SISTEMAS LOCAIS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, INCUBADORAS DE
EMPRESAS E DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA NO PARÁ
Gonzalo Enríquez*
Jair Galdino Cabral Costa**
RESUMO
O artigo revela a importância das inovações tecnológicas e o conhecimento na competitividade
das empresas. Faz uma analise da relação existente entre os sistemas locais de inovação
tecnológica e as incubadoras de empresas no Brasil, mostrando o importante papel das
incubadoras enquanto parte dos sistemas ou arranjos locais de produção, na transferência
tecnológica, na geração de emprego e no desenvolvimento regional. O trabalho analisa a
evolução, no Brasil das Incubadoras de Empresas e dos Parques Tecnológicos explica como eles
operam, no contexto de das diferentes regiões na procura de uma maior competitividade na
economia global. No texto são também tratados aspectos específicos da evolução das
incubadoras na Região Amazônica do Brasil destacando sua contribuição no processo de busca
de agregação de valor e da abertura de novos mercados para produtos não tradicionais,
principalmente os produtos naturais que hoje contam com uma crescente demanda no mercado
internacional. Finalmente o artigo conclui sobre a importância dos setores público e privado do
Estado do Pará incorporarem as sua políticas o conceito de empreendedorismo nas diversas
formas, definindo ações de apoio às incubadoras de empresas e a criação de parques
tecnológicos, a exemplo de outras estados da federação onde esse fato é uma realidade.
PALAVRAS CHAVES
Inovação Tecnológica, Incubadora de Empresas, Gestão Tecnológica, Biodiversidade,
Amazônia, Política de Governo.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS NA
ECONOMIA GLOBAL.
A maioria dos analistas da evolução da economia moderna e da globalização afirmam que a
tecnologia, mais especificamente, a inovação tecnológica constitui o fator determinante para a
competitividade e o desenvolvimento de nações, regiões e empresas, e a globalização é
considerada o principal fator para o aumento da concorrência entre estes segmentos.
A geração de competitividade e inovação tecnológica estão cada vez mais baseadas no
conhecimento e na organização do aprendizado, daí o papel central desempenhado pela
*
Mestre em Política Científica e Tecnológica (UNICAMP), Professor do Departamento de Economia – UFPA,
Coordenador da Incubadora da UFPA, Diretor da Anprotec e Presidente da Rede Amazônica de Incubadoras –
RAMI. [email protected].
**
Mestre em Educação (Unama) , Professor de Administração e Gestão – Unama e CESUPA, Coordenador da
Incubadora CESUPA de Empresas de Base Tecnológica – ICBT . [email protected]
2
capacitação tecnológica e pelo conhecimento para o aumento da competitividade das empresas
(CASSIOLATO E LASTRES, 2000). Portanto a estratégia fundamental para ganhar
competitividade está na capacidade de inovar.
Segundo CASSIOLATO e LASTRES (2000), nos últimos anos, já se alcançou alguns
consensos em torno do processo de inovação, dentre os quais:
•
A inovação constitui-se em processo de busca e aprendizado e, na medida em que depende
de interações, é socialmente determinada e fortemente influenciada por formatos institucionais
e organizacionais específicos, tais como: diversidade regional, especificidades locais etc;
•
Nem todos os agentes ou atores da inovação tecnológica têm a mesma capacidade de
transferir, incorporar ou apreender tecnologicamente, já que dependem de aprendizados
anteriores, assim como da própria capacidade de esquecer e reaprender tecnologias;
•
Existem importantes diferenças entre sistemas de inovação de países, regiões, organizações,
em função de cada contexto social, político e institucional. As próprias diferenças regionais
do Brasil são um exemplo.
O processo de inovação tecnológica assume, todavia, características específicas,
dependendo da região, do nível das instituições que o comportam e do próprio
processo de articulação entre os atores da inovação que são: empresas,
universidades, centros de pesquisas, órgãos de C&T da região, incubadoras
de empresas, condomínios empresariais, parques tecnológicos, organizações
não governamentais etc.
Para os sistemas nacionais de inovação, os atores econômicos, sociais e as
relações entre eles determinam, em grande medida, a capacidade de aprendizado
de um país ou região, assim como a experiência histórica e cultural, educação, etc.
Os sistemas nacionais, regionais ou locais de inovação podem ser considerados
como uma rede de instituições dos setores públicos - instituições de pesquisa e
universidades, agências governamentais de fomento e financiamento, empresas
estatais e incubadoras, entre outros - e privado - empresas, associações
empresariais, sindicatos, organizações não governamentais e incubadoras - cujas
atividades e interações geram, adotam, importam, modificam e difundem novas
tecnologias, sendo a inovação e o aprendizados seus aspectos cruciais.
Dessa forma, o processo de inovação é interativo e dependente dos atores
envolvidos e da capacidade de apreender, gerar e absorver conhecimentos, bem
como da articulação dos agentes e fontes de inovação e do nível de conhecimento
alcançado no ambiente específico.
AS INCUBADORAS DE EMPRESAS E PARQUES TECNOLÓGICOS
COMO
PARTE
DOS
SISTEMAS
LOCAIS
DE
INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA.
As incubadoras de empresas e os parques tecnológicos são parte substancial dos sistemas locais
de inovação tecnológica, na medida em que permitem a transferência de tecnologia entre a
universidade e o setor produtivo. Nas localidades onde atuam, desenvolvem políticas para apoiar
as empresas incubadas na gestão tecnológica e, sobretudo, são o centro mais importante da
cultura empreendedora das regiões. Elas são estruturas desenhadas para estimular a criação, o
desenvolvimento e a consolidação de empreendimentos competitivos e inovadores.
3
As incubadoras de empresas têm por objetivo servir de suporte estrutural para pequenas e micro
empresas de base tecnológica, que buscam a diversificação e a revitalização econômicas,
agregando valor ao produto, através de uma interação com os centros de ensino e pesquisa, por
meio de informação e conhecimento tecnológico, visando melhorar a eficácia produtiva da região
para uma inserção mais competitiva no mercado. Propiciam, também, o desenvolvimento de
novos empreendimentos que sejam financeiramente viáveis e capazes de se adaptar ao mercado
após o período de permanência na incubadora. Apóiam a transformação de empresários
potenciais em empresas crescentes e lucrativas. Diminuem os riscos dos empreendimentos e,
finalmente, contribuem para a revitalização regional, na medida que favorecem a criação de novas
empresas e empregos. As incubadoras são altamente geradoras de emprego e o custo de
emprego é muito mais baixo do que uma grande empresa. A incubadora também contribui para
melhorar a distribuição de renda das regiões onde atua.
