AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE MULHERES SEDENTÁRIAS INICIANTES
DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA
Fernando Pereira de Morais
Maurício Teodoro de Souza
Resumo
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que doenças crônico-degenerativas
e
limitações
morfofuncionais
não
são
conseqüências
inevitáveis
do
envelhecimento, mas sim, variáveis que dependem do acesso que as pessoas
possuem aos serviços preventivos, que orientam para a redução dos fatores de
risco e levam à adoção de hábitos de vida saudáveis. Sendo assim, o objetivo
deste estudo foi realizar um diagnóstico da condição antropométrica e de
aptidão física de mulheres sedentárias iniciantes de um programa de atividade
física voltado para o bem estar e qualidade de vida. Para tanto foram avaliadas
36 mulheres divididas em três grupos etários: 28 a 39 anos (G1) (n = 16; 34,2 ±
3,3), 40 a 49 anos (G2) (n = 9; 43 ± 3,3) e mais de 50 anos (G3) (n= 11; 58,7 ±
3,6). As medidas e testes utilizados seguiram o protocolo proposto por Matsudo
(2005) e tiveram o propósito de avaliar as características antropométricas
(peso, altura, IMC e circunferência abdominal) e aptidão física (flexão de
cotovelo, teste de levantar da cadeira em 30 segundos e caminhada). Os
resultados apresentados indicaram para um quadro de sobrepeso e obesidade
por meio do IMC e um valor de circunferência abdominal que indica alto risco
coronariano. Os valores de aptidão física indicaram um baixo condicionamento
físico, fato que pode estar dificultando a realização de algumas das atividades
da vida diária.
Palavras Chave: Envelhecimento; Atividade Física e Saúde; Aptidão Física.
Introdução
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que doenças crônico-degenerativas
e
limitações
morfofuncionais
não
são
conseqüências
inevitáveis
do
envelhecimento, mas sim, variáveis que dependem do acesso que as pessoas
possuem aos serviços preventivos, que orientam para a redução dos fatores de
risco e levam à adoção de hábitos de vida saudáveis. Estes fatores dependem
igualmente da visão de mundo de cada Sociedade, bem como da condição
socioeconômica de cada pessoa (BORGES; BENEDETTI; FARIAS, 2011;
HALLAL; KNUTH, 2011; COSTA; ASSIS; SANTANA; DIAS; PINHEIRO &
SANTOS, 2009; IBGE, 2009; MELO; GIAVONI, 2004; PITANGA, 2002;
ARAUJO; ARAUJO, 2000).
Diversos estudos realizados na última década têm apontando a atividade física
como meio de promoção da saúde, sendo numerosos os trabalhos que
consistentemente tem demonstrado que altos níveis de atividade física ou de
aptidão física estão associados à diminuição do risco de se desenvolver
doenças crônico-degenerativas como a doença arterial coronariana, diabetes,
hipertensão e osteoporose. Atividade física e aptidão física são variáveis
distintas, porém estão inter-relacionadas. A atividade física é uma opção
comportamental, enquanto que a aptidão física é parcialmente determinada por
fatores genéticos, sendo que atividade física regular pode melhorar e promover
a aptidão física, além de beneficiar a pessoa nos campos psicológico e social,
sendo muitas vezes utilizado como estratégia de prevenção e/ou tratamento
em alguns casos (BORGES; BENEDETTI; FARIAS, 2011; HALLAL; KNUTH,
2011; COSTA; ASSIS; SANTANA; DIAS; PINHEIRO & SANTOS, 2009;
MATSUDO; MATSUDO, 2006; MELO; GIAVONI, 2004; PITANGA, 2002;
ARAUJO; ARAUJO, 2000).
Diante do quadro exposto o objetivo deste estudo foi realizar um diagnóstico da
condição antropométrica e de aptidão física de mulheres sedentárias iniciantes
de um programa de atividade física voltado para o bem estar e qualidade de
vida.
Metodologia
Este estudo caracteriza-se como descritivo do tipo comparativo, pois tem como
objetivo a descrição das características de determinada população ou
fenômeno ou de estabelecer as relações entre variáveis (THOMAS; NELSON;
SILVERMAN, 2008).
