DENGUE CASOS CLÍNICOS CASO 1 PTR, 12 anos, feminino, iniciou em 27/05/02 com febre, cefaléia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia. Procurou serviço de saúde em 02/06 referindo piora do quadro com vômitos e náuseas e epistaxe. No exame físico paciente prostrada, PA 110 x 80 prova do laço positiva. Hipóteses diagnósticas possíveis CASO 1 Solicitados exames que foram Ht = 50% leucograma 2300 L; plaquetas 93.000 Optou-se por internar a paciente na UTI, para hidratação e melhor observação. Diagnóstico precoce; conduta CASO 1 Dia 04/06 paciente evoluiu com melhora clínica sendo transferida para enfermaria. PA 100 x 70 ; Ht 40%; leuco 3.000; plaquetas 122.000 Dia 05/06 paciente estável PA 90 x 60; Ht = 39%, leuco 9.000; plaquetas 159.000 Dia 07/06 Paciente de alta. Posteriormente resultado da sorologia positiva para dengue •Classificação FHD grau II CASO 2 VBS, 24 anos, feminino, procurou serviço médico em 10/01/02 com queixas que se iniciaram em 03/01/02 de febre, astenia, mialgia, cefaléia evoluindo para dor abdominal. Referiu ainda episódios de gengivorragia e melena. Exame físico: paciente em bom estado geral, afebril, anictérico, P = 80 bpm PA 110 x 80; exantema maculo papular difuso. PL negativa Hipóteses; conduta inicial CASO 2 Foi solicitado Ht e plaquetas e prescrito reidratação oral e paracetamol. Marcado retorno para o dia seguinte 11/01 Paciente retorna com melhora parcial dos sintomas e exame físico mantido. Ht = 53,2% e plaquetas 60.000. Devido aos exames foi solicitado raio x de tórax que estava normal Reavaliação, exames e orientação adequada CASO 2 Reforçou-se as orientações e retorno para 14/01 14/01 paciente falta a consulta e é reconvocado por telefone Observação do paciente CASO 2 15/01 paciente assintomático. Novo Ht e plaquetas e retorno em 48 horas (Ht = 48,6% ; plaquetas 296.000) 17/01 paciente assintomático Ht = 43% plaquetas 343.000. Posteriormente sorologia positiva para dengue •Classificação FHD grau II CASO 3 VST, 46 anos masculino,iniciou em 26/04 com febre, prostação, artralgia. 30/04 foi ao PS onde solicitou-se Ht= 54%; plaquetas 75.000; leuco 9200 24% linfócitos, 4% bastões, após exames foi liberado para casa Hipóteses diagnósticas; PA;PL; orientação CASO 3 01/05 retornou ao mesmo serviço por haver piora do quadro, chegando desidratado, pele com petéquias disseminadas, dispnéico com pulsos não palpáveis, choque hipovolêmico, PL negativa Evoluções diferentes da doença CASO 3 Solicitado novo Ht= 55%; plaquetas 53.000; leuco 19.900 14% linfo, 6% bast, 02/05 às 00:30 paciente evoluiu com piora do choque hipovolêmico. Novo Ht=52% e plaquetas 38.000, leuco 14.000 (4B;78S;13L;5M) Hidratação adequada e monitoramento CASO 3 02/05 obito ás 10:30 Sorologia para Lepto negativa; látex para N.menigitidis e H. infuenza negativo; sorologia para dengue positiva •Classificação FHD grau IV Definição Doença infecciosa febril aguda, de etiologia viral e evolução benigna, na maioria das vezes Notificação de suspeitos e confirmados obrigatória Agente Vírus RNA, gênero flavivírus; família flaviviradae 4 Sorotipos: DEN-1; DEN-2;DEN-3;DEN-4 Suscetibilidade Imunidade temporária e parcial a outros sorotipos e permanente ao sorotipo que causou a doença Todos sorotipos podem causar doença grave Vetor Gênero Aedes A. aegypti; A. albopictus; A. scutellaris... Antropofílico Regiões tropicais e subtropicais Período de Incubação e Transmissão