Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco Fernando Machado Carboni Dra. Odete Maria de Oliveira Copyright © 2000 LINJUR. Reprodução e distribuição autorizados desde que mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito dos autores Área livre de armas nucleares • Para o mundo ficar totalmente livre das armas nucleares é preciso começar com pequenas regiões do globo • Polônia começou com esta idéia, quando em 57 quis livrar os países da Europa central da ameaça nuclear Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 2 Área livre de armas nucleares • Outros tratados da época foram – da Antártida, 1959 – para exploração e o uso do espaço cósmico, a Lua e corpos celestes, 1967 – proibindo a colocação de armas nucleares nos fundos marinhos, 1971 – de Tlatelolco, 1967 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 3 Área livre de armas nucleares • Com relação a estas áreas, os países nucleares tem que tomar algumas providências como – restrito respeito ao status de área livre de armas nucleares – abster-se de usar suas armas nos países desta área Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 4 Tratado da Antártida • Concluído em dezembro de 1959 • Primeiro acordo internacional a criar uma área desnuclearizada • Doze Estados entraram inicialmente, depois outros países foram aderindo Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 5 Tratado da Antártida • Tem quatorze artigos • Primeiro – proíbe toda medida de caráter militar • O quinto – proíbe as explosões nucleares e depósito de material radioativo • Sempre foi obedecido por todos Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 6 Tratado dos Fundos Marinhos • Em 67 Malta fez à proposta para a ONU de reservar os fundos dos mares para o uso pacífico • Foi firmado para os Estados partes não usarem nenhuma arma nuclear no fundo dos mares • Feito em 11 de fevereiro de 1971 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 7 Tratado da Lua • Da exploração e uso do espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes • Proíbe as instalações militares no espaço cósmico • Os Estados membros comprometeram-se em não colocar em órbita qualquer objeto portador de armas nucleares Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 8 Propostas de áreas desnuclearizadas • Há muitas propostas para a criação de áreas livres de armas nucleares • Entre as principais destacam-se a África, Bálcãs, Europa Central, Mediterrâneo, Oriente Médio, Norte da Europa Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 9 Histórico do Tratado de Tlatelolco • Em 63, foi assinada a declaração dos presidentes do Brasil, Bolívia, Chile, Equador e México • Os países comprometeram-se em não fabricar, receber, armazenar nem ensaiar armas nucleares • A XVIII Assembléia Geral da ONU, em 63, fixou medidas de desnuclearização da América Latina Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 10 Histórico do Tratado de Tlatelolco • Primeira reunião no México, com 17 países • Foi feita a Comissão Preparatória para a Desnuclearização da América Latina (COPREDAL) • A COPREDAL deveria fazer o anteprojeto para desnuclearizar a América Latina Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 11 Histórico do Tratado de Tlatelolco • A COPREDAL fez o Tratado para a Proscrição das Armas Nucleares na América Latina em 14 de fevereiro de 1967 • É conhecido como Tratado de Tlatelolco, nome do bairro na Cidade do México onde fica a Chancelaria mexicana Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 12 Objetivos do Tratado • É criar uma área desnuclearizada, sem que nenhum país tenha arma nuclear e nenhum outro país use suas armas aqui • Isso impede que os países latino americanos desperdicem seus limitados recursos em armas nucleares Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 13 Composição do Tratado • É formado por 31 artigos, um transitório e dois protocolos adicionais • O artigo primeiro afirma que – os países usarão somente para fins pacíficos o material e as instalações nucleares Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 14 Composição do Tratado • Os latino-americanos proibiram o recebimento, armazenamento, instalação, colocação ou posse de armas nucleares • O artigo quinto faz a definição de arma nuclear Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 15 OPANAL • Agência para Proscrição de Armas Nucleares na América Latina • Objetivo de assegurar o cumprimento das obrigações estipuladas no Tratado • Possui uma Conferência Geral, um Conselho e uma secretaria Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 16 Protocolos • Há dois protocolos referentes às recomendações da Assembléia Geral das Nações Unidas • O protocolo I obriga os países latino americanos a cumprir o estatuto • No protocolo II, os países com tecnologia nuclear ficam proibidos de usar suas armas na América Latina Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 17 Outras características • Antes do Tratado, uma parte da América Latina já era desnuclearizada, o Canal do Panamá • O Tratado não está sujeito a reservas • Foi escrito em várias línguas, entre elas o português e pode ser denunciado Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 18 polêmica do artigo 18 • Este é o artigo mais polêmico do Tratado de Tlatelolco • Permite as explosões nucleares para fins pacíficos • O problema é que a tecnologia de um artefato para uso bélico e para uso pacífico é a mesma Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 19 polêmica do artigo 18 • A condição é que as explosões sejam comunicadas à Agência Internacional de Energia Atômica com antecedência • Este artigo foi muito criticado especialmente por EUA e URSS • Até hoje este artigo gera