No Brasil, as incubadoras são instrumentos capazes de transformar idéias em negócios e o
espaço ideal para o desempenho do empreendedorismo. Dentro da incubadora as empresas
nascentes encontram ambiente ideal para o seu crescimento e desenvolvimento e o tempo em que
permanecem incubadas é o intervalo necessário entre a idealização e a realização do negócio.
Os principais conglomerados de incubadoras aconteceram nos Estados Unidos, na década de
cinqüenta, no Vale do Silício, na Califórnia. Aí foram constatadas as primeiras incubadoras de
empresas, geralmente em parceria com as universidades e centros de pesquisa da região. A
partir desses acontecimentos, que marcaram o surgimento dos
Os mecanismos mais visíveis de colaboração Universidade/Indústria, os processos de incubação
espalharam-se pelo mundo de forma quase permanente.
Segundo dados da National Business Incubation Association - NBIA (Gráfico 1), em 1997,
existiam nos Estados Unidos aproximadamente 550 incubadoras, a maioria delas de base
tecnológica e quase sempre fortemente apoiadas pelas universidades, centros de pesquisa e pelo
próprio governo.
INCUBADORAS DE EMPRESAS NOS EUA
600
500
400
300
200
100
0
1980
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
Fonte: NBIA - National Business Incubation Association
Gráfico 1. Incubadoras de Empresas nos Estados Unidos - International
Association of Science Parks - IASP
4
No entanto, a implantação de incubadoras no EUA aconteceu de maneira mais consistente a
partir de 1985, quando houve um crescimento de 100% em relação ao início da década de 80,
quando existiam pouco mais de 50 incubadoras. A partir de 1987, é positiva a tendência de
crescimento de incubadoras nos Estados Unidos, apesar de ter passado por momentos de
relativa estagnação no final da década de 90.
No Brasil o fenômeno da incubação de empresas de base tecnológica deu-se de forma
consistente e contínua. Entre os anos 1988-89 implantaram-se as primeiras incubadoras
brasileiras apoiadas por centros de pesquisa, universidades e governo.
Segundo dados da Associação Nacional de Entidades Promotores de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas - Anprotec, existem no Brasil, 135 incubadoras (dados de 2000),
distribuídas, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste (Gráfico 2).
INCUBADORAS NO BRASIL
NORTE
AM
PA
AP
TOTAL
NORDESTE
AL
02
BA
07
CE
04
PB
02
RN
02
PE
02
TOTAL 19
01
01
01
03
C E N T R O-O E S T E
DF 01
TOTAL 01
SUL
PR
08
SC
07
RS
35
TOTAL 50
SUDESTE
SP
36
MG
16
RJ
09
ES
01
TOTAL 62
Total Brasil - 1 3 5 I n c u b a d o r a s
Gráfico 2 Distribuição das Incubadoras no Brasil - Anprotec (2000)
Os mesmos dados revelam que, no ano 2000, 59% das incubadoras eram de base
tecnológica, 23% tradicionais e 18% incubadoras mistas. Segundo a Anprotec, as incubadoras
tradicionais mostraram aumento relativamente às de base tecnológica. Em 1998, 72% das
incubadoras eram de base tecnológica e 18% tradicionais (Gráfico 3).
As incubadoras tradicionais começaram a ser importantes no país a partir de uma maior
difusão do conceito, função e importância, que nos processos de desenvolvimento regional elas
estavam desempenhando. Esse processo foi paralelo a maior participação das entidades dos
estados e municípios das regiões onde o processo de inovação tecnológica foi difundindo-se,
de forma mais paulatina do que nas regiões Sul e Sudeste. Foram o Serviço Brasileiro de
Apoio ás Micro e Pequenas Empresas - Sebrae dos estados, municípios, centros de pesquisas
regionais e governos estaduais que têm contribuído maioritariamente com a implantação de
incubadoras tradicionais, o que tem feito crescer, também, as incubadoras mistas.
5
ANÁLISE DE EVOLUÇÃO DAS INCUBADORAS
CLASSIFICAÇÃO DA INCUBADORA
59%
64%
Tecnológica
72%
23%
22%
Tradicional
18%
18%
1997
1999
14%
Mista
2000
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Gráfico 3. – Classificação das Incubadoras - Anprotec (2000)
No Brasil, existem diversas experiências de Incubadoras de Empresas desenvolvidas com a idéia
de pólos ou parques tecnológicos, sendo as mais importantes as seguintes:
Quadro 1. Incubadoras de empresas no Brasil
NOME
CIDADE
ÁREA DE ATUAÇÀO
Blumenau Polo de Blumenau/SC
Software
CDT
Brasília/DF
Informática, Biotecnologia, mecânica de precisão,
novos materiais e áreas afins.
CDT/UnB
Brasília/DF
Informática/software, eletrônica, biotecnologia
CEDIN
São Carlos/SP
Eletrônica, agricultura, química, mecânica e
materiais.
CEI/II-UFRGS
Porto Alegre/RS
Informática
CELTA
Florianópolis/SC
Informática/software, mecânica e eletrônica.
CENTRO DE
Porto Alegre/RS
BIOTECNOLOGIA
Genética, microbiologia, imunologia, bioquímica,
biofísica e biologia molecular.
Centro de
Biotecnologia/RS
Porto Alegre/RS
Biotecnologia
CERTI
Florianópolis/SC
Informática, automação, qualidade industrial e
mecânica de precisão
CERTI
Florianópolis/SC
Informática/software, mecânica e eletrônica.
CESUPA
Belém, PA
Informática, química e farmácia.
6
CIDE
Manaus, AM
Informática, cosméticos, química e produtos
naturais.
CINET
São Carlos/SP
Informática/software,
mecânica,
aerodinâmica, automação, robótica.
CITPAR
Curitiba/PR
Informática, eletroeletrônica, mecânica de
precisão, microeletrônica, biotecnologia, química
fina, novos materiais e tecnologia de alimentos.
COPPE
Rio de Janeiro/RJ Informática, instrumentação, mecânica
precisão, eletrônica e química fina
CRITT
Juiz de Fora/MG
eletrônica,
de
Informática/software, mecânica, química, setor
agro-alimentar, manutenção hospitalar, oficina de
usinagem.
