades de cada condimento (Shiffner et al. , 1996). 2.6.1 CEBOLA O mais conhecido de todos os condimentos é a cebola, que é cultivada em todo o mundo. Normalmente se utilizam cebolas frescas, já que seu armazenamento é muito sensível, mas também se usa cebola em pó, sal de cebola e cebola em copos. Nas matanças caseiras se utilizam cebolas frescas (Shiffner et al. , 1996). As cebolas contêm bastante açúcar e proteínas. Por esse motivo é importante para que a massa dos embutidos cozidos não repouse durante muito tempo antes da cocção, já que neste caso pode produzir um grande desenvolvimento bacteriano na mesma (Shiffner et al. , 1996). 63 Os condimentos como a cebola, o alho e plantas similares contém actina, um composto sulfurado com uma considerável atividade antimicrobiana que inibe a atividade enzimática de bactérias tanto gram-positivas como gram-negaivas (Rocha, 2001). 2.6.2 ALHO O alho proveniente do Oriente e cultivado nos países do sul e do centro da Europa. Geralmente é utilizado os dentes de alho frescos, mas também pode utilizar o alho em pó. Nos comércios pode comprar também uma mistura de alho com sal comum denominado sal de alho (Shiffner et al. , 1996). O alho se utiliza sobretudo na elaboração dos embutidos crús, todavia também se emprega em embutidos escaldados. Nas matanças caseiras se recomenda seu uso, pode elaborar uma papinha de alho amassado e sal comum (Shiffner et al. , 1996). Na elaboração dos embutidos crús escaldados se empregam normalmente de uma a dois dentes de alho por cada 50 kilos de massa. Para a elaboração de embutidos cozidos apenas se utiliza alho. É muito popular o uso do alho na cozinha e na elaboração de carne de porco (Shiffner et al. , 1996). A adição de 7,5% de alho reduz em 75% a quantidade de E. coli 0157: H7 encontrada em hambúrguers de carne bovina (Rocha, 2001). 2.6.3 PIMENTA Proveniente da Índia e produzida hoje em dia em muitos países tropicais. O arbusto da pimenta é uma planta trepadora que se cultiva de forma parecida com a da cebola. A colheita das folhas verdes é obtida a pimenta preta, enquanto que a parte da pimenta branca tem que deixar madurar as folhas (Shiffner et al. , 1996). 64 O aroma típico da pimenta se deve a um amido, a piperina. A pimenta preta tem menos força condimentante que a branca, mas é mais picante (Shiffner et al. , 1996). Sua força mantém-se muito mais tempo no grão de pimenta. A pimenta moída perde suas forças rapidamente. Por esse motivo deve armazenar a pimenta moída em embalagens secas e herméticas de ar (Shiffner et al. , 1996). A pimenta em pó, seja branca ou negra, pode acrescentar em qualquer tipo de embutido. Seu dosificação oscila segundo os gostos entre 2 e 3 g por kilo de massa (Shiffner et al. , 1996). Para embutidos de longa duração utiliza grãos inteiros de pimenta negra ou branca (até 1g por kilo de massa). Os grãos partidos de pimenta pode comprar em estabelecimentos comerciais e usam para cobrir certas especialidades (Shiffner et al. , 1996). 2.7 EMBALAGEM A indústria de carnes é um setor de alimentos de grande relevância econômica. A manutenção da qualidade de carnes e derivados pode ser obtida por longos períodos em embalagens capazes de retardar a deterioração microbiológica, de manter uma coloração desejável, retardar a perda de umidade e a oxidação de gorduras, permitindo uma ampliação do alcance do sistema de distribuição destes produtos perecíveis (Sarantópoulos et al., 2001). A intensidade da cor vermelha em carnes frescas está associada à concentração relativa de três formas do pigmento da carne: mioglobina reduzida (Mb), de coloração vermelho-púrpura; mioglobina oxigenada ou oximioglobina (MetMb), de coloração marron. A concentração relativa das três formas do pigmento, por sua vez, depende da quantidade de oxigênio disponível. O que ocorre com a carne fresca é um ciclo de cor, que é reversível e dinâmico, permitindo constante interconversão das três formas do pigmento. A Mb na presença de altas 65 concentrações do oxigênio é convertida a O2Mb ocorrendo o “avermelhamento” (bloom) das carnes frescas. A pressões reduzidas de oxigênio, ocorre a formação de MetMb, de coloração marrom. A carne se tornará inaceitável para o consumidor devido à descoloração quando 50% da O2Mb tiver sido convertido a MetMb. Na ausência de oxigênio ou a pressões muito reduzidas tem-se a formação da Mb reduzida de coloração arroxeada, muitas vezes indesejável do ponto de vista consumidor, porém é um composto estável que na presença de alta concentração de oxigênio reverte à O2Mb, vermelho brilhante (Sarantópoulos et al., 2001). A manutenção de carne bovina em condições aeróbias, através do uso de embalagens permeáveis ao oxigênio, é desejável para manter uma coloração mais atraente para o consumidor, pois a mioglobina fica oxigenada. Por outro lado, o contato do produto com o oxigênio do ar favorece a deterioração microbiológica, que também degrada cor, e a vida útil do produto fica restrita a 2 a 4 dias (Sarantópoulos et al., 2001). Um ambiente anaeróbico, obtidos com embalagem a vácuo com atmosfera modificada sem oxigênio, pode retardar o crescimento de microrganismos aeróbios deterioradores e aumentar a durabilidade dos produtos, para mais de 1 mês. Contudo, o pigmento da carne adquiri uma coloração arroxeada, que pode limitar a sua aceitação no mercado de varejo (Sarantópoulos et al., 2001). Outro fator importante a ser considerado na conservação de carnes e aves frescas em ambientes anaeróbios é o controle de pH destes produtos. Caso atinjam valores próximos a pH 5,9, pode haver o crescimento de bactérias deteriorantes, como as Alteromonas putrefaciens, formando outro pigmento, a sulfomioglobina, de coloração esverdeada (Sarantópoulos et al. , 2001). As carnes, principalmente de alto teor de gordura, e as aves, principalmente o peru, são susceptíveis à oxidação de lipídios, devido ao contato com o oxigênio. Mesmo quando congelados, os produtos cárneos sofrem rancidez oxidativa. O mecanismo dessa reação é complexo e resulta no aparecimento de sabor e odor de ranço no produto, alterando a qualidade sensorial. O 66 desenvolvimento de bactérias também podem acelerar a oxidação de algumas gorduras, com formação de odor e sabor desagradáveis (Sarantópoulos et al., 2001). Os avanços tecnológicos verificados nos processos de acondicionamento de alimentos e na conversão de novos materiais flexíveis multicamadas têm sido, em parte, decorrente das exigências impostas pelos novos hábitos de consumos, caracterizados por maior exigência por qualidade, menor custo, maior conveniência de preparo, menores porções etc. (Sarantópoulos et al., 2001). As embalagens de produtos cárneos processados deve satisfazer as exigências do produto em termos de conservação, as exigências da indústria em termos de produtividade, qualidade consistente e custo e as exigências mercadológicas de um sistema de comercialização extensivamente baseado em lojas de auto-serviço (Sarantópoulos et al., 2001). As embalagens e os sistemas de embalagem são produzidos para manter a qualidade natural do produto através do fluxo comercial por parte do cliente. Este período de tempo se denomina de tempo de vida útil. A vida útil requerida para um produto depende da maneira como este é comercializado. O mercado deveria estabelecer as pautas que regem como e onde o produto é comercializado, identificando os parâmetros de tempo, temperatura de armazenamento e condições de exposição (Price & Schweigert, 1994). Já que a embalagem é o principal instrumento de comercialização, deve permitir por meio de sua etiqueta a identificação do produto. pode trazer o desenho do produto, proporcionar informação do tamanho ou peso, dos ingredientes, de seu valor nutricional, da maneira de preparar, de sua qualidade ou categoria, que cumpre a regulamentação vigente e possivelmente outras informações adicionais de promoção. Sobretudo, deveria apresentar uma imagem que estimule o consumidor a comprar (Price & Schweigert, 1994). 67 2.7.1 ENVOLTÓRIOS PLÁSTICOS Os envoltórios plásticos derivam de polímeros produzidos de derivados do petróleo ou do carvão mineral. Os polímeros de interesse para envoltórios ou embalagens de alimentos são os dotados de propriedades termoplásticas (Pardi et al, 1994). Os plásticos possuem diversos graus de impermeabilidade; são transparentes e resistentes (Pardi et al, 1994). Não sendo seu uso indiscriminado frente aos diferentes alimentos que deverão ser contidos, torna-se indispensável conhecer as características de cada tipo. Dentre as propriedades que de início devem ser levadas em consideração, sobressai a impermeabilidade das diversas películas ao vapor d’ água, ao oxigênio, ao anidrido carbônico e ao nitrogênio, valores estes conhecidos. Outras propriedades serão sintetizadas à medida que descritos os tipos principais de filmes plásticos empregados como envoltórios de alimentos cárneos (Pardi et al, 1994). 