A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
MERCADO E RELIGIÃO: PRESENÇA MUÇULMANA ÁRABE NA
FRONTEIRA - O CASO DA CIDADE DE GUAÍRA
GRACIELE ALVARES1
TARCÍSIO VANDERLINDE2
RESUMO: A presente proposta de pesquisa tem como objetivo problematizar as transformações
socioeconômicas na cidade de Guaíra no oeste do Paraná a partir do advento das migrações árabes
muçulmanas. O município em questão faz fronteira com a cidade de Salto Del Guairá - Paraguai. A
fronteira paraguaia destaca-se pelo remanescente crescimento do setor comercial, estimulado
principalmente pelas diferenças do sistema tributário entre os dois países. Em anos recentes se
instalaram na fronteira diversas famílias árabes muçulmanas vindas de vários países do Oriente
Médio, com o intuito de comercializar a partir do Paraguai. Estas inicialmente fixaram-se na cidade de
Foz do Iguaçu-PR, motivados pela tradição do comércio em Ciudad Del Este, PY. Nos últimos anos
ocorreu um deslocamento secundário dos imigrantes da Ciudad Del Este para a cidade de GuaíraPR. As possibilidades de comércio na fronteira motivam a mobilidade dos grupos de migrantes.
PALAVRAS-CHAVE: Migração; fronteira; religião; comércio; identidade.
ABSTRACT: This research is aimed to question the socio-economic transformations in Guaira’s city,
Paraná’s western with the advent of Arab’s Muslim migrations. The city on question is bordered by
Salto Del Guairá town – Paraguay. The Paraguayan border is distinguished by the outstanding growth
of the commercial sector, that is stimulated by the different tax system between the two countries.
Recently, some years, many Arab’s Muslim families have been settled in Guaira’s, coming from
several Middle Eastern countries, planning to from Paraguay. Initially those families had been settled
in Foz do Iguaçu’s city – PR, motivated by the traditional trade in “Cuidad Del Este” – PY. In the last
years occurred a secondary movement of immigrants to Guaira’s city – PR, coming from “Cuidad Del
Este” – PY. The trade’s possibilities at the border motivates the migrant’s groups mobility.
KEYWORDS: Migration; borders; religion; commerce; identity.
1
Acadêmica do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon. [email protected]
2
Professor do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon. [email protected]
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1 – Introdução
A presente pesquisa, que se encontra em fase inicial, pretende tratar sobre
as transformações socioeconômicas que ocorreram e ocorrem na cidade de Guaíra
no oeste do Paraná, a partir do advento das migrações árabes muçulmanas. O
município de Guaíra foi criado em 1951, faz fronteira com o Estado de Mato Grosso
do Sul e com o Paraguai. Segundo Ipardes (2004), a economia é baseada na
agricultura, comércio e uma modesta industrialização.
A fronteira com a cidade de Salto Del Guairá no Paraguai está contribuindo
para significativas mudanças relacionadas à economia nos últimos anos. Os baixos
preços das mercadorias em Salto Del Guairá, pode ser considerado o principal
estimulador dessa economia de fronteira.
Muitos brasileiros são atraídos pelas compras, ou em muitos casos,
também para instituir comércio na área da fronteira. A cidade paraguaia de Salto
Del Guairá se destaca pela existência de pequenas lojas e Shoppings. O comércio
também é movimentado pelos camelôs e vendedores ambulantes paraguaios. Neste
meio estão trabalhadores e empresários de diferentes nacionalidades que acabam
se aventurando, atraídos pela crescente expansão capitalista na fronteira. Tal fato
tem proporcionado às cidades próximas, Guaíra – PR e Mundo Novo – MS, a
condição de cidades moradias. Pretende-se investigar se os moradores fixam
residência nestas cidades e trabalham do outro lado da fronteira por motivos de
segurança ou pela falta de moradia apropriada do lado paraguaio.
Nos últimos anos, se instalaram em Guaíra, árabes muçulmanos vindos de
vários países do Oriente Médio, principalmente do Líbano, para comercializar no
Paraguai. Estes vêm traçando um caminho já aberto por parentes, amigos,
conhecidos que já estavam na fronteira.
Salto Del Guairá, atrai investidores de vários lugares, com forte presença de
comerciantes estrangeiros como chineses, brasileiros, libaneses e árabes. Estes
últimos identificam-se com nosso objeto de estudo.
