FANESE Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe Diretor Geral M.Sc. Ionaldo Vieira Carvalho Diretor Financeiro André Monteiro Freitas Presidente do Conselho Bárbara Monteiro Freitas Coordenador Acadêmico José Albérico Gonçalves Ferreira Autor Prof. M.Sc. Ulisses Pereira Ribeiro Revisor de Educação a Distância M.Sc. Mário Vasconcelos Andrade Ilustrações e Editoração Eletrônica TECNED - Tecnologias Educacionais TECNED - Tecnologias Educacionais Ltda. Av. Mário Jorge Menezes Vieira, 3074A - CEP 49035-660 - Coroa do Meio - Aracaju - Sergipe e-mail: [email protected] - Site: www.tecned.com.br - Tel.: (79) 3255-3391 Apresentação ANÁLISE ECONÔMICA I Orientações Gerais Para o Aluno Para um bom aproveitamento da Disciplina Análise Econômica I, na modalidade de Ensino a Distância, chamamos sua atenção para os seguintes aspectos: Leitura dos Objetivos Específicos de cada Unidade; Estudo do conteúdo disponibilizado no Ambiente Virtual- FANESE ou por mídia impressa; Pontualidade na entrega das atividades agendadas; Participação nos Fóruns e Chats; Interação com seu Tutor; Realização dos Exercícios de Fixação; Atenção especial para as datas das provas presenciais. Lembre-se: Você contará sempre com o apoio da Tutoria para solucionar dúvidas, discutir o conteúdo da Disciplina e orientações sobre as atividades. 3 ANÁLISE ECONÔMICA I Apresentação Apresentação da disciplina Prezado(a) Aluno(a), Frequentemente estamos envolvidos em processos de tomada de decisão, sejam elas pessoais, ou profissionais. Em geral, as decisões mais importantes não são fáceis de serem tomadas e passam a ser tarefas cada vez mais complexas num ambiente de rápidas mudanças econômicas, sociais, políticas e tecnológicas. No entanto, é fato que o grau de acerto das decisões aumenta quando elas são baseadas em informações capazes de tornar mais claros os custos e os benefícios de cada opção a ser escolhida. A economia é uma ciência que fornece informações de grande utilidade para os tomadores de decisão. Ela é fundamental para a compreensão do ambiente econômico, permitindo a previsão de mudanças que possam ocorrer neste ambiente, facilitando a antecipação de ações que podem ser realizadas no sentido de se lidar com a nova realidade. Pode-se, com isso, aproveitar melhor as oportunidades e enfrentar com mais propriedade as ameaças. Este material foi desenvolvido para nortear os estudos dos alunos matriculados na disciplina Análise Econômica I da Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe – FANESE. Enfoca o conteúdo básico necessário para a compreensão da economia como ciência; dos princípios econômicos; dos problemas econômicos básicos de uma economia capitalista; do comportamento dos agentes econômicos numa economia de mercado; do funcionamento dos mercados; das flutuações econômicas e papel das políticas econômicas; dos indicadores de conjuntura da economia brasileira e internacional, dentre outros conteúdos. A intenção deste material didático é familiarizar o aluno com os conceitos econômicos, os problemas econômicos básicos e as técnicas de análise econômica. Não há intenção de se tratar com profundidade os temas específicos da Teoria Econômica. O que se deseja é facilitar ao máximo o entendimento da matéria sem prejuízo do conteúdo básico exigível. Os aprofundamentos necessários serão realizados por meio da leitura da literatura indicada ao longo deste material, nas bibliografias básica e complementar apresentadas no conteúdo programático, encontrado no Controle Acadêmico, além de outros materiais que você encontrará na plataforma da Webaula, indicados pelo tutor. Esperamos que você se apaixone pela Ciência Econômica e não deixe de estudar os assuntos econômicos. Busque sempre estar a par do noticiário, ele é muito útil no processo de aprendizagem. Lembre-se também que seu tutor está à sua disposição. Não deixe de consultá-lo. 4 Apresentação ANÁLISE ECONÔMICA I APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material didático está dividido em três partes correspondentes às unidades avaliativas da disciplina Análise Econômica I. A primeira unidade compreende as unidades temáticas 1, 2 e 3, que correspondem, respectivamente, aos temas: Economia; Entendendo a dinâmica do mercado; e Fundamentos da Teoria da produção. Seus objetivos são: apresentar os conceitos que fundamentam a economia como ciência; explicar o funcionamento dos mercados; demonstrar as técnicas básicas de análise de mercado; e apresentar os fundamentos da teoria da produção, sob a ótica da Teoria Econômica. Ao final da primeira unidade, o aluno estará apto a: identificar o problema econômico fundamental e questões econômicas básicas; explicar os princípios econômicos; conceituar sistema econômico e apresentar os principais sistemas; explicar como funciona uma economia de mercado; diferenciar a microeconomia da macroeconomia; diferenciar economia positiva e economia normativa; identificar as variáveis de mercado; explicar os comportamentos da oferta e da demanda; identificar os fatores influenciadores da oferta e da demanda e explicar como eles afetam as forças do mercado; explicar o equilíbrio de mercado e as alterações neste; explicar as flutuações do preço de equilíbrio; identificar os tipos de estrutura de mercado; conceituar e exemplificar os fatores de produção fixos e variáveis; e apresentar as técnicas de análise da produção, diferenciando a análise de curto prazo e de longo prazo. A segunda unidade compreende as unidades temáticas 4, 5 e 6, correspondentes aos temas: Fundamentos da Teoria dos custos; Noções sobre dinâmica macroeconômica e ciclo econômico; e Noções sobre inflação. Seus objetivos são: apresentar os fundamentos da Teoria do Custo e como são determinados o lucro, o ponto de equilíbrio e o máximo do lucro; apresentar as principais variáveis determinantes da renda agregada, como esta última evolui ao longo do tempo e como a política econômica interfere no desempenho da economia; e apresentar o significado da inflação, os problemas consequentes, os tipos clássicos de inflação e as formas de controle de processos inflacionários. Ao final da segunda unidade, o aluno estará apto a: classificar os custos de produção; explicar o comportamento dos custos da firma no curto e longo prazo; determinar o lucro e o ponto de equilíbrio; explicar o processo de maximização do lucro; identificar o ponto de fechamento da firma; explicar o equilíbrio macroeconômico e os desequilíbrios; identificar as variáveis componentes da renda agregada e seus determinantes; explicar o efeito multiplicador da renda; identificar as injeções e os vazamentos do circuito econômico e compreender seus efeitos; explicar como a economia evolui ao longo do tempo e as consequências de um superaquecimento e de uma recessão econômica; explicar os efeitos das políticas econômicas expansionistas e restritivas; definir inflação e taxa de inflação; identificar os principais problemas causados pela inflação; e apresentar as características dos tipos clássicos de inflação e principais formas de combate às mesmas. A terceira e última unidade compreende as unidades temáticas 7, 8, 9 e 10, correspondentes aos temas: Noções sobre teoria monetária; Tópicos de Comércio internacional; Balanço de pagamentos; e Taxa de câmbio. Seus objetivos são: apresentar a teoria referente à moeda e à política monetária; apresentar conceitos e elementos relevantes para o entendimento da existência e desenvolvimento do comércio internacional; apresentar o balanço de pagamentos e técnica de análise dos resultados de suas contas; e apresentar o significado da taxa de câmbio, como ela flutua e como ela influencia as transações econômicas internacionais. Ao final da terceira unidade, o aluno estará apto a: conceituar moeda; apresentar as funções da moeda; apontar as características básicas da moeda; conceituar oferta monetária e apresentar sua composição; explicar os motivos pelos quais os agentes demandam moeda; explicar os efeitos das ações das autoridades monetárias na oferta monetária e na economia; apontar os motivos pelos quais os países comercializam entre si; apresentar o significado das vantagens comparativas; identificar os principais obstáculos ao livre comércio entre países; apresentar as principais políticas de comércio exterior; apresentar a função da Organização Mundial do Comércio; apresentar o significado e principais efeitos da globalização econômica; explicar a utilidade do balanço de pagamentos; apresentar a divisão do balanço de pagamentos; explicar a função de cada conta do balanço de pagamentos; explicar o significado dos saldos de cada conta do balanço de pagamentos; apresentar o significado e a utilidade das reservas internacionais; conceituar taxa de câmbio; explicar como a taxa de câmbio é determinada; e diferenciar os principais regimes cambiais. 5 ANÁLISE ECONÔMICA I Economia Unidade I ECONOMIA Esta unidade temática tem como objetivo apresentar os conceitos que fundamentam a economia como ciência. Ao final desta unidade você estará apto a: • Identificar o problema econômico fundamental e questões econômicas básicas; • Explicar os princípios econômicos; • Conceituar sistema econômico e apresentar os principais sistemas; • Explicar como funciona uma economia de mercado; • Explicar o problema da escassez e a necessidade de se fazer escolhas; • Diferenciar microeconomia de macroeconomia e apresentar seus principais objetivos; • Diferenciar economia positiva e economia normativa • Explicar os pressupostos básicos da análise microeconômica 1.1. O Problema Econômico Fundamental Como atender a uma infinidade de necessidades humanas com recursos escassos? A questão acima é o principal objeto de estudo da economia, ou seja, a ESCASSEZ. Este problema é a razão pela qual a sociedade estuda como racionalizar (planejar) o uso dos recursos. Há limite na disponibilidade de dinheiro, tempo, espaço, energia, água, gente para trabalhar, máquinas, dentre outros recursos necessários à produção dos bens materiais (tangíveis) e imateriais (intangíveis) que a sociedade necessita. Por outro lado, a população mundial é cada vez maior e mais exigente em termos de consumo, necessitando-se de mais produção de alimentos, roupas, calçados, transporte, educação, saúde, diversão, dentre outras demandas. A Ciência Econômica origina-se desse problema. Ou seja, é a ciência social que estuda como os indivíduos e a sociedade decidem como produzir, distribuir e consumir bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas, alocando recursos escassos nesses processos. As ciências sociais estudam a organização e o funcionamento da sociedade. Considerando a natureza desse tipo de ciência, não há possibilidade de serem realizados experimentos controlados sobre o comportamento dos seres humanos, nem tampouco que se pensar em precisão das previsões e dos resultados de intervenções junto à sociedade – de uma política pública, por exemplo. Ou seja, qual será o aumento exato da demanda efetiva de tablets no Brasil a partir da redução de 5% nos impostos sobre a produção e circulação deste bem? Dificilmente se consegue a informação exata. Apesar disso, informações sobre tendências de comportamento e estimativas de valor ou de taxa de variação dos dados são de grande valia para a tomada de decisão. 1.2.Questões Econômicas Fundamentais 6 São preocupações de qualquer sociedade. Questões que devem ser respondidas por conta da existência de escassez de recursos. As questões são: Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Economia • o que e quanto produzir – a sociedade tem que escolher quais bens devem ser produzidos e respectivas quantidades; • como produzir – a sociedade tem que definir a tecnologia que será utilizada na produção dos bens escolhidos; • para quem produzir – a sociedade tem que definir como a produção será distribuída. 1.3. Princípios Econômicos Além da escassez, há outros dois princípios econômicos básicos que devemos considerar: o hedonismo e a utilidade. • Conceito de Hedonismo: o ser humano sempre busca o melhor para si, ou seja, busca a máxima satisfação. Deseja e busca o máximo benefício (satisfação, prazer) e tenta evitar o custo (insatisfação, desprazer). Assim sendo, ações ou reações da sociedade ou individuais podem ser previstas com base nesse princípio. Pense bem! Refrigerantes e sorvetes tendem a ser consumidos em maior quantidade quando o clima é quente ou frio? É comum as pessoas utilizarem trajes de banho por longo tempo em épocas de forte frio? Se houver aumento da renda dos consumidores, eles preferirão consumir mais bens de qualidade superior ou inferior? Se produzir milho dá mais lucro do que produzir soja, os agricultores tenderão a investir mais na produção de milho ou de soja? Vale observar que os comportamentos coletivos são mais importantes do que os individuais. Ou seja, se uma pessoa, numa população de 1.000, tem comportamento diferente das demais, o comportamento geral não será influenciado. • Conceito de Utilidade: o valor que uma pessoa atribui a um bem depende da utilidade (satisfação) que esta pessoa acredita conseguir com a aquisição do mesmo. Bens considerados úteis são aqueles que proporcionam satisfação. Quanto maior é o grau de utilidade atribuído por um consumidor a um bem, maior será o preço (ou esforço) que o consumidor se disporá a pagar (realizar) para adquirir o mesmo. 1.4. Sistema econômico Forma como uma sociedade está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as atividades de produção, distribuição e consumo dos bens e serviços. Um sistema econômico é caracterizado por um conjunto de regras e regulamentos que definem o comportamento dos agentes econômicos. O estudo do sistema econômico é importante porque: • possibilita conhecer o funcionamento do sistema econômico; • permite prever o comportamento futuro do sistema e identificar os distúrbios que possam prejudicar seu funcionamento; e • orienta as famílias, gestores e governo no sentido controlar os fatores que afetam o funcionamento do sistema. 7 ANÁLISE ECONÔMICA I Economia Unidade I Tipos de sistema econômico: De forma geral, podemos classificar os sistemas econômicos como sistema de Economia Centralizada ou Planificada (socialista) ou sistema de Economia de Mercado (capitalista). Características do sistema de Economia Centralizada ou Planificada : • As questões econômicas são resolvidas por um órgão central de planejamento; • Predomina a propriedade pública dos fatores de produção (recursos produtivos); China e Cuba são economias organizadas com base nesse sistema econômico. Características de uma Economia de Mercado: • Sistema regido pelas forças de mercado (demanda e oferta); • Predomina a livre iniciativa; • Predomina a propriedade privada dos fatores de produção; • As questões econômicas são resolvidas de forma predominante pelo mecanismo de preços, através das forças de mercado. O sistema de economia de mercado é predominante no mundo, inclusive na nossa economia. Funcionamento de uma economia de mercado A disciplina Análise Econômica I enfoca, prioritariamente, conceitos e técnicas de análise do sistema de economia de mercado. Uma economia de mercado pode funcionar livremente ou sob a regulação governamental. As respectivas características são: • Sistema de concorrência pura – as forças do mercado (demanda e oferta) operam livremente sem a intervenção do governo. • Sistema de economia mista – as forças do mercado (demanda e oferta) atuam predominantemente, mas há intervenção governamental no sentido de melhorar a alocação dos recursos, a distribuição da renda e da riqueza geradas e o padrão de vida da coletividade. Condições que dificilmente ocorrem numa situação de concorrência pura. Circuito econômico básico (Economia de Mercado – concorrência pura) O funcionamento básico de uma economia de mercado, concorrência pura, demonstra as interações econômicas entre as famílias1 e as empresas2 , os dois agentes desse modelo de mercado. Na parte inferior do circuito, ilustrado na figura a seguir, é demonstrado o mercado de fatores de produção3, onde percebemos a venda de fatores de produção por parte das famílias às empresas e, como contrapartida, o recebimento de rendas4 pelas famílias, pagas pelas empresas. Na parte superior do circuito temos a representação do mercado de bens, onde percebemos o fluxo que ilustra a venda dos bens e serviços finais5 por parte das empresas às famílias. Como contrapartida disso, tem-se a despesa6 realizada pelas famílias com o pagamento às empresas pelos bens e serviços adquiridos. 8 1 - Famílias: fornecem os fatores de produção às empresas e consomem os bens e serviços finais 2 - Empresas: instituições responsáveis pela produção dos bens e serviços que a sociedade necessita. Para realizar a produção necessitam dos fatores de produção. 3 - Fatores de produção (recursos produtivos) - Mão-de-Obra, Capital, Recursos Naturais. 4 - Remuneração dos fatores (renda) - Salários, Lucros, Juros, Aluguéis. 5 - Bens e serviços de consumo final: produtos acabados destinados a satisfazer as necessidades das pessoas físicas (famílias) 6 - Despesa com consumo: gasto com a aquisição dos bens e serviços de consumo final Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Economia Circuito Econômico Básico (Economia de Mercado) Mais informações sobre sistemas econômicos são encontradas em Vasconcellos (2008, cap. 1) 1.5. Escassez e Escolhas Os recursos são escassos, portanto, temos que fazer escolhas. O problema da escassez é ilustrado pelo modelo denominado de fronteira (ou curva) de possibilidades de produção, que demonstra combinações de produção de dois bens possíveis de ser realizadas com os recursos disponíveis. A escassez de recursos impõe limite à quantidade que pode ser produzida de cada um dos dois bens. Assim sendo, em pleno uso dos recursos disponíveis, somente será possível aumentar a produção de um dos bens se, obrigatoriamente, houver redução da produção do outro bem. Um exemplo prático: se você destina 04 horas diárias para estudar as disciplinas da faculdade e acaba dedicando mais tempo para estudar uma das disciplinas, sobrará menos tempo para estudar as outras disciplinas. Diante dessa condição, quatro conceitos são relevantes: • Eficiência Produtiva – Ocorre quando a economia opera em sua fronteira de possibilidades de produção. Onde não há desemprego de recursos. • Custo de Oportunidade – benefício que a sociedade abre mão por reduzir a quantidade produzida de um dos bens e empregar os recursos disponíveis no aumento da produção do outro bem. • Desemprego – Ocorre quando a economia opera abaixo da fronteira de possibilidades de produção, abaixo de sua capacidade; existência de recursos que não são aplicados; ociosidade: mão-de-obra, máquinas, dinheiro e outros recursos desempregados. O desemprego existe quando o grau de utilização da capacidade produtiva é menor que 100%. • Crescimento – Ampliação da capacidade de produção. Isto é possível pelo aumento na quantidade de recursos ou mudança tecnológica: Determinantes do crescimento • Aumento da dotação de recursos: • Mais recursos naturais • Mais Mão-de-Obra • Mais Capital (produtivo) 9 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Economia • Mais Recursos financeiros • Variação Tecnológica: • Novos processos de produção; • Novos produtos; • Novos recursos. 1.6. Microeconomia e Macroeconomia Microeconomia – ramo da Teoria Econômica que estuda os comportamentos individuais. Estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos. Principais problemas microeconômicos: o comportamento do consumidor e a análise da procura; o comportamento do empresário, a empresa e a análise da oferta; a remuneração dos fatores de produção e repartição da renda; e a estrutura concorrencial e equilíbrio dos mercados. Macroeconomia - ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo. Procura identificar e medir as variáveis que determinam a produção de um país, o nível de emprego, o nível geral de preços do sistema econômico e a inserção do país na economia mundial. Principais problemas macroeconômicos: nível de produção da economia; nível geral de preços; nível de emprego; transações internacionais; e dinâmica macroeconômica 1.7. Economia Positiva e Economia Normativa Economia Positiva – argumentos positivos, fundamentados num conjunto de conhecimentos objetivos, de base científica. Referem-se ao que é ou como de fato funciona. Economia Normativa – argumentos normativos ou subjetivos, que contêm juízo de valor. Referem-se ao que ou como deveria ser. 1.8. Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica 10 • A Condição coeteris paribus – os cientistas econômicos usam esse pressuposto para explicar que o comportamento de uma variável provocado por outra está condicionado a inexistência de alterações em outras variáveis. Por exemplo, a demanda de um bem tende a diminuir quando há aumento do preço deste, coeteris paribus, ou seja, se não houver aumento da renda, aumento do crédito, dentre outras mudanças que afetam a demanda deste bem. • O papel dos preços relativos – quanto vale um bem em termos de outro bem. É usual no campo os agricultores ou pecuaristas medirem o valor de um bem em termos do que produz. Por exemplo, quantas sacas de soja são necessárias, ao preço de hoje, para se comprar um caminhão ou um trator. Mudanças no preço relativo tendem a provocar alterações na demanda. Ou seja, caso o agricultor precise produzir e vender mais Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Economia soja para comprar o mesmo caminhão ou trator, a demanda de mercado destes últimos tenderá a ser menor. • O princípio da racionalidade – o ser humano é hedonista e, por isso, seu comportamento, em termos gerais, pode ser previsto. Ver conceito de hedonismo acima. RESUMO Esta unidade temática teve como objetivo apresentar os conceitos que fundamentam a economia como ciência. O conteúdo desta unidade tratou do problema econômico fundamental; questões econômicas básicas; princípios econômicos; sistema econômico; funcionamento de uma economia de mercado; problema da escassez e a necessidade de se fazer escolhas; diferenças entre a microeconomia e a macroeconomia e seus principais objetivos; economia positiva e economia normativa; e dos pressupostos básicos da análise microeconômica 11 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado ENTENDENDO A DINÂMICA DO MERCADO7 O objetivo desta unidade é explicar o funcionamento dos mercados, considerando-se os comportamentos das forças de mercado e fatores influenciadores e demonstrar as técnicas básicas de análise de mercado. Ao final da unidade você estará apto a: • Identificar as variáveis de mercado; • Explicar os comportamentos da oferta e da procura (demanda); • Identificar os fatores influenciadores da oferta e da demanda e explicar como eles afetam essas forças do mercado; • Explicar o equilíbrio de mercado e alterações neste; • Explicar as flutuações do preço de equilíbrio; • Identificar os tipos de estrutura de mercado; O mercado de um bem é constituído pelos ofertantes (vendedores) e demandantes (consumidores) desse bem e a partir da interação entre estes dois agentes são estabelecidos o preço e a quantidade transacionada. Em bolsas de mercadorias, por exemplo, podemos perceber, através de gráficos publicados nos sites das próprias bolsas, o comportamento dos preços dos bens, nos quais os ofertantes podem avaliar o melhor momento para vender sua mercadoria e os demandantes avaliar o melhor momento para comprar o bem. O desempenho desse tipo de bolsa demonstra a dinâmica dos mercados dos diversos bens que são transacionados naquele mercado. O aumento do preço no mercado de um bem é sinal de que houve aumento da demanda ou redução da oferta ou, ainda, de que esses dois eventos aconteceram de forma concomitante. Isto é sinal de escassez do bem no mercado. Ao contrário, a redução do preço de um bem é provocada pela redução da demanda ou aumento da oferta ou, ainda, pela ocorrência desses dois eventos de forma concomitante. Isto é sinal de abundância (excesso) do bem no mercado. Exemplo: Preço Preço do feijão no ano xxxx Preço do feijão Oferta ↓ (e/ou) demanda ↑ 0 12 Oferta ↑ (e/ou) demanda ↓ meses 7 - Observação: considerando o escopo da disciplina Análise Econômica I, neste material didático abordaremos os fundamentos da teoria microeconômica básica, que tem por base os conceitos e técnicas de análise de mercados competitivos. É um modelo teórico que nos fornece conhecimentos importantes para análise dos mercados, mas que não têm a abrangência necessária a um aprofundamento da análise da realidade de mercados não competitivos, por exemplo. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado 2.1. Forças de Mercado – Demanda e Oferta 2.1.1.DEMANDA É a quantidade de um bem que um indivíduo ou grupo de indivíduos desejam e podem comprar, a cada nível de preço. • Depende das preferências do consumidor; • Depende da restrição orçamentária. • Só existe se o consumidor puder pagar pelo consumo. Lei da demanda A Lei da demanda demonstra o comportamento geral do consumidor diante da variação do preço dos bens. Ou seja, que a quantidade demandada de um bem tenderá a ser maior se o preço deste diminuir e vice-versa. O gráfico a seguir ilustra esse comportamento. A curva decrescente representa a demanda, demonstrando a relação inversa entre a quantidade demandada e preço do bem. Pode-se perceber que, se o preço passar de P1 para P2 (redução do preço), a quantidade demandada passará de q1 para q2 (aumento da quantidade demandada), e vice-versa. Curva da Demanda Preço P1 Demanda P2 0 q1 q2 Quantidade ofertada Este comportamento se deve a: • O consumo depende das preferências do consumidor; • A satisfação que o consumidor percebe no consumo de determinado bem tende a ser cada vez menor à medida que ele passa a dispor de quantidades cada vez maiores deste bem. Ou seja, quanto mais saciado o consumidor estiver, menor será o valor que ele estará disposto a gastar na aquisição de novas unidades do mesmo bem. • Na teoria econômica, esse comportamento do consumidor é explicado pela teoria do valor utilidade. • A condição orçamentária do consumidor (restrição orçamentária) limita seu consumo. Ou seja, se o consumidor destina R$ 100,00 de seu orçamento para gastar na compra de um bem que custa R$ 20,00, ele poderá comprar até 5 unidades deste bem. Se o preço do bem aumentar, mas a renda do consumidor permanecer a mesma, o consumo diminuirá. 13 ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Unidade I Ao contrário, se o preço do bem diminuir, com os mesmos R$ 100,00 o consumidor poderá adquirir mais unidades do bem. Demanda de mercado É a demanda total existente no mercado a cada nível de preço. Vejamos um exemplo: Supondo que as demandas individuais de João, Maria e José por um bem sejam aquelas demonstradas nos esquemas de demanda a seguir, e que não existam outros consumidores para este bem; então, qual seria a variação absoluta da quantidade demandada no mercado deste bem se o preço do mesmo passasse de R$ 2,00 para R$ 1,00? Vamos analisar! Ao preço de R$ 2,00 a demanda de mercado soma 20 unidades (7 + 8 + 5). Se o preço passa para R$ 1,00, a demanda de mercado passa a ser de 30 unidades (10 + 12 + 8). Assim, a variação absoluta é um aumento de 10 unidades (passou de 20 para 30 unidades). Sensibilidade da demanda a alterações no preço (Elasticidade-Preço da Demanda) 14 Conceito geral de elasticidade Alteração percentual em uma variável como consequência de uma variação percentual em outra, coeteris paribus. Este índice demonstra o grau de sensibilidade da demanda em relação a mudanças nas suas variáveis determinantes como preço e renda, por exemplo. A Elasticidade-Preço da Demanda (EPD) É determinada pela razão entre a variação percentual da quantidade demandada e a variação percentual do preço. Se a quantidade demandada de um bem variar numa proporção menor que a do preço (EPD < 1), então essa demanda é inelástica. Caso contrário, se a demanda variar numa proporção maior que a do preço (EPD > 1), então essa demanda é elástica. Há também o índice de elasticidade unitária (EPD = 1), quando a variação percentual da quantidade demandada é igual à variação percentual do preço. Elasticidade-Preço da Demanda e Receita da firma Empresários e governos observam os graus de elasticidade da demanda dos produtos antes de implementar suas políticas. Isto porque, a depender do grau de elasticidade-preço da demanda do produto objeto da ação, o resultado da política poderá ser diferente do esperado. Por exemplo, se um empresário fizer uma promoção a partir de descontos nos preços dos produtos que vende, os resultados, em termos de receita, podem ser: • Para demanda elástica - a redução no preço terá como resultado um aumento na receita de vendas e vice-versa. • Para demanda inelástica - a redução no preço terá como resultado uma queda na receita de vendas e vice-versa. Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Por isso, um empresário que vende um produto que tem demanda inelástica dificilmente utiliza a redução de preço como estratégia de aumento de receita. Vejamos um exemplo prático: Determinado bem que é vendido por R$ 10,00 cada tem um volume de vendas mensal de 1.000 unidades. Suponha que a empresa diminua o preço do mesmo para R$ 9,00 e, como consequência, o volume de vendas aumente para 1.200 unidades. Pode-se observar que a demanda deste bem é elástica, pois a variação na quantidade demandada é maior que a variação no preço. Neste caso, a receita de vendas que antes era de R$ 10.000,00 (10,00 x 1.000) passa a ser de R$ 10.800,00 (9,00 x 1.200). Agora, se a demanda passar, por exemplo, para 1.050 unidades, ao invés de 1.200, a demanda, neste caso, é inelástica, pois a variação na quantidade demandada é menor que a variação no preço. Assim, com a redução do preço a receita de vendas passará a ser de R$ 9.450,00 (9,00 x 1.050), portanto, menor que a receita original. Efeito do aumento de impostos, considerando os graus de elasticidade Outro aspecto a ser observado é o impacto na receita da firma decorrente do aumento de impostos. Neste caso, um empresário tem mais dificuldade de repassar aumentos de impostos para o preço de produtos que têm demanda elástica do que para os que têm demanda inelástica. Isto porque, se o aumento do imposto for repassado integralmente para o preço de venda, a receita de vendas dos produtos que têm demanda mais elástica sofrerão queda significativamente maior do que os bens que têm demanda inelástica. Assim sendo, para os produtos que têm demanda elástica, o empresário geralmente, opta pela redução de sua margem de lucro (diferença entre o preço de venda e o custo de se produzir e vender o produto), ao invés de repassar de forma integral o aumento do imposto para o preço de venda desse produto. Desse modo, ele evita a queda drástica da receita, evitando assim, o prejuízo (receita < custo). Fatores influenciadores da Elasticidade-Preço da demanda (EPD): O quadro a seguir apresenta as principais características das demandas elástica e inelástica, considerando os fatores influenciadores da EPD. Características da demanda elástica e inelástica Exemplos: • Bens essenciais e que não tenham substitutos próximos tendem a ter demanda inelástica. • Quanto mais substitutos próximos um bem tiver, mais elástica (ou menos inelástica) tende a ser sua demanda Outros fatores influenciadores da demanda Não somente o preço do bem exerce influência sobre o consumo, mudanças em outras variáveis provocam aumento ou redução do mesmo. No mercado de imóveis de Aracaju, por exemplo, os preços sobem em ritmo acelerado, mas as vendas desse bem continuam aumentando. O que isso significa? Não pense que a lei da demanda não funciona no mercado de imóveis. Na verdade, outras variáveis estão exercendo 15 ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Unidade I maior influência na demanda de imóveis do que o preço desses bens. Aumento da renda e do crédito são os principais fatores que explicam a situação atual deste mercado. Fatores que influenciam a demanda: A demanda é influenciada por alterações na renda do consumidor, crédito, preço de bens substitutos e de bens complementares, clima, cultura, preferências do consumidor, propaganda, entre outros fatores. No quadro a seguir são apresentados alguns exemplos de formas de influência na demanda, que a fazem flutuar. Comportamento da demanda diante de alterações de fatores influenciadores Bens normais, inferiores e de consumo saciado Bens normais - são todos os bens cujo consumo tende a aumentar quando há aumento da renda do consumidor e vice-versa. Eletrodomésticos, brinquedos, a maioria dos tipos de roupas e calçados são exemplos desse tipo de bem. No entanto, o aumento da renda não influencia positivamente a todos os bens. Existem dois tipos de bem que têm comportamento diferente, conhecidos como bens inferiores e bens de consumo saciado. Bens inferiores – são bens cuja demanda tende a diminuir quando há aumentos na renda do consumidor. Em muitos casos, são bens de qualidade inferior que são substituídos à medida que o consumidor passa a ter uma renda maior. Também há bens de consumo básico que não necessariamente são de qualidade inferior, mas que têm queda da demanda pelo fato do consumidor buscar diversificar o consumo. Bens de consumo saciado – são bens que não sofrem influência da renda. O sal e o remédio de uso contínuo que não tenha substituto são exemplos desse tipo de bem. Se os consumidores ficarem mais ricos, ou mais pobres, deverão consumir as mesmas quantidades desses bens. A elasticidade-renda 16 É um importante instrumento de gestão, tanto para empresários como para o governo. Este índice mede o grau de sensibilidade da demanda de um bem a alterações na renda do consumidor. Através dele o empresário ou o governo pode medir o impacto de uma política de rendas, por exemplo, na demanda de determinados bens. Com isso, o empresário poderá preparar seus estoques de mercadorias com o objetivo de aproveitar oportunidades ou minimizar prejuízos. Já o governo poderá regular a renda do consumidor de modo a estimular ou desestimular a economia na intensidade mais conveniente, por exemplo. O grau de elasticidade-renda (ER) é obtido pela razão entre a variação percentual da quantidade demandada e a variação percentual da renda do consumidor. Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Um índice ER igual a ½, por exemplo, indica que para cada 2% de aumento da renda do consumidor, a demanda do bem deverá aumentar em 1%. Em termos práticos, se considerarmos um mercado que tenha esse índice e a renda do consumidor aumente em 10%, se tudo mais se mantiver constante (coeteris paribus), a demanda do bem deverá aumentar em 5% 8. Conhecer previamente que a demanda crescerá em 5% permite ao empresário se preparar para vender 5% a mais. Caso o bem que está sendo analisado seja inferior, o índice ER será negativo. Imaginemos um índice ER igual a - ¼. Isso significa que para cada 4% de aumento da renda do consumidor a demanda do bem deverá diminuir 1%. Assim, para saber o impacto na demanda, o agente deverá multiplicar a variação percentual da renda por 1/4. Bens substitutos e complementares A demanda de um bem tende a sofrer mudanças quando há alterações no mercado dos bens substitutos e complementares. Vamos entender como isso ocorre. Bens substitutos - são bens que proporcionam satisfação semelhante à satisfação do bem em análise e, assim sendo, são concorrentes no mercado. Neste caso, há concorrência indireta. Quanto mais perfeita for a substituição, mais facilmente o consumidor trocará um bem pelo outro. São substitutos - transporte público: ônibus, metrô, táxi lotação e táxi; adoçante: açúcar, adoçante, mel, melaço e rapadura; meios de comunicação: carta, fax, e-mail, e telefone. Caso o bem substituto fique mais barato, a demanda do bem em análise sofrerá redução. Bens complementares – bens que, normalmente, são consumidos em conjunto. A satisfação do consumidor somente se realiza com o consumo do conjunto dos bens que se complementam. São bens complementares – café e açúcar; pão e manteiga; arroz e feijão com carne; automóvel e combustível. Caso haja aumento do preço do bem complementar a demanda do bem em análise tenderá a sofrer redução. A elasticidade-preço Cruzada (EPZ) Outro importante instrumento de gestão, o índice de elasticidade-preço cruzada mede o grau de sensibilidade da demanda de um bem a alterações no preço do bem substituto ou do complementar. O grau de elasticidade-preço cruzada (EPZ) é obtido pela razão entre a variação percentual da quantidade demandada do bem em análise e a variação percentual do preço do outro bem. O índice EPZ de sinal positivo resulta do cálculo com bens substitutos. Já o índice EPZ de sinal negativo é resultante do cálculo com bens complementares. E o índice EPZ nulo (igual a zero) indica que não há relação entre os dois bens relacionados. Um índice EPZ igual a ½, por exemplo, indica que a análise está sendo feita entre bens substitutos e que, para cada 2% de aumento do preço do bem substituto, a demanda do bem estudado deverá aumentar em 1%. No entanto, se o índice fosse - ½, o estudo estaria sendo feito entre bens complementares e a demanda do bem estudado tenderia a ter queda de 1% para cada 2% de aumento do preço do bem complementar. 8 - Lembre-se que no numerador temos a variação na quantidade demandada (5%) e no denominador a variação na renda (10%). 17 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado 2.1.2.OFERTA Quantidade que um indivíduo ou grupo de indivíduos deseja e pode vender a cada nível de preço. • Depende da capacidade de produção existente; • Depende do custo de produção; • O custo de produção pode inviabilizar a atuação da firma no mercado. • Não tem nada a ver com desconto de preço. Lei da Oferta Expressa que o produtor é estimulado a ofertar mais unidades de seu produto se o preço de vendas deste aumentar. Ao contrário, a queda do preço desestimulará o produtor, resultando em menor oferta do produto no mercado. Isto acontece em mercados competitivos, nos quais o produtor deseja maximizar seu lucro, ou seja, alcançar a máxima diferença entre a receita de vendas e o custo do produto. Em termos de margem, o máximo lucro seria alcançado com a máxima diferença entre o preço de vendas e o custo médio do produto. O gráfico abaixo ilustra a curva da oferta, expressão da Lei da oferta. Está representando um aumento da quantidade ofertada como resposta ao aumento do preço do bem Curva da Oferta Preço Oferta P2 P1 0 q1 q2 Quantidade ofertada Além de expressar a reação do produtor a alterações no preço, em mercados competitivos, a curva de oferta é derivada do crescimento dos custos relacionados aos acréscimos de produção no curto prazo. Assim, a firma ofertará uma quantidade maior de produtos somente se o preço destes aumentar. A oferta de mercado é a soma das ofertas individuais a cada nível de preço. Ou seja, se houver 50 ofertantes no mercado, a oferta total será a soma das ofertas dos 50 ofertantes. Sensibilidade da oferta a alterações no preço (Elasticidade-Preço da Oferta) 18 É determinada pela razão entre a variação percentual da quantidade ofertada e a variação percentual do preço. Se a quantidade ofertada de um bem variar numa proporção menor que a do preço (EPO < 1), então essa oferta é inelástica. Caso contrário, se a oferta variar numa proporção maior que a do preço (EPO > 1), então essa oferta é elástica. Há também o índice de elasticidade unitária (EPO = 1), quando a variação percentual da quantidade ofertada é igual à variação percentual do preço. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado Em termos práticos, a EPO indica se a firma tem facilidade ou dificuldade de atender ao crescimento da demanda no prazo que o consumidor necessita. Isto depende, basicamente, dos fatores que influenciam a EPO, apresentados no item a seguir. Fatores influenciadores da elasticidade-preço da oferta (EPO): • Taxa de crescimento do custo à medida que a produção aumenta. Se os custos aumentam a uma taxa maior que a do aumento da produção, então a margem de lucro tende a ser cada vez menor, tornando o aumento da oferta desvantajoso. Neste caso, a oferta é inelástica. Caso os custos não cresçam rápido, a oferta tende a ser elástica; • Existência de capacidade de reserva. A existência de capacidade reserva permite o aumento mais rápido da produção, já que não requer ampliação de capacidade produtiva. Neste caso, quanto maior é a capacidade reserva, mais elástica será a oferta da firma. • Nível de estoque da empresa. Se a empresa tem estoque suficiente para atender mais rapidamente às necessidades do mercado, maior será o grau de elasticidade da oferta; • Grau de facilidade de substituição de produtos na linha de produção. Se a empresa produz mais de um produto, utilizando a mesma estrutura produtiva e consegue fazer a substituição facilmente de um produto pelo outro de acordo com as necessidades do mercado, então as ofertas dos produtos são elásticas. Caso haja dificuldade e seja necessário muito tempo para adequar a estrutura para os diferentes produtos, então a oferta será inelástica. Fatores influenciadores da oferta Além do preço, outros fatores influenciam o produtor a aumentar ou diminuir sua produção. Levando-se em conta o objetivo da maximização do lucro, em mercados competitivos, a oferta de um produto tenderá a aumentar caso o lucro aumente. Assim, ocorrerá aumento da oferta de um produto caso haja redução do custo; melhoramento tecnológico, que implica em redução do custo; regulamentação governamental favorável; incentivos do governo; condições climáticas propícias à produção; e caso os bens de produção alternativos fiquem mais baratos, tornando sua produção desvantajosa. Condições contrárias a estas tendem a provocar a queda da oferta. 2.1.3. EQUILÍBRIO DE MERCADO O equilíbrio de mercado é uma situação que não há presença de pressões sobre o preço no mercado. Nem para aumento, nem para redução. Isto porque a oferta do bem no mercado é igual à demanda, não havendo excesso ou escassez da mercadoria. Caso haja excesso da mercadoria, ou seja, a oferta seja maior do que a demanda, haverá pressão para a queda do preço. Este seria o caso de haver tomate demais na feira. Dessa forma, o tomate ficaria mais barato. Ao contrário, no caso de haver escassez da mercadoria, ou seja, a demanda é maior do que a oferta, haverá pressão para que o preço aumente. Aproveitando o exemplo do tomate, seria ele o caso de estar faltando a mercadoria, e de os consumidores precisarem de mais unidades. Dessa forma, o tomate ficaria mais caro. O gráfico a seguir ilustra o processo de equilíbrio no mercado. Temos representadas as curvas da oferta (curva crescente) e da demanda (curva decrescente). O ponto onde as duas curvas se cruzam (oferta igual à demanda) identifica o preço de 19 ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Unidade I equilíbrio e a quantidade de equilíbrio. Acima do preço de equilíbrio temos ilustrada uma situação de excesso de oferta e abaixo uma situação de excesso de demanda. O equilíbrio de mercado pode mudar de posição, se deslocando para níveis mais altos ou mais baixos. Isto ocorre como consequência de alterações nas curvas da oferta e da demanda, como consequência de variações nos fatores influenciadores da demanda e da oferta. A seguir são apresentadas ilustrações a esse respeito. Vejamos: 20 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado 2.2. ESTRUTURAS DE MERCADO A estrutura ou Tipo de mercado indica o grau de controle competitivo existente em um mercado. É estabelecida por um conjunto de características, como o número de compradores e de vendedores; a existência ou não de bens substitutos próximos; como a competição é realizada entre os vendedores, se via preço ou diferenciação; e se há barreiras à entrada, condições que impedem a entrada de novos concorrentes no mercado. Ou seja, para definirmos a estrutura de um mercado temos que observar suas características, quais sejam: • Nº de empresas; • Nº de consumidores; • Existência ou não de substitutos próximos; • Existência ou não de diferenciação; • Existência ou não de barreiras à entrada Fatores que representam barreiras à entrada de outras firmas no mercado monopolista: • Dimensão reduzida do mercado • Existência de patentes • Proteção oferecida por leis governamentais • Controle das fontes de suprimento de matérias-primas • Escala mínima de produção, dentre outras A depender da estrutura do mercado, perceberemos se pode haver concentração de poder de modo que um indivíduo ou grupo de indivíduos exerça vantagem sobre os outros agentes e, desse modo, possa obter benefícios, mais lucros, por exemplo. O grau de controle competitivo é estabelecido pelas barreiras à entrada existentes no mercado. Quanto maior for a barreira à entrada existente em um mercado, maior será o grau de controle competitivo. Imaginemos um monopólio, por exemplo. Como só existe um único vendedor neste mercado, atendendo a número grande de consumidores, quem detém todo o poder sobre a formação do preço no mercado é o monopolista (vendedor). O contrário acontece no monopsônio, mercado constituído de muitos vendedores e apenas um comprador do bem. Neste caso, o poder sobre o estabelecimento do preço é exclusivo do monopsonista (comprador). Veja na figura a seguir exemplos de estruturas de mercado e o respectivo grau de controle competitivo. Estruturas de mercado e grau de controle competitivo Nulo Concorrência perfeita Grau de controle competitivo Concorrência Monopolística Oligopólio Oligopsônio Alto Monopólio Monopsônio O quadro a seguir apresenta as principais características das estruturas de mercado destacadas: concorrência perfeita, monopólio, monopsônio, oligopólio, oligopsônio e concorrência monopolística. 21 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado Estruturas de Mercado Exemplos de estruturas de mercado: • Concorrência Perfeita: hortifrutigranjeiros, commodities. • Concorrência Monopolística: consultórios médicos (por especialidade), lojas de roupas e sapatos, faculdades • Monopólio: concessão de habilitação para motoristas, concessionárias responsáveis por rodovias, distribuição de energia e água em Aracaju. • Monopsônio: apenas uma usina de pasteurização de leite numa bacia leiteira; um único comprador de ferramentas especiais. • Oligopólio Homogêneo ou concentrado: cimento, aço, máquinas e equipamentos. • Oligopólio diferenciado: bens de consumo duráveis (automóveis, geladeiras, fogões, etc.); bens de consumo não duráveis (produtos farmacêuticos, de perfumaria, cigarros e bebidas). • Oligopsônio: mercado da laranja em Sergipe – poucas fábricas de suco e grande número de produtores de laranja. RESUMO O objetivo desta unidade temática foi explicar o funcionamento dos mercados, considerando os comportamentos das forças de mercado como resposta às influências de seus fatores influenciadores. Outro objetivo foi demonstrar as técnicas básicas de análise de mercado. O conteúdo apresenta a dinâmica do mercado, explicitando o comportamento do preço como resultado de mudanças na oferta e na demanda. Além disso, explica como os fatores influenciadores da oferta e da demanda atuam de modo alterar o preço de equilíbrio de mercado. Apresenta ainda como o preço flutua regulando os desejos dos ofertantes e demandantes. Por fim, foram mostradas as principais diferenças entre as estruturas de mercado e como o poder de mercado se estabelece. 