2.7.1.1 Polietileno São encontrados muitos tipos, densidades, combinações e misturas como o acetado de vinila (EVA) ou polietileno linear de baixa densidade. É um agente selante excelente e tem a capacidade de fluir nas pequenas pregas ou rugas da área selada. A mistura com EVA ou polietileno linear de baixa densidade melhora as propriedades do polieleno. Estas misturas são normalmente mais fortes, tendem ater maior resistência a ruptura por flexão e melhores características de selagem. Os tipos mais comuns são os de baixa densidade, contudo os de alta e média densidade se utilizam em sacos que podem ser submetidos ao aquecimento. O polietileno constitui uma excelente barreira contra a umidade mas é permeável ao oxigênio (Price & Schweigert, 1994). 68 2.7.1.1.1 Polietileno de baixa densidade (PE) Esta é a película de uso mais corrente como envoltório. É resistente e transparente dispondo de permeabilidade relativamente baixa ao vapor d’ água (20g/m2/d). Quimicamente muito inerte não apresenta sabor nem odor ou sabor, podendo vedar facilmente, devido às características termoplásticas. Muito resistente á dilaceração e aos impactos, pode ser empregada em uma ampla faixa de temperatura ( de –50ºC a 70ºC, aproximadamente) (Pardi et al, 1994). Tendo em vista, porém, a sua permeabilidade relativamente elevada ao oxigênio e anidrido carbônico, não pode ser empregada para conter alimentos oxidáveis ou para envase sob vácuo. Pode ainda permitir uma perda gradual de odor e aroma e captar eventuais odores do ambiente, dado a sua permeabilidade a muitos óleos essenciais (Pardi et al, 1994). A película de polietileno de baixa densidade de baixa densidade é utilizada como envoltório de ave congelada e, quando utilizada para embutidos, requer manutenção sob refrigeração (Pardi et al, 1994). Esta película apresenta facilidade para vedação térmica (Pardi et al, 1994). 2.7.1.1.2 Polietileno de alta densidade Ao contrário do polietileno de baixa densidade, o de alta densidade é duas ou três vezes mais impermeável ao vapor d’ água e aos gases, oferecendo também resistência ao trânsitos de odores e aromas. É mais rígido e resistente à tensão, porém menos resistente ao impacto. Pode ser esterilizado sob vapor sem amolecer, condição esta que, a par de sua acentuada impermeabilidade, é indicado para o envase de pratos preparados que exigem uma cocção na própria embalagem do consumo (Pardi et al, 1994). 69 2.7.2 ENVOLTÓROS ARTIFICIAIS DE ORIGEM VEGETAL Constituído à base de celulose, é o papel conhecido de longa data. Dada a sua versatilidade, deu ensejo a uma grande variedade de papéis especiais para uso como envoltórios, protetores de envoltórios e embalagem em geral (Pardi et al, 1994). 2.7.2.1 Papel No que respeita ao emprego de diversas variedades de papel na proteção e acondicionamento de carnes, é de interesse uma rápida referência (Pardi et al. , 1994). Este material celulósico é empregado , em sua forma mais simples, como folhas para embrulhos singelos e sob forma de sacos e caixas de papelão para acondicionamento, transporte e armazenagem (Pardi et al. , 1994). Mesmo nesta forma mais inócua, podem os papéis apresentar riscos quando associados a determinadas tintas e colas com certo grau de toxidez (Pardi et al. , 1994). O papel parafinado ou papel encerado, materiais altamente permeáveis à água, mas permeáveis ao seu vapor, têm seu uso amplo, não somente como envase de determinados produtos de origem animal, como o queijo e a manteiga, mas também para servir como protetor de envoltórios (Pardi et al. , 1994). Costuma-se também, ao invés de se colar duas lâminas de papel, laminar conjuntamente uma folha de papel com outra, seja de papel-alumínio, seja de uma lâmina plástica, seja de celulose regenerada. A partir do papel-alumínio e do papeltecido, obtém-se um material selável termicamente, porque a cera ou a parafina, ao fundirem-se, penetram no papel-tecido, formando uma vedação hermética (Pardi et al. , 1994). 70 2.8 COSUMO DE HAMBÚRGUER Nos últimos anos tem sido dada aos perigos das dietas ricas em gordura, e como conseqüência, observa-se uma crescente valorização dos produtos com quantidades reduzidas desse componente. Atualmente se observa uma intensa competição entre os setores de desenvolvimento de produtos nas indústrias, para oferecer aos consumidores alimentos com baixo teor em gordura. Os produtos cárneos convencionais possuem um alto nível de gordura (20 a 30%). A maioria dos hambúrguers com teor de gordura reduzido possuem cerca de 10% desse componente (Seabra, 2002). A diminuição do teor de gordura em produtos cárneos, no entanto, geralmente implica na redução de atributos de qualidade como maciez, suculência e rendimento. Os substitutos de gordura têm sido classificados pela AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, de acordo com sua composição, em substância com base nos carboidratos, proteínas e lipídeos ou combinações destes. Pesquisas têm verificado que aqueles provenientes dos carboidratos como gomas, amidos e fibras, entre outros, melhoram as propriedades sensoriais de hambúrguers com teor de gordura reduzido , quando em concentrações de até 3%. O uso de fécula de batata, um produto amplamente disponível no mercado local, e produtos cárneos se apresenta promissor considerando que o amido deste tubérculo começa a gelatinizar na mesma temperatura que a carne começa a cozer. Isto significa que será necessária uma menor quantidade de amido de mandioca que de amidos de outro tipo para reter água e obter produtos suculentos (Seabra, 2002). As vantagens de se usar farinhas de aveia em produtos cárneos têm sido justificadas pela sua habilidade em reter água nesses alimentos, inclusive durante o cozimento, por dar sensação bucal similar à gordura, pela ausência de sabor de cereais e porque contribui com fibra dietética nos produtos cárneos (Seabra, 2002). 71 2.8.1 TIPOS ESPECIAIS DE HAMBÚRGUERES Os hambúrgueres permitem variações melhores que as salsichas frescas e nos últimos anos estão desenvolvendo uma grande variedade de produtos novos. O hambúrguer básico com queijo, por exemplo, tem queijo ralado incorporado à mistura. Isto dá lugar a um produto de considerável consistência e a princípio escasso sabor. Um produto mais sofisticado, que também parece muito com os hambúrguers de queijo, está constituído por hambúrguer básico coberto com queijo mussarela, ou uma base de queijo. O produto é coberto com pão ralado, antes do congelamento para manter a integridade (Varnam, 1998). Os hambúrguers “para microondas” estão desenhados para serem cozinhadas por completo em um forno microondas. Usa-se uma embalagem especial para assegurar uma distribuição do calor eficaz e homogênea. O aquecimento em microondas não induz tostagem e os hambúrguers cozidos desta forma têm aparência anêmica ao menos que se tomem precauções especiais (Varnam, 1998). 2.8.2 HAMBURGUER LIGHT De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia o hambúrguer é um aglomerado de carne picada e gordura que sofre um prensagem e uma subsequente moldagem, sendo depois congelado. Sendo o produto cárneo mais consumido nos Estados Unidos, inúmeros são os estudos sobre este produto na literatura. A legislação americana para produtos “low fat” exige que o conteúdo de gordura do mesmo não exeda 3g/100g do produto. A legislação considera ainda que os produto do tipo hambúrguer ou carne moída de baixo teor de gordura, contendo ingredientes adicionais, deve conter até 10% de gordura e não mais de 30% de uma combinação de gordura e outros ingredientes. Exemplo de rótulos seriam: “Low fat hambúrguer , Water, and “carregeen product” ou “low Fat beef with X% solution of...” Algumas alternativas 72 tecnológicas para obtenção deste produto estão descritas abaixo (Seminário e Workshop,1998): Controle do tamanho das partículas cárneas, utilizando-se orifícios de diâmetro superior aos normalmente utilizados nos moedores para este tipo de produto. Utilização de orifícios de 3/6 pol (0,48cm), ao invés de 1/8 pol (0,32cm) melhoram a qualidade organoléptica do produto (Seminário e Workshop, 1998). 2.8.3 SUBSTITUTOS DE GORDURA É importante salientar que muitos ingredientes são adicionados a produtos cárneos com o objetivo de melhorar a capacidade de retenção de água e gordura, o rendimento no cozimento, a fatiabilidade, o sabor e além de reduzirem o custo da formulação. Entretanto, é conveniente ressaltar que o principal objetivo na formulação com baixo teor de gordura deve ser a redução do teor de gordura e não do custo da formulação (Seminário e Workshop, 1998). 2.8.3.1 Carragena É o ingrediente mais usado na formulação de produtos com baixo teor de gordura. As carregenas existem em três formas, recomenda-se a iota carragena para hambúrguer com baixo teor de gordura. A carragena, além de reter água, é solúvel a frio e suporta o congelamento seguido de descongelamento, facilitando o processamento. Apesar da funcionalidade da carragena não esta completamente elucidada, observa-se que, tendo em vista o tamanho e a forma de suas partículas, ela assemelha-se à gordura contribuindo para as características organolépticas do produto (Seminário e Workshop,1998). Deve-se ter cautela ao utilizar carragena em produtos do tipo hambúrguer, para que não ocorram alterações indesejáveis que possa influenciar negativamente os consumidores deste tipo de produto. A descrição de um novo ingrediente no rótulo, o baixo ponto de fusão (49ºC) que pode provocar liberação de água e 73 compostos voláteis responsáveis pelo “flavor”, reações de browing menos intensas, o que influencia a intensidade do sabor (Seminário e Workshop, 1998). 