ROMA parece estar a ser reeditado. O governo quiz que se discutisse, tão rapidamente, a desmilitarização do partido Renamo. Este responde com um vasto ‘dossier’ já discutido antes do acordo de Roma. Isto promete um debate não apenas animado, como essencialmente sem fim à vista, ao contrário das projecções desenhadas pelo governo que estava à espera de uma desmilitarização imediata por parte da Renamo. Continua na Página 3 Força Madiba Expresso Mais Justo. Mais Simples diário electrónico Registo: 002/GABINFO-DE/99 – distribuição restrita, por assinatura Zona Verde Q.27 Nr 1509 - Cell: 824124150 - [email protected] Editor/proprietário: Salvador Raimundo Honwana - 822161930 - [email protected] Moçambique, Matola, sexta-feira, 20.09.13 Nr.3336 - ANO XVI BOM DIA Dhlakama finca-pé O antigo líder guerrilheiro insiste estar disposto a se encontrar com o presidente Armando Guebuza, em Maputo, mas é preciso que, primeiro, a polícia e a tropa que cercam a sua antiga base sejam retirados. De contrário, Afonso Dhlakama não vai a lado nenhum. SANTUNDJIRA – O presidente da Renamo falava momentos depois de anunciar a equipe que irá preparar o encontro com Armando Guebuza, ainda sob o manto de incertezas, precisamente porque a cúpula do partido pretende acabar com o cerco à sua antiga base. A referida equipe, chefiada por Momad Ossufo [agora chefia o Departamento de Segurança da Renamo], que já foi secretário-geral da Renamo e que será assessorada por um jurista, vai tratar de matérias relacionadas com a defesa e segurança. Um tema, de resto, que promete muito debate, e que o governo pretende ver a Renamo desmilitarizada, ideia que a comissão negocial chefiada por Saimone Macuiana, tem vindo a adiar sucessivamente, por entender que ainda nem sequer foram esgotados os outros pontos da agenda. Um dos principais da Renamo, no encontro entre Dhlakama e Guebuza, é a partidarização das forças de segurança e defesa. A comissão esta se- mana criada, é, desse modo, composta por seis antigos guerrilheiros e um jurista para discutir com o Governo assuntos ligados à defesa e segurança. Os outros membros são Mandava Meque, José Manuel, António Muzorewa, Raimundo Taio e Renato Martins. O grupo será assistido juridicaContinua na 2 Vodacom trás Earl Klugh MAPUTO – Na esteira dos 10 anos da entrada da marca Vodacom em território moçambicano, a operadora está a patrocinar a vinda do músico norte-americano, Earl Klugh, que deverá participar num concerto na cidade de Maputo, no dia 24 de Setembro. Em comunicado a nós enviado, a Vodacom destaca o facto de Earl ser o cartaz do concerto, onde ainda é convidado o moçambicano Timóteo Cuche. Éis o comunicado, na íntegra: “No âmbito das comemorações do seu 10º aniversário, a Operadora número 1 em Moçambique patrocina mais um espectáculo. Earl Klugh é a figura de cartaz. No próximo dia 24 de Setembro, a Vodacom irá oferecer o concerto do guitarrista Earl Klugh acompanhado pela sua banda. Este espectáculo, inserido num leque de eventos denominado Moments of Jazz, em que desfilarão durante os próximos meses grandes nomes do Jazz Internacional e Nacional, terá lugar no Centro Cultural Universitário da UEM, pelas 20h00, e promete ser mais um evento memorável. O guitarrista e compositor Earl Klugh nasceu a 16 de setembro de 1954, em Detroit, e é uma das maiores figuras do jazz internacional. O artista tem uma extensa lista de êxitos e conta já com mais de 30 álbuns editados, tendo cinco deles chegado à primeira posição do top da Billboard. A sua identidade musical é caracterizada pela simbiose do jazz, pop e blues, tendo como resultado final uma mistura contemporânea, doce e original. “Associar à Vodacom artistas internacionalmente reconhecidos é mais uma forma de estarmos perto de todos os moçambicanos, reforçando o contínuo investimento na satisfação da nossa comunidade e oferecendo o Tudo de Bom que existe na área do entretenimento. O Como disse? Um colega que vai à reforma, mas até hoje tem a categoria de estagiário – Adolfo Baú expresso sexta-feira - 20.09.13 concerto de Earl Klugh é mais uma prova disso. Queremos proporcionar um momento inesquecível a todos os que durante estes 10 anos têm confiado em nós”, sublinhou Junaid Munshi, Director de Marketing da Vodacom. A acompanhar o artista durante parte do espectáculo estará também o saxofonista Timóteo Cuche. Este é um jovem Moçambicano bastante promissor que esta a conquistar a sua posição entre a elite da música nacional. Entre muitos outros projectos, Timóteo