UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNES MOÍDAS “IN NATURA” COMERCIALIZADA EM SUPERMERCADOS DE BRASÍLIA DIANA LIMA DOS REIS Brasília, dez. 2010 DIANA LIMA DOS REIS Aluna do Curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNES MOÍDAS “IN NATURA” COMERCIALIZADA EM SUPERMERCADOS DE BRASÍLIA Trabalho monográfico de conclusão do curso de pós-graduação Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal apresentado à Universidade Castelo Branco, como requisito parcial para a obtenção de Título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a orientação da Profa Yolanda Silva de Oliveira. Brasília, dez. 2010 ii AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNES MOÍDAS “IN NATURA” COMERCIALIZADA EM SUPERMERCADOS DE BRASÍLIA Elaborado por Diana Lima dos Reis Alunos do Curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal Analisado e aprovado com grau ................................ Brasília, __ de ________ de _____. _____________________________ Membro _____________________________ Membro _____________________________ Orientador Brasília, dez. 2010 iii Agradecimentos À minha família pelo apoio e dedicação; À minha orientadora, Profa Yolanda M. S. C. Oliveira, pela paciência e sabedoria; Aos colegas e professores, pela transmissão do conhecimento e amizade. iv Reis, Diana Lima. Avaliação da qualidade microbiológica de carnes moídas “in natura” vendidas em supermercados de Brasília-DF A avaliação da qualidade microbiológica das carnes está baseada nas condições higiênico-sanitárias as quais permitem ter uma análise global da matéria-prima utilizada, da higiene e limpeza durante o processo de manipulação e da provável vida útil do produto final. Levando-se em consideração este aspecto, foi avaliada a qualidade microbiológica de carne bovina moída “in natura”. As amostras foram escolhidas três redes de supermercados localizados em Brasília-DF (Plano Piloto) onde foram selecionados aleatoriamente 10 estabelecimentos destas redes na qual se sorteou duas amostras em cada estabelecimento com intervalo de 15 dias. Completando-se 20 amostras. As carnes moídas apresentaram-se negativas para Samolnella sp e Staphylococcus coagulase positiva, estando de acordo com a legislação vigente (RDC no 12/2001). Mas foram encontrados altos índices: valores superiores a 106 UFC/g em 50% das amostras com bactérias mesófilas, valores acima de 105 NMP/g em 20% das amostras com coliformes totais e valores acima de 5x102 NMP/g em 40% das amostras com coliformes termotolerantes. Sugerindo uma degradação acentuada da carne moída e uma necessidade de observar a qualidade da matéria prima e os processos de boas práticas de fabricação focando no aprimoramento da manipulação e sanitização, o que poderia diminuir estes altos índices e consequentemente melhorar a qualidade do produto. Palavras-chave: qualidade microbiológica, carne moída, Brasília – DF. v Reis, Diana Lima Microbiological quality of ground meat "in natura" sold in supermarkets in BrasiliaDF The microbiological quality of meat is based on the sanitary conditions which give a global analysis of the raw material used, hygiene and cleanliness during the handling process and the likely life of the final product. Taking into account this aspect, were evaluated the microbiological quality of ground beef. The samples were chosen three supermarket chains located in Brasília-DF which were randomly selected 10 establishments in which these networks has drawn two samples in each establishment with an interval of 15 days. Rounding up 20 samples. The ground meats were negative to Samolnella sp and Staphylococcus coagulase positive, being in accordance with current legislation (RDC no 12/2001). But were found high rates: values higher than 10 6 UFC/g in 50% of samples with microorganisms mesophilic, values above 105 MPN/g in 20% of samples with total coliform and values over 5x102 NMP/g in 40% of samples with thermotolerant coliform. Suggesting a marked degradation of ground beef and a need to observe the quality of raw materials and processes of good manufacturing practices, focusing on improving the handling and sanitation, which could reduce these high rates and consequently improve the quality of the product. Key words: microbiological quality, ground beef, Brasília - DF vi SUMÁRIO 1. Introdução: ......................................................................................................... 1 1.1. Fatores que interferem no crescimento dos microrganismos existentes na carne moída. ....................................................................................................... 5 2. Microrganismos indicadores de qualidade em carne moida. ............................ 14 2.1. Bactérias Mesófilas .................................................................................... 14 2.1.1. Salmonella sp. ........................................................................................ 15 2.2. Staphylococcus aureus .............................................................................. 17 2.3. Coliformes.................................................................................................. 19 2.3.1. E. coli enteropatogênica (EPEC): ........................................................... 20 2.3.2. E. coli enteroinvasiva (EIEC): ................................................................. 21 2.3.3. E. coli enterotoxigênica (ETEC) .............................................................. 22 2.3.4. E. coli enterohemorrágica (EHEC): ......................................................... 23 3. Material e Método ............................................................................................. 25 3.1. Material ...................................................................................................... 25 3.2. Método ....................................................................................................... 25 3.3. Pesquisa de Salmonella ............................................................................ 26 3.4. Determinação do número mais provável (NMP) de Coliformes Totais ...... 30 3.5. Determinação do número mais provável (MNP) de coliformes termotolerantes (ou fecais) ............................................................................... 30 3.6. Determinação de Staphylococcus Coagulase positiva/grama ................... 31 3.7. Contagem de Microrganismos aeróbios mesofilos viáveis ........................ 32 4. Resultados e Discussão ................................................................................... 33 4.1. Bactérias mesófilas .................................................................................... 33 Foi observado que houve variação de 3,9 x 103 UFC/g a um valor estimado maior que 6,5 x 106 UFC/g. Segundo Oliveira (2008) é impossível obter contagens iguais à zero de microrganismos aeróbios mesofilos, tanto que, em produtos considerados frescos, não se exige padrão para este grupo de microrganismo. ................................................................................................. 33 4.2. Coliformes totais ........................................................................................ 35 4.3. Coliformes termotolerantes ........................................................................ 36 4.4. Staphylococcus coagulase positiva ........................................................... 37 4.5. Pesquisa de Salmonella sp/25g ou ml: ...................................................... 37 6. CONCLUSÃO:.................................................................................................. 39 7. BIBLIOGRAFIA: ............................................................................................... 40 vii LISTA DE TABELAS TABELA 01 – PH DE MULTIPLICAÇÃO DE ALGUMAS BACTÉRIAS QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA CARNE MOÍDA............................................06 TABELA 02 – GRUPOS DE MICRORGANISMOS DEFINIDOS DEVIDO A TEMPERATURA DE CRESCIMENTO..................................................................12 TABELA 03 – CRITÉRIO PARA CONFIRMAÇÃO DE REAÇÕES TÍPICAS DE Salmonella sp.........................................................................................................29 viii LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – EFEITO DA TEMPERATURA E DO TEMPO SOBRE O CRESCIMENTO DE BACTÉRIAS. TEMPERATURAS SEGURAS E PERIGOSAS PARA ALIMENTOS................................................................................................11 FIGURA 02 – ESQUEMA SOBRE RESERVATÓRIOS ANIMAIS DE Salmonella sp...........................................................................................................................16 ix LISTA DE GRÁFICOS GRAFICO 01 – DISTRIBUIÇÃO DO NÍVEL DE CONTAMINAÇAO DA CARNE MOÍDA POR MESOFILOS EM CADA SUPERMERCADO COMPARANDO POR COLETA (x104)......................................................................................................34 GRAFICO 02 – DISTRIBUIÇÃO DO NIVEL DE CONTAMINAÇÃO DA CARNE MOÍDA POR COLIFORMES TOTAIS EM CADA SUPERMERCADO COMPARANDO POR COLETA (x102)..................................................................35 GRAFICO 03 – DISTRIBUIÇÃO DO NIVEL DE CONTAMINAÇÃO DA CARNE MOÍDA POR COLIFORMES TERMOTOLERANTES EM CADA SUPERMERCADO COMPARANDO POR COLETA (x10)....................................36 . x 1. Introdução: A avaliação da qualidade microbiológica das carnes está baseada em parâmetros higiênicos e sanitários os quais permitem uma análise global da matéria-prima usada, da higiene e limpeza durante o processo e da provável vida útil do produto final. Os parâmetros das condições sanitárias têm relação direta com a presença de contaminantes microbiológicos potencialmente patógenos (CONTRERAS, 2002 apud LOGUERCIO et al., 2002). Segundo a FAO (Food Agriculture Organization) um quinto da população mundial alimenta-se de carne. Por esta razão, atualmente se tem a preocupação de proporcionar às pessoas uma carne mais saudável, uma vez que este alimento se caracteriza pela natureza das proteínas que o compõe (PIGATTO et al., 2003). Além de conter elevados teores de proteína de alta qualidade, a carne bovina é rica em ácidos graxos essenciais, em vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina, niacina, ácidos fólico e pantotênico e vitaminas B6 e B12), em minerais (K, P, Mg, Fe e Zn) e em aminoácidos essenciais (VALLE, 2000). É considerada uma boa fonte de ferro e a absorção deste pelo corpo humano varia de 40 a 60% (PIGARRO, 2008). As carnes possuem ainda altas concentrações de ácido linoléico conjugado (CLA), composto associado à prevenção e combate de determinados tipos de câncer. Por causa da multiplicidade de nutrientes que a compõe e à alta digestibilidade dos mesmos, a carne bovina tem sido considerada como um alimento de alta qualidade nutricional (VALLE, 2000). A digestibilidade da fração protéica da carne varia de 95% a 100% (SOUZA et al., 2008). Dentre os produtos cárneos, a carne moída é amplamente utilizada pela variedade de pratos que podem ser feitos (OLIVEIRA et al., 2008). A Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 investigou a quantidade de alimentos adquiridos, por morador, para consumo no domicílio no período de um ano e observou que o de carne moída é de 16,032kg. Um valor considerado alto em relação ao consumo de carne de frango que foi de 13,746 (IBGE, 2010). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece a promoção da segurança alimentar através do Regulamento Técnico de 1 Identidade e Qualidade (RTIQ), da carne moída de bovinos (IN no83/2003). Essa norma afirma que esta carne pode ser elaborada a partir da moagem de massas musculares de carcaças de bovinos, seguido de imediato resfriamento ou congelamento. Deverá ser obtida em local próprio para moagem, com temperatura não superior a 10ºC. Saindo do equipamento de moagem com temperatura nunca superior a 7ºC e ser submetida, imediatamente, ao congelamento (rápido ou ultra-rápido) ou ao resfriamento. Se mantida resfriada deverá ser mantida a temperatura de 0ºC a 4ºC e, se congelada, a –18ºC durante o armazenamento. A matéria prima a ser utilizada deverá estar isenta de tecidos inferiores como ossos, cartilagens, gordura parcial, aponeuroses, tendões, coágulos, nodos linfáticos, entre outros. Entretanto, deve-se considerar que a qualidade da matéria prima (carne) e a forma de obtenção deste produto desde sua origem, no que se refere aos aspectos higiênico-sanitários, são fundamentais para fornecer um produto seguro e de boa qualidade para o consumidor. Em alguns estabelecimentos a carne moída é produzida a partir de cortes que possuem baixo valor comercial ou de retalhos que não servem para serem comercializados como peça inteira ou até mesmo como cortes desta peça gerando problemas na qualidade do produto (OLIVEIRA et al., 2008). A carne, para chegar a condições aceitáveis ao consumidor, pode ser contaminada em vários processos para sua obtenção (JAY, 2005): O próprio animal é um contribuinte importante quanto à contaminação por microrganismos tanto patogênicos como deteriorantes. A pele do animal que, por meio da faca da sangria que atinge a veia jugular, conduz os microrganismos da pele. Outros microrganismos da própria carcaça podem ser depositados nas partes esfoladas ou em superfícies recém-cortadas. Há também a biota que pode espalhar-se pelo ar e contaminar carcaças já sem pele penetrando nas vias sanguíneas e contaminando toda a carcaça (JAY, 2005). Na linha de abate pode haver perfuração do trato gastrointestinal extravasando o conteúdo intestinal, juntamente com a carga microbiana, podendo alojar-se na superfície de carcaças recém-cortadas. O abdome animal (incluindo 2 intestino e rúmen) normalmente contém aproximadamente 1010 bactérias por grama. Os nódulos linfáticos geralmente estão no meio de gorduras e contem um alto número de microrganismos, especialmente bactérias. Se cortados ou adicionados a porções de carne moída, o número de microrganismos pode aumentar consideravelmente. Cortes de carne acondicionados em recipientes não estéreis podem ser contaminados por microrganismos presentes nesse invólucro. Eles tendem a ser uma fonte primária de contaminação para carnes cortadas ou moídas. Pigatto et al., 2003, afirma que o produto cárneo, mesmo que obtido de animais sadios, pode se contaminar tanto no abate, quanto em feiras livres, açougues e supermercados e nesta situação chega à mesa do consumidor. Durante todo o processamento, a carne pode ser manipulada por pessoas com falta de orientação adequada ou mesmo com descaso colaborando para a baixa qualidade do produto. As mãos, segundo Souza (2006), constituem um importante foco de microrganismos, assim quando mal higienizadas, podem veicular microrganismos deteriorantes, patogênicos e de origem fecal. Então, microrganismos provenientes do intestino, da boca, do nariz, da pele, dos dedos, dos cabelos e ate mesmo das secreções e ferimentos são transferidos dos manipuladores para os alimentos. A literatura clássica menciona que toda vez que um alimento é subdividido em partículas cada vez menores, ocorre um aumento na sua superfície global, e a flora microbiana superficial se distribui entre as partículas juntamente com a flora do ambiente e daquela dos equipamentos usados, bem como daquela proveniente dos operadores. Tem-se assim uma somatória de fatores que resulta, geralmente, no aumento da flora do interior da carne, razão pela qual alimentos deste tipo devem merecer tratamento e cuidados especiais (ALMEIDA, 1983, e MOTTA, 2000). A carne moída libera seu suco celular por causa da fragmentação dos tecidos constituindo um meio altamente favorável para a multiplicação de bactérias, propiciando a proliferação das mesmas no produto, principalmente bactérias aeróbia (OLIVEIRA et al., 2008). Quando o tamanho de uma partícula 3 que compõe um pedaço de carne diminui, como acontece na moagem, aumenta a superfície total de contato desse pedaço, elevando a distribuição dos microrganismos que antes se encontrava somente em sua superfície (JAY, 2005). A carne fresca constitui num substrato, com condições ótimas para o crescimento de muitos microrganismos, devido a sua umidade, pH, riqueza de compostos nutrientes e minerais, além de fatores de crescimento. Portanto, as maiorias das contaminações microbianas podem proliferar rapidamente se as condições, principalmente de temperatura e atmosfera gasosa, forem favoráveis. Este crescimento microbiano poderá causar uma deterioração no produto e, de acordo com o microorganismo presente, poderá causar risco à saúde (ICMSF, 1997a). Outro ponto a ser visto é que um pedaço de carne muito contaminado é suficiente para contaminar outros pedaços ou mesmo todo o lote, uma vez que ele tenha sido passado pelo moedor (JAY, 2005). O mesmo ocorre com carnes de diferentes origens passando pelo moedor. É necessário o conhecimento das prováveis fontes de contaminação e de seus meios de difusão para garantir que a contaminação seja minimizada e os organismos patógenos sejam excluídos na medida do possível (ICMSF, 1997b). Uma das formas indicadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) em 2006 é: Não comprar carne pré-moída, dando preferência à moagem na hora da compra e visível ao consumidor; Na hora da compra, verificar as condições de higiene do local; se possível, as condições de saúde e possíveis ações do manipulador que possam gerar riscos de contaminação. Equipamentos, utensílios e uniformes sujos, ferimentos nas mãos, cabeças descobertas, excesso de conversa entre manipuladores e atendentes, presença de animais no estabelecimento, geladeiras e expositores com temperaturas acima de 5ºC podem ser alguns itens de fácil observação; Mesmo se a carne for moída na hora da compra, congelar ou utilizar imediatamente, interrompendo o processo de proliferação de microrganismos patogênicos no produto; 4 Caso possua um processador caseiro, comprar peças inteiras dando preferência à moagem caseira; Dar preferência à conservação em freezer ou congelador; Não realizar a compra de produtos de origem animal em estabelecimentos com suspeita de comercializar produtos sem a devida fiscalização (serviço de inspeção local ou federal). 1.1. Fatores que interferem no crescimento dos microrganismos existentes na carne moída. A alteração na atividade microbiana da carne fresca (assim entendida como carne in natura) deve-se a fatores físicos, químicos e bioquímicos dos próprios alimentos (intrínsecos) e são ligados a fatores do meio ambiente (extrínsecos) também. Os fatores intrínsecos são a atividade de água (Aw ou Aa) ou umidade, o potencial hidrogeniônico (pH), o potencial de óxido-redução (Eh) e a necessidade de nutrientes: - Umidade: a necessidade de umidade (Aw ou AA) é entendida como aquela integrada pelo conteúdo total de água, pela classe, pela substância nela dissolvida (eletrólitos, ácidos, açucares, substâncias nitrogenadas solúveis) e pela forma mediante a qual a água se encontra estruturalmente ligada ao alimento (BANDEIRA, 2004). Geralmente, a atividade de água da carne fresca é maior ou igual a 0,99 sendo este valor próximo ao ótimo para o desenvolvimento da maioria dos microrganismos (PIGARRO, 2008). As bactérias de deterioração e algumas causadoras de toxinfecções alimentares são consideradas as mais exigentes em atividade de agua. Por isto, raramente, o microrganismo se desenvolve (e, portanto, não deteriam o alimento) em níveis menores de 0,92 ou 0,90 (PARDI et al., 2001). A maioria das bactérias encontra-se na superfície da carne, à medida que se dá a dessecação, vai se reduzindo seu número, observando-se também, neste momento, certa migração dos solutos para o interior acompanhado pelo 5 afloramento da água. Evita-se ou retarda-se bastante a alteração bacteriana com a redução da Aa a 0,85 (PARDI et al., 2001). Quando a escala de Aa se move em direção as condições mais favoráveis, o Staphylococcus aureus é uma das principais ameaças até os níveis de Aa entre 0,87 a 0,85. Uma baixa Aw faz com que cesse a produção de enterotoxina B por S. aureus, apesar do grande crescimento