22 9 - Em termos teóricos, no monopólio, além do produto ser único, não há substitutos próximos. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 1 - Qual é o principal problema da economia? a)a pobreza b)o mercado c)a escassez d)o capitalismo e)nenhuma das opções anteriores Questão 2 - A Ciência Econômica considera a característica hedonista do ser humano, ou seja, este sempre buscará sua felicidade, sua máxima satisfação. Sendo assim, a)Qual é o comportamento de um consumidor diante de aumentos do preço de mercado dos produtos que consome? (informe se haverá estímulo ou desestímulo a ação desse agente e explique o porquê desse comportamento) b)Quais fatores podem provocar aumentos na demanda de um produto, mesmo que o preço dele não se altere? (cite dois fatores). Questão 3 - O que tende a acontecer com a demanda de um bem normal quando ocorre cada evento listado a seguir (sofrer aumento, redução ou não deverá se alterar)? a)O preço do bem sofreu redução, coeteris paribus _______________________ b)O substituto próximo do bem ficou mais caro, coeteris paribus_________________ c) A renda do consumidor diminuiu, coeteris paribus _________________________ d)O c o m p l e m e n t a r d o b e m f i c o u m a i s c a ro , c o e t e r i s p a r i bus____________________ Questão 4 - Identifique a opção correta com um X. O preço de um bem normal deverá sofrer aumento caso: a) A oferta do bem diminua, coeteris paribus b) O número de consumidores deste bem diminua, coeteris paribus c) O bem saia da moda, coeteris paribus d) A renda do consumidor diminua, coeteris paribus Questão 5 - Uma redução na renda do consumidor diminuirá simultaneamente as demandas de um bem normal e de um bem inferior. A afirmativa está correta? Justifique. Questão 6 - Por que os ofertantes desejam que os preços de seus produtos aumentem no mercado? Questão 7 - Assinale com verdadeiro ou falso as afirmativas a seguir: a.( )A cultura de um povo influencia, em grande medida, a demanda por um bem. b. ( )Considerando-se dois bens substitutos, se o preço de um deles diminuir a demanda do outro tende a aumentar, coeteris paribus. 23 ANÁLISE ECONÔMICA I Entendendo a Dinâmica do Mercado Unidade I c. ( )Em um mercado competitivo, aumentos no preço de um produto tendem a reduzir a oferta do mesmo, coeteris paribus. d. ( )O crescimento econômico está relacionado ao aumento da capacidade de produção da economia, seja a partir de mudanças tecnológicas, do aumento da disponibilidade de recursos, descoberta de novos recursos, dentre outros fatores. e. ( )Se o número de ofertantes aumentar em determinado mercado, coeteris paribus, o preço de equilíbrio tenderá a diminuir. f. ( )O aumento do preço de um bem no mercado indica que a demanda do mesmo aumentou em relação à oferta ou a oferta diminuiu em relação à demanda. Questão 8 - Se você fosse um(a) produtor(a) de milho aqui do Nordeste do Brasil e estivesse planejando a produção, então sua decisão seria produzir mais ou menos milho, considerando-se cada situação relacionada no quadro a seguir. (marque com um X) Questão 9 - Identifique com um X apenas a afirmativa falsa. ( ) Bens essenciais e que não tenham substitutos próximos têm demanda inelástica. ( ) Se a quantidade demandada de um bem variar numa proporção maior que a do preço, então essa demanda é inelástica. ( ) Quanto mais substitutos próximos um bem tiver, mais elástica (ou menos inelástica) tende a ser sua demanda ( ) Um empresário tem maior dificuldade de repassar aumentos de impostos para bens que tenham demanda elástica do que para bens que tenham demanda inelástica. ( ) Uma empresa que produza um bem cuja curva de demanda seja inelástica, dificilmente utilizaria a redução de preço como estratégia de aumento de receita. 24 Questão 10 - O preço de equilíbrio do mercado do álcool tende a aumentar quando o preço de equilíbrio do mercado do açúcar aumenta, coteris paribus. Essa afirmativa está correta? Justifique. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Entendendo a Dinâmica do Mercado Questão 11 - A distribuição de energia elétrica residencial em Aracaju se dá em um mercado que tem características de um oligopólio. A afirmativa está correta? Por que? Questão 12 - Suponhamos que no setor brasileiro de veículos leves exista pouco mais de dez marcas concorrentes, mas que cerca de 70% do volume de vendas do setor se concentre em apenas quatro destas marcas. Então, podemos classificar a estrutura desse mercado como: ( ) Concorrência perfeita ( ) Monopsônio ( ) Concorrência monopolista ( ) Oligopólio ( ) Monopólio ( ) Oligopsônio Questão 13 - Quais são as principais características do monopólio e da concorrência monopolística? Questão 14 - As características apresentadas em cada item a seguir identificam que tipo de estrutura: a. Mercado constituído por muitas empresas e muitos consumidores, sendo que a competição entre empresas se dá via diferenciação do produto ou atendimento. b.Mercado constituído por muitas empresas e muitos consumidores, o produto é homogêneo e os competidores são tomadores de preço (preço ditado pelo mercado). c.Mercado constituído por dezenas de vendedores, mas apenas um comprador. d.Mercado com elevadas barreiras à entrada, produto sem substitutos, muitos compradores e apenas um vendedor. Questão 15 - Dados os tipos de estrutura de mercado a seguir, informe se há poder sobre o preço e, caso haja, quem detém o poder, o vendedor ou o comprador: Questão 16 - Identifique com um X a afirmativa FALSA. Justifique sua resposta. a)Um mercado é caracterizado como uma concorrência perfeita quando o mesmo é constituído de centenas de empresas e de consumidores e há prática de diferenciação por parte de vendedores. b)O grau de controle competitivo existente em um mercado depende da força das barreiras à entrada. Quanto mais elevadas forem as barreiras à entrada em um mercado, maior será o grau de controle competitivo por parte de um ou alguns de seus agentes. c) A prática de diferenciação por alguns vendedores em um mercado permite que estes vendedores tenham maior facilidade de vender seus bens a preços acima da média praticada no mercado. d)A existência de bens substitutos próximos em um mercado elimina a possibilidade de se caracterizar este mercado como um monopólio, mesmo que haja apenas uma empresa vendedora do principal produto. 25 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria da Produção Unidade I FUNDAMENTOS DA TEORIA DA PRODUÇÃO O objetivo desta unidade é apresentar os fundamentos da teoria da produção, sob a ótica da Teoria Econômica. Ao final desta unidade você estará apto a: • conceituar e exemplificar os fatores de produção fixos e variáveis; e • apresentar as técnicas de análise da produção, diferenciando a análise de curto prazo e de longo prazos. 3.1. ANÁLISE DA PRODUÇÃO 26 A análise econômica da produção parte do princípio de que o empresário tem como principal objetivo a maximização do lucro. A lucratividade, por sua vez, depende da produtividade dos recursos produtivos, que tem relação inversa com o custo médio da produção. Ou seja, quanto maior for a produtividade média dos recursos, menor será o custo médio e vice-versa. Uma etapa importante da análise da produção é comparar a eficiência econômica dos processos produtivos conhecidos. Um processo produtivo é diferente do outro a depender da técnica de produção utilizada, ou seja, a combinação dos recursos capital, mão-de-obra e espaço físico, dentre outros, utilizada para a realização da produção. Por exemplo: para colher cana-de-açúcar podemos utilizar mão-de-obra ou colheitadeira mecânica. Neste último caso, uma máquina pode substituir muitos trabalhadores. No entanto, nem sempre este processo é o mais adequado para o local que está sendo analisado. O relevo, a capacidade de investimento do empresariado local, a disponibilidade de crédito agrícola, dentre outros fatores, podem tornar a mecanização inviável economicamente. A depender do recurso usado em maior quantidade, o processo produtivo pode ser capital intensivo, mão-de-obra intensivo, ou terra intensivo. • Capital intensivo - quando o volume de capital é expressivamente maior que a quantidade dos outros recursos. Os setores automobilístico, têxtil (em especial, fiação e tecelagem), bebidas, por exemplo, utilizam processos capital intensivo, dada a eficiência. • Mão-de-Obra intensivo - quando a quantidade utilizada de trabalhadores é grande e se sobressai perante os outros recursos. Exemplo: construção civil, confecção etc. • Terra intensivo - quando a quantidade de terra necessária à produção é muito grande e se sobressai em relação aos outros recursos como a criação extensiva de gado, cultivo (ou exploração) de madeira etc. Não obstante, a evolução tecnológica modifica a relação técnica existente entre os recursos, tendendo-se ao uso, cada vez maior, de capital nos processos produtivos. Ao compararmos os processos produtivos podemos identificar quais são os tecnicamente mais eficiente e quais os economicamente mais eficientes. A depender da localização geográfica do empreendimento produtivo, um processo reconhecido como o que tem a tecnologia mais eficiente pode não ser o mais econômico (o mais barato), dada a disponibilidade e a acessibilidade aos recursos necessários naquele local. A diferença entre os dois tipos de eficiência se dá a partir dos objetivos, ou seja, o processo de produção mais eficiente tecnologicamente é aquele que, perante os outros, utiliza menor quantidade de recursos. Já o mais eficiente economicamente é aquele mais barato – que custa menos. A Economia preocupa-se com a questão da eficiência econômica, deixando a questão técnica para a engenharia de produção. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade I Fundamentos da Teoria da Produção 3.2. ANÁLISE DA PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO A análise da produção no curto prazo é fundamentada na existência de recursos produtivos FIXOS e VARIÁVEIS. Os recursos fixos são aqueles, cuja quantidade não pode variar facilmente, a exemplo de construções, espaço físico disponível, máquinas de grande porte, número de trabalhadores com determinada qualificação/especialização. Já a quantidade dos recursos variáveis pode ser alterada mais facilmente, como é o caso das matérias-primas e mão-de-obra pouco qualificada, por exemplo. A existência de recursos fixos impõe um limite quantitativo a produção da firma, ou seja, determina a capacidade de produção máxima da mesma. Além disso, a depender da combinação dos recursos fixos com os recursos variáveis no processo produtivo, dada a tecnologia, a firma se deparará com diferentes níveis de produtividade. Por exemplo, partindo-se do zero, aumentos na quantidade de trabalhadores no processo produtivo podem resultar em: • aumentos cada vez maiores, da produtividade média do trabalho; em seguida, • aumentos cada vez menores da produtividade média do trabalho; e • queda da produtividade média. Conceito de produtividade média do trabalho • Produtividade média do trabalho = quantidade produzida por trabalhador. Este comportamento é denominado de Lei dos rendimentos decrescentes. Isto é, o rendimento da firma tende a ser, cada vez menor, à medida que o nível de produção da firma se aproxima da capacidade máxima. Observação: a queda da produtividade média do trabalho resulta em aumento do custo médio (custo de cada unidade produzida). Ou seja, dado o salário, quanto menor for a produtividade média do trabalho, maior será o custo médio e vice-versa. A máxima produtividade média que pode ser alcançada pela firma, no curto prazo, é denominada de ponto ótimo. Como veremos mais adiante, na teoria dos custos, este é o ponto no qual o custo médio é o menor possível de ser alcançado pela combinação dos recursos produtivos da firma. Com o objetivo de conhecer o ponto ótimo, o analista deve observar o comportamento da produtividade marginal. Caso o aumento da produção resulte numa produtividade marginal do trabalho maior que a produtividade média do trabalho presente, esta última crescerá. Por outro lado, se a produtividade marginal do trabalho passar a ser menor que a média, esta última diminuirá. O ponto ótimo é o ponto de mudança, ou seja, antes a produtividade média era crescente e após passa a ser decrescente. Conceitos de produtividade marginal do trabalho • Produtividade marginal do trabalho = variação da produção da firma à medida que se acrescenta cada trabalhador ao processo produtivo. Na caixa de texto a seguir temos uma explicação prática do comportamento do dado médio com dados marginais: 27 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria da Produção Unidade I Para entendermos melhor a comparação entre produtividade marginal e produtividade média, vamos utilizar uma informação que o aluno sempre acompanha: a evolução de sua média escolar. Por exemplo: Se você tirou 6,0 na primeira unidade, sua média até então é 6,0. Se na segunda unidade você tirar 8,0 (nota marginal) sua média aumentará para 7,0. Neste caso, a nota marginal (8,0) foi maior que a média que você tinha (6,0). Já se você tirar 4,0, sua média cairá para 5,0. Assim, toda vez que a nota (dado marginal) for maior que a média, esta última aumentará e vice-versa. Outras informações que podem ser obtidas são o nível máximo de produção (capacidade de produção) e o número limite de trabalhadores, dada a capacidade da firma e a tecnologia empregada. O indicador que demonstra tal situação é a produtividade marginal. Aqueles limites serão alcançados no ponto no qual a produtividade marginal for igual a zero. A partir desse ponto, a contratação de novos trabalhadores resultará em queda da produção. Exemplo de análise da produção, utilizando o método aqui abordado: Fábrica de Manilhas Concreto Bom Níveis de produção e produtividade da fabricação mensal de manilhas de concreto de 40 cm de diâmetro. Tome por base as questões a seguir para fazer a análise dos dados do quadro acima: (apresente as respostas no fórum da plataforma webaula) 1. Qual é a capacidade máxima de produção da fábrica? 2. Quantos trabalhadores a fábrica tem capacidade de contratar? 3. Qual é a produtividade média da fábrica quando a mesma possui sete trabalhadores? 4. Qual foi a variação da produtividade após a firma ter contratado o 9º trabalhador? 5. A fábrica deveria contratar o décimo trabalhador? 6. Com quantos trabalhadores a fábrica atinge a máxima produtividade média? 7. O que limita a capacidade de produção da fábrica? 28 8. O que tornaria possível um aumento da capacidade de produção da fábrica? Unidade I ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria da Produção 3.3. ANÁLISE DE LONGO PRAZO O longo prazo é considerado um horizonte de planejamento. Um analista realiza uma análise de longo prazo quando este estiver considerando o tamanho da firma, ou seja, a escala de produção. A idéia é definir qual é o tamanho ideal para a firma no mercado em que atua. A escala de produção ideal é aquela que proporciona a maior produção possível ao custo médio mais baixo. Para definir a escala ideal, o analista considerará os resultados de aumentos na escala de produção. Estes podem resultar em três tipos de retorno econômico: • Retorno crescente de escala (ou Economia de Escala). • Retorno constante de escala; ou • Retorno decrescente de escala (ou Deseconomia de Escala). O retorno crescente é obtido quando ao aumentar a escala de produção, a produtividade média segue no mesmo sentido. No retorno decrescente ocorre o inverso, ou seja, o aumento da escala de produção resulta em queda da produtividade da firma. Já o retorno constante de escala se dá quando aumentos na escala de produção não alteram a produtividade média da firma. Enquanto os estudos sobre a possibilidade de aumento da escala da firma apresentarem retornos crescentes de escala, esta deverá ser aumentada, já que os rendimentos serão maiores. Caso contrário, se apresentarem retornos decrescentes, a escala não deverá ser aumentada, pois os rendimentos serão cada vez menores. Na possibilidade de retornos constantes, a firma pode continuar aumentando a escala com o objetivo de obter maiores resultados a partir do volume de vendas, no entanto, terá consciência de que o retorno por unidade produzida e vendida não sofrerá alteração. Para fixar os conceitos apresente no fórum o significado de: 1. Retornos crescentes de escala? 2. Retornos decrescentes de escala? 3. Retornos constantes de escala? RESUMO O objetivo desta unidade foi apresentar os fundamentos da teoria da produção sob a ótica da Teoria Econômica. Foi visto que a análise econômica da produção parte do princípio de que o empresário tem como principal objetivo a maximização do lucro e que a lucratividade depende da produtividade dos recursos produtivos. Além disso, foram apresentados conceitos e técnicas de análise da produção, diferenciando a análise de curto prazo e de longo prazo. EXERCÍCIOS DE REVISÃO: Questão1 - Discuta a seguinte afirmativa: do ponto de vista econômico, o empresário racional busca realizar um nível produção no qual a produtividade média do trabalho é a máxima permitida pelos recursos fixos e pela tecnologia utilizada no processo produtivo. Questão 2 - Assinale com um X a afirmativa falsa. Justifique a assinalação. 29 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria da Produção Unidade I a)As deseconomias de escala (retornos decrescentes de escala) ocorrem quando a firma apresenta queda da produtividade como resultado do aumento na escala de produção. b)A produtividade média do trabalho (Pme) é o resultado da divisão da produção (quantidade produzida) pelo número de trabalhadores empregados no processo produtivo. c) Um índice de produtividade marginal do trabalho igual a zero significa que a contratação do novo trabalhador, base do cálculo do índice, não provocou alteração da produção da firma. d)O aumento da produtividade média do trabalho (Pme) provoca aumento do custo de cada unidade produzida de um bem. Questão 3 – Segundo a teoria da produção, o ponto ótimo da firma, no curto prazo, será alcançado quando o aumento da quantidade de trabalho no processo produtivo resultar em: a)Produtividade marginal do trabalho maior que a produtividade média. b)Produtividade marginal do trabalho menor que a produtividade média. c)Produtividade marginal do trabalho igual que a produtividade média. d)Não faz sentido comparar a Produtividade marginal do trabalho com a Produtividade média. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA NELLIS, Joseph ; PARKER, David. Princípios de economia para os negócios. São Paulo: FUTURA, 2003. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. Brasília: ATLAS, 2006. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: Micro e macro. Brasília: ATLAS, 2008. 30 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Fundamentos da Teoria dos Custos Fundamentos da Teoria dos Custos O objetivo desta unidade é apresentar os fundamentos da Teoria do Custo. Além disso, são abordados conteúdos como determinação do lucro, ponto de equilíbrio e processo de maximização do lucro. Ao final da unidade você estará apto a: • Classificar os custos de produção; • Explicar o comportamento dos custos da firma no curto e longo prazo; • Determinar o lucro e o ponto de equilíbrio; • Explicar o processo de maximização do lucro; • Identificar o ponto de fechamento da firma. 4.1. Teoria dos Custos Tendências de variação do custo de um bem são elementos importantes para o analista avaliar o comportamento de um mercado. Isto porque o custo exerce influência sobre a oferta da firma e do mercado como um todo, alterando, como consequência, o preço e quantidade de equilíbrio do mercado. O empresário, em mercados competitivos, é motivado pela maximização de lucro e, assim sendo, reage negativamente a alterações do custo. Ou seja, caso o custo aumente, o lucro diminuirá, desestimulando a produção e vice-versa. A Teoria dos custos na Ciência Econômica procura demonstrar: • O que os economistas entendem por custos; • Como eles são medidos; • Como eles se comportam com as mudanças nos níveis de produção da firma. 4.2. Lucro Econômico e Lucro Contábil O lucro contábil é o resultado da receita de vendas menos os custos explícitos totais. É o resultado específico da atividade econômica em análise, uma loja de sapatos, por exemplo. No entanto, para termos uma avaliação econômica dessa atividade, temos que considerar também se os recursos empregados para a abertura e manutenção da atividade foram bem empregados. Ou seja, se o dinheiro, o imóvel e outros recursos de propriedade do investidor, que foram empregados no negócio, têm melhor ou pior remuneração do que se estivessem alocados noutras aplicações. Essa avaliação econômica é feita por meio do cálculo do lucro econômico que é a diferença entre o lucro contábil e os custos de oportunidade. Avaliações econômicas levam em conta os custos de oportunidade O custo de oportunidade é uma variável utilizada como parâmetro de comparação entre opções existentes de aplicação de recursos. Podemos conceituar custo de oportunidade como o benefício proporcionado pela oportunidade de aplicação que estamos abrindo mão em detrimento de outra. Considerando o tema que estamos abordando, o benefício mencionado no parágrafo acima deve ser entendido como rendimento. 31 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria dos Custos Unidade II Por exemplo: supondo que você tenha o desejo de abrir um negócio e que para tal fim será necessário investir R$ 1 milhão. Supondo ainda que você tenha esse dinheiro alocado numa aplicação financeira que rende 10% por ano e resolva empregá-lo no negócio. Caso isto ocorra, você estará abrindo mão daquele rendimento de 10%. Este é o custo de oportunidade desta decisão. 4.3. Externalidades São custos ou benefícios para a firma ou sociedade provenientes da ação de outras empresas ou do governo, por exemplo. • Exemplo de externalidade negativa: bares, restaurantes, pousadas, cujo atrativo são praias, lagos, paisagens naturais podem incorrer em custos decorrentes da poluição provocada pela atividade econômica da indústria química, por exemplo. • Exemplo de externalidade positiva: a construção de estradas ou pontes, por exemplo, pode atrair clientes potenciais para as empresas do lugar onde essas infraestruturas foram implantadas. 4.4. Classificação dos Custos no Curto Prazo Custos Fixos (CF): os custos fixos estão associados ao emprego dos fatores de produção fixos. Mesmo que haja mudança na quantidade produzida estes custos não se alteram – aluguel, parcelas de financiamentos e depreciação, por exemplo. Custos Variáveis (CV): são custos relativos a utilização de fatores de produção variáveis. Variam em função de alterações no volume produzido - matéria-prima, energia e mão-de-obra operacional, por exemplo. Custo Total (CT): é o custo de produção total associado a cada possível nível de produto. CT=CF+CV. Se a produção for nula os custos da firma serão iguais aos custos fixos Custo fixo médio (CFme): igual ao custo fixo dividido pela produção, ou seja, é o custo fixo por unidade produzida. À medida que a produção é aumentada este custo diminui, já que estes são divididos por quantidades cada vez maiores. Custo variável médio (CVme): igual ao custo variável dividido pela produção, ou seja, é o custo variável por unidade produzida. Varia em função de mudanças na produtividade média dos recursos variáveis, como mão-de-obra, por exemplo. Custo médio (Cme): é o custo total dividido pela produção. Este é o custo por unidade produzida. Pode ser determinado, também, pela soma do custo fixo médio com o custo variável médio. Como no caso do CVme, varia em função de mudanças na produtividade média dos recursos variáveis. Custo marginal (Cmg): é a variação do custo total em função de acréscimos em uma unidade na produção. Mostra qual é o custo da unidade a mais que se deseja produzir. Varia em função de mudanças na produtividade marginal dos recursos variáveis. 