lançou recentemente um novo conceito de entretenimento musical que promete revolucionar a diversão nocturna em Moçambique: o The Sax Beat Party. Juntamente com outros músicos locais, Timóteo mistura a música electrónica com as melodias produzidas pelo saxofone e pelos instru- mentos de percussão num conceito que tem feito muito sucesso. Recentemente, Earl Klugh lançou um álbum a solo produzido por si e intitulado Hand Picked. Neste trabalho, o guitarrista conta com a colaboração de alguns convidados especiais, tais como Bill Frisell, Vince Gill e Jake Shimabukuro. Certamente que no concerto irá tocar alguns dos temas deste novo álbum”. redacção Afonso Dhlakama mente por Ezequiel Gusse. O líder da Renamo diz que a maior preocupação do partido é encontrar soluções concretas e definitivas para pôr termo ao ambiente de instabilidade no país. Dhlakama explica que a sua equipa não irá substituir a delegação que tem mantido encontros com o Governo, afirmando que tratarão apenas de assuntos ligados à defesa e segurança, com vista a simplificar o encontro com o Presidente da República. “Os moçambicanos não podem continuar reféns de dois partidos políticos, nomeadamente a Frelimo e a Renamo. O país está a viver momentos conturbados desde princípios de Abril, facto que está a contribuir para retardar a nossa economia, contribuindo, assim, para perpetuar ainda mais o sofrimento dos moçambicanos. Eu, Afonso Dhlakama, já disse e volto a dizer que estou disposto a um diálogo frontal com o Presidente da República, seja onde for, para ultrapassarmos esta crise o mais rápido possível”. Dhlakama quer que no encontro entre os especialistas militares do Governo e do seu partido seja clarificada qual é a função das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, da Força de Intervenção Rápida (FIR) e da Polícia da República de Moçambique (PRM). “O governo de Guebuza terá de explicar claramente quem faz o quê, ou seja, qual é a função de cada uma destas forças. Os moçambicanos não podem continuar a pagar impostos para alimentar supostas forças de segurança e de manutenção da ordem quando estas mesmas forças são as primeiras a criar instabilidade no país; quando estas forças maltratam os moçambicanos para satisfazer as vontades de um grupo de pessoas, neste caso a Frelimo. A FIR, por exemplo, foi criada ilegalmente. Precisamos pôr termo a esta ilegalidade e garantir que a PRM e as FADM garantam a segurança de Estado e não dos ´camaradas´. É isto que pretendemos discutir com Guebuza...”, Dhlakama. red edição nr. 3336 - Pág2/4 Utilidade pública Corpo de Salvação Pública Socorro............... 82198 Geral.................. 21322222 21322334 Polícia....................199 Polícia–Maputo..21622001 21625031 21327206 Matola-Sala de Operações 21752854 1a Esquadra...........21723443 3a Esquadra...........21752607 4a Esquadra...........21752313 5a Esquadra............21752444 6a Esquadra............21752222 Socorro 197 Ambulância da Polícia 21622001 21625001 Cruz Vermelha....21629554 Hospitais Central-Banco de Socorros 21620448 Serviço Geral 21620457 Chamanculo 21620094 21600086 Militar 21616825/8 Psiquiátrico 21670623 José Macamo 21600044 21600045 Geral Mavalane 21675167 2166003 21660034 21660204 Caminhos de Ferro Linha Verde 308855 Aeroporto Maputo LAM 465026 TAP 465065/3 OIT garante protecção de moçambicanos MAPUTO - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai garantir a protecção dos trabalhadores moçambicanos no estrangeiro, através da fiscalização das condições em que laboram, anunciou ontem em Maputo o Ministério do Trabalho. O compromisso da OIT de garantir a defesa dos moçambicanos que traba- lham no estrangeiro faz parte de um acordo que a organização vai assinar hoje em Maputo com o Ministério do Trabalho. "O Memorando prevê que as partes deverão envidar esforços conjuntos, tendo em vista a colocação de trabalhadores moçambicanos no exterior, em particular, a nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)", refere um comunicado de imprensa do Ministério do Trabalho. O acordo preconiza igualmente o apoio a moçambicanos com dificuldades de inserção no mercado de trabalho no estrangeiro, acrescenta a nota de imprensa das autoridades laborais moçambicanas. Pela parte do Governo moçambicano, o entendimento será rubricado pela ministra do Trabalho, Helena Taipo, enquanto pela OIT será rubricado pelo representante-residente em Maputo, Stewart Simpson. red Expresso diário electrónico 16 anos consigo expresso sexta-feira - 20.09.13 