O Brasil foi meta de grandes fluxos migratórios no decorrer da história, no
entanto, o que mais chama atenção atualmente é o fluxo de imigrantes mulçumanos
para a região, visto que esses vieram inicialmente para Foz do Iguaçu-PR devido à
tradição do comércio em Ciudad Del Este. Nos últimos anos se presencia uma
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migração/emigração para a cidade de Guaíra – PR. Os contingentes migratórios
foram atraídos pela facilidade de acesso ao Paraguai pela Ponte Ayrton Senna,
concluída em 1998, que liga também a cidade de Guaíra – PR à de Mundo Novo –
MS. A travessia anteriormente era realizada por meio de balsas, a conclusão da
obra facilitou o fluxo dos meios de transportes entre essas cidades e
consequentemente entre Brasil e Paraguai, tornando a entrada mais segura, barata
e rápida. Como pode ser observado na figura 1:
FIGURA 1 – Região Limítrofe: Guaíra, Mundo Novo e Salto Del Guairá.
Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Guaíra+ - Acesso em: 15 jun. 2015
Organização: Graciele Alvares.
O comércio entre Brasil e Paraguai é o grande fator da mobilidade do grupo,
esses por sua vez alteram o espaço, fazendo com que se tornem perceptíveis, com
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seu modo singular de vida, de alimentação, vestuário, etc. Muitos começam
trabalhando em lojas/comércio de amigos e parentes, até firmaram-se. Outros
possuem estabelecimento próprio, existem também casos de comerciantes que
atuam em Guaíra.
Com a chegada de novos grupos de diferentes origens e culturas que se
estabeleceram no local, cria-se um novo modo de vida e existe também a
necessidade da adaptação do comércio local, que visa atender tal grupo de sujeitos.
Na cidade de Guaíra, ainda não existe uma mesquita, nem um bairro Islâmico, então
os imigrantes acabam reunindo-se de outra forma para preservar e manter sua
religião e sua cultura. Traçam estratégias para enfrentar essa realidade com
reuniões em residências, garantindo o exercício da religiosidade, de modo a manter
vivas suas tradições. Preservar a cultura no modo ocidental de viver é uma tarefa
árdua para aqueles que são mais tradicionais. As possíveis “vantagens” do estilo de
vida atraem homens e mulheres que já se habituaram aos brasileiros e seu modo de
vida. Note-se que existem diferentes grupos e famílias, como aquelas que já estão
no município há mais tempo, sendo que seus descendentes foram criados no
ambiente cultural brasileiro. Já outros, levam a rigor o modo de vida islâmico.
A expansão das diversas formas de religiosidade e identidade mulçumana
em Guaíra – PR vem alterando a dinâmica territorial. Visto que dentro do contexto,
território identidade, é importante considerar as condições históricas que levaram
tais sujeitos a migrarem de seu país de origem, para outro mundo em busca de
novas oportunidades. Diante de tal propósito levaram consigo sua religião, hábitos e
costumes peculiares.
2 – Discussão
As histórias de imigrantes árabes no Brasil são muito parecidas com outros
fluxos migratórios que o país já recebeu anteriormente. De acordo com Ykegaya
(2006), os imigrantes mulçumanos árabes ao chegarem ao Brasil trabalhavam
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como mascates3, eram autônomos, não precisavam de muitos recursos para o
investimento e não necessitavam dominar totalmente o português. Nesse ambiente
aproveitavam o espaço da crescente atividade comercial do país.
O fluxo de imigrantes árabes no sul do Brasil ocorreu primeiramente para a
cidade de Foz do Iguaçu – PR, motivados pelo habitual comércio em Cuidad Del
Este, Paraguai. Estes trouxeram notadamente seus costumes, idioma e a religião.
“Verifica-se que o traço cultural que une tais nações independentes é o idioma
árabe, além do que aos muçulmanos isto se concretiza na religião, já que o livro
sagrado do Islã utiliza o árabe exclusivamente” (KNOWLTON, 1960 apud BARAKAT,
2008, p.145). Nos últimos anos, foi possível perceber um deslocamento secundário
dos imigrantes para a cidade de Guaíra – PR.
