www.brasileconomico.com.br
mobile.brasileconomico.com.br
SEGUNDA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 332 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
Para a especialista em estudos do
futuro Rosa Alegria, vazamentos do
portal Wikileaks mostram que o sigilo
dos governos está chegando ao fim ➥ P30
Igo Estrela
Proliferação de ameaças pela internet
leva ao crescimento do mercado de
segurança da informação e fortalece
receita das empresas desse segmento ➥ P28
R$ 3,00
Investimento estrangeiro em 2011
deve superar o recorde pré-crise
Perspectiva é de que aporte retome patamar de US$ 45 bilhões registrado em 2008. Estímulo ao crédito deve turbinar valor
Os números crescentes da entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no
país trazem entre especialistas a expectativa de que, no próximo ano, o fluxo
retome valores pelo menos iguais ao nível histórico de US$ 45 bilhões registrado em 2008, antes da crise financeira
global. Medidas, como o pacote de estí-
mulo ao crédito de longo prazo, e outras
na mira do governo, como o ajuste fiscal,
podem aumentar os investimentos para
cerca de US$ 50 bilhões. ➥ P12
Gestores veem desaceleração
em emergentes, mas devem
elevar exposição à dívida. ➥ P34
Divulgação
Com a usina
Teles Pires,
Eletrosul
volta a gerar
energia
O Boticário
bate à
porta do
consumidor
➥ P22
Mercotubos
vai para o
Rio de Janeiro
ficar perto da
Petrobras
➥ P26
Grupo presidido por
Artur Grynbaum chega
ao fim de 2010 com
faturamento de R$ 6,1
bilhões e prepara-se
para brigar em vendas
diretas com Natura,
Avon, Jequiti, Amway
e Mary Kay. ➥ P20
Escola ensina
Papai Noel a
ganhar dinheiro
de presente
neste Natal
➥ P32
Gestão pública passa
a buscar qualidade
e controle de custos
Administradores públicos estudam a cadeia produtiva para elevar
exigência em relação às compras e reduzir fraudes. Em Minas Gerais,
iniciativa privada inspira sistema de metas e de incentivo a servidores,
que melhorou índices de áreas estratégicas, como educação e saúde. ➥ P4
INDICADORES
Uma semana com
agenda repleta
para investidores
Mesmo com um dia útil
a menos, a semana será
movimentada. A começar pelo
exercício de opções na bolsa,
hoje. No exterior, destaque
para o PIB dos EUA. ➥ P36
▲
▲
▼
▼
▲
■
▲
▼
▲
▲
▼
▲
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
17.12.2010
COMPRA VENDA
1,7098
1,7090
1,7150
1,7130
2,2501
2,2487
1,3160
1,3158
0,4304
0,4299
META EFETIVA
10,66%
10,75%
VAR. % ÍNDICES
1,00 67.981,22
11.491,91
-0,06
0,21 2.642,97
1.243,91
0,08
5.871,75
-0,16
0,20 22.714,85
2 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
NESTA EDIÇÃO
Em alta
Paralisada obra do grupo Jurong
Grupo de Cingapura interrompe construção de estaleiro
em Barra do Sahy (ES) pelo menos até o dia 31 de janeiro à
espera da decisão da Justiça sobre a anulação das licenças
concedidas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente. ➥ P18
Fotos: divulgação
Eletrosul volta à geração de energia
Depois de se desfazer de seus ativos de geração,
quando da privatização do setor elétrico, a empresa do
grupo Eletrobrás, integra o consórcio vencedor do leilão
da usina de Teles Pires, com 24,5% de participação. ➥ P22
Concorrência força Boticário
a aderir ao porta a porta
Motivada por uma concorrência cada
vez mais acirrada, a rede de perfumaria
e cosméticos se movimenta para testar
novas modalidades de vendas e,
possivelmente, até a abertura de novos
negócios. Em dois municípios, um
no Sudeste e outro no Nordeste, funciona,
desde julho, um sistema de venda direta.
O ritmo de instalação de novas lojas,
conduto, será mantido. “Todos os anos
nos perguntamos quantas lojas Boticário
cabem no Brasil. Não consigo precisar esse
número, mas é certo que, em 2011, abriremos
entre 100 e 120 novos pontos de venda”, diz
Artur Grynbaum, presidente do grupo. ➥ P20
Expansão mais moderada em 2011
Gestores globais de carteiras de investimento avaliam que,
a expansão acelerada dos mercados emergentes este ano
resultará em crescimento mais modesto em 2011 e alertam
para riscos inflacionários, especialmente no Brasil. ➥ P34
Em 2011, mais 250 mil caminhões
A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de
Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), e
corresponde a aumento de cerca de 5% em relação a 2010,
quando deve atingir em torno de 230 mil unidades. Em 2012,
a tendência é de desaceleração, diz o Sindipeças. ➥ P24
IED deve superar US$ 45 bi em 2011
É a expectativa de analistas para os quais o recente pacote
de estímulo ao financiamento privado de longo prazo
reforça a perspectiva de aumento do fluxo de investimento
estrangeiro, que pode superar o recorde de 2008. ➥ P12
Receita flexibiliza regras para exportador
Vamos ver se com a flexibilização conseguiremos dar mais
velocidade às liberações dos créditos tributários, diz Otacílio
Cartaxo, secretário da Receita. Exportadores devem receber
em até 30 dias as devoluções a que têm direito. ➥ P14
Murillo Constantino
Mercotubos pode chegar ao
Rio com a compra da Pro Tubo
Atraída pelo Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj) e as demandas
geradas pelo pré-sal, a fabricante
de equipamentos para plataformas
e refinarias, com sede em Atibaia (SP),
finaliza os detalhes para se instalar
em território carioca. “Compra é nossa
primeira opção”, diz Luiz Fernando
Rossini Pugliesi, presidente. A Pro Tubo
nasceu da associação entre as japonesas
Ishikawajima, atual IHI Corporation, e a
Dai-Ichi-High Frequency Company. Caso a
compra não se concretize, a alternativa será
a instalação de uma fábrica em Itaboraí,
ou na vizinha Tanguá (RJ), para entrar
em operação em meados de 2011. ➥ P26
TAXAS DE CÂMBIO
Cotação de fechamento para venda em 17/12/2010
PAÍS
MOEDA
Argentina
Peso
Canadá
Dólar
Chile
Peso
China
Iuane
Coreia do Sul
Won
União Europeia
Euro
Estados Unidos Dólar
Índia
Rúpia
Japão
Iene
México
Peso
Paraguai
Guarani
Reino Unido
Libra
Uruguai
Peso
Rússia
Rublo
Venezuela
Bolívar forte
Fontes: Banco Central e Brasil Econômico
R$
US$
3,9756
0,4304
1,0118
1,6900
0,0036 472,2000
6,6640
0,2566
0,0015 1.152,8300
1,3160
2,2501
1,0000
1,7098
45,3600
0,0377
84,0300
0,0204
12,4376
0,1375
0,0004 4.680,000
1,5489
2,6483
19,9500
0,0866
30,8300
0,0555
4,3000
0,3986
Papai Noel existe na Claus Eventos
O empresário e ator Silvio Ribeiro criou, em 1976,
o primeiro curso de formação de Papai Noel, em São Paulo,
que treina pessoas de ambos os sexos para atuar em
shoppings, lojas de rua, eventos e festas familiares. ➥ P32
IPCA de novembro perto de 0,90%
“O IPCA reforçará a percepção de que o Copom está
atrasado”, diz Maurício Molan, economista sênior do banco
Santander, indicando que o órgão poderia ter elevado
a taxa básica de juros na reunião deste mês. A taxa pode
chegar a 6% no ano, avaliam economistas. ➥ P36
Teatro e tecnologia no ensino de idiomas
Wikileaks, o marco de uma nova era
Redes de ensino de línguas inovam adotando técnicas
teatrais com a finalidade de dar mais naturalidade à fala do
aluno. O grupo Multi criou o “web chat”, em que os estudantes
têm professores conectados 24 horas por dia. ➥ P16
Rosa Alegria, mestre em estudos do futuro, afirma que
as revelações feitas pelo site evidenciam uma paranoia
dos governos, que sempre estiveram nos vigiando. “É uma
inversão de papéis na contramão da história”, ressalta. ➥ P30
A FRASE
“Em vez de adeus, que tal até logo?”
Larry King, apresentador de TV americano, que, depois de 25 anos
comandando o Larry King Live, na rede CNN, apresentou seu último
programa na noite de quinta-feira. “É difícil dizer isso, mas eu sabia que esse
dia chegaria”, afirmou King, que pretende ficar mais tempo com a família.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 3
EDITORIAL
Caminhos para
melhorar a
gestão pública
MÁRCIO LEBRÃO, PRESIDENTE DA MCAFEE
Em uma de suas várias internações na
dura luta contra a grave doença que
acabaria por vencê-lo, o governador
Mário Covas, mesmo no leito hospitalar, teria demonstrado grande irritação
com o fato de as contas do governo paulista não terem fechado o dia positivamente. Relatado, em entrevista, por um
dos médicos que o atendiam como um
esperançoso indicador — afinal frustrado — de que o governador reagia bem, o
episódio é exemplo de empenho no
controle dos recursos públicos.
Ao assumir o governo, em janeiro de
1995, Covas elegeu como uma das prioridades o saneamento das finanças do
Estado, cuja situação podia ser classificada como muito abaixo de sofrível.
Reeleito em 1998, governou até falecer,
em março de 2001, deixando marcas
administrativas elogiadas até por adversários, e que criaram uma sólida
base para a permanência do PSDB no
governo paulista. No próximo dia 1º, o
partido inaugura o quinto mandato sucessivo no Palácio dos Bandeirantes.
Exemplos bem-sucedidos
na administração federal e
nos estados precisam chegar
também aos municípios
A informatização da administração,
implantada em São Paulo na “era Covas” foi e vem sendo adotada no âmbito
federal e nos estados. Os pregões eletrônicos, por exemplo, citados como
meio de dar mais seriedade ao manuseio
das verbas públicas, já respondem por
91% das compras federais.
Na mesma linha, mas com objetivos
mais ousados, alguns estados também
inovam. Minas Gerais se inspira em
exemplos da administração privada,
com um modelo de metas e incentivos
para administradores. Santa Catarina
optou por antecipar a adaptação dos
balanços públicos aos padrões internacionais, exigência obrigatória a partir
de 2012. O resultado é a maior transparência nas contas estaduais.
É preciso, agora, que os exemplos
administrativos inovadores nos governos federal e estaduais, que mostramos
nas páginas seguintes, cheguem também às administrações municipais. Afinal, mesmo restrita aos 273 municípios
com mais de 100 mil habitantes, a Lei da
Transparência vigora há mais de um ano,
mas ainda não se sabe quem vai fiscalizar
seu cumprimento pelos prefeitos. ■
“As companhias estão conscientes das ameaças”, diz Márcio Lebrão, presidente
da McAfee, de segurança de informática, constatando aumento da procura por
serviços de segurança, após as revelações do site Wikileaks. Como resultado,
empresas do segmento esperam boa receita em 2011. ➥ P24
Diretor de Redação Ricardo Galuppo
Diretor Adjunto Costábile Nicoletta
Presidente do Conselho de Administração
Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos
Diretor-Presidente José Mascarenhas
Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro
Diretores Executivos
Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo
[email protected]
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação
da Empresa Jornalística Econômico S.A.
Redação, Administração e Publicidade
Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar,
CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP),
Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158
Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales,
Jiane Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara
Ywata Editores Carla Jimenez (Brasil), Conrado
Mazzoni (On-line), Fabiana Parajara (Destaque), Márcia Pinheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas) Subeditores Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Empresas),
Luciano Feltrin (Finanças), Marcelo Cabral (Brasil), Micheli Rueda (On-line) Repórteres Amanda Vidigal, Ana
Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia,
Carlos Eduardo Valim, Carolina Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Paiva,
Denise Barra, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Elaine Cotta, Eva Rodrigues, Fabiana Monte, Fábio Suzuki,
Felipe Peroni, Françoise Terzian, João Paulo Freitas,
Juliana Rangel, Karen Busic, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Marina Gomara, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego,
Vanessa Correia, Weruska Goeking Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro
Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Roberto
Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania
Aquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena
(Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Monteiro, Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael
Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira
(Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de
imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno
Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade
Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo),
Adriana Araújo, Ana Alves, Carlos Flores (Executivos
de Negócios), Solange Santos (Assistente Comercial)
Departamento de Marketing Anysio Espindola, Evanise Santos (Diretores), Rodrigo Louro (Gerente de
Marketing), Giselle Leme, Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing).
Operações Cristiane Perin (Diretora)
Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wilson
Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente Comercial), Celeste Viveiros, Mariana Sayeg (Executivos de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados), Andréia Luiz (Assistente Comercial)
Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), João Felippe Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordenadores), Daiana Silva Faganelli (Analista), Solange
Santos (Assistente Executiva)
Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)
Central de Assinantes e Venda de Assinaturas
Marcello Miniguini (Gerente de Assinaturas), Vanessa
Rezende (Supervisão de Atendimento), Conceição
Alves (Supervisão)
São Paulo e demais localidades 0800 021 0118
Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100
De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30.
Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h.
[email protected]
Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112
Jornalista Responsável Ricardo Galuppo
TABELA DE PREÇOS
Assinatura Nacional
Semestral
Anual
Trimestral
R$ 197,00
R$ 328,80
R$ 548,00
Condições especiais para pacotes e projetos corporativos
(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)
Auditado pela BDO Auditores Independentes
Impressão:
Editora O Dia S.A. (RJ)
Nova Forma (SP)
FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)
4 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA
Administradores
vão muito além
do pregão on-line
ECONOMIA DE R$ 11,3 MILHÕES SÓ EM MEDICAMENTOS
Sistema permitiu ampliação da concorrência nas licitações,
mas qualidade dos produtos entregues ainda deixa a desejar
Paulo Justus
Renato Araujo/ABr
[email protected]
A administração pública reconheceu a importância da eficiência há apenas 12 anos, quando a inclui entre os seus princípios, ao lado da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, por meio da Proposta
de Emenda Constitucional (PEC)
19/98. A preocupação com o
destino dos recursos levou à
criação de instrumentos como o
pregão eletrônico, que responde
por 91% das aquisições feitas
pelo governo federal, excluindo-se as dispensas de licitação.
Essa modalidade de leilão
completou 10 anos no último
dia 13 de dezembro, com movimento de mais de R$ 80 bilhões
no período. O pregão permitiu a
inversão do processo de licitação, que trouxe a disputa de
preço para o início do processo,
em vez da análise de documentação. “Há dez anos, a disputa
em torno de questões jurídicas
entre as empresas que vendiam
para o governo era mais importante que o preço cobrado”, diz
Geraldo Biasoto, diretor executivo da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) do governo de São Paulo.
O próximo desafio dos governos, segundo ele, é melhorar
a qualidade do que se compra.
“Tem muita gente no mercado
que se especializou em trapacear a qualidade em benefício
de um preço ganhador”, afirma.
Por isso, Biasoto sugere um mecanismo que permita a devolução da mercadoria em caso de
má qualidade e a exclusão da
empresa dos próximos pregões.
O diretor de Logística e Serviços Gerais do Ministério do
Planejamento, Carlos Henrique
Moreira, diz que é preciso um
maior cuidado no processo anterior à compra, como a análise
da cadeia produtiva de cada
mercadoria que se pretende adquirir. “Se quero comprar material de escritório, preciso saber
quais são meus estoques, e meus
pontos de ressuprimento. Agora,
se estou tratando de recursos de
TI [tecnologia de informação], a
estratégia é outra, porque é um
Bruno Faleck
Secretário
interino de Direito
Econômico
“O órgão público lesado
tem de acionar a AGU
para recuperar o prejuízo.
Esse processo ainda
está engatinhando”
mercado extremamente concorrente, com dificuldade para
localizar os profissionais”, diz.
O economista Alexandre
Motta , ex-subsecretário do Ministério de Planejamento aponta
outra falha do pregão eletrônico,
o fato de se basear numa estimativa de preço dada pelas próprias
empresas que vão participar da
concorrência. “O mercado conhece bem o modelo do pregão
eletrônico e sempre estipula
um preço inicial acima do valor
desejado pelo governo, o valor
de referência. Na hora do pregão, consegue reduzir esse
preço de forma lenta e ganhar
um pouco mais”, diz.
Fiscalização
De acordo com a Advocacia
Geral da União (AGU), cerca de
90% das 2.147 ações ajuizadas
pelo Tribunal de Contas da
União neste ano tiveram alguma relação com compras públicas. “A grande possibilidade
de fraude do gestor público
hoje reside em ilícitos praticados por meio das aquisições,
como licitação direcionada ou
sobrepreço”, diz André Luiz de
Almeida Mendonça, diretor do
Departamento de Patrimônio
Público e Probidade da AGU.
A fiscalização também ocorre no âmbito do mercado com a
investigação de cartéis de compras públicas. Neste ano, a
Coordenação-Geral de Análise
de Infrações no Setor de Compras Públicas, da Secretaria de
Direito Econômico (SDE), abriu
21 processos de investigação relacionados a cartel em licitações. “Há dois tipos de infração
que podem ocorrer nas licitações, uma é a combinação de
preços e outra é a conduta unilateral, quando uma empresa
faz contratos de exclusividade
com fornecedores e inviabiliza
a concorrência”, diz o Diego
Faleck, secretário interino da
SDE. Segundo ele, além de investigar, o setor público precisa
avançar mais na recuperação dos
danos causados pelos cartéis. “O
órgão público lesado tem de
acionar a AGU para recuperar o
prejuízo. Esse processo ainda
está engatinhando”, diz. ■
PROJETO
SDE prepara ações para prevenir formação de
cartéis em licitações para Copa e Olimpíada
A Secretaria de Direito
Econômico (SDE) prepara
medidas preventivas para evitar o
mau uso do dinheiro público nos
gastos previstos para a realização
da Copa do Mundo em 2014 e
da Olimpíada em 2016. Neste ano,
o órgão atuou principalmente
na difusão de métodos e técnicas
de investigação de cartéis em
licitações entre policiais federais,
civis e representantes do
Ministério Público Federal e
Estadual. Além disso, treinou
mais de mil servidores públicos
que conduzem processos
licitatórios para aquisição de
bens e serviços. “Já distribuímos
diversos fôlderes, panfletos e,
ao todo, realizamos cursos para
mais de 8 mil agentes”, diz
Diego Faleck, secretário interino
de Direito Econômico.
A SDE também preparou
campanhas publicitárias voltadas
às empresas para prevenir a
ocorrência de cartéis e aumentar
a concorrência em licitações.
Desde 2008, o órgão intensificou
o combate aos cartéis, com
a criação da Coordenação-Geral
de Análise de Infrações no Setor
de Compras Públicas. O órgão
surgiu depois da atuação da
secretaria no leilão da usina
de Santo Antônio, no Rio
Madeira, em 2007. Na ocasião,
a denúncia de que o contrato de
exclusividade da Odebrecht com
fornecedores de equipamentos
elétricos inviabilizava a
concorrência, permitiu a redução
de 30% do preço cobrado pela
energia gerada na usina. P.J.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
Lei não permite uso
dos modelos privados
de gestão, por isso, presidente
do Conselho dos Secretários de
Administração sugere criação
de sistemas dentro dos governos.
Minas Gerais implantou
modelo de metas e
incentivos para servidores, e
colhe os frutos do projeto com
melhora em áreas estratégicas,
como saúde e educação.
Santa Catarina
antecipa adoção de
padrão contábil internacional,
que facilita o planejamento
e traz mais transparência
para as finanças públicas.
Marcela Beltrão
A partir do Registro
Nacional de Preços (RNP),
coordenado pela
Fundação do
Desenvolvimento
da Educação (FNDE),
o Ministério da Educação
conseguiu economizar
R$ 11,3 milhões
na compra de
medicamentos para
hospitais universitários.
No segundo semestre de
2008, quando a aquisição
ainda era feita de forma
descentralizada, foram
gastos R$ 48 milhões
na compra de remédios.
No primeiro semestre
de 2009, com a
centralização, a mesma
quantidade de
medicamentos saiu
por R$ 36,7 milhões.
O sistema também
é usado para a compra
de ônibus e bicicletas
escolares, mobiliário
escolar, laptops
educacionais e projetores
para as escolas públicas.
“Imagine que 5,2 mil
municípios fossem
comprar ônibus
individualmente.
Na medida em que o
governo federal
centraliza, o preço sai
de um universo de três
a seis veículos e passa
para um de 6 mil a 7 mil
ônibus”, diz José Carlos
Wanderley Dias Freitas,
diretor da FNDE. P.J.
MEC racionaliza modelo de compras
Sistema centraliza aquisições
e eleva exigências de qualidade
e padronização de preços
A compra de equipamentos
para as escolas públicas foi totalmente reformulada nos últimos quatro anos. Em vez de
uma gestão descentralizada,
em que cada escola fazia separadamente sua compra, ficando
sujeita às realidades de concorrência locais e à escala dos pedidos, o Ministério da Educação
(MEC) decidiu centralizar os
pedidos e usar o aumento da
quantidade para reduzir os preços. Além disso, elevou as exigências dos produtos, proporcionando um ganho de qualidade nas aquisições públicas.
O programa que centralizou essas soluções ficou a car-
go da Fundação Nacional do
Desenvolvimento da Educação (FNDE) e foi batizado de
Registro Nacional de Preços
(RPN). “Além de centralizar a
compra, temos como premissa
a excelente qualidade do produto, em termos de frequência de manutenção, média de
consumo e duração”, diz José
Carlos Wanderley Dias de
Freitas, diretor da fundação.
A pesquisa é feita anualmente pela Fundação Getulio Vargas, e analisa toda a cadeia produtiva das mercadorias desejadas. A partir dos dados coletados, o ministério define os lotes
e o preço que deve balizar as licitações. “Misturamos num
mesmo grupo estados do Sul,
Norte e Centro-Oeste, porque
dessa forma diluímos o custo de
Pesquisa, feita
anualmente pela
Fundação Getulio
Vargas, analisa toda
a cadeia produtiva
das mercadorias
desejadas. A partir
dos dados coletados,
ministério define
os lotes e o preço
que deve balizar
as licitações
distribuição mais uniformemente”, diz Freitas.
Os vencedores dos lotes se
comprometem a entregar o produto no preço definido conforme a demanda das escolas. O
sistema não diferencia a origem
dos recursos e permite que as
escolas comprem a partir dos
preços tabelados e sem a obrigatoriedade de se fazer uma licitação. “A origem do dinheiro
pode ser do governo federal,
emendas parlamentares e financiamento”, afirma. A lista
com os preços e as empresas ganhadoras para cada região fica
diponível no site da FNDE, para
consulta dos colégios.
A partir da adoção do novo
modelo, o preço médio das carteiras escolares, por exemplo,
caiu de R$ 250 para cerca de R$
140. A qualidade do material
também aumentou, porque os
produtos exigidos passaram a ser
certificados pelo Inmetro. “No
caso do mobiliário, passamos a
exigir a adequação das carteiras
conforme a estatura do aluno,
permitindo uma melhor adaptação ergonômica”, diz Freitas.
As exigências do MEC passaram a regular o próprio mercado. “Temos um fornecedor que
perdeu a licitação num ano, mas
modernizou a fábrica e ficou em
primeiro lugar no ano seguinte”, afirma. Os requisitos também afastaram os concorrentes
chineses, que tinham sempre o
menor preço. “Foi muito desafiador, mas o mais importante é
que pudemos quebrar esse paradigma, dentro da legislação
disponível.” ■ P.J.
6 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA
ENTREVISTA SÉRGIO RUY BARBOSA MARTINS Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração
“Precisamos melhorar a qualidade
dos serviços prestados ao cidadão”
Lei impede uso de modelos da administração privada, por isso é preciso desenvolver soluções nos governos
Carlo Wrede/O Dia
Paulo Justus
[email protected]
Fazer uma gestão com foco no
resultado é um desafio dentro de
um modelo de administração
pública apoiado na ideia de controle, diz Sérgio Ruy Barbosa
Martins, presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) e
secretário de Planejamento do
Rio de Janeiro. As amarras do
setor público, segundo ele, dificultam a aplicação de modelos
prontos do setor privado. Por
isso, as soluções em gestão pública precisam ser desenvolvidas
dentro dos próprios governos.