celular. O S. aureus tem multiplicação quase normal, mesmo em Aa baixa, mas certos metabólitos extracelulares, como as enteroxinas, não são produzidas (JAY, 2005). Das bactérias causadoras de toxinfecções alimentares, o S.aureus pode tolerar Aa ate 0,86 para sua multiplicação, enquanto o Clostridium perfringens não se multiplica em alimentos com Aa inferior a 0,94 (FRANCO e LANDGRAF, 2004). O valor mínimo aproximado de Aa para o crescimento de Escherichia coli é 0,96 (JAY, 2005). - Valor pH: O valor de ph é a medida de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma substância (FORSYTHE, 2002). Ainda que o crescimento microbiano seja possível numa faixa ampla de pH, a maior parte das bactérias tem seu ponto ótimo de crescimento próximo da neutralidade, ou seja, pH de 7,0 (BANDEIRA, 2004). Para Franco e Landgraf (2004) e Jay (2005), o ponto de neutralidade varia de 6,5 a 7,5 (Tabela 01) apesar de alguns poucos microrganismos crescerem em pH abaixo de 4,0. TABELA 01 – PH DE MULTIPLICAÇAO DE ALGUMAS BACTÉRIAS QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA CARNE MOÍDA Bactéria pH Mínimo Ótimo Máximo Sthaphylococcus aureus 4,0 6,0 a 7,0 9,8 Escherichia coli 4,4 - 9,5 Salmonella sp 3,7 6,5 a 7,5 9,5 Fonte: HOFFMANN, 2001. Pardi et al (2001) afirma que as salmonelas só crescem com pH 4,1, em condições ótimas de temperatura, Aa, entre outros; enquanto a 10ºC, são inibidas 6 com mais ou menos 2% de NaCl (cloreto de sódio), em pH inferior a 5,0. Os estafilococos, em condições ótimas, crescem e produzem enterotoxinas até com pH 4,0. A carne apresenta um pH final entre 5,4 a 5,6, e é este valor que permite o crescimento de bactérias (PIGARRO, 2008). Mas para Franco e Landgraf (2004) e Jay (2005), varia de 5,1 a 6,2. A carne, em função do seu ph, é altamente susceptível a multiplicação de microorganismos presentes, como as bactérias. A carne proveniente de animais fatigados deteriora-se mais rapidamente do que a carne obtida de animais descansados. Esse fato ocorre porque o pH da carne obtida de animais fatigados é mais alto que aquele observado em carne proveniente de animais descansados. Após a morte, o glicogênio de reserva é transformado em acido lático, abaixando o pH inicial do músculo de cerca de 7,4 para cerca de 5,6, dependendo do tipo de animal. O estresse ao qual o animal é submetido antes do abate provoca a metabolização do glicogênio antes de sua morte, reduzindo a quantidade de acido lático que pode ser produzida após a morte do animal, resultando em uma carne com o pH mais elevado (FRANCO e LANDGRAF, 2004; PARDI et al., 2001). Alguns alimentos são mais resistentes a variações de pH do que outros. Aqueles que tendem a resistir a variação de pH são denominados tamponados. Em geral, as carnes são bem mais tamponadas que os vegetais. As diversas proteínas da carne são responsáveis por seu efeito tampão (JAY, 2005). - Potencial de oxi-redução (Eh): indica a capacidade oxidante e redutora da carne, medido em milivolts (mV). Depende primeiramente da composição química e, em segundo lugar, da pressão parcial de oxigênio do alimento e, essencialmente, do grau de aeração (PARDI et al., 2001). Por estas razões, o valor Eh de um substrato representa importante fator de seleção no crescimento de microorganismos. A partir daí, a classificação em aeróbios e anaeróbios, conforme seu desenvolvimento, se na presença ou ausência de oxigênio, respectivamente. Sendo que os microrganismos anaeróbios beneficiam-se de um baixo potencial de redução (PARDI et al., 2001). A carne em grandes pedaços tem Eh em torno de -200 mV (redutor “anaeróbio”), enquanto que o Eh da carne moida é de +200 mv (oxidante 7 “aeróbio”) (JAY, 2005; FRANCO e LANDGRAF, 2004). Carnes fragmentadas apresentam potencial de óxido-redução positivo, uma vez que este produto está em maior contato com o oxigênio do que a carne compactada. Assim sendo, criam-se condições favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos aeróbios ou facultativos (SILVA et al., 2010). O potencial de oxi-redução cai na carne após a eliminação do aporte de oxigênio, por ocasião da sangria e no período que se segue (permanecendo no músculo, com condições redutoras), uma vez que a penetração de oxigênio nos tecidos torna-se bastante inibida, dispondo-se de muitos grupos redutores. Após a morte, o potencial de oxi-redução da musculatura e a oxigenação a partir do ar são maiores na superfície da carne e mínima na sua profundidade. Com a exposição do ar, cresce o aporte de oxigênio e, se dá o aumento do potencial, enquanto que, no interior, fica-se na dependência da velocidade de penetração do oxigênio. Na carne moída, aumenta, pela penetração lenta do O 2 em seu interior, o potencial de oxi-redução, em contraste com as carnes em quartos ou, ainda, com as que compõem as meias carcaças. Ou seja, a alteração da carne fresca é um fenômeno de superfície (JAY, 2005). Os microorganismos podem alterar o potencial de oxi-redução da carne a ponto de reduzir a atividade de outros micróbios. Assim, os anaeróbios podem reduzir o potencial de oxi-redução a ponto de inibir o crescimento dos aeróbios (Evangelista, 1987). A família Enterobacteriaceae, que inclui as salmonelas, pode reproduzir--se com baixa tensão de oxigênio, desenvolvendo-se, desta forma tanto na superfície quanto na profundidade de certos alimentos. Os microorganismos anaeróbios beneficiam-se de um baixo potencial de redução (PARDI et al., 2001). Para Franco e Landgraf (2004) as bactérias da família Enterobacteriaceae, são anaeróbias facultativas, por se multiplicarem igualmente em condições de aerobiose quanto de anaerobiose. Os Staphylococcus aureus são incapazes de formar toxina sem o suficiente aporte de oxigênio. (PARDI et al., 2001) - Nutrientes: são substâncias que existem na estrutura (na formação) dos alimentos e são importantes para o desenvolvimento de todos os seres vivos, 8 principalmente os homens e os microrganismos. Assim, tanto o ser humano como os microrganismos se alimentam de nutrientes para poder sobreviver (SILVA, 2008). A fonte normal de energia utilizada pelos microrganismos são os carboidratos. Os proteolíticos usam as proteínas como fonte energética. (PARDI et al., 2001). Os microorganismos podem utilizar açúcares, alcoóis e aminoácidos. Alguns microrganismos são capazes de utilizar açucares complexos, como amido e celulose, como fonte de energia, transformando-os em açucares mais simples. Lipídeos também podem servir como fonte de energia, mas esses compostos são metabolizados por um numero reduzido de microrganismos encontrados em alimentos (FRANCO e LANDGRAF, 2004). A maioria dos microrganismos requer, para o seu desenvolvimento, além de aporte energético, também o de nitrogênio, o de minerais e o de vitaminas (PARDI et al., 2001). O nitrogênio é obtido dos aminoácidos e de outras fontes não protéicas. Alguns microrganismos utilizam os peptídeos e as proteínas. (PARDI et al., 2001). E outros são capazes de metabolizar nucleotídeos (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Em geral, compostos simples como os aminoácidos são usados por praticamente todos os organismos antes da utilização de fontes de nitrogênio mais complexas, como proteínas de alto peso molecular. O mesmo vale para polissacarídeos e gorduras (JAY, 2005). A necessidade de minerais estende-se a todos os microrganismos e apesar de serem necessários em quantidades muito reduzidas, são indispensáveis para a multiplicação microbiana, pois estão envolvidos em muitas reações enzimáticas. Entres esses minerais, merecem destaque o sódio, o potássio, o cálcio e o magnésio. Outros, como o ferro, cobre, manganês, molibdênio, zinco, cobalto, fósforo e enxofre podem ser igualmente importantes (FRANCO e LANDGRAF, 2004). As vitaminas são importantes fatores de crescimento de microrganismos, uma vez que fazem parte de diversas coenzimas envolvidas em varias reações metabólicas. Entre as vitaminas, as mais importantes são as do complexo B, a 9 biotina e o acido pantatênico (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Alguns organismos podem necessitar de pequenas quantidades de vitamina B, e praticamente todos os alimentos naturais tendem a possuir uma quantidade abundante dessa vitamina pra os microrganismos incapazes de sintetizá-la. Normalmente as bactérias gram-positivas precisam ser supridas de algum composto essencial antes de iniciar seu crescimento. As bactérias gram-negativas são capazes de sintetizar quase ou todas as substâncias de que necessitam. Conseqüentemente estas são encontradas em alimentos com baixa quantidade de vitamina B (JAY, 2005). Com relação aos fatores que interferem na capacidade de sobrevivência ou de multiplicação dos microrganismos, que estão presentes em um alimento, relacionados ao meio ambiente (fatores extrínsecos) há a temperatura, umidade relativa do ambiente e composição gasosa do ambiente. - Temperatura: é o fator ambiental mais importante que afeta a multiplicação dos microrganismos (FRANCO e LANDGRAF, 2004). O fator temperatura e a possibilidade de diminuição de tempo e de técnicas de manipulação de alimentos mais aprimorados são os únicos meios que se pode utilizar, eficientemente, no combate aos microrganismos. Através do aumento ou redução de temperatura (chamados de cadeia quente e cadeia fria, respectivamente) é possível controlar a multiplicação de microrganismos (Figura 01). Cada tipo de microrganismo possui características estruturais e metabólicas próprias, oferecendo condições especificas de resistência ao calor e ao tempo de exposição (SILVA, 2008). 