2.8.3.2 Farelo de aveia e fibra de aveia Tem boa capacidade de retenção de água e podem imitar a cor e a textura da gordura. Estudos realizados utilizando-se uma mistura de farelo com condimentos em hambúrguer com 10% de gordura apresentou rendimento no cozimento superior (15% > ) ao do controle com 20% de gordura. A falta de critério para a utilização deste produto pode ocasionar; pouca capacidade de retenção de água no produto cru, o que dificulta a formação do hambúrguer, cor pouco atrativa, menor estabilidade, alteração da textura após o cozimento, sabores estranhos e diminuição da vida de prateleira. Recomenda-se a utilização destes produtos em alimentos congelados utilizados em fast foods ou restaurantes industrias. Temperaturas muito elevadas no preparo podem afetar a suculência do produto (Seminário e Workshop, 1998). 2.8.3.3 Amidos e maltodextrinas São polímeros de glucose, encontrados em milho, aveia, arroz, mandioca e milho ceroso. Amilose e amilopectina, componentes do amido, são capazes de ligar à água. A maioria dos amidos utilizados para substituição de gorduras são modificados para permitir gelificação a frio. Em produtos cárneos eles aumentam a estabilidade ao congelamento/descongelamento, reduzem a sinérese resistem a força de cisalhamento e resistem ao calor. As maltodextinas são obtidas a partir da quebra das moléculas de amilose e amilopectina em cadeias menores, normalmente apresentam DE=20. Estes ingredientes tem custo relativamente baixo e geleificam com a água, imitando a gordura. As desvantagens atribuídas ao uso de amido e maltodextrinas são: cor mais clara no produto cru que o usual, sabor de carne menos acentuado, menos suculência, menos firmeza e coesividade (Seminário e Workshop, 1998). 74 2.8.3.4 Proteínas de soja Três tipos de produtos a base de proteína de soja são normalmente utilizados como extensores ou ligantes em produtos cárneos: farinha de soja (50%P) (3,5% uso), concentrado protéico de soja (70%) (3,5% uso) e proteína de soja (mínimo 90%P) (2% uso). Foi desenvolvido um isolado protéico hidratado (1:3), comercializado congelado em grânulos, cuja características funcionais contribuem para a textura (maior maciez) e suculência (via estabilização da gordura) do hambúrguer com ela preparado. As vantagens atribuídas à proteína de soja são: familiaridade com o ingrediente, facilidade de uso e qualidade nutricional, que contribuem com a aceitação por parte do consumidor. Assim como qualquer produto cárneo com baixo teor de gordura, o uso de proteínas derivada da soja requer cuidados maiores com a condimentação, o uso de tripofosfato, sal encapsulado, uso de proteínas vegetais hidrolizadas ou proteínas do leite hidrolizadas, estrato de carne para tornarem os produtos comparáveis aos que contém gorgura. Estudos revelam ainda que, alguns tipos de produtos a base de proteína de soja (proteína texturizada de soja) pode acelerara a deterioração por microrganismos reduzindo a vida de pratileira (Seminário e Workshop, 1998). 2.8.4 HAMBÚRGUER DEFUMADO CRÚ A carne de animais jovens é mais adequada à produção de produtos de bovinos defumados crus. Normalmente, só se usam as melhores partes do traseiro. As peças devem ser rapidamente resfriadas a +2ºC e então salgadas. A composição do sal é de 10kg de sal de cozinha, 250g de salitre (KNO3) e mais 400g de açúcar ou xarope de amido seco. O sabor pode ser melhorado pela a adição de vinho tinto. Após a salga, as peças são amarradas bem apertadas e cobertas com salmoura a 20%. Ocasionalmente, um extrato de pimenta ou manjerona pode ser adicionado à salmoura. O tempo de cura é de 14 dias. Para esse fim, as peças são colocados em prateleiras. Após maturação, as peças são colocadas em água fria durante 3 horas, moídas, embaladas em invólucros artificiais ou em bexigas e defumadas durante 3 dias a +18ºC (ITAL, 1978). 75 2.9 HAMBÚRGUER DE BODE O produto criado pela engenheira de alimentos Ana Sancha Malveira Batista, da Universidade Estadual do Vale do Acaraú e da Embrapa/Caprinos de Sobral (CE), chegou para reforçar uma linha que já conta com lingüiças e apresuntados, mas ainda é pouco conhecido pela população local (Pesquisadora desenvolve hambúrguer de bode, 1999). Na análise, foram levados em conta a composição química e a sanidade da carne de bode, verificando sabor, aroma, odor e textura, dentro dos padrões exigidos. “Constatamos um teor de gordura de 1,75% abaixo das carnes bovina e suína”, comemora Ana. O produto vem suprir a necessidade do “bom colesterol”, ou seja, com baixo teor de gordura e alto teor de polinsaturados. A carne é de fácil digestão e o produto dura até 180 dias em geladeira (Pesquisadora desenvolve hambúrguer de bode, 1999). Segundo a pesquisadora a produção do hambúrguer vai agregar valores aos cortes da carne caprina, consideradas de segunda na região, como costela e pescoço. O novo produto atingiu notas acima do esperado nas análises sensoriais realizada entre os alunos da própria universidade. Foram testados dois tipos de hambúrguers, com 100% de carne caprina e misturadas a 25% e 50% de carne bovina. De acordo com Ana, os casos obtiveram notas semelhantes, levando-se em conta sabor, sendo que a segunda opção teve pequena vantagem, por ter alcançado melhor textura (Pesquisadora desenvolve hambúrguer de bode, 1999). 2.10 ATUALIDADE A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e do Abastecimento acaba de aprovar as Instruções Normativas nº 20,21 e 22, publicadas no diário Oficial de 03/08/2000, Seção I, págs. 7 a 28, que instituem a novas regulamentação para os produtos industrializados cárneos. Ao todo, foram contemplados 25 produtos, cujas normas entraram em vigor a partir da data de sua 76 aprovação, no início de agosto (Aprovadas as normas técnicas para 25 produtos cárneos, 2000). Hambúrguer (Aprovadas as normas técnicas para 25 produtos cárneos, 2000): Ingredientes obrigatórios: Carne de diferentes espécies de animais de açougue. Ingredientes Opcionais: Gordura animal, gordura vegetal, água, sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó, açucares, maltodextrina, aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais, queijos, outros recheios. Nota; Permite-se, no limite máximo de 30%, a adição de carne mecanicamente separada, exclusivamente em hambúrguer cozido. Será permitida a adição de 4,0% (máx.) de proteína não cárnea de forma agregada. 2.11 DADOS DA EMPRESA Duas famílias de imigrantes italianos – os Ponzoni e os Brandalise – estabeleceram em 1934, em via das Perdizes, hoje a cidade de Videira, Santa Catarina, um pequeno negócio de secos e molhados, com nome de Ponzoni, Brandalise e Cia. Seu crescimento deu origem a um dos maiores complexos agroindustriais de todo o mundo – a Perdigão, nome escolhido pela abundância dessa ave (macho da Perdiz) na região (Perdigão, 2004). Diversificando seus negócios, a empresa iniciou, em 1939, suas atividades industriais através de um pequeno abatedouro e fabrica de produtos suínos. Em 1954, o espírito empreendedor de seus fundadores, levou a empresa a investir em avicultura. Localizada numa região caracterizada por um sistema fundiário de pequenas propriedades, a Perdigão implantou ali, ao longo dos anos, aliando a tecnologia da empresa ao trabalho sério e dedicado dos produtores. Esta importante 77 parceria busca um objetivo comum: a qualidade do processo, garantindo uma nova relação capital-trabalho (Perdigão, 2004). Em setembro de 1994, o controle acionário da Perdigão foi adquirido por um “pool” se fundo de pensão, ocasionado a implantação de uma gestão profissional que levou uma nova cultura empresarial e a um reposicionamento estratégico, orientados para a busca de resultados. Para tanto, a empresa passou por uma profunda reestruturação societária , financeira e administrativa, que deu origem a uma única empresa de capital aberto – Perdigão agroindustrial S.A. Como resultado desta profissionalização, a empresa recebeu vários prêmios, outorgaos pela Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capital (ABAMEC) e Bolsa de valores do Rio de Janeiro, pela transparência em sua gestão e qualidade de apresentação de seus objetivos e resultados ao mercado de capitais (Perdigão, 2004). O projeto de otimização das unidades industriais, implantado entre 1995 e 1999, aumentou a capacidade produtiva das fábricas em 50% e exigiu um investimento de 272 milhões de reais, o que possibilitou a Perdigão a elevar e diversificar rapidamente a oferta dos produtos, viabilizando uma atuação comercial mais arrojada. A empresa possui em Videira (SC), um novo moderno Centro de Tecnologia de Carnes, trabalhando na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos, voltados a atender a demanda constante do mercado pró alimentos de maior conveniência e qualidade (Perdigão, 2004). Dotada de uma vocação natural para o crescimento, a Perdigão, ao longo de sua história, consolidou uma significativa expansão industrial. Transpôs as fronteiras de Santa Catarina, incorporando e implantando unidades produtivas nos estados do Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, São Paula e Minas Gerais, transformando-se em um negócio que emprega mais de 20 mil funcionários e é constituídos por 13 unidades industriais de carnes, 2 de soja, 7 de fábricas de ração, 14 incubatórios e 21 centros de distribuição (Perdigão, 2004). 