Caso Clínico Gabriel A. L. Carmo, Silvia Vidal Campos, Daniela Calderaro Grupo de Estudos em Avaliação Perioperatória Sociedade Brasileira de Cardiologia Caso Clínico • JAOS, feminina, 60 anos com história de queda por pisar em falso, com fratura de colo do fêmur à direita (fratura transtocantérica). Avaliada pela equipe da ortopedia e indicado cirurgia após avaliação de risco perioperatório. • ISDA: – ACV: Dor torácica em aperto aos esforços maiores que os habituais CCS II; – AR: Dispnéia aos médios esforços. Antecedentes Pessoais • • • • DM não insulino dependente; HAS / DLP; Ex-tabagista; Doença Arterial Coronariana ATC com stent convencional há 14 anos; • Miocardiopatia dilatada isquêmica; • Transplante de pulmão unilateral esquerdo em 2005 por fibrose pulmonar idiopática. Medicações • • • • • • Sinvastatina 10mg/dia Enalapril 10mg 2xdia Carvedilol 12,5mg 2xdia Isossorbida 40mg 2xdia Dimenidrinato 100mg 3xdia Micofenolato sodico 360mg 2xdia • Prednisona 5mg/dia • Omeprazol 40mg/dia • Tacrolimus 2mg manhã e 1mg tarde • Sulfametoxazol + trimetoprima(400 mg + 80 mg) 2comp 2xdia • Metformina 850mg 2xdia • Glibenclamida 5mg 1xdia • calcitonina sintética de salmão 200 UI 2 doses 1xdia • Carbonato de cálcio 1250 mg 1xdia • Alendronato 70 mg 1xsem • Fluticasona 50 mcg spray nasal 2xdia Exame Físico • Peso 67Kg; Alt 152cm; FC 70bpm; PA 122/78mmHg • ACV: RCR sem sopros; • AR: MV assimétrico com crepitações à direita e sem ruídos adventícios em htx E; • Abdome: Sem massas ou visceromegalias. Indolor à palpação; • Rotação externa de MID com discreta retração. Radiografia Articular Eletrocardiograma Radiografia de Tórax Exames Laboratoriais Exame Exame Hb 11,6 Na 138 Ht 37 K 5,2 Leucócitos 7850 Mg 1,2 Plaquetas 235.000 Colesterol Total 166 Creatinina 1,06 LDL 85 Uréia 45 HDL 37 Glicemia 94 Triglicérides 222 Ecocardiograma 02/04/2009 • AO 30; AE 10; Septo 10; PP 9; VE 55x40; FE 35%. VE com hipertrofia excêntrica e função sistólica diminuída à custa de acinesia em parede lateral, ínfero-lateral (segmentos médio e basal) e inferior (segmentos médio e basal) . Achados de Doppler compatíveis com alteração de relaxamento de VE. VD apresenta função sistólica normal. Parecer da Cardiologia • Risco de tromboembolismo venoso alto. Risco Cardiovascular ACP Risco Cardiovascular AHA/ACC Risco Cardiovascular Risco Respiratório e Infeccioso • O atraso na indicação da cirurgia pode ocasionar: – Maior risco de pneumonia aspirativa (paciente acamada e com transplante unilateral); – Maior risco de tromboembolismo venoso com potencial piora significativa do padrão respiratório tendo em vista transplante unilateral. Risco Respiratório e Infeccioso • A imunossupressão aumenta o risco de infecção (Pneumonia, infecção urinária e ferida operatória) e pode prolongar a cicatrização. Para este caso a dose de micofenolato foi reduzida pela metade; • Por outro lado a diminuição da imunossupressão pode levar à disfunção crônica do enxerto (síndrome da bronquiolite obliterante – redução volumes de VEF1); Conduta A. Solicitar cintilografia de perfusão miocárdica para definição do risco; B. Solicitar angiotomografia de coronárias para avaliar enxertos e circulação nativa; C. Solicitar CATE para estratificação definitiva e abordagem caso necessário, uma vez que se trata de cirurgia eletiva; D. Otimização medicamentosa e monitorização em UTI e correção da fratura o mais rápido possível; E. Suspender a cirurgia devido ao elevado risco de complicações cardiovasculares;