Guaíra é uma cidade com aproximadamente 31 mil habitantes, segundo
censo do IBGE de 2010, e localiza-se numa fronteira internacional. No seu passado,
em “épocas gloriosas” com a exploração turística das Sete Quedas, foi rota de
entrada de muitos imigrantes que passavam ilegalmente pela fronteira para viver no
Brasil. Devido à construção da barragem de Itaipu e a submersão das quedas, a
cidade atravessou um período de estagnação por quase duas décadas. A
inauguração da ponte Airton Senna em 1998 facilitou o acesso a Salto Del Guairá, “a
facilidade de locomoção, comunicação e integração econômica possibilitam a
internacionalização do mercado de trabalho” (BRITO 1995, p. 24), cujos preços
baixos das mercadorias proporcionaram uma alavanca para o retorno do
crescimento econômico, um grande estímulo ao comércio na fronteira, que possuía
um comércio rudimentar, marcado por poucas lojas do lado paraguaio.
A cidade de Salto Del Guairá, conta com 11.298 habitantes, destes 6.653
estão na área urbana, segundo informações contidas na DGEEC – Dirección
General de Estadísticas, Encuestas Y Censos (DGEEC, 2002). Informações
recentes não oficiais apontam na época presente aproximadamente 40 mil
habitantes. Esse aumento significativo está indissociavelmente relacionado aos
investimentos do mercado comercial. De acordo com Masuzaki:
Mercadores ambulantes e vendedores de "porta a porta", também chamados de “turcos da
prestação”. A origem do termo "mascate" vem do árabe El-Matrac.
3
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Salto Del Guairá está no rol de investimentos do capital comercial, onde
podemos observar que a região de fronteira internacional torna-se um trunfo
estratégico para a expansão capitalista, devido também ao forte incentivo
do Estado paraguaio para o crescimento do setor comercial. O país tem
uma política de turismo por meio de um sistema tributário que reduz taxas
de importação, somada à redução de impostos e à mão de obra barata, o
que o torna atraente para investimentos (MASUZAKI, 2013, p.12).
A fronteira entre Brasil e Paraguai, atrai investimentos de diversos setores e
também dos mais diferentes grupos, como os chineses, paraguaios, brasileiros,
libaneses e árabes. Este último, por sua vez, tem transformando o tecido urbano. A
presença árabe se faz notar pelo modo característico de vida. Em uma temperatura
de quase quarenta graus, durante o verão, as mulheres estão sempre cobertas e
usando a hijab4 conforme observa Barakat “De dia é fácil distinguir mulheres
cobertas pelo véu fazendo compras pelas ruas” (BARAKAT, 208, p. 148). A
especificidade caracteriza a presença mulçumana.
Existe uma comunidade árabe tradicional no município de Guaíra.
Comunidade essa composta basicamente por comerciantes que possuem residência
do lado brasileiro da fronteira, fixando-se principalmente nas cidades de Guaíra,
estado do Paraná, ou na cidade de Mundo Novo, estado de Mato Grosso do Sul.
Preliminarmente contatou-se que a escolha se deve por razões de segurança,
educação dos filhos e também por figurarem a proximidade com outros sujeitos
vindos do mundo árabe já instalados nas cidades.
Tais sujeitos por sua vez, legitimam um grupo de trabalhadores que fazem o
percurso diário entre as cidades fronteiriças. Perfazem as estatísticas da migração
pendular, entre as cidades de Guaíra/Mundo Novo e Salto Del Guairá. Os mesmos
preferem residir em uma cidade e comercializar em outra, sendo duplamente
estrangeiros.
De acordo com Simmel, que estudou o estrangeiro em seu novo país:
O estrangeiro, por definição, não tem raízes — entendendo-se este termo,
não só no seu sentido material, mas também no seu sentido metafórico,
como existência substancial enraizada em qualquer parte, se não é no
espaço, ao menos num ponto do meio social […] Reduzido ao comércio
4
Hijab ou véu islâmico seria a cobertura de todo o corpo da mulher com exceção do rosto e das
mãos.
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intermediário, e frequentemente à pura finança, como se esta fosse a sua
forma sublimada, ele adquire a sua característica especifica: a mobilidade.
Se a mobilidade se introduz num grupo fechado, ela arrasta com ela essa
síntese de proximidade e de distância que constitui a posição formal do
estrangeiro (SIMMEL, 1990, p. 55).
Tais estrangeiros, predominantemente urbanos, contribuíram para o
crescimento do comércio internacional, trabalhando com os mais diversos setores,
como eletrônicos, pirataria, tecidos etc. “Uma das esferas privilegiadas de
interação e coordenação do estrangeiro na comunidade, o comércio facilita a
entrada em grupos mesmo em lugares em que as posições econômicas estão
ocupadas, seja na indústria ou na agricultura” (SIMMEL, 1983 apud SILVA, 2008,
p. 361).