FUNDAÇÃO BIO- Rio de Janeiro/RJ Biotecnologia
celular
RIO
microorganismos.
e
molecular
de
FUNDETEC
Cascavel/PR
Agroindústria
IBTEC
Rio de Janeiro/RJ Informática e software, eletrônica, novos
materiais, tecnologia habitação, construção e
automação
IECAN
Canoas/RS
MULTISETORIAL
IEPA
Macapá, AP
Alimentos, cosméticos, óleos e produtos naturais.
IETI/CEFET-RJ
Rio de Janeiro/RJ Informática,
telecomunicações,
mecânica, mecânica de precisão.
INATEL
Santa Rita
Sapucaí/RJ
eletrônica,
do Eletrônica, telecomunicações e informática
Incubadora de Base Belo
Tecnológica
em Horizonte/MG
Biotecnologia
Química Fina e
Informática Aplicada
Microbiologia, química, biomedicina.
Incubadora
de Viçosa/MG
Empresas de Base
Tecnológica
Informática e Software, agroindústria, química e
biotecnologia.
Incubadora
Empresarial
Tecnológica
Informática/Software
Barretos/SP
Incubadora Industrial Londrina/PR
de Londrina
Informática e software, mecânica, eletrônica,
tecnologia de alimentos, produtos convencionais.
Projetos não poluentes.
Incubadora
Panambi/RS
Tecnológica Alfredo
Informática/software,
mecânica,
construção civil e meio ambiente.
eletrônica,
7
Fockink – ITAAF
Incubadora
Betim/MG
Tecnológica de Betim
Novos materiais, mecânica, eletrônica, química,
indústria petrolífera, indústria automobilística,
perfumaria, fertilizantes, mineração, metalurgia e
farmacêutica.
Incubadora
São Matheus do Petroquímica, novos
Tecnológica de São Sul/RS
construção civil.
Matheus do Sul
Incubadora
Tecnológica Liberato
Incubadora/Parque
de Bodocongó
materiais,
cerâmica,
MULTISETORIAL
Campina
Grande/PB
Informática/software,
química.
serviço,
eletrônica
e
Incubadoras
de Natal/RN
Empresas Inovadoras
e
de
Base
Tecnológica
Informática/Software, eletrônica, novos materiais.
INCUBATEC
Camaçari/BA
Informática/Software,
biotecnologia,
agroindústria/alimentos, minero-metalurgia
INCUBATEC
Recife/PE
Informática/software,
eletrônica,
biotecnologia, química, novos
engenharia agrícola.
INCUBATEP
Recife/PE
Eletrônica, informática e mecânica de precisão.
INSOFT-BH
Belo
Horizonte/MG
Informática/software
INTEC
Curitiba/PR
Metal mecânica, e engenharia biomédica.
NADE
NOME
mecânica,
materiais,
Informática/software, mecânica, eletrônica, novos
materiais e prestação de serviços.
CIDADE
ÁREA DE ATUAÇÀO
Núcleo
de São Paulo/SP
Desenvolvimento
Empresarial
de
Araraquara
Calçados, confecção, mecânica, química, têxtil.
Núcleo
de Botucatu/SP
Desenvolvimento
Empresarial
de
Botucatu
MULTISETORIAL
Núcleo
de Brotas/SP
Desenvolvimento
Empresarial
de
Brotas
MULTISETORIAL
8
Núcleo
de Garça/SP
Desenvolvimento
Empresarial de Garça
Confecção, brinquedos, embalagens plásticas,
vassouras.
Núcleo
de Itú/SP
Desenvolvimento
Empresarial de Itú
MULTISETORIAL
Núcleo
de Pirassununga/SP
Desenvolvimento
Empresarial
de
Pirassununga
Calçado, massas, embalagens, vestuário.
Núcleo
de Porto Ferreira/SP MULTISETORIAL
Desenvolvimento
Empresarial de Porto
Ferreira
Núcleo
de Rio Claro/SP
Desenvolvimento
Empresarial de Rio
Claro
Jóias, bijuterias, confecção, artefatos plásticos,
cabos incineradores.
Núcleo
de São Paulo/SP
Desenvolvimento
Empresarial do Brás
Eletro-eletrônica, artefatos de couro, confecção,
tintas.
Núcleo SOFTEX de Curitiba/PR
Curitiba
Informática/software
PACTC
Campina
Grande/PB
Eletrônica, informática, design
biotecnologia e novos materiais.
PADETEC
Fortaleza/CE
Química fina com aplicações em informática
PADETEC
Fortaleza/CE
Informática/software, mecânica, eletrônica, novos
materiais e prestação de serviços.
PAQTEC
São Carlos/SP
Novos materiais, informática, ótica, mecânica de
precisão e química fina.
PETROSIX
São Mateus do
Sul/RS
Produção de fertilizantes a partir do xisto
betuminoso.
PIEBT
Belém/PA
Química
fina,
informática/software,
cosméticos, óleos essenciais, fitoterápicos e
biotecnologia.
Pólo Regional
Incubação
Empresas Pier
Mucuripe
POLOVALE
de Mucuripe/CE
de
do
São José
Campos/SP
Química
dos MULTISETORIAL
industrial,
9
PREFEITURA
Porto Alegre/RS
Eletrônica e informática
PUC
Rio de Janeiro/RJ Informática
RITU
Belém, PA
Alimentos, química.
RITU
Santarém, PA
Móveis, Design
SOFTVALE
Santa Rita
Sapucaí/MG
SOFTVILLE
Florianópolis/SC
Informática/software
UNAMA
Belém, PA
Incubadora de negócios.
do Informática/software e eletrônica
OS PARQUES TECNOLÓGICOS
Os parques tecnológicos, conforme citado em LALKAKA (1990) e BAETA (1997), constituem
um espaço físico amplo com múltiplos edifícios, projetados para um conjunto de atividades
relacionadas à tecnologia. Geralmente incluem pesquisa científica, projeto e desenvolvimento,
fabricação de produtos especiais, apoio de serviços técnicos e estabelecem um modelo de
parques tecnológicos com quatro tipos de elementos: escola de empreendedores, centro de
inovação, unidades para empresas maiores e laboratórios de P&D.