Amostra
A população do estudo foi composta por 36 mulheres sedentárias com idade
entre 28 a 65 anos iniciantes de um programa de atividade física voltado para a
promoção da saúde e qualidade de vida oferecida pelo Instituto Plataforma
Brasil - IPB em parceria com a Cruyff Foundation e a Prefeitura do Município de
São Paulo – PMSP no CDC Flor da Mocidade do Burgo Paulista para a
população de baixa renda da região de Ermelino Matarazzo na Zona Leste, os
dados foram coletados no período de Maio a Outubro de 2011.
Procedimentos para a coleta dos dados
Inicialmente as participantes foram submetidas a um questionário com
perguntas sobre uso de medicamento, problemas de saúde crônicos,
procedimentos cirúrgicos recentes e avaliação de medidas antropométricas
(peso, estatura e circunferência abdominal), neuromotoras (força muscular de
membros superiores e inferiores) e metabólica (potência aeróbia).
Antropometria
O peso corporal foi mensurado em uma balança de plataforma digital, da marca
Plenna, com precisão de 0,1 kg, e a estatura em um estadiômetro metálico da
marca Sanny com precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos
descritos por França e Vívolo (1995) apud. Matsudo (2005). O índice de massa
corporal (IMC) foi determinado pelo quociente do peso corporal/estatura2,
sendo o peso corporal expresso em quilogramas e a estatura em metros.
A medida de circunferência abdominal foi realizada por meio de uma fita
métrica flexível e inelástica, com precisão de 0,1 cm. A circunferência
abdominal foi determinada como o ponto de maior distensão anterior do
abdômen em um plano horizontal (normalmente encontra-se na região próxima
a altura do umbigo). A medida foi coletada ao final de uma expiração normal
com aproximação para o milímetro (0,1 cm) mais próximo, conforme a
descrição de Lohman (1996) apud. Matsudo (2005).
Neuromotores
Como indicadores de resistência/força muscular localizada de membros
superiores e inferiores, foram utilizados os testes de flexão de cotovelo e
levantar da cadeira.
O teste de flexão de cotovelo que consiste em posicionar o avaliado sentado
em uma cadeira com as costas retas no encosto e pés totalmente apoiados no
solo, com o lado dominante do corpo próximo a extremidade lateral da cadeira.
O avaliado deve segurar o peso de 2 kg para mulheres e 4 kg para homens
com a mão dominante fechada. O teste é iniciado com o braço estendido para
baixo ao lado da cadeira, estando perpendicular ao solo. Ao sinal de comando
o avaliado deve virar a palma da mão para cima flexionando o cotovelo, até
completar totalmente o arco de movimento, voltando depois a posição inicial
como o cotovelo totalmente estendido.
O teste de levantar da cadeira inicia-se com o avaliado sentado no centro da
cadeira, com as costas retas e pés apoiados no solo. Os braços devem ficar
cruzados contra o tórax. Ao sinal de comando o avaliado se levanta, ficando
totalmente em pé e então retorna a posição inicial completamente sentado.
Em ambos os testes registra-se o número máximo de repetições executadas de
forma correta durante o tempo de 30 segundos conforme os procedimentos
descritos por Rikli e Jones (1999) apud. Matsudo (2005).
Metabólico
O teste de caminhada de 6 minutos foi adotado para apontar de forma indireta
a potência aeróbia das participantes, registrando-se a distância percorrida em
metros durante o tempo de 6 minutos em um percurso de 45,72 metros com 10
intervalos demarcados entre os seguimentos de 4,57 metros. Conforme os
procedimentos descritos por Rikli e Jones (1998) apud. Matsudo (2005).
Análise de dados
Para a análise estatística as participantes foram dividas em três grupos etários:
28 a 39 anos (G1) (n = 16; 34,2 ± 3,3), 40 a 49 anos (G2) (n = 9; 43 ± 3,3) e
mais de 50 anos (G3) (n= 11; 58,7 ± 3,6). Adotamos como critério de análise,
medidas aritméticas (média, desvio padrão e percentagem) e Anova para
variáveis independentes, o teste de post hoc de Scheffé foi utilizado para
localizar possíveis diferenças entre os grupos. Foi pré-fixado para a análise o
nível de significância para rejeição da hipótese de nulidade em p<0,05.
Resultados e Discussão
A tabela 1 apresenta a comparação dos resultados das variáveis analisadas,
de
acordo
com
a
faixa
etária.