10 FIGURA 01 – EFEITO DA TEMPERATURA E DO TEMPO SOBRE O CRESCIMENTO DE BACTERIAS. TEMPERATURAS SEGURAS E PERIGOSAS PARA ALIMENTOS. Fonte: Hobbs e Roberts, 1999. O tempo e temperatura, baseados no conhecimento das taxas de crescimento dos patógenos de origem alimentar mais comuns, mostram que a zona de maior perigo desses patógenos tem o limite inferior de -1,5oC para controlar Listeria monocytogenes, Listeria enterocolitica e Aeromonas. hydrofila e o limite superior de 53oC, o qual é o limite de crescimento do Clostridium perfringens (FORSYTHE, 2002). De acordo com padrões nacionais (CVS/SES-SP 06/1999), os produtos deverão ser resfriado de modo que sua temperatura permanece por um período mínimo de tempo entre 60ºC e 10ºC, que é a faixa de temperatura mais favorável para o crescimento microbiológico (ou seja, uma zona crítica). Os microrganismos podem multiplicar-se em uma faixa bastante ampla de temperatura, havendo registros de multiplicação a um mínimo de -35oC e um máximo de 90oC (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Por isso há uma divisão dos microrganismos nos seguintes grupos de acordo com a tabela 02: 11 TABELA 02 – GRUPOS DE MICRORGANISMOS DEFINIDOS DEVIDO A TEMPERATURA DE CRESCIMENTO. Mínimo (oC) Ótimo (oC) Máximo (oC) Psicrófilos -5 12 – 15 20 Mesófilos 5 30 - 45 47 Termófilos 40 55 – 75 60 – 90 Psicrótrofico -5 20 - 30 40 Grupo Fonte: FORSYTHE (2002) e SILVA (2008). Os microrganismos mesófilos correspondem à grande maioria dos microrganismos de importância em alimentos, inclusive a maior parte dos patógenos de interesse se multiplica nesse intervalo de temperatura. (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Os microrganismos psicrófilos e psicrotróficos multiplicam-se bem em alimentos refrigerados, sendo os principais agentes de deterioração da carne, pescados, ovos, frangos e outros. Um exemplo dessa relação de tempo e temperatura é que, para controlar o crescimento de espécies de Salmonella, o alimento não deve ser exposto a temperaturas entre 5,2 a 10oC durante mais de 14 dias; ou a temperaturas entre 11 e 21oC durante mais de 6 horas; ou, ainda, a temperatura maiores que 21oC por mais de 3 horas. (FORSYTHE, 2002). Pode ser utilizada temperatura mais alta por tempo mais curto, ou temperatura mais baixa por tempo mais prolongado (SILVA, 2008). Deve-se ressaltar que a temperatura letal para os microrganismos sofre interferência de alguns fatores presentes no alimento, como o pH, Aw, quantidade de lipídeos, substâncias antibacterianas naturais e conservantes, como os nitritos (SILVA , 2008). - Umidade Relativa do ambiente: Há uma relação estreita entre a atividade de água (Aw) de um alimento e a umidade relativa de equilíbrio do ambiente. Quando o alimento está em equilíbrio com a atmosfera, a umidade relativa (UR) é igual a Aw x 100 (FRANCO e LANDGRAF, 2004). No controle das relações entre a refrigeração e a UR, há uma condensação possível da umidade na superfície das carnes ou preparadas, servindo como meio 12 apropriado ao desenvolvimento dos microrganismos, fato que ocorre quando o grau de umidade é elevado. Para o seu crescimento, as bactérias necessitam de umidade relativa elevada, o que ocorre em torno de 92% (PARDI et al., 2001). O inverso, isto é, a dessecação das superfícies, também deve ser controlada como medida de ordem econômica, em vista da conseqüente quebra de peso e da depreciação do aspecto comercial (PARDI et al., 2001). Alimentos que sofrem deterioração por mofos, leveduras e certas bactérias em sua superfície devem ser armazenados em condições de baixa UR. Carnes mal embaladas tendem a sofrer deterioração superficial antes da deterioração profunda quando armazenadas no refrigerador. Isso ocorre devido à alta UR do refrigerador e ao fato de que a biota que ataca as carnes é essencialmente aeróbia. Embora seja possível diminuir as chances de deterioração superficial em certos alimentos armazenando-os em condições de baixa UR, deve-se lembrar de que, nessas condições o alimento perde umidade para o ambiente, o que também é indesejável (JAY, 2005). No momento de selecionar um ambiente com condições de UR adequadas, deve-se levar em conta tanto a possibilidade de crescimento superficial de organismos como a qualidade que deve ser preservada no alimento em questão (JAY, 2005). - Composição gasosa do ambiente: A composição gasosa do ambiente que envolve um alimento pode determinar os tipos de microrganismos que poderão nele predominar. A presença de oxigênio favorecerá a multiplicação de microrganismos aeróbios, enquanto que a ausência causara predominância dos anaeróbios, embora haja bastante variação na sensibilidade dos anaeróbios ao oxigênio (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Modificações na composição gasosa são capazes de causar alterações na microbiota que sobrevive ou que se multiplica em determinado alimento (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Utiliza-se um ambiente de atmosfera modificada que é um processo hiperbárico (baixa pressão) que consiste em alterar a atmosfera da câmara ou da embalagem preenchendo-a com diferentes misturas de CO2, N2, e/ou O2. São usados dois tipos de atmosferas modificadas (JAY, 2005): 13 Com alto teor de O2: até 70% de O2, com 20 a 30% de CO2 e 0 a 20% de N2. O crescimento dos microrganismos aeróbios é retardado, mas não suprimido pela concentração moderada de CO2. Este método é adequado para embalagens de carne vermelhas, pois o alto teor de O 2 irá auxiliar na manutenção da cor. Com o tempo, pode-se esperar uma alteração na composição do gás. Com baixo teor de O2: a quantidade de O2 pode ser de até 10%, utilizando de 20 a 30% de CO2 e o restante de N2. O efeito antimicrobiano depende de inúmeros fatores. O mais importante é a temperatura, sendo que o efeito é tanto mais intenso quanto mais baixo for a temperatura. Portanto, o armazenamento do alimento em temperatura inadequada pode cancelar a ação bioestática do CO2. Além disso, a ação do CO2 é dependente do pH e da Aw do alimento, dos tipos e das condições metabólicas dos microrganismos presentes e da concentração de CO2 (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Comercialmente, no país, a aplicação mais comum de embalagem para carnes in natura é de filme plástico de altíssima permeabilidade ao oxigênio, que podem manter a coloração vermelho-brilhante na carne bovina, ao mesmo tempo em que protegem o produto da desidratação superficial. Essas embalagens são conhecidas como “embalagem de alta permeabilidade a gases”, sendo utilizada em grande escala principalmente pelas grandes redes de supermercados (SARANTÓPOULOS, 2001). 2. Microrganismos indicadores de qualidade em carne moida. 2.1. Bactérias Mesófilas A contagem de total de aeróbios mesofilos em placas, também chamada contagem padrão em placas, é o método mais utilizado como indicador geral de populações bacterianas em alimentos. Não diferencia tipos de bactérias, mas permite ter informações importantes sobre a qualidade dos produtos, praticas de manufatura, matérias primas utilizadas, condições de processamento, manipulação e vida de prateleira (SILVA et al., 2007). 14 Não é um indicador de segurança, pois não está diretamente relacionado à presença de patógenos ou toxinas. Dependendo da situação, pode ser útil na avaliação da qualidade, porque populações altas de bactéria podem indicar deficiências na sanitização ou falha no controle do processo ou dos ingredientes (SILVA et al., 2007). Dentre as bactérias mesófilas de grande importância, há as da família Enterobacteriaceae que incluem as Salmonellas. 2.1.1. Salmonella sp. O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e compreende bacilos Gram-negativos não produtores de esporos. São anaeróbios facultativos, produzem gás e acido a partir da glicose (exceto S. typhi). São capazes de utilizar o citrato como única fonte de carbono. (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Mas são incapazes de produzir sacarose e lactose (FORSYTHE, 2002). Maioria é móvel, através de flagelos peritríquios, exceto S. pullorum e S. gallinaum, que são imóveis (FRANCO e LANDGRAF, 2004). A temperatura ótima de crescimento é de aproximadamente 38 oC e a temperatura mínima é de 5oC. São termoestáveis por não formarem esporos, podendo ser destruídas a 60oC, por 15 a 20 minutos. (FORSYTHE, 2005) Esta bactéria é a principal agente de doenças de origem alimentar em varia partes do mundo (WHO, 2005). A maioria dos sorotipos tem um espectro de hospedeiro amplo e, tipicamente, provocam gastroenterites (SILVA et al., 2007). O período de incubação é de 6 a 72 horas, seguida de febre, dor abdominal, náuseas, diarréia e vômito, acompanhada de dores de cabeça, podendo causar desidratação grave e letalidade entre 1% a 2% dos pacientes. Entretanto, geralmente, apresenta um curso benigno, e a recuperação clínica ocorre em poucos dias (ACHA & SZYFRES, 2003; FORSYTHE, 2004). 15 FIGURA 02 – ESQUEMA SOBRE RESERVATORIOS ANIMAIS DE Salmonella sp. Fonte: Hoobs, 1999, modificado. Ela é um microorganismo de ampla ocorrência em animais (Figura 02) e, no ambiente, as principais fontes são água, o solo, as fezes de animais, os insetos e as superfícies de equipamentos e utensílios de fabricas e cozinhas. A doença geralmente é contraída através do consumo de alimentos contaminados de origem animal, principalmente a carne bovina, a carne de aves, os ovos e o leite. Os vegetais contaminados com esterco também têm sido implicados na transmissão (SILVA et al., 2007). A principal via de transmissão é fecal-oral, por intermédio de contato direto ou indireto com animais infectados ou pela ingestão 16 de alimentos e água contaminados, estando dispersas amplamente em locais onde há a presença de animais e de dejetos (DAVIES, 2010). A contaminação por sólidos e líquidos realiza-se de forma direta ou indireta, registrando-se na tentativa, para efeito didático, os quatro “efes” da língua inglesa: food, fingers, feces e flies, visando chamar atenção para o papel desempenhado pelos alimentos, dedos, fezes e moscas. Esta advertência, porém, estende-se aos cuidados que devem ser tomados com ratos e baratas. As bactérias procedem de gatos, cães, suínos, bovinos, aves e ovos, ovinos, eqüinos, coelhos, animais de zoológico, répteis (inclusive ofídios), pescado e produtos lácteos. Considera-se fonte ponderável de salmonelas as cascas de ovos e os ovos líquidos, congelados ou em pó. As rações, normalmente as que contêm farinha de carne, de ossos e de pescado, podem também transmitir salmonelas as aves e aos animais de corte (PARDI et al., 2001). A dose infecciosa varia de acordo com a idade e a saúde da vitima, com o alimento e ainda com a linhagem de Salmonella. As doses infecciosas podem variar de 20 até 106 células (FORSYTHE, 2004). Segundo Silva, 2007, a dose infectiva é de 15 a 20 células e pode atingir grupos de qualquer faixa etária. Idosos e crianças podem sofrer desidratação severa, com risco de vida. Pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) são atingidos por salmoneloses com freqüência 20 vezes maior do que a população em geral, sofrendo de episódios recorrentes. Em 80% dos casos, esta doença ocorre individualmente e não em surtos explosivos. Durante 1999 a agosto de 2008 foram notificados 6062 casos de DTA, envolvendo 117.330 pessoas doentes e 64 óbitos. A Salmonella, dentre os outros agentes causadores, estava presente em 1275 surtos (42,9%) (SVS-SP, 2008). Um valor alto, preocupante e que deve ser alertado a população sobre os cuidados ao consumir alimentos não totalmente cozidos. 