No Brasil, os parques tecnológicos e incubadoras também vêm sendo considerados instrumentos
capazes de transformar idéias em negócios e o local ideal para o desempenho do
empreendedorismo. Dentro da Incubadora, as empresas nascentes encontram ambiente ideal
para o seu crescimento e desenvolvimento sendo que o tempo que permanecem incubadas é o
intervalo entre a idealização e a realização do negócio.
Conforme a International Association of Science Parks - IASP o conceito geral de parques
tecnológicos ou científicos é um espaço físico que:
•
mantém relações de cooperação com Universidades, Centros de Pesquisa e
outras instituições de ensino superior;
•
é concebido para fomentar a criação e o crescimento de empresas inovadoras
de base tecnológica e empresas do setor terciário de alto valor agregado;
•
dispõe de equipe de gestão permanente que participa ativamente no estímulo à
transferência de tecnologia e na geração de negócios para as empresas do
parque.
De acordo com a localização geográfica existem vários modelos instalados, os
principais são de parques tecnológicos localizados “numa área delimitada, com
os distritos industriais do paradigma passado, ou podem estar disseminados na
cidade, tendência que tem crescido nos últimos anos em decorrência de
limitações de recursos, da possibilidade de maior sinergia dos agentes de
inovação e da necessidade de evitar a degradação do tecido urbano”
(SPOLIDORO, 1997).
No que diz respeito aos resultados concretos, o papel dos parques e
empreendimentos implantados é : (MEDEIROS, 1996):
10
•
“facilitar a articulação entre as empresas e o setor educacionalcientífico-tecnológico”;
•
permitir repensar a questão urbana;
•
proporcionar a adoção de novas tecnologias;
•
melhorar o desempenho das empresas (levando ao aumento da qualidade
e competitividade);
•
proporcionar a redução de custos, decorrente de ações compartilhadas
entre as empresas;
•
estimular o associativismo e o empreendedorismo;
•
sintonizar as empresas com a chamada sociedade do conhecimento;
•
permitir uma melhor inserção das empresas no processo de globalização
da economia (tanto nos segmentos chamados de base tecnológica como
nos setores econômicos tradicionais)”.
Neste sentido, verifica-se a grande importância dos parques tecnológicos, por servir como
instrumento ou mecanismo para congregar empresas mais intensivas em ciência e tecnologia.
O parque tecnológico é também um espaço geográfico onde se concentram instituições de
pesquisa científica e tecnológica, convivendo com pequenas e médias empresas de base
tecnológica e, em alguns casos, com a presença dos departamentos de P&D das grandes
empresas de tecnologia de ponta. Junto com a convivência física entre pequenas empresas e
instituições de C&T, o parque tecnológico deve assegurar mecanismos autônomos e eficientes
que permitam, no mínimo, os seguintes elementos (ENRÍQUEZ, 2001):
•
cooperação entre instituições científicas, empresas e escolas técnicas na formação,
aperfeiçoamento e educação contínua de recursos humanos para a pesquisa científica e o
desenvolvimento tecnológico;
•
colaboração entre instituições científicas e empresas para a pesquisa científica e
desenvolvimento tecnológico, com especial atenção para a colaboração pré competitiva
entre empresas, de forma consorciada (propriedade comum de resultados);
•
apoio gerencial e técnico científico para empresas nascentes, em regime de "incubadora
de empresas";
•
apoio gerencial e técnico científico para a implantação de centros de P&D e de
industrialização de tecnologias avançadas em empresas associadas, residentes ou não;
•
captação de recursos financeiros públicos e privados (capital de risco, financiamentos,
contratos) e incentivos fiscais para a implantação e consolidação de atividades de P&D
nas empresas;
•
racionalização de investimentos, através da complementaridade e utilização
compartilhada das principais facilidades e recursos ou da elevada especialização, entre
instituições científicas e empresas.
•
promoção de intercâmbio e colaboração científica com outros centros, pólos e empresas
do Brasil e do exterior;
11
•
incentivo para a captação e absorção externa de tecnologias e ao estabelecimento de
"joint ventures" em torno de produtos, tecnologias e seu desenvolvimento cooperativo.
•
estabelecimento de núcleos de controle e certificação de qualidade de produtos, como
parte intrínseca de uma ação permanente de promoção da qualidade como base de
"marketing" de um conjunto de empresas de base tecnológica.
Os parques tecnológicos também funcionam como um espaço, onde :
•
eleva-se o relacionamento entre as indústrias e os centros de pesquisa e de ensino;
•
o capital de risco, como um dos fatores chaves para o êxito dos pólos, adquire grande
importância, já que os bancos geralmente não contam com linhas de crédito adequadas a
este tipo de iniciativa;
•
prevalece um novo conceito de empresa onde o risco é valorizado;
•
valoriza-se a existência de novos modelos de organização empresarial, sem burocracias,
com estruturas leves, espírito empreendedor, trabalho de equipe e ênfase especial ao
trabalho de marketing;
•
o fator ambiental é valorizado, destacando-se a volta as cidades pequenas e médias, a
qualidade de vida e a valorização do verde e da biodiversidade (ENRÍQUEZ, 2001).
CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS, OBJETIVOS E
GESTÃO DAS INCUBADORAS.
Para o ingresso em uma incubadora de base tecnológica, os empreendedores postulantes
devem participar de um processo de seleção com normas previamente estabelecidas e, em
muitos casos, através de um mecanismo de publicação de editais em jornais e revistas
especializadas e, em outros casos, por chamada contínua de projetos. Esses mecanismos têm
como propósito selecionar os melhores projetos, identificados com as reais potencialidades da
região ou localidade onde atuará a empresa e, também selecionar empreendimentos que
tenham capacidade de aumentar a interação da universidade e centros de pesquisa com o setor
produtivo e contribuir com o desenvolvimento tecnológico do País.
Os dados da Anprotec mostram que os critérios para a seleção dos empreendimentos
procuram mostrar as reais possibilidades das empresas conseguir sucesso no mercado, além
de revelar qual a capacidade de inovar dos empreendedores. Por outro lado, também é
importante o critério que identifica as potencialidades do empreendedor interagir com centros
de pesquisa e universidades. Pela ordem de importância a pesquisa agrupou os seguintes
critérios:
Ø Viabilidade econômica;
Ø Perfil dos empreendedores;
Ø Potencial interação com universidade e centros de pesquisa;
Ø Aplicação de novas tecnologias;
Ø Número de empregos criados
Ø Potencial para rápido crescimento
12
Os objetivos de uma incubadora encontram-se fortemente relacionados com a missão da
própria incubadora que em geral no Brasil foram identificados como sendo os mais
importantes:
Ø Incentivo ao empreendedorismo;
Ø Desenvolvimento econômico regional;
Ø Desenvolvimento tecnológico;
Ø Diversificação da economia regional;
Ø Geração de empregos;
Ø Lucro para a incubadora.