4.5. Produtividade e Custos 32 O custo médio (Cme) de uma firma varia de acordo com as alterações da produtividade média dos recursos produtivos no curto prazo. Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria dos Custos Comportamento do Cme no curto prazo: • O Cme diminuirá quando a produtividade média dos recursos variáveis for crescente; • O Cme aumentará quando a produtividade média dos recursos variáveis passar a ser decrescente. Observação: se você tem dúvida quanto ao comportamento da produtividade média dos recursos variáveis, leia novamente o tópico análise da produção e a literatura indicada na bibliografia básica e complementar da disciplina. O Cme será mínimo quando a firma atingir o máximo de produtividade média dos recursos variáveis. Os economistas denominam essa situação de ponto ótimo. É o ponto de máximo lucro, ou seja, o ponto de máxima diferença entre o preço de venda e o Cme de um produto. Ponto ótimo = Cme mínimo = máxima produtividade média dos recursos variáveis = máximo lucro Outra forma de analisar o comportamento do Cme é a comparação entre este e o Cmg. Isto é importante para o analista saber até que ponto o Cme será decrescente e a partir de qual ponto ele passará a ser crescente. Nesse sentido, se o aumento da produção tiver como consequência um Cmg menor que o Cme, este último diminuirá. Caso contrário, se o Cmg for maior que o Cme, este último aumentará. Outra informação está relacionada ao ritmo com que o Cmg cresce, ou seja, quanto maior for o crescimento do Cmg, maior será o aumento do Cme e vice-versa. Observação: lembre-se de que quanto maior for o Cme em comparação a um dado preço, menor será o lucro por unidade produzida: Lucro unitário = Preço – Cme. 4.6. Economias de Escala Ao estudar as economias de escala, o analista tem como questão central a definição do tamanho ideal para a firma no mercado em que atua, ou seja, sua escala de produção. A escala de produção ideal é aquela que proporciona a maior produção possível ao custo médio mais baixo. Neste caso, a análise considera o custo médio de longo prazo (CmeLP), que diferencia-se do Cme de curto prazo (Cme) pelo fato de que, num horizonte de tempo maior, todos os recursos são variáveis. Ou seja, no longo prazo, são planejadas alterações daqueles recursos que no curto prazo não seriam possíveis, a exemplo da estrutura física, terrenos, máquinas de grande porte etc. Para definir a escala ideal, o analista considerará os resultados de aumentos na escala de produção. Estes podem resultar em três de tipos de retorno econômico: • Retorno crescente de escala (ou Economia de Escala) - ocorre quando o aumento da escala de produção resulta redução do CmeLP; • Retorno constante de escala - ocorre quando o aumento da escala de produção não altera o CmeLP; • Retorno decrescente de escala (ou Deseconomia de Escala) - ocorre quando o aumento da escala de produção resulta em aumentos do CmeLP. O gráfico a seguir ilustra os três tipos de retorno de escala: 33 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Fundamentos da Teoria dos Custos 4.7. Lucro, Ponto de Equilíbrio e Lucro Máximo O lucro (L) é o resultado da diferença entre a receita total de vendas (RT) e o custo total (CT): L = RT – CT; A receita total é obtida pela multiplicação entre o preço de venda (P) e a quantidade vendida (Q): RT = P x Q; e o custo total (CT) é obtido pela soma do custo fixo (CF) com o custo variável (CV): CT = CF + CV. O ponto de equilíbrio é o nível de produção1 que apresenta RT igual ao CT, ou seja, lucro igual a zero. Já o lucro máximo é a máxima diferença entre a RT e o CT, correspondente a um nível de produção específico – mais adiante abordaremos este conteúdo. A curva de lucro, ilustrada a seguir, demonstra os conceitos econômicos apresentados nos parágrafos acima, conceitos de grande importância para o analista econômico. A curva de lucro tem esse formato devido ao comportamento do custo, que é consequência dos diferentes níveis de produtividade dos recursos variáveis da firma no curto prazo. Veja que a curva inicia no nível de produção igual a zero, onde o lucro é negativo, ou seja, prejuízo. Este prejuízo é igual ao custo fixo, que existe para a firma mesmo que não haja atividade produtiva. À medida que o nível de produção aumenta, o prejuízo diminui até atingir o ponto de lucro zero, ou seja, o ponto de equilíbrio. Deste nível de produção em diante a firma passa a ter lucro positivo, que aumentará até atingir o ponto de lucro máximo. A partir daí o lucro diminui, podendo atingir novamente o prejuízo. Perceba que nos níveis de produção anteriores e posteriores ao ponto de lucro máximo os lucros são menores do que o da produção que maximiza o lucro. Curva de lucro 34 1 - Quantidade produzida. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Fundamentos da Teoria dos Custos Determinação do ponto de equilíbrio O ponto de equilíbrio é determinado pela razão entre o CF e a margem de contribuição unitária (diferença entre o P e o CVme). Essa informação é grande valia para o tomador de decisão empresarial. Ela indica qual é a quantidade mínima de produtos que a firma terá que vender para não incorrer em prejuízo (RT = CT). Além disso, saberá que a partir desse ponto, unidades de produto adicionais produzirão lucros múltiplos da margem de contribuição. Vejamos um exemplo: O gerente de uma pizzaria informa que seus custos fixos somam R$ 4.000,00 por mês, que o custo variável médio (custo de cada pizza sem considerar o custo fixo) é de R$ 10,00 e vende cada pizza por R$ 30,00. Informa ainda que só vende um tipo de pizza. Assim sendo, a)Determine o ponto de equilíbrio da pizzaria. b)Supondo que a margem de contribuição (P – Cvme) seja a mesma, então, se forem vendidas 300 pizzas por mês, a pizzaria terá lucro ou prejuízo? De quanto? c)Quantas pizzas devem ser vendidas por mês para que o lucro seja de R$ 5.000,00 mensais? Respostas: a)O ponto de equilíbrio é de 200 unidades, ou seja, R$ 4.000,00 / (R$ 30,00 – R$ 10,00). b)Mantendo-se a margem de contribuição de R$ 20,00 (R$ 30,00 – R$ 10,00), com a venda de 300 unidades a pizzaria teria lucro de R$ 2.000,00 (100 unidades x R$ 20,00). As 100 unidades são o saldo da diferença entre 300 e 200 unidades. Lembre-se de que o ponto de equilíbrio é alcançado com 200 unidades, e que cada unidade vendida a mais acrescentará R$ 20,00 ao lucro da pizzaria. c)Uma das formas de se obter esse resultado é a seguinte: como lucro passa a ser uma meta fixa mensal, então, no denominador do cálculo do ponto de equilíbrio somaremos o custo fixo com o lucro, mantendo-se no denominador a margem de contribuição, ou seja, preço - custo variável médio. Dessa forma, teremos como resultado 450 pizzas, ou seja, (R$ 4.000,00 + R$ 5.000,00) / (R$ 30,00 - R$ 10,00) = 450 pizzas. 4.8. Processo de Maximização do Lucro Segundo a teoria marginalista, o empresário busca a maximização do lucro. Para tanto, ele acompanha o comportamento do lucro marginal (Lmg) a partir da comparação entre a receita marginal (Rmg) e o custo marginal (Cmg). Conceitos de lucro marginal (Lmg), receita marginal (Rmg) e custo marginal (Cmg): Lmg – Variação do lucro como resultado do aumento da produção da firma em uma unidade. Rmg – Variação da receita total como resultado do aumento da produção da firma em uma unidade. Cmg – Variação do custo total como resultado do aumento da produção da firma em uma unidade. 35 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria dos Custos Unidade II A questão central é: o aumento da produção irá proporcionar aumento ou redução do lucro? Lembre-se de que o empresário, em mercados competitivos, é estimulado pelo lucro. Sendo assim, somente o aumento do lucro provocará aumentos da produção. A análise é feita da seguinte forma: • Se o aumento da produção resultar em Rmg > Cmg, então o Lmg será positivo e, dessa forma, será vantajoso aumentar a produção; No entanto, • Se o aumento da produção resultar em Rmg < Cmg, então o Lmg será negativo e, dessa forma, não será vantajoso aumentar a produção; Considerando a curva de lucro, vale destacar que o trecho crescente da mesma é caracterizado por Lmgs positivos. Já o trecho decrescente é caracterizado por Lmgs negativos. E o ponto de maximização do lucro é aquele em que o aumento da produção resulta em Lmg nulo, ou seja, a Rmg = Cmg. Este é o ponto em que o comportamento do lucro sofre mudança, passando de Lmgs positivos para Lmgs negativos. Vejamos um exemplo: Imagine o fabricante de um bem que está decidindo aumentar sua produção em mais uma unidade. Sua receita total atual é de $50.000 e o custo total é de $35.000. Com o aumento, a receita total passará para $52.000 e o custo total para $36.000. Neste caso, o aumento da produção é vantajoso, já que o lucro total aumentará em $1.000 ($15.000 para $16.000). Perceba que Rmg é maior que o Cmg, ou seja, Rmg = $2.000 e Cmg = $1.000. Agora, se a receita aumentasse para $50.500 e o custo para $36.000 o aumento da produção não seria vantajoso. Isto porque haveria uma redução de $500 no lucro ($15.000 para $14.500). Neste caso, a receita marginal ($500) é menor que o custo marginal ($1.000). 4.9. Quando a Firma Deve Ser Fechada 36 A firma deverá fechar as portas quando: • A receita total for menor que o custo variável total; • O preço de venda for menor que o custo variável médio. Imagine uma situação na qual um comerciante aufere uma receita que não é suficiente nem para cobrir os custos variáveis (mercadorias, impostos, dentre outros). Assim, caso continue com a loja aberta, acabará acumulando custos. Vejamos um exemplo: Uma fábrica de picolés gasta R$ 2,00 com matéria-prima e energia para produzir cada unidade. Sabe-se que o custo fixo da fábrica é de R$ 7.000,00 por mês e que o preço de venda unitário não tem como ser maior que R$ 1,80, o mercado não aceita. Essa firma pode continuar aberta? Resposta: a fábrica não pode continuar aberta. Ela tem margem de contribuição negativa de R$ 0,20 e, dessa forma, além do prejuízo referente ao custo fixo, a firma acumulará R$ 0,20 ao prejuízo total para cada picolé que produzir. Observação: em situação de prejuízo uma firma só poderá continuar em atividade se tiver margem de contribuição positiva e se houver expectativa de que a situação de prejuízo seja temporária e de curto prazo. Numa situação como essa, é, inclusive, vantajoso a firma manter a atividade porque parte do custo fixo será paga. Observação: diante do exposto, a curva de oferta da firma é construída ao longo da curva de custo marginal que segue a partir do cruzamento com o custo variável médio. Abaixo desse ponto não haverá oferta, por conta da margem de contribui- Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria dos Custos ção negativa. E, acima dele, a oferta aumentará conforme haja aumento da receita marginal, considerando que a firma maximizadora de lucro alcança seu objetivo nos pontos que a receita marginal se iguala ao custo marginal. RESUMO Nesta unidade temática você estudou os fundamentos da Teoria do Custo. Foram abordados conceitos e técnicas de análise de custos, considerando o curto e longo prazos, referindo-se a realidade atual e o planejamento da escala de produção respectivamente. Além disso, foram abordados conteúdos como determinação do lucro, ponto de equilíbrio, processo de maximização do lucro e ponto de fechamento da firma. EXERCÍCIOS DE REVISÃO Questão 1 - por que o custo de oportunidade e a consequente determinação do lucro econômico devem ser considerados nos processos de tomada de decisão gerencial? Questão 2 – Julgue as sentenças A e B abaixo conforme o que segue: a.A e B são verdadeiras; b.A e B são falsas; c. A é verdadeira e B é falsa; d.A é falsa e B é verdadeira. A.A classificação dos custos de uma firma em fixos e variáveis está relacionada ao comportamento destes em função de mudanças no nível de produção da firma. Podemos citar como exemplos de custos fixos os gastos com aluguel e IPTU; e como custos variáveis os gastos com matéria prima e energia. B.O custo de oportunidade é uma variável que utilizamos como parâmetro para avaliar se estamos escolhendo a melhor aplicação para nossos recursos. Um exemplo de custo de oportunidade pode ser o aluguel que deixamos de receber por um imóvel próprio pelo fato de ocuparmos este imóvel. Questão 3 - Identifique as opções de resposta corretas para cada sentença abaixo: a.A firma atinge seu ponto ótimo em termos de custo quando: ( ) o Custo médio é mínimo ( ) o custo médio é máximo ( ) NDA b.Enquanto a produtividade média for crescente o custo médio será: ( ) decrescente ( ) crescente ( ) não será afetado c. O custo médio será mínimo quando a produtividade média for: ( ) mínima ( ) máxima ( ) média ( ) NDA Questão 4 - O empresário que tem como objetivo a maximização do lucro aceitará aumentar a produção de sua empresa quando a receita marginal (Rmg) resultante desse aumento for maior que o custo marginal (Cmg). Essa afirmativa é verdadeira? Por quê? Questão 5 - Considere os dados a seguir referentes a uma fábrica de barcos e apresente um parecer econômico quanto à possibilidade de aumento da produção de cada um dos três modelos de barco. O aumento projetado é de apenas um barco de cada modelo e o objetivo dos sócios da empresa é maximizar o lucro. 37 ANÁLISE ECONÔMICA I Fundamentos da Teoria dos Custos Unidade II Questão 6 – Uma empresa conhecida no ramo de embarcações está planejando aumentar a sua produção de 10 para 11 embarcações anuais. Esse aumento da produção deverá elevar a receita da empresa de R$ 1.000.000,00 para R$ 1.100.000,00 por ano. Partindo-se da lógica de que a empresa deseja maximizar seus lucros, esta deverá aumentar sua produção, sabendo-se que seu custo total anual passará de R$ 650.000,00 para R$ 770.000,00? Por quê? Questão 7 - Um fabricante de automóveis especiais para colecionadores está planejando aumentar sua produção mensal em uma unidade, mas, para saber se essa decisão é vantajosa economicamente, pede seu conselho de especialista. O fabricante informa que a receita total atual é de $7 milhões e o custo total de $6,3 milhões. Com o aumento da produção a receita total deverá ser de $7,8 milhões e o custo total de $7 milhões. Sabendo-se que o empresário deseja maximizar seus lucros, você aconselharia o aumento da produção? Por quê? 38 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico NOÇÕES SOBRE DINÂMICA MACROECONÔMICA E CICLO ECONÔMICO Você já deve ter percebido que, em certos períodos, a economia está em crescimento (PIB crescente) e o nível de desemprego diminui e, em outros, o PIB é decrescente e o nível de desemprego aumenta. Essa evolução deve ser acompanhada pelos tomadores de decisão, em particular por aqueles que atuam na área dos negócios, para que suas decisões sejam acertadas, aproveitando as oportunidades de lucrar mais nos períodos de crescimento e evitando prejuízos ao prever a queda do volume de negócios. Neste capítulo, você estudará as principais variáveis determinantes da renda agregada (a renda do país) e como a mesma evolui ao longo do tempo. Além disso, será demonstrado como a política econômica interfere no desempenho da economia. Ao final deste capítulo você estará apto(a) a: • Explicar o equilíbrio macroeconômico e os desequilíbrios; • Identificar as variáveis componentes da renda agregada e seus determinantes; • Explicar o efeito multiplicador da renda; • Identificar as injeções e os vazamentos do circuito econômico e compreender seus efeitos; • Explicar como a economia evolui ao longo do tempo e as consequências de um superaquecimento e de uma recessão econômica; • Explicar os efeitos de uma política econômica expansionista e de uma restritiva. 5.1. Revolução Keynesiana Os anos 30 do século passado foram marcados por uma forte crise mundial. Este fato conhecido como “A Grande Depressão” provocou queda drástica na atividade econômica e no nível de emprego nas principais economias capitalistas. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, entre 1929 e 1933, o PIB real caiu 30% e o desemprego aumentou de 3% para 25%. Até então, o marco teórico utilizado pelos economistas e formuladores de políticas econômicas da época não concebia a existência de crises prolongadas. Isso porque, para eles, as economias se autoregulavam e, desse modo, automaticamente a economia tenderia ao equilíbrio de pleno emprego, nível de produção no qual não há desemprego de mão-de-obra e capacidade de produção ociosa. Isso deveria ocorrer sem que houvesse a intervenção do governo. A partir da Grande Depressão, constatou-se que isto não era verdade. Nesse ambiente de crise, em 1936, Keynes publica sua obra intitulada “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. Ele afirmava que a economia poderia estar equilibrada, no entanto, em um nível de produção abaixo do pleno emprego, ou seja, atingir o equilíbrio, mas com desemprego. Entretanto, para solucionar o problema de desemprego, o governo deveria estimular a atividade econômica com incentivos à demanda agregada. A partir dessa obra, a Teoria Macroeconômica evoluiu muito, surgindo novas teorias sobre o equilíbrio agregado como a novo-clássica e novo-keynesiana, por exemplo. 39 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Unidade II 5.2. Equilíbrio macroeconômico A condição de equilíbrio macroeconômico é que a oferta agregada (OA) seja igual à demanda agregada (DA). Equilíbrio macroeconômico OA = DA A oferta agregada corresponde ao nível de produção de bens e serviços gerado pelo país em determinado período e a demanda agregada à demanda total por bens e serviços produzidos na economia. Toda economia tem uma capacidade limite de produção. A esse limite os economistas chamam de PIB potencial ou de pleno emprego, pois os recursos disponíveis estariam sendo plenamente utilizados. O PIB de pleno emprego evolui ao longo do tempo como consequência de mudanças na quantidade (mais máquinas, equipamentos, construções, trabalhadores, terra, dinheiro etc.) e na qualidade dos recursos disponíveis (recursos mais produtivos; tecnologicamente mais avançados). Uma produção igual ao nível de pleno emprego seria a situação ideal, pois não haveria desemprego. Entretanto, há períodos em que a demanda agregada não é suficiente para absorver toda a produção, resultando em aumento dos estoques de mercadorias não vendidas e, por isso, os empresários reduzem seus níveis de produção de acordo com a realidade da demanda agregada. Keynes acreditava que a oferta agregada é levada pelas forças naturais que operam na economia a se igualar à demanda agregada. Essas forças são causadas pelo excesso e pela escassez de bens e serviços na economia. Ou seja, existência de variações de estoque (VE) positiva e negativa, respectivamente. No primeiro caso, excesso de oferta, os níveis de estoque de mercadorias aumentam, frustrando os empresários. O empresário deseja vender toda a sua produção corrente, mas se isso não ocorre, suas expectativas quanto ao resultado de seus investimentos (lucros) tornam-se frustradas. Como consequência disso, o investimento na produção será menor. Uma menor produção implica em queda do nível de emprego e da renda nacional. Um menor nível de renda torna a demanda agregada cada vez menor. Resposta da oferta ao aumento do nível de estoque Quando há excesso de oferta, as empresas que buscam maximizar seus lucros podem reagir ao aumento do nível de estoque: • Ajustando a quantidade produzida, reduzindo o número de trabalhadores, por exemplo; • Ajustando o preço, diminuindo-o para induzir o aumento da demanda; • Ajustando simultaneamente a quantidade produzida e o preço. O mais provável é que haja o ajuste da quantidade produzida, já que a redução de preços sem que haja redução dos custos implica em redução das margens de lucro. 40 No segundo caso, escassez de oferta (ou excesso de demanda), os estoques de bens se reduzem rapidamente e de forma inesperada e os prestadores de serviços passam a não dar conta dos pedidos. Isso incentiva os empresários a investir numa maior produção, aumentando o nível do emprego e da renda nacional. Uma renda crescente resulta em aumento da demanda agregada, impulsionando mais ainda o crescimento da produção. Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Respostas da oferta ao excesso de demanda As respostas da produção em relação a aumentos na Demanda agregada podem ser: • A produção aumenta sem haver elevação dos preços; • Há aumento tanto da produção quanto dos preços; • Há somente aumento dos preços. Se a economia estiver operando abaixo de sua plena capacidade, o mais provável é que haja aumento da produção sem elevação de preços. No entanto, quanto mais próxima do pleno emprego a economia estiver, elevações da produção resultarão em maiores aumentos dos níveis de preços. Ao atingir a plena capacidade (pleno emprego), não será mais possível aumentar a produção e, desse modo, pressões da demanda provocarão somente aumentos de preços. Na visão keynesiana, assume-se que a economia esteja funcionando bem abaixo de sua plena capacidade, ou seja, numa situação de desemprego elevado (crise). Nesse caso, aumentos da demanda seriam respondidos com ajuste da quantidade. Assim, as mudanças nos níveis de estoque servem como sinalizador que demonstra as mudanças que ocorrerão na demanda agregada. A variação de estoque ajuda na previsão da direção da economia. Ou seja: • Se OA > DA (VE > 0) -> a tendência é de queda da demanda agregada. Isso quer dizer que o volume de vendas deverá ser menor porque os empresários reduzirão seus níveis de produção, reduzindo a quantidade utilizada de mão-de-obra e de outros fatores de produção (máquinas, prédios, terra, dinheiro etc.). Assim, a renda disponível para consumo e investimentos privados será cada vez menor (menores volumes de salários, juros, aluguéis e lucros). Nesse sentido, o PIB e o nível de emprego tenderão a ser menores. • Se OA < DA (VE < 0) -> a tendência é de aumento da demanda agregada porque os empresários serão estimulados a aumentar os seus níveis de produção, aproveitando a oportunidade do elevado volume de vendas. Assim, haverá aumento dos investimentos na produção, aumentando a quantidade de mão-de-obra e de outros fatores de produção empregados nos processos produtivos. Isto resultará em maior volume de renda na economia e, como consequência, maior demanda por bens e serviços. Nesse sentido, o PIB e o nível de emprego serão maiores. Demanda agregada A macroeconomia keynesiana se concentra no lado da demanda agregada (DA). Segundo a mesma, as crises econômicas são causadas pela escassez de DA. Ela é a força determinante do nível de renda do país. A função demanda agregada indica o quanto os agentes de uma economia desejam e podem adquirir a cada nível de preços. Na análise do equilíbrio macroeconômico distingue-se a demanda como efetiva e esperada: • Demanda efetiva é a demanda realizada. É a quantidade de bens e serviços que os agentes econômicos efetivamente adquiriram no período. Com base nela, os agentes econômicos estimam a demanda do período seguinte. 