2.2. Staphylococcus aureus A bactéria do gênero Sthaphylococcus são cocos Gram-positivos, pertencentes à família Micrococcaceae e por dividirem-se me planos diferentes, 17 quando vistos ao microscópio aparecem na forma de cachos de uva. São facultativas anaeróbias, com maior crescimento sob condições aeróbias, quando, então, produzem catalase. O gênero apresenta 19 espécies, mas a espécie S. aureus é a que esta associada mais frequentemente às doenças estafilocócicas, quer de origem alimentar ou não (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Algumas espécies de Staphylococcus podem produzir pequenas quantidades de coagulase (SILVA et al., 2007). Os estafilococcus são bactérias mesófilas produtoras de enterotoxinas. Para seu crescimento precisam de temperatura de 7 a 48oC, pH 4 a 10 e Aw de 0,83 a 0,99, mas para produção de toxinas precisam de temperatura entre 10 e 46oC, com valor ótimo entre 40 e 45oC (FORSYTHE, 2004; FRANCO e LANDGRAF, 2004). O S. aureus não é resistente ao calor, sendo facilmente destruído na pasteurização ou na cocção de alimentos. As toxinas, ao contrario, são altamente resistentes, suportando tratamentos térmicos tão severos como a esterilização de alimentos de caixa acidez (SILVA et al., 2007). As intoxicações humanas são causadas pela ingestão de enterotoxinas produzidas nos alimentos por algumas linhagens de S. aureus, normalmente porque o alimento não foi mantido quente (60oC ou mais) ou frio o suficiente (7,2oC) (FORSYTHE, 2004). Os reservatórios são os seres humanos na maioria das vezes; a transmissão ocorre devido a ferimentos nas mãos ou outras lesões purulentas ou secreções que contaminam os alimentos durante sua manipulação. Úberes infectados de vaca, pássaros e cachorros também podem transmitir a bactéria. (CVE/SES-SP, 2003). O estafilococus está presente também nas vias nasais e na garganta, alem do cabelo e na pele de 50% ou mais de indivíduos associados ou que entraram em contato com pessoas doente e ambientes hospitalares. Apesar de os manipuladores de alimentos serem, normalmente, as principais fontes de contaminação dos alimentos, quando há surtos, os equipamentos e as superfícies contaminadas também podem ser fontes de contaminação cruzada por S. aureus (FORSYTHE, 2004). 18 Alimentos já incriminados em surtos incluem carnes e produtos cárneos (principalmente presunto), produtos lácteos e derivados (principalmente queijos), aves, ovos, saladas mistas com vários ingredientes (ovos, atum, frango, batata), macarrão, patês molhos, tortas de cremes, bombas de chocolate e sanduíches com recheio. Os alimentos muito manipulados são de maior risco durante o preparo e/ou os que permanecem em temperatura ambiente depois da preparação (SILVA, 2008). O período de incubação é de 30 minutos a 8 horas; em média 2 a 4 horas após a ingestão do alimento contaminado, incluindo náuseas, vômitos, cólicas, prostração, pressão baixa e queda de temperatura (CVE/SES-SP, 2003). Os sintomas variam com o grau de susceptibilidade do individuo, concentração de enterotoxinas no alimento e a quantidade consumida do alimento (FRANCO e LANDGRAF, 2004). A recuperação ocorre em torno de dois dias e as complicações ou morte são raras (CVE/SES-SP, 2003). A ingestão de uma dose menor de 1µg (300 a 500 ng) pode provocar os sintomas da intoxicação e essa quantidade é atingida quando a população de S. aureus alcança valores acima de 106 UFC/g de alimento (FORSYTHE, 2005; SILVA, 2008). A presença de números elevados de S. aureus é uma indicação de perigo potencial à saúde pública, devido à enterotoxina estafilocócica, bem como à sanitização questionável, principalmente quando o processamento envolve a manipulação de alimentos (FRANCO e LANDGRAF, 2004). 2.3. Coliformes A presença de coliformes nos alimentos é de grande importância para a indicação de contaminação durante o processo de fabricação ou mesmo pósprocessamento, pois são considerados microrganismos indicadores de contaminação. Segundo Franco e Landgraf (2004), estes microorganismos são grupos ou espécies que, quando presentes em um alimento, podem fornecer informações sobre a ocorrência de contaminação fecal, sobre a provável presença de patógenos e/ou sobre a deterioração potencial de um alimento, além 19 de poder indicar condições sanitárias inadequadas durante o processamento, produção ou armazenamento. A presença de Coliformes totais e Escherichia coli (ou coliformes termotolerantes) em alimentos processados é considerada uma indicação útil de contaminação pós–sanitização ou pós-processo, evidenciando práticas de higiene e santificação aquém dos padrões requeridos para o processamento de alimentos (SILVA, 2007). A classificação dos coliformes, segundo SILVA (2007), apresenta o grupo de coliformes totais que incluem as bactérias na forma de bastonetes Gramnegativos, não esporogênicos, aeróbios ou aeróbios facultativos. Os coliformes são capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35oC. Apresentam cerca de 20 espécies, dentre as quais se encontram tanto bactérias originárias do trato intestinal de humanos e outros animais de sangue quente. A maioria dos coliformes é encontrada no meio ambiente e é destruído com certa facilidade pelo calor, um ponto importante no controle destes microrganismos nos alimentos (FORSYTHE, 2002). Os coliformes fecais são uma parte dos coliformes totais. Estes são capazes de fermentar a lactose com produção de gás em 24h a 44,5 – 45,5oC. O grupo inclui três gêneros, Escherichia, Enterobacter e Klebsiella, sendo a cepas de Enterobacter e Klebsiella de origem não fecal. Por isso que E. coli é a mais conhecida, sendo seu habitat o trato gastrintestinal ela é a indicadora de contaminação fecal, em alimentos processados (SILVA et al., 2007). Diversas linhagens de Escherichia coli são patogênicas para o homem e para os animais. Com base nos fatores de virulência, manifestações clínicas e epidemiológicas, as linhagens de E. coli consideradas patogênicas são agrupadas em quatro classes de acordo com Franco e Landgraf (2002): 2.3.1. E. coli enteropatogênica (EPEC): Causa diarréia aquosa em crianças contendo muco (mas não sangue), vômito, febre e desidratação (FORSYTHE, 2005). A diarréia em crianças pode ser 20 severa e prolongada, com elevada percentagem de casos fatais; uma taxa de 50% de letalidade tem sido relatada nos países em desenvolvimento (CVE/SESSP, 2003). Os reservatórios são os humanos, porém, bovinos e suínos podem ter essa bactéria em sua flora intestinal normal. A proporção de cepas patogênicas e não patogênicas, ainda que objeto de intensas pesquisas seja ainda desconhecida (CVE/SES-SP, 2003). O período de incubação é entre 9 a 10 horas em estudos com adultos voluntários, não se sabe se esse período é aplicado às crianças que adquiriram a infecção por transmissão natural (CVE/SES-SP, 2003). Para Franco e Landgraf (2004) o período de incubação varia entre 17 a 72 horas (media de 36 horas) e a duração da doença varia de 6 horas a 3 dias (média de 24 horas). Surtos de EPEC são esporádicos e sua incidência é variável em todo mundo, despontando em locais com condições sanitárias precárias (CVE/SES – SP, 2003). Carne crua e frango são os alimentos mais comumente implicados em surtos por EPEC, embora qualquer alimento exposto à contaminação fecal possa ser suspeito. Há uma susceptibilidade em crianças, especialmente muito jovens, em período de desmame, o que indica contaminação das fórmulas lácteas durante o preparo, como as mamadeiras mal higienizadas (CVE/SES – SP, 2003). Segundo a Secretaria de Saúde de SP (2010), os fatores que contribuem para a ocorrência de surtos são: contaminação dos manipuladores, refrigeração insuficiente, cocção inadequada, limpeza e desinfecção deficiente de equipamentos. 2.3.2. E. coli enteroinvasiva (EIEC): Esta linhagem causa febre e diarréias profusas contendo muco e sangue (FORSYTHE, 2005). O microrganismo coloniza o cólon e contem um plasmídeo de 120 a 140 mD necessário para invasividade, o qual carrega todos os genes necessários para a virulência (FORSYTHE, 2005). 21 O período de incubação varia entre 8 a 24 horas (média de 11 horas). Estudos realizados com voluntários adultos indicam qual a dose de infecção é alta (106 a 108 células) (FRANCO e LANDGRAF, 2004). A disenteria causada por esta bactéria é normalmente auto-limitante sem complicações. Contudo, uma seqüela comum associada a essa infecção, especialmente em crianças, é a síndrome hemolítica urêmica (SHU) (CVE/SESSP, 2003). Acomete mais comumente crianças maiores e adultos, mas seu isolamento de pacientes com diarréia não é freqüente. Acredita-se que a via de transmissão mais comum seja o contato interpessoal (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Os alimentos que, normalmente, podem abrigar a EIEC são desconhecidos, mas qualquer alimento contaminado com fezes humanas de indivíduos doentes, seja diretamente ou água contaminada, podem causar doença em outras pessoas (CVE/SES – SP, 2003). A Secretaria de Saúde de SP (2010) afirma que os fatores que contribuíram para a ocorrência de surtos são: cozimento inadequado, contaminação por manipuladores, armazenamento de alimentos em temperatura inadequada, reaquecimento insuficiente, resfriamento lento. 