A infra-estrutura e os principais serviços oferecidos pelas incubadoras são:
Ø Orientação empresarial;
Ø Secretaria;
Ø Sala de reunião;
Ø Consultoria em Marketing;
Ø Consultoria financeira
Ø Suporte em informática;
Ø Apoio para a colaboração da universidade e centros de pesquisa;
Ø Suporte em informática;
Ø Apoio em propriedade industrial e assistência jurídica;
Ø Apoio para exportação;
Ø Auditório e biblioteca;
Ø Show-Room e restaurante;
Ø Laboratórios especializados.
Segundo a pesquisa anual da Anprotec a maioria do pessoal que administra a incubadora é
graduado e/ou pós-graduação: 49% possuem terceiro grau, 17% especialização em nível de
pós-graduação e 16% são mestres e doutores. O restante dos funcionários conta com segundo
grau (16%) e apenas 1% o primeiro grau. Em muitos casos são selecionados alunos bolsistas
financiados pelo CNPq que fazem estágios nas empresas incubadas.
Conforme o planejamento do tempo de incubação, as incubadoras são organizações que
abrigam empreendimentos nascentes, geralmente até três anos de existência, oriundos de
pesquisa científica, cujo projeto implica inovações. Tais organizações oferecem espaço, infraestrutura compartilhada e serviços subsidiados que favorecem o desenvolvimento de empresas e
de produtos ou processos de alto conteúdo científico-tecnológico.
Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, em 1998, 80% das empresas nascentes quebram
antes de completar dois anos de atuação no mercado. Alguns dos fatores mais importantes
para o fracasso empresarial prematuro das pequenas empresas, estão na falta de visão
empreendedora dos empresários, na falta de planejamento da preparação de um plano de
13
negócios que identifique os fatores de sucesso do futuro empreendimento e, principalmente na
falta de inovação tecnológica em produtos e/ou processos dos produtos que são colocados no
mercados. Dentro das incubadoras a situação se inverte, registrando-se sucesso em 80% das
empresas, após dois anos de existência.
O capital de risco é outro elemento fundamental para que a parceria em incubadoras possa se
desenvolver. Nas empresas de base tecnológica, como os riscos tendem a ser altos, o capital
se torna, em geral , um dos pontos críticos (MEIRELLES, 2000).
Uma parceria bem sucedida depende da disposição dos organismos envolvidos em dividir e
cumprir as metas programadas. Não há um padrão de comportamento entre as organizações
parceiras. O fato de a parceria envolver organizações tão diferentes constitui uma questão
determinante na análise da experiência. A título de exemplo, podem ser citados: a prefeitura,
com seus diferentes níveis organizacionais e interesses políticos locais; o estado, com interesse
político mais abrangente, em termos regionais, temáticos, e processos decisórios mais
complicados; e as entidades privadas, com processos decisórios simples e interesses políticos
e econômicos específicos (MEIRELLES, 2000).
Para garantir o sucesso das incubadoras, os governos devem formular políticas de apoio não
apenas a elas, mas à formação educacional e ao desenvolvimento de pequenas empresas. As
incubadoras têm lugar num contexto que resulta de diversas medidas políticas e por isso elas
desempenham um papel complementar ao desenvolvimento econômico.
O papel das incubadoras, como instrumento de política integradora, responde a um ambiente
caracterizado por um amplo conjunto de programas de suporte às pequenas e médias
empresas. As incubadoras se propõem a assegurar um mecanismo de rápido diagnóstico e
controle para o decréscimo da taxa de falências das empresas residentes, o que fortalece o
desenvolvimento regional.
A estrutura de parceria tem exigido das universidades e das empresas ultrapassar as fronteiras
tradicionais, desenvolvendo redes de comunicação que acabam por compatibilizar a pesquisa, o
ensino e o desenvolvimento econômico.
INCUBADORAS
DA
AMAZÔNIA
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
E
SUA
CONTRIBUIÇÃO
AO
Na Região Amazônica a realidade das incubadoras está mudando, em 2001 existem sete já
implantadas (Quadro 2) e oito em processo de implantação, que estarão operando até o final
do ano. Há dois anos atrás existia apenas uma incubadora no estado do Pará. A Região,também
já conta, com a Rede Amazônica de Incubadoras - RAMI, com representantes dos estados do
Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia Tocantins. Em meados da década de 90, quando foi
implantada a Incubadora da UFPA, contar com uma Rede de Incubadoras na Amazônia era
apenas um sonho.
Seguindo a tendência das outras incubadoras brasileiras, as incubadoras da Amazônia atuam nas
áreas de software, informática, eletroeletrônica, telecomunicações, agroindústria, biotecnologia
e, nos últimos três anos, novos nichos estão sendo difundidos nas áreas de: produtos naturais,
cosméticos, óleos essenciais e naturais e, fitofármacos ou fitoterápicos, design e móveis.
As parcerias estratégicas com Sebrae, FINEP, CNPq, CNI/IEL, Ministério da C&T, órgãos
estaduais de C&T e entidades privadas de ações empreendedoras capacitadas para o
14
desenvolvimento de tecnologias avançadas, formam o substrato para se pensar num crescimento
ainda maior desse movimento, nos próximos anos.
Quadro 2 - Incubadoras da Amazônia
NOME
CIDADE
ÁREA DE ATUAÇÀO
ANO DE
EMPRESAS
IMPLANTA
INCUBADAS
ÇÃO
CESUPA
Belém,
PA
Informática.
2000
CIDE
Manaus,
AM
Informática,
cosméticos,
1999
química e produtos naturais.
10
PIETEC/IEPA
Macapá,
AP
Alimentos,
cosméticos,
1997
óleos e produtos naturais.
5
Química
fina,
informática/software,
cosméticos,
óleos 1995
essenciais, fitoterápicos e
biotecnologia.