P.I. homem = 3-15 dias (média 6 dias) P.I. mosquito = 8-10 dias P.T. homem = 1 dia antes da febre até fim da viremia P.T. mosquito = vida do mosquito Transmissão Mosquito pica / Transmite vírus Mosquito pica / Adquire vírus Período de incubação intrínseco Período de incubação extrínseco Viremia Viremia 0 5 Doença Ser humano 1 8 12 16 20 24 DIAS Doença Ser humano 2 28 Caso Suspeito - Dengue Clássico Febre com duração de 2-7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, artralgia, dor retrorbital, mialgia, exantema, prostação, além de história de ter estado em áreas de transmissão de dengue Caso Suspeito - FHD Febre com duração de 2-7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, artralgia, dor retrorbital, mialgia, exantema, prostação e uma manifestação hemorrágica, além de história de ter estado em área de transmissão de dengue Fatores de Risco Idade Sexo Individual Epidemiológico Número suceptíveis Densidade vetorial Raça Circulação vetorial Nutrição Hiperendemicidade Infecção secundária Resposta hospedeiro Viral Virulência cepa Sorotipo Parasita Hospedeiro Resposta imunológica Tipo Intensidade Inaparente Oligo Clínica Grave Fatores de Risco Relatados - FHD Cepa do vírus Anticorpo antidengue pré-existente Anticorpos maternais em crianças pequena Genética dos hospedeiros Idade Maior risco em infecções sequenciais Maior risco em locais com dois ou mais sorotipos circulando simultaneamente em altos níveis (transmissão hiperendêmica) Considerações Não há aparente lesão vascular na patogênese Ocorre fragilidade vascular Ocorre alterações na coagulação - CID Trombocitopenia tempo parcial de tromboplastina do nível de fibrinogênio dos produtos do fibrinogênio Hemorragia gastrointestinal em nécropsia é achado frequente Estimativa Dengue/1987 Cuba 12 óbito 205 FHD/SCD 5208 FD/FDH 17926 Infecção FHD na criança ( 12 meses) A FHD na criança menor que 12 meses ocorre por infecção viral primária em 90% Idade 2-12 meses (média 8 meses) Queda de anticorpos maternos para níveis não protetores Fatores de risco Anticorpos subneutralizantes maternos Pouca idade ( 12 meses) FHD na criança (12 meses) Quadro clínico Febre Hepatomegalia Sintomas Vias Áereas Superiores Sangramentos Vômitos Diarréia Infecções bacterianas associadas Pneumonia Meningites IVAS Convulsões Letalidade de 11-50% FHD - Definição Clínica e Gravidade - (OMS,1986) Dx FHD Febre + hemorragias + trombocitopenia + hemoconcentração GRAU I Febre acompanhada de sintomas inespecíficos sem manifestação hemorrágicas espontâneas; Prova laço + GRAU II Febre acompanhada de sintomas inespecíficos com manifestação hemorrágicas espontâneas GRAU III Febre acompanhada de sintomas inespecíficos com hemorragias espontâneas e colapso circulatório GRAU IV Choque profundo com PA e pulso imperceptíveis Paramêtros laboratorias para fechamento de caso de FHD Ht 20% do valor basal do paciente anterior a doença ou da referência abaixo Crianças Ht > 38% Mulheres Ht > 40% Homens Ht > 45% Plaquetopenia 100.000 Exames de imagem (Rx; USG demostrando extravazamento de plasma para terceiro espaço) Sinais de Alerta (OMS) Dor abdominal Hipotensão postural Pulso filiforme, cianose Hepatomegalia dolorosa Derrames cavitários Manifestação hemorrágicas e/ou Prova do Laço + Hemoconcentração Agitação e/ou letargia Vômitos Lipotimia, sudorese Hematócrito e Plaquetas - Quando Solicitar? Manifestações hemorrágicas Distúrbios hemodinâmicos