2.3.3. E. coli enterotoxigênica (ETEC) A ETEC tem sido considerada a causa mais comum da “diarréia dos viajantes”, com surtos documentados. Causa uma diarréia aquosa pela aderência a células epiteliais do intestino delgado (PARDI et al., 2001). Ao contrário das EPEC, que causam diarréia principalmente em pessoas muito jovens, as ETEC provocam diarréia tanto em crianças quanto em adultos. Estas linhagens estão entre as principais causas de diarréia do viajante. As síndromes da doença da ETEC são raramente acompanhadas por febre, e a diarréia é súbita (JAY, 2002). De acordo com o CVE/SES – SP (2003), a diarréia é auto limitada perdurando não mais que cinco dias. É uma infecção característica de países nobres. Durante os três primeiros anos de vida as crianças desenvolvem múltiplas infecções por ETEC, a doença 22 em adultos nessas áreas é menos freqüente. Ocorre em viajantes provavelmente de países desenvolvidos que atingem áreas menos desenvolvidas. Surtos graves de ETEC têm sido relatados em países desenvolvidos. A ETEC não é considerada uma séria doença transmitida por alimentos em países com bom padrão sanitário e boas práticas de preparação de alimentos. A contaminação da água com esgoto pode levar à contaminação dos alimentos e os manipuladores de alimentos infectados podem também contaminar os alimentos (CVE/SES – SP, 2003). De acordo com Franco e Landgraf (2004), nas áreas endêmicas, onde as condições de saneamento são precárias, principalmente nos trópicos, a doença atinge pessoas de todas as faixas etárias. Os principais fatores que contribuem para a ocorrência de surtos são: cozimento inadequado, contaminação por manipuladores, armazenamento de alimentos em temperaturas inadequadas, reaquecimento ineficiente, resfriamento lento, queijos fabricados com leite cru (CVE/SES – SP, 2003). 2.3.4. E. coli enterohemorrágica (EHEC): EHEC é a classe de Escherichia coli associada à enterocolite hemorrágica em indivíduos de todas as idades. Até o momento já foram descritos mais de 50 sorotipos de EHEC, mas E. coli O157:H7 é a mais comum, tendo sido envolvido em muitos surtos de intoxicação alimentar em diversos países (FRANCO e LANDGRAF, 2004). Este sorotipo O157:H7 tida como uma bactéria emergente, causa um quadro agudo de colite hemorrágica, através da produção de grande quantidade de toxina, provocando severo dano à mucosa intestinal. É caracterizado por cólicas abdominais intensas e diarréia, inicialmente líquida, mas que se torna hemorrágica na maioria dos pacientes. Ocasionalmente ocorre vômito e a febre é baixa ou ausente. Alguns indivíduos apresentam somente diarréia líquida. A doença é auto-limitante, com duração de 5 a 10 dias (CVE/SES – SP, 2003). Segundo Franco e Landgraf (2004), por ser semelhante aos causados por vários 23 outros microrganismos torna-se difícil de diagnosticar somente com os sintomas, é necessário fazer exame de fezes. Embora a quantidade de microrganismos necessária para causar a doença não seja conhecida (dose infectante), suspeita-se que seja similar à Shigella sp. (10 microrganismos) (CVE/SES – SP, 2003). Pardi et al. (2001) afirma que a dose infectante é de 10 a 10.000 cel/ml ou gramas e que o período de incubação da E. coli O157:H7 é de 8 a 24 horas, em média de 10 a 24 horas. Em surtos em enfermarias e casas de custodia, o período de incubação tende a ser mais longo, pois alguns casos são, provavelmente, o resultado da difusão de pessoa a pessoa, através de uma pequena inoculação (CVE/SES – SP, 2003). A duração da doença varia de 2 a 9 dias (FRANCO e LANDGRAF, 2004). A transmissão pessoa a pessoa também é relativa, presumivelmente através da via oral-fecal, se os hábitos de higiene ou lavagem de mãos não forem adequados. Ou seja, qualquer um com a doença diarréica deve evitar nadar em piscinas públicas ou lagos, compartilhar banheiros e preparar comida para outras pessoas. A identificação de falhas no cozimento tem frequentemente requerido uma cuidadosa revisão dos procedimentos, e até a repetição do processo de cozimento sob observação. Em surtos transmitidos por água, deve-se certificar de que esta água seja devidamente tratada (CVE/SES – SP, 2003). Seu habitat na natureza é o solo, água contaminada e material orgânico em decomposição. O trato intestinal dos ruminantes (principalmente bovinos e ovinos) é o principal reservatório de cepas de E. coli O157:H7 que podem ser eliminadas através de fezes de animais portadores assintomáticos intermitentes por meses. Entre os animais, o principal reservatório de E. coli O157:H7, é o bovino. Porém, suínos, ovinos e aves podem exercer esse papel (PARDI et al., 2001). Atingem igualmente ambos os sexos e a maioria das crianças pertencem à classe média, são crianças bem nutridas e que vivem em condições higiênicosanitárias aceitáveis. Nestas crianças, a diarreia que caracteriza o período prodrômico é o primeiro episódio de sua vida, e somente pra reduzir o risco de 24 propagar a infecção. Aproximadamente 15% das infecções por E. coli O157:H7, especialmente em crianças menores de 5 anos (entre 6 a 24 meses) e idosos, podem apresentar uma complicação chamada Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU), caracterizada por destruição das células vermelhas do sangue e falência renal que pode ser acompanhada de deterioração neurológica e insuficiência renal crônica (CVE/SES – SP, 2003). 3. Material e Método 3.1. Material Foram escolhidas três redes de supermercados (A, B e C) localizados em Brasília-DF (Plano Piloto). Foram escolhidos aleatoriamente 10 estabelecimentos destas redes na qual se sorteou duas amostras em cada estabelecimento com intervalo de 15 dias. Completando-se 20 amostras. As peças de carne foram obtidas, pela manhã, na seção de açougue de cada loja e moídas no momento da coleta, sendo acondicionada em bandejas de polipropileno ou sacos plásticos fornecidos pelos funcionários do estabelecimento com 200 gramas cada amostra. Foram transportadas em caixa de isopor com gelo reciclável até o Laboratório de Higiene dos Alimentos da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UNB). As amostras foram analisadas prontamente ao chegarem ao laboratório. 3.2. Método As técnicas utilizadas para análise das amostras foram baseadas na Instrução Normativa (IN) no 62, de 26 de agosto de 2003, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), associada com a American Public Health Association (APHA), descritas do Compendium of Methods for Microbilogical Examination of Foods (DOWNES & ITO, 2001) e Silva et al. (2007). 3.2. Preparo das amostras e suas diluições 25 Foram pesados, assepticamente, 25 gramas de cada amostra e transferidos para 225 ml de solução peptonada tamponada a 1%, acrescida de 1% de Tween 80 para emulsificar os glóbulos de gordura. As amostras foram homogeneizadas, através do stomacher, obtendo-se a diluição 10-1. A partir dessa diluição foram preparadas as diluições decimais sucessivas até 10-5, por se tratar de um produto de altamente manipulado. 3.3. Pesquisa de Salmonella A análise da presença da Salmonella foi feita em três etapas: préenriquecimento, enriquecimento seletivo, identificação bioquímica e prova de soroaglutinação. Pré enriquecimento: Segundo Silva et al., 2007, esse procedimento tem o objetivo de recuperar as células injuriadas com a utilização de solução salina peptonada que favorece a manutenção do pH, evitando que as bactérias acompanhantes acidifiquem o meio, prejudicando a recuperação das células de Salmonella sp. A IN 62/03 afirma que também minimiza os efeitos do processamento industrial do alimento, capaz de promover estresse nas células de Salmonella, sem inativá-las biologicamente. Neste processo foi feita a incubação da diluição 10-1 a 35ºC por 24h. Enriquecimento seletivo: Teve a função de inibir a multiplicação da microbiota acompanhante e promover a elevação preferencial do numero de células de Salmonella (SILVA et al., 2007). Foram utilizados os meios Rappaport Vassiiadis (RV) e Tetrationato (TT) que contém substâncias de ação impediente do crescimento para a maioria dos microrganismos interferentes e na inoculação em temperatura seletiva. Foi pipetado alíquotas de 0,1ml das amostras préenriquecidas para tubos contendo 10 ml de RV e de 1 ml para tubos contendo 10ml de TT . No meio Tetrationato foi adicionado de 0,2 ml de solução iodo-iodeto (6g de Iodo, 5g de Iodeto de Potássio, 20 mL de água destilada) a cada tubo (este ingrediente somente é adicionado no momento que for utilizar o meio), e acrescido, também, de 10 ml de solução verde brilhante a 0,1%, por litro desta 26 mistura. Formando o caldo Tetrationato pronto para fazer a análises de alimentos. Seguindo de incubação destes meios inoculados a 41oC por 24h. O meio Tetrationato, quando acrescido de verde brilhante, inibe especialmente a flora Gram positiva (Probac, 2008). E o iodo é adicionado no momento do uso do meio, que reagindo com o tiossulfato forma o tetrationato. (SILVA et al., 2007). Após 24 horas de incubação, foi realizado o estriamento utilizando alça de Henle, flambada e fria, dos meios TT e RV para o meio Salmonella Shigella (SS). De forma que cada placa de SS seja utilizada para um tipo de caldo de enriquecimento seletivo, gerando duas placas repicadas de SS para cada amostra. Uma para retirada do meio TT e a outra do meio RV. As placas foram encubadas invertidas a 35oC por 24 horas, formando-se colônias isoladas. As colônias típicas são pequenas, e transparentes, similares a pequenas gotas de água. Após esse processo foram feitas as provas bioquímicas que se basearam na evidenciação das colônias suspeitas (aparentemente típicas). Foram selecionados 2 a 3 colônias típicas de cada placa de Agar SS, para confirmação preliminar. Com auxilio de uma agulha de inoculação, tocou-se a massa de células, no centro da colônia e inoculou-se em um tubo inclinado de Agar Tríplice Açúcar ferro (TSI), pela picada profunda do meio e estrias na rampa. Com o mesmo inoculo, sem