O que mudou desde a inclusão
da eficiência entre os princípios
da administração pública?
Tivemos avanços na gestão de
pessoas, na gestão logística e de
compras. Mudou também o planejamento e a formulação da
agenda de governo. Mas esse
avanço é muito desigual. Você
encontra excelentes experiências
envolvendo TI [tecnologia da informação] e gestão por competências, em diversos estados.
Qual é o cenário da
administração pública hoje?
Passadas as melhorias em áreas
transversais, como Recursos
Humanos e ferramentas de
compras de governo, precisamos focar na qualidade de serviços prestados ao cidadão. O
Consad está negociando, em
entendimento com o governo
federal, a constituição de uma
linha de crédito, via Banco Interamericano para apoiar melhorias em saúde, educação e assistência social, áreas essenciais.
As soluções da iniciativa
privada inspiram as mudanças
na gestão do setor público?
Sim e não. É muito comum o setor privado terceirizar logística
de compra, por exemplo, coisa
que o setor público não pode fazer. A despeito de ser uma área
em que os estados gastam muito,
é preciso cumprir regras muito
estritas da Lei 8.666 e da lei de
pregões eletrônicos. Por isso, as
soluções para melhorar as compras e a prestação de serviços são
típicas de serviço público. A gente pode pinçar experiências do
setor privado, mas é difícil adaptar modelos. A área de pessoal
também é muito rígida. Estamos
falando de avanços num quadro
de muita burocracia, de uma série de amarras que deixam pou-
“
Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas
Gerais, Bahia e
Distrito Federal
têm estruturas de
carreiras modernas
em que a progressão
se dá por avaliação
de desempenho,
de nível de formação
acadêmica. Não
é mais a regra antiga
da progressão por
tempo de serviço
Minas Gerais tem
a figura interessante
do empreendedor
público, em que se
contrata no mercado
com um salário
específico e com
um contrato atrelado
a desempenho,
que permite o
recebimento de um
14º salário para
cumprimento de meta
Para Martins, é preciso melhorar
o planejamento e a formulação
da agenda de governo
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 7
Ernesto Carriço/O Dia
cas escolhas ao administrador
público. O nosso modelo de legislação é todo apoiado na ideia
de controle. O modelo de gestão
focado no resultado é muito mais
apoiado na ideia de autonomia do
gestor, liberdade de decidir, liberdade de alocação. Isso o setor
público quase não tem.
Como os estados têm
trabalhado a gestão de pessoas?
Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais, Bahia e Distrito Federal
têm estruturas de carreiras modernas em que a progressão se dá
por avaliação de desempenho,
de nível de formação acadêmica.
Não é mais a regra antiga da progressão automática por tempo de
serviço. No Rio, criamos seis ou
sete carreiras novas, para alta
gerência nos últimos quatro
anos, voltadas para um desenvolvimento profissional. Minas
Gerais tem a figura interessante
do empreendedor público, que é
um quadro em que se contrata no
mercado com um salário específico e com um contrato atrelado a
desempenho, que permite o recebimento de um 14º salário para
cumprimento de meta.
Qual é a agenda para que haja
mais avanços na gestão pública?
Está tramitando no Congresso
uma mensagem do governo que
flexibiliza algumas regras da
8.666 [lei das licitações} e prevê o
uso de pregões eletrônicos para
obras de engenharia de menor
porte. Esta matéria está parada e
precisa avançar. Outra mudança
é o projeto de lei que o Ministério
Público encomendou para estabelecer um novo marco regulatório do setor público que faria uma
revisão dos princípios e normas
gerais para dar mais agilidade à
gestão. Ele está pronto, é só uma
questão de vontade política.
Quais são os maiores
entraves para a
administração dos estados?
É muito importante que o Congresso olhe para os estados e
municípios com maior cuidado
no que diz respeito às decisões
“
MANIFESTAÇÃO DE POLICIAIS MILITARES DO RIO EM APOIO A PEC300
Nosso modelo
de legislação
é todo apoiado
na ideia de controle.
O modelo de gestão
focado no resultado
é muito mais
apoiado na ideia
de autonomia
do gestor, liberdade
de decidir, liberdade
de alocação
que impactam as finanças públicas. Hoje virou moda entre as
corporações de servidores buscar aumentos de salários por
meio de projetos de lei ou
emendas como a PEC [Proposta
de Emenda Constitucional] 300,
que trata dos salários dos policiais. A estratégia dos servidores
é que uma pressão unificada no
Congresso é melhor que pressões separadas nos estados.
Principalmente se for por meio
de PEC, porque dribla até o poder de veto do presidente e ganha eficácia imediata, assim
que for promulgada pelo Congresso. Isso não pode ser discutido sem considerar um impacto
nas finanças estaduais e municipais. Levamos a propostas de
incluir a previsão da consulta
aos estados nestes casos. ■
Sérgio Martins critica uso de emendas constitucionais ou projetos de lei para
promover aumentos salariais dos servidores públicos, o caso do Projeto de Emenda
Constitucional 300, que equipara salários de policiais militares com o piso
dos policiais de Brasília, os mais bem pagos do país. No início do ano, o Rio
teve onda de manifestações a favor da emenda. Mas, para Martins, estados e
municípios precisam ser consultados nestes casos, por causa do impacto no caixa.
8 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
DESTAQUE GESTÃO PÚBLICA
Minas Gerais leva
modelo privado
para a repartição
Novo sistema, em implementação desde 2005, começa a
mostrar resultados ao alcançar metas de desenvolvimento
ACIDENTES NAS RO
DOVIAS
ESTADUAIS E FEDE
RAIS
(POR 10.000 VEÍCU
LOS)
OBJETIVOS
Governo mineiro alcança 13 das 23 metas prioritárias.
Confira algumas
45
40
43,5
39,8
35
30
Meta 2009
DOMICÍLIOS COM ACESSO
À REDE DE ESGOTO
OU FOSSA SÉPTICA
Valor alcançado
TAXA DE MORTALIDADE
INFANTIL
16,0
85
75,0
73,0%
800
72,6%
755
700
14,6
13,3
NÍVEL RECOMENDÁVEL
DE LEITURA*
73,3
13,9% 13,8%
12,0
[email protected]
Para melhorar a eficiência da
gestão pública em Minas Gerais,
estado com o maior número de
municípios do país (854), o governo se inspirou na iniciativa
privada e, desde 2005, vem implementando um modelo de
metas e incentivos. Nos últimos
dois anos, os resultados concretos dessa experiência começaram a aparecer em áreas estratégicas, como saúde, segurança
e educação. O sistema, apelidado de Choque de Gestão, contempla o programa Estado para
Resultados, que estipula metas
de longo prazo para áreas de
responsabilidade do governo.
“Em 2005, fizemos a integração das pastas de orçamento,
planejamento e finanças, o que
nos possibilitou coordenar melhor os gastos em relação à arrecadação. Desta forma, foi possível direcionar mais recursos
para áreas prioritárias, contempladas no programa”, afirma o
MALHA RODOVIÁRIA ESTADUAL
EM CONDIÇÕES FUNCIONAIS
MÁS OU PÉSSIMAS
TOTAL DA MALHA
RODOVIÁRIA ESTADUAL
PAVIMENTADA
18
18
32,0
17,2%
17
72,6%
16,9%
16
70,0
15
31,3% 31,3%
24,8
16
16,5%
71,6
Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) de MG
Carolina Alves
73,0%
TAXA DE HOMICÍDIOS
17,6
14
13,0%
12
10,4
3,2
Barreto, coordenador do Estado para Resultados:
“Multiplicamos por 10 a capacidade de financiamento”
*Alunos da rede estadual na 3ª série do ensino fundamental
Modelo está
sendo analisado
por outros estados,
como Rio Grande
do Sul, Paraná
e Alagoas, e também
por outros países,
como Uruguai,
Angola, Moçambique,
Honduras e República
Dominicana
coordenador do Estado para Resultados, Tadeu Barreto.
Ele ressalta que uma nova
fase do projeto está em desenvolvimento, com foco em 2030
e metas mais elevadas — visto
que a etapa anterior, com objetivos até 2020 para 104 indicadores, conseguiu atingir as metas prioritárias desejadas (confira o quadro acima).
“Melhoramos índices de
homicídio, de alfabetização,
de investimentos em inovação,
de construção de hospitais, estradas”, afirma Barreto. “Antes
do programa, gastávamos apenas R$ 34 milhões em pesquisa. Hoje, essa cifra ultrapassa
R$ 200 milhões”.
Nos projetos estruturadores,
contemplados no programa de
resultados, foram investidos
cerca de R$ 4 bilhões ao longo
do ano. “Multiplicamos por dez
a capacidade de financiamento, que era de R$ 250 milhões
em 2003”, afirma.
Dentre as metas prioritárias,
Barreto destaca as voltadas
para finanças como aquém do
desejado. “Não tivemos muitos
progressos nessa área por conta
da crise financeira mundial,
que reduziu nossa arrecadação
em R$ 2 bilhões — o equivalente a um mês de faturamento”,
afirma. “Gerenciar essa crise,
contudo, foi menos complicado porque tínhamos um planejamento e conseguimos classificar quais áreas poderiam ter
cortes e quais deveriam ter
mais investimentos”.
Bonificação
No programa, cada secretaria
possui metas a serem atingidas.
As pessoas envolvidas no processo, exceto as que exercem
cargos diretos de gestão, como
secretários e subsecretários, recebem um 14º salário ligado ao
percentual do objetivo conquistado. “Ninguém ganha o valor
todo, porque as metas são muito
ousadas. A nota fica, em média,
na casa de 80 pontos”, diz. Ele
ressalta que o governo mineiro
conta com cerca de 500 mil ser-
vidores. “Sem planejar, orçar,
monitorar, gerenciar pessoas e
reconhecer o trabalho, não é
possível manter em funcionamento uma máquina pública
desse tamanho”, explica.
Auditoria
Para acompanhar os resultados
e fazer os ajustes necessários
nas metas e procedimentos, o
estado delegou a função de
“empreendedores públicos” a
60 funcionários — metade deles
vindos da iniciativa privada.
“Copiamos muitos modelos do
setor privado, pois o governo
também é uma organização
complexa que precisa seguir as
diretrizes de seus acionistas —
no caso, a sociedade”, diz.
Barreto destaca que o modelo de Minas está sendo analisado por outros estados,
como Rio Grande do Sul, Paraná e Alagoas. “Recebemos visitas também de outros países,
como Uruguai, Angola, Moçambique, Honduras e República Dominicana”, diz. ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 9
Infografia: Alex Silva Foto: Bruno Cantini
Santa Catarina antecipa
padrão contábil internacional
Estado implementou parte
das normas nos balanços de
2009 e 2010, mas transição
deverá ser concluída em 2011
Embora os estados brasileiros tenham até 2012 para adaptar o padrão contábil de seus balanços
para o sistema internacional IP-
SAS (sigla em inglês para Padrões
Internacionais de Contabilidade
para o Setor Público), Santa Catarina já está utilizando parte do
novo modelo na divulgação dos
balanços de 2009 e 2010. Segundo
Wanderlei Pereira das Neves, diretor de contabilidade da Secretaria Estadual da Fazenda, o estado
Padronização
facilitará
planejamento
e financiamento
dos estados, avalia
Sérgio Romani,
da Ernst & Young
elaborou seus demonstrativos no
novo formato, que requer notas
explicativas e cálculos diferenciados, como contabilização de ativos e depreciação de patrimônio.
“Montamos um grupo de trabalho com cerca de 20 pessoas
exclusivamente para o estudo das
novas regras. Também colocamos
engenheiros em campo para avaliação do patrimônio público, um
cálculo que vem gerando muitas
dúvidas para nós”, afirma.
Além disso, o governo abriu
dois concursos públicos para a
contratação de contadores e auditores internos. “Os salários
pagos hoje estão acima do mercado local, para atrair profissionais de qualidade”, diz Neves.
A implementação completa
do padrão internacional, porém,
deve ocorrer apenas em 2011.
“Precisamos fazer adaptações no
software de gestão para facilitar
as convergências com o novo
modelo. Muitos estados estão
firmando acordo de cooperação
conosco para utilizar nosso sistema, como Espírito Santo”.
Benefícios
INVESTIMENTOS
R$
4 bilhões
foram aplicados pelo
governo mineiro nas ações
consideradas prioritárias
no orçamento este ano,
contempladas também no
projeto Estado para Resultados.
INDEFINIÇÃO
METAS
A partir de maio deste ano, todos
os 273 municípios brasileiros com
mais de 100 mil habitantes foram
obrigados a desenvolver um site
com todas as suas informações
de execução orçamentária
e financeira. A medida está
contida na Lei da Transparência
(131/2009), que entrou em vigor
no ano passado e deu um prazo
até 28 de maio para adaptação
das prefeituras. Porém, nem
todos estão cumprindo a
determinação à risca. Segundo
levantamento da Corregedoria
Geral da União (CGU), hoje 3% dos
municípios ainda não colocaram o
site no ar. E, nas 266 cidades que
disponibilizaram as informações,
104
indicadores é o total de metas
estipuladas pelo programa
Estado para Resultados.
Estão contempladas áreas de
saúde, educação, segurança,
infraestrutura e tecnologia.
INOVAÇÃO
R$
200 mi
é quanto o governo de Minas
Gerais investe em pesquisa
e inovação atualmente. Antes
do programa, em 2005, o
montante era de R$ 34 milhões.
Um ano após o lançamento, Lei da Transparência
não tem fiscalização nos municípios
ainda não foi possível avaliar
a qualidade dos dados. “O simples
fato de informar não significa
mais transparência na gestão. Os
dados precisam ser interpretados
por todo mundo facilmente,
o que não acontece atualmente
com a maioria dos portais”,
diz Vânia Lúcia Vieira, diretora
de Prevenção à Corrupção da
CGU — órgão está entre os cotados
pelo governo para o papel de
controle e fiscalização. “Ainda não
foi definido quem será o órgão
responsável pela fiscalização.”
Ela ressalta que o fato das
prefeituras terem publicado
informações de gestão
orçamentária nos sites não
qualifica cumprimento
total à lei, que exige o uso
de linguagem simples e acesso
fácil a todas as camadas da
população em tempo real.
Para Vânia, a maior dificuldade
encontrada pelos municípios
está na adaptação do sistema
contábil para a plataforma
exibida nos sites. “Essa é uma
área que requer investimentos
elevados”, afirma. “Somente
quando tivermos uma
padronização nas informações
prestadas, em linguagem
simples, é que poderemos
dizer que os municípios
atuam com transparência
perante a população”. C.A.
A padronização da contabilidade no setor público nasceu do
modelo utilizado hoje pela iniciativa privada, o IFRS (sigla em
inglês para Padrões Internacionais Balanços Financeiros). Para
Sérgio Romani, sócio de auditoria da Ernst & Young, o sistema,
adaptado ao setor público, representará maior transparência
no registro de ganhos e perdas
dos estados, além de suas capacidades de pagamento de dívidas e de investimentos.
No novo modelo, será adotado
o regime de competência para estipular despesas e receitas. Desta
forma, os gastos e valores a receber estarão presentes nos balanços
no momento em que forem gerados. Hoje, o setor público utiliza, geralmente, o regime de caixa,
que insere despesas e receitas
apenas quando elas ocorreram.
“Ficará mais fácil para todos,
inclusive para instituições de financiamento internacionais, traduzir o que está escrito nos balanços dos estados, o que facilitará
empréstimos. Além disso, para os
governos, será melhor desenhar
um planejamento orçamentário,
o que deverá elevar a qualidade
dos gastos”, diz Romani. Entretanto, nem todas as normas internacionais do IPSAS foram emitidas, o que dificulta a implementação do novo sistema. “Temos só
metade das normas traduzidas”.
Além disso, o tempo concedido pelo governo federal para a
implementação pode não ser suficiente. “Os estados vem enfrentando problemas na adaptação dos softwares, a parte mais
cara da transição. Talvez até 2012
não dê tempo de concluir o processo”, afirma Romani. ■ C.A.
10 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
OPINIÃO
Sérgio Vale
Marcelo Mariaca
Economista-chefe
da MBA Associados
Presidente do conselho
de sócios da Mariaca e professor
da Brazilian Business School
Flavio Gazani (foto)
e Flavia Frangetto
Presidente da Associação
Brasileira das Empresas
do Mercado de Carbono (Abemc)
e presidente do Instituto Brasileiro
do Direito Ambiental (Ibrada)
Dilma e Lula
Começar de novo
Herança da COP16
De quem se falar muito parecer com seu padrinho, a
grande dúvida que se tem é no que Dilma será diferente
de seu antecessor. Por enquanto, seu provável inicio de
governo não deverá ser muito diferente do que se viu até
agora. Isto é o que mais se ouve hoje, principalmente
pelas escolhas feitas para seu ministério. Entretanto, há
razões para acreditar que a nova presidente será diferente em muitos aspectos de Lula, para o mal ou para o bem.
Para o bem, mas já esperado, parece haver certas
mudanças na política externa. Há uma tendência,
pela própria história de Dilma, de ser menos condescendente com atos bárbaros praticados por outros
governos. Foi exemplar dessa nova atitude a rejeição
da presidente ao julgamento por apedrejamento de
uma mulher iraniana. Também parece haver uma
tendência de reaproximação com os EUA pela escolha
de Antônio Patriota como ministro das Relações Exteriores. Ainda não está certo seu julgamento sobre o
comportamento de outros líderes latino-americanos,
notadamente de Chávez, sobre quem Lula conseguiu
de certa forma ter alguma voz.
Os investimentos em infraestrutura também devem deslanchar. A queridinha dos olhos de Lula
sempre foi o social, e bem menos aqueles gastos. Nesse aspecto Dilma deverá ser diferente, até por ser mãe
do PAC. Já se nota isso com a vontade, cada vez mais
premente, de dar agilidade nos investimentos da Infraero. A própria presidente já discursou em outros
momentos que uma solução boa poderia ser a privatização da empresa, talvez única solução a essa altura
da proximidade da Copa do Mundo.
Para o mal, há um cheiro de mudança de política
econômica no ar. O novo mandachuva na economia,
além da própria Dilma, será o ministro da Fazenda,
Guido Mantega. Em inúmeras ocasiões no passado
ele deu a entender que não estava satisfeito com a política monetária e que a taxa de juros deveria cair
mais. Concordamos que no longo prazo ela deve cair,
mas o timing pedido pelo ministro só ocorreria se tivéssemos um brutal ajuste fiscal para compensar.
A grande maioria dos executivos brasileiros, como
gerentes, diretores e presidentes, não sabe o que fazer quando as circunstâncias os colocam, de repente,
do lado de fora do mercado de trabalho. A demissão
ainda é um tabu para a maioria dos profissionais, e a
maior parte prefere ignorar ou fugir do tema a encará-lo de frente. Mesmo com a tendência de crescimento da economia, os índices de demissão de executivos são elevados, principalmente em decorrência
das fusões e aquisições, que promovem a famosa sinergia. Uma coisa é certa: no século XXI, não há nada
mais constante do que a mudança, e os executivos
devem estar preparados para enfrentá-la.
Nesse cenário, uma situação de desemprego
deve ser vista como uma condição temporária,
transitória, da qual se sai mais rapidamente e melhor quando há esforço, persistência, disciplina e
alto-astral. E também planejamento.
Ao fim da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP16), é hora de fazer o dever de casa.
Aos negociadores dos países certamente paira uma
dúvida: seus esforços poderão diminuir a “febre” do
planeta? É certo que, mesmo devagar, os sistemas
de combate à mudança do clima estão se aperfeiçoando e se combinando às políticas internas. Um
exemplo é o acordo fechado na conferência, em que
os países aprovaram um pacote para prover recursos financeiros à redução de emissões.
A competitividade sob a bandeira da proteção ao
clima deveria fundamentar todas as atividades no
Brasil. São certas as dificuldades que passaremos em
decorrência da mudança do clima. Aquela Amazônia, da qual falamos com admiração, estará na memória como símbolo do aumento da febre do planeta. Seu papel para o equilíbrio do ecossistema trará a
todos nós o peso da falta de zelo em preservá-la, na
medida em que sua destruição terá provocado mudanças nas chuvas, alterando características físicas
de regiões. Um desastre grave para a geração de
energia e para a produção agrícola e pecuária.
É fato que o Brasil mostra inteligência quando defende o estabelecimento comunitário de ações de
mitigação de emissões de gases de efeito estufa desde
já. Neste ponto, requerer subsídio e incentivo internacional para apoiar a sociedade brasileira a ter baixas emissões é uma posição proativa e estratégica,
um voto de confiança do mundo no Brasil.
Pensar em ajuste fiscal
nesse governo implicaria cortes
profundos em várias áreas
importantes e caras à presidente
Como ele também nunca foi adepto de ajustes fiscais, nem a própria presidente, deveremos ter a indecorosa política de “um pouco mais de inflação para
ter uma pouco mais de crescimento”. Até porque
pensar em ajuste fiscal nesse governo implicaria cortes profundos em várias áreas importantes e caras à
presidente. Mais ainda, um futuro membro da equipe
já disse que é mais adepto de melhorar a gestão do
que ajustar profundamente. Concordamos que a gestão é péssima e há muito a melhorar, mas esse não é o
ponto agora. Combater a inflação não virá por melhoria da gestão, mas sim por cortes na veia.
Com isso, o governo Dilma poderá ganhar uma
imagem melhor no cenário de política internacional, diferente dos últimos anos de Lula, mas poderá
ganhar contornos mais dramáticos no cenário econômico internacional. Até quando os investidores
estão dispostos a suportar uma política fiscal irresponsável e uma política monetária dúbia? ■
O mercado está flexível e oferece
aos mais qualificados novas opções
que, em alguns casos, podem
ultrapassar barreiras entre países
Profissionais mais visionários não perdem tempo
lamentando a mudança de maré, mas veem nela a
chance de dar um rumo novo à carreira. Uma demissão pode alavancar várias oportunidades para quem
mantém uma atitude positiva, incluindo uma mudança de área, de função e até de profissão.
Empresas que trabalham com transição de carreira
têm como base um esquema interessante e eficiente,
que adotam na recolocação do executivo. Esse sistema inclui 10 etapas que devem ser atravessadas como
se fossem 10 marcadores de quilômetros na estrada.
As cinco primeiras etapas: observe seu campo profissional, no ramo e na região ou país em que deseja recolocar-se; defina com clareza seus objetivos de profissão em termos de funções ou posições almejadas; crie
uma estratégia de comunicação, incluindo um excelente currículo e um discurso coerente para justificar a
razão de estar mudando de empresa; identifique as empresas-alvo para se recolocar; pesquise essas empresas.
As outras cinco etapas: defina as pessoas-chave na
empresa, ou seja, aquelas com poder de contratar;
entre em contato com as empresas e pessoas-chave,
por meio de contato direto ou indireto (o chamado
networking); considere novas opções de procura por
novo cargo, inclusive serviços de consultoria de outplacement ou ferramentas da internet; participe de
inúmeras entrevistas e negociações; quando escolhido, faça uma boa transição para o novo cargo.
Para seguir esses passos, é fundamental agir com
persistência e otimismo, mas também com pragmatismo. Uma recolocação para cargo executivo,
quando muito bem planejada e executada, deve durar, em média, três a quatro meses. No entanto, homens e mulheres com excelentes aptidões permanecem desempregados por mais tempo porque não
podem ou não sabem como atravessar cada um desses marcadores de quilômetros.
Quem é persistente, tem boa capacitação, cultura
e comportamento digno, certamente demonstrará
garra e auto estima, qualidades essenciais para enfrentar os processos de transição. ■
Um tema que avançou no evento
foi a criação de um organismo,
no Rio, para difundir um modelo de
desenvolvimento para as cidades
No entanto, ainda temos que avançar. Um exemplo
intrigante está no pré-sal, que adicionará milhões de
toneladas às emissões em razão da extração e refino.
Incluir medidas de contrapartida ambiental anuladoras
dos possíveis danos dessas atividades é fundamental.
Do contrário, as políticas internas e externas estarão
desalinhadas, prorrogando a prometida estabilização.