edição nr. 3336 - Pág 3/4 Roma interno em perspectiva COMO que imitando o governo, que na semana passada justificou a sua ausência ao habitual encontro das segundas com a Renamo, o partido de Dhlakama fez o mesmo na última segunda-feira, sugerindo o adiamento por motivos de… agenda. E percebeu-se claramente o que a Renamo pretendia com este adiamento. Criar uma comissão especializada em assuntos de defesa e segurança, competente para um frente-a-frente com a contra-parte governamental. Ao que tudo indica, o governo também estava a preparar-se para isso mesmo, na antepenúltima segunda-feira, quando alegou questões de agenda para adiar o encontro semanal. Um dado claríssimo de que as partes têm a inteligência operacional e bem activa, como nos tempos de guerra civil. Em termos concretos, o que as partes irão discutir em tais encontros? O governo pretende um partido Renamo desmilitarizado, já. E pode argumentar que, entanto que partido político, a Renamo não tem que andar armado. Blá, blá, blá… A Renamo é que não dá uma resposta directa. Prefere recuar no tempo em que bateu com o pé contra a criação da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), agora FIR, entendendo tratar-se de uma ilegalidade, pois tratou-se de uma transferência automática de militares das Forças Armadas de Moçambique (FAM’s), extintas no âmbito de Roma, em vez de serem desmobilizados e de integrarem o novo exército nacional. Afonso Dhlakama, em pessoa, sempre esteve contra a PIR, agora FIR. E Armando Guebuza sabe disso. Aliás, Guebuza foi peça fundamental nas negociações que antecederam o Acordo Geral de Paz assinado em Roma, no dia 4 de Outubro de 1992, tendo do outro lado, Raúl Domingos, agora supostamente fora dos quadros da Renamo. Somente nos últimos anos é que a FIR foi injectando sangue novo nas suas fileiras, mas sem que os antigos militares das FAM’s fossem desmobilizados na totalidade. A Renamo pretende esclarecimentos também sobre a funcionalidade da PRM. Muito simples: a Renamo está convencida de que a PRM está partidarizada dos pés à cabeça. Por isso, não quer lá os seus homens. Há semanas, José Pacheco (governo) defendeu que, tal como o acordo de Roma, a Renamo deve mandar os seus elementos para serem encorporados na Polícia, e avisou. Desde que os mesmos reúnam os requisitos necessários, como habilitações literárias. Ora, são muitíssimo poucos os elementos da Renamo letrados. À partida, dificuldades de integração na Polícia. Sucede que Afonso Dhlakama nunca quiz mandar os seus elementos para a PRM. Nem quiz receber o uniforme policial para que, os seus guarda-costas, trocassem o verde pelo cinzento da Polícia. Dhlakama argumenta que a PRM é partidária e mal formada, por isso é que nunca quiz lá os seus elementos. Um tema, também ele, a prometer muita animação lá dentro, como fora da sala das negociações. Não menos apaixonante é a questão das FADM. Aquí, o que mais enfurece a Renamo é o facto de ter sido aprovado um novo organigrama para o exército nacional, instrumento que levou à rua a esmagadora maioria dos militares oriundos da antiga guerrilheira, sob o argumento de que os mesmos não tinham canudo para as novas exigências da tropa, em período de paz. Afonso Dhlakama terá percebido a mensagem governamental, de tal modo que, a dado momento, lá foi dizendo que se devia atenuar um bocadinho… Durante a guerra civil, as FAM tinham mais homens (o dobro) que a guerrilha da Renamo. T inha mais meios bélicos e mais pessoal formado em diversas áreas do conhecimento militar. Só para dar um exemplo, Henrique Banze, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, saiu do exército para o governo de Chissano e de lá permanence até aos nossos dias. A Renamo não tinha homens formados e nem sequer possuia a marinha e a força aérea, por exemplo. Paradoxalmente, na formação do novo exército, o Novunga, ido da Renamo, foi parar na Marinha de Guerra como comandante. Na essência, o que leva a Renamo a incluir as FADM na mesa das discussões, é o novo organigrama para o exército nacional. E o partido entende ter sido apunhalado, baseando-se nos entendimentos de Roma. O governo diz que isso pretence ao passado; que Roma é assunto caduco. A capital moçambicana acaba, por isso, virando palco para um novo Roma. Roma interno. salvador raimundo crucial para as mães Nos primeiros 6 meses de vida do bebé, todos devemos apoiar as mães a darem só o leite do peito. O leite do peito já tem água e tudo o que o bebé precisa. MISAU sexta-feira - 20.09.13 