flambar a agulha, foi inoculado a cultura em um tubo de Agar Lisina Ferro (LIA), com duas picadas no fundo e estrias na rampa. Estes meios foram incubados a 35oC por 24 horas. Na incubação, as tampas dos tubos de LIA e TSI foram afrouxadas para manter condições aeróbias na rampa (prevenir a excessiva produção de H2S). Conforme SILVA et al, 2007, os tubos de LIA devem ser inclinados com fundo de no mínimo 4 cm, para garantir condições anaeróbias (a reação de descarboxilação da lisina ocorre naturalmente). A atividade da enzima lisina descarboxilase é dependente do pH, sendo mais ativa em pH abaixo de 5,5. A acidificação do meio é obtida pela fermentação da glicose presente. Nessa etapa do processo, ocorre a viragem do indicador púrpura de bromocresol, de violeta para amarelo. Observa-se se ocorreu 27 descarboxilação da lisina pela alcalinização do meio, o que é demonstrado pela não alteração de cor do indicador presente. Na condição anaeróbia, todo o oxigênio não combinado é consumido pelo microrganismo presente, na fase inicial de crescimento. A descarboxilação da lisina, que ocorre posteriormente, resulta na produção de uma diamina (cadaverina) e CO2, que conferem ao meio características de alcalinidade e nova viragem da cor do indicador, que passa de amarelo para violeta. A diamina cadaverina é estável quando produzida em condições anaeróbias. A maioria das salmonelas é capaz de produzir lisina descarboxilase (BRASIL, 2003). No ágar TSI, estão presentes: glicose (1,0 g/L), lactose (10,0 g/L) e sacarose (10,0 g/L). Como a glicose é um monossacarídeo e está em baixa concentração, será rapidamente fermentada anaerobiamente, formando ácido no fundo do tubo, o que torna o meio amarelo pela viragem do indicador vermelho de fenol (todos os membros da família Enterobacteriaceae fermentam a glicose com produção de ácido). A fermentação aeróbia da glicose, que ocorre na superfície do bisel, resulta em ácido pirúvico, que é posteriormente degradado a CO 2 e água (BRASIL, 2003). A grande maioria das salmonelas não fermenta a sacarose e a lactose, não provocando alterações no meio TSI (que contém esses dois açúcares). Como a fonte de carbono utilizável (glicose) é rapidamente esgotada, a Salmonella passa a degradar aerobiamente o substrato protéico do meio, produzindo amoníaco (NH3), o que confere ao meio um pH alcalino, modificando a coloração do bisel para rosa intenso (BRASIL, 2003). Os critérios para confirmação de reação típica de Salmonella é observado conforme a acidificação dos meios TSI e LIA (conforme critério da Tabela 03). A reação típica desta bactéria nessa etapa é evidenciado em tubos de TSI com rampa alcalina (vermelha) e fundo acido (amarelo), com ou sem a produção de H2S (escurecimento do Agar) e em LIA, rampa e fundo alcalinos (roxo, sem alteração da cor do meio), com ou sem produção de H2S (SILVA et al., 2007). 28 TABELA 03 – CRITÉRIO PARA CONFIRMAÇÃO DE REAÇÕES TÍPICAS DE Salmonella sp. Reação em LIA Reação em TSI Rampa e fundo alcalino com Rampa alcalina e fundo acido ou sem H2S (típica) Continuar* sem H2S (atípica) Fundo acido e rampa alcalina Rampa alcalina e fundo acido com ou sem H2S (atípica) Continuar* com ou sem H2S (típica) Rampa e fundo alcalino com Rampa e fundo acido com ou ou sem H2S (típica) Continuação Continuar* com ou sem H2S (típica) Fundo acido e rampa alcalina Rampa e fundo acidos Descartar* com ou sem H2S (atípica) *Continuar ou não o processo de detecção de Salmonella quando há suspeita de confirmação. FONTE: SILVA et al, 2007, modificada. Na análise feita neste trabalho não houve reação positiva nem suspeita nos tubos de TSI e LIA 2.3.1. Segundo Silva et al., 2007, se nenhuma colônia de uma dada placa apresentar reação típica em TSI, inocular duas novas colônias dessa placa em TSI, para confirmação. Se alguma cultura apresentar evidência de contaminação (cultura mista), estriar em placas de XLD (Xilose Lisina Desoxicolato) para purificação. Incubar as placas a 35 +/- 2ºC por 24 horas e observar se há colônias típicas: colônia cor rosa escuro, com centro preto e uma zona avermelhada levemente transparente ao redor. Cepas de Salmonella H2S fortemente positivas podem produzir colônias com centro preto grande e brilhante, ou mesmo inteiramente pretas. Cepas de Salmonella H2S negativas produzem colônias cor de rosa com centro rosa mais escuro, mas não preto. Selecionar 29 duas colônias típicas bem isoladas e inocular novamente em TSI e LIA (SILVA et al., 2007). Para confirmação definitiva, utiliza-se o teste de ração sorológica frente ao anti-soro polivalente “O” ( prova de soroaglutinação) que determina que a partir da cultura de 24 horas em TSI, emulsificar uma alçada em 2 ml de solução salina 0,85% estéril. Em uma lamina de vidro, placa de petri ou placa de huddleson, depositar separadamente uma gota de solução salina 2% e uma gota de soro anti-Slamonella polivalente “O”, diretamente no frasco. Em seguida, acrescentar a cada uma delas uma gota da suspensão em teste. Com movimentos circulares, realizar a leitura com iluminação sobre fundo escuro em 1 a 2 minutos, classificando em reação positiva, negativa, ou não especifica. A reação positiva é quando há presença de aglutinação somente na mistura cultivo + anti-soro. A negativa, é quando há ausência de aglutinação em ambas as misturas e não especifica, é quando há a presença de aglutinação em ambas as misturas (formas rugosas). 3.4. Determinação do número mais provável (NMP) de Coliformes Totais Para contagem de coliformes totais, foram utilizadas alíquotas de 1 ml das diluições 10-3, 10-4 e 10-5 (homogeneizados previamente) e inoculadas em uma série de 3 tubos de Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) de concentração simples contendo tubos de Durhan invertidos (uma serie para cada diluição), logo após, foram agitados e encubados a 35 +/- 0,5º C por 24 +/- 2 horas. Pela presença de lactose no caldo LST, houve a formação de gás nos tubos de Durhan após 24 horas de incubação aliada à turvação do meio, o que é considerado suspeito (presuntiva) da presença de coliformes totais. Caso não ocorresse a produção de gás, os tubos de LST foram reincubados até que se completasse 48 +/- 2horas, para observar se houveram formação de gases nos tubos de Durhan e turvação do meio. 3.5. Determinação do número mais provável (MNP) de coliformes termotolerantes (ou fecais) 30 Para determinação do NMP de coliformes fecais foram coletados, dos tubos de caldo LST que turvaram e produziram gases, uma alçada para o Caldo Escherichia coli (EC). Seguida de incubação a uma temperatura seletiva de 45,5 +/- 0,2ºC por 24 +/- 2 horas. Mas pode-se fazer a processo direto, retirando alçada das diluições 10-3, 10-4 e 10-5 (homogeneizados previamente) e inoculadas em uma série de 3 tubos de Caldo EC por cada diluição. Ao final observa-se se há turvação e produção de gás nos tubos com caldo EC, confirmando a presença de coliformes termotolerantes (fecais). O caldo EC apresenta em sua composição um mistura de fosfatos que lhe confere um poder tamponante impedindo a sua acidificação (BRASIL, 2003). A seletividade da temperatura é devido a presença de sais biliares responsáveis pela inibição de microrganismos Gram positivos (BRASIL, 2003). Para as análises feitas apenas por número mais provável, a partir do resultado e quantidade de tubos positivos, chega-se a estimativa de UFC/ml de amostra (SILVA et al., 2007). 3.6. Determinação de Staphylococcus Coagulase positiva/grama A partir das 3 diluições feitas da amostra (10-3, 10-4, 10-5), foram pipetados 0,1ml de cada diluição e colocou-se na superfície de placa de Agar Baird-Parker (BP), previamente preparadas e secadas espalhando-se o inoculo com uma alça de Drigalski. Sempre flambando a alça entre um uma diluição e outra. Aguardou que as placas secassem completamente e incubou-as, invertidas, a 35ºC por 48 horas. O meio de cultura utilizado é produzido a partir da base de Agar BP enriquecido com uma solução de gema de ovo a 50% e telurito de potássio a 3,5%. Este agar possibilita a verificação das atividades proteolíticas e lipolíticas de S. aureus, por meio do aparecimento de um halo de transparência e um de precipitação ao redor da colônia, respectivamente. O telurito de potássio confere a coloração enegrecida às colônias, pois o S. aureus reduz anaeróbia e aerobiamente de telurito de potássio a telurato (IN 62/03). A gema de ovo é 31 utilizada para verificar a presença da enzima lecitinase e/ou lipases, observandose a formação de halos de transparência ao redor da colônia devido a hidrólise da lecitina do ovo (LANCETTE & BENNET, 2001) Foi contado as colônias típicas de S. aureus, que são circulares, pretas ou cinzas escuras, com 2-3 mm de diâmetro (com cerca de 1,5 mm, mas em placas cheias são menores), lisas, convexas, com bordas perfeitas, massa de células esbranquiçada nas bordas, rodeadas por uma zona opaca e/ou um halo transparente se estendendo por além da zona opaca. Eventualmente, colônias atípicas podem apresentar-se cinzentas ou negras brilhantes, sem um ou ambos os halos típicos. Para a confirmação das colônias típicas, foi necessário selecionar 3 colônias típicas e 3 atípicas para o teste de coagulase e transferi-las para tubos contendo 2 ml de Caldo Infusão Cérebro Coração (BHI) e mantidas a 35ºC por 24 horas. Após esse período, transferiram alíquotas de 0,3 ml de Caldo BHI juntamente com 0,3 ml de plasma de coelho para tubos estéreis. Misturou-se em movimentos de rotação, sem agitar os tubos para não interferir na coagulação. Esses tubos foram incubados a 35ºC por 6 horas. Nestas 6 horas, foram observados os tubos, de 2 em 2 horas, caso houvesse a formação de coágulos. Ao final dessas 6 horas, a coagulação completa de todo o conteúdo do tubo, formando coagulo firme que não se rompe quando o tubo é virado para baixo, é considerada reação positiva de nível 4+. Esta prova de coagulase baseou-se na comprovação da capacidade de coagular o plasma de coelho pela ação da enzima coagulase produzida pelo microrganismo (BRASIL, 2003). 