XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. PERFIL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS BRASILEIRAS Fabiano Maury Raupp (UDESC) [email protected] O artigo teve como objetivo delinear um perfil das incubadoras de empresas brasileiras. Fez-se uma pesquisa descritiva, realizada por meio de um estudo de levantamento, com abordagem quantiqualitativa. Na coleta de dados foi utilizada a téécnica de questionários, com perguntas abertas e fechadas, enviado por correio eletrônico e aplicados aos coordenadores das incubadoras. Os questionários foram enviados durante os meses de outubro e novembro de 2010. Obteve-se um retorno de 108 incubadoras, representando 30,08% da população. Os dados obtidos por meio dos questionários foram estudados pelos métodos da análise de conteúdo e análise descritiva. Quanto aos objetivos das incubadoras, de maneira geral, consistem em oferecer às empresas incubadas condições para aumentar suas chances de sucesso, bem como introduzir novas empresas no contexto sócio-cultural local. Nas incubadoras pesquisadas, a tipologia que apresenta maior número é a de base tradicional. Na sequência aparecem as incubadoras de base tecnológica e as incubadoras mistas. Tais incubadoras, em conjunto, abrigam 632 empresas. Entre as empresas incubadas, 390 são de base tecnológica, 114 tradicionais e 128 mistas. Das 283 empresas incubadas, observa-se que 165 estão na fase de crescimento. Observou-se que os critérios mais utilizados pelas incubadoras brasileiras no recrutamento e seleção de empresas são viabilidade do negócio, característica inovadora do produto, tecnologia do produto, perfil empreendedor, setor de atuação do empreendimento, e experiência do empreendedor no setor em que pretende atuar. Palavras-chaves: Perfil, Incubadoras, Empresas Incubadas XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1. Introdução Um dos mecanismos utilizados para a redução da instabilidade que micro e pequenas empresas estão buscando para atuar no mercado é o de se instalar em incubadoras de empresas. As incubadoras procuram promover essa redução ajudando-as se preparar melhor por meio do suporte administrativo, financeiro e de estrutura, que é disponibilizado às empresas incubadas durante o processo de incubação. Em sentido amplo, as incubadoras podem ser consideradas organizações que envolvem um complexo sistema, denominado processo de incubação, cujas inter-relações entre seus subsistemas criam sinergia entre eles, promovendo o crescimento da empresa incubada. Em sentido restrito, as incubadoras podem ser visualizadas como um mecanismo que possibilita crescimento estável de micro e pequenas empresas, através da disponibilização de um conjunto de suportes. Estes suportes, por sua vez, contribuem para potencializar características empreendedoras nas empresas incubadas. Apoiado nestas premissas percebe-se a crescente importância das incubadoras no desenvolvimento regional e nacional, subsidiando, principalmente, o nascimento e parte do crescimento de micro e pequenas empresas. As incubadoras de empresas oferecem a oportunidade de subsidiar o desenvolvimento de novos empreendimentos, através de instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturadas para facilitar o crescimento do negócio. Proporcionam relações com diversos órgãos de apoio, sejam eles relacionados ao financiamento do negócio ou centros de pesquisa que auxiliam no desenvolvimento do produto. O objetivo do artigo é delinear um perfil das incubadoras de empresas brasileiras. Inicialmente fez-se uma breve incursão no corpo teórico entendido como necessário para o enquadramento do objeto empírico em observação. Em seguida descreve-se o método de pesquisa. Na sequência procede-se à descrição e análise dos dados coletados. Por fim, apresentam-se as considerações finais. 2. Fundamentos teóricos 2.1 Definição de incubadora As incubadoras de empresas constituem-se em um espaço no qual é disponibilizado às unidades de negócios, nelas instaladas, um conjunto de instrumentos e políticas que visam auxiliar o seu desenvolvimento. Medeiros (1998) salienta que a incubadora – no seu sentido original – é um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturado para estimular e facilitar: a vinculação empresa-universidade (e outras instituições acadêmicas); o fortalecimento das empresas e o aumento de seu entrosamento; e o aumento da vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio (além das instituições de pesquisa, prefeituras, agências de fomento e financiamento – governamentais e privadas – instituições de apoio às micro e pequenas empresas – como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Brasil – e outras. Aiub e Allegretti (1998, p.91) definem as incubadoras de empresas como um “empreendimento que visa abrigar empresas, oferecendo a elas espaço físico, infra-estrutura, recursos humanos e serviços especializados”. Explicitam que, normalmente, variam de 300 a 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1000 metros quadrados de área construída, onde podem ser abrigadas em torno de 10 empresas, em salas de 20 a 60 metros quadrados e infra-estrutura compartilhada. Segundo a National Business Incubation Association – NBIA (http://www.nbia.org), a incubadora de negócios é um processo dinâmico de desenvolvimento de empresas de negócios. As incubadoras ajudam as novas empresas a sobreviver e crescer durante o período inicial em que são mais vulneráveis. As incubadoras fornecem auxílio de gerência, financiamento e serviços de sustentação técnica. Oferece também serviços compartilhados de escritório, acesso a equipamentos, aluguéis e espaço flexíveis. As incubadoras, conforme Hackett e Dilts (2004) são espaços compartilhados que proporcionam às novas empresas recursos tecnológicos e organizacionais; sistemas que criam valor agregado; monitoramento e ajuda empresarial, com o objetivo de facilitar o sucesso dos novos empreendimentos, reduzindo ou eliminando o custo de potenciais falhas que se apresentam na criação do negócio e que são controladas no período de incubação. Os novos empreendimentos recebem apoio do governo, comunidades locais e investidores privados, com o intuito de superar determinadas dificuldades iniciais, tendo uma perspectiva de sucesso. Para a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores Tecnologias Avançadas – ANPROTEC (http://www.anprotec.org.br) uma incubadora de empresas é um ambiente flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o surgimento e crescimento de novos empreendimentos. Além da assessoria na gestão técnica e empresarial da empresa, a incubadora oferece a infra-estrutura e serviços compartilhados necessários para o desenvolvimento do novo negócio, como espaço físico, salas de reunião, telefone, fax, acesso à Internet, suporte em informática, entre outros. Desta forma, as incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais, universidades, associações empresariais e fundações, são catalizadoras do processo de desenvolvimento e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo. 2.2 Características das incubadoras Amato Neto (2000) comenta que, sob uma perspectiva mais ampla, a missão das incubadoras é a de fornecer serviços e recursos, em termos de profissionais competentes, instalações adequadas e infra-estrutura administrativa e operacional à disposição das empresas incubadas. Ao prover instalações físicas adequadas e de qualidade, com serviços de apoio compartilhados e com aconselhamento sobre o funcionamento do mercado, sobre tecnologias e seus aspectos, e sobre viabilidade de apoio financeiro, as incubadoras buscam explorar e potencializar os recursos existentes. Elas procuram, ainda, criar um ambiente favorável ao surgimento e fortalecimento de novos empreendimentos, ou seja, objetivam tornar as suas incubadas em empresas graduadas bem sucedidas (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2005). Dornelas (2008) menciona que o principal objetivo de uma incubadora deve ser a produção de empresas de sucesso, em constante desenvolvimento, financeiramente viáveis e competitivas em seu mercado, mesmo após deixarem a incubadora, geralmente em um prazo de três a quatro anos. Ou seja, todo empreendedor e sua empresa passa por um processo de seleção para serem admitidos em uma incubadora, devendo apresentar, entre outros elementos, um plano de negócios de seu empreendimento. As incubadoras podem apresentar problemas tanto de ordem administrativa, quanto 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. relativos à infra-estrutura física e operacional, como de ordem financeira. Leite (2002) explicita que as dificuldades enfrentadas pelos incubados, em todo o mundo, são muito semelhantes: incapacidade de previsão da necessidade de espaço necessário para a instalação da empresa; falta de capital de giro; burocracia; falta de apoio e serviços. Os serviços oferecidos pelas incubadoras são algumas vezes limitados pelo volume de recursos que seus gestores dispõem. Medeiros e Atas (1995) lembram que a redução destes tipos de problemas poderá ser obtida mediante o atendimento de alguns requisitos antes mesmo que a incubadora seja constituída. Os requisitos que precedem a instalação de uma incubadora dividem-se em requisitos mínimos, recomendáveis e desejáveis: requisitos