Uma ideia das empresas do mercado de carbono
na COP16 foi a proposta fifty-fifty como opção para
viabilizar a transferência de tecnologias de baixo
carbono. A saída é que os governos dos países desenvolvidos se disponham a subsidiar as suas empresas,
arcando com 50% do valor dos royalties que estes
cobrariam das nações em desenvolvimento para adquirir esta tecnologia. Até hoje, não existe proposta
concreta para este tema tão importante. Devemos
iniciar um debate construtivo que possa viabilizá-la,
dividindo uma conta que interessa aos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Outro tema que avançou durante a COP16 foi a
criação de um organismo permanente da ONU no Rio
de Janeiro, com objetivo de difundir um modelo de
desenvolvimento sustentável para as cidades. O protagonismo econômico e político do Brasil e a realização da RIO+20, conferência da ONU a ser sediada na
cidade em 2012, demandam a construção de um legado permanente para o país. Esse é um importante
passo que daremos em direção a uma cultura sustentável, que poderá ser vivida pelas próximas gerações,
dependendo do legado que deixaremos. ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 11
José Cruz/ABr
Kirchner espera Dilma com “muito amor”
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou, em
referência à presidente eleita Dilma Rousseff, que será bom ter mais
uma mulher no poder e que ela será recebida com “muito amor”.
“A esperamos com muito afeto e carinho e também com muito amor”,
afirmou a presidente argentina durante reunião da 40ª Cúpula do
Mercosul, em Foz do Iguaçu. “Vai nos fazer muito bem incorporar uma
companheira de (outro) gênero. Eu já me senti um pouco sozinha.”
Vincent Kessler/Reuters
CRUCIFIXO É COBERTO POR NEVE NA REGIÃO DA ALSÁCIA, NORDESTE DA FRANÇA
A Europa vem enfrentando há semanas fortes nevascas que já mataram dezenas de pessoas e provocaram a interrupção de
diversos serviços. Na Alemanha, um dos países mais afetados, as fortes tempestades de neve e vento obrigaram o cancelamento de
centenas de voos nos aeroportos de Frankfurt, Berlim e Munique, entre outros, uma situação que se estendeu às ferrovias e estradas.
Na quinta passada, as autoridades alemãs declararam o alerta vermelho meteorológico em grande parte do país.
França, Inglaterra e Suíça são outros países bastante afetados pelas tempestades de neve.
ENTREVISTA FELIPE ORIA Sócio-proprietário da Oria Foods
Oria mira no estômago dos donos de iate
Fabricante de congelados monta
freezer no Iate Clube de Santos
para vender lasanha gourmet
Françoise Terzian
[email protected]
O mar não está para peixe para
empresas que pensam em brigar
com os congelados da Sadia e da
Perdigão. Se for um pequeno
empreendimento de um apaixonado por culinária, então,
menores ainda as chances de
chegar ao microondas do con-
sumidor. A larga escala e a forte
distribuição das gigantes que
formaram a BRF Brasil Foods,
contudo, não foram suficientes
para fazer Felipe Oria, fundador
da Oria Foods, empresa de Cotia
(SP) especializada em comidas
congeladas e resfriadas, desistir
do negócio aberto há oito anos.
Com um faturamento previsto
de R$ 1,3 milhão para este ano, a
Oria agora quer vender seus risotos e massas gourmet aos ricos frequentadores do Iate Clube de Santos, no Guarujá (SP).
Divulgação
“Produzimos
20 mil pratos/
mês. A ideia é
fazer com que
a pessoa física
represente
50% das
vendas”
Como você pretende concorrer
com a BRF em congelados?
Eu não devo nem fazer cócegas
no mercado deles. Nosso principal produto concorrente é a lasanha congelada. A diferença é
que eu tenho um prato gourmet
e não uma massa feita em larga
escala, com conservantes. A
ideia é fazer com que os donos
de barcos comprem os congelados da Oria na loja do Iate Clube
ao invés de sair em alto mar com
batata Ruffles. É um público
com bom potencial de compra.
Quem são seus principais
clientes corporativos hoje?
Cerca de 90% do nosso faturamento vem dos restaurantes e
lanchonetes, como a Pizza Hut
do interior de São Paulo, que
compra risoto e massa para lasanha. A ideia é elevar o faturamento de R$ 1,3 milhão (2010)
para R$ 3 milhões, em dois
anos. A meta é fazer com que
metade da receita venha de pessoa física, através da venda pelo
comércio eletrônico e da chegada a novos pontos de venda. ■
12 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
BRASIL
Investimento
estrangeiro pode
ser recorde em 2011
IED SE DIVERSIFICA E CHEGA AO SETOR DE QUÍMICOS
sdfdfsdfsd
sdfsdf
sdfsdfsdfs
IED retomará nível pré-crise de US$ 45 bilhões; com estímulo à
infraestrutura e ajuste fiscal, poderá chegar aos US$ 50 bilhões
Ruy Barata Neto
[email protected]
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil está em curva ascendente e deverá superar
ao longo do próximo ano a marca
recorde de US$ 45 bilhões aferida
em 2008, quando ainda não se
sentia no país o reflexo da crise
financeira global. O pacote de
medidas de estímulo ao financiamento privado de longo prazo,
anunciado pelo governo na semana passada, pode acelerar ainda mais esse processo, uma vez
que isenta a cobrança de Imposto
de Renda (IR) dos investidores
estrangeiros que comprarem títulos de longo prazo ligados ao
setor de infraestrutura.
“Em geral, o IED já chega ao
país amparado por uma base de
capital já existente. Se o investidor
obter vantagens no financiamento em moeda local, ajuda bastante”, explica o diretor do Centro de
Economia Mundial da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central, Carlos
Langoni. O aumento do IED é
fundamental para que o país caminhe na direção de chegar a uma
taxa de investimento na ordem de
23% do Produto Interno Bruto
(PIB), índice necessário para viabilizar um crescimento sustentável na faixa dos 5% ao ano.
De janeiro a outubro, o país
soma entrada de US$ 29,4 bilhões, o que já supera o resultado
do acumulado de 2009 (US$ 25,9
bilhões). A perspectiva positiva
para 2011 deve-se ao ritmo mais
forte de entrada de capital neste
final de ano. Apenas em outubro,
o IED líquido cresceu US$ 6,7 bilhões, recorde para o mês desde
o início da série histórica. A expectativa é que o ano encerre em
US$ 35 bilhões. Amanhã o BC divulga os dados de novembro.
Para Langoni, o estímulo ao
financiamentos de longo prazo
cria bases para que o fluxo de IED
chegue aos US$ 50 bilhões em
2011, um valor alto para a realidade brasileira. Mas para que isso
ocorra é necessário melhora na
avaliação de risco Brasil, no cur-
“
O pacote de
estímulo do governo
contribui para
a formação de um
mercado de poupança
de longo prazo
no Brasil, mas ainda
não é suficiente
Carlos Langoni,
ex-presidente do Banco Central
to prazo, o que dependeria de um
ajuste fiscal mais profundo.
O volume de IED poderia disparar caso se adotasse maior desoneração para exportações e
tributação zero para novos investimentos. Mesmo o estímulo
aos financiamentos poderiam
ser mais agressivos com a extensão do benefício ao lançamento
de debêntures no mercado primário para todo o setor produtivo, não apenas aos projetos ligados a infraestrutura.
O incremento do IED, aliado a
mais poupança, ajudaria no financiamento do déficit de conta corrente do país, que deve ser o maior
da história em 2011. A Confederação Nacional da Indústria (CNI)
prevê um rombo recorde na conta
de transações correntes em 2011,
que deverá avançar de US$ 50 bilhões para US$ 70 bilhões. “O
IED poderia contribuir para que
o déficit seja fundamentalmente
financiado pelo capital de longo
prazo”, diz Langoni.
Marco regulatório
Segundo o economista André
Sacconato, da Consultoria Tendências, o governo fica devendo
ainda a adoção de novas regras
para facilitar a conversibilidade
cambial — o que facilitará a remessa de dividendos para matrizes de multinacionais — e o
desenho de um marco regulatório de concessões para a área de
infraestrutura. “O Brasil carece
de uma onda de concessões para
ferrovias, aeroportos, saneamento e petróleo e gás”.
O conjunto de reformas apontadas pelos especialistas seriam
importantes para mudar o perfil
do investimento estrangeiro no
Brasil, hoje eminentemente feito
para atender a demanda do mercado interno. Segundo Sacconato, as empresas estrangeiras entram na China como plataforma
exportadora, pelo benefício da
mão de obra barata e facilidade
de exportação. Entre o grupo do
Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) os chineses são o principal
alvo de IED, com volume na ordem de US$ 100 bilhões. ■
EXPECTATIVA
RECORDE
US$
50 bi
é o valor que o investimento
US$
6,77 bi
foi o valor mensal recorde de
estrangeiro direto no país pode
atingir em 2011, turbinado pelos
estímulos ao financiamento de
longo prazo e por um ajuste fiscal.
investimento externo registrado
em outubro deste ano. O ritmo
de crescimento tende a continuar
forte até o final deste ano.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 13
Valter Campanato/ABr
Diplomada, Dilma terá cenário político tenso antes do Natal
CONHECIMENTO LOCAL
EM OPORTUNIDADES
GLOBAIS
Dilma Rousseff foi diplomada presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira
sem ter conseguido fechar seu ministério. A sucessora de Lula deve ter uma semana tensa antes do Natal.
Além da definição sobre o espaço do PSB e PCdoB, ela ainda não bateu o martelo sobre os cargos de
segundo escalão, que estão motivando uma guerra surda entre os aliados. Os postos mais cobiçados são
as presidências de estatais como Eletronorte e Itaipu, além das diretorias da Petrobras, Caixa Econômica
Federal. Na sexta-feira, o primeiro discurso oficial de Dilma durou apenas seis minutos e meio. Ela ressaltou
a importância da mulher. O vice-presidente, Michel Temer, também foi diplomado.
(11) 3138 5314
[email protected]
www.bdobrazil.com.br
Jock Fistick/Bloomberg
Henrique Manreza
Os economistas
brasileiros se mostram
surpresos com
mudanças que vêm
sendo registradas
nas características
do Investimento
Externo Direto (IED)
que chega ao Brasil.
Segundo Carlos Langoni,
diferentemente do
passado, o Brasil não
recebe investimentos
externos apenas
direcionados ao setor
industrial, especialmente
o automobilístico.
Os recursos estão
chegando firmes também
no setor de serviços
e no agronegócio.
Segundo dados da
Sociedade Brasileira
de Estudos de Empresas
Transnacionais e da
Globalização Econômica
(Sobeet), há fortes
aplicações no comércio
varejista, no setor
imobiliário e na área
de derivados de petróleo.
O presidente da entidade,
Luiz Afonso de Lima,
diz que a grande
surpresa vem da área
de produtos químicos.
O fluxo de IED aferido
de janeiro a outubro
de 2009 soma US$ 29,4
bilhões, dos quais
US$ 6,6 bilhões foram
destinados à área
de produtos químicos,
seis vezes mais do
que o aferido no mesmo
período do ano passado.
CRISE
DIVERSIFICAÇÃO
US$
1,1 tri
é o valor do fluxo deste ano de
US$
6,6 bi
foi o montante de IED registrado
investimento estrangeiro no
mundo, quase metade do pico
pré-crise, em 2007, quando
o IED chegou a US$ 2 trilhões.
no setor químico nacional, valor
seis vezes maior do que o ano
passado. Há investimentos desde
o agronegócio até o varejo.
Brasil é ‘festa no meio
do velório’ global
Aumento no fluxo do IED ao país
vem na contramão da seca dos
investimentos internacionais
O Investimento Estrangeiro
Direto (IED) tem crescido acima das expectativas da equipe
econômica. A surpresa se deve
a dois fatores. O primeiro é
que, apesar dos desdobramentos da crise financeira global —
que diminuiu pela metade o
fluxo mundial de inversões
entre 2009 e 2010 — a fatia de
investimentos para o Brasil
vem se recuperando. O segundo é que isso acontece apesar
da burocracia do país, que dificulta a exportação e o envio de
remessas de dividendos para o
exterior, além do tradicional
alto custo de mão de obra, que
torna o país menos atrativos do
que a China por exemplo hoje o grande destino de IED
entre os Brics.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de
Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso de Lima,
chama a atenção o fato de que a
arquitetura macroeconômica
do país, que aumentou o mercado de consumo doméstico,
esteja sendo relevante para a
manutenção de um nível ascendente de IED no país. A entidade estima que o fluxo no
acumulado deste ano deva ficar
em US$ 35 bilhões, cerca de
US$ 10 bilhões a mais quando
comparado ao resultado do ano
passado (US$ 25,9 bilhões).
No cenário internacional,
por outro lado, o momento é
crítico. Segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), o fluxo global de IED
aponta para estagnação em
US$ 1,1 trilhão neste ano, pouco mais da metade do pico de
US$ 2 trilhões, de 2007. Países
tradicionalmente alvo de investimentos externos, como a
Irlanda — em meio a uma crise
de dívida pública — estão afugentando os investimentos externos, hoje sendo redirecionado aos países emergentes.“É
quase como se estivéssemos em
uma festa no meio de um velório”, diz Lima.
“O que aconteceu na realidade é que, além de mais reduzidos, os investimentos estrangeiros ficaram também mais
seletivos diante da crise internacional”, afirma o presidente
da Sobeet. “A percepção de ris-
Total de investimento
no mundo deve ficar
em US$ 1,1 trilhão
este ano, pouco mais
da metade do pico
registrado em 2007
co em países da União Europeia
afugentou os investimentos da
região”, analisa.
Novo posicionamento
Segundo especialistas do mercado, o Brasil tem outro posicionamento no cenário internacional. Se antes os representantes brasileiros batiam à
porta dos investidores de países como Inglaterra, Irlanda e
Bélgica, hoje são exatamente
esses países que têm feito movimento inverso em busca de
investimentos brasileiros em
seus países. ■
Henrique Manreza
Lima, da
Sobeet: os
estrangeiros
estão mais
seletivos
EVOLUÇÃO TRIMESTRAL DO IED
No acumulado do ano de 2010, o total pode chegar a US$ 35 bilhões
VOLUME, EM US$ BILHÕES
14,1
15
Em outubro de 2010 o IED chegou
a US$ 6,7 bilhões, o maior
no mês desde o início da série
14,2
12
9
8,8
7,9
8,3
7,3
5,3
6
5,0
5,7
3º TRI 4º/09
1º/10
10,5
6,5
3
0
1º/08
Fonte: BC
2º TRI
3º TRI
4º/08
1º/09
2º TRI
2º TRI
3º/10
14 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
BRASIL
Antonio Cruz/ABr
TELECOMUNICAÇÕES
DEFESA
Brasil precisa de mais quatro satélites de
transmissão, estima Agência Espacial
Decisão sobre compras de caças deve
ficar para o primeiro semestre de 2011
O Brasil precisa ter, pelo menos, mais quatro satélites de comunicação
e transmissão de dados, segundo o presidente da Agência Espacial
Brasileira (AEB), Carlos Ganem. “O Brasil está sem satélite ótico desde
abril de 2010. O Brasil também espera ter, finalmente, o seu satélite
radar, que permite ver o país mesmo em dias de densas nuvens e em
locais com árvores gigantescas, como a Amazônia”, disse Ganem.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, sinalizou que o nome do avião
escolhido para reequipar os esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB)
só deve ser anunciado após o início do governo de Dilma Rousseff. Ele
ressaltou que o anúncio não pode passar do primeiro semestre de 2011,
caso contrário será preciso aposentar os atuais jatos Mirage 2000 e F-5
sem que os novos aparelhos tenham condição de entrar em atividade.
Receita abranda normas de
devolução a exportadores
Marcello Casal Jr.
Secretário admite
lentidão na linha
tributária especial
criada pelo governo
Otacílio Cartaxo:
de saída da Receita,
secretário quer
novas regras
ainda em 2010
TROCA DE COMANDO 1
Sai
Cartaxo está de saída da Receita,
após os problemas com a quebra
do sigilo de políticos tucanos.
TROCA DE COMANDO 2
Entra
O comando do órgão passará
para as mãos de Carlos Alberto
Barreto, funcionário de carreira.
NA CONTA
R$
500 mi
É o quanto a Receita estimava em
Simone Cavalcanti
julho devolver aos exportadores a
cada trimestre pela linha especial.
[email protected]
A Receita Federal vai flexibilizar as exigências atuais da chamada linha especial de devolução de créditos tributários. O
objetivo é destravar os pagamentos com maior rapidez,
conforme ficou estabelecido no
conjunto de medidas de incentivo às exportações. Por essa
modalidade, os exportadores
deveriam receber em até 30 dias
50% do valor dos tributos pagos
sobre a matéria-prima usada
em produtos vendidos ao exterior a partir de abril.
O secretário do Fisco, Otacílio Cartaxo, disse ao BRASIL ECONÔMICO que a portaria com as
regras mais brandas deve ser
publicada entre esta e a próxima semana. “Vamos ver se,
com a flexibilização, conseguiremos dar mais velocidade ao
processo de liberação”.
A principal mudança está relacionada às exigências sobre o
volume e a assiduidade das exportações. Pelas normas editadas
em junho deste ano, para estar
apta a pedir o ressarcimento a
empresa precisa ter embarcado
seus produtos em todos os últimos quatro anos, sendo que no
segundo e terceiro anos a média
das vendas externas tem de ser
igual ou superior a 30% de sua
receita bruta total. “As mudanças passam por esse quantitativo
de volume exportado em relação
aos anos anteriores”, adiantou
Cartaxo, que admitiu a demora e
o baixo índice de concessão dos
créditos dessa linha especial
sem, entretanto, dizer quantos
exportadores já receberam.
De forma geral, os empresário têm direito de pedir ressarcimento do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e dos
Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) que foram pagos durante o processo de produção de bens exportados.
A CADA TRIMESTRE
R$ 1 bi
em crédito federal é gerado
pelas empresas sem considerar
averiguação do Fisco.
A JATO
30
dias
Foi o que prometeu o governo
como prazo para a Receita
pagar 50% do crédito devido.
Embora o Fisco
seja até exportador
de tecnologia na
vigilância dos
contribuintes, ainda
trata as devoluções
de forma manual
A criação da modalidade especial de devolução foi anunciada em maio deste ano pelo
ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Ao lado da formação
do Eximbank — que também
está em compasso de espera — a
concessão dos créditos tributários foi divulgada como carrochefe de apoio às exportações
brasileiras. Estava sendo bastante aguardada pelos exportadores, pois tradicionalmente é
de até cinco anos a demora para
ter o valor creditado na conta e
hoje há uma pendência na casa
dos bilhões de reais a ser ressarcida (veja matéria na outra página). Por isso mesmo, o governo se comprometeu a fazer a
devolução em até um mês após
o envio da documentação. Mas
até o momento essa velocidade
não foi obtida.
Feito à mão
Segundo Cartaxo, o grande problema é que, apesar de a Receita
Federal ser um órgão que até exporta tecnologia de declarações
de imposto de renda e cruzamento de dados de contribuin-
tes, ainda trata os casos de devolução de forma manual. “Uma
vez um ministro me chamou
para perguntar quanto era devido aos exportadores. Liguei para
o responsável da área que me
disse que só poderia dar os números em 15 dias porque estava
tudo em papel”, revela.
O sistema operacional que
trabalhará o PIS/Cofins e dará
maior celeridade inclusive à
conferência do crédito devido só
entrará em operação entre março e abril de 2011, de acordo com
as estimativas de Cartaxo. ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 15
Rafael Neddermeyer
REGULAMENTAÇÃO
VEÍCULOS
Frente de entidades civis quer esclarecer
população sobre propagandas de alimentos
Governo busca mais transparência em
recalls de automóveis com novas regras
Entidades da sociedade civil lançaram a Frente pela Regulamentação da
Publicidade de Alimentos. O movimento vai se mobilizar para informar a
sociedade sobre as propagandas do setor, especialmente aquelas voltadas
às crianças. Em junho, a Anvisa publicou uma resolução regulamentando
a propaganda de alimentos, mas a medida foi suspensa por uma liminar
concedida à Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
O governo publicou na edição da última sexta-feira do Diário Oficial um
conjunto de regras destinado a dar mais transparência às campanhas de
recall das montadoras. Entre as novas exigências está a lista dos chassis
dos veículos envolvidos no processo. Além disso, o recall pendente há
mais de um ano vai constar no Certificado de Registro e Licenciamento
de Veículo. As determinações passam a valer no prazo de três meses.
Será só mais um embrulhinho, diz AEB
A prática confirma outra
realidade, diz entidade, apesar
das intenções do governo
Carolina Alves
[email protected]
As propostas de flexibilização
nas regras de recuperação de
créditos de exportação, apresentada a duas semanas da saída
do secretário da Receita Federal,
Otacílio Cartaxo, tende a repetir
o fracasso do pacote lançado
pelo ministro da Fazenda Guido
Mantega no começo do ano.
Essa é a opinião é do vice-presidente da Associação de Comér-
cio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “Aquilo
não foi um pacote, foi um embrulhinho. Este será mais um.”
Para ele, as novas regras não
serão concretizadas e tendem a
acabar seguindo o fluxo de todas
as outras já lançadas para agilizar a recuperação dos créditos.
Ele estima que nos tributos sociais como PIS/Cofins, o valor
devido aos exportadores esteja
na casa dos R$ 8 bilhões. “Já foi
de R$ 10 bilhões, mas a iniciativa
privada arrumou meios de reduzir esse cálculo por conta própria”, afirma. Somam-se a esse
valor outros R$ 20 bilhões de dí-
vidas dos estados sobre o ICMS.
Castro explica que a demanda internacional em baixa reduziu as ofertas das empresas para
outros países, mas aumentou
para o mercado interno. Desta
forma, foram gerados menos
créditos para serem reembolsados às empresas. ■
CINCO RAZÕES PARA A FALTA DE CREDIBILIDADE JUNTO A EXPORTADORES
1
2
3
4
5
Eximbank
Retroativo
Ajuste
Dívida com estados
Créditos em troca
Embora tenha sido anunciado
oficialmente no primeiro
semestre deste ano, o Eximbank,
banco de fomento para
exportações, que funcionaria
dentro do BNDES, não saiu do
papel até o momento.
Embora sinalize a aceleração
do pagamento de créditos,
resta saber como o governo
vai negociar os créditos a receber
anteriores às mudanças, que
já somam R$ 10 bilhões, só em
PIS e Cofins não ressarcidos.
Numa perspectiva de anúncio
de ajuste fiscal, ou seja, de
trabalhar a economia de custos,
a devolução retroativa fica mais
nebulosa. Em 2009, a crise foi
um dos argumentos do governo
para postergar pagamentos.
A Lei Kandir, que prevê isenção
do ICMS nos estados para
produtos e serviços voltados à
exportação, também perdeu
credibilidade na semana passada.
O Congresso aprovou o adiamento
da sua aplicação para 2020.
O governo chegou a aceitar a
ideia dos empresários de trocar
créditos previdenciários por
benefícios represados. “Sinalizar
interesse, mas o assunto não
saiu do papel”, diz José Augusto
Castro, presidente da AEB.
16 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
INOVAÇÃO & EDUCAÇÃO
TERÇA-FEIRA
QUARTA-FEIRA
EMPREENDEDORISMO
GESTÃO
Teatro e tecnologia reforçam
A aposta em uma técnica diferente de
ensino facilita o apredizado dos alunos
Micheli Rueda
[email protected]
De técnicas elementares de teatro até tecnologia. Novos métodos de ensino de inglês, além de
agregar valor ao tradicional, facilitam o aprendizado ao aliar
atividade de lazer e educação.
Os diálogos próprios de qualquer curso de inglês – um prérequisito na formação do estudante – podem ganhar ares sofisticados e garantir mais fluência ao aluno quando associados
a técnicas teatrais.
“Sentados na cadeira, envergonhados e impelidos a conversar, os alunos parecem robôs”,
descreve Carlos Gontow, professor de inglês e escritor do livro The Classroom is a Stage,
que traz 40 esquetes classificadas por nível de aprendizado e
com sugestão de idade.
Na profissão há 24 anos, Gontow conta que começou a incentivar os alunos a levantarem e
colocarem mais expressão e entonação em seus diálogos. A metodologia nasceu sem o professor perceber que nesse exercício
corriqueiro despontavam as técnicas mais clássicas de teatro.
