www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br SEGUNDA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 332 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA Para a especialista em estudos do futuro Rosa Alegria, vazamentos do portal Wikileaks mostram que o sigilo dos governos está chegando ao fim ➥ P30 Igo Estrela Proliferação de ameaças pela internet leva ao crescimento do mercado de segurança da informação e fortalece receita das empresas desse segmento ➥ P28 R$ 3,00 Investimento estrangeiro em 2011 deve superar o recorde pré-crise Perspectiva é de que aporte retome patamar de US$ 45 bilhões registrado em 2008. Estímulo ao crédito deve turbinar valor Os números crescentes da entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no país trazem entre especialistas a expectativa de que, no próximo ano, o fluxo retome valores pelo menos iguais ao nível histórico de US$ 45 bilhões registrado em 2008, antes da crise financeira global. Medidas, como o pacote de estí- mulo ao crédito de longo prazo, e outras na mira do governo, como o ajuste fiscal, podem aumentar os investimentos para cerca de US$ 50 bilhões. ➥ P12 Gestores veem desaceleração em emergentes, mas devem elevar exposição à dívida. ➥ P34 Divulgação Com a usina Teles Pires, Eletrosul volta a gerar energia O Boticário bate à porta do consumidor ➥ P22 Mercotubos vai para o Rio de Janeiro ficar perto da Petrobras ➥ P26 Grupo presidido por Artur Grynbaum chega ao fim de 2010 com faturamento de R$ 6,1 bilhões e prepara-se para brigar em vendas diretas com Natura, Avon, Jequiti, Amway e Mary Kay. ➥ P20 Escola ensina Papai Noel a ganhar dinheiro de presente neste Natal ➥ P32 Gestão pública passa a buscar qualidade e controle de custos Administradores públicos estudam a cadeia produtiva para elevar exigência em relação às compras e reduzir fraudes. Em Minas Gerais, iniciativa privada inspira sistema de metas e de incentivo a servidores, que melhorou índices de áreas estratégicas, como educação e saúde. ➥ P4 INDICADORES Uma semana com agenda repleta para investidores Mesmo com um dia útil a menos, a semana será movimentada. A começar pelo exercício de opções na bolsa, hoje. No exterior, destaque para o PIB dos EUA. ➥ P36 ▲ ▲ ▼ ▼ ▲ ■ ▲ ▼ ▲ ▲ ▼ ▲ TAXAS DE CÂMBIO Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) JUROS Selic (a.a.) BOLSAS Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 17.12.2010 COMPRA VENDA 1,7098 1,7090 1,7150 1,7130 2,2501 2,2487 1,3160 1,3158 0,4304 0,4299 META EFETIVA 10,66% 10,75% VAR. % ÍNDICES 1,00 67.981,22 11.491,91 -0,06 0,21 2.642,97 1.243,91 0,08 5.871,75 -0,16 0,20 22.714,85 2 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 NESTA EDIÇÃO Em alta Paralisada obra do grupo Jurong Grupo de Cingapura interrompe construção de estaleiro em Barra do Sahy (ES) pelo menos até o dia 31 de janeiro à espera da decisão da Justiça sobre a anulação das licenças concedidas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente. ➥ P18 Fotos: divulgação Eletrosul volta à geração de energia Depois de se desfazer de seus ativos de geração, quando da privatização do setor elétrico, a empresa do grupo Eletrobrás, integra o consórcio vencedor do leilão da usina de Teles Pires, com 24,5% de participação. ➥ P22 Concorrência força Boticário a aderir ao porta a porta Motivada por uma concorrência cada vez mais acirrada, a rede de perfumaria e cosméticos se movimenta para testar novas modalidades de vendas e, possivelmente, até a abertura de novos negócios. Em dois municípios, um no Sudeste e outro no Nordeste, funciona, desde julho, um sistema de venda direta. O ritmo de instalação de novas lojas, conduto, será mantido. “Todos os anos nos perguntamos quantas lojas Boticário cabem no Brasil. Não consigo precisar esse número, mas é certo que, em 2011, abriremos entre 100 e 120 novos pontos de venda”, diz Artur Grynbaum, presidente do grupo. ➥ P20 Expansão mais moderada em 2011 Gestores globais de carteiras de investimento avaliam que, a expansão acelerada dos mercados emergentes este ano resultará em crescimento mais modesto em 2011 e alertam para riscos inflacionários, especialmente no Brasil. ➥ P34 Em 2011, mais 250 mil caminhões A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), e corresponde a aumento de cerca de 5% em relação a 2010, quando deve atingir em torno de 230 mil unidades. Em 2012, a tendência é de desaceleração, diz o Sindipeças. ➥ P24 IED deve superar US$ 45 bi em 2011 É a expectativa de analistas para os quais o recente pacote de estímulo ao financiamento privado de longo prazo reforça a perspectiva de aumento do fluxo de investimento estrangeiro, que pode superar o recorde de 2008. ➥ P12 Receita flexibiliza regras para exportador Vamos ver se com a flexibilização conseguiremos dar mais velocidade às liberações dos créditos tributários, diz Otacílio Cartaxo, secretário da Receita. Exportadores devem receber em até 30 dias as devoluções a que têm direito. ➥ P14 Murillo Constantino Mercotubos pode chegar ao Rio com a compra da Pro Tubo Atraída pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e as demandas geradas pelo pré-sal, a fabricante de equipamentos para plataformas e refinarias, com sede em Atibaia (SP), finaliza os detalhes para se instalar em território carioca. “Compra é nossa primeira opção”, diz Luiz Fernando Rossini Pugliesi, presidente. A Pro Tubo nasceu da associação entre as japonesas Ishikawajima, atual IHI Corporation, e a Dai-Ichi-High Frequency Company. Caso a compra não se concretize, a alternativa será a instalação de uma fábrica em Itaboraí, ou na vizinha Tanguá (RJ), para entrar em operação em meados de 2011. ➥ P26 TAXAS DE CÂMBIO Cotação de fechamento para venda em 17/12/2010 PAÍS MOEDA Argentina Peso Canadá Dólar Chile Peso China Iuane Coreia do Sul Won União Europeia Euro Estados Unidos Dólar Índia Rúpia Japão Iene México Peso Paraguai Guarani Reino Unido Libra Uruguai Peso Rússia Rublo Venezuela Bolívar forte Fontes: Banco Central e Brasil Econômico R$ US$ 3,9756 0,4304 1,0118 1,6900 0,0036 472,2000 6,6640 0,2566 0,0015 1.152,8300 1,3160 2,2501 1,0000 1,7098 45,3600 0,0377 84,0300 0,0204 12,4376 0,1375 0,0004 4.680,000 1,5489 2,6483 19,9500 0,0866 30,8300 0,0555 4,3000 0,3986 Papai Noel existe na Claus Eventos O empresário e ator Silvio Ribeiro criou, em 1976, o primeiro curso de formação de Papai Noel, em São Paulo, que treina pessoas de ambos os sexos para atuar em shoppings, lojas de rua, eventos e festas familiares. ➥ P32 IPCA de novembro perto de 0,90% “O IPCA reforçará a percepção de que o Copom está atrasado”, diz Maurício Molan, economista sênior do banco Santander, indicando que o órgão poderia ter elevado a taxa básica de juros na reunião deste mês. A taxa pode chegar a 6% no ano, avaliam economistas. ➥ P36 Teatro e tecnologia no ensino de idiomas Wikileaks, o marco de uma nova era Redes de ensino de línguas inovam adotando técnicas teatrais com a finalidade de dar mais naturalidade à fala do aluno. O grupo Multi criou o “web chat”, em que os estudantes têm professores conectados 24 horas por dia. ➥ P16 Rosa Alegria, mestre em estudos do futuro, afirma que as revelações feitas pelo site evidenciam uma paranoia dos governos, que sempre estiveram nos vigiando. “É uma inversão de papéis na contramão da história”, ressalta. ➥ P30 A FRASE “Em vez de adeus, que tal até logo?” Larry King, apresentador de TV americano, que, depois de 25 anos comandando o Larry King Live, na rede CNN, apresentou seu último programa na noite de quinta-feira. “É difícil dizer isso, mas eu sabia que esse dia chegaria”, afirmou King, que pretende ficar mais tempo com a família. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 3 EDITORIAL Caminhos para melhorar a gestão pública MÁRCIO LEBRÃO, PRESIDENTE DA MCAFEE Em uma de suas várias internações na dura luta contra a grave doença que acabaria por vencê-lo, o governador Mário Covas, mesmo no leito hospitalar, teria demonstrado grande irritação com o fato de as contas do governo paulista não terem fechado o dia positivamente. Relatado, em entrevista, por um dos médicos que o atendiam como um esperançoso indicador — afinal frustrado — de que o governador reagia bem, o episódio é exemplo de empenho no controle dos recursos públicos. Ao assumir o governo, em janeiro de 1995, Covas elegeu como uma das prioridades o saneamento das finanças do Estado, cuja situação podia ser classificada como muito abaixo de sofrível. Reeleito em 1998, governou até falecer, em março de 2001, deixando marcas administrativas elogiadas até por adversários, e que criaram uma sólida base para a permanência do PSDB no governo paulista. No próximo dia 1º, o partido inaugura o quinto mandato sucessivo no Palácio dos Bandeirantes. Exemplos bem-sucedidos na administração federal e nos estados precisam chegar também aos municípios A informatização da administração, implantada em São Paulo na “era Covas” foi e vem sendo adotada no âmbito federal e nos estados. Os pregões eletrônicos, por exemplo, citados como meio de dar mais seriedade ao manuseio das verbas públicas, já respondem por 91% das compras federais. Na mesma linha, mas com objetivos mais ousados, alguns estados também inovam. Minas Gerais se inspira em exemplos da administração privada, com um modelo de metas e incentivos para administradores. Santa Catarina optou por antecipar a adaptação dos balanços públicos aos padrões internacionais, exigência obrigatória a partir de 2012. O resultado é a maior transparência nas contas estaduais. É preciso, agora, que os exemplos administrativos inovadores nos governos federal e estaduais, que mostramos nas páginas seguintes, cheguem também às administrações municipais. Afinal, mesmo restrita aos 273 municípios com mais de 100 mil habitantes, a Lei da Transparência vigora há mais de um ano, mas ainda não se sabe quem vai fiscalizar seu cumprimento pelos prefeitos. ■ “As companhias estão conscientes das ameaças”, diz Márcio Lebrão, presidente da McAfee, de segurança de informática, constatando aumento da procura por serviços de segurança, após as revelações do site Wikileaks. Como resultado, empresas do segmento esperam boa receita em 2011. ➥ P24 Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor Adjunto Costábile Nicoletta Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Redação, Administração e Publicidade Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP), Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158 Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara Ywata Editores Carla Jimenez (Brasil), Conrado Mazzoni (On-line), Fabiana Parajara (Destaque), Márcia Pinheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas) Subeditores Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Finanças), Marcelo Cabral (Brasil), Micheli Rueda (On-line) Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carlos Eduardo Valim, Carolina Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Paiva, Denise Barra, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Elaine Cotta, Eva Rodrigues, Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian, João Paulo Freitas, Juliana Rangel, Karen Busic, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Marina Gomara, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Vanessa Correia, Weruska Goeking Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Roberto Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania Aquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Monteiro, Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo), Adriana Araújo, Ana Alves, Carlos Flores (Executivos de Negócios), Solange Santos (Assistente Comercial) Departamento de Marketing Anysio Espindola, Evanise Santos (Diretores), Rodrigo Louro (Gerente de Marketing), Giselle Leme, Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing). Operações Cristiane Perin (Diretora) Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wilson Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente Comercial), Celeste Viveiros, Mariana Sayeg (Executivos de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados), Andréia Luiz (Assistente Comercial) Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), João Felippe Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordenadores), Daiana Silva Faganelli (Analista), Solange Santos (Assistente Executiva) Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento) Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Marcello Miniguini (Gerente de Assinaturas), Vanessa Rezende (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves (Supervisão) São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30. Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h. [email protected] Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112 Jornalista Responsável Ricardo Galuppo TABELA DE PREÇOS Assinatura Nacional Semestral Anual Trimestral R$ 197,00 R$ 328,80 R$ 548,00 Condições especiais para pacotes e projetos corporativos (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Auditado pela BDO Auditores Independentes Impressão: Editora O Dia S.A. (RJ) Nova Forma (SP) FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO) 4 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA Administradores vão muito além do pregão on-line ECONOMIA DE R$ 11,3 MILHÕES SÓ EM MEDICAMENTOS Sistema permitiu ampliação da concorrência nas licitações, mas qualidade dos produtos entregues ainda deixa a desejar Paulo Justus Renato Araujo/ABr [email protected] A administração pública reconheceu a importância da eficiência há apenas 12 anos, quando a inclui entre os seus princípios, ao lado da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 19/98. A preocupação com o destino dos recursos levou à criação de instrumentos como o pregão eletrônico, que responde por 91% das aquisições feitas pelo governo federal, excluindo-se as dispensas de licitação. Essa modalidade de leilão completou 10 anos no último dia 13 de dezembro, com movimento de mais de R$ 80 bilhões no período. O pregão permitiu a inversão do processo de licitação, que trouxe a disputa de preço para o início do processo, em vez da análise de documentação. “Há dez anos, a disputa em torno de questões jurídicas entre as empresas que vendiam para o governo era mais importante que o preço cobrado”, diz Geraldo Biasoto, diretor executivo da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) do governo de São Paulo. O próximo desafio dos governos, segundo ele, é melhorar a qualidade do que se compra. “Tem muita gente no mercado que se especializou em trapacear a qualidade em benefício de um preço ganhador”, afirma. Por isso, Biasoto sugere um mecanismo que permita a devolução da mercadoria em caso de má qualidade e a exclusão da empresa dos próximos pregões. O diretor de Logística e Serviços Gerais do Ministério do Planejamento, Carlos Henrique Moreira, diz que é preciso um maior cuidado no processo anterior à compra, como a análise da cadeia produtiva de cada mercadoria que se pretende adquirir. “Se quero comprar material de escritório, preciso saber quais são meus estoques, e meus pontos de ressuprimento. Agora, se estou tratando de recursos de TI [tecnologia de informação], a estratégia é outra, porque é um Bruno Faleck Secretário interino de Direito Econômico “O órgão público lesado tem de acionar a AGU para recuperar o prejuízo. Esse processo ainda está engatinhando” mercado extremamente concorrente, com dificuldade para localizar os profissionais”, diz. O economista Alexandre Motta , ex-subsecretário do Ministério de Planejamento aponta outra falha do pregão eletrônico, o fato de se basear numa estimativa de preço dada pelas próprias empresas que vão participar da concorrência. “O mercado conhece bem o modelo do pregão eletrônico e sempre estipula um preço inicial acima do valor desejado pelo governo, o valor de referência. Na hora do pregão, consegue reduzir esse preço de forma lenta e ganhar um pouco mais”, diz. Fiscalização De acordo com a Advocacia Geral da União (AGU), cerca de 90% das 2.147 ações ajuizadas pelo Tribunal de Contas da União neste ano tiveram alguma relação com compras públicas. “A grande possibilidade de fraude do gestor público hoje reside em ilícitos praticados por meio das aquisições, como licitação direcionada ou sobrepreço”, diz André Luiz de Almeida Mendonça, diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade da AGU. A fiscalização também ocorre no âmbito do mercado com a investigação de cartéis de compras públicas. Neste ano, a Coordenação-Geral de Análise de Infrações no Setor de Compras Públicas, da Secretaria de Direito Econômico (SDE), abriu 21 processos de investigação relacionados a cartel em licitações. “Há dois tipos de infração que podem ocorrer nas licitações, uma é a combinação de preços e outra é a conduta unilateral, quando uma empresa faz contratos de exclusividade com fornecedores e inviabiliza a concorrência”, diz o Diego Faleck, secretário interino da SDE. Segundo ele, além de investigar, o setor público precisa avançar mais na recuperação dos danos causados pelos cartéis. “O órgão público lesado tem de acionar a AGU para recuperar o prejuízo. Esse processo ainda está engatinhando”, diz. ■ PROJETO SDE prepara ações para prevenir formação de cartéis em licitações para Copa e Olimpíada A Secretaria de Direito Econômico (SDE) prepara medidas preventivas para evitar o mau uso do dinheiro público nos gastos previstos para a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016. Neste ano, o órgão atuou principalmente na difusão de métodos e técnicas de investigação de cartéis em licitações entre policiais federais, civis e representantes do Ministério Público Federal e Estadual. Além disso, treinou mais de mil servidores públicos que conduzem processos licitatórios para aquisição de bens e serviços. “Já distribuímos diversos fôlderes, panfletos e, ao todo, realizamos cursos para mais de 8 mil agentes”, diz Diego Faleck, secretário interino de Direito Econômico. A SDE também preparou campanhas publicitárias voltadas às empresas para prevenir a ocorrência de cartéis e aumentar a concorrência em licitações. Desde 2008, o órgão intensificou o combate aos cartéis, com a criação da Coordenação-Geral de Análise de Infrações no Setor de Compras Públicas. O órgão surgiu depois da atuação da secretaria no leilão da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em 2007. Na ocasião, a denúncia de que o contrato de exclusividade da Odebrecht com fornecedores de equipamentos elétricos inviabilizava a concorrência, permitiu a redução de 30% do preço cobrado pela energia gerada na usina. P.J. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS Lei não permite uso dos modelos privados de gestão, por isso, presidente do Conselho dos Secretários de Administração sugere criação de sistemas dentro dos governos. Minas Gerais implantou modelo de metas e incentivos para servidores, e colhe os frutos do projeto com melhora em áreas estratégicas, como saúde e educação. Santa Catarina antecipa adoção de padrão contábil internacional, que facilita o planejamento e traz mais transparência para as finanças públicas. Marcela Beltrão A partir do Registro Nacional de Preços (RNP), coordenado pela Fundação do Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Ministério da Educação conseguiu economizar R$ 11,3 milhões na compra de medicamentos para hospitais universitários. No segundo semestre de 2008, quando a aquisição ainda era feita de forma descentralizada, foram gastos R$ 48 milhões na compra de remédios. No primeiro semestre de 2009, com a centralização, a mesma quantidade de medicamentos saiu por R$ 36,7 milhões. O sistema também é usado para a compra de ônibus e bicicletas escolares, mobiliário escolar, laptops educacionais e projetores para as escolas públicas. “Imagine que 5,2 mil municípios fossem comprar ônibus individualmente. Na medida em que o governo federal centraliza, o preço sai de um universo de três a seis veículos e passa para um de 6 mil a 7 mil ônibus”, diz José Carlos Wanderley Dias Freitas, diretor da FNDE. P.J. MEC racionaliza modelo de compras Sistema centraliza aquisições e eleva exigências de qualidade e padronização de preços A compra de equipamentos para as escolas públicas foi totalmente reformulada nos últimos quatro anos. Em vez de uma gestão descentralizada, em que cada escola fazia separadamente sua compra, ficando sujeita às realidades de concorrência locais e à escala dos pedidos, o Ministério da Educação (MEC) decidiu centralizar os pedidos e usar o aumento da quantidade para reduzir os preços. Além disso, elevou as exigências dos produtos, proporcionando um ganho de qualidade nas aquisições públicas. O programa que centralizou essas soluções ficou a car- go da Fundação Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e foi batizado de Registro Nacional de Preços (RPN). “Além de centralizar a compra, temos como premissa a excelente qualidade do produto, em termos de frequência de manutenção, média de consumo e duração”, diz José Carlos Wanderley Dias de Freitas, diretor da fundação. A pesquisa é feita anualmente pela Fundação Getulio Vargas, e analisa toda a cadeia produtiva das mercadorias desejadas. A partir dos dados coletados, o ministério define os lotes e o preço que deve balizar as licitações. “Misturamos num mesmo grupo estados do Sul, Norte e Centro-Oeste, porque dessa forma diluímos o custo de Pesquisa, feita anualmente pela Fundação Getulio Vargas, analisa toda a cadeia produtiva das mercadorias desejadas. A partir dos dados coletados, ministério define os lotes e o preço que deve balizar as licitações distribuição mais uniformemente”, diz Freitas. Os vencedores dos lotes se comprometem a entregar o produto no preço definido conforme a demanda das escolas. O sistema não diferencia a origem dos recursos e permite que as escolas comprem a partir dos preços tabelados e sem a obrigatoriedade de se fazer uma licitação. “A origem do dinheiro pode ser do governo federal, emendas parlamentares e financiamento”, afirma. A lista com os preços e as empresas ganhadoras para cada região fica diponível no site da FNDE, para consulta dos colégios. A partir da adoção do novo modelo, o preço médio das carteiras escolares, por exemplo, caiu de R$ 250 para cerca de R$ 140. A qualidade do material também aumentou, porque os produtos exigidos passaram a ser certificados pelo Inmetro. “No caso do mobiliário, passamos a exigir a adequação das carteiras conforme a estatura do aluno, permitindo uma melhor adaptação ergonômica”, diz Freitas. As exigências do MEC passaram a regular o próprio mercado. “Temos um fornecedor que perdeu a licitação num ano, mas modernizou a fábrica e ficou em primeiro lugar no ano seguinte”, afirma. Os requisitos também afastaram os concorrentes chineses, que tinham sempre o menor preço. “Foi muito desafiador, mas o mais importante é que pudemos quebrar esse paradigma, dentro da legislação disponível.” ■ P.J. 6 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA ENTREVISTA SÉRGIO RUY BARBOSA MARTINS Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração “Precisamos melhorar a qualidade dos serviços prestados ao cidadão” Lei impede uso de modelos da administração privada, por isso é preciso desenvolver soluções nos governos Carlo Wrede/O Dia Paulo Justus [email protected] Fazer uma gestão com foco no resultado é um desafio dentro de um modelo de administração pública apoiado na ideia de controle, diz Sérgio Ruy Barbosa Martins, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) e secretário de Planejamento do Rio de Janeiro. As amarras do setor público, segundo ele, dificultam a aplicação de modelos prontos do setor privado. Por isso, as soluções em gestão pública precisam ser desenvolvidas dentro dos próprios governos. O que mudou desde a inclusão da eficiência entre os princípios da administração pública? Tivemos avanços na gestão de pessoas, na gestão logística e de compras. Mudou também o planejamento e a formulação da agenda de governo. Mas esse avanço é muito desigual. Você encontra excelentes experiências envolvendo TI [tecnologia da informação] e gestão por competências, em diversos estados. Qual é o cenário da administração pública hoje? Passadas as melhorias em áreas transversais, como Recursos Humanos e ferramentas de compras de governo, precisamos focar na qualidade de serviços prestados ao cidadão. O Consad está negociando, em entendimento com o governo federal, a constituição de uma linha de crédito, via Banco Interamericano para apoiar melhorias em saúde, educação e assistência social, áreas essenciais. As soluções da iniciativa privada inspiram as mudanças na gestão do setor público? Sim e não. É muito comum o setor privado terceirizar logística de compra, por exemplo, coisa que o setor público não pode fazer. A despeito de ser uma área em que os estados gastam muito, é preciso cumprir regras muito estritas da Lei 8.666 e da lei de pregões eletrônicos. Por isso, as soluções para melhorar as compras e a prestação de serviços são típicas de serviço público. A gente pode pinçar experiências do setor privado, mas é difícil adaptar modelos. A área de pessoal também é muito rígida. Estamos falando de avanços num quadro de muita burocracia, de uma série de amarras que deixam pou- “ Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal têm estruturas de carreiras modernas em que a progressão se dá por avaliação de desempenho, de nível de formação acadêmica. Não é mais a regra antiga da progressão por tempo de serviço Minas Gerais tem a figura interessante do empreendedor público, em que se contrata no mercado com um salário específico e com um contrato atrelado a desempenho, que permite o recebimento de um 14º salário para cumprimento de meta Para Martins, é preciso melhorar o planejamento e a formulação da agenda de governo Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 7 Ernesto Carriço/O Dia cas escolhas ao administrador público. O nosso modelo de legislação é todo apoiado na ideia de controle. O modelo de gestão focado no resultado é muito mais apoiado na ideia de autonomia do gestor, liberdade de decidir, liberdade de alocação. Isso o setor público quase não tem. Como os estados têm trabalhado a gestão de pessoas? Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal têm estruturas de carreiras modernas em que a progressão se dá por avaliação de desempenho, de nível de formação acadêmica. Não é mais a regra antiga da progressão automática por tempo de serviço. No Rio, criamos seis ou sete carreiras novas, para alta gerência nos últimos quatro anos, voltadas para um desenvolvimento profissional. Minas Gerais tem a figura interessante do empreendedor público, que é um quadro em que se contrata no mercado com um salário específico e com um contrato atrelado a desempenho, que permite o recebimento de um 14º salário para cumprimento de meta. Qual é a agenda para que haja mais avanços na gestão pública? Está tramitando no Congresso uma mensagem do governo que flexibiliza algumas regras da 8.666 [lei das licitações} e prevê o uso de pregões eletrônicos para obras de engenharia de menor porte. Esta matéria está parada e precisa avançar. Outra mudança é o projeto de lei que o Ministério Público encomendou para estabelecer um novo marco regulatório do setor público que faria uma revisão dos princípios e normas gerais para dar mais agilidade à gestão. Ele está pronto, é só uma questão de vontade política. Quais são os maiores entraves para a administração dos estados? É muito importante que o Congresso olhe para os estados e municípios com maior cuidado no que diz respeito às decisões “ MANIFESTAÇÃO DE POLICIAIS MILITARES DO RIO EM APOIO A PEC300 Nosso modelo de legislação é todo apoiado na ideia de controle. O modelo de gestão focado no resultado é muito mais apoiado na ideia de autonomia do gestor, liberdade de decidir, liberdade de alocação que impactam as finanças públicas. Hoje virou moda entre as corporações de servidores buscar aumentos de salários por meio de projetos de lei ou emendas como a PEC [Proposta de Emenda Constitucional] 300, que trata dos salários dos policiais. A estratégia dos servidores é que uma pressão unificada no Congresso é melhor que pressões separadas nos estados. Principalmente se for por meio de PEC, porque dribla até o poder de veto do presidente e ganha eficácia imediata, assim que for promulgada pelo Congresso. Isso não pode ser discutido sem considerar um impacto nas finanças estaduais e municipais. Levamos a propostas de incluir a previsão da consulta aos estados nestes casos. ■ Sérgio Martins critica uso de emendas constitucionais ou projetos de lei para promover aumentos salariais dos servidores públicos, o caso do Projeto de Emenda Constitucional 300, que equipara salários de policiais militares com o piso dos policiais de Brasília, os mais bem pagos do país. No início do ano, o Rio teve onda de manifestações a favor da emenda. Mas, para Martins, estados e municípios precisam ser consultados nestes casos, por causa do impacto no caixa. 8 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA Minas Gerais leva modelo privado para a repartição Novo sistema, em implementação desde 2005, começa a mostrar resultados ao alcançar metas de desenvolvimento ACIDENTES NAS RO DOVIAS ESTADUAIS E FEDE RAIS (POR 10.000 VEÍCU LOS) OBJETIVOS Governo mineiro alcança 13 das 23 metas prioritárias. Confira algumas 45 40 43,5 39,8 35 30 Meta 2009 DOMICÍLIOS COM ACESSO À REDE DE ESGOTO OU FOSSA SÉPTICA Valor alcançado TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL 16,0 85 75,0 73,0% 800 72,6% 755 700 14,6 13,3 NÍVEL RECOMENDÁVEL DE LEITURA* 73,3 13,9% 13,8% 12,0 [email protected] Para melhorar a eficiência da gestão pública em Minas Gerais, estado com o maior número de municípios do país (854), o governo se inspirou na iniciativa privada e, desde 2005, vem implementando um modelo de metas e incentivos. Nos últimos dois anos, os resultados concretos dessa experiência começaram a aparecer em áreas estratégicas, como saúde, segurança e educação. O sistema, apelidado de Choque de Gestão, contempla o programa Estado para Resultados, que estipula metas de longo prazo para áreas de responsabilidade do governo. “Em 2005, fizemos a integração das pastas de orçamento, planejamento e finanças, o que nos possibilitou coordenar melhor os gastos em relação à arrecadação. Desta forma, foi possível direcionar mais recursos para áreas prioritárias, contempladas no programa”, afirma o MALHA RODOVIÁRIA ESTADUAL EM CONDIÇÕES FUNCIONAIS MÁS OU PÉSSIMAS TOTAL DA MALHA RODOVIÁRIA ESTADUAL PAVIMENTADA 18 18 32,0 17,2% 17 72,6% 16,9% 16 70,0 15 31,3% 31,3% 24,8 16 16,5% 71,6 Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) de MG Carolina Alves 73,0% TAXA DE HOMICÍDIOS 17,6 14 13,0% 12 10,4 3,2 Barreto, coordenador do Estado para Resultados: “Multiplicamos por 10 a capacidade de financiamento” *Alunos da rede estadual na 3ª série do ensino fundamental Modelo está sendo analisado por outros estados, como Rio Grande do Sul, Paraná e Alagoas, e também por outros países, como Uruguai, Angola, Moçambique, Honduras e República Dominicana coordenador do Estado para Resultados, Tadeu Barreto. Ele ressalta que uma nova fase do projeto está em desenvolvimento, com foco em 2030 e metas mais elevadas — visto que a etapa anterior, com objetivos até 2020 para 104 indicadores, conseguiu atingir as metas prioritárias desejadas (confira o quadro acima). “Melhoramos índices de homicídio, de alfabetização, de investimentos em inovação, de construção de hospitais, estradas”, afirma Barreto. “Antes do programa, gastávamos apenas R$ 34 milhões em pesquisa. Hoje, essa cifra ultrapassa R$ 200 milhões”. Nos projetos estruturadores, contemplados no programa de resultados, foram investidos cerca de R$ 4 bilhões ao longo do ano. “Multiplicamos por dez a capacidade de financiamento, que era de R$ 250 milhões em 2003”, afirma. Dentre as metas prioritárias, Barreto destaca as voltadas para finanças como aquém do desejado. “Não tivemos muitos progressos nessa área por conta da crise financeira mundial, que reduziu nossa arrecadação em R$ 2 bilhões — o equivalente a um mês de faturamento”, afirma. “Gerenciar essa crise, contudo, foi menos complicado porque tínhamos um planejamento e conseguimos classificar quais áreas poderiam ter cortes e quais deveriam ter mais investimentos”. Bonificação No programa, cada secretaria possui metas a serem atingidas. As pessoas envolvidas no processo, exceto as que exercem cargos diretos de gestão, como secretários e subsecretários, recebem um 14º salário ligado ao percentual do objetivo conquistado. “Ninguém ganha o valor todo, porque as metas são muito ousadas. A nota fica, em média, na casa de 80 pontos”, diz. Ele ressalta que o governo mineiro conta com cerca de 500 mil ser- vidores. “Sem planejar, orçar, monitorar, gerenciar pessoas e reconhecer o trabalho, não é possível manter em funcionamento uma máquina pública desse tamanho”, explica. Auditoria Para acompanhar os resultados e fazer os ajustes necessários nas metas e procedimentos, o estado delegou a função de “empreendedores públicos” a 60 funcionários — metade deles vindos da iniciativa privada. “Copiamos muitos modelos do setor privado, pois o governo também é uma organização complexa que precisa seguir as diretrizes de seus acionistas — no caso, a sociedade”, diz. Barreto destaca que o modelo de Minas está sendo analisado por outros estados, como Rio Grande do Sul, Paraná e Alagoas. “Recebemos visitas também de outros países, como Uruguai, Angola, Moçambique, Honduras e República Dominicana”, diz. ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 9 Infografia: Alex Silva Foto: Bruno Cantini Santa Catarina antecipa padrão contábil internacional Estado implementou parte das normas nos balanços de 2009 e 2010, mas transição deverá ser concluída em 2011 Embora os estados brasileiros tenham até 2012 para adaptar o padrão contábil de seus balanços para o sistema internacional IP- SAS (sigla em inglês para Padrões Internacionais de Contabilidade para o Setor Público), Santa Catarina já está utilizando parte do novo modelo na divulgação dos balanços de 2009 e 2010. Segundo Wanderlei Pereira das Neves, diretor de contabilidade da Secretaria Estadual da Fazenda, o estado Padronização facilitará planejamento e financiamento dos estados, avalia Sérgio Romani, da Ernst & Young elaborou seus demonstrativos no novo formato, que requer notas explicativas e cálculos diferenciados, como contabilização de ativos e depreciação de patrimônio. “Montamos um grupo de trabalho com cerca de 20 pessoas exclusivamente para o estudo das novas regras. Também colocamos engenheiros em campo para avaliação do patrimônio público, um cálculo que vem gerando muitas dúvidas para nós”, afirma. Além disso, o governo abriu dois concursos públicos para a contratação de contadores e auditores internos. “Os salários pagos hoje estão acima do mercado local, para atrair profissionais de qualidade”, diz Neves. A implementação completa do padrão internacional, porém, deve ocorrer apenas em 2011. “Precisamos fazer adaptações no software de gestão para facilitar as convergências com o novo modelo. Muitos estados estão firmando acordo de cooperação conosco para utilizar nosso sistema, como Espírito Santo”. Benefícios INVESTIMENTOS R$ 4 bilhões foram aplicados pelo governo mineiro nas ações consideradas prioritárias no orçamento este ano, contempladas também no projeto Estado para Resultados. INDEFINIÇÃO METAS A partir de maio deste ano, todos os 273 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes foram obrigados a desenvolver um site com todas as suas informações de execução orçamentária e financeira. A medida está contida na Lei da Transparência (131/2009), que entrou em vigor no ano passado e deu um prazo até 28 de maio para adaptação das prefeituras. Porém, nem todos estão cumprindo a determinação à risca. Segundo levantamento da Corregedoria Geral da União (CGU), hoje 3% dos municípios ainda não colocaram o site no ar. E, nas 266 cidades que disponibilizaram as informações, 104 indicadores é o total de metas estipuladas pelo programa Estado para Resultados. Estão contempladas áreas de saúde, educação, segurança, infraestrutura e tecnologia. INOVAÇÃO R$ 200 mi é quanto o governo de Minas Gerais investe em pesquisa e inovação atualmente. Antes do programa, em 2005, o montante era de R$ 34 milhões. Um ano após o lançamento, Lei da Transparência não tem fiscalização nos municípios ainda não foi possível avaliar a qualidade dos dados. “O simples fato de informar não significa mais transparência na gestão. Os dados precisam ser interpretados por todo mundo facilmente, o que não acontece atualmente com a maioria dos portais”, diz Vânia Lúcia Vieira, diretora de Prevenção à Corrupção da CGU — órgão está entre os cotados pelo governo para o papel de controle e fiscalização. “Ainda não foi definido quem será o órgão responsável pela fiscalização.” Ela ressalta que o fato das prefeituras terem publicado informações de gestão orçamentária nos sites não qualifica cumprimento total à lei, que exige o uso de linguagem simples e acesso fácil a todas as camadas da população em tempo real. Para Vânia, a maior dificuldade encontrada pelos municípios está na adaptação do sistema contábil para a plataforma exibida nos sites. “Essa é uma área que requer investimentos elevados”, afirma. “Somente quando tivermos uma padronização nas informações prestadas, em linguagem simples, é que poderemos dizer que os municípios atuam com transparência perante a população”. C.A. A padronização da contabilidade no setor público nasceu do modelo utilizado hoje pela iniciativa privada, o IFRS (sigla em inglês para Padrões Internacionais Balanços Financeiros). Para Sérgio Romani, sócio de auditoria da Ernst & Young, o sistema, adaptado ao setor público, representará maior transparência no registro de ganhos e perdas dos estados, além de suas capacidades de pagamento de dívidas e de investimentos. No novo modelo, será adotado o regime de competência para estipular despesas e receitas. Desta forma, os gastos e valores a receber estarão presentes nos balanços no momento em que forem gerados. Hoje, o setor público utiliza, geralmente, o regime de caixa, que insere despesas e receitas apenas quando elas ocorreram. “Ficará mais fácil para todos, inclusive para instituições de financiamento internacionais, traduzir o que está escrito nos balanços dos estados, o que facilitará empréstimos. Além disso, para os governos, será melhor desenhar um planejamento orçamentário, o que deverá elevar a qualidade dos gastos”, diz Romani. Entretanto, nem todas as normas internacionais do IPSAS foram emitidas, o que dificulta a implementação do novo sistema. “Temos só metade das normas traduzidas”. Além disso, o tempo concedido pelo governo federal para a implementação pode não ser suficiente. “Os estados vem enfrentando problemas na adaptação dos softwares, a parte mais cara da transição. Talvez até 2012 não dê tempo de concluir o processo”, afirma Romani. ■ C.A. 10 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 OPINIÃO Sérgio Vale Marcelo Mariaca Economista-chefe da MBA Associados Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School Flavio Gazani (foto) e Flavia Frangetto Presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc) e presidente do Instituto Brasileiro do Direito Ambiental (Ibrada) Dilma e Lula Começar de novo Herança da COP16 De quem se falar muito parecer com seu padrinho, a grande dúvida que se tem é no que Dilma será diferente de seu antecessor. Por enquanto, seu provável inicio de governo não deverá ser muito diferente do que se viu até agora. Isto é o que mais se ouve hoje, principalmente pelas escolhas feitas para seu ministério. Entretanto, há razões para acreditar que a nova presidente será diferente em muitos aspectos de Lula, para o mal ou para o bem. Para o bem, mas já esperado, parece haver certas mudanças na política externa. Há uma tendência, pela própria história de Dilma, de ser menos condescendente com atos bárbaros praticados por outros governos. Foi exemplar dessa nova atitude a rejeição da presidente ao julgamento por apedrejamento de uma mulher iraniana. Também parece haver uma tendência de reaproximação com os EUA pela escolha de Antônio Patriota como ministro das Relações Exteriores. Ainda não está certo seu julgamento sobre o comportamento de outros líderes latino-americanos, notadamente de Chávez, sobre quem Lula conseguiu de certa forma ter alguma voz. Os investimentos em infraestrutura também devem deslanchar. A queridinha dos olhos de Lula sempre foi o social, e bem menos aqueles gastos. Nesse aspecto Dilma deverá ser diferente, até por ser mãe do PAC. Já se nota isso com a vontade, cada vez mais premente, de dar agilidade nos investimentos da Infraero. A própria presidente já discursou em outros momentos que uma solução boa poderia ser a privatização da empresa, talvez única solução a essa altura da proximidade da Copa do Mundo. Para o mal, há um cheiro de mudança de política econômica no ar. O novo mandachuva na economia, além da própria Dilma, será o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em inúmeras ocasiões no passado ele deu a entender que não estava satisfeito com a política monetária e que a taxa de juros deveria cair mais. Concordamos que no longo prazo ela deve cair, mas o timing pedido pelo ministro só ocorreria se tivéssemos um brutal ajuste fiscal para compensar. A grande maioria dos executivos brasileiros, como gerentes, diretores e presidentes, não sabe o que fazer quando as circunstâncias os colocam, de repente, do lado de fora do mercado de trabalho. A demissão ainda é um tabu para a maioria dos profissionais, e a maior parte prefere ignorar ou fugir do tema a encará-lo de frente. Mesmo com a tendência de crescimento da economia, os índices de demissão de executivos são elevados, principalmente em decorrência das fusões e aquisições, que promovem a famosa sinergia. Uma coisa é certa: no século XXI, não há nada mais constante do que a mudança, e os executivos devem estar preparados para enfrentá-la. Nesse cenário, uma situação de desemprego deve ser vista como uma condição temporária, transitória, da qual se sai mais rapidamente e melhor quando há esforço, persistência, disciplina e alto-astral. E também planejamento. Ao fim da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP16), é hora de fazer o dever de casa. Aos negociadores dos países certamente paira uma dúvida: seus esforços poderão diminuir a “febre” do planeta? É certo que, mesmo devagar, os sistemas de combate à mudança do clima estão se aperfeiçoando e se combinando às políticas internas. Um exemplo é o acordo fechado na conferência, em que os países aprovaram um pacote para prover recursos financeiros à redução de emissões. A competitividade sob a bandeira da proteção ao clima deveria fundamentar todas as atividades no Brasil. São certas as dificuldades que passaremos em decorrência da mudança do clima. Aquela Amazônia, da qual falamos com admiração, estará na memória como símbolo do aumento da febre do planeta. Seu papel para o equilíbrio do ecossistema trará a todos nós o peso da falta de zelo em preservá-la, na medida em que sua destruição terá provocado mudanças nas chuvas, alterando características físicas de regiões. Um desastre grave para a geração de energia e para a produção agrícola e pecuária. É fato que o Brasil mostra inteligência quando defende o estabelecimento comunitário de ações de mitigação de emissões de gases de efeito estufa desde já. Neste ponto, requerer subsídio e incentivo internacional para apoiar a sociedade brasileira a ter baixas emissões é uma posição proativa e estratégica, um voto de confiança do mundo no Brasil. Pensar em ajuste fiscal nesse governo implicaria cortes profundos em várias áreas importantes e caras à presidente Como ele também nunca foi adepto de ajustes fiscais, nem a própria presidente, deveremos ter a indecorosa política de “um pouco mais de inflação para ter uma pouco mais de crescimento”. Até porque pensar em ajuste fiscal nesse governo implicaria cortes profundos em várias áreas importantes e caras à presidente. Mais ainda, um futuro membro da equipe já disse que é mais adepto de melhorar a gestão do que ajustar profundamente. Concordamos que a gestão é péssima e há muito a melhorar, mas esse não é o ponto agora. Combater a inflação não virá por melhoria da gestão, mas sim por cortes na veia. Com isso, o governo Dilma poderá ganhar uma imagem melhor no cenário de política internacional, diferente dos últimos anos de Lula, mas poderá ganhar contornos mais dramáticos no cenário econômico internacional. Até quando os investidores estão dispostos a suportar uma política fiscal irresponsável e uma política monetária dúbia? ■ O mercado está flexível e oferece aos mais qualificados novas opções que, em alguns casos, podem ultrapassar barreiras entre países Profissionais mais visionários não perdem tempo lamentando a mudança de maré, mas veem nela a chance de dar um rumo novo à carreira. Uma demissão pode alavancar várias oportunidades para quem mantém uma atitude positiva, incluindo uma mudança de área, de função e até de profissão. Empresas que trabalham com transição de carreira têm como base um esquema interessante e eficiente, que adotam na recolocação do executivo. Esse sistema inclui 10 etapas que devem ser atravessadas como se fossem 10 marcadores de quilômetros na estrada. As cinco primeiras etapas: observe seu campo profissional, no ramo e na região ou país em que deseja recolocar-se; defina com clareza seus objetivos de profissão em termos de funções ou posições almejadas; crie uma estratégia de comunicação, incluindo um excelente currículo e um discurso coerente para justificar a razão de estar mudando de empresa; identifique as empresas-alvo para se recolocar; pesquise essas empresas. As outras cinco etapas: defina as pessoas-chave na empresa, ou seja, aquelas com poder de contratar; entre em contato com as empresas e pessoas-chave, por meio de contato direto ou indireto (o chamado networking); considere novas opções de procura por novo cargo, inclusive serviços de consultoria de outplacement ou ferramentas da internet; participe de inúmeras entrevistas e negociações; quando escolhido, faça uma boa transição para o novo cargo. Para seguir esses passos, é fundamental agir com persistência e otimismo, mas também com pragmatismo. Uma recolocação para cargo executivo, quando muito bem planejada e executada, deve durar, em média, três a quatro meses. No entanto, homens e mulheres com excelentes aptidões permanecem desempregados por mais tempo porque não podem ou não sabem como atravessar cada um desses marcadores de quilômetros. Quem é persistente, tem boa capacitação, cultura e comportamento digno, certamente demonstrará garra e auto estima, qualidades essenciais para enfrentar os processos de transição. ■ Um tema que avançou no evento foi a criação de um organismo, no Rio, para difundir um modelo de desenvolvimento para as cidades No entanto, ainda temos que avançar. Um exemplo intrigante está no pré-sal, que adicionará milhões de toneladas às emissões em razão da extração e refino. Incluir medidas de contrapartida ambiental anuladoras dos possíveis danos dessas atividades é fundamental. Do contrário, as políticas internas e externas estarão desalinhadas, prorrogando a prometida estabilização. Uma ideia das empresas do mercado de carbono na COP16 foi a proposta fifty-fifty como opção para viabilizar a transferência de tecnologias de baixo carbono. A saída é que os governos dos países desenvolvidos se disponham a subsidiar as suas empresas, arcando com 50% do valor dos royalties que estes cobrariam das nações em desenvolvimento para adquirir esta tecnologia. Até hoje, não existe proposta concreta para este tema tão importante. Devemos iniciar um debate construtivo que possa viabilizá-la, dividindo uma conta que interessa aos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Outro tema que avançou durante a COP16 foi a criação de um organismo permanente da ONU no Rio de Janeiro, com objetivo de difundir um modelo de desenvolvimento sustentável para as cidades. O protagonismo econômico e político do Brasil e a realização da RIO+20, conferência da ONU a ser sediada na cidade em 2012, demandam a construção de um legado permanente para o país. Esse é um importante passo que daremos em direção a uma cultura sustentável, que poderá ser vivida pelas próximas gerações, dependendo do legado que deixaremos. ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 11 José Cruz/ABr Kirchner espera Dilma com “muito amor” A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou, em referência à presidente eleita Dilma Rousseff, que será bom ter mais uma mulher no poder e que ela será recebida com “muito amor”. “A esperamos com muito afeto e carinho e também com muito amor”, afirmou a presidente argentina durante reunião da 40ª Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu. “Vai nos fazer muito bem incorporar uma companheira de (outro) gênero. Eu já me senti um pouco sozinha.” Vincent Kessler/Reuters CRUCIFIXO É COBERTO POR NEVE NA REGIÃO DA ALSÁCIA, NORDESTE DA FRANÇA A Europa vem enfrentando há semanas fortes nevascas que já mataram dezenas de pessoas e provocaram a interrupção de diversos serviços. Na Alemanha, um dos países mais afetados, as fortes tempestades de neve e vento obrigaram o cancelamento de centenas de voos nos aeroportos de Frankfurt, Berlim e Munique, entre outros, uma situação que se estendeu às ferrovias e estradas. Na quinta passada, as autoridades alemãs declararam o alerta vermelho meteorológico em grande parte do país. França, Inglaterra e Suíça são outros países bastante afetados pelas tempestades de neve. ENTREVISTA FELIPE ORIA Sócio-proprietário da Oria Foods Oria mira no estômago dos donos de iate Fabricante de congelados monta freezer no Iate Clube de Santos para vender lasanha gourmet Françoise Terzian [email protected] O mar não está para peixe para empresas que pensam em brigar com os congelados da Sadia e da Perdigão. Se for um pequeno empreendimento de um apaixonado por culinária, então, menores ainda as chances de chegar ao microondas do con- sumidor. A larga escala e a forte distribuição das gigantes que formaram a BRF Brasil Foods, contudo, não foram suficientes para fazer Felipe Oria, fundador da Oria Foods, empresa de Cotia (SP) especializada em comidas congeladas e resfriadas, desistir do negócio aberto há oito anos. Com um faturamento previsto de R$ 1,3 milhão para este ano, a Oria agora quer vender seus risotos e massas gourmet aos ricos frequentadores do Iate Clube de Santos, no Guarujá (SP). Divulgação “Produzimos 20 mil pratos/ mês. A ideia é fazer com que a pessoa física represente 50% das vendas” Como você pretende concorrer com a BRF em congelados? Eu não devo nem fazer cócegas no mercado deles. Nosso principal produto concorrente é a lasanha congelada. A diferença é que eu tenho um prato gourmet e não uma massa feita em larga escala, com conservantes. A ideia é fazer com que os donos de barcos comprem os congelados da Oria na loja do Iate Clube ao invés de sair em alto mar com batata Ruffles. É um público com bom potencial de compra. Quem são seus principais clientes corporativos hoje? Cerca de 90% do nosso faturamento vem dos restaurantes e lanchonetes, como a Pizza Hut do interior de São Paulo, que compra risoto e massa para lasanha. A ideia é elevar o faturamento de R$ 1,3 milhão (2010) para R$ 3 milhões, em dois anos. A meta é fazer com que metade da receita venha de pessoa física, através da venda pelo comércio eletrônico e da chegada a novos pontos de venda. ■ 12 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 BRASIL Investimento estrangeiro pode ser recorde em 2011 IED SE DIVERSIFICA E CHEGA AO SETOR DE QUÍMICOS sdfdfsdfsd sdfsdf sdfsdfsdfs IED retomará nível pré-crise de US$ 45 bilhões; com estímulo à infraestrutura e ajuste fiscal, poderá chegar aos US$ 50 bilhões Ruy Barata Neto [email protected] O Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil está em curva ascendente e deverá superar ao longo do próximo ano a marca recorde de US$ 45 bilhões aferida em 2008, quando ainda não se sentia no país o reflexo da crise financeira global. O pacote de medidas de estímulo ao financiamento privado de longo prazo, anunciado pelo governo na semana passada, pode acelerar ainda mais esse processo, uma vez que isenta a cobrança de Imposto de Renda (IR) dos investidores estrangeiros que comprarem títulos de longo prazo ligados ao setor de infraestrutura. “Em geral, o IED já chega ao país amparado por uma base de capital já existente. Se o investidor obter vantagens no financiamento em moeda local, ajuda bastante”, explica o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni. O aumento do IED é fundamental para que o país caminhe na direção de chegar a uma taxa de investimento na ordem de 23% do Produto Interno Bruto (PIB), índice necessário para viabilizar um crescimento sustentável na faixa dos 5% ao ano. De janeiro a outubro, o país soma entrada de US$ 29,4 bilhões, o que já supera o resultado do acumulado de 2009 (US$ 25,9 bilhões). A perspectiva positiva para 2011 deve-se ao ritmo mais forte de entrada de capital neste final de ano. Apenas em outubro, o IED líquido cresceu US$ 6,7 bilhões, recorde para o mês desde o início da série histórica. A expectativa é que o ano encerre em US$ 35 bilhões. Amanhã o BC divulga os dados de novembro. Para Langoni, o estímulo ao financiamentos de longo prazo cria bases para que o fluxo de IED chegue aos US$ 50 bilhões em 2011, um valor alto para a realidade brasileira. Mas para que isso ocorra é necessário melhora na avaliação de risco Brasil, no cur- “ O pacote de estímulo do governo contribui para a formação de um mercado de poupança de longo prazo no Brasil, mas ainda não é suficiente Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central to prazo, o que dependeria de um ajuste fiscal mais profundo. O volume de IED poderia disparar caso se adotasse maior desoneração para exportações e tributação zero para novos investimentos. Mesmo o estímulo aos financiamentos poderiam ser mais agressivos com a extensão do benefício ao lançamento de debêntures no mercado primário para todo o setor produtivo, não apenas aos projetos ligados a infraestrutura. O incremento do IED, aliado a mais poupança, ajudaria no financiamento do déficit de conta corrente do país, que deve ser o maior da história em 2011. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um rombo recorde na conta de transações correntes em 2011, que deverá avançar de US$ 50 bilhões para US$ 70 bilhões. “O IED poderia contribuir para que o déficit seja fundamentalmente financiado pelo capital de longo prazo”, diz Langoni. Marco regulatório Segundo o economista André Sacconato, da Consultoria Tendências, o governo fica devendo ainda a adoção de novas regras para facilitar a conversibilidade cambial — o que facilitará a remessa de dividendos para matrizes de multinacionais — e o desenho de um marco regulatório de concessões para a área de infraestrutura. “O Brasil carece de uma onda de concessões para ferrovias, aeroportos, saneamento e petróleo e gás”. O conjunto de reformas apontadas pelos especialistas seriam importantes para mudar o perfil do investimento estrangeiro no Brasil, hoje eminentemente feito para atender a demanda do mercado interno. Segundo Sacconato, as empresas estrangeiras entram na China como plataforma exportadora, pelo benefício da mão de obra barata e facilidade de exportação. Entre o grupo do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) os chineses são o principal alvo de IED, com volume na ordem de US$ 100 bilhões. ■ EXPECTATIVA RECORDE US$ 50 bi é o valor que o investimento US$ 6,77 bi foi o valor mensal recorde de estrangeiro direto no país pode atingir em 2011, turbinado pelos estímulos ao financiamento de longo prazo e por um ajuste fiscal. investimento externo registrado em outubro deste ano. O ritmo de crescimento tende a continuar forte até o final deste ano. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 13 Valter Campanato/ABr Diplomada, Dilma terá cenário político tenso antes do Natal CONHECIMENTO LOCAL EM OPORTUNIDADES GLOBAIS Dilma Rousseff foi diplomada presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira sem ter conseguido fechar seu ministério. A sucessora de Lula deve ter uma semana tensa antes do Natal. Além da definição sobre o espaço do PSB e PCdoB, ela ainda não bateu o martelo sobre os cargos de segundo escalão, que estão motivando uma guerra surda entre os aliados. Os postos mais cobiçados são as presidências de estatais como Eletronorte e Itaipu, além das diretorias da Petrobras, Caixa Econômica Federal. Na sexta-feira, o primeiro discurso oficial de Dilma durou apenas seis minutos e meio. Ela ressaltou a importância da mulher. O vice-presidente, Michel Temer, também foi diplomado. (11) 3138 5314 [email protected] www.bdobrazil.com.br Jock Fistick/Bloomberg Henrique Manreza Os economistas brasileiros se mostram surpresos com mudanças que vêm sendo registradas nas características do Investimento Externo Direto (IED) que chega ao Brasil. Segundo Carlos Langoni, diferentemente do passado, o Brasil não recebe investimentos externos apenas direcionados ao setor industrial, especialmente o automobilístico. Os recursos estão chegando firmes também no setor de serviços e no agronegócio. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), há fortes aplicações no comércio varejista, no setor imobiliário e na área de derivados de petróleo. O presidente da entidade, Luiz Afonso de Lima, diz que a grande surpresa vem da área de produtos químicos. O fluxo de IED aferido de janeiro a outubro de 2009 soma US$ 29,4 bilhões, dos quais US$ 6,6 bilhões foram destinados à área de produtos químicos, seis vezes mais do que o aferido no mesmo período do ano passado. CRISE DIVERSIFICAÇÃO US$ 1,1 tri é o valor do fluxo deste ano de US$ 6,6 bi foi o montante de IED registrado investimento estrangeiro no mundo, quase metade do pico pré-crise, em 2007, quando o IED chegou a US$ 2 trilhões. no setor químico nacional, valor seis vezes maior do que o ano passado. Há investimentos desde o agronegócio até o varejo. Brasil é ‘festa no meio do velório’ global Aumento no fluxo do IED ao país vem na contramão da seca dos investimentos internacionais O Investimento Estrangeiro Direto (IED) tem crescido acima das expectativas da equipe econômica. A surpresa se deve a dois fatores. O primeiro é que, apesar dos desdobramentos da crise financeira global — que diminuiu pela metade o fluxo mundial de inversões entre 2009 e 2010 — a fatia de investimentos para o Brasil vem se recuperando. O segundo é que isso acontece apesar da burocracia do país, que dificulta a exportação e o envio de remessas de dividendos para o exterior, além do tradicional alto custo de mão de obra, que torna o país menos atrativos do que a China por exemplo hoje o grande destino de IED entre os Brics. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso de Lima, chama a atenção o fato de que a arquitetura macroeconômica do país, que aumentou o mercado de consumo doméstico, esteja sendo relevante para a manutenção de um nível ascendente de IED no país. A entidade estima que o fluxo no acumulado deste ano deva ficar em US$ 35 bilhões, cerca de US$ 10 bilhões a mais quando comparado ao resultado do ano passado (US$ 25,9 bilhões). No cenário internacional, por outro lado, o momento é crítico. Segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), o fluxo global de IED aponta para estagnação em US$ 1,1 trilhão neste ano, pouco mais da metade do pico de US$ 2 trilhões, de 2007. Países tradicionalmente alvo de investimentos externos, como a Irlanda — em meio a uma crise de dívida pública — estão afugentando os investimentos externos, hoje sendo redirecionado aos países emergentes.“É quase como se estivéssemos em uma festa no meio de um velório”, diz Lima. “O que aconteceu na realidade é que, além de mais reduzidos, os investimentos estrangeiros ficaram também mais seletivos diante da crise internacional”, afirma o presidente da Sobeet. “A percepção de ris- Total de investimento no mundo deve ficar em US$ 1,1 trilhão este ano, pouco mais da metade do pico registrado em 2007 co em países da União Europeia afugentou os investimentos da região”, analisa. Novo posicionamento Segundo especialistas do mercado, o Brasil tem outro posicionamento no cenário internacional. Se antes os representantes brasileiros batiam à porta dos investidores de países como Inglaterra, Irlanda e Bélgica, hoje são exatamente esses países que têm feito movimento inverso em busca de investimentos brasileiros em seus países. ■ Henrique Manreza Lima, da Sobeet: os estrangeiros estão mais seletivos EVOLUÇÃO TRIMESTRAL DO IED No acumulado do ano de 2010, o total pode chegar a US$ 35 bilhões VOLUME, EM US$ BILHÕES 14,1 15 Em outubro de 2010 o IED chegou a US$ 6,7 bilhões, o maior no mês desde o início da série 14,2 12 9 8,8 7,9 8,3 7,3 5,3 6 5,0 5,7 3º TRI 4º/09 1º/10 10,5 6,5 3 0 1º/08 Fonte: BC 2º TRI 3º TRI 4º/08 1º/09 2º TRI 2º TRI 3º/10 14 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 BRASIL Antonio Cruz/ABr TELECOMUNICAÇÕES DEFESA Brasil precisa de mais quatro satélites de transmissão, estima Agência Espacial Decisão sobre compras de caças deve ficar para o primeiro semestre de 2011 O Brasil precisa ter, pelo menos, mais quatro satélites de comunicação e transmissão de dados, segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem. “O Brasil está sem satélite ótico desde abril de 2010. O Brasil também espera ter, finalmente, o seu satélite radar, que permite ver o país mesmo em dias de densas nuvens e em locais com árvores gigantescas, como a Amazônia”, disse Ganem. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, sinalizou que o nome do avião escolhido para reequipar os esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB) só deve ser anunciado após o início do governo de Dilma Rousseff. Ele ressaltou que o anúncio não pode passar do primeiro semestre de 2011, caso contrário será preciso aposentar os atuais jatos Mirage 2000 e F-5 sem que os novos aparelhos tenham condição de entrar em atividade. Receita abranda normas de devolução a exportadores Marcello Casal Jr. Secretário admite lentidão na linha tributária especial criada pelo governo Otacílio Cartaxo: de saída da Receita, secretário quer novas regras ainda em 2010 TROCA DE COMANDO 1 Sai Cartaxo está de saída da Receita, após os problemas com a quebra do sigilo de políticos tucanos. TROCA DE COMANDO 2 Entra O comando do órgão passará para as mãos de Carlos Alberto Barreto, funcionário de carreira. NA CONTA R$ 500 mi É o quanto a Receita estimava em Simone Cavalcanti julho devolver aos exportadores a cada trimestre pela linha especial. [email protected] A Receita Federal vai flexibilizar as exigências atuais da chamada linha especial de devolução de créditos tributários. O objetivo é destravar os pagamentos com maior rapidez, conforme ficou estabelecido no conjunto de medidas de incentivo às exportações. Por essa modalidade, os exportadores deveriam receber em até 30 dias 50% do valor dos tributos pagos sobre a matéria-prima usada em produtos vendidos ao exterior a partir de abril. O secretário do Fisco, Otacílio Cartaxo, disse ao BRASIL ECONÔMICO que a portaria com as regras mais brandas deve ser publicada entre esta e a próxima semana. “Vamos ver se, com a flexibilização, conseguiremos dar mais velocidade ao processo de liberação”. A principal mudança está relacionada às exigências sobre o volume e a assiduidade das exportações. Pelas normas editadas em junho deste ano, para estar apta a pedir o ressarcimento a empresa precisa ter embarcado seus produtos em todos os últimos quatro anos, sendo que no segundo e terceiro anos a média das vendas externas tem de ser igual ou superior a 30% de sua receita bruta total. “As mudanças passam por esse quantitativo de volume exportado em relação aos anos anteriores”, adiantou Cartaxo, que admitiu a demora e o baixo índice de concessão dos créditos dessa linha especial sem, entretanto, dizer quantos exportadores já receberam. De forma geral, os empresário têm direito de pedir ressarcimento do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e dos Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) que foram pagos durante o processo de produção de bens exportados. A CADA TRIMESTRE R$ 1 bi em crédito federal é gerado pelas empresas sem considerar averiguação do Fisco. A JATO 30 dias Foi o que prometeu o governo como prazo para a Receita pagar 50% do crédito devido. Embora o Fisco seja até exportador de tecnologia na vigilância dos contribuintes, ainda trata as devoluções de forma manual A criação da modalidade especial de devolução foi anunciada em maio deste ano pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao lado da formação do Eximbank — que também está em compasso de espera — a concessão dos créditos tributários foi divulgada como carrochefe de apoio às exportações brasileiras. Estava sendo bastante aguardada pelos exportadores, pois tradicionalmente é de até cinco anos a demora para ter o valor creditado na conta e hoje há uma pendência na casa dos bilhões de reais a ser ressarcida (veja matéria na outra página). Por isso mesmo, o governo se comprometeu a fazer a devolução em até um mês após o envio da documentação. Mas até o momento essa velocidade não foi obtida. Feito à mão Segundo Cartaxo, o grande problema é que, apesar de a Receita Federal ser um órgão que até exporta tecnologia de declarações de imposto de renda e cruzamento de dados de contribuin- tes, ainda trata os casos de devolução de forma manual. “Uma vez um ministro me chamou para perguntar quanto era devido aos exportadores. Liguei para o responsável da área que me disse que só poderia dar os números em 15 dias porque estava tudo em papel”, revela. O sistema operacional que trabalhará o PIS/Cofins e dará maior celeridade inclusive à conferência do crédito devido só entrará em operação entre março e abril de 2011, de acordo com as estimativas de Cartaxo. ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 15 Rafael Neddermeyer REGULAMENTAÇÃO VEÍCULOS Frente de entidades civis quer esclarecer população sobre propagandas de alimentos Governo busca mais transparência em recalls de automóveis com novas regras Entidades da sociedade civil lançaram a Frente pela Regulamentação da Publicidade de Alimentos. O movimento vai se mobilizar para informar a sociedade sobre as propagandas do setor, especialmente aquelas voltadas às crianças. Em junho, a Anvisa publicou uma resolução regulamentando a propaganda de alimentos, mas a medida foi suspensa por uma liminar concedida à Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). O governo publicou na edição da última sexta-feira do Diário Oficial um conjunto de regras destinado a dar mais transparência às campanhas de recall das montadoras. Entre as novas exigências está a lista dos chassis dos veículos envolvidos no processo. Além disso, o recall pendente há mais de um ano vai constar no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo. As determinações passam a valer no prazo de três meses. Será só mais um embrulhinho, diz AEB A prática confirma outra realidade, diz entidade, apesar das intenções do governo Carolina Alves [email protected] As propostas de flexibilização nas regras de recuperação de créditos de exportação, apresentada a duas semanas da saída do secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, tende a repetir o fracasso do pacote lançado pelo ministro da Fazenda Guido Mantega no começo do ano. Essa é a opinião é do vice-presidente da Associação de Comér- cio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “Aquilo não foi um pacote, foi um embrulhinho. Este será mais um.” Para ele, as novas regras não serão concretizadas e tendem a acabar seguindo o fluxo de todas as outras já lançadas para agilizar a recuperação dos créditos. Ele estima que nos tributos sociais como PIS/Cofins, o valor devido aos exportadores esteja na casa dos R$ 8 bilhões. “Já foi de R$ 10 bilhões, mas a iniciativa privada arrumou meios de reduzir esse cálculo por conta própria”, afirma. Somam-se a esse valor outros R$ 20 bilhões de dí- vidas dos estados sobre o ICMS. Castro explica que a demanda internacional em baixa reduziu as ofertas das empresas para outros países, mas aumentou para o mercado interno. Desta forma, foram gerados menos créditos para serem reembolsados às empresas. ■ CINCO RAZÕES PARA A FALTA DE CREDIBILIDADE JUNTO A EXPORTADORES 1 2 3 4 5 Eximbank Retroativo Ajuste Dívida com estados Créditos em troca Embora tenha sido anunciado oficialmente no primeiro semestre deste ano, o Eximbank, banco de fomento para exportações, que funcionaria dentro do BNDES, não saiu do papel até o momento. Embora sinalize a aceleração do pagamento de créditos, resta saber como o governo vai negociar os créditos a receber anteriores às mudanças, que já somam R$ 10 bilhões, só em PIS e Cofins não ressarcidos. Numa perspectiva de anúncio de ajuste fiscal, ou seja, de trabalhar a economia de custos, a devolução retroativa fica mais nebulosa. Em 2009, a crise foi um dos argumentos do governo para postergar pagamentos. A Lei Kandir, que prevê isenção do ICMS nos estados para produtos e serviços voltados à exportação, também perdeu credibilidade na semana passada. O Congresso aprovou o adiamento da sua aplicação para 2020. O governo chegou a aceitar a ideia dos empresários de trocar créditos previdenciários por benefícios represados. “Sinalizar interesse, mas o assunto não saiu do papel”, diz José Augusto Castro, presidente da AEB. 16 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 INOVAÇÃO & EDUCAÇÃO TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA EMPREENDEDORISMO GESTÃO Teatro e tecnologia reforçam A aposta em uma técnica diferente de ensino facilita o apredizado dos alunos Micheli Rueda [email protected] De técnicas elementares de teatro até tecnologia. Novos métodos de ensino de inglês, além de agregar valor ao tradicional, facilitam o aprendizado ao aliar atividade de lazer e educação. Os diálogos próprios de qualquer curso de inglês – um prérequisito na formação do estudante – podem ganhar ares sofisticados e garantir mais fluência ao aluno quando associados a técnicas teatrais. “Sentados na cadeira, envergonhados e impelidos a conversar, os alunos parecem robôs”, descreve Carlos Gontow, professor de inglês e escritor do livro The Classroom is a Stage, que traz 40 esquetes classificadas por nível de aprendizado e com sugestão de idade. Na profissão há 24 anos, Gontow conta que começou a incentivar os alunos a levantarem e colocarem mais expressão e entonação em seus diálogos. A metodologia nasceu sem o professor perceber que nesse exercício corriqueiro despontavam as técnicas mais clássicas de teatro. “Podemos falar o ‘oi, tudo bem?’ com diversas emoções. Bravo, feliz, sério ou triste. No ensino de língua estrangeira, as pessoas ficam mais tímidas, algo que precisa ser contornado”. A metodologia empregada por Gontow se divide em duas vertentes: na sala de aula e no palco. Nas aulas, a utilização de fantoches e o incentivo a inserção de emoções nas falas contribui para a desinibição. “Ao se imaginar como personagem os alunos se soltam mais. Os fantoches atuam como se fossem máscaras que protegem a identidade do aluno”, considera. O outro elemento que garante a mesma funcionalidade são as peças teatrais em si. “O teatro propicia a vivência da língua, o que é fundamental. Sem isso, fica muito artificial”, avalia o professor. Ao ensaiar uma peça teatral pela primeira vez, os alunos recebem de duas a três falas de acordo com o nível de conhecimento. Se mostram facilidade para decorar, nas semanas seguintes vão ganhando falas adicionais. Depois de ensaios semanais com três horas de duração, os alunos apresentam a peça. O elenco varia de 30 a 120 pessoas. Tecnologia Acompanhando as inovações tecnológicas, o Grupo Multi, que congrega escolas de idioma, informática e profissionalizante, aposta nas novas mídias para A prática teatral traz naturalidade à fala, os alunos aprendem a improvisar em inglês e dão tom de realidade aos exercícios do material didático aperfeiçoar o ensino de inglês. Destinado à Wizard, a companhia lançou no mês passado o serviço de “web chat”, em que os alunos têm à disposição professores conectados 24 horas por dia sete dias da semana. Para assegurar o atendimento dos alunos, são mantidos professores aqui e na China. “O serviço não tem custo adicional. O recurso pode ser utilizado para tirar dúvidas, explicar conteúdo ou, simplesmente, conversar. Tem o intuito de facilitar o aprendizado”, afirmou Carlos Martins, presidente da Multi. Nas escolas profissionalizantes — Microlins, S.O.S Computadores e Bit Company —, foram instaladas lousas eletrônicas com material didático para o ensino do inglês. Por sua vez, a última aquisição do grupo, a escola Yázigi utiliza o portal “House of English”, que se assemelha a uma rede social, para auxiliar no ensino. “O portal é o local onde os alunos dos diversos estados podem interagir. É um complemento da aula, lá os alunos também realizam tarefas”, aponta o presidente da Multi. Para 2011, o diferencial será a disponibilidade de todo o material didático da Wizard na plataforma do iPad, da Apple. ■ CLASSE C UNS Idiomas molda curso para atender adultos em 18 meses De olho na ascensão econômica da classe C, a UNS Idiomas, rede especializada no ensino da língua inglesa em 18 meses, moldou seu curso para atender adultos que têm necessidade de rápido aprendizado. Sem férias e recesso, o conteúdo é distribuído em três horas de aulas semanais, com opção de uma hora adicional às sextas-feiras. “Trabalhamos com executivos ou préexecutivos, na faixa de 20 a 40 anos, que buscam ingressar no mercado de trabalho ou visam alguma promoção”, afirmou Marcel Magalhães, diretor presidente da rede de idiomas. A UNS está presente em todas as regiões do Brasil e estuda ampliar o número de franquias para todas as capitais Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 17 QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SUSTENTABILIDADE TECNOLOGIA LÉLIA CHACON curso de inglês Jornalista e editora do site e revista Onda Jovem, do Instituto Votorantim Murillo Constantino TRÊS PERGUNTAS A... Fotos: divulgação Como colocar o futuro dentro da educação? ...ÂNGELA LESSA Professora do departamento de inglês da PUC-SP “O aluno precisa de tempo em casa para poder estudar” O aprendizado do inglês exige esforço conjunto do professor e do aluno. Além do domínio do idioma pelo professor, a dedicação fora sala de aula do aluno é que garantirá o aprendizado. O aluno consegue aprender com métodos que visam o curto prazo? Na profissão há mais de 24 anos, o professor de inglês Carlos Gontow começou incentivando os alunos a levantarem e colocarem mais expressão e entonação em seus diálogos. Depois, veio o teatro. Ao se imaginar como personagem e não a pessoa real os alunos se soltam mais. Os fantoches atuam como se fossem máscaras, que protegem a identidade do aluno Em todos as aulas, são combinados exercícios de leitura, gramática, áudio e conversação, voltado para as necessidades desse público. Segundo Magalhães, o tempo mais enxuto de aprendizado equaciona um investimento maior, tendo em vista que os cursos convencionais ultrapassam quatro anos de aulas. “Isso vem de encontro com as necessidades da classe C”, considera. A metodologia da UNS também encontra amparo na motivação pessoal de cada aluno, com base na premissa de que a ascensão profissional resulta em renda maior. Lógico que existem exceções, mas é muito difícil aprender um idioma em pouco tempo, tendo em vista que seu uso é complexo. Mesmo que envolva a motivação de uma promoção no trabalho, por exemplo, é necessário experiência com a língua. Para facilitar o aprendizado, existe uma combinação de elementos que devem ser seguidos. O aluno tem que fazer o curso completo. Do início ao final. Além de gostar do idioma, tem que ter suporte profissional, material adequado e tempo em casa para estudar. Qual o tempo recomendado para adquirir fluência? Se o aluno se esforçar e não tiver medo de se expressar, seis horas semanais por um período de dois anos a dois anos e meio. O grupo reduzido de alunos por sala de aula também contribui. Existe uma metodologia ideal? Não existe uma metodologia ideal. Hoje fala-se em “pósmétodo”, em que o professor se adequa às necessidades de cada aluno. O professor tem que ser capaz de fazer um prognóstico das necessidades reais do aluno em um contexto social, histórico e cultural. Não existe ensino de língua pela língua. O novo Código de Processo Penal, se aprovado, não dará direito a prisão especial para quem tem curso superior. Foi-se um argumento para convencer alguém, no desespero, a a ampliar a escolaridade. Confesso que o usei, jocosamente, com um filho que decidiu ser músico. A sério, opinei, entre outros pontos, que um diploma superior significaria trabalho e ganho financeiro melhores. Em vão. Bom no “pingue-pongue”, ele considerou a afirmação e mandou outra: o diploma não garantiria o aprendizado do seu interesse, que ele foi encontrar em uma instituição alternativa nos sete anos seguintes e continua a buscar todos os dias com o auxílio de computador, internet e outras tecnologias. Essa escolha ilustra uma possível resposta a uma boa questão colocada pelo educador Fredric Litto, um dos fundadores da Escola do Futuro da USP, dedicada a pesquisa e aplicação de tecnologias educacionais: “Se a educação é para o futuro, como colocar o futuro dentro da educação?”. A pesquisadora em tecnologia educacional Maria H. Andersen, que escreve sobre o futuro do ensino e da aprendizagem para instituições como a “World Future Society”, sugere um sistema de aprendizado personalizado e social (em rede) como meio de colocar o futuro na realidade No passado, a educacional do presente. O cenário, que ela educação era ultrapersonalizada: nomeia com a sigla Socrait, parece conciliar histórias orais tudo o que se preconiza passadas do adulto para um ensino de qualidade: capacitar o espara a criança ou tudante a contextualio tutor contratado zar o que aprende, a para ensinar cruzar conhecimentos e a fazer as perguntas cerum único aprendiz tas para avançar na formação de acordo com suas ambições. A sigla remete a socrático no questionamento necessário para aprender e desenvolver conhecimentos, e contém “Soc” para social, “Ai” para inteligência artificial e “TI” para tecnologia de informação, explica Andersen, lembrando que perguntas socráticas levam o aluno a gerar respostas próprias em vez de apenas reconhecer uma resposta dada. Isso alimentaria continuamente a aprendizagem com novas questões — de forma personalizada, pois motivada pelo interesse pessoal do aluno; e na esfera comunitária, ao ser partilhada e enriquecida em redes sociais a partir de um “banco de questões socráticas”. O banco seria acessado, ao final de um conteúdo, por uma opção do tipo “aprenda mais”, com duas alternativas: escrever sua pergunta ou escolher em uma lista de questões feitas por outros. O aluno avaliaria sua formação a partir da capacidade de chegar a respostas. Se não aprendeu, o sistema o remeteria de volta ao tema. Os avanços seriam certificados por “curadores socráticos”. A ideia, de tão resumida aqui, nem parece coisa de futuro. E práticas, tecnologias e conteúdos para um sistema como esse já existem. “Faltam a arquitetura e a interface”, diz Andersen. Uma arquitetura aberta para qualquer um criar perguntas e também desenvolver aplicativos de acordo com os objetivos de aprendizagem, seja na escola ou no ambiente de trabalho. No passado, lembra a pesquisadora, a educação era ultrapersonalizada: histórias orais passadas do adulto para a criança ou o tutor contratado para ensinar um único aprendiz. O Socrait propõe uma volta para o futuro numa realidade de sistemas públicos de ensino, educação de massa. Saiba mais: http://www.wfs.org/futurist. ■ 18 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 ENCONTRO DE CONTAS LURDETE ERTEL Pierre Verdy/AFP À deriva Mais ondas revoltas no caminho do projeto do estaleiro de R$ 800 milhões que o grupo Jurong, de Cingapura, pretende atracar em Barra do Sahy, no município de Aracruz (norte do Espírito Santo). Por determinação da Justiça Federal, a empresa não poderá fazer nenhuma intervenção na área destinada à construção do empreendimento até o dia 31 de janeiro. Nesta data, deve sair a decisão se valem ou não as licenças prévia e de instalação concedidas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente ao estaleiro. Classificada pela Petrobras para a construção de 28 sondas dos campos do pré-sal, a Jurong está enredada em uma acalorada polêmica sobre os impactos ambientais do projeto. A discussão desembocou na Justiça. Como um rei A partir de 2011, vai ser possível se hospedar praticamente dentro do Palácio de Versalhes, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo. O complexo perto de Paris (França) vai ter uma de suas construções transformadas em hotel de luxo para abonados. A antigo Hotel du Grand Controle, um pequeno prédio que era usado como moradia por gestores do Palácio até a Revolução Francesa, foi cedido à empresa belga Ivy Internacional, para abrigar um hotel com 23 apartamentos. Segundo Jean-Jacques Aillagon (foto), coordenador de Versalhes, a experiência será a primeira de uma série de prédios históricos franceses que serão concedidos à iniciativa privada para tentar explorar o potencial econômico e, assim, garantir sua conservação. Para instalar o hotel, a Ivy vai investir US$ 7 milhões nas reformas do prédio construído em 1680 e que, até 2006, era usado como refeitório. Anton Averianov/Caters Programa de ex “Os EUA estão demonstrando que as instituições parecem não seguir as regras da lei. E enfrentar uma superpotência que não segue o estado de direito é um assunto sério. O maior risco agora – e o que mais me preocupa – é a extradição aos Estados Unidos. Isso parece cada vez mais provável” Gramado, na serra gaúcha, poderá ser uma das paradas de descanso do presidente Lula no início de janeiro, quando deixar a presidência da República. Mais exatamente o luxuoso Saint Andrews, hotel seis-estrelas que está sendo inaugurado neste mês pelo empresário Guilherme Paulus, fundador da CVC e GJP. Paulus tratou pessoalmente do convite para que Lula e Marisa conheçam o empreendimento para desopilar. Pegadas largas A fabricante de calçados masculinos Pegada, de Dois Irmãos (RS), planeja para 2011 a ampliação de sua capacidade de produção, tanto no Rio Grande do Sul como na Bahia. A empresa já está construindo uma segunda fábrica em Ruy Barbosa (BA) que, a partir do segundo semestre de 2011, deve adicionar 4 mil pares de calçados por dia à capacidade local. Em Dois Irmãos, a Pegada também prepara para janeiro a construção de um novo prédio para ampliar a produção. Olha o ursinho! Filhotes de urso polar sempre são atração imbatível nos zoológicos. Mas um peludo de Moscou está gerando filas extras por conta de uma graciosa mania: o tímido ursinho de 1 ano não gosta de tirar fotografias e costuma esconder o rosto para os flashes. Resultado: as adoráveis imagens de esconde-esconde atiçam ainda mais fotos. Julian Assange, fundador do Wikileaks, confessando seu temor diante da onça que cutucou, em sua primeira entrevista depois de ser libertado na Inglaterra. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 19 Fotos: divulgação MARCADO Primogênita A primeira Ferrari assinada por Enzo Ferrari será colocada no prego, nos dias 20 e 21 de janeiro, na casa de leilões RM Auctions, nos Estados Unidos. O modelo 166 MM de 1949 foi totalmente restaurado e deve arrecadar nada menos que US$ 2 milhões. Originalmente a máquina era amarela e azul, mas foi pintada de vermelho. O chassis, o motor, a transmissão e outros diferenciais são originais. ● A Natura apresenta, amanhã, a cerimônia de premiação da 12ª edição do Orixalé, criado pelo AfroReggae. O evento será apresentado por Fernanda Lima e Johayne Hidelfonso. Alcione, Roberta Sá e o grupo Afro Samba também sobem ao palco. [email protected] A passo de canguru GIRO RÁPIDO A marca brasileira de calçados Via Uno acaba de abrir mais uma loja no Exterior. Desta vez, em Sydney, na Austrália. É a quarta filial da grife na metrópole australiana. Em cartaz A mexicana Cinépolis, uma das maiores redes de cinema do mundo, está acionando os projetores no Rio de Janeiro. Com seis salas, o primeiro complexo de exibição da empresa no mercado carioca foi instalado em um dos cartões postais da cidade – às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na cozinha Bom princípio Duelo ibérico É com ocupação máxima que o grupo Fasano vai abrir as portas de seu primeiro empreendimento fora do Brasil. O Fasano Las Piedras começa a operar no próximo dia 26 em Punta del Este, charmoso balneário do Uruguai que é considerado a Côte d’Azur da América Latina. O hotel abrirá com 20 de seus 40 bangalôs. Todas as acomodações já estão reservadas para o Réveillon. Um pacote de sete noites custava entre US$ 12 mil e US$ 17 mil, dependendo do tamanho do apartamento. O empreendimento de luxo foi construído em uma área de 480 hectares que fazia parte da fazenda de uma tradicional família uruguaia. Esparramado em um campo entre La Barra e Jose Ignacio, de onde se tem vista para o rio Maldonado, o Las Piedras foi projetado por Isay Weinfeld, o mesmo arquiteto responsável pelo Hotel Fasano São Paulo. A companhia aérea espanhola Iberia prepara para fevereiro a decolagem de suas operações em Recife (PE). O voo Recife-Madri terá três frequências semanais. Segundo o trade turístico do Nordeste, vai competir diretamente com a rota da Tap que liga Recife a Lisboa (Portugal). Imagem esticada Depois de criar o primeiro centro médico exclusivo para executivos de alto padrão no complexo MDX, de Eike Batista, no Rio, a Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI) está desembarcando em São Paulo. A primeira filial fora da capital fluminense foi instalada em elegante casarão no bairro Jardins, em São Paulo, com investimento de R$ 10 milhões. Além da unidade paulistana, a CDPI planeja abrir mais duas unidades no Rio em 2011. Dominique-Henri Simon/AFP Virando a página A ex-modelo e editora-chefe da Vogue francesa, Carine Roitfeld (à dir.), abalou o mundo da moda após anunciar que vai abandonar seu posto à frente da revista no final de janeiro de 2011. A inesperada notícia foi publicada na página da Vogue na internet. Roitfeld ocupava o cobiçado cargo desde 2001 e não divulgou os motivos que a levaram a deixar a revista. Carine é considerada a segunda mulher mais temida do mundo da moda, perdendo apenas para Anna Wintour (à esq.), editora-chefe da Vogue americana. A revista deve divulgar o nome da substituta de Roitfeld nas próximas semanas. A top model brasileira Carol Trentini é a nova estrela da campanha da Dell Anno. A top foi fotografada por Gui Paganini, em um luxuoso loft, na capital paulista, criado especialmente com móveis da marca. A campanha vai para a mídia em março. Com conceito O Ponto Frio inaugura hoje sua primeira loja conceito, no shopping RioSul, no Rio de Janeiro. A nova loja oferece a mais completa linha de produtos de tecnologia disponível no mercado. Nova universidade A Estácio acaba de assinar contrato com o Grupo Facility, presidido pelo executivo David Barioni, para o desenvolvimento da Universidade Corporativa Facility. Refresco A rede paulista de sorvetes IceMellow está apostando no mercado do Rio, onde acaba de abrir uma franquia no Boulevard Shopping São Gonçalo. Além do Grande Rio, pretende investir também em cidades como Cabo Frio, Búzios e Campos. Com Karen Busic [email protected] 20 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 EMPRESAS O Boticário chega aos R$ 6 bi atrás de novo modelo Rede de 3 mil lojas decide se lança segunda marca, sistema de venda direta e questiona risco de expansão em pequenas cidades Françoise Terzian [email protected] O Boticário, indústria e rede de perfumaria e cosméticos, chega ao final de 2010 com um faturamento somado de R$ 6,1 bilhões (R$ 1,5 bilhão a franqueadora e R$ 4,6 bilhões a rede de varejo), a marca de três mil lojas em operação no país e um ponto de interrogação. “Todos os anos nos perguntamos quantas lojas Boticário cabem no Brasil. Não consigo precisar este número, mas é certo que, em 2011, abriremos entre 100 e 120 novos pontos de venda”, diz Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário. Embora a empresa preveja um crescimento de 25% em 2010, o fato é que o futuro do Grupo Boticário não se concentrará mais apenas na rede de lojas e no comércio eletrônico. A partir do próximo ano, ele entra efetivamente em novas searas, o que pode significar uma nova marca nas gôndolas dos supermercados ou das drogarias ou, quem sabe até, um novo negócio. Grynbaum admite que 2011 será um ano de novidades, mas não revela detalhes. Depois de passar os últimos nove meses analisando oportunidades do mercado, a GKDS, unidade da holding Boticário criada em março para prospectar novos negócios, deve dar seu primeiro grande passo no primeiro semestre de 2011. Enquanto este anúncio não sai, é certo, no entanto, que O Boticário deve, finalmente, brigar com a Natura, a Avon, a Jequiti, a Amway e a Mary Kay pelo mercado de vendas diretas. Em setembro, o grupo iniciou, sem alarde, um piloto em dois municípios brasileiros — um no Sudeste e outro no Nordeste. O modelo baseado na venda por catálogo será conduzido pelos franqueados, mas tem seu desenho e o aval da franqueadora. Segundo Grynbaum, o piloto “ Estamos analisando como o franqueado se comporta dentro da nova operação (de vendas por catálogo) e também como ficará a marca O Boticário na venda direta. Construímos uma imagem fantástica e não faremos nada que a prejudique Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário deve acontecer até julho, data em que o grupo decide se aborta o projeto ou se entra de cabeça na nova modalidade de vendas. O portfólio de produtos e seus respectivos preços serão os mesmos da loja. Pela reivindicação dos franqueados e pelo tamanho deste nicho de mercado, é fácil descobrir qual será a decisão. “Nos últimos anos, eles têm nos cutucado (referindo-se aos franqueados), dizendo que precisam de materiais melhores. Vendas diretas são uma grande oportunidade”, afirma Grynbaum. Encruzilhada Diante do crescimento do país e do aumento do poder de compra dos brasileiros, Grynbaum vê nas vendas diretas uma forma de chegar às cidades onde o grupo ainda não está — aquelas com até 15 mil habitantes. A oportunidade chega em boa hora. Ao longo de sua história, O Boticário fincou a bandeira em 1.570 municípios, tornando-se acessível nas grandes capitais, nas cidades de médio porte e até mesmo nos municípios de 30 mil habitantes. Contudo, as cidades de 5 mil a 15 mil habitantes ainda são inexploradas pela marca. Será que faz sentido investir, pelo menos, R$ 200 mil na abertura de uma loja Boticário de 60 metros quadrados? Essa resposta, nem Grynbaum sabe responder. O fato é que os habitantes desses municípios pequenos estão desassistidos pela rede. Sem opção, o que faz o consumidor? Abre um catálogo da concorrência e faz o pedido. A venda direta é um negócio atrativo que, só em 2009, movimentou R$ 21,8 bilhões no país, segundo a Associação Brasileira de Venda Direta (ABVD). Curiosamente, entre 90% e 95% deste montante vieram da comercialização de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumaria. ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 21 Divulgação Americana Pentair adquire Hidro Filtros As duas empresas assinaram um acordo preliminar de compra e a transação deve ser concluída nos próximos dias. O valor do negócio não foi divulgado. A gaúcha Hidro Filtros é especializada em tecnologia de filtros residenciais de água. No ano passado, registrou um faturamento de US$ 12 milhões em vendas no Brasil e na América Latina. Ela será incorporada pela Pentair Residential Filtration, produtora dos filtros GE. O grupo Pentair Water obteve uma receita em 2009 de US$ 2,7 bilhões. Soluções em desenvolvimento de negócios e governança corporativa. www.grupofbm.com.br Divulgação APORTES R$ 170 mi foi o investimento feito pelo grupo nos dois últimos anos. O investimento anunciado para 2011 funciona como um complemento para o de 2009 e 2010. NO PAÍS 1.570 cidades do Brasil têm lojas O Boticário. A rede avalia reforçar sua atuação nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. NO GLOBO 10 países têm lojas de O Boticário, além do Brasil. Entre eles estão Portugal, Japão, Venezuela e Estados Unidos. Rede investirá R$ 51 milhões em 2011 No próximo ano, Boticário vai priorizar o mercado interno e observar abertura de shoppings O orçamento já foi fechado. No próximo ano, o Grupo Boticário vai investir R$ 51 milhões na operação, valor que será direcionado para a fábrica e o centro de distribuição. Hoje, O Boticário tem uma fábrica em São José dos Pinhais (PR) e um centro de distribuição em Registro (SP). O investimento definido para o próximo ano é um complemento aos R$ 170 milhões aportados pelo grupo nos últimos dois anos para melhoria da capacidade produtiva e construção de um novo espaço para a distribuição. Sobre uma possível consolidação envolvendo O Boticário, Artur Grynbaum, presidente do Grupo, diz que o setor de cosméticos não oferece tantas oportunidades. Por outro lado, cita a GKDS, divisão criada em março para analisar e desenvolver novos negócios. Embora já tenha uma presença forte no país, a rede acredita que ainda há espaço para crescer nas cidades onde já está presente com vários pontos de venda. “Há cidades onde faz sentido termos mais lojas. Precisamos seguir o desenvolvimento econômico e prestar atenção na inauguração de shoppings, fortalecimento de alguns bairros, entre outras oportunidades para O Boticário”, explica Grynbaum. Ele lembra que a rede está presente em 1.570 municípios brasileiros dentre mais de 5 mil e garante que há espaço para crescer no Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A marca atinge principalmente os consumidores das classes B e C, mas garante que também vende para o público A e é vista como aspiracional para a D. Na cola do aumento do poder de renda do brasileiro, outro negócio promissor é o “in company”, que o grupo conduz há O Boticário vê espaço para crescer em cidades em que já está presente e diz que consolidação em cosméticos é difícil no país porque há poucas oportunidades tempos e que promove a venda dos produtos da marca dentro das empresas. O trabalho é realizado pelos franqueados. Exterior O mercado interno será prioridade para o grupo em 2011. Embora atue em outros dez países (como Portugal, Japão, Venezuela, Estados Unidos e até mesmo na África do Sul), apenas 2% do faturamento de O Boticário vêm do exterior. Não há previsão de abertura de lojas em novos países. ■ F.T. EMPRESA ESTREIA NA SPFW Artur Grynbaum, presidente do Boticário: rede deve entrar na briga dos catálogos com Avon e Natura ● Sai a Natura, entra O Boticário. O grupo acaba de assinar um contrato de patrocínio de dois anos com a direção do evento. ● O objetivo é divulgar suas marcas de maquiagem e também suas fragrâncias entre o público jovem e mais antenado à moda. 22 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 EMPRESAS Divulgação CARNES 1 CARNE 2 Abate de bovinos está em queda, mas cresce o de frangos e suínos, diz IBGE Ganhos de sinergia com Keystone Foods até 2013 será de US$ 100 milhões, diz Marfrig Nos meses de julho a setembro, 7,394 milhões de bovinos foram abatidos, total 2,5% inferior ao registrado no trimestre anterior, segundo pesquisa sobre a pecuária divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento registrou, no entanto, crescimento nos abates de frangos, com alta de 3,8%, e suínos, de 2,9%, e na aquisição de leite pela indústria e na produção de ovos de galinha. A Marfrig prevê que a demanda global por carne crescerá 22,8% até 2019, segundo uma apresentação da empresa enviada na sexta-feira (17) à Comissão de Valores Mobiliários. Com a aquisição da Keystone Foods, além de aumentar o fornecimento para o maior importador mundial, o frigorífico Marfrig tem ainda outra estratégia: criar um novo canal de entrada na China. João Laet Com vitória em Teles Pires, projetos de geração da estatal já superam o período pré-privatização Eletrosul volta a investir com força total na área de geração Com vitória em Teles Pires, a companhia já soma mais projetos que no período anterior à privatização Priscila Machado [email protected] “Voltar à geração para nós é uma questão de honra.” A afirmação é de Eurides Luiz Mescolotto, presidente da Eletrosul. A empresa, uma das principais acionistas do consórcio Teles Pires Energia Eficiente, foi uma das vencedoras na disputa pela concessão da hidrelétrica e quer ampliar ainda mais sua presença com a participação nos leilões do governo. “Estamos entrando para valer na geração”, afirma Mescolotto. Em 1998, a subsidiária da Eletrobras teve que se desfazer dos seus ativos em produção que, por sua vez, foram vendidos para a Tractebel. A privatização de todo o seu parque gerador se estendeu até 2004, quando foi retirada do Plano Nacional de Desestatização (PND) que proibia que a mesma empresa de energia atuasse como geradora, transmissora e distribuidora. Com a vitória no leilão de Teles Pires, os projetos em geração da Eletrosul já superam em volume os do período anterior à privatização. As usinas hidrelétricas (UHE) da empresa compreendem hoje Teles Pires (PA), Jirau (RO), Passo São João (RS), São Domingos (MS). A companhia conta ainda com duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em Santa Catarina e um parque eólico no Rio Grande do Sul. Os empreendimentos encontram-se em diferentes fases de operação. “A nossa participação nesses projetos já ultrapassa 1,6 mil megawatts (MW). Estamos superando em áreas em construção aquilo que perdemos com a privatização”, diz o presidente da estatal. Segundo ele, a convocação do governo para participar dos projetos estruturantes do setor de energia ajudaram a acelerar o processo de retomada da empresa no mercado de produção. Leilão Teles Pires Divulgação Eurides Mescolotto Presidente da Eletrosul “Estamos superando em áreas de construção aquilo que perdemos com a privatização” A usina foi conquistada na primeira e única oferta e com um deságio de 32,9% sobre o preço-teto de R$ 87/MWh. O valor do lance foi de R$ 58,36. “Não pensei que seria em um lance só porque os consórcios eram muito fortes”, diz Mescolotto. Com capacidade de 1.820 MW e localizada no rio Teles Pires, a usina deve receber investimentos de R$ 4 bilhões. A vitória da Eletrosul na hidrelétrica foi comemorada por cerca de mil funcionários que participavam dos jogos Eletrosul em Movimento. A comemoração é dupla, já que na próxima quinta-feira a companhia completa 42 anos. A respeito do deságio significativo, o presidente da Eletrosul afirma que o grupo fez um lance onde minimizou o risco de maneira bastante concreta e onde foi avaliado, também, a comercialização da energia no mercado livre. Para Silvio Areco, diretorexecutivo da Andrade & Canellas, o deságio de 32,9% em relação ao preço de referência é um mergulho muito forte. No entanto, Areco avalia que a venda de energia no mercado livre pode equilibrar a conta e vislumbra um preço médio de R$ 130 o MWh nesse ambiente. “Cerca de 15% da energia de Teles Pires vai para o mercado livre, o que é importante porque ele consegue capturar demandas sazonais”, avalia. Ele destacou ainda a vitória da Eletrosul sobre os consórcios da Chesf e da Eletronorte, também subsidiárias da Eletrobras e que, por já terem uma infraestrutura forte na região, poderiam ter disputado o preço do leilão de forma mais arrojada. O consórcio Teles Pires Energia Eficiente foi liderado pela Neoenergia (50,1%) e teve como sócios além da Eletrosul (24,5%), Furnas (24,5%) e a Odebrecht Participações (0,9%). ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 23 Divulgação ALIMENTOS EDUCAÇÃO Brasil Foods estima expansão de até 12% no faturamento do ano que vem Anhanguera adquire Unipli por R$ 56,9 milhões e assume dívida Segundo comunicado da companhia, a previsão baseia-se nas expectativas de que as vendas no mercado interno continuarão aquecidas em razão da estabilização econômica, do avanço de renda e da expansão do consumo. Os principais mercados externos também favorecem a companhia. A recuperação da demanda registrada nos últimos trimestres deverá ter continuidade no próximo ano. A Anhanguera Educacional Participações adquiriu a totalidade do capital da Sociedade Educacional Plínio Leite, mantenedora do Centro Universitário Plínio Leite (Unipli). Com a aquisição, a companhia assume o endividamento líquido da Unipli de R$ 11,658 milhões. A Unipli possui 7.390 alunos matriculados em ensino superior entre seus quatro campi. A aquisição representa a entrada da Anhanguera no Rio de Janeiro. Furnas quer crédito para investir mais Estatal negocia com bancos públicos e privados para obter financiamento a baixo custo Ricardo Rego Monteiro [email protected] Participante do consórcio responsável pelo maior deságio da história dos leilões de usinas do Brasil, a estatal Furnas Centrais Elétricas tem no projeto de engenharia e no pacote de financiamento a fórmula para tornar viável a tarifa de R$ 58,35 por megawatt (MW), um deságio de 33%, com a qual arrematou a usina de Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará. Presidente da estatal, Carlos Nadalutti Filho afirma que, além de readequar o projeto de engenharia da usina a uma estrutura mais baixa de custos, já conversa com bancos estatais e privados para obter um financiamento compatível com a tarifa. “Nessas horas, vale a experiência de técnicos e engenheiros de uma empresa como Furnas, que tem 54 anos de história no setor, e a expertise dos sócios do consórcio, acostumados a obras desse porte”, comentou Nadalutti, ao confirmar a intenção de promover ajustes técnicos no projeto. “Essa tarifa não compromete a economicidade do empreendimento ou das empresas. A taxa de retorno atende tanto as diretivas da Eletrobrás quanto a dos parceiros”, diz. Com planos de investir R$ 1,2 bilhão em 2011, o executivo confirma que deverá negociar, ao longo do ano, a ampliação Companhia espera entrar no leilão da usina de Sinop, no Mato Grosso, em 2011, que também faz parte do complexo hidrelétrico de Teles Pires do montante previsto no orçamento da União. Leilão de Sinop Nadalutti relata que o aumento de recursos será necessário para cumprir compromissos que a empresa pode assumir no próximo ano. Um deles, revela o executivo, é o provável leilão da usina de Sinop, no Mato Grosso, que também faz parte do complexo hidrelétrico de Teles Pires. Originalmente prevista para o leilão de sexta-feira, a usina foi excluída da disputa por não obter o licenciamento ambiental a tempo. “Estamos dispostos participar do leilão por essa usina”, afirmou o presidente de Furnas, ao confirmar a intenção de disputá-la com o mesmo consór- cio vencedor de Teles Pires. “Temos plenas condições de apresentar um lance tão agressivo quanto em Sinop. Como as duas usinas estão localizadas próximas uma da outra, é possível prever ganhos de sinergia que deverão ser repassados para o consumidor.”, afirma. Com relação ao deságio de Teles Pires, o executivo justifica a ousadia ao lembrar que pretende recorrer ao mesmo pool de instituições financeiras que financiam o projeto da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia — também construído por Furnas. Além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), outras opções são o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco. ■ A TV Cultura é reconhecida por promover a transformação social por meio de conteúdos que divertem, educam e levam mais conhecimento para o telespectador. Sua empresa também pode fazer parte dessa iniciativa. Apoie a programação da emissora, alcance uma imagem positiva e ajude a fazer a diferença. Investir na TV Cultura é investir no desenvolvimento cultural. Aproveite. Você ainda conta com EHQHItFLR´VFDOGD/HL5RXDQHWHJDUDQWH abatimento no imposto de renda. Nossa equipe aguarda seu contato: Tel.: 11 2182-3516 - Marines Silva Tel.: 11 2182-3141 - Solange Amadeu ou pelo email: [email protected] 24 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 EMPRESAS Divulgação AVIAÇÃO 1 AVIAÇÃO 2 Helibras entrega primeiros três helicópteros EC725 para o Ministério da Defesa Embraer negocia venda de 20 jatos regionais para a companhia aérea Alitalia Modelos foram produzidos pela Eurocopter, na França, com o acompanhamento de técnicos e militares brasileiros. O contrato com as Forças Armadas prevê a aquisição de 50 helicópteros e transferência de tecnologia. A partir de 2012, a aeronave será produzida no Brasil pela subsidiária do grupo europeu, a Helibras, tradicional fabricante do modelo Esquilo, que tem fábrica em Itajubá, Minas Gerais. De acordo com a fabricante brasileira de jatos, não foi assinado contrato até o momento e o mercado será informado se e quando isso ocorrer. O presidente-executivo da Alitalia, Rocco Sabelli, disse que a empresa aérea italiana desistiu do plano de comprar o atrasado jato regional russo Superjet e, em vez disso, pretende investir em um plano de leasing de 20 novos aviões da Embraer. Produção de veículos pesados cresce em 2011 e depois desacelera Novas regras de emissão de gases que entrarão em vigor em 2012 devem provocar antecipação de vendas Divulgação Ana Paula Machado [email protected] O mercado de caminhões e ônibus, que nos últimos anos teve uma trajetória ascendente, deve acelerar 7% em 2011, chegando a 250 mil unidades, para depois desacelerar. A produção de veículos pesados poderá ficar entre 230 mil a 240 mil em 2012. A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). O coordenador do Sindipeças, Igor Morais, disse que esse movimento de avanço e recuo no mercado de veículos pesados vai ocorrer em função da antecipação de vendas, principalmente de caminhões, em 2012 com a entrada em vigor no Brasil da nova regra de redução de emissão de gases poluentes, o Euro V. Além disso, as condições de financiamento continuarão favoráveis. “O próximo ano será muito bom para a indústria de caminhões, pois as taxas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) serão mantidas até março e a partir de agosto, os clientes começarão a comprar os veículos para fugir do reajuste dos preços com o Euro V”, disse Morais. A previsão das montadoras é que, com a nova tecnologia de emissões, os veículos pesados vendidos no Brasil tenham um preço entre 5% a 10% acima do praticado atualmente. Em 2012, os clientes ainda estarão absorvendo as aquisições antecipadas. Entretanto, no longo prazo, segundo Morais, o mercado de caminhões e ônibus no Brasil voltará a crescer. “Não vemos crise na agricultura ou falta de investimentos em infraestrutura, que poderiam derrubar as vendas no mercado interno. As previsões para as exportações, porém, não são tão otimistas. Elas deverão ficar em 20 mil unidades por ano até 2015”, afirmou. Em 2008, o país exportou, principalmente para países da América Latina, 40 mil veículos pesados. Neste ano, os em- Linha de montagem da Volks: produção de caminhões crescerá 7% no próximo ano barques ao exterior totalizarão 22 mil unidades. Divulgação Automóveis Igor Morais Coordenador do Sindipeças “O crescimento na produção argentina já era esperado, pois muitos modelos que foram anunciados para lá entraram em linha este ano. Além disso, as montadoras utilizaram as unidades do vizinho para reforçar as vendas no Brasil” O Sindipeças prevê a manutenção do atual ritmo de evolução da produção de automóveis e comerciais leves até 2015, em 4% a 5% ao ano. Em 2011, de acordo com a previsão do Sindipeças, serão produzidos 3,49 milhões de unidades, o que representará um crescimento de 4% no comparativo com este ano, quando as montadoras deverão produzir 3,35 milhões de unidades. “Esta estimativa considera um aumento leve na taxa básica de juros (Selic) e o aperto do compulsório bancário. Se o Banco Central aumentar mais que 0,5% a Selic na próxima reunião em janeiro, o ritmo de crescimento nas vendas de car- ros pode ser impactado negativamente. Isso porque, esse tipo de compra, diferentemente de caminhões, depende muito do humor macroeconômico”, ressaltou o dirigente. Hoje, a Selic está em 10,75%. Se no Brasil as medidas macroeconômicas para conter a inflação podem influenciar as vendas de carros, na Argentina, segundo o Sindipeças, o crescimento na produção de automóveis e comerciais leves deve alcançar 9% no próximo ano, com 736 mil unidades. Em 2010, as montadoras deverão fabricar 673 mil veículos, aumento de 31% em relação ao volume de 2009. “O interessante é que o ritmo de crescimento da Argentina será pelos próximos anos maior que o do Brasil”, ressaltou Morais. ■ MOTORES 4,16 milhões É o volume estimado de motores produzidos no Brasil no próximo ano. Com esse volume, o crescimento será de 5%. MOTOCICLETAS 1,98 milhão É o volume de motos produzidas no país em 2011. Esse volume será 10% maior que o fabricado este ano, 1,81 milhão de unidades. MÁQUINAS AGRÍCOLAS 74,7 mil É quanto a indústria brasileira irá produzir em 2011. O volume é 4% menor que o fabricado este ano, com 77,8 mil unidades. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 25 Neste Natal, surpreenda com o Presente Perfeito! a partir de R$55,90 Ofereça os melhores SPAs, as estadias mais charmosas, as aventuras mais emocionantes ou os mais deliciosos momentos gourmet. Descubra 16 presentes com mais de 4500 experiências inclusas. AVENTURA R$55,90 PROVAS DE SABORES R$59,90 SPA E BELEZA R$99,90 HOTÉIS ROMÂNTICOS R$119,90 NOITES DE SONHO R$179, 90 400 Experiências sem limites. 1 experiência para 1 ou mais pessoas 100 Experiências de degustação. 1 experiência para 1 ou 2 pessoas 400 Massagens ou tratamentos de beleza. 1 experiência para 1 ou 2 pessoas 75 Diárias para 2 pessoas com café da manhã. 100 Diárias para 2 pessoas com café da manhã. 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Donask INFRAESTRUTURA VAREJO GE estima crescimento de vendas de 25% no Brasil no próximo ano Vendas de materiais de construção crescem 5,4% em novembro, diz Abramat A estimativa é do presidente da GE no Brasil, João Geraldo Ferreira. O executivo disse que todas as áreas da companhia no país vão mostrar “crescimento forte”. Ferreira prevê que as vendas em 2010 terão uma expansão de 4%. Ferreira disse também estimar que após o próximo ano a receita da GE no Brasil mostre um crescimento de aproximadamente 20% ao ano. A alta foi notada na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já em relação a outubro, o varejo de materiais registrou queda de 1,76%. Nos 11 meses até novembro, o setor acumula expansão de 12,6% nas vendas ante igual intervalo em 2009, segundo a entidade. Com isso, o setor está próximo da previsão traçada pela Abramat para o fechado do ano, que é de crescimento de 12% sobre 2009. Mercotubos terá fábrica no Rio de olho no Comperj Fornecedora paulista para indústria de petróleo mantém negociação adiantada para a compra de concorrente local Natália Flach [email protected] A fabricante paulista de equipamentos para plataformas e refinarias Mercotubos decidiu que terá uma fábrica no Rio de Janeiro, onde já se encontra seu principal cliente, a Petrobras. Luiz Fernando Rossini Pugliesi, presidente da empresa, revela que existem duas hipóteses em estudo: construir uma unidade ou comprar uma empresa já existente. A decisão será tomada nos próximos dias. “A compra é a nossa primeira opção”, diz o executivo, sem revelar o nome da concorrente que está em sua mira. Ele só revela que as conversas nesse sentido estão bastante adiantadas. A alternativa, caso o acordo não seja fechado, é a construção de uma fábrica em Itaboraí ou na vizinha Tanguá (RJ), que deverá entrar em operação até meados do ano que vem. Pugliesi relata que a capacidade instalada será de algo entre 500 e 600 toneladas por mês e a unidade contará com um equipamento que é capaz de fazer o curvamento de tubos e perfis por indução, fabricado pela holandesa Cojafex. “A demanda no estado é expressiva, principalmente, por causa da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). É ele que justifica a nova unidade.” Investimento A construção de uma fábrica, caso seja esta a opção, exigirá um aporte de cerca de R$ 30 milhões, o mesmo alocado na unidade que está sendo erguida em Escada (PE) e que será inaugurada em janeiro. “Mas, se decidirmos pela aquisição, há três alternativas: podemos usar a nossa capacidade de geração de recursos, assumir uma dívida ou recorrer aos acionistas.” Segundo Pugliesi, mesmo Se o caminho da aquisição não der certo, companhia construirá unidade a partir do zero nos municípios de Itaboraí ou Tanguá sem ter ainda a definição de como a Mercotubos vai operar no Rio, a empresa vai abrir, no mês que vem, um escritório no centro da capital para facilitar o contato com os clientes fluminenses. Carlos Tavares, que era da concorrente ProTubo, assume o cargo de vice-presidente de equipamentos e ficará no local com outros oito funcionários que serão contratados para a área comercial e de orçamentos. “Temos intenções de compra em negociação”, afirma o executivo. Unidade em Pernambuco A decisão de montar uma fábrica em Escada (PE) foi tomada há um ano e meio para atender a demanda do porto de Suape. A fábrica terá capacidade instalada de 600 toneladas por mês — 150 toneladas a mais do que a unidade de Atibaia (SP). “Vamos fazer a pré-fabricação da tubulação, conhecida como spools, de forma convencional (com soldas) e com a máquina de curvamento por indução da Cojafex”, informa. Os recursos alocados na unidade são em parte próprios, do Banco do Nordeste e de incentivos fiscais e imobiliários de Escada. Segundo o executivo, a empresa já tem dois contratos fechados com a Refinaria Abreu e Lima (também conhecida por Refinaria do Nordeste), que fica a 30 quilômetros da unidade. Pugliesi diz ainda que uma nova fábrica poderá ser erguida em Pernambuco dependendo da resposta do mercado. A expectativa é que isso ocorra até 2012. “Na nova planta, vamos ampliar o spool e fazer estruturas navais e de equipamentos submarinos de produção de óleo e gás”, informa. A Mercotubos analisa ainda a possibilidade de construir unidades no Ceará ou no Maranhão para acompanhar a expansão da Petrobras, adianta Pugliesi. ■ Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 27 Divulgação LOGÍSTICA 1 LOGÍSTICA 2 Scania fecha acordo com Vale para fornecer caminhões e implementos por três anos LLX e OSX recebem autorização da Marinha para unidade no Superporto do Açu O contrato contempla todas as operações da Vale no Brasil. A Scania se responsabilizará pelo fornecimento de veículos completos, que incluem caminhão e implementos. A parceria também contempla o abastecimento de peças Scania, além de serviços de manutenção e treinamento dos motoristas. Os veículos — modelos P 420 6x4, P 420 8x4, G 420 6x6 e G 470 10x4 — serão entregues já implementados, prontos para operar. A empresas de Eike Batista LLX Logística e a OSX receberam uma autorização da Marinha do Brasil para desenvolver um canal onshore no Superporto do Açu, onde será instalada uma unidade de construção naval. O canal terá cerca de 7 quilômetros de cais, disseram as empresas em comunicado enviado ao mercado na última sexta-feira (17). O Superporto do Açu fica no Rio de Janeiro. Felipe O’Neill/O Dia Luiz Fernando Pugliesi, presidente da Mercotubos: expansão também no Nordeste Novas instalações garantirão receita de R$ 1 bi até 2014 Objetivo da companhia é ser líder em montagem de refinarias e distribuição de tubos A Mercotubos, fabricante controlada pelo private equity Green Capital desde outubro, vai encerrar 2010 com faturamento de R$ 250 milhões e, para o ano que vem, a expectativa é atingir R$ 350 milhões. De acordo com Luiz Fernando Rossini Pugliesi, presidente da companhia, a meta firmada pela gestora de fundos é audaciosa: chegar a 2014 com uma receita de R$ 1 bilhão. “Faremos isso com novas aquisições e com a construção de fábricas”, afirma o executivo. Em entrevista recente ao BRASIL ECONÔMICO, Marco Antônio Serra, sócio da gestora, disse que está sendo negociada uma parceria com uma empresa norueguesa, que ele prefere não revelar o nome, para trazer tecnologias para o Brasil. “Há demanda para os campos de petróleo que hoje não é explorada. O pré-sal será uma segunda fase de desenvolvimento, que deve ocorrer dentro de quatro a cinco anos.” Segundo Serra, o intuito da gestora é ser líder em serviços de montagem de refinaria, distribuição de tubos para óleo e fabricação de equipamentos offshore. “Estamos pensando em entrar na área de montagem de módulo para plataforma”, afirmou. Além da área de Estimativa é de faturamento de R$ 250 milhões neste ano e, em 2011, a empresa pretende obter receita de R$ 350 milhões óleo e gás, a Green Capital também investe no segmento de logística. A gestora comprou, no ano passado, o controle da transportadora Aqces e incorporou, em abril deste ano, ativos do grupo Ultra. “No momento, estamos estruturando outras aquisições. A nossa ideia é investir em áreas que vão continuar crescendo mais que a economia brasileira”, declarou, acrescentando que essa área de logística também tem, em carteira, R$ 250 milhões para aportes. Empregos A Mercotubos tem hoje cerca de 450 funcionários. Com a abertura do escritório e de uma fábrica no Rio de Janeiro e o início das operações em Escada (PE) a equipe vai dobrar de tamanho. “Vamos ter de 750 a 800 pessoas no nosso quadro”, conta Pugliesi. De acordo com o executivo, o parque fabril de Escada terá em uma área de 54 mil metros quadrados, onde estão sendo construídos quatro galpões totalizando 16 mil metros quadrados. ■ CAPACIDADE INSTALADA FATURAMENTO 600 t/mês é a capacidade da unidade R$ 250 mi é a receita obtida em 2010. de Escada (PE), que vai atender o Porto de Suape e a Refinaria Abreu e Lima. A fábrica no Rio terá capacidade semelhante. Para o ano que vem, a expectativa é chegar a R$ 350 milhões e o objetivo é encerrar 2014 com faturamento de R$ 1 bilhão. 