3.7. Contagem de Microrganismos aeróbios mesofilos viáveis A partir da diluição 10-3, 10-4 e 10-5, foi transferido 1 ml para placas de petri estéreis, adicionando, em torno de 15 ml de Agar Padrão para contagem (ACP) previamente fundido. Esse meio foi preparado anteriormente e fundido no momento da análise, onde foi acrescido de 0,3ml de solução filtrada e esterilizada de Cloreto 2,3,5-Trifenil Tetrazólio (TTC). 32 Foi utilizado o método de inoculação em profundidade, ao qual foi colocada a diluição, primeiramente, acrescido do meio e realizada uma leve agitação na placa a fim de proceder adequada homogeneização entre o meio e o inoculo, com movimentos circulares de oito a dez vezes no sentido horário e anti-horário. Esperou-se solidificar o meio em superfície plana e incubaram-se as placas, invertidas, a 35ºC por 48 horas. As colônias típicas caracterizam-se por pequenos pontos rosados dispersos por todo o meio. 4. Resultados e Discussão 4.1. Bactérias mesófilas Foi observado que houve variação de 3,9 x 103 UFC/g a um valor estimado maior que 6,5 x 106 UFC/g. Segundo Oliveira (2008) é impossível obter contagens iguais à zero de microrganismos aeróbios mesofilos, tanto que, em produtos considerados frescos, não se exige padrão para este grupo de microrganismo. Das 20 amostras, 19 tiveram o numero mais provável de microorganismos mesofilos acima de 104 UFC/g. Segundo Silva et al. (2007) e Costa (2008) a obtenção de contagens de 104 para mesófilos em amostras de carne moida indica má qualidade da matéria prima e/ou tempo e temperatura de estocagem que neste caso estão inadequados. Associada a pouca higiene de obtenção e manipulação da carne, incluída a pouca higiene da maquina de moer. Neste estudo foi verificado que 50% das amostras apresentaram contagens superiores a 106 UFC/g. Motta et al. (2000) analisou a qualidade microbiológica de 15 amostras de carne moida comercializada na região oeste de SP, e verificou que 60% das amostras apresentaram também acima deste valor. Segundo Bourgeois et al. (1993), a presença de mesofilos aeróbios na faixa de 10 6 UFC/g do produto é capaz de causar deterioração nos alimentos, sendo assim, a quantidade de mesofilos encontrada nas amostras de carne moida, indicam tempo útil de conservação reduzido. Não houve variação media nos resultados comparando as duas coletas, que foi de 2,5 x 106 UFC/g. Esses dados mostram-se iguais aos encontrados por 33 Costa et al. (2008) que analisou 40 amostras de carne moida, coletadas pela manha, comercializada em Jaboticabal, SP. Os supermercados A2 e A5 (Gráfico 01) apresentaram valores altos tanto na primeira coleta como na segunda, o que pode representar uma falta de condições higiênicas de manipulação e armazenamento. Já o A1, B2 e B3 obtiveram uma alta taxa na primeira coleta e baixa na segunda podendo representar uma melhor higienização dos utensílios usados na moagem e/ou uma adequada manipulação. Mas outros supermercados (A4 e C1) houve uma baixa taxa na primeira coleta e alta na segunda. Podendo concluir que não se manteve uma boa qualidade higiênico sanitária nos supermercados para obter uma qualidade microbiológica adequada da carne moida. GRAFICO 01 – DISTRIBUIÇAO DO NIVEL DE CONTAMINAÇAO DA CARNE MOIDA POR MESOFILOS EM CADA SUPERMERCADO COMPARANDO POR UFC/g COLETA (x104). 6500 6000 5500 5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 Coleta 1 Coleta 2 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 supermercado Segundo Westhoff e Feldstein apud Sobreiro & Souza (1996) a presença de bactérias mesófilas é maior na carne moida proveniente de mercados varejistas devido ao grande manuseio e ao maior tempo decorrido desde o abate. 34 4.2. Coliformes totais GRAFICO 02 – DISTRIBUIÇAO DO NIVEL DE CONTAMINAÇAO DA CARNE MOIDA POR COLIFORMES TOTAIS EM CADA SUPERMERCADO NMP/g COMPARANDO POR COLETA (x102). 1120 1040 960 880 800 720 640 560 480 400 320 240 160 80 0 Coleta 1 Coleta 2 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 superm ercados Houve uma variação do número de coliformes entre 3,6 x 102 a um numero estimado maior que 1,1 x 105, em que 20% das amostras estão com valores superiores a 105. Esse valor elevado provavelmente ocorreu devido à manipulação inadequada ou matéria prima com muita carga de microrganismos. Observando-se o Gráfico 2, os supermercados A2, A5 e B2 apresentaram valores acima de 105, preocupante para o consumo desse alimento para o consumidor. Oliveira et al. (2008) afirma que amostras até 105 estão com contagem limite, para não causarem problemas ao consumidor. Valores próximos de Julião e Costa (2002) que encontraram, num total de 39 amostras, um número de seis, ou seja, 15,4% de contagens elevadas para coliformes totais, mostrando que a carne moida resfriada homogeneizada de bovino preparada a nível varejista merecem cuidados desde a compra da matéria prima e nas fases subseqüentes 35 de moagem, envasamento, embalagem e frigorificação por tratar-se de produto que justifica seu consumo em pequenos espaços de tempo. 4.3. Coliformes termotolerantes GRAFICO 03 – DISTRIBUIÇAO DO NIVEL DE CONTAMINAÇAO DA CARNE MOIDA POR COLIFORMES TERMOTOLERANTES EM CADA NMP/g SUPERMERCADO COMPARANDO POR COLETA (x10). 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Coleta 1 Coleta 2 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 supermercados Para Motta (2000) valores de 1 x 102 a 5 x 102 são consideradas em condições higiênicas insatisfatórias e valores acima de 5 x 102 são consideradas impróprias para o consumo. Em seu trabalho, 20% foram consideradas insatisfatórias e 26,7%, impróprias. Neste trabalho, observando o Gráfico 03, os supermercados (A2, A3, B2, B3 e B4) apresentaram condições de higiene insatisfatórias, sendo que os supermercados A3 e B4 apresentaram valores acima de 5 x 102, uma carga microbiana alta de coliformes termotolerantes, considerando-se as condições de higiene improprias para o consumo. Se baseando nesses dados, observou-se que 60% das amostras são consideradas em condições higiênicas insatisfatórias e 40% como impróprias para o consumo no estudo feito em Brasília. 36 Já para Souza (2000), valores acima de 103 que são considerados insatisfatórios. Baseado nisto, 25% das análises (deste estudo) feitas com as 20 amostras de carne moida não podem ser distribuídas aos consumidores. 4.4. Staphylococcus coagulase positiva Na análise de contaminação por estafilococos, apesar de ter crescido colônias aparentemente típicas, foram todas tidas negativas para Staphylococcus coagulase positiva. A importância de patogenos como Sthaphylococcus em alimentos crus esta ligada ao poder enterotoxigênico, com conseqüentes distúrbios gastrointestinais, quando da ingestão de alimentos contaminados, indicando também higiene inadequada (PIGATTO, 2003) Os estafilococos coagulase positiva produzem enterotoxinas, há 3 relatos de surtos de intoxicação estafilococica associados a espécies coagulase negativa, de acordo com Pereira e Pereira, 2005, oferecendo risco também ao consumidor, como o S. epidermidis, S. saprophyticus, S. haemolyticus, S. xylosis, entre outras O numero mínimo de produção de enterotoxinas estafilocócica é de 105 colônias, sendo suficiente para ocasionar manifestações de intoxicação alimentar aguda (SILVA et al., 2007) Para GRÜNSPAN, 1996, a contagem permitida de estafilococus é de 102 colônias. A preocupação que o consumidor tem é que embora a carne moida in natura receba tratamento térmico antes de ser ingerida (na maioria dos casos) pode ocorrer risco de provocar intoxicação. Pois a toxina elaborada pelo Staphylococcus aureus é termoestável e mesmo um tratamento térmico de 100°C por 30 minutos, nem sempre é suficiente para distraí-la. (JAY, 2005, e SOUZA, 2000). 4.5. Pesquisa de Salmonella sp/25g ou ml: 37 O padrão microbiológico adotado na Brasil para carne e produtos cárneos resfriados ou congelados “in natura’’ é estabelecido de acordo com a RDC 12 de 2001. Esta exige, para carne moida e carne preparadas cruas congeladas, ou não, ausência de Salmonella sp., em 25 gramas. Todas as amostras analisadas apresentam-se isentas de contaminação por Salmonella sp., estando dentro dos padrões da legislação vigente. Motta et al., (2000) verificou, em 15 amostras de carne moida, uma amostra positiva para Salmonella sp. FRITZEN et al. (2006) isolaram Salmonella de 16 (69,5%) amostras de um total de 23 amostras de carne moída analisadas no Estado do Paraná. ALMEIDA et al. (2002) analisaram amostras de acém bovino inteiro e moído coletadas em estabelecimentos do Município do Rio de Janeiro e isolaram Salmonella de cinco (25%) amostras do acém moído. Nos Estados Unidos, WHITE et al. (2001) analisaram 200 amostras de carne moída e isolaram Salmonella de 41 (20%). 38 6. CONCLUSÃO: A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), n° 12 de 2 de janeiro de 2001, estabelece Padrões Microbiológicos para Alimentos. Foi considerado que a carne moída avaliada neste estudo é considerada própria para o consumo, pois as amostras foram negativas para a presença de Salmonella sp em 25 gramas de amostra. Estando de acordo com os padrões exigidos para este tipo de alimento. Entretanto, foram encontrados altos índices em 50% das amostras de bactérias mesófilas, 20% das amostras de coliformes totais e 40% das amostras de coliformes termotolerantes. A presença destes microrganismos sugere uma necessidade de observar os processos de boas praticas de fabricação focando na qualidade da matéria prima e no aprimoramento da manipulação e sanitização, o que poderia diminuir estes altos índices e consequentemente melhorar a qualidade do produto. 39 7. BIBLIOGRAFIA: ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales. 3. ed. Washington: Organización Panamericana de la Salud, 989 p, 2003. ALMEIDA, A.S.; GONÇALVES, P.M.R.; FRANCO, R.M. Salmonella em corte de carne bovina inteiro e moído. Revista Higiene Alimentar, v.16, n.96, p.77-81, 2002. BANDEIRA, M.T.P.S. Qualidade microbiológica da carne bovina. Especialização em qualidade de alimentos. Universidade de Brasília, Brasília, junho de 2004. 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