“Podemos falar o ‘oi, tudo
bem?’ com diversas emoções.
Bravo, feliz, sério ou triste. No
ensino de língua estrangeira, as
pessoas ficam mais tímidas,
algo que precisa ser contornado”. A metodologia empregada
por Gontow se divide em duas
vertentes: na sala de aula e no
palco. Nas aulas, a utilização de
fantoches e o incentivo a inserção de emoções nas falas contribui para a desinibição. “Ao se
imaginar como personagem os
alunos se soltam mais. Os fantoches atuam como se fossem
máscaras que protegem a identidade do aluno”, considera.
O outro elemento que garante
a mesma funcionalidade são as
peças teatrais em si. “O teatro
propicia a vivência da língua, o
que é fundamental. Sem isso,
fica muito artificial”, avalia o
professor. Ao ensaiar uma peça
teatral pela primeira vez, os alunos recebem de duas a três falas
de acordo com o nível de conhecimento. Se mostram facilidade
para decorar, nas semanas seguintes vão ganhando falas adicionais. Depois de ensaios semanais com três horas de duração,
os alunos apresentam a peça. O
elenco varia de 30 a 120 pessoas.
Tecnologia
Acompanhando as inovações
tecnológicas, o Grupo Multi,
que congrega escolas de idioma,
informática e profissionalizante, aposta nas novas mídias para
A prática teatral traz
naturalidade à fala,
os alunos aprendem
a improvisar em
inglês e dão tom
de realidade aos
exercícios do
material didático
aperfeiçoar o ensino de inglês.
Destinado à Wizard, a companhia lançou no mês passado o
serviço de “web chat”, em que
os alunos têm à disposição professores conectados 24 horas
por dia sete dias da semana.
Para assegurar o atendimento dos alunos, são mantidos
professores aqui e na China. “O
serviço não tem custo adicional. O recurso pode ser utilizado para tirar dúvidas, explicar
conteúdo ou, simplesmente,
conversar. Tem o intuito de facilitar o aprendizado”, afirmou
Carlos Martins, presidente da
Multi. Nas escolas profissionalizantes — Microlins, S.O.S
Computadores e Bit Company —,
foram instaladas lousas eletrônicas com material didático
para o ensino do inglês.
Por sua vez, a última aquisição do grupo, a escola Yázigi
utiliza o portal “House of English”, que se assemelha a uma
rede social, para auxiliar no ensino. “O portal é o local onde os
alunos dos diversos estados podem interagir. É um complemento da aula, lá os alunos
também realizam tarefas”,
aponta o presidente da Multi.
Para 2011, o diferencial será a
disponibilidade de todo o material didático da Wizard na plataforma do iPad, da Apple. ■
CLASSE C
UNS Idiomas molda curso para atender adultos em 18 meses
De olho na ascensão econômica
da classe C, a UNS Idiomas, rede
especializada no ensino da língua
inglesa em 18 meses, moldou
seu curso para atender adultos
que têm necessidade de rápido
aprendizado. Sem férias e
recesso, o conteúdo é distribuído
em três horas de aulas semanais,
com opção de uma hora adicional
às sextas-feiras. “Trabalhamos
com executivos ou préexecutivos, na faixa de 20 a 40
anos, que buscam ingressar no
mercado de trabalho ou visam
alguma promoção”, afirmou
Marcel Magalhães, diretor
presidente da rede de idiomas.
A UNS está presente
em todas as regiões
do Brasil e estuda
ampliar o número
de franquias para
todas as capitais
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 17
QUINTA-FEIRA
SEXTA-FEIRA
SUSTENTABILIDADE
TECNOLOGIA
LÉLIA CHACON
curso de inglês
Jornalista e editora do
site e revista Onda Jovem,
do Instituto Votorantim
Murillo Constantino
TRÊS PERGUNTAS A...
Fotos: divulgação
Como colocar o futuro
dentro da educação?
...ÂNGELA LESSA
Professora do departamento
de inglês da PUC-SP
“O aluno precisa
de tempo em casa
para poder estudar”
O aprendizado do inglês exige
esforço conjunto do professor
e do aluno. Além do domínio
do idioma pelo professor,
a dedicação fora sala de aula
do aluno é que garantirá
o aprendizado.
O aluno consegue aprender
com métodos que visam o
curto prazo?
Na profissão há
mais de 24 anos,
o professor de
inglês Carlos
Gontow começou
incentivando os
alunos a levantarem
e colocarem
mais expressão
e entonação
em seus diálogos.
Depois, veio
o teatro. Ao se
imaginar como
personagem
e não a pessoa
real os alunos
se soltam mais.
Os fantoches
atuam como se
fossem máscaras,
que protegem a
identidade do aluno
Em todos as aulas, são
combinados exercícios de leitura,
gramática, áudio e conversação,
voltado para as necessidades
desse público. Segundo
Magalhães, o tempo mais enxuto
de aprendizado equaciona um
investimento maior, tendo em
vista que os cursos convencionais
ultrapassam quatro anos de
aulas. “Isso vem de encontro com
as necessidades da classe C”,
considera. A metodologia da
UNS também encontra amparo
na motivação pessoal de cada
aluno, com base na premissa
de que a ascensão profissional
resulta em renda maior.
Lógico que existem exceções,
mas é muito difícil aprender um
idioma em pouco tempo, tendo
em vista que seu uso é complexo.
Mesmo que envolva a motivação
de uma promoção no trabalho,
por exemplo, é necessário
experiência com a língua.
Para facilitar o aprendizado,
existe uma combinação de
elementos que devem ser
seguidos. O aluno tem que fazer o
curso completo. Do início ao final.
Além de gostar do idioma, tem
que ter suporte profissional,
material adequado e tempo
em casa para estudar.
Qual o tempo recomendado
para adquirir fluência?
Se o aluno se esforçar e não tiver
medo de se expressar, seis horas
semanais por um período de dois
anos a dois anos e meio. O grupo
reduzido de alunos por sala de
aula também contribui.
Existe uma metodologia ideal?
Não existe uma metodologia
ideal. Hoje fala-se em “pósmétodo”, em que o professor
se adequa às necessidades de
cada aluno. O professor tem
que ser capaz de fazer um
prognóstico das necessidades
reais do aluno em um contexto
social, histórico e cultural.
Não existe ensino de língua
pela língua.
O novo Código de Processo Penal, se aprovado, não dará
direito a prisão especial para quem tem curso superior.
Foi-se um argumento para convencer alguém, no desespero, a a ampliar a escolaridade. Confesso que o usei, jocosamente, com um filho que decidiu ser músico. A sério, opinei, entre outros pontos, que um diploma superior significaria trabalho e ganho financeiro melhores.
Em vão. Bom no “pingue-pongue”, ele considerou a
afirmação e mandou outra: o diploma não garantiria o
aprendizado do seu interesse, que ele foi encontrar em
uma instituição alternativa nos sete anos seguintes e
continua a buscar todos os dias com o auxílio de computador, internet e outras tecnologias. Essa escolha ilustra
uma possível resposta a uma boa questão colocada pelo
educador Fredric Litto, um dos fundadores da Escola do
Futuro da USP, dedicada a pesquisa e aplicação de tecnologias educacionais: “Se a educação é para o futuro,
como colocar o futuro dentro da educação?”.
A pesquisadora em tecnologia educacional Maria H.
Andersen, que escreve sobre o futuro do ensino e da
aprendizagem para instituições como a “World Future
Society”, sugere um sistema de aprendizado personalizado e social (em rede)
como meio de colocar
o futuro na realidade
No passado, a
educacional do presente. O cenário, que ela
educação era
ultrapersonalizada: nomeia com a sigla Socrait, parece conciliar
histórias orais
tudo o que se preconiza
passadas do adulto
para um ensino de qualidade: capacitar o espara a criança ou
tudante a contextualio tutor contratado
zar o que aprende, a
para ensinar
cruzar conhecimentos e
a fazer as perguntas cerum único aprendiz
tas para avançar na formação de acordo com
suas ambições.
A sigla remete a socrático no questionamento necessário para aprender e desenvolver conhecimentos,
e contém “Soc” para social, “Ai” para inteligência artificial e “TI” para tecnologia de informação, explica
Andersen, lembrando que perguntas socráticas levam
o aluno a gerar respostas próprias em vez de apenas reconhecer uma resposta dada. Isso alimentaria continuamente a aprendizagem com novas questões — de
forma personalizada, pois motivada pelo interesse
pessoal do aluno; e na esfera comunitária, ao ser partilhada e enriquecida em redes sociais a partir de um
“banco de questões socráticas”. O banco seria acessado, ao final de um conteúdo, por uma opção do tipo
“aprenda mais”, com duas alternativas: escrever sua
pergunta ou escolher em uma lista de questões feitas
por outros. O aluno avaliaria sua formação a partir da
capacidade de chegar a respostas. Se não aprendeu, o
sistema o remeteria de volta ao tema. Os avanços seriam certificados por “curadores socráticos”.
A ideia, de tão resumida aqui, nem parece coisa de futuro. E práticas, tecnologias e conteúdos para um sistema
como esse já existem. “Faltam a arquitetura e a interface”, diz Andersen. Uma arquitetura aberta para qualquer
um criar perguntas e também desenvolver aplicativos de
acordo com os objetivos de aprendizagem, seja na escola
ou no ambiente de trabalho. No passado, lembra a pesquisadora, a educação era ultrapersonalizada: histórias
orais passadas do adulto para a criança ou o tutor contratado para ensinar um único aprendiz. O Socrait propõe
uma volta para o futuro numa realidade de sistemas públicos de ensino, educação de massa. Saiba mais:
http://www.wfs.org/futurist. ■
18 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Pierre Verdy/AFP
À deriva
Mais ondas revoltas
no caminho do projeto
do estaleiro de R$ 800
milhões que o grupo
Jurong, de Cingapura,
pretende atracar em
Barra do Sahy, no
município de Aracruz
(norte do Espírito Santo).
Por determinação da
Justiça Federal, a
empresa não poderá
fazer nenhuma
intervenção na área
destinada à construção
do empreendimento
até o dia 31 de janeiro.
Nesta data, deve sair
a decisão se valem ou
não as licenças prévia
e de instalação
concedidas pelo Instituto
Estadual do Meio
Ambiente ao estaleiro.
Classificada pela
Petrobras para a
construção de 28 sondas
dos campos do pré-sal,
a Jurong está enredada
em uma acalorada
polêmica sobre os
impactos ambientais do
projeto. A discussão
desembocou na Justiça.
Como um rei
A partir de 2011, vai ser possível se
hospedar praticamente dentro do
Palácio de Versalhes, um dos pontos
turísticos mais visitados do mundo.
O complexo perto de Paris (França) vai
ter uma de suas construções transformadas
em hotel de luxo para abonados.
A antigo Hotel du Grand Controle,
um pequeno prédio que era usado como
moradia por gestores do Palácio até a
Revolução Francesa, foi cedido à empresa
belga Ivy Internacional, para abrigar
um hotel com 23 apartamentos.
Segundo Jean-Jacques Aillagon (foto),
coordenador de Versalhes, a experiência
será a primeira de uma série de prédios
históricos franceses que serão
concedidos à iniciativa privada para
tentar explorar o potencial econômico e,
assim, garantir sua conservação.
Para instalar o hotel, a Ivy vai investir
US$ 7 milhões nas reformas do prédio
construído em 1680 e que, até 2006,
era usado como refeitório.
Anton Averianov/Caters
Programa de ex
“Os EUA estão
demonstrando que
as instituições
parecem não seguir
as regras da lei.
E enfrentar uma
superpotência que
não segue o estado de
direito é um assunto
sério. O maior risco
agora – e o que
mais me preocupa –
é a extradição aos
Estados Unidos.
Isso parece cada vez
mais provável”
Gramado, na serra gaúcha, poderá
ser uma das paradas de descanso
do presidente Lula no início de
janeiro, quando deixar a presidência
da República.
Mais exatamente o luxuoso
Saint Andrews, hotel seis-estrelas
que está sendo inaugurado neste mês
pelo empresário Guilherme Paulus,
fundador da CVC e GJP.
Paulus tratou pessoalmente do convite
para que Lula e Marisa conheçam
o empreendimento para desopilar.
Pegadas largas
A fabricante de calçados masculinos
Pegada, de Dois Irmãos (RS), planeja
para 2011 a ampliação de sua
capacidade de produção, tanto no
Rio Grande do Sul como na Bahia.
A empresa já está construindo uma
segunda fábrica em Ruy Barbosa (BA)
que, a partir do segundo semestre de
2011, deve adicionar 4 mil pares de
calçados por dia à capacidade local.
Em Dois Irmãos, a Pegada também
prepara para janeiro a construção de um
novo prédio para ampliar a produção.
Olha o ursinho!
Filhotes de urso polar sempre são
atração imbatível nos zoológicos.
Mas um peludo de Moscou está gerando filas
extras por conta de uma graciosa mania:
o tímido ursinho de 1 ano não gosta de tirar
fotografias e costuma esconder o rosto para
os flashes. Resultado: as adoráveis imagens
de esconde-esconde atiçam ainda mais fotos.
Julian Assange, fundador do Wikileaks,
confessando seu temor diante da onça
que cutucou, em sua primeira entrevista
depois de ser libertado na Inglaterra.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 19
Fotos: divulgação
MARCADO
Primogênita
A primeira Ferrari assinada por Enzo Ferrari será colocada
no prego, nos dias 20 e 21 de janeiro, na casa de leilões
RM Auctions, nos Estados Unidos. O modelo 166 MM de 1949
foi totalmente restaurado e deve arrecadar nada menos
que US$ 2 milhões. Originalmente a máquina era amarela
e azul, mas foi pintada de vermelho. O chassis, o motor,
a transmissão e outros diferenciais são originais.
● A Natura apresenta, amanhã,
a cerimônia de premiação da
12ª edição do Orixalé, criado
pelo AfroReggae. O evento
será apresentado por Fernanda
Lima e Johayne Hidelfonso.
Alcione, Roberta Sá e o grupo Afro
Samba também sobem ao palco.
[email protected]
A passo de canguru
GIRO RÁPIDO
A marca brasileira de
calçados Via Uno acaba
de abrir mais uma loja
no Exterior. Desta vez,
em Sydney, na Austrália.
É a quarta filial da grife
na metrópole australiana.
Em cartaz
A mexicana Cinépolis, uma
das maiores redes de cinema
do mundo, está acionando
os projetores no Rio de Janeiro.
Com seis salas, o primeiro
complexo de exibição da empresa
no mercado carioca foi instalado
em um dos cartões postais
da cidade – às margens
da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Na cozinha
Bom princípio
Duelo ibérico
É com ocupação máxima
que o grupo Fasano vai abrir
as portas de seu primeiro
empreendimento fora do Brasil.
O Fasano Las Piedras começa
a operar no próximo dia 26
em Punta del Este, charmoso
balneário do Uruguai que
é considerado a Côte d’Azur
da América Latina.
O hotel abrirá com 20
de seus 40 bangalôs. Todas
as acomodações já estão
reservadas para o Réveillon.
Um pacote de sete noites
custava entre US$ 12 mil e
US$ 17 mil, dependendo do
tamanho do apartamento.
O empreendimento de luxo
foi construído em uma área
de 480 hectares que fazia
parte da fazenda de uma
tradicional família uruguaia.
Esparramado em um campo
entre La Barra e Jose Ignacio,
de onde se tem vista para o rio
Maldonado, o Las Piedras foi
projetado por Isay Weinfeld,
o mesmo arquiteto responsável
pelo Hotel Fasano São Paulo.
A companhia aérea espanhola
Iberia prepara para fevereiro
a decolagem de suas operações
em Recife (PE).
O voo Recife-Madri terá três
frequências semanais. Segundo
o trade turístico do Nordeste,
vai competir diretamente
com a rota da Tap que liga
Recife a Lisboa (Portugal).
Imagem esticada
Depois de criar o primeiro
centro médico exclusivo para
executivos de alto padrão no
complexo MDX, de Eike Batista,
no Rio, a Clínica de Diagnóstico
por Imagem (CDPI) está
desembarcando em São Paulo.
A primeira filial fora da capital
fluminense foi instalada em
elegante casarão no bairro
Jardins, em São Paulo, com
investimento de R$ 10 milhões.
Além da unidade paulistana,
a CDPI planeja abrir mais duas
unidades no Rio em 2011.
Dominique-Henri Simon/AFP
Virando a página
A ex-modelo e editora-chefe
da Vogue francesa, Carine
Roitfeld (à dir.), abalou o mundo
da moda após anunciar que vai
abandonar seu posto à frente
da revista no final de janeiro
de 2011. A inesperada notícia
foi publicada na página da
Vogue na internet.
Roitfeld ocupava o cobiçado
cargo desde 2001 e não
divulgou os motivos que
a levaram a deixar a revista.
Carine é considerada a segunda
mulher mais temida do mundo
da moda, perdendo apenas
para Anna Wintour (à esq.),
editora-chefe da Vogue americana.
A revista deve divulgar
o nome da substituta de Roitfeld
nas próximas semanas.
A top model brasileira
Carol Trentini é a nova
estrela da campanha
da Dell Anno.
A top foi fotografada por
Gui Paganini, em um luxuoso
loft, na capital paulista,
criado especialmente com
móveis da marca. A campanha
vai para a mídia em março.
Com conceito
O Ponto Frio inaugura
hoje sua primeira loja
conceito, no shopping
RioSul, no Rio de Janeiro.
A nova loja oferece a
mais completa linha de
produtos de tecnologia
disponível no mercado.
Nova universidade
A Estácio acaba de
assinar contrato com o
Grupo Facility, presidido
pelo executivo David
Barioni, para o
desenvolvimento
da Universidade
Corporativa Facility.
Refresco
A rede paulista de sorvetes
IceMellow está apostando no
mercado do Rio, onde acaba
de abrir uma franquia no
Boulevard Shopping São
Gonçalo. Além do Grande Rio,
pretende investir também
em cidades como Cabo Frio,
Búzios e Campos.
Com Karen Busic
[email protected]
20 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
EMPRESAS
O Boticário chega
aos R$ 6 bi atrás
de novo modelo
Rede de 3 mil lojas decide se lança segunda marca, sistema de
venda direta e questiona risco de expansão em pequenas cidades
Françoise Terzian
[email protected]
O Boticário, indústria e rede de
perfumaria e cosméticos, chega
ao final de 2010 com um faturamento somado de R$ 6,1 bilhões (R$ 1,5 bilhão a franqueadora e R$ 4,6 bilhões a rede de
varejo), a marca de três mil lojas em operação no país e um
ponto de interrogação. “Todos
os anos nos perguntamos quantas lojas Boticário cabem no
Brasil. Não consigo precisar
este número, mas é certo que,
em 2011, abriremos entre 100 e
120 novos pontos de venda”,
diz Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário.
Embora a empresa preveja
um crescimento de 25% em
2010, o fato é que o futuro do
Grupo Boticário não se concentrará mais apenas na rede
de lojas e no comércio eletrônico. A partir do próximo
ano, ele entra efetivamente em
novas searas, o que pode significar uma nova marca nas
gôndolas dos supermercados
ou das drogarias ou, quem
sabe até, um novo negócio.
Grynbaum admite que 2011
será um ano de novidades,
mas não revela detalhes.
Depois de passar os últimos
nove meses analisando oportunidades do mercado, a GKDS,
unidade da holding Boticário
criada em março para prospectar novos negócios, deve dar seu
primeiro grande passo no primeiro semestre de 2011.
Enquanto este anúncio não
sai, é certo, no entanto, que O
Boticário deve, finalmente, brigar com a Natura, a Avon, a Jequiti, a Amway e a Mary Kay
pelo mercado de vendas diretas.
Em setembro, o grupo iniciou,
sem alarde, um piloto em dois
municípios brasileiros — um no
Sudeste e outro no Nordeste.
O modelo baseado na venda
por catálogo será conduzido pelos franqueados, mas tem seu
desenho e o aval da franqueadora. Segundo Grynbaum, o piloto
“
Estamos analisando
como o franqueado
se comporta dentro
da nova operação
(de vendas por
catálogo) e também
como ficará a
marca O Boticário
na venda direta.
Construímos uma
imagem fantástica
e não faremos nada
que a prejudique
Artur Grynbaum,
presidente do Grupo Boticário
deve acontecer até julho, data
em que o grupo decide se aborta
o projeto ou se entra de cabeça
na nova modalidade de vendas.
O portfólio de produtos e seus
respectivos preços serão os
mesmos da loja.
Pela reivindicação dos franqueados e pelo tamanho deste
nicho de mercado, é fácil descobrir qual será a decisão.
“Nos últimos anos, eles têm
nos cutucado (referindo-se
aos franqueados), dizendo que
precisam de materiais melhores. Vendas diretas são uma
grande oportunidade”, afirma
Grynbaum.
Encruzilhada
Diante do crescimento do país e
do aumento do poder de compra
dos brasileiros, Grynbaum vê
nas vendas diretas uma forma
de chegar às cidades onde o
grupo ainda não está — aquelas
com até 15 mil habitantes.
A oportunidade chega em
boa hora. Ao longo de sua história, O Boticário fincou a bandeira em 1.570 municípios, tornando-se acessível nas grandes
capitais, nas cidades de médio
porte e até mesmo nos municípios de 30 mil habitantes.
Contudo, as cidades de 5 mil
a 15 mil habitantes ainda são inexploradas pela marca. Será que
faz sentido investir, pelo menos, R$ 200 mil na abertura de
uma loja Boticário de 60 metros
quadrados? Essa resposta, nem
Grynbaum sabe responder. O
fato é que os habitantes desses
municípios pequenos estão desassistidos pela rede. Sem opção, o que faz o consumidor?
Abre um catálogo da concorrência e faz o pedido.
A venda direta é um negócio
atrativo que, só em 2009, movimentou R$ 21,8 bilhões no
país, segundo a Associação
Brasileira de Venda Direta
(ABVD). Curiosamente, entre
90% e 95% deste montante
vieram da comercialização de
cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumaria. ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 21
Divulgação
Americana Pentair adquire Hidro Filtros
As duas empresas assinaram um acordo preliminar de compra e a
transação deve ser concluída nos próximos dias. O valor do negócio não
foi divulgado. A gaúcha Hidro Filtros é especializada em tecnologia de
filtros residenciais de água. No ano passado, registrou um faturamento
de US$ 12 milhões em vendas no Brasil e na América Latina. Ela será
incorporada pela Pentair Residential Filtration, produtora dos filtros GE.
O grupo Pentair Water obteve uma receita em 2009 de US$ 2,7 bilhões.
Soluções em desenvolvimento de negócios e governança corporativa.
www.grupofbm.com.br
Divulgação
APORTES
R$ 170 mi
foi o investimento feito pelo
grupo nos dois últimos anos. O
investimento anunciado para 2011
funciona como um complemento
para o de 2009 e 2010.
NO PAÍS
1.570
cidades do Brasil têm lojas
O Boticário. A rede avalia reforçar
sua atuação nas regiões Sul,
Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
NO GLOBO
10
países têm lojas de O Boticário,
além do Brasil. Entre eles
estão Portugal, Japão,
Venezuela e Estados Unidos.
Rede investirá
R$ 51 milhões
em 2011
No próximo ano, Boticário vai
priorizar o mercado interno e
observar abertura de shoppings
O orçamento já foi fechado. No
próximo ano, o Grupo Boticário
vai investir R$ 51 milhões na
operação, valor que será direcionado para a fábrica e o centro
de distribuição. Hoje, O Boticário tem uma fábrica em São José
dos Pinhais (PR) e um centro de
distribuição em Registro (SP).
O investimento definido para
o próximo ano é um complemento aos R$ 170 milhões aportados pelo grupo nos últimos
dois anos para melhoria da capacidade produtiva e construção de um novo espaço para a
distribuição.
Sobre uma possível consolidação envolvendo O Boticário,
Artur Grynbaum, presidente
do Grupo, diz que o setor de
cosméticos não oferece tantas
oportunidades. Por outro lado,
cita a GKDS, divisão criada em
março para analisar e desenvolver novos negócios.
Embora já tenha uma presença forte no país, a rede acredita que ainda há espaço para
crescer nas cidades onde já está
presente com vários pontos de
venda. “Há cidades onde faz
sentido termos mais lojas. Precisamos seguir o desenvolvimento econômico e prestar
atenção na inauguração de shoppings, fortalecimento de alguns bairros, entre outras oportunidades para O Boticário”,
explica Grynbaum.