Não
foram
observadas
diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos com o avançar da idade, porém
do ponto de vista voltado para a saúde e qualidade de vida os resultados
tornam-se alarmantes.
A Fc repouso do G3 foi mais baixa em comparação ao G1 15,3% e 8,6% em
relação ao G2. O G2 também apresentou uma Fc repouso mais baixa 7,3% em
comparação ao G1, porém essa diferença pode ser explicada, pelo fato de
grande parte das integrantes do G3 e algumas integrantes do G2 usarem
medicamentos para o controle da pressão arterial, conforme verificado no
questionário de anamnese. De modo geral, os valores da Fc repouso dos
grupos encontram-se acima dos valores médios populacionais (60-70
batimentos por minuto). Essa Frequência Cardíaca de repouso elevada pode
ser um reflexo decorrente do sobrepeso conforme verificado pelo IMC,
associado à baixa aptidão física.
O peso corporal dos grupos aumentou de forma gradativa com o avanço das
faixas etárias. O G1 apresentou o IMC 8,4% menor em comparação ao G2 e
11,8% menor em relação ao G3. O G2 apresentou IMC 3,7% menor em
comparação ao G3.
Segundo os critérios da OMS (2004), os resultados indicam um quadro de préobesidade para o G1 e obesidade classe I para o G2 e G3, este fator aumenta
substancialmente o risco de se desenvolver doenças coronárias, diabetes,
além de problemas posturais e osteoarticulares.
A circunferência abdominal seguiu a mesma tendência de aumento gradativo
com o avançar das faixas etárias. O G1 apresentou uma circunferência
abdominal 4,9% menor em comparação ao G2 e 6,5% menor em relação ao
G3. O G2 apresentou uma circunferência abdominal 1,6% menor em
comparação ao G3. Segundo os critérios de Lohman et. al. (1998) apud.
Matsudo (2005), os resultados apontam para o risco muito alto de se
desenvolver doença coronariana reforçando o fator de risco indicado por meio
do IMC, esses dados corroboram com o estudo de Dias et. al. (2008) que
investigaram as diferenças nos níveis de aptidão física relacionada à saúde em
homens e mulheres de diferentes faixas etárias não-praticantes de exercícios
físicos regulares, separados de acordo com o gênero.
Neste estudo foram observadas diferenças significativas, tanto em homens
quanto em mulheres, com o avançar da idade nas variáveis IMC, relação
cintura-quadril e gordura corporal relativa. Estas variáveis apresentaram
valores crescentes com o avanço das faixas etárias, ao contrário do verificado
no teste de abdominal e na variável VO2máx. Por outro lado, não foram
encontradas diferenças significativas com o avançar da idade no desempenho
motor dos indivíduos de ambos os gêneros.
Segundo Melo & Giavoni (2004) e Araujo & Araujo (2000) o envelhecimento
está diretamente associado ao declínio de atividade das células, tecidos e
órgãos, bem como a redução da eficácia do conjunto de processos fisiológicos.
Do ponto de vista funcional, caracterizam-se, entre outros aspectos, pelo
decréscimo do sistema neuromuscular, sendo verificada pela redução da
massa muscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade,
força, resistência e mobilidade articular, fatores estes que determinam a
limitação da capacidade de coordenação e de controle do equilíbrio corporal
estático e dinâmico.
Em relação às variáveis de aptidão física, o G2 apresentou uma melhor
resistência muscular localizada de membros superiores (RML-MMSS) e
resistência aeróbia em comparação ao G1 e G3. O G1 apresentou uma melhor
resistência muscular localizada de membros inferiores (RML-MMII) em
comparação ao G2 e G3.
No teste de flexão de cotovelo de o G2 apresentou uma RML-MMSS de 3,7%
melhor em comparação ao G1 e 19% em relação ao G3. O G1 apresentou uma
melhor RML-MMSS de 15,9% em comparação ao G3. No teste de caminhada
de 6 minutos o G2 apresentou uma melhor resistência cardiorrespiratória de
0,8% em comparação ao G1 e 9,7% em relação ao G3. O G1 apresentou uma
melhor resistência cardiorrespiratória de 8,9% em comparação ao G3. Estes
resultados podem ser justificados pelo fato deste grupo ser constituído em sua
maioria por de Donas de Casa e as atividades da rotina diária do lar podem ter
contribuído para esta diferença.