expresso edição nr. 3336 - Pág.4/4 Bernanke surpreende toda a gente e mantém estímulos à economia WASHINGTON - A instituição precisa de mais dados para iniciar corte dos estímulos. Mercados reagem com euforia após o anúncio. Ben Bernanke parece ter ouvido a voz de Wall Street e, ao contrário de todas as expectativas, deixou inalterado o programa de compra de activos levada a cabo pela Reserva Federal (Fed). Ou seja, o sistema vai continuar a comprar no mercado activos no valor de 85 mil milhões de dólares, por mês, injectando desta forma "camiões" de dinheiro na maior economia do mundo. Os analistas eram praticamente unânimes na previsão de que Bernanke iria anunciar o princípio da retirada gradual deste programa, divergindo apenas no montante que seria cortado, desde já. A esmagadora maioria das p revisões apontava para uma descida das compras mensais num valor de entre 5 e 10 mil milhões de dólares, para testar a reacção do mercado. Surpresa do Fed entusiasma bolsas Adiamento do fim dos estímulos nos EUA sobrepõe-se ao aviso da S&P a Portugal. Lisboa avança e juros da dívida aliviam. No arranque da negociação, o índice PSI 20 subia 0,84% para 6.021,55 pontos, com 10 cotadas a acelerar mais de 1%. Lá por fora o índice alemão DAX transacciona em máximos históricos e o Euro Stoxx cota no valor mais elevado desde Maio de 2011. As bolsas seguem animadas com o anúncio de que a Reserva Federal (Fed) norteamericana não vai reduzir já os estímulos à economia. O que deixou investidores e analistas completamente surpresos, já que a maioria previa uma redução na compra de activos na ordem dos dez mil milhões de dólares por mês. Por Lisboa, Banca, Comunicações e Retalho estão a dar força ao índice, com ganhos acima de 1%. E isto apesar de ontem a agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) ter alertado que "existe um risco crescente de Portugal não reconquistar um acesso completo aos mercados no início do próximo ano e de o Governo português ter de solicitar um segundo programa oficial de apoio". Por causa disso, reforçou a ameaça de cortar o 'rating' ao país. Ainda assim, e apesar do cenário mais sombrio, na sessão de ontem, apenas a REN está a negociar no 'vermelho'. E n o mer cado secundário de dívida as ‘yields' soberanas apresentam descidas ligeiras em todas as maturidades. Fora do mercado accionista, o euro apreciava 0,16% para 1,3542 dólares, enquanto o 'Brent' , petróleo de referência na Europa, subia 0,20% para 110,82 dólares. de Berlusconi promete apoiar Letta se cumprir pacto de governo ROMA - Berlusconi afastou ontem uma nova crise política em Itália, ao prometer apoio ao Governo desde que acordo seja mantido. O antigo primeiro-ministro Sílvio Berlusconi assegurou que o seu partido, o conservador PDL, vai continuar a apoiar o Governo de coligação liderado por Enrico Letta desde que mantenha o cumprimento do acordo que levou à formação do Executivo. "Estaremos no Governo desde que leve até final as medidas e mantenha os compromissos", declarou Berlusconi, considerando que "uma crise (política) agora seria desestabilizadora e a estabilidade é um bem". As declarações de Berlusconi ajudaram a acalmar os mercados, depois de os juros associados à dívida italiana terem disparado nos últimos dias, perante a possibilidade de uma retirada de apoio a Letta fazer mergulhar Itália numa nova crise política. O antigo líder, que está na iminência de ter de abandonar o Parlamento devido a problemas com a justiça, acrescentou que nos próximos dias membros do seu partido vão reunir-se para abordar as decisões a tomar "para o bem do país". Berlusconi falava aos jornalistas após a inauguração da sede do seu novo partido, Forza Italia, em Roma. A festa continua NOVA IORQUE - O diamento surpreendente do início do fim dos estímulos continua a alimentar a pressão compradora em Wall Street. O cenário herdado era bom - o Fed decidiu adiar um primeiro corte no ‘quantitative easing' -, e ficou melhor ao início da tarde, com o Departamento do Trabalho a anunciar que os pedidos iniciais de subsídio de desemprego subiram menos do que o esperado na semana passada. Os dois efeitos resultaram num novo recorde histórico no índice S&P 500, que abriu a subir 0,2% para os 1.729,13 pontos. Dow Jones (0,11%) e Nasdaq (0,37%) também arrancaram em alta, numa sessão que as acções europeias transaccionam em máximos de cinco anos. O optimismo está também patente no mercado de dívida, com as ‘yields' soberanas a aliviar tanto na Europa como nos EUA. de