Ele lembra que a rede está
presente em 1.570 municípios
brasileiros dentre mais de 5 mil
e garante que há espaço para
crescer no Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A marca
atinge principalmente os consumidores das classes B e C, mas
garante que também vende para
o público A e é vista como aspiracional para a D.
Na cola do aumento do poder
de renda do brasileiro, outro negócio promissor é o “in company”, que o grupo conduz há
O Boticário vê espaço
para crescer em
cidades em que já
está presente e diz
que consolidação
em cosméticos
é difícil no país
porque há poucas
oportunidades
tempos e que promove a venda
dos produtos da marca dentro
das empresas. O trabalho é realizado pelos franqueados.
Exterior
O mercado interno será prioridade para o grupo em 2011.
Embora atue em outros dez
países (como Portugal, Japão,
Venezuela, Estados Unidos e
até mesmo na África do Sul),
apenas 2% do faturamento de
O Boticário vêm do exterior.
Não há previsão de abertura de
lojas em novos países. ■ F.T.
EMPRESA ESTREIA NA SPFW
Artur Grynbaum, presidente do
Boticário: rede deve entrar na briga
dos catálogos com Avon e Natura
● Sai a Natura, entra O Boticário.
O grupo acaba de assinar um
contrato de patrocínio de dois
anos com a direção do evento.
● O objetivo é divulgar suas
marcas de maquiagem e também
suas fragrâncias entre o público
jovem e mais antenado à moda.
22 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
CARNES 1
CARNE 2
Abate de bovinos está em queda, mas
cresce o de frangos e suínos, diz IBGE
Ganhos de sinergia com Keystone Foods até
2013 será de US$ 100 milhões, diz Marfrig
Nos meses de julho a setembro, 7,394 milhões de bovinos foram
abatidos, total 2,5% inferior ao registrado no trimestre anterior, segundo
pesquisa sobre a pecuária divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). O levantamento registrou, no entanto, crescimento
nos abates de frangos, com alta de 3,8%, e suínos, de 2,9%, e na
aquisição de leite pela indústria e na produção de ovos de galinha.
A Marfrig prevê que a demanda global por carne crescerá
22,8% até 2019, segundo uma apresentação da empresa enviada
na sexta-feira (17) à Comissão de Valores Mobiliários. Com a
aquisição da Keystone Foods, além de aumentar o fornecimento
para o maior importador mundial, o frigorífico Marfrig tem
ainda outra estratégia: criar um novo canal de entrada na China.
João Laet
Com vitória em Teles Pires,
projetos de geração da estatal já
superam o período pré-privatização
Eletrosul volta a investir com
força total na área de geração
Com vitória em Teles Pires, a companhia já soma mais projetos que no período anterior à privatização
Priscila Machado
[email protected]
“Voltar à geração para nós é
uma questão de honra.” A afirmação é de Eurides Luiz Mescolotto, presidente da Eletrosul.
A empresa, uma das principais
acionistas do consórcio Teles
Pires Energia Eficiente, foi uma
das vencedoras na disputa pela
concessão da hidrelétrica e
quer ampliar ainda mais sua
presença com a participação
nos leilões do governo. “Estamos entrando para valer na geração”, afirma Mescolotto.
Em 1998, a subsidiária da Eletrobras teve que se desfazer dos
seus ativos em produção que, por
sua vez, foram vendidos para a
Tractebel. A privatização de todo
o seu parque gerador se estendeu
até 2004, quando foi retirada do
Plano Nacional de Desestatização (PND) que proibia que a
mesma empresa de energia
atuasse como geradora, transmissora e distribuidora.
Com a vitória no leilão de
Teles Pires, os projetos em geração da Eletrosul já superam
em volume os do período anterior à privatização. As usinas
hidrelétricas (UHE) da empresa compreendem hoje Teles Pires (PA), Jirau (RO), Passo São
João (RS), São Domingos (MS).
A companhia conta ainda com
duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em Santa Catarina e um parque eólico no Rio
Grande do Sul. Os empreendimentos encontram-se em diferentes fases de operação.
“A nossa participação nesses
projetos já ultrapassa 1,6 mil
megawatts (MW). Estamos superando em áreas em construção aquilo que perdemos com a
privatização”, diz o presidente
da estatal.
Segundo ele, a convocação
do governo para participar dos
projetos estruturantes do setor
de energia ajudaram a acelerar o
processo de retomada da empresa no mercado de produção.
Leilão Teles Pires
Divulgação
Eurides
Mescolotto
Presidente
da Eletrosul
“Estamos superando em áreas
de construção aquilo que
perdemos com a privatização”
A usina foi conquistada na primeira e única oferta e com um
deságio de 32,9% sobre o preço-teto de R$ 87/MWh. O valor
do lance foi de R$ 58,36. “Não
pensei que seria em um lance
só porque os consórcios eram
muito fortes”, diz Mescolotto.
Com capacidade de 1.820 MW e
localizada no rio Teles Pires, a
usina deve receber investimentos de R$ 4 bilhões.
A vitória da Eletrosul na hidrelétrica foi comemorada por
cerca de mil funcionários que
participavam dos jogos Eletrosul em Movimento. A comemoração é dupla, já que na
próxima quinta-feira a companhia completa 42 anos.
A respeito do deságio significativo, o presidente da Eletrosul afirma que o grupo fez
um lance onde minimizou o
risco de maneira bastante concreta e onde foi avaliado, também, a comercialização da
energia no mercado livre.
Para Silvio Areco, diretorexecutivo da Andrade & Canellas, o deságio de 32,9% em
relação ao preço de referência é
um mergulho muito forte. No
entanto, Areco avalia que a
venda de energia no mercado
livre pode equilibrar a conta e
vislumbra um preço médio de
R$ 130 o MWh nesse ambiente.
“Cerca de 15% da energia de
Teles Pires vai para o mercado
livre, o que é importante porque ele consegue capturar demandas sazonais”, avalia.
Ele destacou ainda a vitória
da Eletrosul sobre os consórcios
da Chesf e da Eletronorte, também subsidiárias da Eletrobras e
que, por já terem uma infraestrutura forte na região, poderiam ter disputado o preço do
leilão de forma mais arrojada.
O consórcio Teles Pires Energia Eficiente foi liderado pela
Neoenergia (50,1%) e teve como
sócios além da Eletrosul (24,5%),
Furnas (24,5%) e a Odebrecht
Participações (0,9%). ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 23
Divulgação
ALIMENTOS
EDUCAÇÃO
Brasil Foods estima expansão de até
12% no faturamento do ano que vem
Anhanguera adquire Unipli por
R$ 56,9 milhões e assume dívida
Segundo comunicado da companhia, a previsão baseia-se
nas expectativas de que as vendas no mercado interno continuarão
aquecidas em razão da estabilização econômica, do avanço de renda
e da expansão do consumo. Os principais mercados externos também
favorecem a companhia. A recuperação da demanda registrada
nos últimos trimestres deverá ter continuidade no próximo ano.
A Anhanguera Educacional Participações adquiriu a totalidade do
capital da Sociedade Educacional Plínio Leite, mantenedora do Centro
Universitário Plínio Leite (Unipli). Com a aquisição, a companhia assume
o endividamento líquido da Unipli de R$ 11,658 milhões. A Unipli possui
7.390 alunos matriculados em ensino superior entre seus quatro campi.
A aquisição representa a entrada da Anhanguera no Rio de Janeiro.
Furnas quer crédito para investir mais
Estatal negocia com bancos
públicos e privados para obter
financiamento a baixo custo
Ricardo Rego Monteiro
[email protected]
Participante do consórcio responsável pelo maior deságio da
história dos leilões de usinas do
Brasil, a estatal Furnas Centrais
Elétricas tem no projeto de engenharia e no pacote de financiamento a fórmula para tornar
viável a tarifa de R$ 58,35 por
megawatt (MW), um deságio de
33%, com a qual arrematou a
usina de Teles Pires, na divisa de
Mato Grosso com o Pará. Presidente da estatal, Carlos Nadalutti Filho afirma que, além de
readequar o projeto de engenharia da usina a uma estrutura
mais baixa de custos, já conversa com bancos estatais e privados para obter um financiamento compatível com a tarifa.
“Nessas horas, vale a experiência de técnicos e engenheiros de uma empresa como Furnas, que tem 54 anos de história
no setor, e a expertise dos sócios
do consórcio, acostumados a
obras desse porte”, comentou
Nadalutti, ao confirmar a intenção de promover ajustes técnicos no projeto. “Essa tarifa não
compromete a economicidade
do empreendimento ou das empresas. A taxa de retorno atende
tanto as diretivas da Eletrobrás
quanto a dos parceiros”, diz.
Com planos de investir R$ 1,2
bilhão em 2011, o executivo
confirma que deverá negociar,
ao longo do ano, a ampliação
Companhia espera
entrar no leilão
da usina de Sinop,
no Mato Grosso,
em 2011, que
também faz parte
do complexo
hidrelétrico
de Teles Pires
do montante previsto no orçamento da União.
Leilão de Sinop
Nadalutti relata que o aumento
de recursos será necessário
para cumprir compromissos
que a empresa pode assumir no
próximo ano. Um deles, revela
o executivo, é o provável leilão
da usina de Sinop, no Mato
Grosso, que também faz parte
do complexo hidrelétrico de
Teles Pires. Originalmente prevista para o leilão de sexta-feira, a usina foi excluída da disputa por não obter o licenciamento ambiental a tempo.
“Estamos dispostos participar do leilão por essa usina”,
afirmou o presidente de Furnas,
ao confirmar a intenção de disputá-la com o mesmo consór-
cio vencedor de Teles Pires.
“Temos plenas condições de
apresentar um lance tão agressivo quanto em Sinop. Como as
duas usinas estão localizadas
próximas uma da outra, é possível prever ganhos de sinergia
que deverão ser repassados para
o consumidor.”, afirma.
Com relação ao deságio de
Teles Pires, o executivo justifica a ousadia ao lembrar que
pretende recorrer ao mesmo
pool de instituições financeiras
que financiam o projeto da hidrelétrica de Santo Antônio,
em Rondônia — também construído por Furnas. Além do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), outras opções são o
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco. ■
A TV Cultura é reconhecida por
promover a transformação social por
meio de conteúdos que divertem,
educam e levam mais conhecimento
para o telespectador.
Sua empresa também pode fazer parte
dessa iniciativa. Apoie a programação da
emissora, alcance uma imagem positiva
e ajude a fazer a diferença.
Investir na TV Cultura é investir no
desenvolvimento cultural.
Aproveite. Você ainda conta com
EHQHItFLR´VFDOGD/HL5RXDQHWHJDUDQWH
abatimento no imposto de renda.
Nossa equipe aguarda seu contato:
Tel.: 11 2182-3516 - Marines Silva
Tel.: 11 2182-3141 - Solange Amadeu
ou pelo email: [email protected]
24 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
AVIAÇÃO 1
AVIAÇÃO 2
Helibras entrega primeiros três helicópteros
EC725 para o Ministério da Defesa
Embraer negocia venda de 20 jatos
regionais para a companhia aérea Alitalia
Modelos foram produzidos pela Eurocopter, na França, com o
acompanhamento de técnicos e militares brasileiros. O contrato com
as Forças Armadas prevê a aquisição de 50 helicópteros e transferência
de tecnologia. A partir de 2012, a aeronave será produzida no Brasil
pela subsidiária do grupo europeu, a Helibras, tradicional fabricante
do modelo Esquilo, que tem fábrica em Itajubá, Minas Gerais.
De acordo com a fabricante brasileira de jatos, não foi assinado
contrato até o momento e o mercado será informado se e quando
isso ocorrer. O presidente-executivo da Alitalia, Rocco Sabelli,
disse que a empresa aérea italiana desistiu do plano de comprar
o atrasado jato regional russo Superjet e, em vez disso, pretende
investir em um plano de leasing de 20 novos aviões da Embraer.
Produção de veículos pesados
cresce em 2011 e depois desacelera
Novas regras de emissão de gases que entrarão em vigor em 2012 devem provocar antecipação de vendas
Divulgação
Ana Paula Machado
[email protected]
O mercado de caminhões e
ônibus, que nos últimos anos
teve uma trajetória ascendente,
deve acelerar 7% em 2011, chegando a 250 mil unidades, para
depois desacelerar. A produção
de veículos pesados poderá ficar entre 230 mil a 240 mil em
2012. A previsão é do Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
O coordenador do Sindipeças, Igor Morais, disse que esse
movimento de avanço e recuo
no mercado de veículos pesados vai ocorrer em função da
antecipação de vendas, principalmente de caminhões, em
2012 com a entrada em vigor no
Brasil da nova regra de redução
de emissão de gases poluentes,
o Euro V. Além disso, as condições de financiamento continuarão favoráveis.
“O próximo ano será muito
bom para a indústria de caminhões, pois as taxas de financiamento do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) serão
mantidas até março e a partir
de agosto, os clientes começarão a comprar os veículos para
fugir do reajuste dos preços
com o Euro V”, disse Morais.
A previsão das montadoras é
que, com a nova tecnologia de
emissões, os veículos pesados
vendidos no Brasil tenham um
preço entre 5% a 10% acima do
praticado atualmente. Em 2012,
os clientes ainda estarão absorvendo as aquisições antecipadas. Entretanto, no longo prazo, segundo Morais, o mercado
de caminhões e ônibus no Brasil
voltará a crescer.
“Não vemos crise na agricultura ou falta de investimentos em
infraestrutura, que poderiam
derrubar as vendas no mercado
interno. As previsões para as exportações, porém, não são tão
otimistas. Elas deverão ficar em
20 mil unidades por ano até
2015”, afirmou.
Em 2008, o país exportou,
principalmente para países da
América Latina, 40 mil veículos pesados. Neste ano, os em-
Linha de montagem da Volks:
produção de caminhões
crescerá 7% no próximo ano
barques ao exterior totalizarão
22 mil unidades.
Divulgação
Automóveis
Igor Morais
Coordenador
do Sindipeças
“O crescimento na produção
argentina já era esperado,
pois muitos modelos que foram
anunciados para lá entraram
em linha este ano. Além disso,
as montadoras utilizaram
as unidades do vizinho para
reforçar as vendas no Brasil”
O Sindipeças prevê a manutenção do atual ritmo de evolução da produção de automóveis e comerciais leves até
2015, em 4% a 5% ao ano. Em
2011, de acordo com a previsão
do Sindipeças, serão produzidos 3,49 milhões de unidades,
o que representará um crescimento de 4% no comparativo
com este ano, quando as montadoras deverão produzir 3,35
milhões de unidades.
“Esta estimativa considera
um aumento leve na taxa básica de juros (Selic) e o aperto do
compulsório bancário. Se o
Banco Central aumentar mais
que 0,5% a Selic na próxima
reunião em janeiro, o ritmo de
crescimento nas vendas de car-
ros pode ser impactado negativamente. Isso porque, esse tipo
de compra, diferentemente de
caminhões, depende muito do
humor macroeconômico”, ressaltou o dirigente. Hoje, a Selic
está em 10,75%.
Se no Brasil as medidas macroeconômicas para conter a
inflação podem influenciar as
vendas de carros, na Argentina, segundo o Sindipeças, o
crescimento na produção de
automóveis e comerciais leves
deve alcançar 9% no próximo
ano, com 736 mil unidades. Em
2010, as montadoras deverão
fabricar 673 mil veículos, aumento de 31% em relação ao
volume de 2009.
“O interessante é que o
ritmo de crescimento da Argentina será pelos próximos
anos maior que o do Brasil”,
ressaltou Morais. ■
MOTORES
4,16
milhões
É o volume estimado de
motores produzidos no Brasil no
próximo ano. Com esse volume,
o crescimento será de 5%.
MOTOCICLETAS
1,98 milhão
É o volume de motos produzidas
no país em 2011. Esse volume
será 10% maior que o fabricado
este ano, 1,81 milhão de unidades.
MÁQUINAS AGRÍCOLAS
74,7
mil
É quanto a indústria brasileira
irá produzir em 2011. O volume
é 4% menor que o fabricado
este ano, com 77,8 mil unidades.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 25
Neste Natal,
surpreenda com o
Presente Perfeito!
a partir de R$55,90
Ofereça os melhores SPAs, as estadias mais charmosas,
as aventuras mais emocionantes ou os mais deliciosos
momentos gourmet. Descubra 16 presentes com mais
de 4500 experiências inclusas.
AVENTURA
R$55,90
PROVAS
DE SABORES
R$59,90
SPA E BELEZA
R$99,90
HOTÉIS
ROMÂNTICOS
R$119,90
NOITES
DE SONHO
R$179, 90
400 Experiências sem limites.
1 experiência para 1 ou mais pessoas
100 Experiências de degustação.
1 experiência para 1 ou 2 pessoas
400 Massagens ou tratamentos
de beleza.
1 experiência para 1 ou 2 pessoas
75 Diárias para 2 pessoas
com café da manhã.
100 Diárias para 2 pessoas
com café da manhã.
TOP SPA
EXTREME
BEST
EMOTIONS
NOITES
COM SPA
TOP SENSATIONS R$599,90
R$179,90
650 Massagens
ou tratamentos nos melhores spa’s.
1 experiência para 1 ou 2 pessoas
R$179,90
450 Experiências radicais.
1 experiência para 1 ou mais pessoas
Onde Comprar?
120 Experiências emocionantes.
1 experiência para 1 ou mais pessoas
Inclui vôo de balão
R$379,90
95 Diárias para 2 pessoas com
tratamento spa e café da manhã.
75 Experiências exclusivas
adrenalina, velocidade, hotelaria e spa.
1 experiência para 1 ou 2 pessoas
Inclui Pilotagem de Ferrari
Como Funciona?
> Fnac
> quiosques nos shoppings: Plaza Sul,
Shopping Penha, Shopping Boa Vista
e Shopping Dom Pedro
> www.avidaebela.com.br.
CONTATE-NOS
R$299,90
1
ESCOLHA
uma experiência
no guia incluso
no seu presente
@ [email protected]
2
MARQUE
diretamente
com o parceiro
(11) 2638-7978
3
DESFRUTE,
levando com
você o seu
vale-presente
www.avidaebela.com.br
26 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
EMPRESAS
R. Donask
INFRAESTRUTURA
VAREJO
GE estima crescimento de vendas
de 25% no Brasil no próximo ano
Vendas de materiais de construção
crescem 5,4% em novembro, diz Abramat
A estimativa é do presidente da GE no Brasil, João Geraldo Ferreira.
O executivo disse que todas as áreas da companhia no país vão
mostrar “crescimento forte”. Ferreira prevê que as vendas em 2010
terão uma expansão de 4%. Ferreira disse também estimar que
após o próximo ano a receita da GE no Brasil mostre um crescimento
de aproximadamente 20% ao ano.
A alta foi notada na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Já em relação a outubro, o varejo de materiais registrou queda de 1,76%.
Nos 11 meses até novembro, o setor acumula expansão de 12,6% nas
vendas ante igual intervalo em 2009, segundo a entidade. Com isso,
o setor está próximo da previsão traçada pela Abramat para o fechado
do ano, que é de crescimento de 12% sobre 2009.
Mercotubos terá
fábrica no Rio de
olho no Comperj
Fornecedora paulista para indústria de petróleo mantém
negociação adiantada para a compra de concorrente local
Natália Flach
[email protected]
A fabricante paulista de equipamentos para plataformas e refinarias Mercotubos decidiu que
terá uma fábrica no Rio de Janeiro, onde já se encontra seu
principal cliente, a Petrobras.
Luiz Fernando Rossini Pugliesi,
presidente da empresa, revela
que existem duas hipóteses em
estudo: construir uma unidade
ou comprar uma empresa já
existente. A decisão será tomada
nos próximos dias.
“A compra é a nossa primeira
opção”, diz o executivo, sem revelar o nome da concorrente
que está em sua mira. Ele só revela que as conversas nesse sentido estão bastante adiantadas.
A alternativa, caso o acordo
não seja fechado, é a construção
de uma fábrica em Itaboraí ou
na vizinha Tanguá (RJ), que deverá entrar em operação até
meados do ano que vem. Pugliesi relata que a capacidade
instalada será de algo entre 500
e 600 toneladas por mês e a unidade contará com um equipamento que é capaz de fazer o
curvamento de tubos e perfis
por indução, fabricado pela holandesa Cojafex.
“A demanda no estado é expressiva, principalmente, por
causa da construção do Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj). É ele que
justifica a nova unidade.”
Investimento
A construção de uma fábrica,
caso seja esta a opção, exigirá
um aporte de cerca de R$ 30
milhões, o mesmo alocado na
unidade que está sendo erguida
em Escada (PE) e que será inaugurada em janeiro. “Mas, se decidirmos pela aquisição, há três
alternativas: podemos usar a
nossa capacidade de geração de
recursos, assumir uma dívida
ou recorrer aos acionistas.”
Segundo Pugliesi, mesmo
Se o caminho da
aquisição não der
certo, companhia
construirá unidade
a partir do zero
nos municípios de
Itaboraí ou Tanguá
sem ter ainda a definição de
como a Mercotubos vai operar
no Rio, a empresa vai abrir, no
mês que vem, um escritório no
centro da capital para facilitar
o contato com os clientes fluminenses. Carlos Tavares, que
era da concorrente ProTubo,
assume o cargo de vice-presidente de equipamentos e ficará
no local com outros oito funcionários que serão contratados para a área comercial e de
orçamentos. “Temos intenções
de compra em negociação”,
afirma o executivo.
Unidade em Pernambuco
A decisão de montar uma fábrica em Escada (PE) foi tomada há
um ano e meio para atender a
demanda do porto de Suape. A
fábrica terá capacidade instalada de 600 toneladas por mês —
150 toneladas a mais do que a
unidade de Atibaia (SP). “Vamos fazer a pré-fabricação da
tubulação, conhecida como
spools, de forma convencional
(com soldas) e com a máquina
de curvamento por indução da
Cojafex”, informa.
Os recursos alocados na unidade são em parte próprios, do
Banco do Nordeste e de incentivos fiscais e imobiliários de Escada. Segundo o executivo, a
empresa já tem dois contratos
fechados com a Refinaria Abreu
e Lima (também conhecida por
Refinaria do Nordeste), que fica
a 30 quilômetros da unidade.
Pugliesi diz ainda que uma
nova fábrica poderá ser erguida
em Pernambuco dependendo
da resposta do mercado. A expectativa é que isso ocorra até
2012. “Na nova planta, vamos
ampliar o spool e fazer estruturas navais e de equipamentos
submarinos de produção de
óleo e gás”, informa.
A Mercotubos analisa ainda a
possibilidade de construir unidades no Ceará ou no Maranhão
para acompanhar a expansão da
Petrobras, adianta Pugliesi. ■
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 27
Divulgação
LOGÍSTICA 1
LOGÍSTICA 2
Scania fecha acordo com Vale para fornecer
caminhões e implementos por três anos
LLX e OSX recebem autorização da Marinha
para unidade no Superporto do Açu
O contrato contempla todas as operações da Vale no Brasil. A Scania se
responsabilizará pelo fornecimento de veículos completos, que incluem
caminhão e implementos. A parceria também contempla o abastecimento
de peças Scania, além de serviços de manutenção e treinamento dos
motoristas. Os veículos — modelos P 420 6x4, P 420 8x4, G 420 6x6
e G 470 10x4 — serão entregues já implementados, prontos para operar.
A empresas de Eike Batista LLX Logística e a OSX receberam uma
autorização da Marinha do Brasil para desenvolver um canal onshore no
Superporto do Açu, onde será instalada uma unidade de construção
naval. O canal terá cerca de 7 quilômetros de cais, disseram as empresas
em comunicado enviado ao mercado na última sexta-feira (17).
O Superporto do Açu fica no Rio de Janeiro.
Felipe O’Neill/O Dia
Luiz Fernando Pugliesi,
presidente da Mercotubos:
expansão também no Nordeste
Novas instalações
garantirão receita
de R$ 1 bi até 2014
Objetivo da companhia é ser
líder em montagem de refinarias
e distribuição de tubos
A Mercotubos, fabricante controlada pelo private equity
Green Capital desde outubro,
vai encerrar 2010 com faturamento de R$ 250 milhões e,
para o ano que vem, a expectativa é atingir R$ 350 milhões.