No teste de levantar da cadeira o G1 apresentou uma melhor RML-MMII em
comparação ao G2 de 11,8% e 16,1% em relação ao G3. O G2 apresentou
uma melhor RML-MMII de 4,9% em comparação ao G3. Podemos justificar
esses resultados pelo fato do grupo G2 ser constituído em sua maioria por
Guardas Civil Metropolitana (GCM) e a carga extra do uso diário dos
equipamentos referentes à profissão podem ter influenciado no resultado desta
variável.
Analisando as mesmas variáveis em comparação aos valores de referência dos
testes propostos por Rikli e Jones (1999) com mulheres Norte Americanas com
idade entre 60 - 64 anos (tabela 2).
O G1 apresentou um melhor resultado de RML-MMSS de 22,6% e RML-MMII
de 9,9% em comparação aos valores de referência, porém a resistência
cardiorrespiratória apresentou um resultado inferior de 4,8% em relação ao
valor de referência. O G2 apresentou um melhor resultado de RML-MMSS de
25,5% em comparação ao valor de referência, porém a RML-MMII e resistência
cardiorrespiratória apresentaram resultados inferiores aos valores de referência
de 2,1% e 4,1% respectivamente. Em relação ao G3 este apresentou uma
melhor RML-MMSS de 8% em comparação ao valor de referência, em
contrapartida os resultados para RML-MMII e resistência cardiorrespiratória
apresentaram resultados inferiores de 6,9% e 13,3% respectivamente.
A partir desta análise os grupos avaliados podem ser classificados com baixa
aptidão física, levando-se em consideração as diferenças entre os contextos
sócio-culturais, intervalo espaço-temporal (1999-2011) e observando os
aspectos relacionados aos processos fisiológicos referentes ao envelhecimento
uma vez que os grupos avaliados apresentam idades inferiores em
comparação ao grupo de referência.
Dentro deste contexto de envelhecer com saúde e qualidade de vida a
atividade física é reconhecida e bem documentada sobre seus efeitos
profiláticos, com acentuada influência na melhora do bem-estar e das variáveis
associadas à aptidão física. Pensando nisto, Ribeiro et. al. (2009), realizaram
um estudo com objetivo de analisar a influência da intervenção de um
programa de ginástica por 24 semanas e do período de destreino de 8
semanas na aptidão funcional de idosas. As aulas de ginástica eram praticadas
três vezes por semana com duração de 60 minutos.
Os resultados em relação aos efeitos derivados do programa de ginástica
sobre a força foi observado um aumento significativo no período de
intervenção. Porém para essa variável, o período de 8 semanas de destreino
parece não ter sido suficiente para afetá-la, não sendo observada diferença
significativa entre T2 e Teste 3 (T3).
A coordenação motora apresentou um comportamento similar ao da força,
aumentando significativamente no período de intervenção, entre T1 e T2 e
manteve-se estável no período de destreino de 8 semanas. Para a agilidade
foram observadas diferenças significativas nas médias apenas entre T1 e T2,
permanecendo similar entre T2 e T3, apesar de apresentar uma piora, não
significativa, no desempenho do teste. Com isso, entre o T1 e T3 não foi
observada diferença significativa nas médias da agilidade.
A resistência aeróbia geral pareceu não ter sofrido uma influência significativa
durante o período de intervenção, entre T1 e T2. Porém, o período de destreino
do programa parece ter interferido no desempenho das idosas neste teste,
sendo observada uma diferença significativa entre T2 e T3, indicando uma
melhora nas médias das idosas para esse teste. A diferença entre T2 e T3
pode ser explicada, pelo fato de no período de férias o grupo de avaliadas ter
praticado atividades aeróbias como a caminhada pelo menos 5 vezes por
semana com duração de 60 minutos. A flexibilidade foi à única aptidão na qual
não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em nenhum
dos períodos avaliados.
Estes dados vão ao encontro da literatura no que diz respeito sobre a prática
da atividade física regular como fonte de manutenção, melhora e/ou promoção
da aptidão física durante o processo de envelhecimento. Partindo deste
pressuposto, devemos ficar atentos quanto aos princípios do treinamento:
sobrecarga; volume e intensidade. Tendo como base nestes conceitos Okada
et. al. (2008), averiguaram a interferência de duas diferentes freqüências
semanais de treinamento sobre a composição corporal e aptidão física em
mulheres pré-menopausais entre 30 e 50 anos durante 12 semanas contínuas.