10
PIEBT/UFPA Belém/PA
5
RITU/UEPA
Belém, PA
Tecnologia de alimentos e
2000
design.
2
RITU/UEPA
Santarém,
PA
Design de móveis,
2001
2
UNAMA
Belém, PA
Incubadora de negócios.
2000
4
Com a implantação de novas incubadoras no Estado do Pará (CESUPA, UEPA e UNAMA)
estão-se abrindo novos nichos para produtos que, até então, eram pouco conhecidos e/ou
difundidos como produtos da amazônica brasileira. Basta olhar a pauta das exportações do Pará,
para constatar que até que empresas incubadas no começassem a produzir, em larga escala:
cosméticos, óleos naturais, chocolates com recheios de açaí, cupuaçu, castanha do Pará
e flocos torrados, ou produtos de “fronteira” como são os óleos bifásicos, e óleos em pó
de andiroba, destinados ao mercado internacional*, esses produtos estavam apenas nas
potencialidades do Estado e poucos acreditavam que eles pudessem estar presentes em
praticamente todos os aeroportos do Brasil ou em shoppings das principais cidades brasileiras,
através das franquias implantadas por uma empresa incubada.
As incubadoras recém implantadas no Pará já estão dando frutos concretos. Recentemente foi
inaugurada a incubadora do CESUPA, com instalações próprias e com seis empresas de
informática já em período de pré-incubação. Estas empresas estarão produzindo “soluções
gerenciais e de gestão tecnológica”, altamente atrativas para os mercados das regiões Norte e
Nordeste.
*
Duas empresas de uma Incubadora paraense já estão exportando para Estados Unidos, Europa e os mercados
da Ásia, os produtos são: óleos naturais e insumos para as indústrias de cosméticos e produtos finais óleo em
pó de andiroba e chocolates recheios .
15
Antes do CESUPA, já havia sido implantada a Rede de Incubadoras Tecnológicas – RITU, da
UEPA com incubadoras em Belém e Santarém que atuarão nas áreas de alimentos e de “design”
de móveis.
A UNAMA conta hoje com empresas incubadas que proverão capacitação na área de gestão
empresarial. É uma incubadora mais voltada para serviços do que produtos, no entanto o
diferencial dessa incubadora está no valor intangível que agrega aos empresários e empresas
incubadas.
Estas incubadoras, como parte dos chamados “arranjos produtivos locais” ou “sistemas locais
de inovação tecnológica”, não teriam sido viáveis se não contassem com as entidades parceiras,
aliadas a um intenso trabalho de articulação e difusão das incubadoras e apoiados pela Anprotec.
Além de gerar empregos e aumentar a distribuição da renda, as incubadoras geram um
importante “efeito demonstração” de que é possível consolidar um novo perfil de produtos
chamados “não tradicionais”. Apesar de ainda pouco expressivos na economia do Estado, os
produtos naturais mostram uma tendência crescente, que é similar à maioria dos países que conta
com uma biodiversidade abundante, como é o caso da Amazônia. Nestes países, os produtos
naturas já representam uma parcela importante das suas exportações e, no caso local, podem ser
um diferencial para o desenvolvimento do Estado.
O mercado mundial de fármacos, por exemplo, que têm como insumos plantas e produtos
naturais, apresenta uma tendência de crescimento constante há pelo menos duas décadas. A
difusão dos insumos naturais se deve ao menor custo frente aos produtos sintéticos e às melhores
possibilidades para seu aproveitamento a partir dos avanços tecnológicos já alcançados, além da
atual tendência de se voltar aos produtos naturais, pelos efeitos negativos dos produtos sintéticos.
Nos EUA 25% das prescrições médicas, nos últimos 20 anos, foram para remédios derivados
de plantas. Em 1990, no mercado dos países desenvolvidos, as vendas atingiram US$ 15,5
bilhões e ,em 1998, as vendas alcançaram US$ 50 bilhões. Os valores podem ser ainda maiores
se for incluída a economia informal de plantas medicinais.
A esses dados podem ser acrescidos aqueles relativos ao potencial de desenvolvimento de 375
novas drogas a partir da exploração das florestas tropicais com um valor estimado de US$ 147
bilhões.
Muito se discute sobre a importância das cadeias produtivas para atingir maior desenvolvimento
e melhorar a competitividade das empresas, bem como conseguir maior retorno social (emprego
e distribuição de renda). Nas incubadoras esse processo se dá e desde a origem, principalmente,
pelo valor agregado na inovação tecnológica que elas aportam. Como exemplo verifica-se que
qualquer um dos produtos extraído da biodiversidade e produzido nas incubadoras reúne as
condições de uma cadeia produtiva completa: das comunidades onde são extraídas as matériasprimas até o consumidor final, no mercado nacional ou internacional que utilizam óleos bifásicos
ou óleos em pó de sementes naturais, quando se fecha o círculo que vai conseguindo gerar
empregos distribuir renda, gerar melhores condições de vida para a sociedade, agregando
conhecimento científicos aos produtos. Esse importante papel das incubadoras está baseado na
transferência de tecnologia que elas são capazes de produzir, já que chave de uma cadeia
produtiva está no conhecimento tecnológico que possa ser incorporado aos produtos, em cada
uma de suas etapas. Esse é precisamente um dos mais importantes papéis das incubadoras de
empresas de base tecnológica.
16
ACONTRIBUIÇÃO DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS DAS INSTITUIÇÕES
DE ENSINO SUPERIOR PARA FUTURO DA INDUSTRIA NO PARÁ
Jair Galdino Cabral Costa
O panorama sócio econômico da região aponta a existência de significativa oportunidade para o
Estado do Pará tornar-se um dos vetores institucionais no processo de geração de emprego e
renda, em conseqüência contribuindo para o desenvolvimento da região e do país. Essa
oportunidade traduz-se em realidade a partir dos projetos implantados pelas Instituições de
Ensino Superior do Estado do Pará por meio da criação das incubadoras de empresas de base
tecnológica e gerencial que objetiva atender as necessidades identificadas no processo de
formação e capacitação de empreendedores visando a criação de novos negócios cujos
produtos e serviços agreguem tecnologia, com isso aumentando a capacidade de oferta para o
mercado interno e o nível de competição junto ao externo.