78 O maior investimento da Perdigão encontra-se na cidade de Rio Verde (GO), região Centro-Oeste do Brasil, uma das maiores produtoras de grãos do país, estrategicamente próxima do mercado emergente nacionais. A unidade é um dos maiores complexos agroindustriais do mundo e vem operando desde junho de 20000 (Perdigão, 2004). Atualmente, o novo complexo desconcentra a produção nas unidades do Sul e permite que estas passem a ficar mais focadas nas demasiadas do mercado internacional (Perdigão, 2004). 79 3 UNIDADE EXPERIMENTAL A parte experimental deste trabalho foi realizada na empresa Perdigão Agroindustrial S.A., no setor de Produção de Industrializados – conveniências de Hambúrguer, no período de março a junho de 2004. Os estudos realizados foram baseados na produção de hambúrguer e seu conseqüente reprocesso. 80 3.1 FLUXOGRAMA DE PROCESSAMENTO A seguir é mostrado o fluxograma do processo de produção do HBV. Recepção da M.P. Recepção da M.P. Recepção dos condimentos Estocagem Pesagem Estocagem Pesagem Detector de metais Pesagem Trituração Primeira moagem Dosagem da água Homogeneização Mistura Mistura dos condimentos Formação da emulsão Segunda moagem Pesagem Pesagem Temperatura da massa Formação Verificar placas Peso das peças Congelamento Expedição Classificação Estocagem Embalagem primária Detecção Embalagem Secundária Figura 2: Fluxograma do processo de elaboração do HBV 81 3.2 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS 3.2.1 ELABORAÇÃO DA EMULSÃO 3.2.1.1 Recepção e estocagem da matéria-prima A matéria-prima bovina (carne de terceira e gordura) é recebida na câmara de descongelamento procedente de frigoríficos da região sendo de boa procedência. A temperatura da matéria-prima na câmara de estocagem é de –11ºC. 3.2.1.2 Pesagem As matérias-primas que ficam na câmara fria, e os condimentos, são colocados em carrinhos (caçambas) e pesados separadamente em balança de piso, de acordo com a lista técnica. 3.2.1.3 Trituração e homogeinização Nesta etapa são colocadas matérias-primas (carne e gordura bovina, água) e aditivos (proteína de soja micronizada e antioxidante) no cutter (possui uma navalha de 4 pontas) de trituração com as navalhas ligadas com velocidade baixa, conforme a lista técnica. Em seguida as navalhas são acionadas em máxima velocidade até picar de forma que não se note pedaços, completando a emulsão. O ponto final de trituração se estabelece quando a emulsão adquire aspecto homogêneo, que é verificado visualmente pelo operador. No final da trituração/homogeinização a emulsão é colocada em caçambas e encaminhada para a sala de formação. 82 3.2.2 PREPARO DO TEMPERO 3.2.2.1 Recepção, estocagem e pesagem doscondimentos Os condimentos (sal, alho em pó, pimenta branca, realçador de sabor – glutamato monossódico, corante natural urucum, antioxidante BHT e BHA, proteína de soja texturizada caramelo) são recebidos do DMS (depósito de material seco), colocados na sala de embalagem, e levados em carrinhos para a sala de condimentos. Em seguida os sacos com os condimentos, são pesados e identificados. 3.2.2.2 Dosagem e mistura O registro da água é aberto e a mesma cai em uma caçamba a água é pesada e misturada com o antioxidante, depois é colocada no misturador de condimentos juntamente com os condimentos (pimenta branca, urucum, sal, eritorbato de sódio, glutamato monossódico e antioxidante) e proteína texturizada de soja que já estavam pesados. São homegeinizados até a completa absorção da água pela proteína texturizada de soja. 3.2.3 TRITURAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA A carne de recorte (quando não tiver esta carne pode ser lombinho, diafragma ou carne de terceira), gordura, cebola, coxa B e CMS congelados - todos provenientes da câmara de congelamento - são desembalados e pesados. Caso falte ainda o peso a carne congelada é cortada em serra elétrica (semelhante figura abaixo, figura 3) e são colocados na esteira que encaminha as matérias-primas para a primeira moagem que possui detector de metais. O triturador possui navalhas de quatro pontas e furos de 18 a 22mm. 83 Fonte: www.fileservice.com.br/serras/htm, (2004) Figura 3 – Serra fita P/05.2,82 IN/CM.M 3.2.4 MISTURA Mistura-se a emulsão, proveniente da sala de massa; o condimento e proteína de soja, proveniente da sala de condimentos; e as matérias-primas trituradas por 25-40 segundos (depende da temperatura da massa) em misturador que possui navalhas de quatro pontas que misturam tanto do lado esquerdo quanto do lado esquerdo. Logo após, faz-se a 2ª moagem (disco de 05mm) a temperatura da massa tem que estar de –2 a –5ºC para ir para a formadora. É transportada através do “caracol” para as formadoras. 84 3.2.5 3.2.5.1 FORMAÇÃO, EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO Formação As peças são formadas em equipamento próprio (Formax - F26). Quando a massa é colocada na máquina, existe um rotor que alimenta a placa de formação; os canecos, que possuem o formato do produto assim como a placa. Movida a sistema hidráulico e esteira em aço inox, com figura abaixo. Nestes equipamentos a massa é comprimida através de um pistão e molde, dá-se a forma final ao produto. O hambúrguer é pesado de 30 em 30 minutos para verificar se está dentro do padrão. As placas possuem espessura de 6.5 a 7,3mm e diâmetro de 97,4 – 98,4mm. Fonte: www.sampafi.com.br, (2004). Figura 4: Formadora de Hambúrguer Mod. SPF 200 85 3.2.5.2 Congelamento Em seguida, os hambúrguers são levados por uma esteira transportadora para o giro-freezer e giram durante 30 minutos dentro do mesmo atingindo a temperatura padrão para o produto. A temperatura do giro-freezer tem que estar – 37ºC abaixo. O produto entra em média com uma temperatura de 2 a 4ºC, e sai com uma temperatura de –18ºC. O tempo de congelamento pode ser controlado pela velocidade da esteira (maior ou menor, conforme a temperatura de saída desejada para o produto). 3.2.5.3 Classificação Após congelamento, o produto que cai através de um “tubogan” para a embalagem primária. Os mesmos são colocados nas máquinas de embalar pelos manipuladores, onde os mesmos selecionam o produto retirando os mal-formados. 3.2.5.4 Embalagem primária As peças são encaminhadas para equipamento próprio (ULMASpor abastecedores para serem embaladas uma a uma em embalagem com duas unidades de HBV em filme de PEBD (polietileno de baixa densidade) 3.2.5.5 Detecção Depois caem em esteiras na embalagem secundária onde são separadas manualmente. As peças passam por um detector que acusa se há presença de metais no produto e/ou se o produto está em temperatura mais alta. 3.2.5.6 Embalagem Secundária 86 Depois as peças embaladas são encaixotadas manualmente em caixas de papelão ondulado, colocando-se 36 peças de hambúrguers em cada caixa. 3.2.5.7 Estocagem e Expedição Após a embalagem, as caixas são destinadas à paletização (pallet de plástico), são mantidos em câmaras de congelamento e após autorização do controle de qualidade vão para o comércio através de caminhões com sistema de refrigeração 3.3 INSPEÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE Para garantir um produto de boa qualidade, é realizado um controle sistemático em cada etapa do processamento. De acordo com o Ministério da Agricultura e o Serviço de Inspeção Federal (SIF), os procedimentos de controle e inspeção devem ser feitos a partir da matéria-prima até o produto acabado. Os padrões dos produtos são dados da empresa, que são inspecionados pelo SIF para garantir que o consumidor não seja lesado. 3.3.1 INSPEÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA A matéria-prima é inspecionada no abate e corte e quando chega na área de industrialização é feita uma reinspeção da mesma, onde são analisadas: • Condições sensoriais: - Cor: característica; - Textura: característica; - Odor: característico. • .Condições de armazenamento: 87 - Higiene dos contentores; - Paletização (pallet deve ser de plástico, já que os pallets de madeira absorvem umidade gerando risco de contaminação); - Identificação; - Temperatura da matéria-prima: máximo 7ºC (CMS) para emulsão e – 23 a -10ºC abaixo para o restante da matéria-prima - Temperatura da câmara fria: 0 a 5ºC. - Temperatura da câmara de congelamento: -11ºc abaixo. 