mínimos: existência de empreendedores interessados; viabilidade técnica e comercial das propostas; parceiros comprometidos com o empreendimento; e apoio político à incubadora e disponibilidade de laboratórios e de recursos humanos; requisitos recomendáveis: espaço físico adequado; existência de incentivos e de linhas de financiamento apropriadas; e gestão da incubadora a cargo do setor privado e participação governamental minoritária e decrescente; requisitos desejáveis: clima favorável e personificação de projetos; localização da incubadora nas instalações de instituições de ensino e pesquisa ou imediações; e tradição na geração de empresas de base tecnológica (os dois últimos não se aplicam às incubadoras mistas). Apesar da perceptível interdependência entre os requisitos evidenciados, o desenvolvimento dos requisitos desejáveis pressupõe a existência dos requisitos mínimos e recomendáveis. O desenvolvimento dos requisitos recomendáveis pressupõe apenas a existência dos requisitos mínimos. Os requisitos mínimos, por serem básicos, não pressupõem a existência de outros. 3. Método No tocante à tipologia relacionada aos objetivos, esta pesquisa consiste de um estudo do tipo descritivo. De acordo com Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. No que concerne aos procedimentos, refere-se a uma pesquisa do tipo levantamento ou survey. Segundo Gil (1999), as pesquisas de levantamento se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Tripodi, Fellin e Meyer (1981, p.39) entendem que “pesquisas que procuram descrever com exatidão algumas características de populações designadas são tipicamente representadas por estudos de survey”. Quanto à abordagem do problema, o estudo utilizou-se da abordagem quantiqualitativa. Richardson (1999) afirma que a diferença entre a abordagem qualitativa e quantitativa está no emprego de quantificação tanto nas modalidades de coletas de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, pela abordagem quantitativa. O objeto de análise do estudo é organizacional, contemplando uma população de 359 incubadoras de empresas brasileiras. Devido à impossibilidade de analisar todas as incubadoras optou-se por selecionar uma amostra não-probabilística. Martins (2000) explicita que a amostragem não-probabilística ocorre quando há uma escolha deliberada dos elementos 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. da amostra. Em meio aos tipos de amostragens não-probabilísticas, optou-se pela amostragem por acessibilidade ou conveniência. Na amostragem por acessibilidade, segundo Gil (1999), o pesquisador obtém os elementos a que tem maior facilidade de acesso, admitindo que eles possam efetivamente representar de forma adequada a população. Assim, obteve-se um retorno de 108 incubadoras, representando 30,08% da população. Na coleta de dados foi utilizada a técnica de questionários, com perguntas abertas e fechadas, enviados por correio eletrônico e aplicados aos coordenadores das incubadoras. Os questionários foram enviados durante os mêses de outubro e novembro de 2011. Os dados obtidos por meio dos questionários foram estudados pelos métodos da análise de conteúdo e análise descritiva. 4. Perfil dos respondentes Nesta seção apresentam-se características relacionadas à formação acadêmica dos coordenadores das incubadoras brasileiras pesquisadas. Para tanto, caracteriza-se a existência ou não de formação acadêmica dos coordenadores, o tipo de formação acadêmica em nível de graduação e em nível de pós-graduação. A tabela 1 apresenta a formação acadêmica dos coordenadores das incubadoras brasileiras pesquisadas. Formação Acadêmica Não tem graduação Possui graduação Possui pós-graduação Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência n.º 22 54 32 108 % 20,37 50,00 29,63 100,00 Tabela 1 – Formação acadêmica dos coordenadores das incubadoras investigadas Verifica-se que 29,63% dos coordenadores das incubadoras estudadas possuem pósgraduação. Em seguida, com 50,00%, estão os coordenadores que só tem graduação e, com 20,37%, os coordenadores que não tem graduação. Além da formação acadêmica, investigouse o tipo de graduação e pós-graduação destes coordenadores. Na tabela 2 mostra-se o tipo de graduação indicado pelos coordenadores das incubadoras que informaram possuir graduação. Tipo de Graduação Administração Ciências Contábeis Matemática Biblioteconomia Relações Públicas Engenharia Agrônoma Engenharia Mecânica Design de Produto Biologia Publicidade Engenharia Eletrônica Total Frequência n.