41 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Unidade II • A demanda esperada é a demanda planejada. Ou seja, é a quantidade que os empresários esperam vender no período seguinte com base em suas estimativas. A existência ou não de variação de estoque depende da demanda efetiva. A demanda efetiva pode ser maior ou menor que a esperada, gerando, assim, variações indesejadas de estoque. O volume da produção (oferta agregada) depende da demanda que se espera para o período. Portanto, no caso de a demanda efetiva ser maior que a esperada haverá uma variação de estoque negativa, pois a oferta foi menor que a demanda. Caso ocorra o contrário, a demanda efetiva seja menor que a esperada, então haverá uma variação de estoque positiva. A demanda agregada é composta pelas demandas dos agentes econômicos, ou seja, famílias, empresas, governo e exterior. Assim, a função demanda é a soma do consumo das famílias (C) com os investimentos privados (I), com as aquisições do governo (G) e com as aquisições do exterior (X). Como o país adquire bens e serviços do exterior e o que se deseja na determinação da demanda agregada é medir a demanda pelos bens e serviços produzidos no país, então, na função demanda agregada deduz-se o valor das importações (M). Assim, DA = C + I + G + (X – M) Observação: a diferença X – M também é chamada de exportações líquidas e indica o saldo do comércio exterior (saldo das transações correntes). Esse assunto será apresentado quando estivermos estudando balanço de pagamentos. Variações em cada um destes elementos provocam alterações na DA. Nos quadros a seguir, são apresentados alguns exemplos de fatores determinantes da DA. Variáveis macroeconômicas e alguns fatores que determinam a demanda agregada Fatores determinantes da DA Renda agregada disponível Transferências Tributação Aquisições do governo Oferta monetária Condições de acesso ao mercado de crédito Taxa de câmbio Política de comércio exterior Atratividade para investimentos externos Clima dos negócios no país Expectativas dos agentes econômicos 42 Desempenho econômico do resto do mundo Efeitos sobre a DA Aumento da DA Redução da DA Mais elevada Mais baixa Menos concentrada Mais concentrada Aumento dos Redução dos pagamentos de pagamentos de transferências transferências Redução Aumento Aumento Redução Aumento, provocando Contração, aumentando os juros queda dos juros reais reais Facilitadas: prazos e Dificultadas: prazos e limites limites ampliados reduzidos (prestações mais (prestações mais baixas) elevadas) Desvalorizada (moeda Valorizada (moeda estrangeira estrangeira mais cara): mais barata): desestimula as estimula as exportações exportações e estimula as e desestimula as importações importações Mais proteção: Abertura: facilidade de acesso a imposição de barreiras produtos estrangeiros às importações Alta: maior entrada de Baixa: menor entrada de recursos recursos para para investimentos investimentos Otimismo e confiança Pessimismo generalizado Otimistas: resultam em Pessimistas: resultam em novos investimentos contração dos investimentos Em alta: ciclo conjuntural Em baixa: ciclo conjuntural expansionista (as contracionista (as exportações exportações tendem a tendem a diminuir) aumentar) Fonte: Rossetti (2006), com adaptações. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Efeito multiplicador da renda Imagine que o governo resolva construir uma ponte e, com esse objetivo, contrate uma construtora. Esta deverá empregar trabalhadores e comprar cimento, ferragens, madeira, máquinas etc. Vamos supor que a obra custe aos cofres públicos R$ 2 milhões. O que isso tende a causar na economia? Essa injeção de R$ 2 milhões será multiplicada, criando uma renda bem maior. Isso ocorre porque os trabalhadores da construção receberão seus salários e gastarão na aquisição de bens de consumo na cidade que estão localizados. O aumento da demanda de bens e serviços de consumo fará com que os fornecedores dos mesmos aumentem suas produções, gerando mais emprego e aumentando a demanda dos atacadistas. Além disso, as fábricas de cimento, ferragens, máquinas e madeireiras aumentarão seus volumes de produção, gerando maior emprego de mão-de-obra e aumentando as aquisições de bens de produção (máquinas, equipamentos, matérias-primas, e outras espécies de insumos). Isto quer dizer que haverá geração de renda em cada um desses ramos de produção (mais salários, lucros, aluguéis, juros). No final, a renda inicial de R$ 2 milhões cria mais rendas à medida que é gasta. Ao processo de criação de novas rendas a partir de uma injeção inicial de recursos no sistema econômico os economistas chamam de efeito multiplicador da renda. Nesse modelo, a força que move o processo multiplicador é a demanda de consumo induzida pelos aumentos da renda. Portanto, incentivos à demanda agregada provocaria elevação do emprego e da renda. Isto resultaria em maior demanda por bens e serviços de consumo, incentivando os fornecedores desses produtos a aumentar seus níveis de produção, contratando novos trabalhadores e adquirindo bens e serviços de produção. Injeções e Vazamentos O equilíbrio macroeconômico também pode ser analisado através das comparações entre as variáveis injeções e vazamentos do circuito econômico. Fluxograma – injeções e vazamentos do sistema econômico FAMÍLIAS Injeções Investimentos Gastos do governo Exportações EMPRESAS Consumo Vazamentos Poupança Tributação Importações Renda As injeções correspondem a entradas de novos recursos no sistema econômico novos investimentos, aumento do gasto do governo e das exportações. Elas tendem a impulsionar o crescimento da renda, pois são acrescidos novos recursos à renda oriunda do gasto com consumo das famílias. Os vazamentos correspondem a saídas de recursos do sistema econômico. Isto acontece quando as pessoas resolvem poupar mais, importar mais ou o governo 43 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico aumenta a tributação. Eles tendem a reduzir o crescimento da renda ou até mesmo contraí-la porque a renda que sobra para o consumo é cada vez menor à medida que os vazamentos aumentam. Assim, podemos entender que se o valor das injeções no circuito econômico for maior que o dos vazamentos, então a economia deverá crescer. Caso ocorra o inverso, o valor dos vazamentos for superior ao das injeções, então a economia deverá se contrair (queda do PIB). Em resumo: ↑ ↑ ↑ ↑ Injeções < Vazamentos variação de estoque será negativa (VE < 0) Produção ↑ variação de estoque será positiva (VE < 0) Produção ↑ Injeções > Vazamentos Ciclo econômico Afirmamos, anteriormente, que toda economia tem uma capacidade limite de produção e esse limite é chamado de PIB potencial (PIBpot) ou de pleno emprego. Este conceito indica um nível de produção em que todos os recursos disponíveis estariam sendo plenamente utilizados. Assim, não haveria mais máquinas, trabalhadores, terra, prédios e outros fatores de produção ociosos (desempregados). O PIB potencial evolui no tempo em função de: • Mudanças na quantidade de fatores de produção (máquinas, equipamentos, construções, trabalhadores, terra, dinheiro etc.); Acréscimo da quantidade de fatores de produção → PIBpot ↑ Decréscimo da quantidade de fatores de produção → PIBpot ↓ • Mudanças na qualidade dos fatores de produção, em particular capital e trabalho (melhorias de produtividade devidas a avanços tecnológicos e qualificação profissional). Uso de tecnologias mais avançadas → PIBpot ↑. Tem-se maior produtividade, ou seja, maior produção no mesmo período de tempo (ano, mês, dia, hora). 44 Como o PIB potencial pode decrescer? Além dos desastres causados pelo homem (guerras, terrorismos, acidentes nucleares, agressão ao meio ambiente, causando desertificações, erosões, morte de rios, agressão ao próprio homem, reduzindo a capacidade de trabalho de parcelas da população etc.) e pela natureza (terremotos, maremotos, furacões, erupções vulcânicas etc.) que destroem rapidamente a estrutura produtiva, que passa por um processo de perda um pouco mais lento denominado de depreciação. Esta consiste na perda de capacidade produtiva provocada pelo desgaste físico ou pela obsolescência. Quando não há investimentos na substituição e manutenção adequada do capital produtivo desgastado fisicamente, o PIBpot se reduz. Em termos macroeconômicos, temos que visualizar esse problema levando em conta toda a infraestrutura produtiva nacional, inclusive a disponibilidade e qualidade das vias de escoamento da produção (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, por exemplo), dos armazéns para a estocagem, da energia, da água, do esgoto industrial etc. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico No tocante à obsolescência do capital produtivo, a escassez de investimentos implica em perda crescente de competitividade em relação àqueles países que estão na vanguarda tecnológica. Isto tende a resultar, dentre outras coisas, em queda das exportações (porque os preços dos produtos brasileiros serão menos competitivos) e aumento das importações (porque os produtos importados estarão mais baratos), mantidos os demais fatores constantes. Esses problemas são uma espécie de gargalo econômico, ou seja, são barreiras ou estrangulamentos que reduzem o desempenho da economia e dificultam o crescimento econômico. Isso porque, se há perda de capacidade (ou se a mesma não cresce), não será possível aumentar a produção. Evitar a ocorrência de gargalos econômicos, ou eliminá-los, facilita o processo de crescimento da economia. Um nível de produção igual ao de pleno emprego seria a situação ideal, pois não haveria desemprego na economia. Entretanto, como vimos, há períodos em que a demanda agregada não é suficiente para absorver toda a produção, resultando em aumento dos estoques de mercadorias não vendidas e, por isso, os empresários reduzem seus níveis de produção subsequentes até atingir o nível de demanda efetiva. Esse é o nível de produção efetiva (PIB efetivo). A diferença em termos absolutos (valor real) ou relativos (percentuais) entre o PIB potencial e PIB efetivo é chamada pelos economistas de hiato do PIB. Este é um indicador muito importante do desempenho da economia. A figura a seguir ilustra hiatos do PIB ao longo do tempo. Perceba que do período 1 ao 4 houve expansão tanto do PIB potencial, quanto do efetivo. O ritmo de crescimento do PIB efetivo e a redução do hiato do PIB animam os empresários a aumentarem suas instalações e a investirem em novas tecnologias, aumentando o PIB potencial. Entretanto, o ritmo de crescimento do PIB efetivo diminuiu a partir do período 4 e foi negativo no período 5, fato que causa desânimo e desinteresse para novos investimentos. Por isso, o PIB potencial no período 5 não cresceu e o hiato aumentou. Figura – Ciclo econômico de longo prazo Produção PIB potencial Hiato do PIB PIB efetivo 0 1 2 3 4 5 tempo Como os resultados dos novos investimentos em novas plantas industriais, por exemplo, e a depreciação afetam o PIB potencial no longo prazo os economistas dizem que o ciclo econômico acima é de longo prazo. Vamos tentar entender agora o ciclo econômico de curto prazo, ou seja, o significado de uma economia superaquecida e de uma recessão econômica. Para tanto, é necessário o entendimento de outro conceito relacionado à capacidade de produção, ou seja, a capacidade de produção normal. Imagine que uma fábrica de tecidos tem 200 teares e que, a cada dia, 20 são desligadas para manutenção preventiva (substituição de peças, limpeza, lubrificação, regulagem etc.). Isso é necessário para que seja garantida a vida útil de cada máquina. Nesse sentido, a capacidade instalada dessa fábrica é de 200 teares, mas a capacidade de produção normal é de 180. Esse raciocínio vale para a economia 45 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico como um todo, ou seja, há o PIB potencial (capacidade instalada) e o PIB normal que é aquele em que a economia funcionaria de forma equilibrada sem comprometer os procedimentos necessários para conservação do capital produtivo. A recessão e o superaquecimento da economia têm a ver com os desvios do PIB efetivo em relação ao nível de produção normal. Quando o PIB efetivo está em um nível abaixo do normal a economia está em recessão. Nesse caso, os economistas dizem que há desemprego cíclico ou conjuntural. No caso contrário, quando o PIB efetivo é maior que a capacidade de produção normal, ou seja, os empresários estão superutilizando sua estrutura produtiva (sem haver as paradas para a manutenção) diz-se que está havendo superaquecimento. Consequências do superaquecimento e da recessão econômica Produção No primeiro, caso a demanda nos diversos setores de produção da economia é maior que a oferta normal, influenciando o superuso da estrutura produtiva. Isto causa pressão sobre os preços, provocando inflação. No segundo a demanda está abaixo da capacidade de produção normal, os níveis de estoque aumentam, a produção passa por processo de redução, aumentando o desemprego e reduzindo a demanda por bens de produção. Isto tende a intensificar a contração da produção e a causar pressão deflacionária (preços abaixo dos normais). Ver exemplo ilustrado na figura a seguir. Supondo que a tendência de crescimento da capacidade de produção normal seja dada por uma reta inclinada positivamente, indicando crescimento, e a curva sinuosa a produção efetiva (PIB efetivo), então: • Toda vez que o PIB efetivo estiver acima da capacidade normal, a economia estará passando por um superaquecimento, levando a uma pressão inflacionária; e • Toda vez que o PIB efetivo estiver abaixo da capacidade normal, a economia estará passando por uma recessão, levando a uma pressão deflacionária. Figura – Ciclo econômico de curto prazo Pressão inflacionária Contração Capacidade de produção normal Expansão Pressão deflacionária tempo Políticas econômicas e desempenho da economia 46 Os objetivos da política econômica são: • Crescimento econômico: Incentivar o aumento da oferta de bens e serviços para a sociedade. A situação ideal é que o PIB cresça a uma taxa maior que a do crescimento populacional. O PIB per capita (PIB ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico por pessoa) é o indicador mais usado para demonstrar essa situação. • Emprego: Procurar reduzir o nível de desemprego do fator trabalho. Assim, mais pessoas teriam acesso ao consumo dos bens e serviços gerados pela sociedade e evitaria os problemas sociais causados pela falta de emprego e renda. • Estabilidade de preços: Evitar o agravamento de processos inflacionários. Estes causam a perda do poder de compra de quem aufere renda fixa, desorganiza o mercado de capitais, causam déficits no balanço de pagamentos e dificuldades de financiamento do setor público e influenciam negativamente nas expectativas empresariais. • Distribuição socialmente justa da renda: Distribuir de forma justa a renda gerada pela sociedade, evitando a intensificação dos distanciamentos entre as classes sociais. A política econômica pode ser expansionista ou restritiva. A primeira é utilizada para incentivar o crescimento da produção (elevação do PIB) e a segunda provoca a redução da renda com o objetivo de controle de processos inflacionários. A política econômica é realizada através de um conjunto de instrumentos que são operacionalizados de forma a atingir o objetivo desejado. A mesma se divide em política fiscal, monetária, creditícia, cambial, de relações econômicas externas e de rendas. A fiscal tem a ver com as receitas e despesas do governo e seus instrumentos são os tributos diretos e indiretos, o consumo e investimento do governo, pagamento de transferências e subsídios. A política monetária tem a ver com a oferta de moeda, modificando a taxa de juros e a creditícia com a disponibilidade e o custo do crédito, facilitando ou dificultando o acesso dos consumidores e investidores. A política cambial e de relações econômicas externas estão relacionadas ao comportamento do governo em relação ao mercado cambial, à política de comércio exterior e ao tratamento dado ao movimento de capitais externos. As políticas de rendas se baseiam no controle das remunerações (salários e demais rendas). A operacionalização dos instrumentos depende do objetivo da política econômica. A elevação da taxa de juros básica da economia, por exemplo, é utilizada para controlar a inflação porque reduz a demanda agregada, encarecendo os financiamentos para consumo e investimentos e tornando as aplicações financeiras mais atraentes que os investimentos. No entanto, ao restringir a demanda agregada, essa política inibe o crescimento econômico. Portanto, estabilização de preços e crescimento econômico são objetivos de política econômica conflitantes. Mas, ao incentivar o crescimento econômico, o nível de emprego tenderá a aumentar e a desigualdade na distribuição da renda poderá diminuir. Assim, alguns objetivos poderão ser alcançados com a busca de outros. Política econômica anticíclica No tocante à evolução do PIB, em momentos de recessão, o governo pode intervir na economia aumentando seus gastos e/ou reduzindo a tributação com o objetivo de aumentar a demanda agregada e, consequentemente, estimular o aumento da produção. Esse aumento da demanda atinge grande parte da economia através do efeito multiplicador. Já uma política econômica restritiva provoca a contração da renda (PIB). Geralmente, essas políticas são utilizadas para controlar pressões inflacionárias e consistem em, por exemplo, aumento de impostos, redução dos gastos do governo, elevação da 47 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Unidade II taxa de juros, restrição de crédito etc. Este tipo de política será discutido mais tarde em outras unidades temáticas como política fiscal e monetária. Resumo Esta unidade temática teve como objetivo apresentar as principais variáveis determinantes da renda agregada e como a mesma evolui ao longo do tempo. Além disso, foi demonstrado como a política econômica interfere na evolução da economia. Portanto, vimos que a variação de estoque ajuda na previsão do rumo que a economia deverá tomar. Se, por exemplo, a VE > 0, a tendência é de queda da demanda agregada, e se VE < 0 a tendência é de aumento da demanda agregada. Vimos também que a função demanda agregada indica o quanto os agentes de uma economia desejam e podem adquirir a cada nível de preços, e é escrita da seguinte forma: DA = C + I + G + (X – M). Além disso, conhecemos o efeito multiplicador da renda, que nos mostra o quanto um adicional de gastos impacta sobre a renda agregada. O equilíbrio macroeconômico também pode ser analisado através das comparações entre as variáveis injeções e vazamentos do circuito econômico. Assim, quando as injeções são maiores que os vazamentos a produção tende acrescer e quando ocorre o inverso a produção tende a cair. Quando falamos em desempenho da produção, temos que levar em conta o PIB potencial e o PIB efetivo. O PIB potencial evolui no tempo em função de mudanças na quantidade e na qualidade dos fatores de produção. Já o PIB efetivo depende das expectativas dos empresários quanto à demanda futura. Vimos também os significados e consequências de um superaquecimento e de uma recessão econômica. Sempre que o PIB efetivo estiver acima da capacidade normal, a economia estará passando por um superaquecimento, levando a uma pressão inflacionária, e toda vez que o PIB efetivo estiver abaixo da capacidade normal, a economia estará passando por uma recessão, levando a uma pressão deflacionária. Um dos objetivos da política econômica é atuar sobre esses desequilíbrios, no intuito de evitar essas pressões. Assim, em casos de recessão seria adotada uma política econômica expansionista, incentivando o aumento da produção e, em casos de superaquecimento, seria adotada uma política restritiva, desestimulando a demanda para controlar as pressões inflacionárias. EXERCÍCIOS DE REVISÃO 48 Questão 1 - Caso a variação de estoque de uma economia, em um ano, tenha sido positiva, qual será a atitude dos investidores esperada para o ano seguinte, considerando-se que não haja nenhuma outra mudança: a.Aumentar os investimentos porque a demanda agregada foi maior que a oferta agregada. b. Aumentar os investimentos porque a demanda agregada foi menor que a oferta agregada. c.Reduzir os investimentos porque a demanda agregada foi maior que a oferta agregada. d.Reduzir os investimentos porque a demanda agregada foi menor que a oferta agregada. e.N.D.A. Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Dinâmica Macroeconômica e Ciclo Econômico Questão 2 - Keynes acreditava que a oferta agregada é levada pelas forças naturais que operam na economia a se igualar à demanda agregada. Que forças são essas? Questão 3 - Há tendência de expansão econômica quando a oferta agregada é menor que a demanda agregada. A afirmativa está correta? Por quê? Questão 4 - As expectativas dos empresários quanto ao rumo de uma economia podem melhorar ou piorar a situação econômica futura de um país. Essa afirmativa ´verdadeira? Por quê? Questão 5 - Qual é a composição da demanda agregada? Questão 6 - Indique com maior (para aumento da DA), ou menor (para redução da DA) as afirmativas relacionadas a seguir: a)Redução da taxa de juros ............................................ b)Redução da renda disponível agregada ................................... c)Aumento da taxa de câmbio (dólar mais caro) ................................. d)Crédito facilitado ....................................... e)Expansão da economia mundial .................................... f) Clima dos negócios pessimista ................................ Questão 7 - Como se processa o efeito multiplicador da renda? Questão 8 - Se considerarmos o volume de água existente em um reservatório como o nível de atividade econômica de um país, significando que quanto maior for o nível do reservatório, maior será o nível de atividade da economia, podemos afirmar que o volume de água neste reservatório aumentará se houver redução da tributação, das importações e da poupança das famílias e se houver aumento dos investimentos, dos gastos do governo e das exportações. A afirmativa é verdadeira? Por quê? Questão 9 - O PIB de pleno emprego (potencial) evolui no tempo em função de que? Questão 10 - O que são gargalos econômicos? Questão 11 - O que demonstra o hiato do PIB? Questão 12 - O que caracteriza e quais são as consequências de uma economia superaquecida? Questão 13 - O que caracteriza e quais são as consequências de uma economia em recessão? Questão 14 - Quais são os objetivos da política econômica? Questão 15 - Quais são os efeitos da política econômica expansionista e da restritiva? Questão 16 - Várias economias no mundo estão em situação de recessão. Sabe-se que a existência desse fenômeno econômico provoca pressão para a elevação dos preços devido à superutilização da capacidade produtiva do país. Essa afirmativa é verdadeira? Por quê? 49 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre a Inflação NOÇÕES SOBRE A INFLAÇÃO 6.1. Introdução Esta unidade temática tem o objetivo de apresentar o significado da inflação, os problemas consequentes, os tipos clássicos de inflação e as formas de controle de processos inflacionários. Assim, ao final dela, você estará apto(a) a explicar: • O que é inflação e taxa de inflação; • Quais os problemas causados pela inflação; • Quais os tipos clássicos de inflação e formas de combate às mesmas. 6.2. Conceito de inflação Inflação é uma alta persistente e generalizada dos níveis de preços. Para que aumentos de preços sejam considerados processos inflacionários eles devem ser generalizados, ou seja, atingir um grande número de produtos. Flutuações sazonais de preços de alguns produtos, por exemplo, não devem ser consideradas inflação. 