3.3.2 INSPEÇÃO NA ELABORAÇÃO DA MASSA • Limpeza adequada de pisos, portas, paredes, luminárias, carrinhos e máquinas da sala de massa. A limpeza deve ser feita a seco durante a produção e, somente quando houver parada, pode-se utilizar água. Durante a higienização não pode ser utilizado desinfetante aromático para evitar que o cheiro se agregue ao produto. • Temperaturas: - Massa: -2 a –5ºC - Sala: 12 a 17 ºC - Giro-freezer: mínima –30ºC; - Peça congelada : mínima – 18ºC. • Peço das peças: - Formadas: 56,0 – 56,60g; - Congelada: 56.0 – 56.6g. 88 3.3.3 INSPEÇÃO NAS EMBALAGENS • Limpeza adequada de pisos, portas, paredes, luminárias, carrinhos e máquinas da embalagem. A limpeza deve se feita a seco durante a produção e, somente quando houver parada, pode-se utilizar água. Durante a higienização não pode ser utlilizado desinfetante aromático; • Condições de armazenamento e estocagem das embalagens, condições de uso (sem danificação, adequação da embalagem primária com a secundária, ou seja a rotulagem deve estar de acordo); • Rotulagem obrigatória: - Denominação de venda do alimento; - Lista de ingredientes; - Conteúdo líquido; - Identificação da origem; - Identificação do lote; - Data de Validade; - Instruções sobre o uso e preparo dos alimentos, quando apropriado. • 3.3.4 Temperatura da peça: mínima –18ºC. INSPEÇÃO NAS EMBALAGENS E EXPEDIÇÃO • Paletização: pallet de plástico; • Identificação; 89 • Temperaturas: - Estocagem: mínima –18ºC; - Refrigeração dos caminhões: mínima –18ºC. 3.3.5 CONTROLE DE QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA As análises da matéria-prima são feitas de acordo com as exigências da legislação: • Análises físico-química: - Mineral: 0.3 a 0.8g/100g; - Gordura: 15 a 20g/100g; - Proteína bruta: 12 a 16g/100g; - pH: 6.4 a 6,9; - Teor de ossos: 0 a 0.3g/100g. • Análises Microbiológicas: - Salmonella: ausência; - Staphloccus áureos: máximo 100 ufc/g; - Clostridium: máximo 50ufc/g; - Contagem total de placa: máximo 300 000 ufc; - Contagem fecais: máximo 300ufc; - Contagem total: máximo 1000ufc/g. 90 3.3.6 CONTROLE DE QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO As análises do produto são feitas de acordo com as exigências da legislação: • Análises físico-química: - Mineral: 2 a 3g/100g; - Lipídeos: 9 a 13g/100g; - Proteína bruta: 165 a 22g/100g; - pH : 6,4 a 6,8; - gordura: 15 a 22; • Análises microbiológicos: - Salmonella: ausência; - Staphloccus áureos: 1000 ufc ; - Clostridium: 500 ufc ; - Contagem total de placa: 900.000; - Contagem fecais: 500 ufc; - Contagem total: 4000 ufc. • Análise sensoriais: - Cor e forma: característicos; - Sabor e odor: característicos; - Consistência: característica; 91 - Sujidades e material estranho: inerte. 92 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Problemas e falhas operacionais como alta temperatura do giro-freezer, vazamento de massa provocado pelo desgaste da máquina, erros de manipulação pessoal, temperatura da massa que vai para a formadora, problemas no giro-freezer e nas placas de formação durante o processamento causam defeitos nas peças, problemas nas máquinas de embalar (ULMAS) e nas máquinas de carimbar (Willite), tendo como conseqüências: má formação, alta temperatura, peso inadequado, acúmulo de hambúrguers nas calhas da embalagem primária, amolecimento do produto, tudo isso gerando REPROCESSO. Há a ocorrência de situações onde matéria-prima,ingredientes, peças, emulsão e massa, passam por situações onde houve risco de contaminação como peças que caem no chão ou matéria-prima com coloração descaracterizada. Estes, além dos resíduos gerados no processo, são encaminhadas para a fábrica de subprodutos onde são transformados em ração animal. Durante a etapa de embalagem primária estava havendo muita queda do produto no chão ocorrendo muita perda. Foi sugerido a diminuição do “tubogan” por onde desce o HBV a ser embalado. O rendimento do processo se dá numa relação entre o peso de tudo que é utilizado para produzir (matéria-prima, condimentos, emulsão aos pesos de reprocesso) que é chamado de peso verde, com o peso do produto acabado, como é indicado na equação 1. 93 Equação 1: Rendimento do processo de produção do HBV R = Pv/Pax100%, onde Pv é o peso verde e Pa é o peso acabado. A matéria-prima é estocada em câmara fria (0 a 5ºC) e codificada para evitar trocas. Se a temperatura estiver fora da faixa, a matéria-prima é analisada sensorialmente para verificar se está em condições de uso, caso esteja, a mesma volta para a câmara fria para que atinja a temperatura desejada. Também é observada a presença de matérias estranhas, ossos e cartilagens na matéria-prima, caso for observado é feita ocorrência. A pesagem é realizada de maneira correta, além da aferição das balanças, para que os componentes da emulsão estejam com aspecto ideal, evitando que fique muito gordurosa ou com excesso de proteínas acarretado a quebra da estabilidade da emulsão. A pesagem é realizada pelos operadores e acompanhada por um apontador, que aponta (anota) e confere o peso de todas as matérias-primas utilizadas e anota a substituição de uma matéria-prima que esteja faltando por outra similar. As facas estão devidamente afiadas para evitar que fiquem pedaços de dimensão maior, causando um desequilíbrio das partículas e, conseqüentemente, uma emulsão heterogênea. O aspecto homogêneo da emulsão é verificado por pessoal treinado e capacitado. A carne utilizada na emulsão é carne de 3ª por possuir um menor custo, utiliza-se matéria-prima semi-congelada e gelo para que não haja um grande aumento de temperatura, provocada pela ação do cutter. O gelo tem a função de absorver o calor adicional fundindo-se, auxiliando também na dissolução dos ingredientes, lubrificação da massa da carne e reduzindo o custo do produto. Se a mistura atingir uma temperatura alta a emulsão pode romper-se, causando a separação da gordura durante esta fase. A gordura utilizada na emulsão é de boa qualidade (boa conservação, cor, odor, sabor e consistência), pois gorduras duras e velhas tendem a produzir textura granulosa e sabor desagradável. A gordura também 94 ajuda na estabilidade e maciez do produto. E a quantidade utilizada não afeta na qualidade do produto e esta dentro do padrão estabelecido. Segundo Price e Schweigert (1994), um procedimento típico para a formação de emulsão em uma trituradora começa com a adição de uma carne magra, rica em proteínas miofibrilares. Acrescentando depois o sal. Inicia o picado, mantendo a temperatura abaixo de 3ºC. Coloca também água ou gelo e a desintegração continua até alcançar uma temperatura de 7ºC. Neste instante, é acrescentado a água ou gelo restante, permitindo que se absorva, depois é colocase carne gorda junto com o resto dos ingredientes. A mistura continua até alcançar uma temperatura de 13-18ºC, este mesmo procedimento ocorre na produção de HBV na perdigão, mas a adição do sal é somente na mistura final da massa. A lecitina de soja presente na proteína isolada micronizada é utilizada na emulsão por possuir grande poder emulsionante e de dar liga. A proteína de soja além de diminuir os custos, contribui na estabilidade, rendimento, sabor, fatiabilidade do produto, nutrição e retém os líquidos livres. O uso deste agente ligante se deve pelo fato de possuir baixo custo, grande quantidade no mercado, e em quantidades adequadas não afetar nos aspectos sensoriais. A uso de proteína de soja está dentro do limite estabelecido. A ação do cutter facilita a solubilização das proteínas. As proteínas assim solubilizadas envolvem as gotículas de gordura e ligam-se a água. Os condimentos são estocados em ambiente seco e codificado par evitar trocas. A pesagem é realizada na sala de condimentos de maneira criteriosa, pois erros na pesagem podem acarretar problemas sensoriais como sabor muito salgado ou odor exagerado de algum ingrediente ou ainda falta de algum deles. A água utilizada é pesada de maneira criteriosa para que não comprometa no rendimento final do produto acabado, sendo que os outros ingredientes utilizados já estão pesados. 95 A proteína texturizada de soja caramelo utilizada, tem a função principal a capacidade de retenção de água, emulsionar gordura e reduzir custos de formulação. Seu uso se deve aos fatores mensionados na emulsão e em substituir parcialmente a carne, sendo que a carne possui um elevado custo. Seu uso resulta em sabor menos intenso e textura mais adequada. A proteína de soja também diminui a oxidação lipídica e a descoloração, características citadas por Pardi (2001) e ITAL (1981). A água é utilizada para solubilizar a proteína texturizada de soja e diluir os condimentos sendo que o tempo de mistura (por volta de 10 minutos) é fundamental para esta solubilização, e textura adequada da massa para a formação do HBV. A PTS tem que ser hidratada com água por uns 10 minutos ante de ser misturada e triturada com os ingredietes (ITAL, 1978) O tripofosfato utilizado pela sua característica de higrospicidade, capacidade emulsificante, entre outros. Este é muito utilizado em produtos cárneos pelo baixo pH (9,6), pois diz Aguirre (1999) os fosfatos alcalinos tem a função de aumentar a força de ligação e retenção de água que é fundamental para boa estabilidade do produto final. Os fosfatos em geral têm a função de aumentar a força de ligação e retenção de água, auxiliando na absorção da água pela proteína. Reduz a perda de água durante o cozimento e congelamento, melhora digestão, cor, sabor e consistência dos produtos. Aumenta a vida de pratileira e gera maciez ao produto entre outros fatores. Também reduz a viscosidade facilitando o trabalho das máquinas. O glutamato monossódico potencia o sabor natural da carne, dando seu sabor característicos principalmente os ricos em proteínas. O corante natural urucum é utilizado por conferir cor, característica importante do ponto de vista comercial, possuir boa estabilidade e baixo custo. O antioxidante é adicionado na água para sua melhor homogeinidade na mistura é utilizado para retardar e ou prevenir a oxidação tendo as mesmas funções mensionadas na emulsão. 