º % 44 51,16 15 17,44 7 8,14 4 4,65 3 3,48 3 3,48 2 2,33 2 2,33 2 2,33 2 2,33 2 2,33 86 100,00 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Fonte: Dados da pesquisa (2011) Tabela 2 – Tipo de formação acadêmica em nível de graduação Observa-se que o curso de Administração apresenta a maior freqüência, com 51,16% dos coordenadores que possuem formação acadêmica em nível de graduação. Na seqüência estão os cursos de Ciências Contábeis e Matemática, com 17,44% e 8,14% respectivamente dos respondentes. Os demais respondentes distribuem-se entre os cursos de Biblioteconomia, Relações Públicas, Engenharia Agrônoma, Engenharia Mecânica, Design de Produto, Biologia, Publicidade, Engenharia Eletrônica. Vale destacar que os coordenadores que informaram possuir pós-graduação necessariamente possuem algum tipo de graduação. Na tabela 3 evidencia-se o tipo de curso de pós-graduação realizado pelos respondentes. Pós-graduação Administração Marketing Contabilidade Informática Gestão Ambiental Consultoria Empresarial/Inovação Tecnológica e Qualidade Comunicação Digital Engenharia de Produção Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência n.º 22 4 1 1 1 1 1 1 32 % 68,72 12,50 3,13 3,13 3,13 3,13 3,13 3,13 100,00 Tabela 3 – Curso de pós-graduação dos coordenadores Entre os coordenadores que possuem curso de pós-graduação, 68,72% realizaram-no em Administração. Em segundo lugar aparece Marketing com 12,50%. Desse modo, identificouse o perfil das incubadoras brasileiras pesquisadas, sob diferentes aspectos, bem como o perfil acadêmico de seus coordenadores. Todavia, é importante verificar os requisitos necessários para a instalação de empreendimentos nestas incubadoras. 5. Perfil das incubadoras pesquisadas O estudo do perfil das incubadoras de empresas brasileiras tem como aspectos investigados: localização das incubadoras, características da constituição das incubadoras, objetivos das incubadoras, ramo de atuação das incubadoras, estágio de desenvolvimento das empresas incubadas e requisitos para instalação de empreendimentos nas incubadoras. 5.1 Localização das incubadoras As incubadoras de empresas são importantes tanto para o desenvolvimento das empresas incubadas quanto para o crescimento do Estado em que se encontram. Além de fortalecer a economia local, por meio da projeção no mercado de empresas melhor preparadas, contribuem gerando emprego e renda para a população. As incubadoras de empresas brasileiras estão localizadas em quase todos os Estados brasileiros: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Entretanto, não houve possibilidade de estudar todas as incubadoras, concentrando-se a análise, portanto, apenas nos dados da amostra investigada. A distribuição, por Estado, das incubadoras brasileiras e das incubadoras estudadas é apresentada na tabela 4. Estado Alagoas Bahia Distrito Federal Minas Gerais Pará Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Santa Catarina São Paulo Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência n.º % 2 1,85 3 2,78 2 1,85 19 17,59 2 1,85 13 12,04 1 0,93 1 0,93 6 5,56 3 2,78 17 15,74 13 12,04 26 24,06 108 100,00 Tabela 4 – Dstribuição das incubadoras por Estado Observa-se uma maior concentração de incubadoras objeto de estudo no Estado de São Paulo, com 26 incubadoras, seguido do Estado de Minas Gerais com 19, Rio Grande do Sul com 17, Paraná e Santa Catarina com 13 cada um. As demais incubadoras encontram-se distribuídas em outros Estados, mas com menor representação numérica. Com base na distribuição por Estado fez-se também a distribuição das incubadoras por região brasileira, sendo elas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A localização das incubadoras por região é demonstrada na tabela 5. Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência n.º % 2 1,85 10 9,26 2 1,85 51 47,22 43 39,82 108 100,00 Tabela 5 – Localização das incubadoras por região brasileira Como conseqüência da concentração de incubadoras nos Estados já mencionados, as regiões com maior representatividade em número de incubadoras investigadas são a Região Sudeste, com 51, e a Região Sul, com 43. Apresentam números menores a Região Nordeste, com 10, Centro-Oeste, com 2, e Norte, com 2. 