6.3. Taxa de inflação A taxa de inflação é uma medida do ritmo com que variam os níveis de preços. Se chamarmos π de níveis de preços, então a taxa de inflação pode ser determinada pela seguinte expressão: ∆ π = (π2 – π1) x 100 π1 Sendo que: ∆ π = Taxa de inflação π1 = Nível de preços do período 1 π2 = Nível de preços do período 2 Exemplo: A taxa de inflação ou variação dos níveis de preços entre janeiro e fevereiro demonstrada na tabela a seguir foi calculada da seguinte forma: ∆ π = 103 – 100 x 100 = 3,0% 100 Na mesma tabela são apresentadas três classificações para as variações dos níveis de preços: 50 • Inflação (Jan – Abr) – Significa que os níveis de preços estão crescendo rapidamente (taxas crescentes) • Desinflação (Mai – Jun) – Significa que os níveis de preços estão crescendo mais lentamente (taxas decrescentes) ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre a Inflação • Deflação (Jul) – Significa que houve queda dos níveis de preços (taxas negativas) Níveis de preços e taxa de inflação Períodos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Nível de preços 100 103 107 112 115 117 115 Taxa de inflação 3,0% 3,9% 4,7% 2,7% 1,7% -1,7% Inflação desinflação deflação Problemas causados pela inflação Efeito sobre a distribuição da renda: com o advento da inflação, as pessoas que dependem de rendimentos fixos com prazos legais de reajustes são as que mais sofrem. O maior impacto com a perda do poder aquisitivo se dá sobre a população de baixa renda, pois não sobram recursos para aplicar no mercado financeiro, onde as correções dos efeitos da inflação são realizadas com maior frequência (correção monetária). Dessa forma, os mais pobres incorrem em um custo muito maior. Efeito sobre as expectativas: inflações elevadas tornam a economia instável e sua evolução imprevisível, assim os empresários preferem esperar para investir quando o cenário se modificar, melhorando a previsibilidade dos resultados de seus investimentos. Enquanto os empresários não investem, a economia não cresce, afetando o nível de emprego futuro. Efeito sobre a alocação de recursos: em períodos inflacionários, os investidores preferem aplicar seus recursos em projetos de curto prazo e especulativos ao invés dos de longa maturação. Além disso, como a perda de valor da moeda é grande, os agentes econômicos preferem investir seus recursos em ativos reais (imóveis, por exemplo) ao invés de aplicar na poupança e outros ativos financeiros. Efeito sobre o balanço de pagamentos: quando os níveis de preços internos crescem mais rapidamente que os externos, as exportações são prejudicadas (por serem cada vez mais caras) e as importações estimuladas (por serem cada vez mais baratas relativamente). Dessa forma, o saldo do balanço de transações correntes com o exterior tende a um resultado deficitário, o que leva ao aumento da dívida externa. Efeito sobre o financiamento do setor público: como existe um intervalo de tempo entre o fato gerador do tributo e o seu recolhimento, o governo acaba perdendo receita a partir da corrosão realizada por processos inflacionários. Por exemplo: uma empresa realiza uma venda em abril e somente em maio deve recolher o imposto sobre essa venda. Se houver inflação no período, então o governo receberá um volume de recursos com poder de compra menor do que aquele que tinha quando o imposto foi gerado. Os economistas denominam esse problema de Efeito-Tanzi em homenagem ao primeiro colega a chamar a atenção para este fenômeno, o economista Vito Tanzi. 51 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre a Inflação Unidade II Tipos de inflação As principais causas da inflação são excesso de demanda, aumento de custos ou redução da oferta e inércia inflacionária. Inflação de demanda: ocorre quando a demanda agregada aumenta muito em relação à oferta disponível, causando pressão sobre os preços. Isso pode ser causado voluntariamente pelo setor privado quando resolve aumentar os investimento e o consumo. Pode ser influenciada também por políticas econômicas expansionistas, tais como aumento dos gastos do governo, redução da tributação, aumento dos subsídios e das transferências, aumento da oferta monetária e redução da taxa de juros etc. O financiamento do gasto público via emissão de moeda pode resultar em inflação devido ao aumento da quantidade de moeda na economia. A inflação de demanda pode ser combatida, dentre outras formas, através de: aumento da tributação, redução dos gastos do governo, aumento da taxa de juros, maior restrição sobre o crédito. Inflação de custos: ocorre quando por algum motivo a oferta cai em relação à demanda existente, provocando elevação dos preços. Os motivos podem ser: quedas da produção provocadas por quebra de safra, esgotamento das reservas de matérias-primas, etc.; aumento dos preços dos produtos importados, principalmente das matérias-primas; aumentos excessivos de salários. A inflação de custos pode ser combatida com: políticas mais rígidas sobre salários e preços Inflação inercial: ocorre quando os agentes econômicos passam a adotar as taxas de inflação passadas em seus contratos e acordos informais estabelecidos no período corrente. Esse tipo de inflação pode ocorrer mesmo que não haja nenhuma causa possível de inflação (pressão da demanda ou dos custos). São as expectativas dos agentes que perpetuam a elevação dos níveis de preços através de uma indexação informal. Indexação é o reajuste dos preços com base na taxa de inflação passada. Salários, aluguéis, títulos públicos, cadernetas de poupança, por exemplo, são corrigidos periodicamente por um índice de preços que reflita a taxa de inflação passada. A indexação é uma forma de convivência com processos inflacionários crônicos, amenizando os problemas causados pela inflação mencionados no item acima. A forma de combater a inflação inercial no âmbito do Plano Real foi acabar com a memória inflacionária da sociedade brasileira e o costume de usar a indexação para estabelecer seus preços, utilizando a hiperindexação promovida com a criação da Unidade Real de Valor – URV. Assim, foi provocada no brasileiro a sensação de moeda forte. Mas, além disso, para que a inflação não tivesse força para voltar, o mercado interno foi exposto à concorrência externa que aliada a uma moeda supervalorizada e regime de câmbio fixo tornou o acesso dos brasileiros a bens importados muito mais fácil. Hoje, o Banco Central utiliza, como método de controle, o sistema de metas inflacionárias que consiste na divulgação de metas que deverão ser cumpridas rigorosamente, principalmente, por meio de políticas de juros. Se existe a ameaça da inflação subir, o Banco Central aumenta a taxa de juros. Essa decisão é tomada pelo Conselho de Política Monetária – COPOM, em suas reuniões periódicas durante o ano corrente. O sistema de metas inflacionárias melhora a previsibilidade da evolução dos níveis de preços, facilitando as tomadas de decisão dos investidores. 52 Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre a Inflação Índices de preços brasileiros Há vários índices que demonstram as variações nos níveis de preços. Existem vários índices porque cada um deles é criado para atender objetivos diferentes. Na determinação dos mesmos são utilizadas metodologias diferentes que vão considerar, dentre outras coisas, grupos de produtos específicos que terão pesos diferenciados, áreas do território nacional diferentes para a coleta dos preços, alguns consideram os produtos que são vendidos no atacado, outros no varejo, alguns refletem a variação cambial, outros não. Enfim, cada índice é criado para refletir a inflação que atinge camadas da sociedade e setores econômicos específicos. A seguir são apresentados exemplos de índices de preços e suas metodologias. IPC-FIPE (índice de preços ao consumidor-FIPE): é medido na Cidade de São Paulo utilizando como universo as pessoas que ganham de dois a seis salários mínimos. A cesta de bens utilizada como base para a comparação periódica dos preços é composta pelos itens: alimentação, despesas pessoais, habitação, transportes, vestuário, saúde e cuidados pessoais e educação. Cada item é ponderado utilizando-se pesos diferentes, sendo que alimentação tem o maior. IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna): é medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) que coleta os dados do primeiro ao último dia de cada mês. Compõe-se de três outros índices que são: o IPA (Índice de Preços no Atacado) que considera os preços no mercado atacadista; o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) que considera os produtos consumidos pelas pessoas residentes no Rio de Janeiro e São Paulo e que ganham de 1 a 33 salários mínimos; e o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) que considera os preços no setor de construção civil. O maior peso é o do IPA. INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): é medido pelo IBGE e considera os produtos consumidos pelas pessoas que ganham de 1 a 8 salários mínimos e residem nas principais regiões metropolitanas do país. O período de coleta dos preços é do primeiro ao último dia do mês. Os grupos de produtos que compõem a cesta avaliada com pesos diferentes são: alimentação, artigos de residência, habitação, transportes e comunicações, vestuário, saúde e cuidados pessoais. IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado): é medido pelo IBGE e considera os produtos consumidos pelas pessoas que ganham de 1 a 40 salários mínimos e residem nas principais regiões metropolitanas do país. O período de coleta dos preços é do primeiro ao último dia do mês. Os grupos de produtos que compõem a cesta avaliada são os mesmos do INPC , mas com pesos diferentes. ICV-DIEESE (Índice de Custo de Vida) é medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos que considera os produtos consumidos pelas pessoas que ganham de 1 a 30 salários mínimos residentes nos municípios do DIEESE local. Os grupos de produtos que compõem a cesta avaliada são: alimentação, habitação, transportes, comunicação, vestuário, assistência saúde, educação e cultura, equipamentos domésticos, recreação e fumo, limpeza doméstica, higiene pessoal e despesas diversas. Utilizam-se pesos diferentes para cada grupo. A Curva de Phillips A Curva de Phillips é o resultado de um estudo realizado pelo economista inglês A. W. H Phillips sobre a economia inglesa entre 1861 e 1957. Ele observou que existe uma relação inversa entre taxa de desemprego e taxa de inflação. A explicação para isso é que em períodos de superaquecimento o nível de emprego está elevado e os 53 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade II Noções Sobre a Inflação níveis salariais aumentando devido à escassez de mão-de-obra para ocupar os novos postos de trabalho. Como salário é um componente dos custos da produção, os empresários respondem a isto aumentando os preços de seus produtos. No entanto, quando a economia está em recessão o nível de desemprego aumenta, causando queda na renda e demanda agregadas. Isto provoca a queda dos níveis de preços devido à formação de estoque de mercadorias não vendidas. A Curva de Phillips demonstra com isso que esforços intensos para obter baixos índices inflacionários resultam em aumento do desemprego. Isto é coerente já que aumentos da taxa de juros, de impostos e redução dos gastos públicos, que são utilizados para controlar a inflação, promovem a queda da demanda agregada e a consequente queda do nível de produção e emprego. Taxa de inflação Curva de Phillips P1 Região de superaquecimento 0 P2 Taxa de desemprego Região de recessão econômica Resumo Esta unidade temática teve como objetivo apresentar o significado da inflação, os problemas consequentes, os tipos clássicos de inflação, as formas de controle de processos inflacionários e os principais índices de preços brasileiros. Vimos que inflação é uma alta persistente e generalizada dos níveis de preços, e a taxa de inflação mede o ritmo com que os níveis de preços variam. Taxas crescentes são denominadas de inflação, decrescentes de desinflação e negativas de deflação. Vimos também que a inflação causa sérios problemas para a economia, particularmente sobre a distribuição da renda, as expectativas dos agentes econômicos, a alocação de recursos, o balanço de pagamentos e o financiamento do setor público. Quanto aos tipos de processos inflacionários os principais são provocados pelo excesso de demanda, escassez de oferta proporcionada por elevação dos custos ou decisão de monopolistas ou oligopolistas e inércia inflacionária. Além disso, foram apresentados alguns índices de preços brasileiros e suas metodologias de determinação. Foi apresentada também a Curva de Phillips que é uma ilustração da relação existente entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação e demonstra que esforços intensos para obter baixos índices inflacionários resultam em aumento do desemprego. 54 Unidade II ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre a Inflação Exercício de revisão Exercício 1 - O que você entende por inflação, taxa de inflação, desinflação e deflação? Exercício 2 - Por que a inflação é prejudicial para a economia? Exercício 3 - O que caracteriza as inflações de demanda, custos e inercial? Como esses tipos de inflação podem ser combatidos? Exercício 4 - Em que consiste o sistema de metas inflacionárias e qual é a utilidade do mesmo? BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: Micro e macro. Brasília: ATLAS, 2008. GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. Brasília: ATLAS, 2005. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. Brasília: ATLAS, 2006. BOLETINS E PUBLICAÇÕES ON-LINE: BACEN. Boletim do Banco Central. Vários Números. (http://www.bc.gov.br) BNDES. Sinopse Econômica. Vários Números. (http://www.bndes.gov.br) FGV. Publicações. Diversas. (http://www.fgv.br) IBGE.Publicações. (http://www.ibge.gov.br) IPEA. Boletim de Conjuntura. Vários Números. (http://www.ipea.gov.br) IPEA. Publicações: textos para discussão. Vários Números. (http://www.ipea. gov.br) 55 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Noções Sobre Teoria Monetária NOÇÕES SOBRE TEORIA MONETÁRIA Introdução Nesta unidade temática, você estudará a teoria referente à moeda, ou seja, a utilidade, como evoluiu a moeda, tipos de moeda, como se cria e se destrói moeda, composição da oferta monetária, processo de expansão da moeda bancária. Além disso, conhecerá os instrumentos de política monetária, os efeitos da política monetária na economia e as funções do Banco Central. Ao final desta unidade temática, você estará apto(a) a: • Conceituar moeda; • Apresentar as funções da moeda; • Apontar as características que um bem deve ter para poder ser utilizado como moeda; • Conceituar oferta monetária e apresentar sua composição; • Explicar o processo de multiplicação da moeda bancária; • Determinar o multiplicador monetário; • Explicar os motivos pelos quais os agentes demandam moeda; • Explicar os efeitos das ações das autoridades monetárias na oferta monetária e na economia; • Apresentar as funções do Banco Central. Surgimento e a evolução da moeda Se dividíssemos a evolução histórica das trocas em duas fases, teríamos a fase do escambo e a da moeda. FASE DO ESCAMBO (troca direta de uma mercadoria por outra). Mercadoria A -> Mercadoria B Exemplo: José produz feijão e necessita adquirir tecido que é produzido por Antônio. Como Antônio também necessita de feijão, a troca se realiza, satisfazendo os dois agentes. Essa modalidade de troca somente é possível de ser realizada quando existe a coincidência de interesses entre os dois agentes, fato mais provável em economias primitivas. No entanto, se Antônio não necessitasse do bem que José tinha para trocar, este último não poderia satisfazer a sua necessidade. FASE DA MOEDA (Fase da intermediação das trocas) Mercadoria A -> MOEDA -> Mercadoria B 56 A moeda surgiu a partir do momento em que as trocas diretas de uma mercadoria por outra (escambo) tornaram-se inviabilizadas pela falta de interesse da parte de um dos agentes em trocar o seu produto por outro que não necessitasse. Assim, algumas mercadorias de aceitação geral passaram a ser utilizadas como meio de troca. Como isto ocorreu? José sabia que Antônio não aceitaria trocar tecido por feijão, mas tro- Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária caria por ouro porque este metal poderia ser trocado facilmente por qualquer outra mercadoria. Assim, José passou a trocar a sua mercadoria (feijão) por ouro e este por tecido e outros bens. Entenda que, neste caso, o objetivo de José é adquirir tecido e não ouro. Ele adquire o ouro para poder ter acesso aos bens de que necessita. Assim, a moeda pode ser definida como um bem que possui aceitação geral na sociedade e que é utilizado como meio de pagamento nas transações de compra e venda. Várias mercadorias foram utilizadas como moeda a exemplo do sal, das conchas, do gado e dos metais preciosos. Tendo em vista suas características físicas e raridade, os bens mais utilizados como moeda na história da evolução dos mercados foram o ouro e a prata. Devido ao largo uso de metais preciosos como moeda, as pessoas que detinham a posse destes metais estavam sujeitas a roubos. Assim, as mesmas passaram a deixar o montante de moeda de que dispunham sob a guarda de Casas de Custódia (embrião do atual sistema bancário). Estas emitiam certificados de depósitos que serviam para transferir a posse da quantia em ouro para as pessoas que os recebessem pela venda de algum bem. Nesse caso, o certificado de depósito servia como moeda, mas era aceita porque tinha lastro (seu valor representava uma quantia em ouro). O sal, os animais e o ouro têm forma física e seu valor no mercado se dá em função da matéria que os constituem, ou seja, o ouro é escasso, por isso, tem um valor elevado. Hoje, a moeda é um símbolo em forma de notas de papel ou moedas metálicas, sem lastro, que a sociedade aceita como meio de pagamento (moeda fiduciária – baseada na fidúcia, na confiança). Ela tem curso forçado garantido pelo governo (todos devem aceitá-la). Neste caso, o valor da moeda não se dá em função do papel ou do metal utilizado na confecção da mesma, mas, sim, do que estes representam. Por exemplo, será que o pedaço de papel utilizado para fabricar a nota de R$ 100,00 custa R$ 100,00? Os agentes econômicos recebem essa nota porque confiam em sua representatividade e aceitabilidade, pois sabem que outros agentes a receberão na troca por um bem que tem este mesmo valor. A confiança da sociedade em relação à moeda é que define sua aceitabilidade. Outro meio de pagamento muito usado atualmente é a moeda bancária ou escritural (depósitos à vista e a curto prazo nos bancos comerciais). Essa moeda é movimentada através de cheques ou ordens de pagamento e é chamada de escritural porque diz respeito aos lançamentos a débito e a crédito realizados nas contas correntes dos titulares. Características da moeda Para ser utilizado como moeda, o bem que exercerá essa finalidade deve apresentar algumas características. Tais características são: • Aceitabilidade – o bem deve ser aceito por todos sem exceção, para tanto o mesmo deve exprimir confiança. Quando as pessoas passam a desconfiar da perda de valor da moeda esta passa a ser rejeitada. • Homogeneidade – deve-se existir um padrão de medida. Este está relacionado a certas características físicas que identificam a moeda e a diferencia dos seus múltiplos e submúltiplos. • Indestrutibilidade – o material que constitui a moeda não deve se desgastar facilmente. Assim, a moeda poderia ser guardada por certo tempo sem que a mesma perdesse valor. 57 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária Unidade III • Divisibilidade – o bem utilizado como moeda deve permitir o uso de submúltiplos e múltiplos para facilitar as compras de pequenos e grandes valores, respectivamente. • Facilidade de manuseio e transporte – o seu manuseio e transporte não devem implicar em empecilho, ou dificuldade. Funções da moeda Além de intermediar as trocas, a moeda exerce outras funções importantes. Tais funções são: • Intermediária das trocas – como já foi dito acima a principal função da moeda é facilitar as trocas através da intermediação (mercadoria A -> moeda -> mercadoria B) • Unidade de Conta ou medida de valor – O valor de todos os bens e serviços produzidos na economia são expressos em unidades monetárias. Exemplo: quanto custa o quilo de tomate, um microcomputador, a mensalidade da faculdade, o litro do combustível, a passagem do ônibus, etc. • Reserva de valor – a moeda pode ser guardada hoje para que se possa adquirir algum bem no futuro. Entretanto, para que a mesma possa exercer essa função a economia deve ser estável, ou seja, não pode haver inflação, pois esta corrói o poder de compra da moeda. Observação: Poder de compra da moeda diz respeito ao valor monetário necessário para comprar determinado bem ou quantidade determinada de um bem. • Padrão de pagamento diferido – o registro de pagamentos ou recebimentos a serem efetuados no futuro originados de compras ou vendas, respectivamente, a prazo é realizado em unidades monetárias. Oferta Monetária 58 Oferta monetária é o total de moeda que o público tem a sua disposição para realizar suas transações. Ela é composta pelo total de moeda manual (papel-moeda ou moeda em espécie) em poder do público e dos depósitos à vista nos bancos comerciais (moeda bancária – meio de pagamento que é movimentado através de cheque). A função oferta monetária é escrita da seguinte forma: M = PMP + DBC M = meios de pagamento = oferta monetária ou oferta de moeda PMP = Papel-Moeda em poder do público (moeda manual – dinheiro no bolso) DBC = Depósitos à vista nos bancos comerciais (Moeda bancária). A M representa o total de ativos que têm liquidez imediata (a transferência de uma pessoa para outra é fácil e rápida) e não rendem juros. Exemplo: moeda em espécie (cédula ou moeda metálica) é facilmente transferível e se guardada no bolso ou na conta corrente não rende juros. As transações entre os agentes podem resultar em criação e destruição de meios de pagamento. A primeira refere-se a aumentos no volume de meios de pagamento e a segunda à redução. Quando um banco realiza um empréstimo a uma empresa, por exemplo, está havendo criação de moeda (haverá mais moeda em circulação na economia). Caso o banco resgate o empréstimo, esta transação resulta em destruição de moeda. Isto porque não está nas mãos do público para que possa ser utilizado na compra de bens e serviços, pagamento de salários, aluguéis etc. ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Noções Sobre Teoria Monetária Processo de multiplicação da moeda bancária O governo é o agente responsável pela oferta monetária. Ele é quem deve realizar a fiscalização e controle da quantidade de moeda em circulação na economia. Este papel é desempenhado pelas autoridades monetárias, em particular pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (Bacen ou BC). No entanto, a criação de meios de pagamento não é papel exclusivo do governo, os bancos também realizam essa criação. Evidentemente, este processo é controlado pelo Bacen. Como isto ocorre? Imagine que o governo aumente o volume de meios de pagamento em $100 unidades monetárias, facilitando empréstimos a agricultores, por exemplo, e estes depositem todo esse volume de recursos no Banco “A”. Este deve operar segundo a regulamentação vigente, garantindo caixa suficiente para atender aos saques do público e as reservas obrigatórias e voluntárias no Banco Central. Supondo que o total de reservas exigido (vamos chamar de total de reservas bancárias a soma do caixa dos bancos comerciais mais as reservas obrigatórias e voluntárias no Bacen) seja de 50% do total de depósitos realizados nos bancos, então o restante poderia ser emprestado sem que houvesse consequências negativas para o sistema bancário (risco de saques em massa ocasionados por temor por parte do público de que falte moeda para atendê-lo). Assim, conforme a figura a seguir, se o Banco “A” recebe um depósito de $100, $50 (50% de $100) são reservados e os outros $50 são emprestados a José. Por sua vez, José deposita todo o valor do empréstimo no Banco “B”, que reserva $25 (50% de $50) e empresta os $25 restantes a Maria. Ela deposita tudo no Banco “C”, que reserva $12,5 e empresta $12,5 a João e assim por diante. Você deve ter percebido que a quantidade de moeda no sistema bancário (bancos A, B, C, D etc.) passa a ser cada vez maior em relação ao depósito inicial de $100. Ou seja, está havendo uma multiplicação da moeda bancária (depósitos à vista, que são movimentados através de cheques). Esta multiplicação se dá conforme uma PG (progressão geométrica) decrescente. Processo de criação da moeda bancária $100 José $50 Banco A $50 Maria $25 Banco B $25 João $12,5 Banco C $12,5 Banco D (. . .) $6,25 Depósitos Empréstimos Reservas A depender do tamanho da taxa de reserva bancária, a multiplicação da moeda bancária poderá ser maior ou menor. É com base nisto que o Bacen realiza a política monetária, aumentando ou diminuindo a oferta monetária (M). Como o Bacen afeta o multiplicador monetário? Alterando a taxa das reservas obrigatórias (também chamada de depósitos compulsórios). Como vimos acima, os bancos comerciais devem reservar parte dos depósitos dos clientes para cobrir o caixa e as reservas voluntárias e obrigatórias no Bacen. O que sobrar pode ser utilizado para empréstimos. O Bacen 59 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária Unidade III controla a multiplicação dos meios de pagamentos variando a taxa dos depósitos compulsórios. Se essa taxa for aumentada, o total de reservas aumenta e se for reduzida ocorre o inverso, sobrando menos moeda para empréstimo e vice-versa. Demanda por moeda Demanda de moeda corresponde à quantidade de moeda que as pessoas e as empresas retêm, em média, seja na forma de moeda manual ou de depósitos à vista nos bancos comerciais. São três os motivos pelos quais as pessoas e as empresas retêm moeda: • Transação – Os agentes privados não bancários (pessoas e empresas) necessitam de dinheiro para efetuar seus pagamentos. • Precaução – Os agentes necessitam fazer reservas monetárias com o intuito de se precaverem contra problemas imprevistos no orçamento (gastos ou falta de renda inesperados). • Especulação – Os agentes também retêm moeda na expectativa de surgirem oportunidades para obtenção de ganhos financeiros. Existe uma relação negativa entre demanda especulativa por moeda e taxa de juros, ou seja, quando esta última esta baixa, os agentes guardam certo volume de moeda esperando a taxa subir para aplicar em ativos financeiros. Política Monetária O Bacen pode realizar a política monetária segundo dois objetivos: expansão econômica ou estabilização do nível de preços. No primeiro caso, haveria aumento da oferta monetária, incentivando consumo e investimentos privados, ou seja, provocaria o aumento da demanda agregada, incentivando a expansão da produção. No segundo caso, a redução da oferta monetária provocaria a queda da demanda agregada através da redução dos níveis de consumo e investimentos, desestimulando a produção. Evidentemente, se não houver planejamento adequado, essas duas ações podem resultar em efeitos danosos para a economia, ou seja, a inflação e a recessão, respectivamente. Mais adiante veremos mais a fundo esses problemas. Vamos conhecer primeiro os instrumentos ou mecanismos de controle monetário. Os mecanismos básicos de controle monetário (instrumentos da política monetária) são: a)Depósitos compulsórios b)Taxa e condições de redesconto c)Operações de Open-Market (mercado aberto) Depósitos Compulsórios Como vimos acima, se o governo quer restringir a oferta monetária, uma das ações é aumentar a taxa dos depósitos compulsórios, ou seja, a porcentagem dos depósitos à vista (em conta corrente) que os bancos comerciais são obrigados a depositar no Bacen. 60 Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária Observação: se a taxa dos depósitos compulsórios for de 40%, isso quer dizer que de cada real que é depositado em conta corrente nos bancos comerciais, quarenta centavos devem ser depositados, obrigatoriamente, no Bacen. O aumento dos depósitos compulsórios diminui os recursos disponíveis que os bancos comerciais têm para emprestar e, consequentemente, a criação de moeda bancária. Taxa e condições de redesconto Os redescontos são empréstimos que o Bacen faz aos bancos comerciais quando estes estão com insuficiência de caixa para atender à demanda de seus depositantes. Isto é, se o caixa de determinado banco, por algum motivo, não é suficiente para cobrir o total de saques diários realizados pelo público, o banco recorre ao Bacen, para adquirir empréstimos. Destes são cobrados juros e a taxa de juros correspondente é denominada taxa de redesconto. Se o Bacen achar necessário reduzir a quantidade de meios de pagamento na economia (para forçar a redução dos gastos totais da economia, por exemplo), ele elevará a taxa ou restringirá as condições de redesconto, cobrando multa, por exemplo. Isso desestimulará os bancos a recorrerem a este tipo de socorro financeiro. Para evitar o risco de incorrerem em maiores custos com os empréstimos, os bancos comerciais aumentam, por conta própria, a taxa das reservas bancárias de modo a garantir as exigências de caixa e de reservas compulsórias. A consequência disto é a redução do multiplicador dos meios de pagamento. Operações de Open-market Nas operações de open-market (mercado aberto) o governo regula o volume dos meios de pagamento através da venda e compra de títulos no mercado. Quando o Bacen acredita que há excesso de meios de pagamento na economia, ele vende títulos emitidos pelo Governo Federal ao público. Esses títulos rendem juros e, normalmente, são bem aceitos como investimento, pois rendem taxas de juros atraentes. Nesse caso, o público optará por adquirir esses títulos e reduzir, no presente, seus gastos com consumo. Desse modo, se o Bacen deseja reduzir a liquidez do sistema econômico (reduzir a quantidade de moeda) ele venderá títulos ao público. Se o objetivo for o de aumentar a liquidez, o Bacen recomprará (resgatará) estes títulos. Para manter seus títulos atraentes, o governo aumenta a taxa de juros que pagará ao comprador (que oscila segundo a taxa Selic). Agindo dessa forma, ele atrai grande parcela da massa de meios de pagamento existente na economia, principalmente a que os bancos têm disponível para empréstimos. Isto reduz a oferta de moeda para o setor privado o que provoca um aumento da taxa de juros que os bancos cobram de seus clientes privados (pessoas e empresas), dificultando o acesso a crédito para os mesmos. Como consequência, o consumo e o investimento privados tornam-se difíceis de serem realizados (o financiamento é caro). Este efeito é denominado de crowding out. Observação 1: Selic é a taxa de juros básica da economia definida periodicamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ela serve de referência para remuneração de diversos títulos públicos, ou seja, é uma meta, estabelecida pelo Copom, de evolução da média das taxas praticadas pelas instituições financeiras dentro do sistema Selic. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é um 61 ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária Unidade III sistema eletrônico de depósitos interfinanceiros e títulos públicos e, também, de processamento de operações de movimentação, resgates, ofertas públicas e respectivas liquidações financeiras. Para maiores detalhes pesquise, no site do Banco Central do Brasil - www.bc.gov.br. Observação 2: a taxa de juros bancária (taxa de aplicação) é formada pelos seguintes itens: Compensação por empréstimo compulsório (taxa de juros do redesconto) + Prêmio de risco (que depende do nível de inadimplência) + Tributos + Lucro do banco. Excesso e escassez de moeda A regulação da quantidade de moeda na economia é necessária para que nas flutuações econômicas de curto prazo não haja processos inflacionários ou recessivos em virtude do excesso ou escassez de moeda, respectivamente. No caso da economia estar passando por um desaquecimento (nível de produção em queda), se o Bacen não reduzir a oferta monetária, haverá excesso de moeda em circulação e isto resulta em elevação dos níveis de preços. Entretanto, caso haja aquecimento econômico (crescimento do nível de produção) se o Bacen não aumentar a oferta monetária, haverá escassez de moeda em circulação, resultando em formação indesejada de estoques de produtos nas empresas. Com isso, o Bacen estaria impondo uma barreira à expansão dos negócios. Funções do Banco Central O Banco Central (Bacen ou BC) tem como objetivo regular a oferta monetária e de crédito de acordo com os níveis de atividade econômica do país, ou seja, se há crescimento econômico, a oferta monetária deve aumentar e, se há contração do nível de atividade, a oferta monetária deve diminuir. As funções do Bacen são: • Banco emissor: ele detém o monopólio das emissões de moeda; • Banco dos bancos: os bancos depositam e fazem transferências de seus fundos no Bacen através da câmara de compensação de cheques. Eles também tomam empréstimos ao Bacen (os redescontos bancários); • Banco do governo: O Governo deposita fundos no Bacen e quando necessita de financiamento é o Bacen que vende ao público; • Banco depositário das reservas internacionais: é o Bacen que administra o câmbio e as reservas de divisas (moedas estrangeiras). Além disso, ele é o guardião da moeda nacional, especialmente contra ataques especulativos. RESUMO 62 Nesta unidade temática, você estudou a teoria básica da moeda. Vimos que a moeda pode ser definida como um bem que possui aceitação geral na sociedade e que é utilizado como meio de pagamento nas transações de compra e venda. Além de intermediária das trocas, ela tem como função ser unidade de conta ou medida de valor, reserva de valor e padrão de pagamento diferido. Vimos também que quem regula a quantidade de moeda na economia (oferta monetária) é o Bacen. A oferta monetária é composta pelo volume de moeda manual em poder do público (moeda em espécie) e pelo volume Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Noções Sobre Teoria Monetária de depósitos à vista nos bancos comerciais. Estes últimos, por sua vez, também criam moeda através dos empréstimos que fazem ao público, resultando em novos depósitos, ou seja, mais moeda bancária. O volume de moeda bancária criado depende da taxa de reservas totais exigidas pelo Bacen, e quanto maior for essa taxa menor será a disponibilidade de moeda para empréstimos dos bancos, diminuindo a quantidade de moeda que criará e circulará na economia (redução da liquidez). Estudamos também os instrumentos de política monetária e seus efeitos na economia e na taxa de juros. Tais instrumentos são os depósitos compulsórios, as taxas de redesconto e as operações de open market. E, por fim, vimos as principais funções do Bacen que são banco emissor, banco dos bancos, banco do governo e banco depositário das reservas internacionais. EXERCÍCIOS DE REVISÃO Questão 1 - Por que o escambo é impraticável em uma economia moderna? Questão 2 - Qual é a principal função da moeda? Questão 3 - O gado já foi utilizado como moeda. Hoje, numa economia moderna, ele teria todas as características para desempenhar o papel de moeda? Explique sua afirmação tomando como base as características da moeda. Questão 4 - Por que a moeda é muito importante para uma sociedade moderna? Questão 5 - Conceitue oferta monetária. Questão 6 - Qual é a composição da oferta monetária? Questão 7 – Caso o Bacen aumente a taxa dos depósitos compulsórios, a oferta monetária deverá diminuir. Essa afirmativa é verdadeira? Por quê? Questão 8 - Que impacto podemos esperar na oferta monetária (aumento ou redução) quando o Bacen: a) Aumenta a taxa dos depósitos compulsórios? b) Reduz a taxa de redesconto? c) Vende títulos públicos no mercado interno? Questão 9 - Por que o Banco Central deve sempre regular a oferta monetária na economia? Quais são as conseqüências do excesso e da escassez de moeda na economia? Questão 10 - A política monetária pode ser expansionista ou restritiva (contracionista). Você concorda com essa afirmativa? Quais seriam os objetivos das mesmas? Questão 11 - Considerando o papel do Banco Central como agente regulador da oferta monetária e as ações que o mesmo pode realizar apresentadas a seguir (ações de I a IV), assinale com um x a alternativa correta: I – Aumento da Emissão de moeda II – Aumento da taxa dos depósitos compulsórios III – Venda de títulos públicos IV – Redução da taxa de redesconto a. I e IV são ações restritivas b. I e III são ações expansionistas c. II e III são ações restritivas d. III e IV são ações expansionistas e. II e IV são ações restritivas 63 ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional Unidade III TÓPICOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Introdução Nesta unidade temática serão apresentados alguns conceitos e explicações importantes para o entendimento da existência e desenvolvimento do comércio internacional. Vale frisar que os assuntos aqui expostos não são abordados em profundidade. Ao final desta aula você estará apto(a) a explicar: • Os motivos pelos quais os países comercializam entre si; • O significado das vantagens comparativas; • Os principais obstáculos ao livre comércio entre países; • As principais políticas de comércio exterior; • A função da Organização Mundial do Comércio; • O significado e principais efeitos da globalização econômica. Você sabe qual é a origem dos bens que você consome? Será que sua vida seria a mesma se os países não comercializassem entre si? Por exemplo: onde foram produzidos seus calçados, suas roupas, seus aparelhos eletro-eletrônicos, seu carro, seu relógio, seus materiais de estudo, seus alimentos? A grande vantagem dos países comercializarem entre si é a enorme variedade de bens que podemos ter acesso a preços mais acessíveis. 64 Nenhum país é autosuficiente no fornecimento de todos os bens e serviços que sua sociedade necessita. Os motivos que fundamentam essa afirmativa são: • Condições climatológicas: o clima local favorece a produção de alguns bens e de outros não, especialmente produtos agrícolas. • Disponibilidade de recursos minerais: há países que são ricos em recursos minerais, já outros, ou não dispõem, ou a dificuldade de exploração é enorme. • Disponibilidade de tecnologia: há países que têm grande facilidade em criar novas tecnologias e, por isso, conseguem produzir determinados bens e serviços que outros pouco desenvolvidos tecnologicamente não conseguiriam. Produtos avançados na área da biotecnologia, softwares e microeletrônica, robótica, por exemplo, são gerados de forma mais eficiente em países que desenvolveram tais áreas. • Disponibilidade de mão-de-obra: alguns países têm uma população economicamente ativa muito grande e, assim, têm vantagem na produção de bens e serviços que necessitam de muitos trabalhadores. A construção civil, algumas atividades agrícolas, por exemplo, exigem grande quantidade de mão-de-obra. • Disponibilidade de capital: existem atividades econômicas que exigem uma grande quantidade de capital (máquinas, equipamentos, ferramentas, prédios), especialmente aquelas que exigem um grau de automatização maior como produções de automóveis e extração e refino de petróleo, por exemplo. Países que têm maior disponibilidade de capital são mais eficientes na produção desses tipos de bens. • Disponibilidade de terras cultiváveis: países que possuem vastas áreas férteis têm muito mais facilidade de produzir alimentos e outros produ- ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Tópicos de Comércio Internacional tos agrícolas que países com grande parte do seu território formada por terras áridas. Devido a esses fatores, para os economistas, os países deveriam se especializar em atividades econômicas que detenham vantagens comparativas (conseguem produzir de forma mais eficiente que outros). Assim, a produção de riqueza em nível mundial seria maior. Devido às vantagens comparativas e a especialização dos países o consumidor teria acesso a produtos mais baratos. Um país que detém vantagem comparativa na produção de determinado bem pode vender seus produtos a preços mais competitivos. Isso porque os custos de produção nesse país são menores que os dos outros países. Os países comercializam entre si, ou seja, exportam (vendem) e importam (compram), bens, serviços, máquinas, equipamentos, tecnologia, matérias-primas. Obstáculos ao Livre Comércio Internacional • Proteção da indústria nacional (barreiras à entrada de produtos concorrentes): em alguns países os bens importados são tarifados de modo que, após os impostos de importação, esses bens tenham preços mais elevados que os produzidos no país. Além disso, concedem subsídios aos produtores locais, reduzindo os custos de produção. • Processos de substituição de importações: o país passa a produzir bens que antes importava, substituindo a importação dos mesmos pela de máquinas e equipamentos que permitam a construção de novas fábricas. • Combate a déficits comerciais: os governos de países que apresentam déficits em suas contas externas podem implementar políticas de controle das importações e estímulo às exportações para melhorar o saldo de suas contas externas. Essas ações limitam as importações. Como resposta a isto os países exportadores também passam a impor empecilhos à entrada de produtos importados. O resultado desse protecionismo é que todos os países passarão a se proteger contra a entrada de produtos importados. Assim, um país que deseja crescer no comércio internacional deve também abrir suas portas às importações. Principais Políticas de Comércio Exterior • Controle de taxa de câmbio - taxas de câmbio elevadas (moeda nacional desvalorizada) favorecem as exportações, pois tornam os produtos nacionais mais baratos em moeda estrangeira. Por exemplo: se US$ 1,00 vale R$ 2,00, então uma mercadoria que custa R$ 10,00, custará para quem compra em dólar US$ 5,00. Se a taxa aumentar para US$ 1,00/ R$ 4,00, quem compra em dólar gastará US$ 2,50 para adquirir a mesma mercadoria. Isso estimula a demanda externa, permitindo um aumento das exportações brasileiras. No entanto, isso torna as importações mais caras, provocando a queda das mesmas. • Impostos de importação ou tarifas aduaneiras - quanto mais elevadas forem as tarifas aduaneiras, mais caras serão as importações, provocando a queda das mesmas. 65 ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional Unidade III • Imposição de quotas às importações - para limitar as importações o governo pode impor um teto à quantidade que cada agente econômico pode importar. • Subsídios às exportações - a redução de impostos sobre produtos exportados, por exemplo, incentiva as exportações. • Incentivos ao melhoramento da produtividade - o investimento em novas tecnologias melhora a competitividade, garantido melhores condições para a inserção no mercado internacional. Outras Políticas • Barreiras não-tarifárias – os países podem restringir as importações utilizando proteções que não sejam tarifárias ou imposição de quotas. Questões sanitárias, uso de mão-de-obra infantil ou escrava podem ser motivos a partir dos quais os países podem impedir a entrada de algum bem. Por exemplo: a ocorrência de febre aftosa no gado brasileiro faz com que o país deixe de exportar. Até mesmo estados que não tenham apresentado casos da doença perdem contratos. A Organização Mundial de Comércio (OMC) e suas atribuições A OMC regula as relações de comércio internacional com o objetivo de incentivar o livres comércio entre países. Este organismo trata de questões como: • Conflitos comerciais entre países; • Dumping - estratégias utilizadas por empresários para entrar em mercados domésticos e ganhar fatias de mercado. Essa estratégia se caracteriza pela prática de preços de venda abaixo dos custos de produção. A existência dessa concorrência desleal acaba resultando no fechamento de muitas firmas locais; • Dificuldades ao livre comércio impostas por barreiras comerciais; • Patentes desrespeitadas, etc. Globalização Econômica: o que é, qual foi o seu suporte e quais foram os principais impactos nas economias nacionais? Nas últimas décadas, a integração econômica mundial se intensificou. Esse fenômeno se destacou diante dos processos de integração anteriores devido à dimensão que atingiu. As redes de produção e financeiras se multiplicaram e se espalharam pelo mundo com muito mais intensidade. A concorrência se elevou exponencialmente, exigindo elevados níveis de competitividade das empresas. Para os consumidores houve uma melhoria no acesso a bens e serviços de melhor qualidade e mais baratos. A internacionalização da economia teve como suporte: 66 • O desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da microeletrônica Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional – facilitou o fluxo das informações e a comunicação de modo que pessoas em qualquer lugar do mundo podem se comunicar com outras em outros lugares em tempo real. • Abertura das economias nacionais: liberalizações e desregulamentações – deu maior liberdade de movimento a empresas, bens, serviços e fatores de produção entre as fronteiras das nações. Impactos nas economias nacionais: • Aumento da concorrência interna • Reestruturações produtivas - busca de maior produtividade por parte das empresas • Desemprego estrutural - com as reestruturações produtivas e consequente incorporação de novas tecnologias o grau de qualificação exigido dos trabalhadores passou a ser maior. • Maior oportunidade para os países exportadores (de produtos competitivos) – países que detenham vantagem comparativa na produção de um bem ou de parte de um bem participariam das redes de produção mundiais. A flexibilização da produção proporcionada pelas inovações tecnológicas no setor produtivo, nas telecomunicações e microeletrônica, além das novas técnicas de gestão empresarial associadas ao fenômeno da globalização econômica fez surgir uma nova divisão internacional do trabalho. Esta última se caracteriza pela distribuição das etapas da produção de um bem pelo globo terrestre. Ou seja, um bem pode ser desenhado no país A, produzido nos países B e C e distribuído em todo o planeta. Países e suas localidades que têm maior inserção no mercado internacional possuem atributos que os diferenciam dos demais. Os principais são: • Tecnologias da comunicação bem desenvolvidas entre os atores locais - o desenvolvimento somente é possível se os atores locais (empresários, governo, pesquisadores, instituições de ensino etc) se comunicam bem. • Uso de tecnologias próprias para o “local” - tecnologias de produção que são eficientes para um local raramente são apropriadas para outros. • Maior nível educacional - pessoas que têm um nível educacional mais elevado aprendem a utilizar novas tecnologias mais facilmente. • Maior eficiência e qualidade dos serviços públicos - serviços públicos mais eficientes e de qualidade facilitam o desenvolvimento do setor produtivo • Infraestrutura econômica e social adequada - disponibilidade de escolas, hospitais, postos de saúde, áreas de lazer, estradas, portos, aeroportos, ferrovias, distribuição de energia e água de qualidade facilitam o desenvolvimento do setor produtivo. 