96 O sal, está presente por razões tecnológicas e sensoriais, tem como função conservar e conferir cor ao produto, tendo efeito bacteriostático. Utilizado em concentração adequada auxilia na solubilização das proteínas. Também é um agente emulsionante aos quais envolvem as partículas de gordura e ligam à água. O alho (utilizado em pó) além de conferir sabor e aroma ao produto, inibem também o efeito enzimático das bactérias. E a pimenta branca proporciona um melhor sabor e aroma ao produto. O tempo de mistura e a dosagem correta dos componentes do tempero são essenciais para que se obtenha uma ótima massa para a formação e aceitabilidade do HBV. A pesagem dos componentes da massa é realizado de maneira correta, de acordo com a lista técnica, sendo conferidos pelo apontador que lanças os pesos no computador para que no final do dia faça o rendimento final. É feita em balança de piso, nesta etapa é importante a aferição das balanças para evitar erros que resulta em produtos fora do padrão e erros no rendimento. As matérias-primas (cebola, carne bovina, gordura,CMS) devem ser trituradas congeladas para melhor formação e homogeneização do produto. O tempo de homogeinização é um fator crítico para que a massa saia com a temperatura ideal (-2 a –5) para a formação do produto. A carne de recorte, que pode ser substituída por lombinho ou diafragma quando esta estiver em falta, possui um maior efeito ligador, uma maior retenção de umidade, maior suavidade, maior rendimento e rentabilidade; menor custo não comprometendo a qualidade do produto. A gordura utilizada possui um bom estado de conservação, cor, aroma, sabor e consistência. Gera maciez e boa aparência ao produto, também diminui o custo do produto. 97 A cebola utilizada congelada, além de conferir sabor e aroma ao produto, inibem também o efeito enzimático das bactérias. A CMS avícola é usada pela sua alta conveniência econômica, aliada a sua qualidade satisfatória e facilidade de obtenção (matéria-prima da Perdigão), não deve possuir partícula óssea. A adição de CMS beneficia uma grande parte da população pelo seu teor considerável em cálcio e ferro, a alta capacidade de retenção de água. Também o pH mais baixo que a CMS desossada manualmente e auxilia na emulsificação da mistura. Aumenta o rendimento, a qualidade e confere cor. E não é notada uma considerável mudança na cor e sabor do produto com a sua utilização, tornado o produto mais macio e suculento. A trituração se faz pela necessidade de romper o tecido conectivo, utilizase uma carne de boa qualidade obtendo um menor teor de tecido conectivo.O processo é importante na extração das proteínas solúveis com sal e isto permite aos componentes da mescla de carne unir-se entre si.Esta operação deve assegurar um moído ótimo dos tecidos muscular, conectivo e adiposo, assim como uma dispersão uniforme da gordura. Os moedores emulsificadores com vácuo ajuda a melhorar a estabilidade da cor assim como a retardar a oxidação das gorduras nos produtos. Este equipamento separa o excesso de tecido conectivo, que é eliminado. Especial atenção é considerada ao serem desembaladas matérias-primas congeladas para trituração. Pois pode ocorrer o risco de irem pedaços de plásticos para o produto final. O nível de redução das partículas tem grande influência sobre as características estruturais e de textura dos produtos, e se tem demonstrado que é um fator determinante na qualidade do produto final. A redução de tamanho melhora a textura , sabor e rugosidade. Muito cuidado é tomado ao desembalar as matérias-primas para que não haja pedaços de plástico no produto final. 98 As máquinas de formação do HBV (Formax 26) devem estar bem reguladas, os canecos que dão o formato ao produto precisam estar perfeitamente adequados à placa de formação para que peça saia sem deformações. A elaboração à alta velocidade pode dar lugar a uma aparência defeituosa devido aos desgarros das placas, tendo que reprocesar este produto. O peso das peças é controlado, onde de 30 em 30 minutos são retirados 10 peças da esteira da formadora são pesados e anotados em planilha. O vazamento de massa nas máquinas (retrabalho) devido ao desgaste das mesmas é voltado para a formadora ou para mistura da massa, conseqüentemente aumenta a temperatura da massa, gerando então, peças mal formadas com rebarbas, tendo que operador diminuir a pressão da máquina. Também quando há parada da máquina fica resto de massa dentro da formadora que amolece e provoca mal formação do produto. A massa muito congelada e formadora com pressão desregulada provoca também má formação, as placas cortam as peças. Uma opção nesta situação é diminuir a velocidade de batida/minuto não causando corte do produto até atingir a temperatura ideal do produto. Todas essas falhas operacionais provocam REPROCESSO das peças formadas. A temperatura das peças (mínima de –18ºC), é controlada em amostras de 10peças retiradas numa freqüência de 30 minutos, e as temperaturas anotadas. As peças que não atingem a temperatura serão reprocessadas. Caso a temperatura não estabilize, é parada a produção até que o giro-freezer atinja a temperatura ideal, para que o produto não perda a qualidade e aceitação do consumidor. Falhas nesta etapa levam à comercialização de produtos não conformes, gerando reclamações, devoluções, problemas com a fiscalização devido a peso menor do que o indicado, lesando o consumidor. A embalagem primária é a comercializada para o consumidor final. Contém no rótulo, nome do produto, ingredientes, conteúdo líquido, identificações da origem e do lote, data de validade e modo de preparo. 99 É utilizado o PEBD devido ao seu baixo custo, transparência, facilidade de termossoldagem (onde na embalagem do HBV é soldado em três partes na embaladora) e excelente barreira a água, mas não é boa barreira ao oxigênio e às gorduras. Nesta etapa é tomado o cuidado com a temperatura das mordaças que selam a embalagem, para que não saem embalagem abertas separadas, sendo que os HBVs são embalados dois a dois e, também é tomado o cuidado para que as mordaças não corte o produto. A data de fabricação para que não saia errada, e tinta da Willit (carimbagem) para que não borre o produto é um fator importante. Por isso o operador tem que conferir diariamente a densidade a tinta observando quando é necessário a adição de diluente, e a posição da Willit para que a data de validade esteja em posição certa. A temperatura abaixo do padrão dificulta a embalagem atrasando a produção do produção. Ocorrendo estas falhas operacionais gera perda de embalagem e REPROCESSO do produto cortado ou embalado incorretamente. Parada das máquinas de embalar (ULMAS) provoca acumulação das peças nas calhas ficando estas amolecidas consequentemente essas peças voltam para serem reprocessadas. A embalagem secundária é importante para a proteção das embalagens primárias, para facilitar o armazenamento e o transporte do produto. Os dizeres desta embalagem identificam o produto facilitando a comercialização evitando trocas. Também informações de empilhamento estão descritas nesta embalagem para evitar deformações do produto. O empilhamento é realizado em pallet de plástico evitando o de madeira pois, o mesmo absorve umidade; a carga máxima não pode ser ultrapassada para não ocorrer deformações das embalagens. A temperatura mínima de estocagem e dos caminhões transportadores (-18ºC) não pode ser ultrapassada para evitar aumento da temperatura do produto, fazendo com que o mesmo fique com o aspecto mole, aumentando o risco de contaminação. 100 Pelo motivo da grande quantidade de HBVs que estavam sendo reprocessados foi montado um Comitê, que estavam envolvidos técnicos, supervisores da área, operadores das máquinas, abastecedores das máquinas e membro da manutenção das máquinas. Este comitê tem o objetivo de achar as causas e priorizá-las, procurando com isso diminuir o reprocesso o comitê está em andamento. O reprocesso provoca desperdício de tempo, diminuição e atraso da produção e também diminui a qualidade do produto, devido da perda de temperatura e mudança na formulação pois é adicionada uma nova quantidade de massa na mistura. Está mostrado no apêndice 1 a quantidade de reprocesso e a produção nos meses de março, abril e parcialmente de maio. São abordados abaixo os problemas que causam o reprocesso: 1) Vazamento de massa nas formadoras; 2) Pressão das formadoras; 3) Temperatura da massa/massa fora do padrão; 4) Falha operacional; 5) Falta de peça (original) para a reposição das máquinas; 6) Regulagem das máquinas; 7) Peças cortadas nas máquinas de embalar; 8) Pacotes abertos (filmes grossos ou finos); 9) Quebra da máquina de embalagem; 10) Muita massa colocada na formadora; 101 11) Falhas nas Willit (máquina de carimbar); 12) Treinamento de funcionários; 13) Condimento mal misturado; 14) Tempo de mistura da massa; 15) Matéria-prima fora do padrão; 16) Temperatura de saída do giro-freezer. Foi decido separar e pesar hambúrguers mal formados, cortados e com temperatura abaixo do padrão. As médias dos dias pesados foram os seguintes: • Primeiro turno: - HBVs cortados = 184,75 - HBVs mal formados = 294,50 - HBVs com temperatura abaixo do padrão = 226,40. • Segundo turno: - HBVs cortados = 91,5 - HBVs mal formados = 292,115 - HBVs com temperatura abaixo do padrão = 110,5. Ao problemas priorizados foram, sendo estes os que causam hambúrguers: 1) Temperatura da massa que entra na formadora; 2) Muita massa na formadora; 102 3) Vazamento de massa nas formadoras; 4) Parada da Willit; 5) Parada das ULMAS (máquinas de embalar). Causas dos problemas priorizados foram os seguintes: I. Temperatura da massa: - Tempo de mistura da massa; - Muito retrabalho nas formadoras; - Muito reprocesso da embalagem; - Matéria-prima fora do padrão; - Para das formadoras. II. Formadora muita cheia de massa: - Operacional, - Caracol que leva produto para F26; III. Vazamento de massa: - Desgaste das máquinas; - Falta de peças originais das máquinas; - Falta de manutenção preventiva. IV. Pacotes abertos (ULMAS): - Problemas com a densidade de filme; 103 - Temperatura das mordaças; - Mordaça desregulada; - Passe onde o HBV é colocado fora do ponto. V. Problemas com a Willet : - Falhas; - Borrados; - Cabeçote sujo; - Falta de manutenção preventiva. Todas essas causas serão sugeridas soluções e será aplicado o ciclo PDCA até resolvê-los. Os resultados em números estão em apêndice. 