CURRÍCULO EM AÇÃO PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE MARINGÁ: LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS, GEOGRAFIA E HISTÓRIA Leiza Burko (PIC-UEM/voluntário), Mayara Oliveira Gonçalves (PICUEM/voluntário) (co-autor), Maria Terezinha Bellanda Galuch (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Teoria e Prática, PR Ciências Humanas – Educação. Palavras-chave: Currículo. Livro didático. Ensino fundamental. Resumo: Em educação, currículo diz respeito, também, às orientações contidas em documentos oficiais que delineiam os parâmetros para um nível de ensino. No Brasil, a partir da década de 1990, o Ministério da Educação lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais para que, apesar das especificidades locais e regionais, as escolas pudessem garantir certa unidade no ensino que desenvolvem. Todavia, o currículo prescrito pode não revelar o que se efetiva na prática pedagógica, ou seja, pode não corresponder ao currículo em ação. Com este projeto pretende-se compreender o currículo que se efetiva nas primeiras séries do ensino fundamental, nas escolas públicas municipais do Núcleo Regional de Educação de Maringá, nas áreas de ciências, geografia e história, mediante o levantamento dos livros didáticos adotados, bem como dos projetos educacionais alternativos e apostilas adquiridos de sistemas e redes privadas de ensino. Para a realização desta pesquisa foram coletados dados junto a 71 escolas de 10, dos 25 municípios que pertencem ao Núcleo Regional de Educação de Maringá. Os dados revelam que apesar de as escolas terem Projetos Político-pedagógicos próprios e de não haver obrigatoriedade de seguirem os Parâmetros Curriculares Nacionais, o currículo em ação das escolas se assemelham, pelo fato de adotarem os mesmos livros didáticos. Introdução No Brasil, a partir da década de 1990, o Ministério da Educação lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais para que, apesar das especificidades locais e regionais, fosse garantida certa unidade no currículo que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio desenvolvem. Este documento apresenta os objetivos da educação básica, alinhando-se à Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Apesar de haver este documento com orientações comuns para as escolas de todo o país, as escolas são autônomas para definirem os seus currículos. Todavia, o fato de existir um currículo prescrito ou, por outro lado, o fato de as escolas terem autonomia para definirem propostas curriculares próprias não é garantia de que tanto uma coisa como a outra aconteça. O currículo prescrito por propostas governamentais ou pelos Projetos Pedagógicos elaborados pela escola pode não revelar o que se efetiva na prática pedagógica, ou seja, pode não corresponder ao currículo em ação. Em sua análise, Sacristán (2000) demonstra que o currículo articula a relação entre a teoria e a prática, na qual a ação docente é constante na produção das aulas, sendo o professor o mediador, o articulador do conhecimento. Portanto, uma Secretaria Municipal de Educação pode ter uma proposta curricular, no entanto a ação docente realizada nas suas escolas pode não corresponder àquilo que está definido em sua proposta. Muitas vezes, a escola pode ter um currículo a ser seguido, no entanto o que acaba, de fato, definindo o que e como se ensina são os livros didáticos e os projetos desenvolvidos. Essa reflexão nos leva às seguintes questões: de 1ª à 4ª série, que livros didáticos de ciências, geografia e história são adotados nas escolas públicas municipais do Núcleo Regional de Educação de Maringá? Como é feita a escolha desse material? São adotados materiais alternativos? Materiais e métodos Para o desenvolvimento deste projeto, inicialmente realizamos um estudo teórico de obras como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), do Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, conhecido como Relatório Jacques Delors (Delors, 1999), das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, do Plano Nacional do Livro Didático (BRASIL, 2010a), do Guia do Livro Didático (BRASIL, 2010b) bem como de autores que desenvolvem pesquisas na área de currículo, tais como Gimeno Sacristán (2000), Bobbitt (2010), Tyler (2008), Gómez Paiva (2008) e de autores que traçam a história da educação no Brasil, como Saviani (2008). Num segundo momento, elaboramos um questionário, que foi