67 ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional Unidade III RESUMO A grande vantagem dos países comercializarem entre si é a enorme variedade de bens que podemos adquirir a preços mais acessíveis. Isto porque nenhum país é autossuficiente no fornecimento de todos os bens e serviços que sua sociedade necessita já que há diferenças condições climáticas e disponibilidade de recursos minerais, de tecnologia, de mão-de-obra, de capital e de terras cultiváveis entre os países. Devido a esses fatores, segundo os economistas, se os países se especializassem em atividades econômicas que detivessem vantagens comparativas, a produção em nível mundial seria muito mais eficiente e, portanto, mais acessível. Muitos países impõem obstáculos ao livre comércio internacional. Tais obstáculos se devem, principalmente, à proteção da indústria nacional, processos de substituição de importações e combate a déficits comerciais. Essas ações limitam as importações. Como resposta a isto os países exportadores também passam a impor empecilhos à entrada de produtos importados. O resultado desse protecionismo é que todos os países passarão a se proteger impedindo o desenvolvimento do comércio internacional. Quanto às principais políticas de comércio exterior, vimos que os governos podem utilizar o controle da taxa de câmbio, impostos de importação ou tarifas aduaneiras, imposição de quotas às importações, subsídios às exportações, incentivos ao melhoramento da produtividade. Há também as Barreiras não-tarifárias que levam em conta questões sanitárias, uso de mão-de-obra infantil ou escrava. Para promover o desenvolvimento do comércio internacional, foi criada a OMC que tem a função de regular as relações de comércio internacional. Este organismo trata de questões como conflitos comerciais entre países, Dumpings, dificuldades impostas ao livre comércio por barreiras comerciais, patentes desrespeitadas etc. Vimos também que nas últimas décadas a integração econômica mundial se intensificou. Esse fenômeno, denominado de globalização, destacou-se diante dos processos de integração anteriores devido à dimensão que atingiu. As redes de produção e financeiras se multiplicaram e se espalharam pelo mundo com muito mais intensidade. A globalização econômica teve como suporte o desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da microeletrônica e a abertura das economias nacionais. Como consequência a concorrência se elevou exponencialmente, exigindo elevados níveis de competitividade das empresas. Para os consumidores, houve uma melhoria no acesso a bens e serviços de melhor qualidade e mais baratos. Os impactos desse fenômeno nas economias nacionais foram o aumento da concorrência interna, reestruturações produtivas, maior oportunidade para os países exportadores. Os países e suas localidades que se destacaram em termos de inserção no mercado internacional possuem atributos que os diferenciam dos demais. Tais atributos são tecnologias da comunicação bem desenvolvidas entre os atores locais, uso de tecnologias próprias para o “local”, maior nível educacional, maior eficiência e qualidade dos serviços públicos e infraestrutura econômica e social adequada, dentre outros EXERCÍCIOS DE REVISÃO Questão 1 - Por que os países comercializam entre si? 68 Questão 2 - O que são vantagens comparativas? Questão 3 - Apresente duas políticas de comércio exterior? Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional Questão 4 - Qual é a função da OMC? Questão 5 - O que é globalização, qual foi o seu suporte e quais foram os principais impactos nas economias nacionais? 69 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Balanço de Pagamentos BALANÇO DE PAGAMENTOS Nesta unidade temática, você estudará um instrumento muito importante utilizado para análise da situação das transações econômicas que o país realiza com o exterior: o Balanço de Pagamentos. Ao final desta unidade temática, você estará apto(a) a: • Explicar qual é a utilidade do balanço de pagamentos; • Conceituar divisa • Identificar transações que são registradas com sinal positivo e negativo • Apresentar como o balanço de pagamentos se divide • Explicar qual é a função de cada conta • Explicar o significado dos saldos de cada conta do balanço de pagamentos • Explicar o que são e qual é a utilidade das reservas internacionais O balanço de pagamentos é um registro sistemático das transações econômicas e financeiras que o país realiza com o exterior. Ele demonstra a situação das contas externas do país, ou seja, se há equilíbrio (total de oferta de divisas no mercado de câmbio igual ao total de demanda por divisas) ou desequilíbrio (oferta de divisas no mercado de câmbio maior ou menor que a demanda). Observação: Divisa é qualquer moeda estrangeira. No entanto, o registro no balanço de pagamentos é feito em dólar para efeito de simplificação das demonstrações. Isso não quer dizer que o país não realiza transações em outras divisas (euro, iene, peso argentino etc). Outras divisas entram no país, mas os valores são convertidos em dólares. Transações que resultam em entrada de divisas (oferta de divisas) são registradas com o sinal positivo e as que resultam em saída de divisas (demanda por divisas) com o sinal negativo. Por exemplo: Exportações (venda) de bens e serviços e entrada de capitais externos são registradas com sinal positivo e as importações (compra) de bens e serviços e saídas de capitais externos são registradas com sinal negativo. O Balanço de Pagamentos é dividido em duas partes: a conta de transações correntes e a conta de capitais. Divisão do Balanço de Pagamentos Conta de transações correntes Conta de capitais 70 Balança comercial Balança de serviços Rendas Transferências unilaterais Entradas e saídas de Empréstimos Entradas e saídas de Financiamentos Pagamentos e recebimentos a título de amortizações Entradas e saídas de Investimentos Diretos Reinvestimentos Outros capitais Balança Comercial – registra as exportações e importações de bens físicos (tangíveis). Há superávit nessa conta quando as exportações de bens físicos superarem as importações e déficit quando ocorrer o inverso. Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Tópicos de Comércio Internacional Balança de serviços – registra as exportações e importações de serviços (bens intangíveis). O superávit nessa conta se dá quando as exportações de serviços superam as importações. O déficit quando as importações superam as exportações. Conta renda de capitais – registra a movimentação de rendas (também chamadas de serviços de fatores). Ou seja, pagamentos e recebimentos de juros, lucros, dividendos. Se o país pagou mais rendas ao exterior do que recebeu (economia importadora de capital), então o saldo dessa conta é deficitário. Caso contrário, é superavitário. Transferência Unilaterais – registra o movimento de donativos (doações) entre o país e o exterior, ou seja, são transações que não têm contrapartida. Tais donativos podem ser na forma de moeda, bens materiais ou serviços. Exemplo: doações para reconstrução de países que passaram por guerras, epidemias, desastres causados pela força da natureza ou pelo próprio homem (terrorismo) etc. Se as entradas de donativos forem maiores que as saídas o resultado dessa conta foi positivo (superavitário), caso contrário, negativo (deficitário). Balança de Transações Correntes – é a soma algébrica das contas comercial, serviços, renda e transferências unilaterais. Um superávit informa que o país exportou mais bens e serviços do que importou. O déficit, que o país importou mais bens e serviços do que exportou. Balança de Capitais Autônomos – registra as entradas e saídas de capitais. Vale notar que são movimentos livres e não se referem a entradas e saídas de capitais destinados a compensações do balanço de pagamentos (financiamento de déficits e variações nas reservas cambiais). Esta última tem uma conta própria. A balança de capitais autônomos é superavitária quando as entradas de capitais (empréstimos, financiamentos, investimentos diretos, investimentos especulativos etc) superam as saídas, e deficitária quando ocorre o inverso. Erros e omissões – essa conta registra a diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o movimento de capitais compensatórios. Podem ser resultantes de erros de contabilizações e/ou omissões de transações (não declaradas, por exemplo). Isto ocorre porque é muito difícil para o governo dispor de informações de todas as transações e movimentações de dinheiro que ocorrem entre as fronteiras do país. Saldo do Balanço de Pagamentos – Soma algébrica do saldo da balança de transações correntes com o da balança de capitais autônomos e o da conta erros e omissões. Seu saldo é a diferença entre o total de divisas que entraram livremente no país (oferta de divisas total) e total de divisas que saíram (demanda de divisas total). Um superávit indica que a oferta de divisas foi maior que a demanda e um déficit que a demanda foi maior que a oferta. Movimento de capitais Compensatórios – Registra as entradas e saídas de capitais destinados a compensações do balanço de pagamentos tais como financiamento de déficits e variações nas reservas cambiais. Reservas cambiais são o total de recursos externos acumulados em poder do Banco Central (uma espécie de poupança) que podem ser utilizados para financiar déficits no balanço de pagamentos. As reservas cambiais são compostas pelos estoques de divisas e títulos de curto prazo que estão em poder do Banco Central, pelos direitos especiais de saque e pelas reservas do país no Fundo Monetário Internacional – FMI e pela posição de ouro monetário em poder do Banco Central. Saldos deficitários no Balanço de pagamentos tendem a reduzir o volume de reservas cambiais e os saldos superavitários a aumentar. Quanto maior for o volume de reservas cambiais que um país dispõe, maior será o grau de liquidez internacional do mesmo. Ou seja, maior é capacidade própria de financiar seus déficits (pagar suas dívidas). O inverso 71 ANÁLISE ECONÔMICA I Balanço de Pagamentos Unidade III demonstra que o país tende a aumentar a dependência de recursos oriundos do FMI para compensar o seu déficit. Isto tende a elevar a dívida externa. Para ter acesso ao Balanço de Pagamentos brasileiro entre no site do Bacen (www.bcb.gov.br). RESUMO Esta unidade temática apresentou um instrumento muito importante utilizado para análise da situação das transações econômicas que o país realiza com o exterior: o Balanço de Pagamentos (BP). Vimos que o BP é um registro sistemático das transações econômicas e financeiras que o país realiza com o exterior. Ele demonstra se as contas externas do país estão equilibradas (total de oferta de divisas no mercado de câmbio igual ao total de demanda por divisas) ou desequilibradas (oferta de divisas no mercado de câmbio maior ou menor que a demanda). Vimos também que o BP é dividido em duas partes: a conta de transações correntes que é composta pelas balanças comercial, serviços, rendas de capitais e transferências unilaterais; e a conta de capitais autônomos que registra os movimentos livres de capitais (empréstimos, financiamentos, investimentos diretos, investimentos especulativos, etc.). O saldo do balanço de pagamentos corresponde à soma algébrica do saldo da balança de transações correntes com o da balança de capitais autônomos e o da conta erros e omissões e este é compensado pela conta movimento de capitais compensatórios. Esta registra todas as entradas e saídas de capitais destinados a compensações do balanço de pagamentos tais como financiamento de déficits e variações nas reservas cambiais. Reservas cambiais são o total de recursos externos acumulados em poder do Banco Central (uma espécie de poupança) que podem ser utilizados para financiar déficits no balanço de pagamentos. Se o volume de reservas cambiais que um país dispõe está aumentando, isto demonstra que o grau de liquidez internacional do mesmo é maior. Ou seja, aumentou a capacidade própria de financiar seus déficits (pagar suas dívidas). O inverso demonstra que o país tende a aumentar a dependência de recursos oriundos do FMI para compensar o seu déficit. Isto tende a elevar a dívida externa. EXERCÍCIOS DE REVISÃO Questão 1 - O que é o Balanço de Pagamentos? Questão 2 - Por que é importante acompanhar o saldo do balanço de pagamentos e o resultado de suas contas? Questão 3 - Quais são as contas do balanço de pagamentos e qual é o significado dos seus saldos? Questão 4 - O que são reservas cambiais? 72 Unidade III ANÁLISE ECONÔMICA I Taxa de Câmbio TAXA DE CÂMBIO Nesta unidade temática, você conhecerá o significado da taxa de câmbio, como ela flutua e como ela influencia nas transações econômicas. Ao final desta aula você estará apto(a) a: • Conceituar taxa de câmbio; • Explicar como a taxa de câmbio é determinada; • Diferenciar os principais regimes cambiais; • Calcular a taxa de câmbio real. A taxa de câmbio demonstra quanto vale uma unidade da moeda estrangeira em termos da moeda nacional ou vice-versa. Ou seja, se hoje um dólar americano vale, por exemplo, dois reais, então a taxa de câmbio é US$ 1,00 = R$ 2,00. A taxa de câmbio é determinada pela oferta e procura por divisas. Se, por exemplo, a oferta de dólares aumentar e/ou a demanda diminuir a taxa que antes era de R$ 2,00 diminuirá. Isso porque haverá excesso de dólares no mercado e para que sejam vendidos os portadores dos mesmos deverão diminuir seu preço (a taxa). Assim, a taxa de câmbio nada mais é do que o preço de um mercado específico, o mercado cambial. Assim, se: Oferta de dólares > Demanda por dólares = cotação do dólar cai Oferta de dólares < Demanda por dólares = cotação do dólar aumenta Quando estudamos balanço de pagamentos, vimos que as transações que resultam em entradas de divisas são registradas com sinal positivo e as que representam saídas de divisas são registradas com o sinal negativo. Por exemplo: as exportações resultam em entradas de divisas e as importações em saída de divisas. A taxa de câmbio é determinada diariamente pelos agentes que atuam no mercado cambial comprando ou vendendo divisas. Quem seriam esses agentes: Ofertantes de divisas – exportadores ou qualquer agente que recebeu dólares e que deseja trocar por reais. Demandantes de divisas – importadores ou qualquer agente que precisa de dólares para enviar para o exterior. Determinantes da taxa de câmbio Taxa de câmbio – se a taxa de câmbio aumentar, as importações tendem a diminuir, porque os preços dos produtos importados em reais serão maiores (serão gastas mais unidades de reais para trocar por um dólar, por exemplo). No entanto, as exportações tendem a aumentar porque nossos produtos serão mais baratos em dólar, ou seja, o consumidor estrangeiro gastará menos dólares para adquirir um produto brasileiro. Nesse caso, se as importações diminuírem, a demanda por divisas diminuirá e, se as exportações aumentarem, a oferta de divisas aumentará, então a tendência será de redução da taxa de câmbio. Nível de renda – quando a renda de um país aumenta, o nível de consumo do mesmo aumenta. No entanto, parte desse consumo é de produtos importados e, por isso, quando o nível de renda interna aumenta as importações tendem a aumentar. 73 ANÁLISE ECONÔMICA I Taxa de Câmbio Unidade III Já as exportações tendem a aumentar quando o nível de renda externa está aumentando. Assim, se a renda interna aumentar a demanda por divisas aumentará porque as importações aumentarão, levando a um aumento da taxa de câmbio. Se a renda externa aumentar, a oferta de divisas tenderá a aumentar porque a tendência é que nossas exportações aumentem, levando a uma redução da taxa de câmbio. Taxa de juros – se a taxa de juros interna se elevar, os investidores internacionais se sentirão estimulados a comprar ativos financeiros no Brasil. Como eles têm que trocar divisas por reais, a oferta de divisas no país será maior. Além disso, quem está aqui não perceberá vantagem em levar dinheiro para o exterior fazendo com que a demanda por divisas diminua. Como consequência disto, a taxa de câmbio tenderá a cair. Caso contrário, se a taxa de juros interna diminuir, ou a de outros países aumentar, então os investidores financeiros se sentirão estimulados a levar seus recursos para o exterior. Nesse caso, a demanda por divisas será maior. Além disso, oferta será menor porque quem tem dinheiro lá fora não terá interesse em trazer para o Brasil. Assim, a taxa de câmbio tenderá a aumentar. Nível de preços – se o nível de preços interno está se elevando (inflação), os produtos nacionais estão cada vez mais caros. Então, a tendência é que os consumidores brasileiros passem a consumir mais produtos importados e os estrangeiros consumam menos produtos brasileiros porque para eles também os produtos brasileiros estão mais caros. Assim, as importações aumentam (demanda por divisas aumenta) e as exportações diminuem (oferta de divisas diminui). Nesse caso, a taxa de câmbio aumentará. Regimes cambiais 74 As taxas de câmbio podem ser fixas ou flexíveis (flutuantes). As taxas de câmbio flexíveis são determinadas no mercado cambial pelas forças da oferta e da procura por divisas. Já as taxas fixas são definidas pelo Banco Central. Neste caso, o Bacen se compromete a comprar e a vender divisas, atuando como demandante ou ofertante de divisas, respectivamente, sempre que a taxa for pressionado para baixo ou para cima. Ou seja: • Se há pressão para o aumento da taxa (demanda por divisas maior que a oferta) o Bacen entra no mercado vendendo divisas até a mesma se estabilizar no valor estabelecido. • Se há pressão para a queda da taxa (oferta de divisas maior que a demanda) o Bacen entra no mercado comprando divisas até a mesma se estabilizar no valor estabelecido. Há outros regimes intermediários como o regime de flutuação suja, no qual o Bacen deixa a taxa flutuar, mas de vez em quando interfere no mercado para deixar a taxa em níveis desejados. Há também o sistema de bandas cambiais que é um regime que estabelece limites de máximo e mínimo para variação da taxa de câmbio, ou seja, se a taxa atingir o limite máximo, o Bacen começa a vender divisas até a taxa se estabilizar e ultrapassar a margem máxima. Se a taxa atingir o limite mínimo, o Bacen passa a comprar divisas para que a taxa aumente ou se estabilize e não caia além da margem mínima. Existe ainda o regime cambial currency board, que estabelece uma taxa de câmbio fixa e a oferta monetária somente pode variar em função da oferta de divisas. O exemplo mais evidente desse regime foi o adotado pela Argentina, que amarrou essa política cambial como lei constitucional do país. Os regimes de câmbio fixo melhoram a previsibilidade perante o comércio internacional, que é por natureza instável, facilitando a vida dos agentes que recebem e ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Taxa de Câmbio efetuam pagamentos em moeda estrangeira. Os níveis de preços não oscilam em função da variação cambial como ocorre no regime flutuante. No entanto, como o Bacen tem que garantir a manutenção da taxa, as reservas tornam-se vulneráveis a ataques especulativos. Ou seja, o país pode perder suas reservas em pouco tempo. Além disso, a política monetária torna-se dependente do volume de reservas (para atrair capitais externos o país tem que elevar a taxa de juros). As vantagens do regime flexível são: o equilíbrio automático do balanço de pagamentos, o Bacen não assegurar a estabilidade cambial, a política monetária é independente do volume de reservas. Mas sua desvantagem é a imprevisibilidade devido às oscilações da taxa de câmbio, especialmente em períodos de instabilidade econômica. RESUMO Nesta aula, vimos que a taxa de câmbio demonstra quanto vale uma unidade de moeda estrangeira em relação à moeda nacional ou vice-versa. A taxa de câmbio é determinada pela oferta e procura por divisas, ou seja, se a oferta de dólares, por exemplo, for maior que a demanda por dólares a cotação do dólar cai e se a oferta de dólares for menor que a demanda por dólares a cotação do dólar aumenta. Os ofertantes de divisas são os exportadores de bens e serviços ou qualquer agente que recebeu divisas e que deseja trocar por reais. Já os demandantes de divisas são os importadores de bens e serviços ou qualquer agente que precisa de divisas para enviar para o exterior. A taxa de câmbio futura pode variar de acordo com mudanças que vêm ocorrendo na própria taxa de câmbio, no nível de renda, na taxa de juros e no nível de preços. Dependendo do regime cambial, a taxa de câmbio pode ser fixa ou flutuante. As taxas de câmbio flexíveis são determinadas no mercado cambial pelas oferta e procura por divisas. Já as taxas fixas são definidas pelo Banco Central. Neste caso, o Bacen se compromete a comprar e a vender divisas, atuando como demandante ou ofertante de divisas, respectivamente, sempre que a taxa for pressionado para baixo ou para cima. Entretanto, há outros regimes como o de flutuação suja, o sistema de bandas cambiais e o currency board. EXERCÍCIOS DE REVISÃO Questão 1 - O que é taxa de câmbio? Questão 2 – Apresente dois fatores influenciadores da taxa de câmbio. Questão 3 - Quais são os principais regimes cambiais e quais são suas vantagens e desvantagens? Questão 4 - Preencha o quadro a seguir com o que tende a acontecer com as exportações e importações (aumento ou redução) após o aumento e a redução da taxa de câmbio: Questão 5 - Sabe-se que aumentos na taxa de câmbio tendem a provocar aumentos nas exportações. Esta afirmativa está correta? Por quê? Variação da taxa de câmbio Aumento Redução Exportações Importações 75 ANÁLISE ECONÔMICA I Unidade III Taxa de Câmbio Questão 6 - Uma determinada economia tem registrado um grande volume de entrada de investimentos externos. Isto deverá exercer influência no saldo do balanço de pagamentos e, consequentemente, no mercado cambial. Neste sentido, se tudo mais se mantiver constante, a tendência é que a taxa de câmbio desta economia: a) aumente, porque a demanda de divisas tende a ser maior que a oferta. b) diminua, porque a oferta de divisas tende a ser maior que a demanda. c) diminua, porque a demanda de divisas tende a ser maior que a oferta. d) aumente, porque a oferta de divisas tende a ser maior que a demanda. e) A taxa de câmbio não é influenciada pela entrada de investimentos externos. Questão 7 - Um importador deseja uma taxa de câmbio mais baixa ou mais elevada? Por quê? Questão 8 -Preencha as células das questões apresentadas no quadro a seguir, observando os eventos econômicos discriminados no referido quadro. Observação 1: atenção à pergunta localizada no cabeçalho de cada coluna. Observação 2: cada questão será considerada correta somente se todas as respostas referentes ao evento apresentado em cada linha do quadro estiverem corretas. Questões Eventos econômicos Tendência de superávit ou de déficit no balanço de pagamentos? Tendência de aumento ou redução da taxa de câmbio? a) Aumento da inflação no Brasil. b) Aumento da entrada de turistas no Brasil. c) Entrada de investimento externo direto no Brasil. d) Recessão em países importadores de produtos brasileiras. e) Aumento das exportações de mercadorias. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: Micro e macro. Brasília: ATLAS, 2008. GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. Brasília: ATLAS, 2005. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. Brasília: ATLAS, 2006. BOLETINS E PUBLICAÇÕES ON-LINE: BACEN. Boletim do Banco Central. Vários Números. (http://www.bc.gov.br) BNDES. Sinopse Econômica. Vários Números. (http://www.bndes.gov.br) FGV. Publicações. Diversas. (http://www.fgv.br) IBGE.Publicações. (http://www.ibge.gov.br) IPEA. Boletim de Conjuntura. Vários Números. (http://www.ipea.gov.br) 76 IPEA. Publicações: textos para discussão. Vários Números. (http://www.ipea. gov.br) FANESE Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe Av. Delmiro Gouveia, 800 - CEP 49035 - 810 - Coroa do Meio - Aracaju - Sergipe e-mail: [email protected] - Site: www.fanese.edu.br