104 4.1 LEVANTAMENTO DE RISCOS POR POSTO DE TRABALHO Tabela 6 – Levantamento de riscos por posto de trabalho. Posto de Trabalho Sala de apontamento do HBV Sala de massa do HBV Ruído Ruído Limite dB (A) 87.0 85.0 91.6 85.0 Sala de formação do HBV 91.6 85.0 Embalagem primária do HBV Embalagem secundária do HBV 92.6 85.0 85.5 85.0 Iluminância Temperatura Iluminação Limite Temperatura Limite (lux) IBUTG 125 200 16.0 (+12 a +17) 164 200 15.4 (+12 a +17) 314 200 14.7 (+12 a +17) 268 200 15.0 (+12 a +17) 343 200 14.8 (+12 a +17) A umidade relativa do ar (UR) e a velocidade do ar das câmaras frias não são medidas ainda. Somente as salas de embalagens estão com a iluminação dentro limite aceitável e não também condiz com a literatura mensionada (ITAL,1978) que é de 350 a 500 lux. Em todos os postos de trabalho a temperatura e o ruído está aceitável. 105 5 CONCLUSÃO Conclui-se que elaboração do HBV é um processo relativamente simples, onde toda a matéria-prima é sujeita à trituração ficando em pequenas partes de forma que não note pedaços, e que misturados aos ingredientes, formam um sistema homogêneo por ação puramente mecânica sem adição de agentes emulsionantes. O diâmetro dos discos de moagem e o tempo de mistura são fundamentais para uma boa homogeinidade da massa e temperatura ideal para a formação do HBV. Exige na elaboração do hambúrguer uma especial atenção em todo o processo e treinamento adequado dos funcionários na operação das máquinas e produção do produto. Por se tratar de carne, um produto de alta perecibilidade, é importante o estabelecimento de parâmetros de controle de qualidade como temperatura, higienização das máquinas e materiais envolvidos, características físico-química, microbiológicas e sensoriais da matéria-prima utilizadas. Além disso, é imprescindível que haja controle em cada etapa do processo evitando riscos de contaminação, garantindo que o produto final seja de boa qualidade não colocando em risco a integridade do consumidor, que vai consumir um produto saudável, nutritivo pelo grande teor de proteínas. A adição de matérias-primas e ingredientes de baixo custo torna o produto mais viável economicamente, sendo que, o hambúrguer é bastante popular, bem acessível ao consumidor, saboroso e prático pela rapidez de sua preparação. Essas matérias-primas aumentam o teor nutritivo (proteína de soja) e mineral (CMS) do 106 produto. Também pode ser utilizada outras matérias-primas para reduzir o teor de gordura atendo qualquer parcela da população. A diminuição do reprocesso está em estudo, pela necessidade de implantação de melhorias contínuas, sendo que a redução dos custos e o aumento da produção resultam em benefícios para as grandes empresas, são de extrema importância, principalmente a partir do momento que estes benefícios comecem a gerar lucros. Notando que a comunicação, treinamento dos funcionários e funcionários mais qualificados auxiliariam bastante na diminuição do reprocesso. Sendo que a cominuição do reprocesso reduziria também a perda de embalagem primária, que incorpora m custo relativamente alto comparando com todo o custo processo. Com isso será aplicado o ciclo PDCA para solucionar a não conformidade presente. 107 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Jeanice; CALIL, Ricardo. Aditivos nos alimentos. 1 ed. São Paulo: Varela, 1999. 140p. AGUIRRE, Sara E. Ingredientes que aumentan la capacidad de retencíon de agua en productos cárnicos. 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DEFINIÇÃO: Entende-se por Hambúrguer (Hambúrger) o produto cárneo industrializado obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. 2.2. CLASSIFICAÇÃO: Trata-se de um produto cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou resfriado. 2.3. DESIGNAÇÃO: (Denominação de Venda) O produto será designado de Hambúrguer ou Hamburger, seguido do nome da espécie animal, acrescido ou não de recheio, seguido das expressões que couberem. 114 Exemplos: Hambúrguer de Carne Bovina ou Hambúrguer de Bovino, Hambúrguer de Carne Suína ou Hambúrguer de Suíno, Hambúrguer de Carne de Peru ou Hambúrguer de Peru, Hambúrguer de Carne de Frango ou Hambúrguer de Frango, Hambúrguer de Carne Bovina com Queijo ou Hamburguer de Bovino com Queijo, Outros 3. COMPOSIÇÃO E REQUISITOS 3.1. COMPOSIÇÃO: 3.1.1. Ingredientes Obrigatórios: Carne de diferentes espécies de animais de açougue. 3.1.2. Ingredientes Opcionais: Gordura animal Gordura vegetal Água Sal Proteínas de origem animal e/ou vegetal Leite em pó Açúcares Malto dextrina Aditivos intencionais 115 Condimentos, aromas e especiarias. Queijos Outros recheios Nota: somente no hambúrguer cozido, será permitido a adição de carne mecanicamente separada, no limite máximo de 30%. Será permitida a adição de até 4,0 % (max.) de proteína não cárnica na forma agregada. 3.2. REQUISITOS: 3.2.1. Características Sensoriais: São estabelecidos de acordo com o processo de obtenção. 3.2.1.1 Textura: Característica 3.2.1.2. Cor: Característica 3.2.1.3. Sabor: Característico 3.2.1.4. Odor: Característico 3.2.2. Características Físico-Químicas: Gordura (máx.) - 23% Proteína (mín.) - 15% Carboidratos totais - 3 % Teor de cálcio (máx. base seca)- 0,1% em hambúrguer cru 0,45% em hambúrguer cozido 3.2.3. Acondicionamento: 116 O hambúrguer deverá ser embalado com materiais adequados para as condições de armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada. 4. ADITIVOS E COADJUVANTES DE TECNOLOGIA/ELABORAÇÃO DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO VIGENTE. 5. CONTAMINANTES Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não deverão estar presentes em quantidades superiores aos limites estabelecidos no regulamento vigente. 6. HIGIENE 6.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS: 6.1.1. As práticas de higiene para a elaboração do produto estarão de acordo com o estabelecido no "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para os Produtos Cárneos Elaborados" {(Ref. CAC/RCP 13 -1976 (rev. 1, 1985)} do "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para a Carne Fresca" {(CAC/RCP 11 -1976 (rev. 1,1993)}, do "Código Internacional Recomendado de Práticas - P'rincípios Gerais de Higiene dos Alimentos" {(Ref.: CAC/RCP 1 - 1969 (rev. 2 - 1985)} - Ref. Codex Alimentarius, vol. 10, 1994. Portaria nº 368, de 04/09/97 - Regulamento Técnico sobre as Condições HigiênicoSanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores / Industrializadores de Alimentos- Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Brasil. 6.1.2. Toda a carne usada para elaboração de Hambúrguer deverá ter sido submetida aos processos de inspeção prescritos na Lei estadual 11.904 de 09 de Fevereiro de 1993, regulamentada pelo Decreto 4.019 de 09 de julho de 1993. 6.2. CRITÉRIOS MACROSCÓPICOS/MICROSCÓPICOS: 117 O produto não deverá conter materiais estranhos ao processo de industrialização. 6.3. CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS: Aplica-se a legislação vigente. 7. PESOS E MEDIDAS: Aplica-se o regulamento vigente. 8. ROTULAGEM: Aplica-se o regulamento vigente (Portaria n0 371, de 04/09/97 Regulamento Técnico para Rotulagem de Alimentos Embalados - Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Brasil). 9. MÉTODOS DE ANÁLISES: Instrução Normativa n º 20, de 21 de Julho de 1999, publicada no Diário Oficial da União, de 09/09/99 - Métodos Analíticos Físico-Químicos para Controle de Produtos Cárneos e seus Ingredientes - Sal e Salmoura SDA - Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Brasil. 10. AMOSTRAGEM: Seguem-se os procedimentos recomendados na norma vigente. 118 ANEXO 2 - REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE CARNE MECANICAMENTE SEPARADA (CMS) DE AVES, BOVINOS E SUÍNOS. 1. ALCANCE 1.1. OBJETIVO: Estabelecer a identidade e requisitos mínimos de qualidade que deverá obedecer o produto Carne Mecanicamente Separada (CMS) para utilização em produtos cárneos. 1.2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO: O presente Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade, descreve os procedimentos utilizados para a separação mecânica da carne crua de aves, bovinos e suínos, de ossos, carcaças ou partes de carcaças e indica ainda as condições de estocagem e manipulação das matérias primas, bem como da carne mecanicamente separada. Indica-se ainda a composição básica da carne mecanicamente separada que será destinada a elaboração de produtos cárneos industrializados cozidos específicos. 