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 5.2 Características da constituição das incubadoras Nos projetos de constituição de uma incubadora, mesmo sendo este de iniciativa de apenas um órgão, atuam várias parcerias. Nas incubadoras estudadas, as instituições e órgãos governamentais mais citados como parceiros na constituição foram: Governo do Estado, Prefeitura Municipal, Universidades, Federação das Indústrias do Estado, Associações Comerciais, Bancos de Desenvolvimento, SEBRAE, ANPROTEC, IEL e CNPq. Como aspectos considerados facilitadores na constituição da incubadora, foram destacados pelos coordenadores: iniciativa da universidade, proximidade de centros de pesquisa e universidades, apoio obtido por meio de parcerias, foco no segmento de mercado e espírito empreendedor das pessoas envolvidas na constituição. Por outro lado, como aspectos dificultadores relacionados à constituição da incubadora foram mencionados: escassez de recursos financeiros, falta de estrutura física, ausência de pessoal qualificado para atuar na incubadora, dificuldade de envolver os professores da universidade, pioneirismo desta iniciativa no Estado, risco de rompimento de parceiros, entre outros. Depois de constituídas, as incubadoras podem ter sua administração vinculada aos organismos que participaram de sua constituição ou ter uma administração própria. Na tabela 6 apresentam-se os responsáveis pela administração das incubadoras. Administração das Incubadoras Universidade Própria Federação da Indústria Prefeitura Outros Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência n.º 51 28 19 6 4 108 % 47,22 25,93 17,59 5,56 3,70 100,00 Tabela 6 – Responsáveis pela administração das icubadoras pesquisadas Verifica-se que 47,22% das incubadoras são administradas por universidades e 25,93% possuem administração própria. Na seqüência, 17,59% são administradas pela Federação da Indústria do Estado em que estão situadas; 5,56% são administradas pela Prefeitura; e 3,70% possuem outros responsáveis pela administração, como empresas terceirizadas, governo estadual, entre outros. 5.3 Ramo de atuação das incubadoras As tipologias de incubadoras mais comuns no Brasil, conforme dados levantados na pesquisa, são incubadoras de empresas de base tecnológica, incubadoras de empresas de setores tradicionais e incubadoras mistas. Atualmente estão surgindo outros tipos de incubadoras, conforme as necessidades específicas de cada região, como: agroindustrial, cultural, artes, cooperativa, setorial, social, virtual. Na amostra pesquisada há incubadoras de base tecnológica, tradicionais e mistas. Na tabela 7 demonstra-se os números de cada tipologia de incubadora, por região. Região Tipologia De Incubadora 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Base tecnológica n.º % 0 0,00 3 6,12 1 2,04 25 51,02 20 40,82 49 100,00 Tradicional n.º % 1 2,00 2 4,00 1 2,00 25 50,00 21 42,00 50 100,00 Mista n.º 1 5 0 1 2 9 % 11,11 55,56 0,00 11,11 22,22 100,00 Tabela 7 – Ramo de atuação das incubadoras estudadas por região brasileira Nas incubadoras pesquisadas, a tipologia que apresenta maior número é a de base tradicional, com 50 incubadoras. Estas estão assim distribuídas, 50,00% na Região Sudeste, 42,00% na Região Sul, 4,00% na Região Nordeste, 2,00% na Região Centro-Oeste e 2,00% na Região Norte. As incubadoras de base tecnológica, em número de 49, estão localizadas na Região Sudeste e Sul, com 25 e 20 respectivamente, 3 na Região Nordeste e 1 na Região CentroOeste. Entre as incubadoras mistas, 5 estão localizadas na Região Nordeste, 2 na Região Sul, 1 na Região Sudeste e 1 na Região Norte. 5.4 Estágio de desenvolvimento das empresas incubadas O ciclo de vida das empresas incubadas inicia-se com a sua seleção para ingressar na incubadora e termina com a sua graduação, período em que a empresa é considerada apta para atuar sozinha no mercado. O tempo de permanência da empresa na incubadora é dividido em etapas, denominadas fases do processo de incubação. A tabela 8 mostra a quantidade de empresas em cada fase do processo de incubação. Fases do Processo de Incubação Seleção Implantação Desenvolvimento Crescimento Liberação Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Base tecnológica n.º % 12 3,08 56 14,36 79 20,26 209 53,59 34 8,71 390 100,00 Tipologia de Incubadora Tradicional n.º % 32 28,07 21 18,42 22 19,3 26 22,81 13 11,40 114 100,00 Mista n.º 34 22 19 48 5 128 % 26,56 17,19 14,84 37,50 3,91 100,00 Tabela 8 – Estágio de desenvolvimento das empresas incubadas As incubadoras pesquisadas, em conjunto, abrigam 632 empresas. Entre as empresas incubadas, 390 são de base tecnológica, 114 tradicionais e 128 mistas. Das 283 empresas incubadas, observa-se que 165 estão na fase de crescimento, bastando apenas passar pela fase de liberação, para concluir as fases do processo de incubação. 