De acordo com Luiz Fernando
Rossini Pugliesi, presidente da
companhia, a meta firmada
pela gestora de fundos é audaciosa: chegar a 2014 com uma
receita de R$ 1 bilhão. “Faremos
isso com novas aquisições e
com a construção de fábricas”,
afirma o executivo.
Em entrevista recente ao
BRASIL ECONÔMICO, Marco Antônio Serra, sócio da gestora, disse que está sendo negociada
uma parceria com uma empresa norueguesa, que ele prefere
não revelar o nome, para trazer
tecnologias para o Brasil. “Há
demanda para os campos de
petróleo que hoje não é explorada. O pré-sal será uma segunda fase de desenvolvimento, que deve ocorrer dentro de
quatro a cinco anos.”
Segundo Serra, o intuito da
gestora é ser líder em serviços
de montagem de refinaria, distribuição de tubos para óleo e
fabricação de equipamentos
offshore. “Estamos pensando
em entrar na área de montagem de módulo para plataforma”, afirmou. Além da área de
Estimativa é de
faturamento
de R$ 250 milhões
neste ano e, em 2011,
a empresa pretende
obter receita de
R$ 350 milhões
óleo e gás, a Green Capital
também investe no segmento
de logística. A gestora comprou, no ano passado, o controle da transportadora Aqces e
incorporou, em abril deste ano,
ativos do grupo Ultra.
“No momento, estamos estruturando outras aquisições. A
nossa ideia é investir em áreas
que vão continuar crescendo
mais que a economia brasileira”, declarou, acrescentando
que essa área de logística também tem, em carteira, R$ 250
milhões para aportes.
Empregos
A Mercotubos tem hoje cerca
de 450 funcionários. Com a
abertura do escritório e de uma
fábrica no Rio de Janeiro e o
início das operações em Escada
(PE) a equipe vai dobrar de tamanho. “Vamos ter de 750 a
800 pessoas no nosso quadro”,
conta Pugliesi. De acordo com
o executivo, o parque fabril de
Escada terá em uma área de 54
mil metros quadrados, onde
estão sendo construídos quatro
galpões totalizando 16 mil metros quadrados. ■
CAPACIDADE INSTALADA
FATURAMENTO
600
t/mês
é a capacidade da unidade
R$
250 mi
é a receita obtida em 2010.
de Escada (PE), que vai atender
o Porto de Suape e a Refinaria
Abreu e Lima. A fábrica no
Rio terá capacidade semelhante.
Para o ano que vem, a expectativa
é chegar a R$ 350 milhões e o
objetivo é encerrar 2014 com
faturamento de R$ 1 bilhão.
28 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
EMPRESAS
Tony Avelar/Bloomberg
TELEFONIA
TECNOLOGIA
RIM tem resultado trimestral acima do
esperado por venda de novo smartphone
Resultados da Oracle superam
previsões com vendas fortes
O smartphone Torch, lançado pela Research In Motion (RIM) para
concorrer com o iPhone da Apple, foi a principal alavanca dos resultados.
O lucro líquido da RIM avançou 45% no terceiro trimestre, beneficiado
por maior crescimento fora da América do Norte. O Torch, com tela
de toque e teclado deslizável, foi distribuído para mais de 75 operadoras
no trimestre passado, após lançamento junto à AT&T nos EUA em agosto.
As vendas de novos softwares aumentaram 21% no segundo trimestre
fiscal, encerrado em 30 de novembro, na comparação com um ano antes,
somando US$ 2 bilhões. No período anterior, a empresa estimava que as
vendas subiriam entre 6% e 16%. As vendas de softwares são relevantes
para investidores porque resultam em altas margens e contratos de
manutenção de longo prazo, além de serem garantia de lucros futuros.
Novas ameaças
reforçam mercado
de segurança
Mcafee, Symantech e CAS contabilizam aumento nos resultados e
estão otimistas com a crescente conscientização no próximo ano
Estela Silva
[email protected]
Segundo relatório da McAfee do
último trimestre, surgem 60 mil
ameaças identificadas diariamente pela internet, um número
quase quatro vezes maior desde
2007. A empresa detectou 14
milhões de softwares maliciosos, os malwares, em 2010, um
milhão a mais que 2009. Ou seja,
empresas e usuários domésticos
estão cada vez mais vulneráveis
a ataques, sem distinção de porte ou de segmento econômico.
Some-se a este cenário a proliferação de dispositivos móveis,
como smartphones, tablets e
laptops utilizados pelas empresas e o fenômeno Wikileaks (leia
mais ao lado) e o resultado é um
aumento da demanda por ferramentas de segurança.
“Houve mais procura neste
ano, pois segundo o Gartner as
empresas utilizavam de 1% a 5%
do orçamento nestas soluções há
cinco anos e agora gastam de 3%
a 7% do orçamento com proteção
de dados”, diz o líder da área de
consultoria e segurança da informação da Accenture, Carlos Alberto Costa. Segundo o Gartner,
só o mercado de softwares de segurança cresceu 11% em 2010.
De acordo com o presidente
da Mcafee, Márcio Lebrão, as
empresas estão conscientes das
ameaças e isso rendeu à empresa
aumento de 25% no seu faturamento deste ano. Para 2011, a
expectativa é crescer mais 25%.
“Se por um lado encerramos
2010 com maior preocupação
por parte das empresas no cuidado e proteção aos dados, as
ameaças a infraestrutura de tecnologia e as novas tecnologias
integradas no ambiente corporativo, como os dispositivos móveis, vão continuar motivando o
crescimento do mercado”, diz
Lebrão. Ele ainda reforça o impacto do caso Wikileaks, que
gerou um aumento no interesse
por ferramentas específicas para
“
O mercado ainda
é muito reativo,
tem dificuldade de
entender a perda.
A prioridade é
o ganho direto,
mas quem já passou
por um problema
acaba aprendendo
Juliano Abreu,
gerente de novos
negócios da CAS
prevenção de perdas e vazamento de dados, chamadas DLP
(Data Loss Prevention).
A Symantec confirma que estas ferramentas tendem a ser
mais procuradas no próximo
ano, pois além da crescente possibilidade de perda de privacidade das empresas existe a tecnologia em nuvem que visa o compartilhamento de recursos fora
do domínio da empresa. “Não significa que o perigo seja maior,
mas são necessários recursos
mais nobres para que a proteção
seja eficiente e o DLP se complementa às ferramentas tradicionais”, diz Paulo Prado, gerente
de produtos da Symantec. Ele
também lembra a importância
do backup e da contingência.
Este é o foco da CAS, empresa
de tecnologia brasileira que pretende terminar o ano com 40%
de participação da área de proteção de dados em seu faturamento
Historicamente, este número
chegava a 30%. “Existe uma falsa sensação de segurança nas
empresas, ninguém acha que vai
perder informações”, diz o gerente de novos negócios Juliano
Abreu. No entanto, a aposta em
consultoria trouxe resultados
positivos para a empresa, pois
aumentou a conscientização.
“Usamos o caso do Wikileaks
como referência para mostrar a
importância, por exemplo, de
políticas de acesso nas empresas,
ou seja, quem pode acessar determinados documentos.”
Ele acrescenta que é fundamental lembrar os clientes que a
origem da informação é importante e os certificados digitais são
uma forma de garantir a veracidade da informação. “Eles não
podem ser alterados e assim é
possível ter a certeza de quem enviou os dados, pois um e-mail ou
documento pode ser facilmente
modificado. Infelizmente as empresas só percebem a importância
da proteção quando sofrem alguma perda, como a área financeira
e o comércio eletrônico”. ■
PERIGO NA WEB
McAfee alerta os 12 golpes natalinos pela internet
Entre os ataques, a McAfee
identificou as 12 principais
formas de ameaças neste ano:
falsa oferta de iPad gratuito,
mensagem falsa de perigo,
vale-presente falso, falsa
oferta de emprego, ataque via
mensagem de texto, aluguel
falso para temporada de férias,
ataque via spam com supostos
empréstimos e cartão de crédito,
cartões virtuais falsos, produtos
a preços baixos, falsos pedidos
de doação, download perigoso
e invasão da rede para roubo
de dados. Com os produtos da
Apple encabeçando a maioria das
listas de compras, os golpistas
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 29
Divulgação
TELECOMUNICAÇÕES 1
TELECOMUNICAÇÕES 2
GVT tem interesse em atuar
como operadora móvel virtual
GVT lançará serviços em Guarulhos e
Osasco em aproximadamente 40 dias
A operadora GVT tem interesse em atuar como operadora móvel
virtual, informou o vice-presidente de marketing e comunicação
da empresa, Alcides Troller Pinto. No entanto, o executivo diz que
essa não é uma das prioridades da companhia para o próximo ano.
O modelo que interessaria seria o de autorizada, podendo criar
pacotes com outros serviços e gerenciando o atendimento a clientes.
Em cerca de 40 dias, a operadora GVT vai lançar seus serviços em
Guarulhos e Osasco (SP). Na última semana, a empresa deu início à fase
de pré-lançamento nas cidades. “Esta etapa é para ajustar uma série
de processos”, diz Alcides Troller Pinto, vice-presidente de marketing da
GVT. Na segunda metade de 2011, a GVT chegará à capital de São Paulo,
com sua oferta de TV paga, que será lançada no mesmo período.
Divulgação
Márcio Lebrão, presidente
da McAfee: ameaças
não estão restritas
às grandes empresas
WikiLeaks provoca corrida
por mais proteção a dados
Stefan Wermuth/AFP
Vazamento de informações
deve continuar e atinge
governos e empresas
O efeito WikiLeaks atingiu diretamente empresas internacionais como Siemens, Daimler,
Caterpillar, Repsol, Total e Shell.
Assim que souberam as sanções
que os Estados Unidos preparavam contra empresas que atuavam no mercado iraniano, interromperam fornecimento de
produtos e serviços no país. A
guerra financeira não declarada
ao Irã só foi possível com o conhecimento público de documentos confidenciais americanos pelo site Wikileaks. No Brasil, atingiram o governo Lula,
considerado antiamaericano
pela diplomacia americana. Não
pouparam também o tucano José Serra, cujas promessas de não
privatizar o pré-sal foram desmentidas com memorandos expostos no site comandado pelo
australiano Julian Assange.
Os escândalos provocados
pelo WikiLeaks e que deixaram
muita gente poderosa em situação constrangedora têm provocado uma verdadeira corrida
pelas grandes corporações para
aumentar a segurança de dados
confidenciais. “O fenômeno
WikiLeaks causou um aumento
expressivo na procura dos nossos serviços nos últimos 30
dias”, constata Carlos Alberto
Costa, líder da área de consultoria de segurança da informação da Accenture. O impacto de
informações como as divulgadas pelo WikiLeaks é um indutor de investimentos em segurança, o que beneficia negócios
como o da consultoria.
Não é de hoje que existem soluções de segurança de confidencialidade. Porém, as empresas perceberam que as ameaças
externas são importantes, mas
Julian Assange, o criador do
site, anunciou que vai continuar
as atividades do Wikileaks
Empresas
perceberam que
as ameaças externas
são importantes,
mas não dá para
descuidar das
internas
não dá para descuidar das internas. “As empresas precisam tratar as informações estratégicas
desde a sua origem, classificando o seu grau de confidencialidade, quem tem acesso a ela e
como será feito este acesso”, explica Costa. Quando a informação não for mais necessária, é
importante garantir seu descarte de forma segura. “Tudo isso é
gerenciável com ferramentas
tecnológicas que permitem rastrear as informações”.
O site é uma organização internacional baseada no conceito
de wikis, em que o conteúdo é
produzido pelos usuários (como a
enciclopédia digital Wikipédia),
congregando documentos e arquivos confidenciais. Leaks é a
palavra em inglês para vazamentos. Uma equipe composta pelo
pessoal do site — representado
pela organização nao-governamental The Sunshine Press — e
jornalistas voluntários decide se a
informação deve ser divulgada.
Entre os apoiadores citados no sites estão associações e grupos de
mídia como The Associated Press,
The Hearst Corporation, The Los
Angeles Times, além de uma organização liderada por Ralph Nader, conhecido político independente americano. ■ E.S.
LINHA DO TEMPO
distribuem falsas ofertas de
iPads gratuitos. Como as pessoas
querem ganhar um dinheiro
extra para comprar presentes
nesta época, golpes no Twitter
oferecem links perigosos para
trabalhos bem remunerados
realizados em casa, que na
verdade, são armadilhas. E.S.
O site atua há
quatro anos sob o
comando de Julian
Assange, com a
proposta de revelar
a conduta de
governos e
empresas
2006
Criação do
Wikileaks pelo
australiano
Julian Assange
2007
Revelação do
Procedimento
Operacional
Padrão, da prisão
de Guantánamo
2009
Divulgação de troca
de e-mails entre
cientistas indica
manipulação de
dados sobre o clima,
no que foi chamado
de Climategate
julho
agosto
novembro
dezembro
2010
2010
2010
2010
Vazamento de
vídeo de
helicóptero
americano, em
Bagdá, que matou
repórter da
Reuters
Suécia abre
investigação contra
Jules Assange por
supostos crimes
sexuais cometidos
contra duas
mulheres
Assange garante
que tem 250 mil
documentos, que
estão sendo
divulgados
aos poucos
Prisão e
libertação de
Julian Assange
em Londres,
na Inglaterra
30 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
MUNDO
ENTREVISTA ROSA ALEGRIA Fundadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP
Fim do sigilo
governamental
não tem volta
Para futurista, vazamentos do site Wikileaks abrem caminho
para que cidadãos cobrem mais transparência dos governos
Bárbara Ladeia
[email protected]
Já classificado como a primeira
guerra cibernética da história, o
vazamento de despachos diplomáticos secretos pelo portal
Wikileaks tem gerado um debate sobre a vulnerabilidade das
comunicações na era digital.
Para a especialista em estudos
do futuro Rosa Alegria, o caso
promove a quebra de paradigmas sobre o papel dos governos
e da diplomacia.
Rosa é mestre em Estudos do
Futuro pela Universidade de
Houston (EUA) e uma das fundadoras do Núcleo de Estudos
do Futuro da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). “Estamos vivendo o começo de
uma nova era, baseada na tecnologia da informação, nos bits
e bytes”, explica. “O advento do
Wikileaks é um marco histórico
nesse novo contexto”. Veja a entrevista da pensadora ao BRASIL
ECONÔMICO.
Por que o caso Wikileaks
ganhou uma proporção tão
grande em comparação
com outros vazamentos de
informação confidencial?
Apesar de não ser a primeira vez
que assistimos a um vazamento
de informações, esse é um caso
de proporções infinitamente
maiores. A internet pode não
alcançar todos os 6 bilhões do
mundo, mas alcançam número
suficiente para gerar a proliferação. Não por acaso estão todos
alarmados. É um fenômeno que
simplesmente abre os cofres de
tudo aquilo que deveria ser disseminado pela mídia e não é. É
inevitável que ele tome grandes
proporções. O Wikileaks é o fenômeno da verdade.
O vazamento de informações
desse tipo pode atrapalhar
o funcionamento tradicional
da diplomacia?
“
Wikileaks é o
fenômeno da
verdade. Estamos
passando da Era
Industrial para
a Era da Verdade.
É o exercício
da coerência
A liberdade de
informação gerou o
maior escândalo da
diplomacia moderna.
Mas a liberdade
deveria ser celebrada,
não perseguida
Fica evidente uma
espécie de paranoia
dos governos, que
sempre estiveram
nos vigiando.
É como se o governo
percebesse que
a população tem
ferramentas para
vigiar o “Big Brother”
de George Orwell.
Uma inversão de
papéis
A publicação desses documentos só mostrou para o mundo
que a diplomacia não está fazendo aquilo que ela deveria fazer em sua proposta de trabalho. Ficou claro que os diplomatas estão completamente inseridos nesse sistema de poder
que defende o interesse dos governos e deixa os interesses nacionais para trás. O acesso à informação é que permite que a
sociedade se mobilize e evolua
e, com o surgimento de ferramentas como essa, eles não têm
mais como esconder suas atividades e seus interesses.
A liberdade de informação
gerou o maior escândalo da
história da diplomacia moderna. A liberdade de informação
deveria ser um evento para ser
celebrado e não condenado ou
perseguido.
Qual o papel do Wikileaks
nesse contexto?
É uma ferramenta de transparência e a forma como os governos estão se comportando
diante dessa exposição comprova que a transparência é
uma arma mortífera para a diplomacia. Isso é preocupante.
A diplomacia deveria estar a
serviço do estado e o estado a
serviço da população.
Fica evidente uma espécie
de paranoia dos governos, que
sempre estiveram nos vigiando. É como se agora os governos de fato percebessem que a
população tem ferramentas
para estar vigiando o “Big
Brother”, de George Orwell. É
uma inversão de papéis na
contramão da história.
É um fenômeno pontual
ou que veio para ficar?
Para mim, o fim da confidencialidade de informações de
governos é um caminho sem
volta. Uma prova disso é que
mesmo com o Julian Assange
(fundador da Wikileaks) preso,
mesmo com o site oficial retirado do ar pela justiça sueca, o
sistema continuou funcionando e as informações continuaram sendo publicadas.
Estamos iniciando um processo de revisão de forças que
antes estavam exclusivamente
nas mãos dos estados e das empresas. Hoje a informação é poder e esse poder é ‘opensource’,
ou seja, está disponível gratuitamente na internet, para pessoas comuns. Não há mais possibilidade de controle depois
que o mundo já experimentou o
exercício dessa liberdade.
Que consequências podem
ser geradas pelo Wikileaks?
Esse é mais um passo na transição da nossa Era Industrial para
a Era da Verdade, baseada no
“
Em países como a
China, a quebra dos
muros da informação
pode acelerar o
processo democrático
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 31
Marwan Naamani/AFP
Com dívida reestruturada, Dubai tem alta
As ações em Dubai tiveram a maior alta em duas semanas, após o fundo
Dubai International Capital ter chegado a um acordo de US$ 2,5 bilhões
para a reestruturação de sua dívida. Os papéis do Emirates NBD, o maior
banco dos Emirados Árabes Unidos, tiveram alta de 3,1% e os da Arabtec
Holding, de construção, teve a maior alta desde o dia 7 de dezembro.
“O desenvolvimento da reestruturação no fim de semana” puxa mais
altas, disse Akram Annous, gestor do fundo Al Mal Capital.
Igo Estrela
Rosa diz que a quebra dos
muros da informação promovida
pela tecnologia acelera a
consolidação de democracias
Contraponto
Vazamentos também podem
gerar perigo para a sociedade
Diferentemente de outros
setores, as relações
internacionais não contam
com uma regulamentação que
exija transparência nos processos.
Com isso, fica à critério das
nações o nível de sigilo conferido
às informações diplomáticas.
Para o cientista político
especializado em conflitos
internacionais Heni Ozi Cukier,
nada do que foi divulgado
pelo Wikileaks até agora gera
grande impacto para o Brasil.
“Os Estados Unidos foram os
mais prejudicados até agora
porque foram revelados os
documentos americanos”, lembra.
Para ele o risco, nesse caso,
avança sobre a sociedade civil.
Foi divulgado pelo portal uma
lista de locais considerados vitais
para a segurança nacional dos
Estados Unidos. “Aquilo não só
é um mapa para possíveis ataques
terroristas como demonstra
todo o raciocínio estratégico
de segurança nacional”, explica.
O especialista destaca, no
entanto, que o vazamento
dessas informações enfraquece
o relacionamento em âmbito
internacional. “Quando você
expõe todo o jogo, você retira
as ferramentas de negociação.
Isso retira toda a força da
diplomacia na construção
do cenário internacional.”
crescente poder do ser humano
e do cidadão como um indivíduo capaz de transformar a realidade quando ele está armado
de informações.
Com a internet 2.0, nos apropriamos também dos sistemas
de produção de conteúdo e nos
tornamos o que Alvin Toffler
chamou de “prossumidor”: simultaneamente produtores e
consumidores de informação.
Na Era da Verdade, nós produzimos e consumimos sem filtro. É
o exercício da coerência. Eu
costumo chamar isso de Neorenascimento. Hoje, somos todos
Michelangelos.
Então acesso maior a
informações desse tipo
favorece o surgimento de um
cidadão mais participativo?
Sim, principalmente países que
não têm a democracia em seu
estado mais elevado. Esses países, como China, por exemplo,
têm na quebra dos muros da informação um atalho importante
para acelerar esse processo.
Um cidadão informado é capaz de influenciar outras pessoas principalmente no mundo
da internet. É um novo poder
político que hoje nos norteia.
Hoje um consumidor insatisfeito pode derrubar um produto
que levou investimento de milhões e milhões de dólares. Basta colocar no (site) YouTube um
filme que prova alguma questão
ética em torno do produto.
Esse processo não é recente.
Começou no século passado,
entre 1999 e 2000, quando assistimos ao fenômeno dos es-
cândalos corporativos que complicou diversas empresas. Eram
monstros sagrados. Empresas
centenárias aparentemente
blindadas de qualquer tipo de
interferência pública.
Qual o preço desse processo?
Se a população exige a informação livre, também terá de abrir a
porta de sua casa. É uma via de
mão dupla. No entanto não vejo
isso como algo muito trágico. A
exposição pública do conteúdo
particular nos obriga a sermos
mais transparentes e verdadeiros. Uma guerra da informação
nos transformaria em indivíduos cada vez mais vigilantes, o
que seria o fim da manipulação
da informação. ■ Leia mais sobre o portal Wikileaks na reportagem da página 29
AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO
DE PROCESSOS – AMGESP
AVISO DE LICITAÇÃO
Processo: 4105-607/2010
Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP 10. 154/2010
Tipo: menor preço por item.
Objeto: RP para eventual aquisição de pneus e afins destinado a todo Estado.
Data de realização: 10 de janeiro de 2011 às 10:00 h.
Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br
Todas as referências de tempo obedecerão ao horário
de Brasília/DF
Informações: Fone: 82 3315-3477,
Fax: 82 3315-7246/7241/7240
Maceió, 17 de dezembro de 2010.
32 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
CONSUMO POPULAR
PAULO VIEIRA LIMA
Divulgação
EXPRESSAS
Desconto Aqui
e o bom negócio das
compras coletivas
O brasileiro é atraído pelos sites
de compras coletivas. Do outro
lado, estão empreendedores que
acreditam no poder de compra
da classe média ascendente
e jogam todas as fichas neste
comércio eletrônico. Rafael
Cunha é um desses empresários
que estão colhendo bons
resultados com a junção site de
compras/novos consumidores.
Há dois meses ele abandonou
a sociedade em uma
agência de publicidade,
criou o Desconto Aqui e
só nos últimos 15 dias
já faturou quase R$ 600 mil.
Azul vai aonde o
povo está. Abriu loja
no Mais Shopping
Curso ensina como ser um bom Papai (ou Mamãe) Noel. Importante é que o interessado seja bem-humorado, bem-disposto e goste muito de crianças
Papai Noel, a sabedoria de quem
realmente sabe encantar o cliente
Amado pelas crianças,
ele é bem-vindo em qualquer
ponto do comércio varejista
Não há chaminés, não há renas
cruzando o céus, não tem neve
caindo... Mas o Papai Noel existe.
Quem prova a existência do velhinho é o empresário e ator Silvio Ribeiro, criador do primeiro
curso para formação de Papai
Noel em 1976, em São Paulo.
Ribeiro dirige a Claus Eventos,
é orgulhoso de encarnar um dos
símbolos mais fortes da festa de
Natal e defende o lado mágico e
menos comercial dessa figura que
povoa o imaginário infantil. Único brasileiro a integrar a International Order of Santa’s que congrega Papais Noéis de vários países, diz que a vida deste personagem vem mudando para melhor
nos locais onde ele presta serviços. É que há mais de 30 anos seu
espaço ficava nas zonas mortas
dos shoppings e lojas de departamentos e, em alguns casos, havia
necessidade de setas indicando o
lugar onde ele estava.