28 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 EMPRESAS Tony Avelar/Bloomberg TELEFONIA TECNOLOGIA RIM tem resultado trimestral acima do esperado por venda de novo smartphone Resultados da Oracle superam previsões com vendas fortes O smartphone Torch, lançado pela Research In Motion (RIM) para concorrer com o iPhone da Apple, foi a principal alavanca dos resultados. O lucro líquido da RIM avançou 45% no terceiro trimestre, beneficiado por maior crescimento fora da América do Norte. O Torch, com tela de toque e teclado deslizável, foi distribuído para mais de 75 operadoras no trimestre passado, após lançamento junto à AT&T nos EUA em agosto. As vendas de novos softwares aumentaram 21% no segundo trimestre fiscal, encerrado em 30 de novembro, na comparação com um ano antes, somando US$ 2 bilhões. No período anterior, a empresa estimava que as vendas subiriam entre 6% e 16%. As vendas de softwares são relevantes para investidores porque resultam em altas margens e contratos de manutenção de longo prazo, além de serem garantia de lucros futuros. Novas ameaças reforçam mercado de segurança Mcafee, Symantech e CAS contabilizam aumento nos resultados e estão otimistas com a crescente conscientização no próximo ano Estela Silva [email protected] Segundo relatório da McAfee do último trimestre, surgem 60 mil ameaças identificadas diariamente pela internet, um número quase quatro vezes maior desde 2007. A empresa detectou 14 milhões de softwares maliciosos, os malwares, em 2010, um milhão a mais que 2009. Ou seja, empresas e usuários domésticos estão cada vez mais vulneráveis a ataques, sem distinção de porte ou de segmento econômico. Some-se a este cenário a proliferação de dispositivos móveis, como smartphones, tablets e laptops utilizados pelas empresas e o fenômeno Wikileaks (leia mais ao lado) e o resultado é um aumento da demanda por ferramentas de segurança. “Houve mais procura neste ano, pois segundo o Gartner as empresas utilizavam de 1% a 5% do orçamento nestas soluções há cinco anos e agora gastam de 3% a 7% do orçamento com proteção de dados”, diz o líder da área de consultoria e segurança da informação da Accenture, Carlos Alberto Costa. Segundo o Gartner, só o mercado de softwares de segurança cresceu 11% em 2010. De acordo com o presidente da Mcafee, Márcio Lebrão, as empresas estão conscientes das ameaças e isso rendeu à empresa aumento de 25% no seu faturamento deste ano. Para 2011, a expectativa é crescer mais 25%. “Se por um lado encerramos 2010 com maior preocupação por parte das empresas no cuidado e proteção aos dados, as ameaças a infraestrutura de tecnologia e as novas tecnologias integradas no ambiente corporativo, como os dispositivos móveis, vão continuar motivando o crescimento do mercado”, diz Lebrão. Ele ainda reforça o impacto do caso Wikileaks, que gerou um aumento no interesse por ferramentas específicas para “ O mercado ainda é muito reativo, tem dificuldade de entender a perda. A prioridade é o ganho direto, mas quem já passou por um problema acaba aprendendo Juliano Abreu, gerente de novos negócios da CAS prevenção de perdas e vazamento de dados, chamadas DLP (Data Loss Prevention). A Symantec confirma que estas ferramentas tendem a ser mais procuradas no próximo ano, pois além da crescente possibilidade de perda de privacidade das empresas existe a tecnologia em nuvem que visa o compartilhamento de recursos fora do domínio da empresa. “Não significa que o perigo seja maior, mas são necessários recursos mais nobres para que a proteção seja eficiente e o DLP se complementa às ferramentas tradicionais”, diz Paulo Prado, gerente de produtos da Symantec. Ele também lembra a importância do backup e da contingência. Este é o foco da CAS, empresa de tecnologia brasileira que pretende terminar o ano com 40% de participação da área de proteção de dados em seu faturamento Historicamente, este número chegava a 30%. “Existe uma falsa sensação de segurança nas empresas, ninguém acha que vai perder informações”, diz o gerente de novos negócios Juliano Abreu. No entanto, a aposta em consultoria trouxe resultados positivos para a empresa, pois aumentou a conscientização. “Usamos o caso do Wikileaks como referência para mostrar a importância, por exemplo, de políticas de acesso nas empresas, ou seja, quem pode acessar determinados documentos.” Ele acrescenta que é fundamental lembrar os clientes que a origem da informação é importante e os certificados digitais são uma forma de garantir a veracidade da informação. “Eles não podem ser alterados e assim é possível ter a certeza de quem enviou os dados, pois um e-mail ou documento pode ser facilmente modificado. Infelizmente as empresas só percebem a importância da proteção quando sofrem alguma perda, como a área financeira e o comércio eletrônico”. ■ PERIGO NA WEB McAfee alerta os 12 golpes natalinos pela internet Entre os ataques, a McAfee identificou as 12 principais formas de ameaças neste ano: falsa oferta de iPad gratuito, mensagem falsa de perigo, vale-presente falso, falsa oferta de emprego, ataque via mensagem de texto, aluguel falso para temporada de férias, ataque via spam com supostos empréstimos e cartão de crédito, cartões virtuais falsos, produtos a preços baixos, falsos pedidos de doação, download perigoso e invasão da rede para roubo de dados. Com os produtos da Apple encabeçando a maioria das listas de compras, os golpistas Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 29 Divulgação TELECOMUNICAÇÕES 1 TELECOMUNICAÇÕES 2 GVT tem interesse em atuar como operadora móvel virtual GVT lançará serviços em Guarulhos e Osasco em aproximadamente 40 dias A operadora GVT tem interesse em atuar como operadora móvel virtual, informou o vice-presidente de marketing e comunicação da empresa, Alcides Troller Pinto. No entanto, o executivo diz que essa não é uma das prioridades da companhia para o próximo ano. O modelo que interessaria seria o de autorizada, podendo criar pacotes com outros serviços e gerenciando o atendimento a clientes. Em cerca de 40 dias, a operadora GVT vai lançar seus serviços em Guarulhos e Osasco (SP). Na última semana, a empresa deu início à fase de pré-lançamento nas cidades. “Esta etapa é para ajustar uma série de processos”, diz Alcides Troller Pinto, vice-presidente de marketing da GVT. Na segunda metade de 2011, a GVT chegará à capital de São Paulo, com sua oferta de TV paga, que será lançada no mesmo período. Divulgação Márcio Lebrão, presidente da McAfee: ameaças não estão restritas às grandes empresas WikiLeaks provoca corrida por mais proteção a dados Stefan Wermuth/AFP Vazamento de informações deve continuar e atinge governos e empresas O efeito WikiLeaks atingiu diretamente empresas internacionais como Siemens, Daimler, Caterpillar, Repsol, Total e Shell. Assim que souberam as sanções que os Estados Unidos preparavam contra empresas que atuavam no mercado iraniano, interromperam fornecimento de produtos e serviços no país. A guerra financeira não declarada ao Irã só foi possível com o conhecimento público de documentos confidenciais americanos pelo site Wikileaks. No Brasil, atingiram o governo Lula, considerado antiamaericano pela diplomacia americana. Não pouparam também o tucano José Serra, cujas promessas de não privatizar o pré-sal foram desmentidas com memorandos expostos no site comandado pelo australiano Julian Assange. Os escândalos provocados pelo WikiLeaks e que deixaram muita gente poderosa em situação constrangedora têm provocado uma verdadeira corrida pelas grandes corporações para aumentar a segurança de dados confidenciais. “O fenômeno WikiLeaks causou um aumento expressivo na procura dos nossos serviços nos últimos 30 dias”, constata Carlos Alberto Costa, líder da área de consultoria de segurança da informação da Accenture. O impacto de informações como as divulgadas pelo WikiLeaks é um indutor de investimentos em segurança, o que beneficia negócios como o da consultoria. Não é de hoje que existem soluções de segurança de confidencialidade. Porém, as empresas perceberam que as ameaças externas são importantes, mas Julian Assange, o criador do site, anunciou que vai continuar as atividades do Wikileaks Empresas perceberam que as ameaças externas são importantes, mas não dá para descuidar das internas não dá para descuidar das internas. “As empresas precisam tratar as informações estratégicas desde a sua origem, classificando o seu grau de confidencialidade, quem tem acesso a ela e como será feito este acesso”, explica Costa. Quando a informação não for mais necessária, é importante garantir seu descarte de forma segura. “Tudo isso é gerenciável com ferramentas tecnológicas que permitem rastrear as informações”. O site é uma organização internacional baseada no conceito de wikis, em que o conteúdo é produzido pelos usuários (como a enciclopédia digital Wikipédia), congregando documentos e arquivos confidenciais. Leaks é a palavra em inglês para vazamentos. Uma equipe composta pelo pessoal do site — representado pela organização nao-governamental The Sunshine Press — e jornalistas voluntários decide se a informação deve ser divulgada. Entre os apoiadores citados no sites estão associações e grupos de mídia como The Associated Press, The Hearst Corporation, The Los Angeles Times, além de uma organização liderada por Ralph Nader, conhecido político independente americano. ■ E.S. LINHA DO TEMPO distribuem falsas ofertas de iPads gratuitos. Como as pessoas querem ganhar um dinheiro extra para comprar presentes nesta época, golpes no Twitter oferecem links perigosos para trabalhos bem remunerados realizados em casa, que na verdade, são armadilhas. E.S. O site atua há quatro anos sob o comando de Julian Assange, com a proposta de revelar a conduta de governos e empresas 2006 Criação do Wikileaks pelo australiano Julian Assange 2007 Revelação do Procedimento Operacional Padrão, da prisão de Guantánamo 2009 Divulgação de troca de e-mails entre cientistas indica manipulação de dados sobre o clima, no que foi chamado de Climategate julho agosto novembro dezembro 2010 2010 2010 2010 Vazamento de vídeo de helicóptero americano, em Bagdá, que matou repórter da Reuters Suécia abre investigação contra Jules Assange por supostos crimes sexuais cometidos contra duas mulheres Assange garante que tem 250 mil documentos, que estão sendo divulgados aos poucos Prisão e libertação de Julian Assange em Londres, na Inglaterra 30 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 MUNDO ENTREVISTA ROSA ALEGRIA Fundadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP Fim do sigilo governamental não tem volta Para futurista, vazamentos do site Wikileaks abrem caminho para que cidadãos cobrem mais transparência dos governos Bárbara Ladeia [email protected] Já classificado como a primeira guerra cibernética da história, o vazamento de despachos diplomáticos secretos pelo portal Wikileaks tem gerado um debate sobre a vulnerabilidade das comunicações na era digital. Para a especialista em estudos do futuro Rosa Alegria, o caso promove a quebra de paradigmas sobre o papel dos governos e da diplomacia. Rosa é mestre em Estudos do Futuro pela Universidade de Houston (EUA) e uma das fundadoras do Núcleo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). “Estamos vivendo o começo de uma nova era, baseada na tecnologia da informação, nos bits e bytes”, explica. “O advento do Wikileaks é um marco histórico nesse novo contexto”. Veja a entrevista da pensadora ao BRASIL ECONÔMICO. Por que o caso Wikileaks ganhou uma proporção tão grande em comparação com outros vazamentos de informação confidencial? Apesar de não ser a primeira vez que assistimos a um vazamento de informações, esse é um caso de proporções infinitamente maiores. A internet pode não alcançar todos os 6 bilhões do mundo, mas alcançam número suficiente para gerar a proliferação. Não por acaso estão todos alarmados. É um fenômeno que simplesmente abre os cofres de tudo aquilo que deveria ser disseminado pela mídia e não é. É inevitável que ele tome grandes proporções. O Wikileaks é o fenômeno da verdade. O vazamento de informações desse tipo pode atrapalhar o funcionamento tradicional da diplomacia? “ Wikileaks é o fenômeno da verdade. Estamos passando da Era Industrial para a Era da Verdade. É o exercício da coerência A liberdade de informação gerou o maior escândalo da diplomacia moderna. Mas a liberdade deveria ser celebrada, não perseguida Fica evidente uma espécie de paranoia dos governos, que sempre estiveram nos vigiando. É como se o governo percebesse que a população tem ferramentas para vigiar o “Big Brother” de George Orwell. Uma inversão de papéis A publicação desses documentos só mostrou para o mundo que a diplomacia não está fazendo aquilo que ela deveria fazer em sua proposta de trabalho. Ficou claro que os diplomatas estão completamente inseridos nesse sistema de poder que defende o interesse dos governos e deixa os interesses nacionais para trás. O acesso à informação é que permite que a sociedade se mobilize e evolua e, com o surgimento de ferramentas como essa, eles não têm mais como esconder suas atividades e seus interesses. A liberdade de informação gerou o maior escândalo da história da diplomacia moderna. A liberdade de informação deveria ser um evento para ser celebrado e não condenado ou perseguido. Qual o papel do Wikileaks nesse contexto? É uma ferramenta de transparência e a forma como os governos estão se comportando diante dessa exposição comprova que a transparência é uma arma mortífera para a diplomacia. Isso é preocupante. A diplomacia deveria estar a serviço do estado e o estado a serviço da população. Fica evidente uma espécie de paranoia dos governos, que sempre estiveram nos vigiando. É como se agora os governos de fato percebessem que a população tem ferramentas para estar vigiando o “Big Brother”, de George Orwell. É uma inversão de papéis na contramão da história. É um fenômeno pontual ou que veio para ficar? Para mim, o fim da confidencialidade de informações de governos é um caminho sem volta. Uma prova disso é que mesmo com o Julian Assange (fundador da Wikileaks) preso, mesmo com o site oficial retirado do ar pela justiça sueca, o sistema continuou funcionando e as informações continuaram sendo publicadas. Estamos iniciando um processo de revisão de forças que antes estavam exclusivamente nas mãos dos estados e das empresas. Hoje a informação é poder e esse poder é ‘opensource’, ou seja, está disponível gratuitamente na internet, para pessoas comuns. Não há mais possibilidade de controle depois que o mundo já experimentou o exercício dessa liberdade. Que consequências podem ser geradas pelo Wikileaks? Esse é mais um passo na transição da nossa Era Industrial para a Era da Verdade, baseada no “ Em países como a China, a quebra dos muros da informação pode acelerar o processo democrático Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 31 Marwan Naamani/AFP Com dívida reestruturada, Dubai tem alta As ações em Dubai tiveram a maior alta em duas semanas, após o fundo Dubai International Capital ter chegado a um acordo de US$ 2,5 bilhões para a reestruturação de sua dívida. Os papéis do Emirates NBD, o maior banco dos Emirados Árabes Unidos, tiveram alta de 3,1% e os da Arabtec Holding, de construção, teve a maior alta desde o dia 7 de dezembro. “O desenvolvimento da reestruturação no fim de semana” puxa mais altas, disse Akram Annous, gestor do fundo Al Mal Capital. Igo Estrela Rosa diz que a quebra dos muros da informação promovida pela tecnologia acelera a consolidação de democracias Contraponto Vazamentos também podem gerar perigo para a sociedade Diferentemente de outros setores, as relações internacionais não contam com uma regulamentação que exija transparência nos processos. Com isso, fica à critério das nações o nível de sigilo conferido às informações diplomáticas. Para o cientista político especializado em conflitos internacionais Heni Ozi Cukier, nada do que foi divulgado pelo Wikileaks até agora gera grande impacto para o Brasil. “Os Estados Unidos foram os mais prejudicados até agora porque foram revelados os documentos americanos”, lembra. Para ele o risco, nesse caso, avança sobre a sociedade civil. Foi divulgado pelo portal uma lista de locais considerados vitais para a segurança nacional dos Estados Unidos. “Aquilo não só é um mapa para possíveis ataques terroristas como demonstra todo o raciocínio estratégico de segurança nacional”, explica. O especialista destaca, no entanto, que o vazamento dessas informações enfraquece o relacionamento em âmbito internacional. “Quando você expõe todo o jogo, você retira as ferramentas de negociação. Isso retira toda a força da diplomacia na construção do cenário internacional.” crescente poder do ser humano e do cidadão como um indivíduo capaz de transformar a realidade quando ele está armado de informações. Com a internet 2.0, nos apropriamos também dos sistemas de produção de conteúdo e nos tornamos o que Alvin Toffler chamou de “prossumidor”: simultaneamente produtores e consumidores de informação. Na Era da Verdade, nós produzimos e consumimos sem filtro. É o exercício da coerência. Eu costumo chamar isso de Neorenascimento. Hoje, somos todos Michelangelos. Então acesso maior a informações desse tipo favorece o surgimento de um cidadão mais participativo? Sim, principalmente países que não têm a democracia em seu estado mais elevado. Esses países, como China, por exemplo, têm na quebra dos muros da informação um atalho importante para acelerar esse processo. Um cidadão informado é capaz de influenciar outras pessoas principalmente no mundo da internet. É um novo poder político que hoje nos norteia. Hoje um consumidor insatisfeito pode derrubar um produto que levou investimento de milhões e milhões de dólares. Basta colocar no (site) YouTube um filme que prova alguma questão ética em torno do produto. Esse processo não é recente. Começou no século passado, entre 1999 e 2000, quando assistimos ao fenômeno dos es- cândalos corporativos que complicou diversas empresas. Eram monstros sagrados. Empresas centenárias aparentemente blindadas de qualquer tipo de interferência pública. Qual o preço desse processo? Se a população exige a informação livre, também terá de abrir a porta de sua casa. É uma via de mão dupla. No entanto não vejo isso como algo muito trágico. A exposição pública do conteúdo particular nos obriga a sermos mais transparentes e verdadeiros. Uma guerra da informação nos transformaria em indivíduos cada vez mais vigilantes, o que seria o fim da manipulação da informação. ■ Leia mais sobre o portal Wikileaks na reportagem da página 29 AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO DE PROCESSOS – AMGESP AVISO DE LICITAÇÃO Processo: 4105-607/2010 Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP 10. 154/2010 Tipo: menor preço por item. Objeto: RP para eventual aquisição de pneus e afins destinado a todo Estado. Data de realização: 10 de janeiro de 2011 às 10:00 h. Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br Todas as referências de tempo obedecerão ao horário de Brasília/DF Informações: Fone: 82 3315-3477, Fax: 82 3315-7246/7241/7240 Maceió, 17 de dezembro de 2010. 