O movimento do empreendedorismo como proposta de desenvolvimento é uma realidade
facilmente constada nos estados da região sul e sudeste do Brasil, superando nos resultados
muitas das ações decorrentes das políticas de governo que são amplas, porem dispersivas pois
os recursos aplicados via de regra resultam em custos, não se consolidando como benefícios
permanentes, pois seu caráter é nitidamente de despesa e não de investimento, em conseqüência
gerando avaliações essencialmente quantitativas sem perspectiva qualitativa que viabilize a
continuidade do processo. Um exemplo é os programas de capacitação profissional que treina o
indivíduo não o fixando na atividade produtiva, gerando grandes estatísticas de indivíduos
treinados desempregados ou sem os meios de viabilizar de forma sistemática ações que os
conduzam a implantar um empreendimento sustentável, daí a importância do processo de
incubação de empresas.
Essa constatação pode ser feita em várias unidades da federação que se integraram ao
movimento em parceria com os programas de empreendedorismo implantados nas Instituições de
Ensino Superior com o incentivo e apoio do SEBRAE, IEL, FINEP e o CNPq em todo o Brasil
que comemoram grandes resultados obtidos em termos de oferta de empregos, geração de
renda, com significativa contribuição para a arrecadação tributária dos estados e municípios.
Os dados e informações a respeito das empresas graduadas nas incubadoras de empresas, e
que já se encontram competindo no mercado, confirmam que o processo de incubação é muito
mais eficaz do que aqueles que prescindem de uma orientação sistematizada para consolidar-se
no mercado. Segundo o relatório da ANPROTEC - Panorama 2000, na analise da pesquisa de
1999 aponta, aproximadamente 70% das incubadoras apresentam taxas de mortalidade
17
inferiores a 21%,. Os números são de extrema importância para a avaliação do movimento, eles
devem ser discutidos e aprofundados através de estudo especifico por todas as instituições
envolvidas nas ações de criação de novos empreendimentos.
Em contrapartida, como bem confirma a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, divulgada em fevereiro passado, constatou que o surgimento de pequenas
empresas ( fora do movimento de incubação) entre 96 e 98 ajudou a elevar em 12 % o número
de empresas formalmente constituída no país. Regionalmente o impulso na abertura de empresas
veio com mais força do Norte (25%) e do Nordeste (18.91%). O menor crescimento foi o do
Sudeste (8.6%), onde já está mais da metade do número de empresas de todo o país, sendo
30% em São Paulo. Por área de atuação, a variação no número de empresas de serviços
(21.71%) disparou na frente das demais. De acordo com o instituto, a mortalidade das empresas
tem girado em torno de 50% aproximadamente. Das novas empresas, 99% tinham até 20
pessoas empregadas, o que comprova que pequenas empresas são as que mais surgem no país.
O IBGE constatou ainda que, apesar da redução no número de empregados da indústria –
tendência dos anos 90 que começou a ser invertida no ano passado, o número de indústrias
cresceu (5.75%) entre 96 e 98.
Diante desse cenário, nosso entendimento é que o Brasil e em especial o Estado do Pará precisa
renovar suas estratégias em relação as formas de geração de trabalho, emprego e renda. As
fontes de apoio ao desenvolvimento, começam a reconhecer o imenso potencial criativo e
empreendedor instalado em nossas pequenas empresas que sobrevivem de forma reativa às
necessidades da sociedade em razão do contexto tributário e creditício brasileiro que limitam
suas ações empreendedoras que as conduzem a insolvência.
A estratégia inovadora é tornar grandes os pequenos, por meio de mecanismos de parceria,
cooperação e alianças, transformando suas aparentes fragilidades em potenciais forças
empreendedoras capazes de determinar resultados surpreendentes no segmento social e
econômico dos países. É uma forma inteligente de canalizar e gerir recursos para um mesmo
objetivo, evitando dispersão de esforços tão comuns nas políticas de apoio ao desenvolvimento,
neste particular a literatura aponta exemplos de sucesso centrados em processos de parcerias.
Os processos de parcerias são múltiplos, dentre os quais podemos referir dois, o da criação de
redes empresariais e das redes de incubadoras de empresas que encontram-se praticamente
instaladas regionalmente em todo o Brasil. Para tipificar as ações estratégicas decorrentes das
redes empresariais é só analisar os exemplos a seguir, um ocorrido no norte da Itália, como
revela a pesquisadora Jessica Lipnack , sobre o movimento iniciado na região de Emília –
Romanha. Durante os anos 70, aquela região estava na 18a colocação em termos de renda entre
as 21 regiões administrativas da Itália. Uma década depois, impulsionada pelo crescimento
consciente de suas pequenas empresas, tornou-se a segunda região mais rica do país. Sua taxa
de desemprego caiu efetivamente de 20% para zero ao longo do referido período.
O outro exemplo, da mesma política de incentivo de criação de redes empresariais, articulando
pequenos negócios, foi adotado com grande êxito na Dinamarca a partir de 1989, com um
programa de investimentos de 25 milhões de dólares. Em decorrência no ano de 1991 a
Dinamarca foi a única nação da Comunidade Econômica Européia que conseguiu obter saldo
positivo em sua balança comercial juntamente com a Alemanha. Os dados econômicos apontam
que este pequeno país iniciou a década de 90 com mais elevado saldo na balança per capita do
mundo, ultrapassando inclusive o Japão.
18
Sem nenhuma duvida devemos reconhecer as diferenças culturais da Itália e Dinamarca em
relação ao Brasil, mais não podemos ignorar os exemplos, dai a importância do Brasil
desenvolver um programa de empreendedorismo com responsabilidade social, pois só desta
forma se justifica o desenvolvimento econômico de um país, a questão que se coloca não e só de
inteligência mas fundamentalmente da ação para fazer acontecer. Não resta dúvida que deve
haver a necessária articulação entre objetivo e resultados do empreendimento fazendo constar
em todas sua etapas ações de responsabilidade social que projetem positivamente a imagem
institucional das empresas.
Em recente matéria publicada no jornal “ O Liberal” de Belém (PA), sobre os resultados da
pesquisa do IQV – Índice de Qualidade de Vida dos municípios do Pará, ficou demonstrando os
baixos índices qualidade de vida dos cidadãos em municípios com alto desenvolvimento
industrial, o que é um paradoxo, daí a necessidade de avaliar-se o nível de responsabilidade
social dos empreendimentos apoiados com verbas do governo.