Hoje, o Papai Noel ocupa áreas
nobres nos centros de compras e
“
Papai Noel é uma
figura mágica
e ajuda a criar
uma atmosfera de
energias positivas
o mercado percebeu a magia que
ele proporciona ao ambiente com
motivos natalinos. Humaniza as
relações entre clientes e o comércio e ajuda a formar uma
egrégora, a união de energias positivas , comenta Ribeiro.
Do ponto de vista da quebra
de resistência à compra, o personagem é ponto-chave, diz o
ator-empresário. As crianças o
reconhecem como alguém digno de confidências e, satisfeitas
com o contato, influenciam a
decisão dos pais durante o tempo em que fazem compras. ■
TRÊS PERGUNTAS A...
Não se sabe quantos eles são.
O fato é que a atividade conquistou
respeito, além da importância como
suporte para as vendas de Natal.
Mesmo reconhecendo o
caráter mágico da figura
do Papai Noel, o personagem
é um grande recurso para
estimular as vendas...
...SILVIO RIBEIRO
Papai Noel e diretor da Claus Eventos
É um excelente incentivador
de compras. Entretanto, o
estabelecimento onde há um
Papai Noel deve corresponder
à expectativa gerada por ele.
Seu público-alvo, a criança, confia
nas recomendações. É necessário
dar preparo ao profissional.
Não há idade para encarnar
este papel, mas os vovôs ou
vovós têm mais sensibilidade
para dialogar com a meninada.
Quando teve início
sua carreira?
Na década de 1970 trabalhei nas
Casas Pirani, no centro de São
Paulo. Também ganhei experiência
internacional nos EUA. Estive
na cidade de Dayton, em Ohio.
Qual o perfil do frequentador
de seus cursos?
Formamos profissionais para
shoppings, hipermercados e lojas de
rua. São pessoas de ambos os sexos
e várias classes sociais. Para eventos
é importante que tenha formação de
ator. Temos ainda um curso especial
para executivos ou pessoas que
pretendam agir como Papai Noel
entre familiares e amigos.
Pedro Janot, presidente da Azul,
está animado com a circulação
de quase 2 milhões de pessoas
que frequentam o Mais Shopping
no Largo 13 de Maio, na Zona Sul
paulistana. Reduto do consumidor
da nova classe média, o shopping
agora tem uma loja comercial
da Azul para a venda de
passagens e pacotes de viagens.
O ponto de venda no Mais
Shopping cumpre a estratégia de
aproximar ainda mais a empresa
de seu público-alvo e razão de
sua fundação há quase dois anos.
Serenata de amor
como presente para
os dias de festas
Período de presentes e a Garoto
apresenta uma alternativa.
Uma caixa recheada de corações
de Serenata de Amor é a
novidade que a empresa faz
chegar aos pontos de venda
de todo o Brasil neste mês.
O bombom da Garoto tem
recheio de castanha de caju
com pedaços crocantes.
É coberto com chocolate
ao leite e tem agora versão para
presente. O lançamento tem
embalagem vermelha ou amarela.
Cada caixa contém 126 gramas
e nove unidades. O preço
médio sugerido é de R$ 9,75.
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 33
Marcela Beltrão
Véspera do Natal e o balanço dos shoppings
Em São Paulo, a Alshop divulga, nesta sexta-feira, um balanço das
atividades dos mais de 400 shopping centers espalhados pelo país.
Esse segmento registrou — entre as inovações — a inauguração
de centros de compras idealizados para o consumidor da classe
média emergente. Nesta véspera de Natal, a entidade mostra o que
mais atrai um consumidor e divulga o desempenho dessa modalidade
de varejo de acordo com as várias regiões e classes sociais.
[email protected]
Marcela Beltrão
Marcas tradicionais
permanecem na memória
O consumidor que impulsiona
o varejo popular permanece
inspirando estudos. Gian Franco
Rocchiccioli, presidente da Stetik
SD, capitaneou uma pesquisa
inédita que utiliza princípios
de neurociência, psicologia
econômica e neuropsiquiatria para
buscar respostas às reações do
consumidor diante de determinada
marca . Para o executivo, todos
os dias o cliente muda de opinião.
É um desafio ao planejamento
de quem se preocupa em fidelizar
e tornar perceptível determinada
marca. O estudo da Stetik aborda
o lado humano das marcas e
mostra a reação de quem durante
anos nem imaginava ter acesso
a alguns bens, produtos e serviços.
O trabalho indica que entre
as marcas mais lembradas estão
empresas de aviação como
a Tam. Fato de destaque é que
a Varig permanece no imaginário
da classe média ascendente
como empresa da qual as
pessoas têm boa lembrança.
André Penner
No próximo ano, o consumidor terá novas dicas de como se dar bem no mundo da nova classe média
Varejo popular revelou que
há um jeito fácil de levar a vida
Não era exatamente o título
que o publicitário Ricardo Sodré
imaginava para o livro que ele
e Renato Meirelles escreveram:
Um jeito fácil de levar a vida.
Na verdade , a obra registra o
nascimento de um novo público
consumidor. Lançado em 2008,
ele orienta como a classe média
emergente deve agir nas relações
comerciais e sociais. Sodré
espera uma nova edição a ser
lançada pela Editora Saraiva o
mais rápido possível. É provável
uma alteração no título e pela sua
observação e de Renato Meirelles,
diretor do Data Popular, também
serão colocadas informações
e dicas atualizadas. Antes,
os planos incluíam viagem pelo
Brasil e atualmente os passeios
ao exterior integram a realidade
dessa população. Haverá
cuidado em relação a produtos,
como os eletrodomésticos, que
a indústria ainda direciona para
a classe A/B, quando o consumo
é capitaneado pela classe C.
Na área da educação, a
aspiração era por um curso
superior. Agora, além de a
universidade ser acessível,
a exigência é que ela seja boa.
Murillo Constantino
Novo consumidor surpreende com o lado humano das marcas
O mundo do trabalho. Agora
dá para fazer bico via internet
Henrique Manreza
pedidos de serviços
que vão desde uma
aula simples de como
utilizar o Word, editar
fotos, aprender os
passos do break ou
dar um apelido a um
amigo. É a instituição
do bico entrando para
a era da utilização
da rede mundial
Tarefas resolvidas no computador
de computadores.
Quem se interessa
Um grande exército de pessoas
por contratar os serviços paga
com tempo livre e disponíveis
taxas entre R$ 5,00 e R$ 10,00
para fazer um número infinito de
por um trabalho que dura
tarefas começa a ser recrutado
apenas alguns minutos e acaba
pelo site Cidade dos Bicos
por resolver problemas que as
(www.cidadedosbicos.com.br)
vezes ficam difíceis de encarar.
que entrou em atividade há três
O trabalho é resolvido via
meses. O serviço já tem 10 mil
internet e o pagamento também
acessos diários e recebe e oferece
é feito via computador.
Há mais
fruta para
as festas
de fim
de ano
A chance de importação gerada
pela queda do dólar facilita a
entrada de frutas importadas
neste final de ano. Nem por isso
as cerejas, ameixas, pêssegos e
frutas secas estrangeiras
ameaçam a posição das frutas
típicas brasileiras neste período
de Natal-Fim de Ano. Ao que tudo
indica, as mesas das festas neste
ano terão uma variedade maior
de frutas nacionais e importadas.
A oferta e os preços são bons
internamente. Sérgio Menezes,
diretor-superintendente do
Instituto Brasileiro de Frutas
(Ibraf), diz que houve queda nas
exportações de algumas frutas.
Cita como exemplo a redução de
vendas externas do açaí e
cupuaçu estimada em 20%.
Entretanto, as vendas foram
compensadas, em proporção
equivalente, no mercado interno.
Nesta temporada, mercado interno equilibra vendas de frutas brasileiras
COMPANHIA INDUSTRIAL CATAGUASES
CNPJ (MF) nº 19.526.748/0001-50
COMPANHIA ABERTA
AVISO AOS ACIONISTAS - DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS
A Companhia Industrial Cataguases (a “Companhia”), comunica que conforme deliberação da Assembléia
Geral Extraordinária realizada em 17 de Dezembro de 2010, o pagamento de Dividendos intermediários se dará
sob as seguintes condições:
Nos termos da lei 9.249/95 os dividendos são isentos de Imposto de Renda. Farão jus aos dividendos os detentores
Assembléia Geral Extraordinária, no montante de R$ 930.000,00 (novecentos e trinta mil reais), que será
distribuído apenas aos acionistas preferencialistas, conforme abaixo:
x Ações Ordinárias: R$ 6,3954 (por ação)
x Ações Preferenciais: R$ 7,0349 (por ação)
A Companhia realizará os pagamentos, mediante crédito em conta corrente dos acionistas nos bancos por eles
indicados, em 27 de Dezembro de 2010, com base na posição acionária levantada em 17 de dezembro de 2010,
respeitadas as negociações realizadas até esta data. A partir de 20 de maio de 2010, inclusive, as ações da
Companhia estarão sendo negociadas “ex-direito a dividendos”.
O direito aos Dividendos não reclamados no prazo de 03 (três) anos, a contar da data do pagamento (05/07/2010),
prescreverão e reverterão em favor da Companhia (Lei 6404/76, art.287, II, alínea “a”).
Lembramos aos acionistas a importância da atualização dos seus dados cadastrais, pois o pagamento de
rendimentos somente pode ser efetuado aos acionistas cujos dados cadastrais estejam atualizados ou àqueles
que possuam conta corrente de qualquer banco. Na falta ou incorreções dos dados cadastrais o valor total
!
Em Cataguases (MG):
Área de Relação com Investidores
Suellen de Paula Novais
Praça José Inácio Peixoto, nº 28 – Vila Tereza
Tel: (32) 3422-2211 – ramal 260
Fax: (32) 3421-1382
Cataguases, 18 de Dezembro de 2010
José Inácio Peixoto Neto - Diretor de Relações com Investidores
34 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
FINANÇAS
Gestores ajustam carteiras
à espera de desaceleração
Gossens, da Moody’s:
preocupação com a
dependência em relação
à demanda chinesa
Na análise de emergentes, investidores ressaltam que Brasil deve ter impacto maior
do que seus pares, mas que pacote de incentivo a investimento pode amenizar efeito
Maria Luíza Filgueiras
[email protected]
A expansão acelerada dos
mercados emergentes neste
ano vai resultar em um crescimento mais comedido em
2011. E a avaliação de gestores
globais de investimento é que
os impactos na economia brasileira devem ser mais acentuados, quando comparados a
seus pares. O que não está definido ainda é se essas projeções vão demandar uma redução da exposição de carteiras
de fundos de países emergentes a títulos brasileiros.
“Pode ser que o mix de investimentos mude, assumindo
que as taxas de juros de economias maduras se mantenham
ultrabaixas, e os investimentos
de estrangeiros no Brasil fiquem
mais concentrados em renda
fixa, num cenário de desaceleração da demanda interna”,
avalia Homero Guizzo, economista da LCA Consultoria.
Entretanto, ele ressalta que
as medidas de incentivo de investimento de longo prazo, divulgadas pelo governo federal
na semana passada, podem
amenizar os impactos de um
cenário macroeconômico menos favorável.
Os pontos principais de
preocupação são aperto da política monetária, para conter a
inflação, o comportamento da
taxa de câmbio e do balanço em
conta corrente. A avaliação do
Bank of America Merrill Lynch
é que a economia global cresça
4,2%, ante um crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB)
global de 4,9% em 2010. Enquanto na Argentina e Peru o
desenrolar das políticas eleitorais deve ganhar atenção, a casa
destaca que o risco de inflação
na região como um todo deve
ser monitorado, mas particularmente no Brasil.
“A obsessão com a relação
das moedas da América Latina
em comparação ao dólar americano deve resultar em novas intervenções de política cambial e
controle de fluxo de capital nesses mercados”, avaliam os gestores do BofA. Assim, enquanto
a estimativa é uma alta da taxa
básica de juros chilena de 125
Os pontos principais
de preocupação são
o aperto da política
monetária, para
conter a inflação,
o comportamento do
câmbio e o balanço
da conta corrente
pontos base, 100 pb na Colômbia e 75 pb no Peru, o ajuste no
Brasil é projetado em 150 pb.
Além disso, são esperados
maiores déficits em conta corrente nos países da América Latina, em relação ao atual exercício, sendo a maior deterioração
esperada para o Brasil. “Uma
consequência direta do crescimento acima da tendência foi o
aumento substancial do déficit
em conta corrente, que deverá
chegar a US$ 50 bilhões este
ano, o dobro do valor registrado
no ano passado.
Apesar de significativo em
termos absolutos, deve ter impacto relativo na perspectiva de
rating”, ressalta relatório da
agência de risco Moody’s, destacando o volume de reservas
internacionais de US$ 300 bilhões e baixa exposição a choques de taxa cambial.
O vice-presidente sênior da
agência, Filippe Gossens, ressalta que a dependência em relação à demanda chinesa era
uma preocupação para Brasil e
Argentina neste ano, e continua
sendo em 2011, considerando a
estimativa de desaceleração da
economia do país asiático. “A
nova preocupação, entretanto,
é em relação à moeda”, diz o
executivo, ressaltando a pressão sobre resultados para empresas exportadoras.
Para Guizzo, ainda não está
claro se o Brasil terá ou não um
impacto maior que outros
emergentes em 2011. “O país
deve deixar de crescer acima de
seu potencial para convergir
para uma expansão mais adequada à sua capacidade, de
4,5%”, avalia. Nesse cenário,
alguns gestores e analistas de
investimento já fizeram recomendações de posicionamento
em títulos de países vizinhos
contra papéis brasileiros.
O analista de dívida do Citi,
Jeffrey Williams, projeta retornos de um dígito nos títulos de
mercados emergentes, se o
ajuste para cima na taxa de juros
dos Estados Unidos se confirmar. “No Brasil, as incertezas
em relação à política fiscal da
presidente eleita Dilma Rousseff
podem pesar sobre os spreads
na primeira metade no ano”,
pondera em relatório. ■
AMÉRICA LATINA
1.
Projeção para PIB
O ritmo de crescimento da
economia global deve cair de
4,9% neste ano para 4,2% em
2011, estima o BofA Merrill Lynch.
Na América Latina, o avanço
do PIB é projetado em 4%, ante
estimativa de 6% neste ano.
2.
Foco continua doméstico
Com países desenvolvidos
mantendo a política de juros
baixos, há reforço na procura
por crescimento e yield na
América Latina. A demanda
doméstica continua sendo vetor
de expansão desses mercados.
3.
Correção de taxa básica
Estimativa de aperto na política
monetária na América Latina
mostra maior impacto no Brasil.
A projeção é de alta de 150 pontos
base para taxa básica no país em
2011, de 125 pb no Chile, 100 pb
na Colômbia e 75 pb no Peru.
Divulgação
A FRASE
“O Brasil
deve deixar
de crescer
acima de seu
potencial”
Homero Guizzo,
economista da
LCA Consutoria
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 35
Jorge Silva/Reuters
Venezuela facilita a estatização de bancos
A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou na sexta-feira uma lei que
vai fazer com que seja mais fácil para o presidente Hugo Chávez estatizar
instituições financeiras e que torna obrigatório que elas doem 5% de seus
lucros para grupos comunitários. A lei faz parte de um pacote de leis que
o governo venezuelano quer fazer aprovar para consolidar o socialismo
no país. Chávez já ameaçou várias vezes estatizar qualquer instituição
que não cumpra os objetivos dele de acabar com a “especulação”.
AGENDA DO DIA
● Às 8h, a FGV divulga a segunda
prévia do IGP-M de dezembro.
● Às 8h30, o BC divulga
a pesquisa semanal Focus.
● Às 10h30, o BC divulga
a nota de mercado aberto.
● O Tesouro divulga o relatório
da dívida pública federal (nov).
Marcela Beltrão
Maior exposição à dívida de emergentes
Visão da agência de classificação
Moody’s para 2011 considera
apetite de investidores e
cuidado com taxa de câmbio
Ainda que haja uma desaceleração econômica no comparativo
entre 2011 e 2010, a avaliação da
agência de classificação de risco
Moody’s é que a tendência de
melhora na qualidade de crédito
corporativo observada na América Latina desde o terceiro trimestre de 2009 se mantenha no
próximo ano. “Será em ritmo
menor do que foi neste ano, mas
as condições gerais são favoráveis”, diz Filippe Gossens, vicepresidente sênior da Moody’s.
Ele destaca, entretanto, que
em uma perspectiva de conti-
nuidade de real apreciado, a
pressão sobre margens é reforçada para empresas do setor de
papel e celulose, mineração e
siderurgia. “Nos dois primeiros
casos, porque são companhias
que têm custos em real, mas
parte considerável das receitas
em dólar. No caso de siderúrgicas, a pressão vem das importações mais competitivas”, diz.
Segundo Gossens, isso não
significa que empresas desses
setores estejam na mira de rebaixamento de rating ou perspectiva, já que ainda podem
absorver a variação cambial
com avanço operacional. Já as
companhias de energia são
avaliadas com cautela, uma vez
que a terceira revisão tarifária
Pressão é reforçada
para empresas
dos setores de papel
e celulose, mineração
e siderurgia
no setor deve pressionar as
margens de lucro das distribuidoras de eletricidade.
Na ponta positiva, a análise da
Moody’s é que as empresas latino-americanas continuem avançando em emissões externas
para financiar principalmente
projetos de infraestrutura. “Os
investidores estão demandando
mais papéis de dívida de mercados emergentes, em busca de
yields (retornos) mais atrativos
do que os obtidos nos Estados
Unidos e na Europa”, diz Gossens. “Por isso, a exposição à dívida de mercados como o brasileiro deve aumentar em 2011.”
O executivo considera que
segmentos que tradicionalmente
não compõem os emissores de
dívida internacional devem agora
engordar a lista, como empresas
de logística, bens de consumo e
empresas de serviço público. “O
volume aumenta com mais empresas obtendo grau de investimento e também devemos começar a ver mais emissões de companhias que ainda não têm essa
nota”, afirma. A agência de risco
ressalta ainda que contribuem
para a melhoria do cenário de
crédito brasileiro os avanços em
governança corporativa (como a
nova revisão de segmentos diferenciados feita pela BM&FBovespa) e a adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS),
que torna comparável os balanços das companhias brasileiras
aos das estrangeiras. ■ M.L.F.
36 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
INVESTIMENTOS
RENDA FIXA
Márcia Pinheiro
[email protected]
IPCA-15 é destaque doméstico; PIB
americano atrai atenção no exterior
A semana pode ter um dia a menos, mas nem
de longe será morna. No cenário doméstico,
a Bovespa tem exercício de opções hoje. Talvez seja a senha para destravar o mercado e,
enfim, os investidores poderem se regalar
com o tradicional rali de fim de ano.
Ainda nesta segunda-feira, o Banco
Central divulga a nota sobre o mercado
aberto. Amanhã, será a vez de sair a nota do
setor externo de novembro (sempre bom
checar os estragos do real valorizado). Na
quarta, política monetária e operações de
crédito do mesmo mês. Devem confirmar
expansão, em meio à recuperação do emprego e da renda dos brasileiros. Mesmo
porque, nota o economista sênior do Santander, Maurício Molan, os dados ainda não
refletirão as medidas macroprudenciais
adotadas pelo governo, para conter o consumo e, consequentemente, a inflação.
Sobre o nível de preços correntes, que tem
ditado a dança dos contratos de juros futuros, a FGV divulga hoje a segunda prévia do
IGP-M de dezembro. Amanhã, o IBGE torna
público o IPCA-15 de dezembro, referência
para o sistema de metas de inflação, que
deve rondar os 0,90%% — aí sim, será possível conferir se o Copom não está atrás da
curva, ou seja, se não deveria ter elevado a
taxa básica de juros na reunião deste mês. “O
IPCA reforçará a percepção de que o Copom
está atrasado”, enfatiza Molan.
Para o ano fechado, economistas projetam uma taxa ao redor de 6%, acima do
centro da meta de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais. Mas, inequivocamente, um mau
sinal. Encerrando os dados sobre os preços,
Data
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
16/DEZ
16/DEZ
17/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
16/DEZ
17/DEZ
a FGV divulga na sexta a terceira prévia do
IPC-S de dezembro.
DI
EUA
Fundo
Data
BB REF DI LP ESTILO FIC FI
BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
ITAU PREMIO REF DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANTANDER FIC FI CLASSIC REF DI
16/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
16/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
17/DEZ
Nos Estados Unidos, destaque para a divulgação da terceira revisão do Produto Interno
Bruto (PIB). Ainda que o dado seja uma espécie de retrovisor, há a expectativa de que
as últimas medidas tomadas pelo governo e
Federal Reserve — como a nova rodada de
recompra de títulos para injetar recursos na
economia e a extensão dos cortes de impostos — possam começar a dar um alento tanto
nos gastos do governo, como das famílias
Já a venda de imóveis novos, a ser divulgada na quinta, deve mostrar o mesmo desalento dos últimos meses, praticamente
estagnação. A torcida é que a confiança do
consumidor, medida pela Universidade de
Michigan, mostre os americanos mais animados para irem às compras.
Europa
Sobre Zona do Euro, o mercado já não treme
a cada rebaixamento de rating, como o que
ocorreu na sexta-feira com a Irlanda. Isso
porque, explica Molan, de fato, a menor
classificação de risco para os países periféricos da região já está precificada. Tanto
que a Irlanda, que tem rating melhor do que
o Brasil, paga um prêmio muito maior para
fazer captações no mercado.
Pelo sim, pelo não, não custa conferir a
quantas anda a confiança do consumidor no
Velho Continente, a ser conhecida na segunda-feira. Em relação ao Japão, o Banco Central, sem surpresas, vai manter a taxa básica
de juros estável na terça-feira. ■
INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA
SEGUNDA-FEIRA (20/12)
QUARTA-FEIRA (22)
8h30 | (Brasil) — Boletim Focus
7h30 | (Reino Unido) — Sai o PIB do terceiro trimestre
10h30 | (Brasil) — Nota do BC sobre mercado aberto
10h30 | (Brasil) — BC divulga a nota de política monetária
11h
Fundo
| (Brasil) — Balança comercial semanal
Rent. (%)
12 meses No ano
9,05
9,05
9,04
8,56
8,01
7,84
6,67
6,18
5,66
5,65
8,73
8,72
8,76
8,25
7,72
7,59
6,46
5,99
5,46
5,49
Rent. (%)
12 meses No ano
9,21
8,81
8,76
7,17
6,91
6,57
6,30
5,50
5,10
4,75
8,86
8,51
8,47
6,94
6,66
6,36
6,13
5,34
4,91
4,62
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
50.000
80.000
30.000
5.000
5.000
200
50
100
300
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
0,70
1,00
1,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
10.000
ND
80.000
5.000
100
200
30
1.000
100
100
AÇÕES
Fundo
Data
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
CAIXA FMP FGTS VALE I
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
BRADESCO FIC DE FIA IV
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES
UNIBANCO BLUE FI ACOES
ITAU ACOES FI
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
Rent. (%)
12 meses No ano
14,27
13,43
(4,28)
(4,46)
(4,50)
(6,99)
(7,29)
(7,98)
(11,86)
(32,66)
15,69
14,61
(4,23)
(4,41)
(4,45)
(7,26)
(7,36)
(8,08)
(11,96)
(31,51)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
1,90
4,00
4,00
ND
2,50
5,00
4,00
8,50
2,00
200
100
200
1.000
200
MULTIMERCADOS
Fundo
Data
ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI
REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
ITAU PERS MULT MODERADO FICFI
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
16/DEZ
Rent. (%)
12 meses No ano
11,48
11,37
9,17
9,13
8,89
8,76
5,82
5,54
4,69
2,86
10,93
11,14
8,84
8,79
8,48
8,40
5,39
5,29
4,46
2,65
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
2,30
1,50
1,50
1,50
1,25
2,00
2,00
2,00
2,00
5.000
5.000
20.000
50.000
5.000
10.000
5.000
5.000
5.000
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
e de crédito (novembro)
| (Brasil) — Exercício de opções na Bovespa
11h30 | (EUA) — Sai o PIB revisado do terceiro trimestre
| (Brasil) — Tesouro divulga relatório da dívida pública
12h20 | (Brasil) — BC divulga fluxo cambial semanal
federal (novembro)
13h
| (EUA) — Saem vendas de imóveis já existentes (novembro)
INVESTIMENTOS
TERÇA-FEIRA (21)
QUINTA-FEIRA (23)
2h30 | (Japão) — Banco Central divulga decisão sobre juros
8h
9h
11h30 | (EUA) — Pedidos de auxílio-desemprego (semanal)
| (Brasil) — IPCA de novembro
10h30 | (Brasil) — Nota do BC sobre setor externo (novembro)
11h30 | (EUA) — Saem encomendas de bens duráveis (novembro)
13h
Fontes: MCM Consultores e Concórdia
| (Brasil) — FGV divulga a terceira prévia do IPC-S
Diversas opções
de investimentos para
você e sua empresa.
| (EUA) — Saem vendas de casas novas (novembro)
8IPˆ[[[QETJVIMRZIWXMQIRXSWGSQFV
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 37
AÇÕES
Desempenho
7,83%
foi o ganho das ações preferenciais série A da Braskem na semana
passada, o melhor desempenho entre os papéis do Ibovespa. Na ponta
oposta figuraram as ações ordinárias da Fibria, com baixa de 9,04%.