Sinais de mau prognóstico Doenças crônicas Idosos > 65 anos e crianças < 1 ano Gravidez Diagnóstico Clínico Prova do laço Média da pressão arterial Esfignomanômetro por 5 minutos no braço do paciente insuflado na média 20 petéquias abaixo do manguito em uma polpa digital = positivo Instrumentos para o Diagnóstico Ht; plaquetas; leucograma; transaminases Imagem Sorológico (ELISA; HAI) a partir do 6° dia Isolamento viral (até 5 ° dia) Histopatológico; PCR FHD: contagem de plaquetas durante evolução/doença 250000 Contagem de Plaquetas 200000 150000 100000 50000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Dias de Evolução 9 10 11 12 13 14 FHD: Evolução do Hematócrito 50 Hematócrito 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 Dias de Evolução 8 9 10 11 12 Critérios de Internação Hipotensão ou choque Sinais de mau prognóstico Plaquetopenia 50.000 Hematócrito elevado ou ascendente Doença crônica descompensada Avaliação Especial Gravidez Idosos Crianças Doenças crônicas Anemia (Falciforme) Doenças auto imunes Asma Doenças cardio-respiratórias Diebetes mellitus Manifestações não usuais Hepatite Miocardite Pancreatite Comprometimentos do sistema nervoso Material biológico - Conduta Amostra exame sangue Isol.viral 2-6h 4 C gelo seco - 70C sangue sorologia 2-24h amb gelo seco/comum - 20C gelo seco -70 C ambiente formalina tecido(óbito) Isol.viral (8-24h) tecido (óbito) histopat (8-24h) ret.coag transporte armazeamento Tratamento Ambulatorial Hidratação oral 60-80 ml/Kg/dia (1/3 solução salina) Sintomáticos Orientação – (retorno imediato ao identificar Sinais de alerta) FHD-moderada Leito de observação Hipotensão postural 10-20ml/kg/hora (SF 0,9%) Hidratação parenteral e/ou oral 60-80 ml/Kg/dia (1/3 solução salina) durante 3-4 horas Sintomáticos Reavaliação clínica e laboratorial Manter hidratação durante a transferência FHD-grave Leito de internação Hidratação parenteral 60-80 ml/Kg/dia (1/3 SF 0,9% ou Ringer) durante 3-4 horas Sintomáticos Monitorização (diurese, PA, outros sinais de choque) Laboratorial : Ht 6/6h Plq 1x/dia Não transferir o paciente sem iniciar hidratação Tabela Hidratação Parenteral Peso (Kg) <7 7 a 11 12 a 18 > 18 volume de líquido (ml/Kg/dia) 1 dia 220 165 132 88 2 dia 165 132 88 88 3 dia 132 88 88 88 Tratamento Sintomático Antitérmico Analgésico Sedação Anti-emético Anti-histamínico Critérios de Alta Ausência de febre por 24 horas sem terapia antitérmica Melhora visível do quadro clínico Ht normal e estável por 24 horas Plaquetas em elevação Reabsorção dos derrames cavitários Estabilização hemodinâmica por 48 horas Considerações Finais Não suspender amamentação Retornar o uso da aspirina após normalização das plaquetas Manter calendário vacinal Não suspender anticoncepcional Avaliar retorno ao trabalho Não utilizar refrigerante para hidratar e sim SRO, água, chás e sucos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DENGUE CLÁSSICO Diagnóstico Diferencial ENFERMIDADE EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO Influenza e outras viroses respiratórias Rubéola Ocorre mais no inverno, contato pessoa-pessoa Ausência de vacinação prévia com tríplice viral ou rubéola prévia, contato com pessoa doente Contato com pessoa doente, ausência de vacinação antisarampo ou doença prévia Predominam os sintomas respiratórios Estado geral preservado, cursa com exantema mais florido e adenopatias Sarampo Escarlatina HIV agudo