2. DESCRIÇÃO 2.1. DEFINIÇÃO: Entende-se por Carne Mecanicamente Separada (CMS) a carne obtida por processo mecânico de moagem e separação de ossos de animais de açougue, destinada a elaboração de produtos cárneos específicos. 2.2. CLASSIFICAÇÃO: Trata-se de um Produto Resfriado ou Congelado. 2.3. DESIGNAÇÃO: (Denominação de Venda) 119 O produto será designado de Carne Mecanicamente Separada (CMS), seguido do nome da espécie animal que o caracterize. Ex.: Carne Mecanicamente Separada de Ave Carne Mecanicamente Separada de Bovino Carne Mecanicamente Separada de Suíno 3. COMPOSIÇÃO E REQUISITOS 3.1. COMPOSIÇÃO: serão utilizadas unicamente ossos, carcaças ou partes de carcaças de animais de açougue (Aves, Bovinos e Suínos), que tenham sido aprovados para consumo humano pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) e SIE (Serviço de Inspeção Estadual). Não poderão ser utilizadas cabeças, pés e patas. 3.1.1. INGREDIENTE OBRIGATÓRIO: Carne. 3.1.2. Ingredientes Opcionais: ausente. 3.2. REQUISITOS: 3.2.1. Tratamento dos Ossos antes da Separação Mecânica: para a conservação e ou transporte de ossos, carcaças ou partes de carcaças, serão adotadas relações de tempo/temperatura que assegurem as características de qualidade para posterior utilização na separação mecânica. 3.2.2. Conservação dos Ossos, Carcaças e Partes de Carcaças: - Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperatura até 10ºC e separar mecanicamente em um prazo não superior a 5 horas. - Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperatura de até + 4ºC e separar mecanicamente em um prazo não superior a 24 horas. - Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperaturas de até 0ºC e separar mecanicamente em um prazo não superior a 48 horas. 120 Nota: Deve-se monitorar a temperatura ao longo do tempo de armazenagem antes da separação. 3.2.3. Processo de Separação Mecânica: O processo de separação mecânica se efetuará de maneira que os ossos, as carcaças e partes de carcaças, não se acumulem na sala de separação. A carne mecanicamente separada deverá seguir imediatamente para refrigeração ou congelamento. A sala de separação mecânica deverá ser exclusiva para tal finalidade. A temperatura da sala não deverá ser superior a +10ºC. 3.2.4. Conservação da Carne Mecanicamente Separada: a) Se a carne mecanicamente separada não for utilizada diretamente como ingrediente de um produto cárneo logo após o processo de separação mecânica, a mesma deverá ser refrigerada a uma temperatura não superior a + 4ºC por no máximo de 24 horas. b) Se a carne mecanicamente separada for armazenada no máximo até 0ºC poderá ser utilizada em até 72 horas após sua obtenção. c) A carne mecanicamente separada que for congelada, deverá ser em blocos com espessura máxima de 15 cm e conservada em temperatura não superior a -18ºC no prazo máximo de 90 dias. d) Em todos os casos, deverão ser rigorosamente observados os padrões microbiológicos e proíbe-se o congelamento da CMS - Carne Mecanicamente Separada, resfriada, se vencido o seu prazo de conservação conforme descritos nas letras a e b. 3.2.5. Transporte da Carne Mecanicamente Separada: a) A Carne Mecanicamente Separada poderá ser transportada Resfriada em temperatura não superior a + 4ºC e tempo não superior a 24 horas. 121 b) A Carne Mecanicamente Separada poderá alternativamente ser transportada Resfriada em temperatura não superior a 0ºC e por um tempo não superior a 72 horas, devendo-se avaliar criteriosamente os padrões microbianos e a oxidação da CMS. O Sistema de transporte deverá seguir os princípios de boas práticas de manufatura, sendo que o material em contato com a carne mecanicamente separada, poderá ser plástico ou aço inox, previamente limpos e desinfetados. 3.2.6. Limpeza do Equipamento de Separação: A limpeza e desinfecção dos equipamentos e instalações da separação mecânica deve-se efetuar em intervalo suficiente para garantir a higiene em cada turno de operação segundo as boas práticas de manufatura. 3.2.7. Características Sensoriais: Cor : Característica Odor : Característico Textura: Pastosa. 3.2.8. Características Físico-Químicas Proteína (Mínima): 12% Gordura (Máximo): 30% Teor de Cálcio ( Máximo): 1,5% (Base Seca) Diâmetro dos Ossos: 98% deverão ter Tamanho (máx.) de 0,5 mm Largura (máx.) de 0,85 mm Índice de peróxido (máximo): 1 mEq KOH por kg de gordura 3.2.9. Acondicionamento: A carne mecanicamente separada deverá ser acondicionada em recipientes/embalagens adequados que garantam as condições de armazenamento e estocagem e, confiram uma proteção adequada contra contaminação microbiana e de materiais tóxicos. 122 4. CONTAMINANTES 4.1. SUGERE-SE QUE AS PRÁTICAS DE HIGIENE PARA A ELABORAÇÃO DO PRODUTO, ESTEJAM DE ACORDO COM O ESTABELECIDO NO: . "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para os Produtos Cárnicos Elaborados" (Ref. CAC/RCP 13 - 1976 (rev. 1, 1985). . "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para a Carne Fresca" (CAC/RCP 11-1976 (rev. 1, 1993). . "Código Internacional Recomendado de Práticas - Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos" (Ref.: CAC/RCP 1 - 1969 (rev. 2 - 1985)) - Ref. Codex Alimentarius, vol. 10, 1994). 4.2. TODA A CARNE MECANICAMENTE SEPARADA USADA PARA ELABORAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS DEVERÁ TER SIDO SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE INSPEÇÃO PRESCRITOS NA LEI 11.904 DE 09 DE FEVEREIRO DE 1993 REGULAMENTADO PELO DECRETO 4.019 DE 09 DE JULHO DE 1993. 4.3. OS PRODUTOS COZIDOS E/OU ESTERILIZADOS NOS QUAIS A CMS FIZER PARTE DA FORMULAÇÃO QUER COMO CARNE OU INGREDIENTE OPCIONAL DEVERÁ ESTAR EM CONFORMIDADE COM AS SEÇÕES 7.5 E 7.6.1 À 7.6.7. DO "CÓDIGO INTERNACIONAL RECOMENDADO DE PRÁTICAS DE HIGIENE PARA ALIMENTO POUCO ÁCIDOS E ALIMENTOS ÁCIDOS ENVASADOS". 4.4.CRITÉRIOS MACROSCÓPICOS: Deverá atender a regulamentação especifica. 4.5. CRITÉRIOS MICROSCÓPICOS: Deverá atender a regulamentação especifica. 4.6. CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS: Tendo-se em vista as características distintas de elaboração, a Carne Mecanicamente Separada, deverá obedecer as seguintes características: 123 Microrganismo Categoria Critério Aceitação Método do análises Salmonella 10 n=5, c=225g APHA- 1992, ou FDA 7th Ed., 1992.ISO S. aureus (UFC/g) 07 n=5, c=2m= 5x102M= 5x10³ APHA- 1992, ou FDA 7th Ed., 1992. Clostridium perfringens (UFC/g) 07 n=5, c=2m=1x102M= 1x10³ FDA 7th Ed., 1992. 5. PESOS E MEDIDAS Aplica-se o regulamento vigente. 6. ROTULAGEM O produto deverá ser devidamente rotulado com aprovação em órgão competente (DIPOA), de acordo com o que se dispõe a legislação vigente. 7. MÉTODOS DE ANÁLISE Instrução Normativa n. 20 de 21.07.99, publicada no DOU de 09.09.99 Métodos Analíticos Físico-químicos para Controle de Produtos Cárneos e seus Ingredientes - Sal e Salmoura - SDA - Ministério da Agricultura e Abastecimento, Brasil. 8. AMOSTRAGEM . Seguem os procedimentos recomendados na norma vigente. . Meat and Meat Products - Sampling and preparation of test samples ISO 3100-2:1988 (E). ISO 3100-1:1991 (E). 124 8 APÊNDICE APÊNDICE 1 – PLANILHAS DO REPROCESSO E PRODUÇÃO DO HBV DOS MESES DE MARÇO,ABRIL E MAIO APÊNDICE 2 – PLANILHA DO REPROCESSO DO HBV (CORTADO, MAL FORMADO E TEMPERATURA FORA DO PADRÃO) APÊDICE 1 – PLANILHAS DO REPROCESSO E PRODUÇÃO DE HBV DOS MESES DE MARÇO, ABRIL E MAIO Março Produção (kg) Reprocesso (kg) 1 2 12 3 13 14 Produção (kg) Reprocesso (kg) Produção (kg) Reprocesso (kg) 23 28537 5 6 456.5 793 1 12 Produção 31254.04 (kg) Reprocesso 815 (kg) 2 13 511 3 14 7 15 33584 16 30568 17 27052.7 420.5 421.5 593 24 25 26 27 30616.98 33235.77 32443.48 34054.27 Abril 1 2 Produção 31395.16 32467.67 (kg) Reprocesso 628.5 399 (kg) 12 13 Produção 27984.13 35941.5 (kg) Reprocesso 518.5 662.5 (kg) 23 24 Produção (kg) Reprocesso (kg) aio Produção (kg) Reprocesso (kg) 4 471.5 4 15 28 8 26 772 778.5 702.5 22 20 21 29 30 32487.84 31 27276 Média 31079.68 654.5 481 593 9 10 11 21 22 5 27266.39 6 29002 7 26439.83 8 32984 791 592.5 1035.5 631.5 16 30046.46 17 18 28 11 31677 19 347 27 10 29975 18 767 25 9 32842.65 29 19 20 26002.36 26956.46 679.5 1372.5 30 31 Méedia 29479.00 806.5 3 19774.56 4 29880 723 345.5 14 15 5 16 6 7 25088.4 24610.14 435.5 460 17 18 8 19 9 20 10 30328 11 31539.64 428.5 379.5 21 Média 27496.39 519.57 126 APÊNDICE 2 – PLANILHA DO REPROCESSO DO HBV (CORTADO, MAL FORMADO E TEMPERATURA FORA DO PADRÃO) Abril HBV Cortado HBV Mal formado HBV Temperatura não ideal 1 2 12 13 HBV 128.5 150.5 Cortado HBV 273.5 226 Mal formado HBV 116.5 289 Temperatura não ideal Maio 1 2 HBV Cortado HBV Mal formado HBV Temperatura não ideal 12 13 HBV 125 Cortado HBV 196 Mal formado HBV 494 Temperatura não ideal 3 14 4 15 5 16 298 6 17 7 8 358.5 150.5 255.5 258 218.5 18 19 107 20 Média 216.5 201.2 190 338.5 284.64 179 7 95 8 232 212 97.5 113 179 316 314.5 252 435 17 18 19 15 5 16 11 383.5 300.5 221.14 6 41.5 14 4 10 419 290 3 156 9 9 10 34 11 119 93 144 301.5 116.5 20 Média 114.5 147.78 318.5 127