enviado às escolas municipais dos 25 municípios que pertencem ao Núcleo Regional de Educação de Maringá. No total, 71 escolas, de 10 municípios, responderam ao questionário. A coleta de dados foi realizada durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2009. Resultados e Discussão A análise dos dados e estudo bibliográfico revelam que a maioria dos livros didáticos que as escolas municipais do Núcleo Regional de Educação de Maringá que participaram da pesquisa adotam são livros recomendados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Sabe-se que as escolas possuem autonomia para a realização do seu currículo, para elaborá-lo levando em consideração as especificidades de sua realidade. Todavia, a partir do momento em que diversas escolas escolhem o mesmo livro didático pode-se dizer que acabam desenvolvendo currículos semelhantes. Nas 71 escolas que responderam ao questionário, na disciplina de história (tabela 01) são adotados 7 livros didáticos, dos quais 6 são recomendados pelo PNLD. Na disciplina de ciências (tabela 02) dos 4 livros didáticos adotados, 3 são recomendados pelo PNLD. Na disciplina de geografia (tabela 03) 6 livros didáticos são adotados, sendo que todos são recomendados pelo PNLD. É importante ressaltar que, a escolha dos livros didáticos é realizada pelas Secretarias Municipais de Educação e a equipe pedagógica das escolas. Quanto aos projetos educacionais, alguns são desenvolvidos pelas escolas relacionados às disciplinas como, por exemplo, o projeto agrinho, cultura afro-brasileira, cultura indígena, meio ambiente, dengue, lixo, saneamento básico e qualidade de vida. Tabela 01 - Livros didáticos de História adotados pelas escolas do NRE de Maringá - PR Título Aprendendo Sempre Aprender Juntos De olho no futuro Mundo para todos: História Projeto Buriti Projeto Pitanguá Projeto Prosa Editora Ática Santa Maria FTD Edições SM Moderna Moderna Saraiva Escolas 41 1 4 1 2 4 18 Tabela 02 - Livros didáticos de Ciências adotados pelas escolas do NRE de Maringá - PR Título Aprendendo Sempre Ciências - Instituto Alfa e Beto Porta-aberta Projeto Pitanguá Editora Ática Alfa e Beto FTD Moderna Escolas 41 1 10 21 Tabela 03 - Livros didáticos de Geografia adotados pelas escolas do NRE de Maringá - PR Título Aprender Juntos Aprendendo Sempre Hoje é dia de Geografia Porta-aberta Projeto Pitanguá Projeto Prosa Editora Santa Maria Ática Positivo FTD Moderna Saraiva Escolas 2 1 4 1 3 61 Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Conclusões Pode-se dizer que o currículo em ação das escolas que participaram da pesquisa estão em consonância com os documentos oficiais que se propõem a orientar a educação básica brasileira, como os PCNs, já que estes documentos são a base para a formulação do PNLD que estabelece critérios para a recomendação dos livros didáticos no Brasil. Em muitas escolas, os livros didáticos são utilizados como apoio ou até mesmo como o próprio currículo da escola, portanto o que se efetiva na sala de aula nas escolas que adotam os mesmos livros didáticos pode ser semelhante. Referências BRASIL. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. In: Parâmetros Curriculares Nacionais – 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf >. Acesso em: 15 Jul. 2010. BRASIL. Guia do livro didático - 2010. In: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - Ministério da Educação. Disponível em: < http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-guia-do-livro-didatico >. Acesso em: 15 Jul. 2010. BRASIL. Plano Nacional do Livro didático – 2010. In: MEC – Ministério da Educação. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php? option=com_content&view=article&id=12386&Itemid=636>. Acesso em 15 Jul. 2010. FRANKLIN. Barry M. Franklin Bobbitt (1876–1956) - Social Efficiency Movement, Bobbitt's Contribution. In: State University – 2010. Disponível em: <http://education.stateuniversity.com/pages/1794/Bobbitt-Franklin-18761956.html>. Acesso em: 13 Jul. 2010. KREIDER. Alison. 1949- Ralph W. Tyler Publishes Basic Principles of Curriculum and Instruction. In: History of Education: Selected Moments of the 20th Century - 2010. Disponível em:<http://www.oise.utoronto.ca/research/edu20/moments/1949tyler.html>. Acesso em: 13 Jul. 2010 PEREZ GÓMEZ, A. I. & SACRISTAN, Gimeno. Compreender e transformar o Ensino. 4ª ed. Porto alegre: Artmed, 2000. SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.