32 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 CONSUMO POPULAR PAULO VIEIRA LIMA Divulgação EXPRESSAS Desconto Aqui e o bom negócio das compras coletivas O brasileiro é atraído pelos sites de compras coletivas. Do outro lado, estão empreendedores que acreditam no poder de compra da classe média ascendente e jogam todas as fichas neste comércio eletrônico. Rafael Cunha é um desses empresários que estão colhendo bons resultados com a junção site de compras/novos consumidores. Há dois meses ele abandonou a sociedade em uma agência de publicidade, criou o Desconto Aqui e só nos últimos 15 dias já faturou quase R$ 600 mil. Azul vai aonde o povo está. Abriu loja no Mais Shopping Curso ensina como ser um bom Papai (ou Mamãe) Noel. Importante é que o interessado seja bem-humorado, bem-disposto e goste muito de crianças Papai Noel, a sabedoria de quem realmente sabe encantar o cliente Amado pelas crianças, ele é bem-vindo em qualquer ponto do comércio varejista Não há chaminés, não há renas cruzando o céus, não tem neve caindo... Mas o Papai Noel existe. Quem prova a existência do velhinho é o empresário e ator Silvio Ribeiro, criador do primeiro curso para formação de Papai Noel em 1976, em São Paulo. Ribeiro dirige a Claus Eventos, é orgulhoso de encarnar um dos símbolos mais fortes da festa de Natal e defende o lado mágico e menos comercial dessa figura que povoa o imaginário infantil. Único brasileiro a integrar a International Order of Santa’s que congrega Papais Noéis de vários países, diz que a vida deste personagem vem mudando para melhor nos locais onde ele presta serviços. É que há mais de 30 anos seu espaço ficava nas zonas mortas dos shoppings e lojas de departamentos e, em alguns casos, havia necessidade de setas indicando o lugar onde ele estava. Hoje, o Papai Noel ocupa áreas nobres nos centros de compras e “ Papai Noel é uma figura mágica e ajuda a criar uma atmosfera de energias positivas o mercado percebeu a magia que ele proporciona ao ambiente com motivos natalinos. Humaniza as relações entre clientes e o comércio e ajuda a formar uma egrégora, a união de energias positivas , comenta Ribeiro. Do ponto de vista da quebra de resistência à compra, o personagem é ponto-chave, diz o ator-empresário. As crianças o reconhecem como alguém digno de confidências e, satisfeitas com o contato, influenciam a decisão dos pais durante o tempo em que fazem compras. ■ TRÊS PERGUNTAS A... Não se sabe quantos eles são. O fato é que a atividade conquistou respeito, além da importância como suporte para as vendas de Natal. Mesmo reconhecendo o caráter mágico da figura do Papai Noel, o personagem é um grande recurso para estimular as vendas... ...SILVIO RIBEIRO Papai Noel e diretor da Claus Eventos É um excelente incentivador de compras. Entretanto, o estabelecimento onde há um Papai Noel deve corresponder à expectativa gerada por ele. Seu público-alvo, a criança, confia nas recomendações. É necessário dar preparo ao profissional. Não há idade para encarnar este papel, mas os vovôs ou vovós têm mais sensibilidade para dialogar com a meninada. Quando teve início sua carreira? Na década de 1970 trabalhei nas Casas Pirani, no centro de São Paulo. Também ganhei experiência internacional nos EUA. Estive na cidade de Dayton, em Ohio. Qual o perfil do frequentador de seus cursos? Formamos profissionais para shoppings, hipermercados e lojas de rua. São pessoas de ambos os sexos e várias classes sociais. Para eventos é importante que tenha formação de ator. Temos ainda um curso especial para executivos ou pessoas que pretendam agir como Papai Noel entre familiares e amigos. Pedro Janot, presidente da Azul, está animado com a circulação de quase 2 milhões de pessoas que frequentam o Mais Shopping no Largo 13 de Maio, na Zona Sul paulistana. Reduto do consumidor da nova classe média, o shopping agora tem uma loja comercial da Azul para a venda de passagens e pacotes de viagens. O ponto de venda no Mais Shopping cumpre a estratégia de aproximar ainda mais a empresa de seu público-alvo e razão de sua fundação há quase dois anos. Serenata de amor como presente para os dias de festas Período de presentes e a Garoto apresenta uma alternativa. Uma caixa recheada de corações de Serenata de Amor é a novidade que a empresa faz chegar aos pontos de venda de todo o Brasil neste mês. O bombom da Garoto tem recheio de castanha de caju com pedaços crocantes. É coberto com chocolate ao leite e tem agora versão para presente. O lançamento tem embalagem vermelha ou amarela. Cada caixa contém 126 gramas e nove unidades. O preço médio sugerido é de R$ 9,75. Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 33 Marcela Beltrão Véspera do Natal e o balanço dos shoppings Em São Paulo, a Alshop divulga, nesta sexta-feira, um balanço das atividades dos mais de 400 shopping centers espalhados pelo país. Esse segmento registrou — entre as inovações — a inauguração de centros de compras idealizados para o consumidor da classe média emergente. Nesta véspera de Natal, a entidade mostra o que mais atrai um consumidor e divulga o desempenho dessa modalidade de varejo de acordo com as várias regiões e classes sociais. [email protected] Marcela Beltrão Marcas tradicionais permanecem na memória O consumidor que impulsiona o varejo popular permanece inspirando estudos. Gian Franco Rocchiccioli, presidente da Stetik SD, capitaneou uma pesquisa inédita que utiliza princípios de neurociência, psicologia econômica e neuropsiquiatria para buscar respostas às reações do consumidor diante de determinada marca . Para o executivo, todos os dias o cliente muda de opinião. É um desafio ao planejamento de quem se preocupa em fidelizar e tornar perceptível determinada marca. O estudo da Stetik aborda o lado humano das marcas e mostra a reação de quem durante anos nem imaginava ter acesso a alguns bens, produtos e serviços. O trabalho indica que entre as marcas mais lembradas estão empresas de aviação como a Tam. Fato de destaque é que a Varig permanece no imaginário da classe média ascendente como empresa da qual as pessoas têm boa lembrança. André Penner No próximo ano, o consumidor terá novas dicas de como se dar bem no mundo da nova classe média Varejo popular revelou que há um jeito fácil de levar a vida Não era exatamente o título que o publicitário Ricardo Sodré imaginava para o livro que ele e Renato Meirelles escreveram: Um jeito fácil de levar a vida. Na verdade , a obra registra o nascimento de um novo público consumidor. Lançado em 2008, ele orienta como a classe média emergente deve agir nas relações comerciais e sociais. Sodré espera uma nova edição a ser lançada pela Editora Saraiva o mais rápido possível. É provável uma alteração no título e pela sua observação e de Renato Meirelles, diretor do Data Popular, também serão colocadas informações e dicas atualizadas. Antes, os planos incluíam viagem pelo Brasil e atualmente os passeios ao exterior integram a realidade dessa população. Haverá cuidado em relação a produtos, como os eletrodomésticos, que a indústria ainda direciona para a classe A/B, quando o consumo é capitaneado pela classe C. Na área da educação, a aspiração era por um curso superior. Agora, além de a universidade ser acessível, a exigência é que ela seja boa. Murillo Constantino Novo consumidor surpreende com o lado humano das marcas O mundo do trabalho. Agora dá para fazer bico via internet Henrique Manreza pedidos de serviços que vão desde uma aula simples de como utilizar o Word, editar fotos, aprender os passos do break ou dar um apelido a um amigo. É a instituição do bico entrando para a era da utilização da rede mundial Tarefas resolvidas no computador de computadores. Quem se interessa Um grande exército de pessoas por contratar os serviços paga com tempo livre e disponíveis taxas entre R$ 5,00 e R$ 10,00 para fazer um número infinito de por um trabalho que dura tarefas começa a ser recrutado apenas alguns minutos e acaba pelo site Cidade dos Bicos por resolver problemas que as (www.cidadedosbicos.com.br) vezes ficam difíceis de encarar. que entrou em atividade há três O trabalho é resolvido via meses. O serviço já tem 10 mil internet e o pagamento também acessos diários e recebe e oferece é feito via computador. Há mais fruta para as festas de fim de ano A chance de importação gerada pela queda do dólar facilita a entrada de frutas importadas neste final de ano. Nem por isso as cerejas, ameixas, pêssegos e frutas secas estrangeiras ameaçam a posição das frutas típicas brasileiras neste período de Natal-Fim de Ano. Ao que tudo indica, as mesas das festas neste ano terão uma variedade maior de frutas nacionais e importadas. A oferta e os preços são bons internamente. Sérgio Menezes, diretor-superintendente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), diz que houve queda nas exportações de algumas frutas. Cita como exemplo a redução de vendas externas do açaí e cupuaçu estimada em 20%. Entretanto, as vendas foram compensadas, em proporção equivalente, no mercado interno. Nesta temporada, mercado interno equilibra vendas de frutas brasileiras COMPANHIA INDUSTRIAL CATAGUASES CNPJ (MF) nº 19.526.748/0001-50 COMPANHIA ABERTA AVISO AOS ACIONISTAS - DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS A Companhia Industrial Cataguases (a “Companhia”), comunica que conforme deliberação da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 17 de Dezembro de 2010, o pagamento de Dividendos intermediários se dará sob as seguintes condições: Nos termos da lei 9.249/95 os dividendos são isentos de Imposto de Renda. Farão jus aos dividendos os detentores Assembléia Geral Extraordinária, no montante de R$ 930.000,00 (novecentos e trinta mil reais), que será distribuído apenas aos acionistas preferencialistas, conforme abaixo: x Ações Ordinárias: R$ 6,3954 (por ação) x Ações Preferenciais: R$ 7,0349 (por ação) A Companhia realizará os pagamentos, mediante crédito em conta corrente dos acionistas nos bancos por eles indicados, em 27 de Dezembro de 2010, com base na posição acionária levantada em 17 de dezembro de 2010, respeitadas as negociações realizadas até esta data. A partir de 20 de maio de 2010, inclusive, as ações da Companhia estarão sendo negociadas “ex-direito a dividendos”. O direito aos Dividendos não reclamados no prazo de 03 (três) anos, a contar da data do pagamento (05/07/2010), prescreverão e reverterão em favor da Companhia (Lei 6404/76, art.287, II, alínea “a”). Lembramos aos acionistas a importância da atualização dos seus dados cadastrais, pois o pagamento de rendimentos somente pode ser efetuado aos acionistas cujos dados cadastrais estejam atualizados ou àqueles que possuam conta corrente de qualquer banco. Na falta ou incorreções dos dados cadastrais o valor total ! Em Cataguases (MG): Área de Relação com Investidores Suellen de Paula Novais Praça José Inácio Peixoto, nº 28 – Vila Tereza Tel: (32) 3422-2211 – ramal 260 Fax: (32) 3421-1382 Cataguases, 18 de Dezembro de 2010 José Inácio Peixoto Neto - Diretor de Relações com Investidores 34 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 FINANÇAS Gestores ajustam carteiras à espera de desaceleração Gossens, da Moody’s: preocupação com a dependência em relação à demanda chinesa Na análise de emergentes, investidores ressaltam que Brasil deve ter impacto maior do que seus pares, mas que pacote de incentivo a investimento pode amenizar efeito Maria Luíza Filgueiras [email protected] A expansão acelerada dos mercados emergentes neste ano vai resultar em um crescimento mais comedido em 2011. E a avaliação de gestores globais de investimento é que os impactos na economia brasileira devem ser mais acentuados, quando comparados a seus pares. O que não está definido ainda é se essas projeções vão demandar uma redução da exposição de carteiras de fundos de países emergentes a títulos brasileiros. “Pode ser que o mix de investimentos mude, assumindo que as taxas de juros de economias maduras se mantenham ultrabaixas, e os investimentos de estrangeiros no Brasil fiquem mais concentrados em renda fixa, num cenário de desaceleração da demanda interna”, avalia Homero Guizzo, economista da LCA Consultoria. Entretanto, ele ressalta que as medidas de incentivo de investimento de longo prazo, divulgadas pelo governo federal na semana passada, podem amenizar os impactos de um cenário macroeconômico menos favorável. Os pontos principais de preocupação são aperto da política monetária, para conter a inflação, o comportamento da taxa de câmbio e do balanço em conta corrente. A avaliação do Bank of America Merrill Lynch é que a economia global cresça 4,2%, ante um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 4,9% em 2010. Enquanto na Argentina e Peru o desenrolar das políticas eleitorais deve ganhar atenção, a casa destaca que o risco de inflação na região como um todo deve ser monitorado, mas particularmente no Brasil. “A obsessão com a relação das moedas da América Latina em comparação ao dólar americano deve resultar em novas intervenções de política cambial e controle de fluxo de capital nesses mercados”, avaliam os gestores do BofA. Assim, enquanto a estimativa é uma alta da taxa básica de juros chilena de 125 Os pontos principais de preocupação são o aperto da política monetária, para conter a inflação, o comportamento do câmbio e o balanço da conta corrente pontos base, 100 pb na Colômbia e 75 pb no Peru, o ajuste no Brasil é projetado em 150 pb. Além disso, são esperados maiores déficits em conta corrente nos países da América Latina, em relação ao atual exercício, sendo a maior deterioração esperada para o Brasil. “Uma consequência direta do crescimento acima da tendência foi o aumento substancial do déficit em conta corrente, que deverá chegar a US$ 50 bilhões este ano, o dobro do valor registrado no ano passado. Apesar de significativo em termos absolutos, deve ter impacto relativo na perspectiva de rating”, ressalta relatório da agência de risco Moody’s, destacando o volume de reservas internacionais de US$ 300 bilhões e baixa exposição a choques de taxa cambial. O vice-presidente sênior da agência, Filippe Gossens, ressalta que a dependência em relação à demanda chinesa era uma preocupação para Brasil e Argentina neste ano, e continua sendo em 2011, considerando a estimativa de desaceleração da economia do país asiático. “A nova preocupação, entretanto, é em relação à moeda”, diz o executivo, ressaltando a pressão sobre resultados para empresas exportadoras. Para Guizzo, ainda não está claro se o Brasil terá ou não um impacto maior que outros emergentes em 2011. “O país deve deixar de crescer acima de seu potencial para convergir para uma expansão mais adequada à sua capacidade, de 4,5%”, avalia. Nesse cenário, alguns gestores e analistas de investimento já fizeram recomendações de posicionamento em títulos de países vizinhos contra papéis brasileiros. O analista de dívida do Citi, Jeffrey Williams, projeta retornos de um dígito nos títulos de mercados emergentes, se o ajuste para cima na taxa de juros dos Estados Unidos se confirmar. “No Brasil, as incertezas em relação à política fiscal da presidente eleita Dilma Rousseff podem pesar sobre os spreads na primeira metade no ano”, pondera em relatório. ■ AMÉRICA LATINA 1. Projeção para PIB O ritmo de crescimento da economia global deve cair de 4,9% neste ano para 4,2% em 2011, estima o BofA Merrill Lynch. Na América Latina, o avanço do PIB é projetado em 4%, ante estimativa de 6% neste ano. 2. Foco continua doméstico Com países desenvolvidos mantendo a política de juros baixos, há reforço na procura por crescimento e yield na América Latina. A demanda doméstica continua sendo vetor de expansão desses mercados. 3. Correção de taxa básica Estimativa de aperto na política monetária na América Latina mostra maior impacto no Brasil. A projeção é de alta de 150 pontos base para taxa básica no país em 2011, de 125 pb no Chile, 100 pb na Colômbia e 75 pb no Peru. Divulgação A FRASE “O Brasil deve deixar de crescer acima de seu potencial” Homero Guizzo, economista da LCA Consutoria Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 35 Jorge Silva/Reuters Venezuela facilita a estatização de bancos A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou na sexta-feira uma lei que vai fazer com que seja mais fácil para o presidente Hugo Chávez estatizar instituições financeiras e que torna obrigatório que elas doem 5% de seus lucros para grupos comunitários. A lei faz parte de um pacote de leis que o governo venezuelano quer fazer aprovar para consolidar o socialismo no país. Chávez já ameaçou várias vezes estatizar qualquer instituição que não cumpra os objetivos dele de acabar com a “especulação”. AGENDA DO DIA ● Às 8h, a FGV divulga a segunda prévia do IGP-M de dezembro. ● Às 8h30, o BC divulga a pesquisa semanal Focus. ● Às 10h30, o BC divulga a nota de mercado aberto. ● O Tesouro divulga o relatório da dívida pública federal (nov). Marcela Beltrão Maior exposição à dívida de emergentes Visão da agência de classificação Moody’s para 2011 considera apetite de investidores e cuidado com taxa de câmbio Ainda que haja uma desaceleração econômica no comparativo entre 2011 e 2010, a avaliação da agência de classificação de risco Moody’s é que a tendência de melhora na qualidade de crédito corporativo observada na América Latina desde o terceiro trimestre de 2009 se mantenha no próximo ano. “Será em ritmo menor do que foi neste ano, mas as condições gerais são favoráveis”, diz Filippe Gossens, vicepresidente sênior da Moody’s. Ele destaca, entretanto, que em uma perspectiva de conti- nuidade de real apreciado, a pressão sobre margens é reforçada para empresas do setor de papel e celulose, mineração e siderurgia. “Nos dois primeiros casos, porque são companhias que têm custos em real, mas parte considerável das receitas em dólar. No caso de siderúrgicas, a pressão vem das importações mais competitivas”, diz. Segundo Gossens, isso não significa que empresas desses setores estejam na mira de rebaixamento de rating ou perspectiva, já que ainda podem absorver a variação cambial com avanço operacional. Já as companhias de energia são avaliadas com cautela, uma vez que a terceira revisão tarifária Pressão é reforçada para empresas dos setores de papel e celulose, mineração e siderurgia no setor deve pressionar as margens de lucro das distribuidoras de eletricidade. Na ponta positiva, a análise da Moody’s é que as empresas latino-americanas continuem avançando em emissões externas para financiar principalmente projetos de infraestrutura. “Os investidores estão demandando mais papéis de dívida de mercados emergentes, em busca de yields (retornos) mais atrativos do que os obtidos nos Estados Unidos e na Europa”, diz Gossens. “Por isso, a exposição à dívida de mercados como o brasileiro deve aumentar em 2011.” O executivo considera que segmentos que tradicionalmente não compõem os emissores de dívida internacional devem agora engordar a lista, como empresas de logística, bens de consumo e empresas de serviço público. “O volume aumenta com mais empresas obtendo grau de investimento e também devemos começar a ver mais emissões de companhias que ainda não têm essa nota”, afirma. A agência de risco ressalta ainda que contribuem para a melhoria do cenário de crédito brasileiro os avanços em governança corporativa (como a nova revisão de segmentos diferenciados feita pela BM&FBovespa) e a adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS), que torna comparável os balanços das companhias brasileiras aos das estrangeiras. ■ M.L.F. 36 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 INVESTIMENTOS RENDA FIXA Márcia Pinheiro [email protected] IPCA-15 é destaque doméstico; PIB americano atrai atenção no exterior A semana pode ter um dia a menos, mas nem de longe será morna. No cenário doméstico, a Bovespa tem exercício de opções hoje. Talvez seja a senha para destravar o mercado e, enfim, os investidores poderem se regalar com o tradicional rali de fim de ano. Ainda nesta segunda-feira, o Banco Central divulga a nota sobre o mercado aberto. Amanhã, será a vez de sair a nota do setor externo de novembro (sempre bom checar os estragos do real valorizado). Na quarta, política monetária e operações de crédito do mesmo mês. Devem confirmar expansão, em meio à recuperação do emprego e da renda dos brasileiros. Mesmo porque, nota o economista sênior do Santander, Maurício Molan, os dados ainda não refletirão as medidas macroprudenciais adotadas pelo governo, para conter o consumo e, consequentemente, a inflação. Sobre o nível de preços correntes, que tem ditado a dança dos contratos de juros futuros, a FGV divulga hoje a segunda prévia do IGP-M de dezembro. Amanhã, o IBGE torna público o IPCA-15 de dezembro, referência para o sistema de metas de inflação, que deve rondar os 0,90%% — aí sim, será possível conferir se o Copom não está atrás da curva, ou seja, se não deveria ter elevado a taxa básica de juros na reunião deste mês. “O IPCA reforçará a percepção de que o Copom está atrasado”, enfatiza Molan. Para o ano fechado, economistas projetam uma taxa ao redor de 6%, acima do centro da meta de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais. Mas, inequivocamente, um mau sinal. Encerrando os dados sobre os preços, Data BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME RF FICFI CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI BB RENDA FIXA 200 FIC FI BB RENDA FIXA 50 FIC FI BB RENDA FIXA LP 100 FICFI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 16/DEZ 16/DEZ 17/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 16/DEZ 17/DEZ a FGV divulga na sexta a terceira prévia do IPC-S de dezembro. DI EUA Fundo Data BB REF DI LP ESTILO FIC FI BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS ITAU PREMIO REF DI FICFI BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER SANTANDER FIC FI CLASSIC REF DI 16/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 16/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 17/DEZ 17/DEZ Nos Estados Unidos, destaque para a divulgação da terceira revisão do Produto Interno Bruto (PIB). Ainda que o dado seja uma espécie de retrovisor, há a expectativa de que as últimas medidas tomadas pelo governo e Federal Reserve — como a nova rodada de recompra de títulos para injetar recursos na economia e a extensão dos cortes de impostos — possam começar a dar um alento tanto nos gastos do governo, como das famílias Já a venda de imóveis novos, a ser divulgada na quinta, deve mostrar o mesmo desalento dos últimos meses, praticamente estagnação. A torcida é que a confiança do consumidor, medida pela Universidade de Michigan, mostre os americanos mais animados para irem às compras. Europa Sobre Zona do Euro, o mercado já não treme a cada rebaixamento de rating, como o que ocorreu na sexta-feira com a Irlanda. Isso porque, explica Molan, de fato, a menor classificação de risco para os países periféricos da região já está precificada. Tanto que a Irlanda, que tem rating melhor do que o Brasil, paga um prêmio muito maior para fazer captações no mercado. Pelo sim, pelo não, não custa conferir a quantas anda a confiança do consumidor no Velho Continente, a ser conhecida na segunda-feira. Em relação ao Japão, o Banco Central, sem surpresas, vai manter a taxa básica de juros estável na terça-feira. ■ INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA SEGUNDA-FEIRA (20/12) QUARTA-FEIRA (22) 8h30 | (Brasil) — Boletim Focus 7h30 | (Reino Unido) — Sai o PIB do terceiro trimestre 10h30 | (Brasil) — Nota do BC sobre mercado aberto 10h30 | (Brasil) — BC divulga a nota de política monetária 11h Fundo | (Brasil) — Balança comercial semanal Rent. (%) 12 meses No ano 9,05 9,05 9,04 8,56 8,01 7,84 6,67 6,18 5,66 5,65 8,73 8,72 8,76 8,25 7,72 7,59 6,46 5,99 5,46 5,49 Rent. (%) 12 meses No ano 9,21 8,81 8,76 7,17 6,91 6,57 6,30 5,50 5,10 4,75 8,86 8,51 8,47 6,94 6,66 6,36 6,13 5,34 4,91 4,62 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 1,00 1,10 1,50 2,00 3,00 3,50 4,00 4,00 50.000 80.000 30.000 5.000 5.000 200 50 100 300 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 0,70 1,00 1,00 2,50 2,47 3,00 3,00 4,00 4,50 5,00 10.000 ND 80.000 5.000 100 200 30 1.000 100 100 AÇÕES Fundo Data BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI CAIXA FMP FGTS VALE I BRADESCO FIC DE FIA BRADESCO FIC DE FIA MAXI BRADESCO FIC DE FIA IV SANTANDER FIC FI ONIX ACOES UNIBANCO BLUE FI ACOES ITAU ACOES FI ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ Rent. (%) 12 meses No ano 14,27 13,43 (4,28) (4,46) (4,50) (6,99) (7,29) (7,98) (11,86) (32,66) 15,69 14,61 (4,23) (4,41) (4,45) (7,26) (7,36) (8,08) (11,96) (31,51) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,00 1,90 4,00 4,00 ND 2,50 5,00 4,00 8,50 2,00 200 100 200 1.000 200 MULTIMERCADOS Fundo Data ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI ITAU PERS K2 MULTIM FICFI ITAU PERS MULTIE MULT FICFI SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM ITAU PERS MULT MODERADO FICFI ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ 16/DEZ Rent. (%) 12 meses No ano 11,48 11,37 9,17 9,13 8,89 8,76 5,82 5,54 4,69 2,86 10,93 11,14 8,84 8,79 8,48 8,40 5,39 5,29 4,46 2,65 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,00 2,30 1,50 1,50 1,50 1,25 2,00 2,00 2,00 2,00 5.000 5.000 20.000 50.000 5.000 10.000 5.000 5.000 5.000 *Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico e de crédito (novembro) | (Brasil) — Exercício de opções na Bovespa 11h30 | (EUA) — Sai o PIB revisado do terceiro trimestre | (Brasil) — Tesouro divulga relatório da dívida pública 12h20 | (Brasil) — BC divulga fluxo cambial semanal federal (novembro) 13h | (EUA) — Saem vendas de imóveis já existentes (novembro) INVESTIMENTOS TERÇA-FEIRA (21) QUINTA-FEIRA (23) 2h30 | (Japão) — Banco Central divulga decisão sobre juros 8h 9h 11h30 | (EUA) — Pedidos de auxílio-desemprego (semanal) | (Brasil) — IPCA de novembro 10h30 | (Brasil) — Nota do BC sobre setor externo (novembro) 11h30 | (EUA) — Saem encomendas de bens duráveis (novembro) 13h Fontes: MCM Consultores e Concórdia | (Brasil) — FGV divulga a terceira prévia do IPC-S Diversas opções de investimentos para você e sua empresa. | (EUA) — Saem vendas de casas novas (novembro) 8IP[[[QETJVIMRZIWXMQIRXSWGSQFV Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 37 AÇÕES Desempenho 7,83% foi o ganho das ações preferenciais série A da Braskem na semana passada, o melhor desempenho entre os papéis do Ibovespa. Na ponta oposta figuraram as ações ordinárias da Fibria, com baixa de 9,04%. HOME BROKER NA REDE Braskem PNA, fechamento em R$ 21,30 20,60 20,50 20,55 20 20,00 19,70 19 7 19,7 19,50 18,90 18,99 18 18,80 18,10 18,11 18 “Boa frase sobre a importância da liquidez nos investimentos. ‘Perder machuca, mas não ter porta de saída, mata’ - Alexandre Póvoa.” @chrinvestor, consultor financeiro Christian Cayre 17,30 17,33 17 16,50 16,55 16 “HRT andando de novo. Acima de R$ 1,7 mil por ação ainda em 2010? Eu acredito!” 