Compreende-se assim que o território é ambiente de construção de
identidades idealizado como espaço de reprodução da sociedade. Assim o território
é a materialização dos limites da fixação, construindo formas de organização
complexas. Seja ela na construção territorial, econômica, social e cultural. Destacase, portanto a representação de várias nações em um mesmo local em constante
fusão entre território e identidade. A construção do território e identidade é vinculada
a formação de uma sociedade peculiar. No Brasil pode-se constatar a presença de
várias colônias de imigrantes algumas mesclando mais outras menos com as
sociedades pré-existentes.
A construção da identidade depende então da matéria prima proveniente
da cultura obtida, processada e reorganizada de acordo com a sociedade, com
objetivo de garantir o mecanismo que visa preservar tal identidade, fé e tradições:
Stuart Hall nos coloca que a manutenção da identidade só é realizada em
uma sociedade quando existe uma crise. Ele define a crise da seguinte
forma: o homem sempre teve uma identidade bem definida e localizada no
mundo social e cultural. Mas as mudanças fragmentam e deslocam essas
identidades. Se antes as identidades dos indivíduos se encaixavam
socialmente, hoje elas se encontram com fronteiras menos definidas
provocando no indivíduo uma crise de identidade (HALL, 2005, p. 08, Apud
BARAKAT, 2008, p. 153).
Segundo Hall (2000) são cinco elementos principais de como estabelecer a
narrativa da construção da identidade de um grupo. A existência da narrativa de
nação. Ênfase na origem, continuidade e intemporalidade da tradição. A invenção
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da tradição. Um mito funcional e a ideia de um povo original. Dessa forma, os
muçulmanos em questão permanecem neste local, independente de sua corrente
religiosa, muitos mulçumanos chegaram nessa região com intuído de ganhar
dinheiro e voltar para o seu país de origem, mas o que mais se pode observar é a
construção de novas famílias oriundas de filhos de imigrantes, levando a um
crescente aumento do número de tais sujeitos.
A sociedade muçulmana vem ocupando o seu espaço, como fonte de
transformação e adequando suas necessidades. Assim, com o passar dos tempos,
vem criando raízes em determinados territórios. Território este que vem sendo
ocupado cada vez mais por diversas nacionalidades.
O território como um todo se torna um dado dessa harmonia forçada entre
lugares e agentes neles instalados, em função de uma inteligência maior,
situada nos centros motores da informação. A força desses núcleos vem de
sua capacidade, maior ou menor, de receber informações de toda natureza,
tratá-las, classificando-as, valorizando-as e hierarquizando-as, antes de as
redistribuir entre os mesmos pontos, a seu próprio serviço. Essa inteligência
das grandes empresas e dos Estados não é, porém, a única. Em níveis
inferiores, o fenômeno se reproduz, ainda que com menos eficácia mercantil
(SANTOS, 2006 p.154).
O território é fonte de construção de identidade do grupo, idealizado como
espaço de reprodução da sociedade. Assim o território é a materialização dos limites
da fixação, construindo formas de organização bem mais complexas. Portanto, nos
deparamos com várias nações em um mesmo local em constante fusão entre o
espaço e identidade.
O Islã é o elemento unificador do grupo e está presente ao longo da história
da humanidade, pelos caminhos que percorre. É importante ainda, ressaltar que o
comércio é a principal atividade econômica da região.
A fonte da principal atividade econômica também vem sendo afetada pela
crise econômica que se alastrou por todo o país nos últimos meses. Uma recessão
econômica vem trazendo algumas dificuldades, indicando inclusive novos rumos
para a pesquisa. Tal recessão vivida pelos brasileiros tem afetado continuamente o
desenvolvimento comercial na fronteira. Um período de forte crise se espalhou e tem
preocupado empresários que fizeram grandes investimentos no país estrangeiro,
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adquirindo mercadorias, pontos comerciais e até mesmo comprando imóveis. Como
destaca Paterno (2015), no jornal O Paraná:
Com o dólar acima de R$ 3,00, cenário consolidado a partir de outubro do
ano passado, o volume de negócios na região de fronteira caiu
drasticamente. Os números explicam melhor os efeitos da crise, uma das
maiores da história (...). Como as cidades brasileiras que fazem divisa com
Cidade do Leste, Salto del Guayrá e Pedro Juan Caballero - Foz, Guaíra e
Ponta Porã (MS), respectivamente -, são centros maiores, cedem boa parte
da mão de obra empregada nessas cidades. (PATERNO, 2015, p.11).