5.5 Requisitos para instalação de empreendimentos Cumprir os requisitos necessários para a instalação de empreendimentos nas incubadoras é um dos primeiros desafios aos empreendedores que buscam no processo de 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. incubação o suporte necessário para o crescimento do negócio. Na tabela 9 apresentam-se os fatores que são analisados na seleção de empresas para incubação pelas incubadoras. Fatores Analisados Viabilidade do negócio Características inovadoras do produto Tecnologia do produto Perfil do empreendedor Setor de atuação do empreendimento Experiência do empreendedor no setor de atuação Geração de emprego Processo de produção não-poluente Idoneidade comercial e pessoal do proponente Importância da empresa no apoio às empresas já instaladas Possibilidade de interação com a universidade Retorno financeiro do empreendimento Outros fatores Total Fonte: Dados da pesquisa (2011) Frequência N.º 43 22 22 21 12 10 9 6 4 3 3 3 8 166 % 25,90 13,25 13,25 12,65 7,23 6,02 5,42 3,61 2,41 1,81 1,81 1,81 4,83 100,00 Tabela 9 – Fatores analisados na seleção de empresas candidatas ao processo de incubação O número de indicações evidenciado é superior a amostra, uma vez que a incubadora pode considerar mais de um fator no processo de seleção. Observa-se que viabilidade do negócio é o fator com maior freqüência, apresentando 25,90% de indicação pelos respondentes. Contudo, não foi objeto deste estudo verificar quais critérios as incubadoras utilizam no processo de análise de viabilidade do negócio. Na seqüência, estão características inovadoras do produto e tecnologia do produto, ambos com 13,25%. Seguem-se perfil do empreendedor, com 12,65%; setor de atuação do empreendimento, com 8,16%; experiência do empreendedor no setor de atuação, com 7,23%. Em proporções menores estão os demais fatores considerados. O item outros fatores contempla os seguintes critérios: adequação do empreendimento aos objetivos da incubadora, capacidade do empreendedor em assumir riscos, possibilidade de divulgação do nome da incubadora no produto, sinergia da equipe, compatibilidade dos recursos a serem aplicados em relação ao negócio, autonomia gerencial, equipe técnica envolvida. Depois de analisar os fatores preconizados na fase de seleção é que as incubadoras decidem pelo ingresso ou não do empreendimento no processo de incubação. Os critérios identificados são também destacados por autores abordados na fundamentação teórica, como Medeiros e Atas (1995), Aiub e Allegretti (1998) e Leite (2002). 6. Conclusões O artigo teve como objetivo delinear um perfil das incubadoras de empresas brasileiras. O delineamento proposto contemplou os seguintes aspectos: localização das incubadoras, características da constituição das incubadoras, objetivos das incubadoras, ramo de atuação das incubadoras, estágio de desenvolvimento das empresas incubadas e requisitos para instalação de empreendimentos nas incubadoras. 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Nas incubadoras investigadas diversos aspectos contribuíram para a constituição das incubadoras, destacando-se como principais: projeto de extensão de universidades, projeto de associações comerciais em parceria com o SEBRAE do respectivo Estado, iniciativa do governo estadual, parcerias firmadas entre instituições, iniciativa de agências de desenvolvimento, e projetos de prefeituras com o apoio da outros órgãos. Quanto aos objetivos das incubadoras, de maneira geral, consistem em oferecer às empresas incubadas condições para aumentar suas chances de sucesso, bem como introduzir novas empresas no contexto sócio-cultural local. Buscam, ainda, desenvolver empresas competitivas, gerar novos empregos, formar empreendedores sintonizados com as exigências de competitividade de uma economia global. Nas incubadoras pesquisadas, a tipologia que apresenta maior número é a de base tradicional, com 50 incubadoras. Na sequência aparecem as incubadoras de base tecnológica e as incubadoras mistas. Tais incubadoras, em conjunto, abrigam 632 empresas. Entre as empresas incubadas, 390 são de base tecnológica, 114 tradicionais e 128 mistas. Das 283 empresas incubadas, observa-se que 165 estão na fase de crescimento. Observou-se que os critérios mais utilizados pelas incubadoras brasileiras no recrutamento e seleção de empresas são viabilidade do negócio, característica inovadora do produto, tecnologia do produto, perfil empreendedor, setor de atuação do empreendimento, e experiência do empreendedor no setor em que pretende atuar. Alguns destes critérios obtiveram elevados graus de importância, na média, por meio de notas atribuídas pelos respondentes. Referências AIUB, George Wilson; ALLEGRETTI, Rogério Della Fávera. Planejamento: orientação estratégica para análise de viabilidade e estruturação de incubadoras de empresas. Porto Alegre: SEBRAE, 1998. AMATO NETO, João. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para as pequenas e médias empresas. 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