Rickettisioses (febre maculosa, tifo endêmico, tifo epidêmico, febre Q Leptospirose anictérica Ocorre predominantemente em crianças nos meses de inverno Contato sexual, uso de drogas EV, tranfussional, vertical História de exposição a carrapato, piolho, pulga acampamentos me mata. Frequente no verão e primavera Contato com águas de enchentes ou com ratos Queda importante do estado geral com sintomatologia respiratória e exantema exuberantes, conjuntivite e sinal de Koplik Presença de faringite e/ou amigdalite purulenta, e sinais de Pastia e Filatov Síndrome mono-like, com adenopatia e exantema Tríade de cefaléia, exantema e febre Evolução bifásica com mialgias predominantemente em panturrilhas e presença de injeção conjuntival na fase de leptospiremia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DENGUE HEMORRÁGICO ENFERMIDADE EPIDEMIOLOGIA Febre Amarela Viagem recente para área endêmica de febre amarela sem vacinação prévia Leptospirose forma íctero hemorrágica Contato com águas de enchentes ou com ratos Malária por Plasmodium falciparum (febre terçã maligna) Viagem recente para área endêmica de malária Hepatite Viral Aguda Epidemiologia váriável de acordo com o tipo, sendo os tipos A e E de transmissão oral-fecal e os tipos B, C e D de transmissão parenteral e este último só ocorrendo em vigência de infecção prévia ou concomitante pelo B. QUADRO CLÍNICO Icterícia intensa com enorme elevação de transaminases, predominando sintomas de falência hepática e diáteses hemorrágicas Presença de icterícia rubínica típica, injeção conjuntival, insuficiência renal com hipo ou normocalemia e hemorragias sendo a pulmonar a mais temida Quadro variável de acordo com o acometimento preferencial por determinado órgão. Há os chamados acessos palúdicos Ocorre icterícia intensa, com grande elevação de transaminases , podendo haver evolução do quadro para insuficiência hepática aguda grave ENFERMIDADE Meningococcemia EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO Ocorre mais nos meses de Apresentação extremamente inverno, transmissão se dá variável desde formas pessoa-pessoa benignas até evolução fulminante com choque séptico e óbito poucas horas após início da sintomatologia Sepse bacteriana (Gram Varia de acordo com o foco positivos ou negativos) Geralmente presente um foco primário de infecção com repercussões sistêmicas, por exemplo, infecção de trato urinário, pneumonias etc. Febres Virais Hemorrágicas Viagens para áreas Exemplos: FH Argentina, Outras endêmicas Venezuela, Bolívia, de Lassa, vírus Sabiá, FH Hantan, FH Margburg-Ebola etc. Febre Purpúrica Brasileira Doença bacteriana grave. Uma conjuntivite purulenta Ocorre mais em crianças precede um quadro grave de sepse e púrpura Pétequias em abdomen Hemorragia conjuntival Equimose em membro superior Exantema em membro superior Prova do laço positiva BIBLIOGRAFA Martinez-Torres,M.C.Salud Pública México (37) Sup.1995 Nimmannitya, S et al.Southeast Asia J.TropMed.Pub.Hlth v 18 (3), 1997 Manual de Dengue 2 ed,. Ministério de Saúde.FNS. 1996 Yun-Fan, L et al. Am J.Trop.Med. Hyg 47(3), 1992 Rothman & Ennis. Virology 257, 1-6, 1999 Solon T et al. The lancet v. 355, 2000 Witayathawornwong P. Southest Asian J Trop Med Pb H 32(3),2001 Kerdpanich, A. P. Southest Asian J Trop Med Pb H 32(3),2001 Guzman,M. & Kouri G.The lancet, v. 2, 2002 Hongsiriwon, S. Southest Asian J Trop Med Pb H 33(1),2002 Gubler, D CMR 11(3),2002