Muitos comércios estão fechando suas portas, outros acreditam que é mais
uma crise que se precisa resistir para sobreviver. Em partida acelerada com a crise,
enfrentam também as constantes oscilações do dólar, moeda adotada pelo país,
devido a sua maior valorização frente à moeda paraguaia, o “Guarani” e a brasileira,
o “Real”.
3 - Metodologias
A metodologia utilizada inicialmente, parte da leitura sistemática de livros,
textos, artigos, jornais e outras fontes relacionadas ao tema proposto. No percurso
também ocorrerão entrevistas, diálogos, depoimentos orais dos imigrantes e
também da população local, através de perguntas objetivas que possibilitem a
criação de informações referentes à pesquisa. O encaminhamento a ser utilizado
será uma abordagem que problematize os conteúdos selecionados para que se
possa dialogar no segmento de dar condições para pensar, identificar e
compreender o significado dos diversos conceitos.
4 - Resultados
A pesquisa está em sua fase inicial e buscará entender a influência local da
presença muçulmana árabe num ambiente de fronteira, caracterizando assim um
espaço híbrido em constante transformação. A presença dos grupos interfere na
dinâmica territorial do local escolhido para viver. Neste contexto, buscar-se-á saber
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os principais fatores de atração que levaram tais sujeitos a migrarem de seus países
de origem em busca de novas oportunidades.
Espera-se
ao
final
estabelecer
informações
contemporâneas
que
contextualizarão a presença dos imigrantes que se instalaram em Guaíra.
5 – Conclusões
Historicamente, os povos migram por diferentes fatores. Podendo ser eles
de natureza cultural, natural, econômica. A mobilidade é motivada em grande parte
pela situação econômica social dos migrantes.
Nos últimos anos fazem parte desse processo, jovens que migram de
regiões do subcontinente asiático, no caso específico do Oriente Médio. Famílias
inteiras aventuram-se na tentativa de “ganhar dinheiro” com o comércio internacional
entre o Brasil e o Paraguai. Em sua grande maioria residem em Foz do Iguaçu, mas
encontra-se também uma importante comunidade em Guaíra – PR, sujeitos esses,
em geral, oriundos da Tríplice Fronteira: Brasil – Paraguai – Argentina.
A vinda dos imigrantes mulçumanos tem contribuído tanto para a
intensificação do comércio quanto para a sua diversificação, residindo em Guaíra e
fazem um deslocamento diário para a cidade de Salto de Guairá com a finalidade de
trabalhar no centro comercial paraguaio.
É importante destacar que a localização geográfica de Guaíra, que é mais
uma opção para a possibilidade de operar no Paraguai, criou condições para a
transformação da região num espaço mais dinâmico, e que continuou atraindo mais
imigrantes. As mudanças produzidas a partir dessa continuidade possibilitam criar e
incorporar um novo comportamento. O campo religioso no Brasil apresenta
identidades religiosas que tem por característica a formação de identidades.
Identidades essas que são construídas e reconstruídas por culturas e religiões
diferentes.
É possível destacar ainda sobre as dificuldades encaradas por estes, as
diferença linguísticas, logo que mesmo vindos de uma mesma região, possuem
ramificações culturais diferentes. O árabe tem diversas variantes, distribuídas
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geograficamente pelos países do Oriente Médio, assim como diferentes variações
religiosas.
Todavia a vinda de imigrantes para a região citada pode deixar o local com
características distintas das cidades próximas. Importantes aspectos serão
levantados durante a pesquisa, tais como: cenário propício, uma vez que houve
circunstâncias para se tornar possível à fixação destes imigrantes no extremo oeste
paranaense; como a presença árabe contribui para o fortalecimento do comércio, o
quanto a crise econômica brasileira dos últimos meses tem afetado o comércio deste
grupo em questão, e o fato de que estes imigrantes conseguirem trabalhar dos dois
lados da fronteira, ou seja, tanto em Salto Del Guairá quanto em Guaíra. Além disso,
ainda se percebe comerciantes árabes, atuando nos ramos de abastecimento
interno e externo.
Portanto
a
mobilidade
desses
sujeitos
nos
permitirá
estabelecer
informações quanto ao comércio paraguaio e a isenção de taxas que fazem do
país vizinho um grande atrativo. Assim a vinda desses mulçumanos árabes
contribuiu para a construção e reconstrução territorial, difundindo novas
identidades perante os sujeitos existentes.
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