HOME BROKER
NA REDE
Braskem PNA, fechamento em R$
21,30
20,60
20,50
20,55
20
20,00
19,70
19 7
19,7
19,50
18,90
18,99
18
18,80
18,10
18,11
18
“Boa frase sobre a importância da
liquidez nos investimentos. ‘Perder
machuca, mas não ter porta de saída,
mata’ - Alexandre Póvoa.”
@chrinvestor, consultor financeiro Christian Cayre
17,30
17,33
17
16,50
16,55
16
“HRT andando de novo. Acima de R$ 1,7
mil por ação ainda em 2010? Eu acredito!”
15,70
15,7
@empiricus_ind, consultoria Empiricus Research
1/OUT
15/OUT
1/NOV
17/NOV
1/DEZ
17/DEZ
Fontes: Daniel Carrera, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
Resistência1
R
i tê i 1
Resistência2
R
i tê i 2
Suporte
Stop
BRKM5
Braskem PNA retoma tendência de alta
Após passar um período sem mostrar um norte definido, os papéis
preferenciais série A da Braskem (BRKM5) retomaram a tendência
de alta. Segundo Daniel Carrera, grafista da Alta Vista, esta
indefinição e volatilidade se estendeu nos últimos dois meses
e meio, até o dia 16 de dezembro. “Desde maio deste ano, o papel
apresentava tendência de valorização”. Na última quinta-feira,
no entanto, as ações da petroquímica romperam a resistência de
R$ 19,29 e voltaram a se mover em direção a um campo positivo.
Resistência é o ponto que, se superado, indica a possibilidade de
continuidade de movimento de alta da ação. Por conta desse
movimento, o papel passou a ter novo ponto de resistência em R$ 20.
“Melhor comprar em R$ 19,50 e R$ 19,60”, garante o especialista.
Na visão de Carrera, o próximo ponto (segunda resistência) está
em R$ 20,60. “Se passar [dos R$ 20], pode demorar uns dias
para alcançar este novo patamar”. Já o suporte — patamar que,
se perdido, aponta para uma chance de queda em sequência — está
concentrado em R$ 19,50 e o ponto de venda do papel está abaixo
de R$ 18,80. Segundo Carrera, a Braskem tem movimento anticíclico
em relação ao Ibovespa. “Se o índice sobe, a ação cai e vice-versa.”
“Warren Buffett não investe em
commodities (matérias-primas),
tampouco em tecnologia. Jogue
a primeira pedra o brasileiro
que não ganhou com Vale e Petro”
@rcinvestimentos, consultor financeiro Raphael Cordeiro
“No mercado de ações é preciso
ter visão. A minha definição é:
ver aquilo que ninguém viu com
os olhos e, sim, com a mente”
@DanielTrader, agente autônomo Daniel Gonçalves
“Você sabe o que são BDRs?
Certificados representativos de ações
de companhias estrangeiras emitidos
por instituição depositária brasileira”
@ativacorretora, corretora Ativa
Energia elétrica
Fim do leilão de Teles Pires
promete ter impacto neutro
sobre ação da Eletrobras
A vitória do consórcio formado
por Furnas, Eletrosul,
Neonenergia e Odebrecht
no leilão da usina de Teles Pires
terá impacto neutro sobre as
ações da Telebrás, na avaliação
da corretora Ativa. “O resultado
final do leilão veio dentro de
nossa expectativa, com um
deságio significativo e uma TIR
(taxa interna de retorno) que
não supera o custo de capital
da Eletrobras”, afirmou o analista
Ricardo Corrêa. O preço final da
energia destinada ao mercado
regulado pelo empreendimento
é de R$ 58,63/MWh, com deságio
de 33% em relação ao teto
de R$ 87/MWh. “Ressaltamos,
contudo, que o resultado final
do leilão de Teles Pires
neutraliza o risco de participação
da Tractebel e da Copel, que
eram dois fortes competidores
na disputa pela usina”, destaca
o analista. O empreendimento
não deve gerar valor para
a Eletrobrás, “na medida em
que movimentos negativos
como este estão precificados
nos papéis da estatal”.
RECORDE
REMUNERAÇÃO
SERVIÇOS FINANCEIROS
ETFs e ETPs atingem a marca de US$ 1 trilhão
Redecard e Vivo distribuem juros sobre capital
Os fundos de ETFs (Exchange
Traded Funds) e ETPs (Exchange
Traded Products) listados na bolsa
de Nova York superaram a marca
de US$ 1 trilhão de ativos pela
primeira vez na última quinta-feira.
No total, são 894 ETFs, que somam
US$ 887,2 bilhões de 28 provedores
em duas bolsas de valores nos
EUA. Ao final de dezembro do ano
passado, a indústria americana de
ETFs contava com 772 produtos,
com ativos no valor de US$ 705,5
bilhões de 29 provedores em
duas bolsas de valores. Ainda
há outros 828 ETFs a serem
lançados, enquanto 49 deixaram
de ser negociados. Além disso,
O Conselho de Administração
da Vivo aprovou o pagamento
de R$ 220 milhões ou R$ 0,5505
por ação ordinária ou preferencial
de juros sobre o capital próprio
aos seus acionistas. Com a
redução do Imposto de Renda
de 15%, o valor cai para R$ 187
milhões, o que representa
R$ 0,4679 por papel. A distribuição
será feita com base na posição
acionária de 31 de dezembro.
A partir do dia 3 de janeiro
de 2011, as ações passam a ser
negociadas “ex-juros”. A data
de pagamento será futuramente
informada aos investidores,
por meio de aviso aos acionistas.
Santander estende
horário de 250
caixas eletrônicos
na quinta-feira, havia 185 ETPs
listados nos EUA com ativos no
valor de US$ 115,5 bilhões, de 20
provedores em uma bolsa de
valores. Ao final de dezembro
de 2009, a indústria americana de
ETPs contava com 142 produtos,
com ativos no valor de US$ 88,1
bilhões de 17 provedores em uma
bolsa de valores. Os ETFs são
fundos de índice que podem ser
negociados como uma ação na
bolsa de valores. Eles se tornaram
instrumentos conhecidos e
muito usados em estratégias de
investimento e diversificação,
tanto para estratégias de
curto quanto de longo prazo.
A Redecard também anunciou
que pagará juros sobre capital
próprio no valor líquido de R$ 22,4
milhões, o equivalente a R$ 0,033
por ação (já abatidos os 15% de
imposto de renda). O pagamento
será feito com base na posição
acionária de 22/12. As ações
serão negociadas na forma
“ex-juros” a partir da quinta-feira
(23). Segundo a Fator Corretora,
com base na cotação do dia
16/12, o retorno sobre dividendos
acumulado no ano é de 5%.
Em comunicado, a empresa
informou que o pagamento
dos juros declarados
ocorrerá no dia 11 de fevereiro.
O banco estendeu o horário de
funcionamento de 250 caixas
eletrônicos nas principais
cidades turísticas brasileiras para
até a meia-noite, na tentativa de
dar mais comodidade aos clientes
no período de festas de fim
de ano. Além disso, o Santander
preparou o Guia Financeiro
de Verão, com orientações
para quem vai viajar. O material
está disponível em toda
a rede de agências e também,
na versão online, no endereço
www.santander.com.br/verao.
38 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
INVESTIMENTOS
Felipe Tâmega
Economista-chefe do Modal
Efeito do compulsório
sobre a curva de juros
Compulsórios não devem ser vistos como equivalentes
a juros. O compulsório é uma medida de restrição de
crédito bancário que limita a quantidade de crédito que
o sistema financeiro consegue gerar a partir de um determinado nível de depósitos, impactando as taxas de
juros ao tomador final. Os juros, por sua vez, definem o
custo de oportunidade do dinheiro e atuam no que chamamos de canal de crédito amplo. Em um primeiro
momento, variações de juros não necessariamente impactam a quantidade de crédito na economia, ainda
que em prazos mais longos o sistema bancário ajuste a
oferta de crédito a mudanças no nível de juros. Além
disso, mudanças nas taxas de juros impactam a demanda por crédito, já que influenciam as decisões de poupança e investimento dos agentes da economia, e também as expectativas de inflação.
Entretanto, ambos instrumentos possuem algum efeito sobre o nível de atividade e sobre a inflação, de forma
que podemos gerar algum tipo de relação entre eles. Essa
não é uma conta simples de se fazer, notadamente pelas
poucas mudanças de compulsórios que o Brasil enfrentou
e pelo fato de que raramente mudanças de compulsórios
são eventos isolados. A despeito disso, vejamos uma conta
de padeiro. Em sua tese de doutorado, Cristiano Arrigoni
analisou a existência de um canal de crédito bancário no
Brasil por meio do impacto de mudanças inesperadas na
Selic e no compulsório sobre as novas concessões de crédito e sobre as taxas de juros ao tomador final.
A partir de seus resultados podemos encontrar uma
equivalência de 3:1 entre compulsório e juros, ou seja,
chegamos à conclusão de que 3% de compulsórios seriam
equivalentes a 1% de juros. Fazendo-se uma nova conta
de padeiro em cima do aumento recente de compulsório,
chegamos à seguinte conclusão: o efeito total do aumento
recente no compulsório poderia chegar a 1,8% de juros.
Deve-se, no entanto, ter esse número como um limite
máximo e é bem possível que o efeito juro-equivalente do
compulsório tenha sido mais limitado.
A ata do Copom mostrou
que a inflação em 2011 estaria
acima do centro da meta, mesmo
incorporando o aumento de
compulsório feito recentemente
“
Fazendo-se uma conta
de padeiro em cima
da recente alta do
compulsório, chegamos
à conclusão de que
o efeito total de seu
aumento poderia
atingir 1,8% de juros
BOLSAS INTERNACIONAIS (COMPORTAMENTO NA SEMANA)
(EM MIL PONTOS)
DOW JONES
11,50
11,48
11,46
11,44
11,42
13/DEZ
17/DEZ
13/DEZ
17/DEZ
13/DEZ
17/DEZ
13/DEZ
17/DEZ
13/DEZ
17/DEZ
S&P 500
1,246
1,243
1,240
1,237
1,234
NASDAQ
2,66
2,65
2,64
2,63
2,62
2,61
DAX
7,04
7,02
7,00
6,98
6,96
Primeiramente, note que aumentaram-se também os
limites de isenções dos bancos ao compulsório. Com isso,
a restrição de oferta de crédito bancário certamente foi
menor do que a que calculamos acima. Segundo, para um
mesmo aumento de compulsório, o efeito juro-equivalente sobre os compulsórios remunerados deveria ser menor do que sobre os compulsórios não-remunerados. Parece-nos, portanto, justo afirmar que o efeito juro-equivalente do compulsório tenha sido inferior a 1,5%, justificando as estimativas de mercado entre 0,5-1,5%.
Se antes do aumento do compulsório, o mercado trabalhava com um ciclo de juros de uns 2%, hoje o ciclo de
juros não deveria ser maior do que 1%. E para alguns, poderia nem mesmo ser necessário. Entretanto, a ata do Copom mostrou que a inflação em 2011 estaria acima da
meta, mesmo incorporando-se o aumento de compulsório, sugerindo que algum aumento de juros teremos. O timing do aumento é que parece estar indefinido. ■
FTSE-100
5,89
5,88
5,87
5,86
5,85
Fonte: Rosenberg Consultores Associados (wwwrosenbergcombr)
Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010 Brasil Econômico 39
POUPANÇA
Rendimento
0,55%
este é o ganho das cadernetas com aniversário hoje. Em dezembro,
até o dia 13, a captação líquida (diferença entre depósito e retiradas)
somou R$ 3,3 bilhões, totalizando saldo de R$ 374,8 bilhões.
MOEDAS (COTAÇÕES DE FECHAMENTO)
DÓLAR (R$/US$)
EURO (US$/€)
1,71
1,35
JURO FUTURO
(CDI em % ao ano)
COMMODITIES METÁLICAS
(Índices - Base: 10/dez=100)
16/NOV/10
103
5
12,50
1,34
1,70
US$
R$
16/DEZ/10
102
1,33
8
11,80
1,69
101
1,32
100
1
11,10
1,68
1,31
1,67
99
1,30
13/DEZ
17/DEZ
98
10,40
4
13/DEZ
17/DEZ
10/DEZ
30d 60d 90d 120d 150d 180d 210d 240d 270d 300d 330d 360d 720d 840d 960d 1800d 3600d
Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br)
13/DEZ
14/DEZ 15/DEZ 16/DEZ
Fonte: FSP. Elaboração: Rosenberg & Associados
Balanço da indústria brasileira de fundos
RENTABILIDADE ACUMULADA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS
(em %)
Tipos
AÇÕES
IBOVESPA Ativo
Dividendos
IBrX Ativo
Livre
Sustent/Governança
RENDA FIXA
Curto Prazo
Referenciado DI
Renda Fixa
Renda Fixa Índices
MULTIMERCADOS
Macro
Multiestrategia
Juros e Moedas
Semana
Mês
Ano
12 Meses
-0,20
-0,60
-0,07
-0,19
-0,37
1,90
0,86
1,68
1,25
0,99
2,08
8,00
0,73
10,43
7,59
1,43
7,20
-0,18
11,43
7,72
0,20
0,20
0,25
0,81
0,40
0,41
0,48
0,89
9,13
9,33
10,93
0,89
9,56
9,78
11,38
0,89
0,52
0,40
0,28
0,56
0,76
0,57
11,68
10,68
10,12
12,24
11,17
10,63
(EM R$ BILHÕES)
APLICAÇÕES
RESGATES
CAPTAÇÃO LÍQUIDA
2.200
2.048
131
2.125
1.991
120
2.050
1.934
109
1.975
1.877
98
1.900
1.820
JUL/10
RENTABILIDADE HISTÓRICA
DEZ/10
JUL/10
DEZ/10
CAPTAÇÃO LÍQUIDA HISTÓRICA
(em R$ milhões)
ÍNDICES
CDI
Ibovespa
IBrX
Dólar
2007
11,82
43,65
47,83
-17,15
DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIA
(Patrimônio líquido)
Demais
10,47%
Renda fixa
27,26%
Previdência
10,84%
Ações
10,86%
Referenciado DI
12,58%
87
JUL/10
Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)
(em %)
Curto prazo
3,93%
DEZ/10
Multimercados
24,05%
Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)
2008
12,38
-41,22
-41,77
31,94
2009
9,88
82,66
72,84
-25,49
2010
9,18
0,22
1,16
-2,66
TRIMESTRE
1
2
3
4
2007
21.529,59
30.095,14
3.105,13
-8.417,53
2008
30.883,14
-17.892,58
-36.409,83
-32.489,28
2009
9.455,78
17.529,98
52.227,26
13.050,47
2010
29.850,13
27.069,03
36.342,72
26.725,59
CAPTAÇÃO POR CATEGORIA
(em R$ milhões)
Categorias
CURTO PRAZO
REFERENCIADO DI
RENDA FIXA
MULTIMERCADOS
CAMBIAL
DÍVIDA EXTERNA
AÇÕES
PREVIDÊNCIA
FIDC
IMOBILIÁRIO
PARTICIPAÇÕES
EXCLUSIVO FECHADO
OFF-SHORE
TOTAL GERAL
PL
65.683,15
210.323,63
455.583,77
401.953,92
850,34
499,74
181.486,72
181.220,05
53.239,72
2.371,01
56.222,31
1.310,90
60.546,97
1.671.292,21
Aplicações
Semana
Resgates
Captação líquida
Aplicações
No Ano
Resgates
Captação líquida
13.700,79
7.917,28
17.570,62
5.526,91
25,26
0,06
606,86
1.422,95
1.996,57
NB
77,85
0,00
NB
48.845,16
10.145,16
7.574,56
17.775,70
5.101,74
8,49
0,06
809,55
538,54
1.929,95
NB
0,00
0,00
NB
43.883,75
3.555,63
342,72
-205,09
425,17
16,77
0,01
-202,69
884,42
66,61
NB
77,85
0,00
NB
4.961,41
481.069,56
396.463,19
641.744,92
313.997,53
824,83
159,80
47.845,81
55.548,60
91.922,49
0,00
15.663,07
754,90
0,00
2.045.994,69
468.516,15
402.348,24
603.054,65
285.520,37
612,34
69,90
39.879,30
38.131,45
87.181,32
0,00
685,46
8,02
0,00
1.926.007,21
12.553,40
-5.885,06
38.690,27
28.477,16
212,50
89,90
7.966,51
17.417,15
4.741,17
0,00
14.977,61
746,87
0,00
119.987,48
40 Brasil Econômico Segunda-feira, 20 de dezembro, 2010
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das
Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000
Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected]
É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A.
ÚLTIMA HORA
Fundos do Panamericano têm resgate
de R$ 553 milhões em novembro
Arnaldo Comin
[email protected]
Editor Executivo
Adriano Machado-bloomberg
Os dois fundos de investimento em direitos creditórios
(FIDCs) do Panamericano sofreram resgates de R$ 552,7
milhões no mês de novembro, conforme balancete mensal
enviado à Comissão de Valores Mobiliários. Nos dois veículos de investimento, houve debandada de 218 cotistas.
O Master Panamericano FIDC CDC Veículos teve resgates
de R$ 450,03 milhões e o patrimônio líquido encolheu de
R$ 2,18 bilhões em outubro para R$ 1,94 bilhão em novembro. O número de cotistas seniores caiu de 399 para
270. O Autoban FIDC CDC Veículos teve resgates de R$
102,7 milhões, ficando com patrimônio líquido de R$
446,5 milhões e 94 cotistas, ante 183 no mês anterior. A
agência de classificação de risco Austin Ratings publicou
relatório com rebaixamento da nota dos fundos de AA+
para A+ há uma semana, considerando justamente que os
veículos podem sofrer um aumento nos resgates e que os
vencimentos dos créditos de lastro dos FIDCs podem não
ser suficientes para honrar todos os pedidos de saques em
caso de aumento dessa demanda. A continuidade de resgates sinaliza a insegurança dos investidores em relação à
estabilidade dos fundos e seu administrador, mesmo após
Vinte anos de Mercosul
e muito ainda por fazer
o conglomerado do empresário Silvio Santos ter recebido
aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito,
no início de novembro. A Polícia Federal abriu investigações sobre a diretoria do Panamericano e cumpriu nove
mandados de busca e apreensão na casa de executivos do
banco, emitidos pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Maria Luíza Filgueiras
Matthew Staver/Bloomberg
ONU avalia crise entre
as duas Coreias
Otimismo para dados
de consumo dos EUA
Os dados sobre os gastos em novembro dos consumidores
e empresas americanas registram sinais positivos. Economistas estimam que as compras de imóveis cresceram
0,5%. Os dados oficiais serão divulgados no dia 23 pelo
Departamento de Comércio. No mesmo dia, o órgão governamental deve anunciar alta de 2% na demanda por
bens duráveis, excluindo automóveis e aviões. Bloomberg
O conselho de segurança da ONU fez uma reunião neste
domingo, em Nova York, para avaliar a escalada de tensões
entre as duas Coreias. A Coreia do Sul informou que seguirá
adiante com os exercícios com disparos reais, perto da ilha
Yeonpyeong, na disputada fronteira marítima, assim que
melhorarem as condições meteorológicas. A Coreia do
Norte, que bombardeou a ilha no mês passado, matando
Jorge Silva/Reuters
quatro pessoas, alertou
para um “desastre” caso
as intenções sul-coreanas prossigam. A Rússia,
que solicitou a reunião
de emergência, quer que
o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon,
mande um enviado especial para os dois países
para buscar “medidas
urgentes” que detenham
a crise. AFP
Giuseppe Aresu/Bloomberg
Morre Schioppa, criador do euro
O ex-ministro italiano da economia, Tommaso Padoa Schioppa, considerado
um dos pais do euro, morreu aos 70 anos de parada cardíaca. Ele participava de
um jantar em um palácio do centro histórico de Roma neste final de semana,
quando passou mal. Nos últimos meses, o economista assessorou o governo
grego, além de integrar o conselho de administração do grupo Fiat. Agências
Sem a mesma urgência para enterrar as diferenças de
um continente arruinado pela guerra, como a União
Europeia, o Mercosul completará duas décadas em
março de 2011 ainda distante de solucionar questões
cruciais, não só econômicas, mas de integração efetiva dos residentes e instituições do bloco. Celebrada
pelos diplomatas, a cúpula realizada em Foz do Iguaçu na semana passada apontou caminhos importantes para a harmonização de tarifas e garantias aos investidores de que empreendimentos feitos por empresas sediadas na região não serão prejudicados por
arbitrariedades do governo de plantão nos estados
membros. Contudo, as negociações na Tríplice Fronteira de Brasil, Paraguai e Argentina bateram na
mesma tecla: querelas sobre taxas de importação e
proteção à concorrência junto aos próprios sócios.
A exemplo da Europa, o bloco deve
investir em fundos de coesão para
reduzir assimetrias não de países,
mas de regiões menos assistidas
É fato que o Mercosul já avançou em questões relevantes, como a livre circulação de pessoas, capital
e trabalhadores. Depois do passaporte comum, falase em integrar até a emissão de registro de veículos.
Mas o maior impulso ao Mercosul, o desenvolvimento, permanece um objetivo distante. Com parcos
US$ 100 milhões anuais, o fundo de convergência do
bloco (Focem), basicamente bancado pelo Brasil,
pouco pode fazer para integrar os países em itens essenciais como energia, estradas e telecomunicações.
No momento em que o Velho Continente expia os
erros cometidos com a moeda comum, o Mercosul deveria se inspirar em práticas inovadoras aplicadas pelos
europeus. Uma delas foi a criação de fundos de coesão
para reduzir disparidades entre os parceiros. Se em determinada área, como educação ou saúde, a nota média é 5, caberá aos sócios discutirem em conjunto as
metas para melhorar os índices das regiões — e não os
países — mais atrasadas. Isso valeria para comunidades
carentes na Amazônia brasileira ou no altiplano da Bolívia. Com esse princípio, o eixo da discussão sai da assimetria entre estados e migra para o que deveria ser o
real motivo de existência do bloco: como melhorar a
vida de todos os cidadãos do Mercosul. ■
www.brasileconomico.com.br
DESTAQUE
MAIS LIDAS DO FINAL DE SEMANA
“Se Espanha cair, muito mais gente vai sentir”
●
Ibovespa tem tendência de alta, apesar do volume
O economista argentino Osvaldo Cado recomenda
uma política fiscal em que a Europa faria uma emissão
de euros e os países do bloco se comprometeriam
a emprestar dinheiro aos que precisam reestruturar
suas dívidas. O problema é a Alemanha. “As pessoas lá
veem isso como ‘ajudar quem fez tudo errado’”, opina.
●
LLX obtém aprovação para unidade no Porto do Açu
●
Moody’s corta avaliação da Irlanda para “Baa1”
●
Taxa de desemprego recua para 5,7% em novembro
●
GVT quer atuar como operadora móvel virtual
Acompanhe em tempo real
www.brasileconomico.com.br
Leia versão completa em
www.brasileconomico.com.br
ENQUETE
Você investiria
em um título
global que
tivesse como
objetivo
melhorar
a educação
nos países?
Não
30%
Sim
70%
Fonte: BrasilEconomico.com.br
Vote em
www.brasileconomico.com.br
Download

BrECO_332 (SEGUNDA) : Plano 40 : 1