problemas Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 20 Segredo da bomba • Depois das explosões de Hiroshima e Nagasáqui, os americanos preocuparam-se em manter em segredo a tecnologia nuclear • Essa tecnologia foi desenvolvida por centenas de homens, tornando difícil seu segredo • Cada descoberta nova era freqüentemente publicado em revistas científicas Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 21 Fontes minerais • Como não podiam manter o segredo, os EUA decidiram controlar a jazidas • Eles controlavam as jazidas no Canadá e Congo-Belga, mas não as da América Central e do Sul • Para dominar essa jazidas e manter para si o monopólio, os EUA realizaram a Conferência de Chapultepec Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 22 Comissão • Os EUA criaram uma comissão para definir a política norte-americana em relação à armas nucleares • Decidiram criar um órgão para controlar a produção e uso de energia nuclear • A justificativa era que a bomba não poderia ser entregue ao “mundo sem lei” Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 23 Planos • Os EUA criaram o Plano Baruch, onde foi feita a Autoridade de Desenvolvimento Atômico. Foi vetado por muitos países • Cinco dias depois, a URSS criou o plano Gromyko, para destruir todas as bombas atômicas. Também falhou • Os EUA fizeram a lei McMahon, criando a Comissão de Energia Atômica (CEA) Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 24 Bomba soviética • A CEA funcionou por três anos, até que a URSS explode sua bomba em 1949 • Acaba o monopólio nuclear e começa a corrida atômica Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 25 Oligopólio • Após ter a sua bomba, a URSS também começou a combater a ploriferação de armas nucleares • Outros países entraram no Clube Atômico, como a Grã-Bretanha - 1952, França - 1960 e a China - 1964 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 26 AIEA • Em 53 foi criada a Agência Internacional de Energia Atômica • A URSS não concordou com a criação da AIEA • Em 1957 ela foi oficializada com sede em Viena • Com essa agência, os países nucleares controlam os não nucleares Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 27 Projeto Plowshare • Com este plano, os EUA poderiam usar as explosões nucleares para projetos de engenharia • Em 1966, foram gastos 45 bilhões em projetos do programa Plowshare • Muitos contestam a verdadeira finalidade deste projeto Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 28 Tratado de Moscou • Feito em 1963, proibindo experiências com armas nucleares na Atmosfera, Espaço Cósmico e sob a Água • Não ficam proibidas as experiências subterrâneas, muito mais caras e complexas • Muitos países não aderiram ao Tratado. O Brasil assinou em Londres e Washington, em 1963 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 29 Tratado de Tlatelolco e o monopólio • Em seu preâmbulo, está escrito que sua função é proteger a América Latina da ameaça nuclear • Muitos dizem que a verdadeira função é evitar que os latino-americanos possuam a bomba • Foi mais um tratado para manter o monopólio dos países nucleares Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 30 Tratado de Tlatelolco e o monopólio • Mesmo com todas as bombas destruídas, o conhecimento levará à fabricação de novas bombas • A única maneira de acabar com a ameaça nuclear seria acabando com as guerras, coisa impossível Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 31 Tratado de Tlatelolco e o monopólio • Em caso de uma guerra, será que os países nucleares hesitarão em usar as suas armas aqui • O Tratado será útil se não houver guerra. Evitá-la é outro problema. Mário Pessoa • Como o autor anterior, muitos outros autores acham que os países nucleares não hesitarão em caso de guerra Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 32 Útil ou inútil • O Tratado foi sim uma maneira dos países nucleares manterem para si o monopólio • Mas é útil enquanto evite ou até adie uma competição por armamentos nucleares • Fundou-se o primeiro clube não nuclear Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 33 Posição do Brasil • A proposta a desnuclearização da América Latina foi do embaixador brasileiro Afonso Arinos de Mello Franco • Foi da delegação brasileira o Anteprojeto do Tratado de Tlatelolco • O Brasil assinou e ratificou no mesmo ano em que o Tratado foi concluído, pelo Decreto-legislativo 50, de 30/11/67 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 34 Posição do Brasil • Mesmo assinado e ratificado, o Brasil não pôs em prática, pois tentava construir seu artefato nuclear • O mesmo ocorria com a Argentina, pois ambos queriam a arma • Mas o Brasil se rende ao Tratado, promulgado pelo Decreto 1246 de 16/09/94, publicado em 19/09/94 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 35 Brasil-Argentina • Em 1990, Brasil e Argentina fazem a Declaração de Fiscalização Mútua, concordando em por em prática o Tlatelolco • Brasil e Argentina concordaram em usar a energia nuclear para fins de propulsão de submarinos atômicos • O ingresso da Argentina ao Tratado ocorreu após a modificação de algumas cláusulas Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 36 Brasil-Argentina • No começo de 1994, Argentina e Chile tornam-se membros do Tratado. Depois Brasil e Cuba • Hoje todos os países latino americanos fazem parte do Tratado de Tlatelolco Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 37 Informações Gerais Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Jurídicas Departamento de Direito Disciplina: Informática Jurídica Professor: Dr. Aires José Rover Acadêmico: Fernando Machado Carboni Florianópolis (SC), junho de 2000 Monopólio das armas nucleares e o Tratado de Tlatelolco 38