O preparo psíquico com foco
na cirurgia da obesidade.
“Defrontamo-nos então com o
trabalho de adaptar nossa
técnica às novas condições”.
Freud, Os caminhos da terapia psicanalítica,1919.
A demanda do preparo para a
cirurgia bariátrica.
“Estou aqui SOMENTE para buscar o
papel (o laudo) que o cirurgião pediu”.
A construção de um contrato terapêutico
com o paciente que é do cirurgião.
Psicólogo não pode ser Juiz - Quem
decide o quê na cirurgia bariátrica?
(Caso Clínico Jair, p. 45)
“O essencial é invisível aos
olhos”.
(Antoine de Saint-Éxupéry, O pequeno príncipe)
O mestre chega quando o discípulo
está pronto. (ditado hindu)
Saber sobre o próprio desejo.
(p. 52)
Qual recurso o meu paciente
fará uso quando impossibilitado
de utilizar-se do comer em
excesso como via de resolução
de suas angústias?
Sem o recurso do comer que suprime
provisoriamente alguns conflitos
psíquicos como sentirá e reagirá
determinado paciente?
“O cristal de rocha, em
caso de fracionamento
(descompensação),
sob o impacto de uma
pressão física muito
intensa, não se
quebrará de forma
qualquer, mas
seguindo as linhas da
estrutura cristalina”.
Dejours – 1994.
Resultados reais e resultados
idealizados na cirurgia da
obesidade.
(caso clínico p. 65)
Na clínica com pacientes
pré-cirúrgicos é muito
comum detectarmos
expectativas do tipo:
Indivíduos fechados
e solitários que
depositam na cirurgia
a idéia de que novos
amigos lhe serão
proporcionadas
unicamente com o
emagrecimento;
Indivíduos que se
sentem desanimados,
com sintomas típicos de
uma depressão que
merece tratamento, mas
que acreditam que basta
emagrecer para recuperar
o ânimo e vitalidade;
Fernando Botero
Indivíduos solteiros
Indivíduos solteiros que
imaginam com o
emagrecimento um
surgimento mágico de um
parceiro e de momentos
românticos;
Ressentimento um
surgimento mágico de um
parceiro e de momentos
românticos;
- Muitos problemas conjugais em
alguns casos, acreditam-se ser
“consertados” com o póscirúrgico.
“Não é possível imaginar que os
sofrimentos humanos sejam
simplesmente redutíveis a um
único fator, um único paradigma.
São combinações complexas”.
(Hanns)
A idealização dos
resultados da
cirurgia.
Corpos de Novela
http://tocando.org/category/dicas/
Realizar uma cirurgia com tantas ilusões
fomentará, sem dúvida alguma, somente uma
grande decepção.
Informar os ganhos reais da cirurgia bariátrica
e decodificar os ganhos imaginários do
paciente são ao meu entender um dos nossos
papéis e do qual a psicologia nos presenteia
com recursos valiosos para a execução de um
psicodiagnóstico deste gênero.
Substituição de sintomas ou
sintomas já pré-existentes?
“Quase sempre há fogo oculto sob
as cinzas silenciosas,
com uma enganadora aparência de
inatividade”.
David E. Zimerman
Flora: Um caso de reedição de
compulsão
“Se eu soubesse que
emagrecendo eu corria o risco
de beber eu não teria feito
esta cirurgia”.
“Expor-me para que?” Eu
queria era fazer a cirurgia!
ENTREVISTA EM FORMA
DE CONTOS
“O símbolo é o nada que é tudo” (Fernando pessoa)
Prêmio de melhor trabalho apresentado na categoria “Aspectos
psíquicos” durante o 1. Simpósio Latino-americano da Federação
Internacional da Cirurgia da Obesidade.
Marcela(o) irá fazer a cirurgia
de redução de estomago.
Por que? O que ela(e)
acredita que irá mudar em
sua vida com esta cirurgia?
Uma (um) mulher (homem) realizou
hoje a cirurgia de redução do
estômago.
* Como ela (e) passou o pósoperatório?
* O que aconteceu durante o primeiro
mês?
* O que ocorreu durante o seu terceiro
mês?
* Como foi o seu primeiro ano?
* Como está esta mulher (homem)
após 10 anos de cirurgia? O que está
acontecendo na sua vida?
Fabiana (Fábio) pertence a uma família em
que a maioria das pessoas é obesa. Ela
(e) foi operada 2 anos atrás e algumas
comidas não lhe “caem bem” no
estômago. Neste momento, os seus
familiares estão numa festa saboreando
algo que Fabiana (Fábio) antigamente
apreciara muito. Quais são os
pensamentos que “passam pela cabeça”
de Fabiana (Fábio)?
Nesta mesma festa um parente
muito íntimo lhe disse: “Acho um
absurdo este tipo de cirurgia, hoje
estamos todos felizes, comendo à
vontade, menos você”.O que
Fabiana (Fábio) responderá para
este familiar?
Num almoço de domingo Márcia
(Márcio) faz o seu prato em pequenas
porções. Um parente diz: “Só isto que
você vai comer?” (em tom de critica).
A mãe de Márcia (Márcio) completa:
“Agora ela (e) virou fresca (o)...
Escolhe o que vai comer...”
Como Márcia (o) reage frente a esta
situação?
Marta(Marcos) está em dúvida
quanto a fazer ou não a cirurgia
de redução do estômago.
Quais são os pontos que ela (e)
levanta a favor da realização da
cirurgia e os aspectos que
levanta contra a realização da
cirurgia?
Para trabalhar a inserção das
refeições principais e a
inserção da colação.
A negação do quanto se come e
a substituição do hábito de
consumo de alimentos líquidos
ou pastosos hipercalóricos.
(recorte de sessão)
Utilização do recurso do diário
alimentar para algumas
intervenções psicanalíticas
Gilberto Safra, referindo-se ao hospital geral
coloca:
“Todo adoecimento conta uma história. Todo
adoecimento fala algo para o outro. Se
centrarmos somente no modelo funcional de
corpo – que um determinado adoecimento é um
mal funcionamento – esquecemos a essência
do corpo humano e então deixamos de acessar
todo o questionamento que este adoecer
revelará para o indivíduo.
[1] Palestra proferida durante a VI Jornada de Psicologia do HU/UEL na cidade de Londrina-PR
em Setembro de 2006.
“A doença tem uma função iniciática:
através dela podemos chegar a um maior
conhecimento de nós mesmos.
Assim, se você ficar amigo de sua
doença, ela lhe
dará lições gratuitas sobre como viver de
maneira mais sábia”
Rubem Alves
“A ausência de semelhante tomada de
consciência implica, com efeito, em uma
privação da verdade, e a verdade parece
essencial a saúde psíquica. O efeito sobre a
personalidade de semelhante privação da
verdade é análogo aquele produzido sobre o
organismo por uma privação de alimento. Ser
privado da verdade é ser privado do alimento
para a mente”.
(Bion)
Entendo que será indispensável nesse
processo de preparo pré-cirúrgico, entender
o processo do adoecer, o processo de
ganho de peso num grau mórbido, para que
possamos proporcionar ao paciente a
abertura de novos vértices de percepção
dos significados pessoais e de sua própria
biografia.
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O preparo psíquico com foco na cirurgia da obesidade.