As participantes foram divididas de forma aleatória em dois grupos F2 cuja
freqüência de treinamento foi de 2 vezes por semana, com intensidade de 90
minutos por sessão e F3 cuja freqüência de treinamento foi de 3 vezes por
semana, com intensidade de 60 minutos por sessão.
Os resultados encontrados na análise e conseqüente comparação da
composição corporal dos grupos não foram observados alterações após o
período de treinamento. A resistência muscular localizada de membros
superiores apresentou melhora significativa para o grupo F3, e a resistência
muscular localizada abdominal apresentou melhora em ambos os grupos. Na
flexibilidade nenhum grupo apresentou diferença significativa. Quanto ao
VO2máx o grupo F2 apresentou melhora sendo superior ao grupo F3 quando os
valores relativos (mL.Kg-1min-1) foram analisados. Contudo, quando os valores
absolutos
(L.min-1)
foram
analisados
não
se
encontrou
diferença
estatisticamente significativa.
Neste estudo os autores concluíram que a freqüência de 2 vezes por semana
foi mais eficaz que a freqüência de 3 vezes por semana em razão da melhora
das variáveis resistência muscular abdominal localizada, resistência muscular
de membros superiores e VO2máx.
Ao compararmos os estudos de Ribeiro et. al. (2009) e Okada et. al. (2008),
podemos associar as variáveis de volume e intensidade à idade do público de
estudo, pois no estudo de Ribeiro a freqüência de 3 aulas por semana com
duração de 60 min. apresentou melhoras significativas para o grupo etário
acima de 60 anos, porém no estudo de Okada essa mesma freqüência não foi
efetiva para um grupo etário entre 30 e 50 anos, sendo que a freqüência de 2
aulas
por
semana
com
duração
de
90
min.
foram
mais
efetivas
estatisticamente. Isto reforça o que a literatura tem indicado sobre a
importância de se adequar os princípios do treinamento ao público alvo.
Diante dos estudos na área podemos afirmar que a importância da atividade
física para o Ser Humano especialmente em adultos e idosos é, hoje,
inquestionável. A atividade física regular produz efeitos positivos no sistema
músculo-esquelético, cardiovascular, respiratório e endócrino. Além disso, o
efeito do exercício nestes sistemas está associado a melhorias da densidade
mineral óssea, massa muscular, e a inúmeros benefícios, incluindo o
decréscimo do risco de morte prematura e a redução do risco de doenças
coronarianas, hipertensão, diabetes e resistência à insulina e obesidade. A
participação em atividades físicas, aparentemente, também reduz a depressão
e a ansiedade, promove a boa disposição e eleva a capacidade de
desempenhar as tarefas diárias durante a vida.
Considerações Finais
Os resultados apresentados neste estudo indicaram para um quadro de
sobrepeso e obesidade por meio do IMC e um valor de circunferência
abdominal que indica alto risco coronariano. Os valores de aptidão física
indicaram um baixo condicionamento físico, fato que pode estar dificultando a
realização de algumas das atividades da vida diária.
É importante observar que a falta de protocolos com valores de referência dos
testes adotados para o público Brasileiro, foi um fator limitante para uma
melhor análise dos dados coletados no estudo, tendo vista que a utilização dos
padrões de referência Norte Americanos, fato que dificultou a análise dos
dados devido às diferenças relacionadas aos aspectos sócio-culturais que
envolvem
as
duas
populações.
Desta
forma,
faz-se
necessário
o
desenvolvimento de estudos que objetivem criar parâmetros de comparação
dos testes utilizados para a população Brasileira.
Tendo em vista a baixa condição de saúde encontrada nestes grupos,
compreendemos que programas de atividade física voltados para saúde e
qualidade de vida da população tornam-se essenciais como medida preventiva
e cuidado com a saúde pública, já que grande parte da população não possui
fácil acesso aos clubes e academias. Porém, ao se desenvolver um programa
de atividade física com este propósito é importante que os profissionais
envolvidos no processo se atentem aos princípios do treinamento: sobrecarga,
volume e intensidade, adequando-as de acordo com o público alvo para
otimizar os efeitos benéficos da atividade física, minimizando e/ou retardando
dessa forma os efeitos causados pelo processo de envelhecimento.
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