15,70 15,7 @empiricus_ind, consultoria Empiricus Research 1/OUT 15/OUT 1/NOV 17/NOV 1/DEZ 17/DEZ Fontes: Daniel Carrera, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Resistência1 R i tê i 1 Resistência2 R i tê i 2 Suporte Stop BRKM5 Braskem PNA retoma tendência de alta Após passar um período sem mostrar um norte definido, os papéis preferenciais série A da Braskem (BRKM5) retomaram a tendência de alta. Segundo Daniel Carrera, grafista da Alta Vista, esta indefinição e volatilidade se estendeu nos últimos dois meses e meio, até o dia 16 de dezembro. “Desde maio deste ano, o papel apresentava tendência de valorização”. Na última quinta-feira, no entanto, as ações da petroquímica romperam a resistência de R$ 19,29 e voltaram a se mover em direção a um campo positivo. Resistência é o ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento de alta da ação. Por conta desse movimento, o papel passou a ter novo ponto de resistência em R$ 20. “Melhor comprar em R$ 19,50 e R$ 19,60”, garante o especialista. Na visão de Carrera, o próximo ponto (segunda resistência) está em R$ 20,60. “Se passar [dos R$ 20], pode demorar uns dias para alcançar este novo patamar”. Já o suporte — patamar que, se perdido, aponta para uma chance de queda em sequência — está concentrado em R$ 19,50 e o ponto de venda do papel está abaixo de R$ 18,80. Segundo Carrera, a Braskem tem movimento anticíclico em relação ao Ibovespa. “Se o índice sobe, a ação cai e vice-versa.” “Warren Buffett não investe em commodities (matérias-primas), tampouco em tecnologia. Jogue a primeira pedra o brasileiro que não ganhou com Vale e Petro” @rcinvestimentos, consultor financeiro Raphael Cordeiro “No mercado de ações é preciso ter visão. A minha definição é: ver aquilo que ninguém viu com os olhos e, sim, com a mente” @DanielTrader, agente autônomo Daniel Gonçalves “Você sabe o que são BDRs? Certificados representativos de ações de companhias estrangeiras emitidos por instituição depositária brasileira” @ativacorretora, corretora Ativa Energia elétrica Fim do leilão de Teles Pires promete ter impacto neutro sobre ação da Eletrobras A vitória do consórcio formado por Furnas, Eletrosul, Neonenergia e Odebrecht no leilão da usina de Teles Pires terá impacto neutro sobre as ações da Telebrás, na avaliação da corretora Ativa. “O resultado final do leilão veio dentro de nossa expectativa, com um deságio significativo e uma TIR (taxa interna de retorno) que não supera o custo de capital da Eletrobras”, afirmou o analista Ricardo Corrêa. O preço final da energia destinada ao mercado regulado pelo empreendimento é de R$ 58,63/MWh, com deságio de 33% em relação ao teto de R$ 87/MWh. “Ressaltamos, contudo, que o resultado final do leilão de Teles Pires neutraliza o risco de participação da Tractebel e da Copel, que eram dois fortes competidores na disputa pela usina”, destaca o analista. O empreendimento não deve gerar valor para a Eletrobrás, “na medida em que movimentos negativos como este estão precificados nos papéis da estatal”. RECORDE REMUNERAÇÃO SERVIÇOS FINANCEIROS ETFs e ETPs atingem a marca de US$ 1 trilhão Redecard e Vivo distribuem juros sobre capital Os fundos de ETFs (Exchange Traded Funds) e ETPs (Exchange Traded Products) listados na bolsa de Nova York superaram a marca de US$ 1 trilhão de ativos pela primeira vez na última quinta-feira. No total, são 894 ETFs, que somam US$ 887,2 bilhões de 28 provedores em duas bolsas de valores nos EUA. Ao final de dezembro do ano passado, a indústria americana de ETFs contava com 772 produtos, com ativos no valor de US$ 705,5 bilhões de 29 provedores em duas bolsas de valores. Ainda há outros 828 ETFs a serem lançados, enquanto 49 deixaram de ser negociados. Além disso, O Conselho de Administração da Vivo aprovou o pagamento de R$ 220 milhões ou R$ 0,5505 por ação ordinária ou preferencial de juros sobre o capital próprio aos seus acionistas. Com a redução do Imposto de Renda de 15%, o valor cai para R$ 187 milhões, o que representa R$ 0,4679 por papel. A distribuição será feita com base na posição acionária de 31 de dezembro. A partir do dia 3 de janeiro de 2011, as ações passam a ser negociadas “ex-juros”. A data de pagamento será futuramente informada aos investidores, por meio de aviso aos acionistas. Santander estende horário de 250 caixas eletrônicos na quinta-feira, havia 185 ETPs listados nos EUA com ativos no valor de US$ 115,5 bilhões, de 20 provedores em uma bolsa de valores. Ao final de dezembro de 2009, a indústria americana de ETPs contava com 142 produtos, com ativos no valor de US$ 88,1 bilhões de 17 provedores em uma bolsa de valores. Os ETFs são fundos de índice que podem ser negociados como uma ação na bolsa de valores. Eles se tornaram instrumentos conhecidos e muito usados em estratégias de investimento e diversificação, tanto para estratégias de curto quanto de longo prazo. A Redecard também anunciou que pagará juros sobre capital próprio no valor líquido de R$ 22,4 milhões, o equivalente a R$ 0,033 por ação (já abatidos os 15% de imposto de renda). O pagamento será feito com base na posição acionária de 22/12. As ações serão negociadas na forma “ex-juros” a partir da quinta-feira (23). Segundo a Fator Corretora, com base na cotação do dia 16/12, o retorno sobre dividendos acumulado no ano é de 5%. Em comunicado, a empresa informou que o pagamento dos juros declarados ocorrerá no dia 11 de fevereiro. O banco estendeu o horário de funcionamento de 250 caixas eletrônicos nas principais cidades turísticas brasileiras para até a meia-noite, na tentativa de dar mais comodidade aos clientes no período de festas de fim de ano. Além disso, o Santander preparou o Guia Financeiro de Verão, com orientações para quem vai viajar. O material está disponível em toda a rede de agências e também, na versão online, no endereço www.santander.com.br/verao. 38 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 INVESTIMENTOS Felipe Tâmega Economista-chefe do Modal Efeito do compulsório sobre a curva de juros Compulsórios não devem ser vistos como equivalentes a juros. O compulsório é uma medida de restrição de crédito bancário que limita a quantidade de crédito que o sistema financeiro consegue gerar a partir de um determinado nível de depósitos, impactando as taxas de juros ao tomador final. Os juros, por sua vez, definem o custo de oportunidade do dinheiro e atuam no que chamamos de canal de crédito amplo. Em um primeiro momento, variações de juros não necessariamente impactam a quantidade de crédito na economia, ainda que em prazos mais longos o sistema bancário ajuste a oferta de crédito a mudanças no nível de juros. Além disso, mudanças nas taxas de juros impactam a demanda por crédito, já que influenciam as decisões de poupança e investimento dos agentes da economia, e também as expectativas de inflação. Entretanto, ambos instrumentos possuem algum efeito sobre o nível de atividade e sobre a inflação, de forma que podemos gerar algum tipo de relação entre eles. Essa não é uma conta simples de se fazer, notadamente pelas poucas mudanças de compulsórios que o Brasil enfrentou e pelo fato de que raramente mudanças de compulsórios são eventos isolados. A despeito disso, vejamos uma conta de padeiro. Em sua tese de doutorado, Cristiano Arrigoni analisou a existência de um canal de crédito bancário no Brasil por meio do impacto de mudanças inesperadas na Selic e no compulsório sobre as novas concessões de crédito e sobre as taxas de juros ao tomador final. A partir de seus resultados podemos encontrar uma equivalência de 3:1 entre compulsório e juros, ou seja, chegamos à conclusão de que 3% de compulsórios seriam equivalentes a 1% de juros. Fazendo-se uma nova conta de padeiro em cima do aumento recente de compulsório, chegamos à seguinte conclusão: o efeito total do aumento recente no compulsório poderia chegar a 1,8% de juros. Deve-se, no entanto, ter esse número como um limite máximo e é bem possível que o efeito juro-equivalente do compulsório tenha sido mais limitado. A ata do Copom mostrou que a inflação em 2011 estaria acima do centro da meta, mesmo incorporando o aumento de compulsório feito recentemente “ Fazendo-se uma conta de padeiro em cima da recente alta do compulsório, chegamos à conclusão de que o efeito total de seu aumento poderia atingir 1,8% de juros BOLSAS INTERNACIONAIS (COMPORTAMENTO NA SEMANA) (EM MIL PONTOS) DOW JONES 11,50 11,48 11,46 11,44 11,42 13/DEZ 17/DEZ 13/DEZ 17/DEZ 13/DEZ 17/DEZ 13/DEZ 17/DEZ 13/DEZ 17/DEZ S&P 500 1,246 1,243 1,240 1,237 1,234 NASDAQ 2,66 2,65 2,64 2,63 2,62 2,61 DAX 7,04 7,02 7,00 6,98 6,96 Primeiramente, note que aumentaram-se também os limites de isenções dos bancos ao compulsório. Com isso, a restrição de oferta de crédito bancário certamente foi menor do que a que calculamos acima. Segundo, para um mesmo aumento de compulsório, o efeito juro-equivalente sobre os compulsórios remunerados deveria ser menor do que sobre os compulsórios não-remunerados. Parece-nos, portanto, justo afirmar que o efeito juro-equivalente do compulsório tenha sido inferior a 1,5%, justificando as estimativas de mercado entre 0,5-1,5%. Se antes do aumento do compulsório, o mercado trabalhava com um ciclo de juros de uns 2%, hoje o ciclo de juros não deveria ser maior do que 1%. E para alguns, poderia nem mesmo ser necessário. Entretanto, a ata do Copom mostrou que a inflação em 2011 estaria acima da meta, mesmo incorporando-se o aumento de compulsório, sugerindo que algum aumento de juros teremos. O timing do aumento é que parece estar indefinido. ■ FTSE-100 5,89 5,88 5,87 5,86 5,85 Fonte: Rosenberg Consultores Associados (wwwrosenbergcombr) Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 39 POUPANÇA Rendimento 0,55% este é o ganho das cadernetas com aniversário hoje. Em dezembro, até o dia 13, a captação líquida (diferença entre depósito e retiradas) somou R$ 3,3 bilhões, totalizando saldo de R$ 374,8 bilhões. MOEDAS (COTAÇÕES DE FECHAMENTO) DÓLAR (R$/US$) EURO (US$/€) 1,71 1,35 JURO FUTURO (CDI em % ao ano) COMMODITIES METÁLICAS (Índices - Base: 10/dez=100) 16/NOV/10 103 5 12,50 1,34 1,70 US$ R$ 16/DEZ/10 102 1,33 8 11,80 1,69 101 1,32 100 1 11,10 1,68 1,31 1,67 99 1,30 13/DEZ 17/DEZ 98 10,40 4 13/DEZ 17/DEZ 10/DEZ 30d 60d 90d 120d 150d 180d 210d 240d 270d 300d 330d 360d 720d 840d 960d 1800d 3600d Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br) 13/DEZ 14/DEZ 15/DEZ 16/DEZ Fonte: FSP. Elaboração: Rosenberg & Associados Balanço da indústria brasileira de fundos RENTABILIDADE ACUMULADA FUNDOS DE INVESTIMENTOS (em %) Tipos AÇÕES IBOVESPA Ativo Dividendos IBrX Ativo Livre Sustent/Governança RENDA FIXA Curto Prazo Referenciado DI Renda Fixa Renda Fixa Índices MULTIMERCADOS Macro Multiestrategia Juros e Moedas Semana Mês Ano 12 Meses -0,20 -0,60 -0,07 -0,19 -0,37 1,90 0,86 1,68 1,25 0,99 2,08 8,00 0,73 10,43 7,59 1,43 7,20 -0,18 11,43 7,72 0,20 0,20 0,25 0,81 0,40 0,41 0,48 0,89 9,13 9,33 10,93 0,89 9,56 9,78 11,38 0,89 0,52 0,40 0,28 0,56 0,76 0,57 11,68 10,68 10,12 12,24 11,17 10,63 (EM R$ BILHÕES) APLICAÇÕES RESGATES CAPTAÇÃO LÍQUIDA 2.200 2.048 131 2.125 1.991 120 2.050 1.934 109 1.975 1.877 98 1.900 1.820 JUL/10 RENTABILIDADE HISTÓRICA DEZ/10 JUL/10 DEZ/10 CAPTAÇÃO LÍQUIDA HISTÓRICA (em R$ milhões) ÍNDICES CDI Ibovespa IBrX Dólar 2007 11,82 43,65 47,83 -17,15 DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIA (Patrimônio líquido) Demais 10,47% Renda fixa 27,26% Previdência 10,84% Ações 10,86% Referenciado DI 12,58% 87 JUL/10 Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br) (em %) Curto prazo 3,93% DEZ/10 Multimercados 24,05% Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br) 2008 12,38 -41,22 -41,77 31,94 2009 9,88 82,66 72,84 -25,49 2010 9,18 0,22 1,16 -2,66 TRIMESTRE 1 2 3 4 2007 21.529,59 30.095,14 3.105,13 -8.417,53 2008 30.883,14 -17.892,58 -36.409,83 -32.489,28 2009 9.455,78 17.529,98 52.227,26 13.050,47 2010 29.850,13 27.069,03 36.342,72 26.725,59 CAPTAÇÃO POR CATEGORIA (em R$ milhões) Categorias CURTO PRAZO REFERENCIADO DI RENDA FIXA MULTIMERCADOS CAMBIAL DÍVIDA EXTERNA AÇÕES PREVIDÊNCIA FIDC IMOBILIÁRIO PARTICIPAÇÕES EXCLUSIVO FECHADO OFF-SHORE TOTAL GERAL PL 65.683,15 210.323,63 455.583,77 401.953,92 850,34 499,74 181.486,72 181.220,05 53.239,72 2.371,01 56.222,31 1.310,90 60.546,97 1.671.292,21 Aplicações Semana Resgates Captação líquida Aplicações No Ano Resgates Captação líquida 13.700,79 7.917,28 17.570,62 5.526,91 25,26 0,06 606,86 1.422,95 1.996,57 NB 77,85 0,00 NB 48.845,16 10.145,16 7.574,56 17.775,70 5.101,74 8,49 0,06 809,55 538,54 1.929,95 NB 0,00 0,00 NB 43.883,75 3.555,63 342,72 -205,09 425,17 16,77 0,01 -202,69 884,42 66,61 NB 77,85 0,00 NB 4.961,41 481.069,56 396.463,19 641.744,92 313.997,53 824,83 159,80 47.845,81 55.548,60 91.922,49 0,00 15.663,07 754,90 0,00 2.045.994,69 468.516,15 402.348,24 603.054,65 285.520,37 612,34 69,90 39.879,30 38.131,45 87.181,32 0,00 685,46 8,02 0,00 1.926.007,21 12.553,40 -5.885,06 38.690,27 28.477,16 212,50 89,90 7.966,51 17.417,15 4.741,17 0,00 14.977,61 746,87 0,00 119.987,48 40 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected] É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A. ÚLTIMA HORA Fundos do Panamericano têm resgate de R$ 553 milhões em novembro Arnaldo Comin [email protected] Editor Executivo Adriano Machado-bloomberg Os dois fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) do Panamericano sofreram resgates de R$ 552,7 milhões no mês de novembro, conforme balancete mensal enviado à Comissão de Valores Mobiliários. Nos dois veículos de investimento, houve debandada de 218 cotistas. O Master Panamericano FIDC CDC Veículos teve resgates de R$ 450,03 milhões e o patrimônio líquido encolheu de R$ 2,18 bilhões em outubro para R$ 1,94 bilhão em novembro. O número de cotistas seniores caiu de 399 para 270. O Autoban FIDC CDC Veículos teve resgates de R$ 102,7 milhões, ficando com patrimônio líquido de R$ 446,5 milhões e 94 cotistas, ante 183 no mês anterior. A agência de classificação de risco Austin Ratings publicou relatório com rebaixamento da nota dos fundos de AA+ para A+ há uma semana, considerando justamente que os veículos podem sofrer um aumento nos resgates e que os vencimentos dos créditos de lastro dos FIDCs podem não ser suficientes para honrar todos os pedidos de saques em caso de aumento dessa demanda. A continuidade de resgates sinaliza a insegurança dos investidores em relação à estabilidade dos fundos e seu administrador, mesmo após Vinte anos de Mercosul e muito ainda por fazer o conglomerado do empresário Silvio Santos ter recebido aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito, no início de novembro. A Polícia Federal abriu investigações sobre a diretoria do Panamericano e cumpriu nove mandados de busca e apreensão na casa de executivos do banco, emitidos pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Maria Luíza Filgueiras Matthew Staver/Bloomberg ONU avalia crise entre as duas Coreias Otimismo para dados de consumo dos EUA Os dados sobre os gastos em novembro dos consumidores e empresas americanas registram sinais positivos. Economistas estimam que as compras de imóveis cresceram 0,5%. Os dados oficiais serão divulgados no dia 23 pelo Departamento de Comércio. No mesmo dia, o órgão governamental deve anunciar alta de 2% na demanda por bens duráveis, excluindo automóveis e aviões. Bloomberg O conselho de segurança da ONU fez uma reunião neste domingo, em Nova York, para avaliar a escalada de tensões entre as duas Coreias. A Coreia do Sul informou que seguirá adiante com os exercícios com disparos reais, perto da ilha Yeonpyeong, na disputada fronteira marítima, assim que melhorarem as condições meteorológicas. A Coreia do Norte, que bombardeou a ilha no mês passado, matando Jorge Silva/Reuters quatro pessoas, alertou para um “desastre” caso as intenções sul-coreanas prossigam. A Rússia, que solicitou a reunião de emergência, quer que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mande um enviado especial para os dois países para buscar “medidas urgentes” que detenham a crise. AFP Giuseppe Aresu/Bloomberg Morre Schioppa, criador do euro O ex-ministro italiano da economia, Tommaso Padoa Schioppa, considerado um dos pais do euro, morreu aos 70 anos de parada cardíaca. Ele participava de um jantar em um palácio do centro histórico de Roma neste final de semana, quando passou mal. Nos últimos meses, o economista assessorou o governo grego, além de integrar o conselho de administração do grupo Fiat. Agências Sem a mesma urgência para enterrar as diferenças de um continente arruinado pela guerra, como a União Europeia, o Mercosul completará duas décadas em março de 2011 ainda distante de solucionar questões cruciais, não só econômicas, mas de integração efetiva dos residentes e instituições do bloco. Celebrada pelos diplomatas, a cúpula realizada em Foz do Iguaçu na semana passada apontou caminhos importantes para a harmonização de tarifas e garantias aos investidores de que empreendimentos feitos por empresas sediadas na região não serão prejudicados por arbitrariedades do governo de plantão nos estados membros. Contudo, as negociações na Tríplice Fronteira de Brasil, Paraguai e Argentina bateram na mesma tecla: querelas sobre taxas de importação e proteção à concorrência junto aos próprios sócios. A exemplo da Europa, o bloco deve investir em fundos de coesão para reduzir assimetrias não de países, mas de regiões menos assistidas É fato que o Mercosul já avançou em questões relevantes, como a livre circulação de pessoas, capital e trabalhadores. Depois do passaporte comum, falase em integrar até a emissão de registro de veículos. Mas o maior impulso ao Mercosul, o desenvolvimento, permanece um objetivo distante. Com parcos US$ 100 milhões anuais, o fundo de convergência do bloco (Focem), basicamente bancado pelo Brasil, pouco pode fazer para integrar os países em itens essenciais como energia, estradas e telecomunicações. No momento em que o Velho Continente expia os erros cometidos com a moeda comum, o Mercosul deveria se inspirar em práticas inovadoras aplicadas pelos europeus. Uma delas foi a criação de fundos de coesão para reduzir disparidades entre os parceiros. Se em determinada área, como educação ou saúde, a nota média é 5, caberá aos sócios discutirem em conjunto as metas para melhorar os índices das regiões — e não os países — mais atrasadas. Isso valeria para comunidades carentes na Amazônia brasileira ou no altiplano da Bolívia. Com esse princípio, o eixo da discussão sai da assimetria entre estados e migra para o que deveria ser o real motivo de existência do bloco: como melhorar a vida de todos os cidadãos do Mercosul. ■ www.brasileconomico.com.br DESTAQUE MAIS LIDAS DO FINAL DE SEMANA “Se Espanha cair, muito mais gente vai sentir” ● Ibovespa tem tendência de alta, apesar do volume O economista argentino Osvaldo Cado recomenda uma política fiscal em que a Europa faria uma emissão de euros e os países do bloco se comprometeriam a emprestar dinheiro aos que precisam reestruturar suas dívidas. O problema é a Alemanha. “As pessoas lá veem isso como ‘ajudar quem fez tudo errado’”, opina. ● LLX obtém aprovação para unidade no Porto do Açu ● Moody’s corta avaliação da Irlanda para “Baa1” ● Taxa de desemprego recua para 5,7% em novembro ● GVT quer atuar como operadora móvel virtual Acompanhe em tempo real www.brasileconomico.com.br Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br ENQUETE Você investiria em um título global que tivesse como objetivo melhorar a educação nos países? Não 30% Sim 70% Fonte: BrasilEconomico.com.br Vote em www.brasileconomico.com.br