No caso do Brasil temos o exemplo do governo do Rio Grande do Sul que encontrou uma forma
criativa de potencializar os empreendimentos com o Programa Empresas de Participação
Comunitária (EPC’s) - sociedades municipais que formam poupanças para investimento no
próprio município. Existem atualmente 80 municípios com EPC’s, totalizando 12 mil pequenos
investidores que em conjunto com técnicos especializados estudam alternativas de viabilização de
projetos que beneficiem todos os cidadãos sem a interveniência especulativa dos bancos, o fato
demonstra a capacidade de organização e mobilização dos cidadãos.
O mesmo poderia ter sido feito em relação ao processo de privatização das telecomunicações,
onde os cidadãos proprietários de ações ordinárias e preferenciais poderiam juntar suas
respectivas ações em Comunidades de Pequenos Acionistas(CPA’s) por distrito ou
municípios, para que unidos obtivessem representatividade nos ganhos e nas decisões
relacionadas com os resultados dos negócios oriundos da indústria das telecomunicações, um
dos mais rentáveis do mundo, ao contrário de venderem suas ações isoladamente ficando a
mercê dos especuladores bem mais articulados em seus propósitos (COSTA,1997).
Acreditamos que investir na criação de redes de pequenos empreendimentos traz retorno seguro
com a geração de postos de trabalho, aumento da renda e melhoria da qualidade de vida das
pessoas. Portanto estruturar e organizar pequenas empresa em alianças cooperativas por meio de
parcerias cria sinergia econômica e social sem nenhuma dúvida. Nesse sentido o modelo de
incubadoras de empresas apresenta o perfil adequado, pois trata-se de um empreendimento em
regime de condomínio com estrutura reduzida, baixo custo e ampla capacidade de alavancagem
de novos negócios. Em razão dessas possibilidades é hora das forças decisórias do Estado do
Pará – governo estadual, governos municipais, FIEPA, SEBRAE, IEL, associações e sindicatos
em conjunto com as instituições de Ensino Superior – definirem ações de cooperação e incentivo
integrando definitivamente os programas de empreendedorismo as políticas de governo. A
conseqüência do envolvimento dos decisores do segmento empresarial privado e das instituições
públicas no processo, amplia as possibilidades com a conseqüente e imediata criação do Parque
de Base Tecnológica do Estado do Pará como espaço de referência para abrigar os
empreendimentos oriundos do processo de incubação contribuindo para consolidação de novos
negócios.
Como registro desse momento identificamos algumas ações práticas em favor do movimento do
empreendedorismo no Brasil que tem o apoio dos governos dos municípios e dos estados do Rio
19
de Janeiro e São Paulo como na criação do Parque Tecnológico do Rio de Janeiro (RJ) e o
CIETEC/SP - Centro Incubador de Empresas Tecnológicas com área de 3.600 m2 para abrigar
78 novas empresas em regime de incubação resultantes das pesquisas desenvolvidas nas
Instituições de Ensino Superior e na comunidade em geral.
Dentro da perspectiva empreendedora os decisores devem atuar com uma visão de futuro mas
com ações voltadas para o presente. É com essa intenção que o projeto de Incubadoras de
Empresas das Instituições de Ensino Superior do Estado do Pará, se colocam à disposição dos
segmentos responsáveis pelas políticas de desenvolvimento para estabelecer alianças e parcerias
de forma a contribuir para construção de uma sociedade mais justa, onde emprego e renda
ampliem a geração de tributos com sua justa aplicação, e que o resultado desse esforço coletivo
seja em benefício de toda a sociedade.
CONCLUSÕES
Sabe-se ao tentar criar ou modernizar empresas, o grande desafio social e político do país é criar
empreendedores capacitados a desenvolver e iniciar empresas, daí o papel fundamental das
incubadoras que, além de contribuir para a criação e desenvolvimento tecnológico, formam e
elevam a massa crítica de empreendedores.
A grande aposta para o futuro do Brasil é a gestação de um grande capital humano
empreendedor. Os países que contam com capital humano progridem rápido, inovam e criam
bem-estar social. Nesse sentido, o dever do governo é dispor das melhores condições e
incentivos para que esta capacidade empreendedora se propague.
As incubadoras e as pequenas empresas não são uma carga para o governo e sim um berço de
empreendedores. Para conseguir esse crescimento empreendedor o Estado e a sociedade devem
arriscar. Não há empreendedores de sucesso se não há risco. Alguns terão sucesso e outros
fracassarão. Não há sucesso sem fracasso. O apoio dado às pequenas empresas pelas
incubadoras é de extrema importância uma vez que proporciona um aumento significativo na taxa
de sucesso dos empreendimentos.
Em uma economia global, o veloz avanço tecnológico e a conseqüente mudança na estrutura
produtiva, se expressam através da criação de novas empresas que desenvolvem novos
processos, produtos e serviços. As empresas pré-existentes, mais cedo ou mais tarde, acabam
incorporando essa nova tecnologia aos produtos e serviços clássicos. Portanto, para manter e
não ficar atrás do processo de desenvolvimento econômico, o Estado do Para e o Brasil devem
promover aações propíciem a cria;áo de novas empresas e modernizar as já existentes.
O país que melhor se adapte à economia global ou aquele que dê respostas mais rápidas aos
processos da economia global, será o mais competitivo, e essa qualidade requer um forte
estímulo para a inovação nas empresas existentes e criação massiva de novas empresas afinadas
à nova dinâmica tecnológica. Nos dias atuais, ainda subsiste, em amplos setores da comunidade,
a visão de que a pequena empresa é um organismo de segunda classe, necessária, porém pouco
eficaz.
Muitos afirmam que o moderno está na média e na grande empresa, uma vez que elas possuem
os recursos tecnológicos, humanos e financeiros, justificando que é aí que o Governo deve
concentrar seus esforços para modernizar o país. Grande erro, há que se mudar a concepção
predominante e, inclusive, a própria visão que os pequenos empresários têm de si próprios. A
20
pequena empresa não é ineficaz porque não chegou a ser grande. A pequena empresa é eficaz
por seu próprio tamanho para enfrentar situações de mudanças e mercados cada vez mais
diferenciados e localizados. A maior demonstração é que 90% do número total de empresas, nos
países desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos, são as pequena empresas. As pequenas
empresas são, portanto, parte insubstituível da estrutura produtiva e devem expandir sua
qualidade e ser apoiada por seus próprios méritos, enquanto empresa pequena e inovadora.
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