Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Síntese de Corantes Esquarílicos para Cromatografia de Afinidade de Biomoléculas Dissertação de Mestrado em Bioquímica Vânia Cristina Santos Sena da Graça Orientador: Professor Doutor Paulo Fernando da Conceição Santos Co-orientador: Professor Doutor Paulo Jorge da Silva Almeida Vila Real, 2013 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Síntese de Corantes Esquarílicos para Cromatografia de Afinidade de Biomoléculas Dissertação de Mestrado em Bioquímica Nome do candidato: Vânia Cristina Santos Sena da Graça Orientador: Professor Doutor Paulo Fernando da Conceição Santos Co-Orientador: Professor Doutor Paulo Jorge da Silva Almeida Composição do Júri: ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Vila Real, 2013 Agradecimentos Este espaço é dedicado àqueles que, de alguma forma, contribuíram para que este trabalho fosse realizado. O espaço limitado desta secção de agradecimentos, seguramente, não me permite agradecer, como devia, a todas as pessoas que, ao longo do meu Mestrado em Bioquímica me ajudaram, direta ou indiretamente, a cumprir os meus objetivos e a realizar mais esta etapa da minha formação académica. Desta forma, deixo apenas algumas palavras, poucas, mas um sentido e profundo sentimento de reconhecido agradecimento. Ao meu orientador, Professor Doutor Paulo Santos, expresso o meu profundo agradecimento pela orientação deste trabalho, que muito contribuiu para elevar os meus conhecimentos científicos. O apoio, a sabedoria, os ensinamentos constantes, a disponibilidade manifestada e a confiança depositada contribuíram decisivamente para que este trabalho tenha chegado a bom termo. Agradeço, ainda, os incentivos constantes, a paciência e a amizade ao longo de todo este processo. Ao Professor Doutor Paulo Almeida, o meu sincero agradecimento pela coorientação, pela simpatia e pela total disponibilidade que sempre revelou ao longo deste projeto. À Professora Doutora Lucinda Reis agradeço a disponibilidade e a partilha dos seus conhecimentos. Às pessoas do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior com quem tive o orgulho e privilégio de colaborar, com um agradecimento especial ao Professor Doutor João Queiroz e à Professora Doutora Fani Sousa pela disponibilização para me receberem no Laboratório de Cromatografia desse Centro e por terem proporcionado as condições necessárias para eu testar alguns dos meus suportes cromatográficos. À Marta pela sua simpatia, disponibilidade e principalmente por me receber em sua casa durante o tempo de trabalho na Covilhã. Ao Professor Doutor Renato Boto da Universidade da Beira Interior pela disponibilidade para a realização dos espetros de RMN. À Mariana, pela sua alegria e as suas palavras de incentivo, ao Félix por estar sempre pronto a ajudar. De uma forma muito especial agradeço à Céu e ao André pela sua constante disponibilidade para tudo, mas acima de tudo pela força, pelo sorriso e pela paciência, nas horas de desabafo, que sempre me demonstraram. I Aos meus pais, irmãos e toda a minha família direta agradeço por todo o apoio, amizade, auxílio, incentivo, amor, paciência, compreensão e pela confiança que sempre depositaram no meu trabalho. Ao meu namorado, ouvinte atento de algumas inquietações, desânimos e sucessos, pelo apoio, pela confiança e pela valorização sempre tão entusiasta do meu trabalho, dando-me, desta forma, coragem para ultrapassar a culpa pelo tempo que a cada dia lhe subtraía. Agradeço ainda à Fundação Portuguesa para a Ciência e a Tecnologia a bolsa de investigação atribuída no âmbito do projeto PTDC/QUI-QUI/100896/2008. Obrigada por tudo! II Resumo A Cromatografia de Afinidade (CA) é uma das mais importantes técnicas de separação e purificação de biomoléculas, sendo a mais específica das atualmente disponíveis. Baseia-se no reconhecimento bioespecífico entre a molécula alvo e um ligando imobilizado numa matriz. Nos últimos anos, a CA tem-se tornado usual para a purificação de proteínas, uma vez que se baseia numa interação específica reversível única entre a proteína e um ligando. Nesta interação de afinidade, a escolha do ligando é extremamente importante no sucesso do protocolo de purificação. O crescente interesse pela CA tem motivado intenso esforço de investigação no sentido do desenvolvimento de materiais capazes de superar as desvantagens dos ligandos naturais convencionais, nomeadamente o elevado custo e a labilidade química e biológica. Neste contexto, os corantes sintéticos surgiram, nas últimas décadas, como uma promissora alternativa aos ligandos biológicos. Embora a CA com corantes tenha vindo a ser intensamente investigada, a utilização de cianinas como ligandos é praticamente desconhecida. O principal objetivo do presente trabalho foi o desenvolvimento de novos suportes cromatográficos com corantes esquarílicos cianínicos como ligandos capazes de promover interações seletivas com biomoléculas de interesse. Para tal, foram sintetizados vários corantes aminoesquarílicos simétricos com grupos terminais derivados do benzoselenazole, benzotiazole e quinolina, possuindo grupos pendentes N-alquilo de diferentes comprimentos. O anel central de quatro membros de cada corante foi funcionalizado com braços espaçadores de diferente extensão, possuindo um grupo amina terminal para possibilitar a respetiva ligação à matriz cromatográfica. Os vários corantes sintetizados foram posteriormente imobilizados em agarose (Sepharose CL-6B), em diferentes concentrações, usando como agentes de ativação 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano e cloreto de cianurilo. Foram igualmente sintetizados vários corantes esquarílicos assimétricos, derivados do benzotiazole, possuindo um grupo pendente N-alquilo num dos heterociclos terminais e um grupo N-carboxietilo no outro, sendo este último usado para ligação à matriz (Sepharose CL-6B). Neste caso, os corantes foram imobilizados, via amidação, em agarose previamente ativada com diferentes aminas. III Os compostos novos sintetizados foram 1 caraterizados espectroscopia de UV/Vis, de IV, de RMN de H e de 13 estruturalmente por C e de Massa de Alta ou Baixa resolução. Os suportes cromatográficos obtidos, quando justificado, foram ainda caraterizados por Análise Elementar. Alguns dos suportes cromatográficos foram testados na separação de proteínas no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. O suporte contendo um corante aminoesquarílico simétrico derivado do benzotiazole, possuindo cadeias N-hexilo e uma baixa densidade de ligando, permitiu a separação de uma mistura de lisozima, tripsina e α-quimotripsina. A comparação com um suporte de controlo permite atribuir a eficácia da separação ao corante imobilizado. Sepharose ativada com diaminodipropilamina permitiu a separação eficiente de uma mistura de BSA, RNase A e K-Caseína. Unidades de diaminodipropilamina acilada parecem ser as principais responsáveis pela separação. Sepharose ativada com etilenodiamina permitiu uma separação muito eficiente de uma mistura de BSA, RNase A e lisozima, parecendo ser proporcionada por estruturas resultantes da ciclização de duas unidades de etilenodiamina, com inclusão de um resíduo de NHS, via rearranjo de Lossen do ácido hidroxâmico intermediário. Palavras-chave: cromatografia de afinidade, purificação de biomoléculas, corantes aminoesquarílicos simétricos, corantes esquarílicos assimétricos IV Abstract Affinity Chromatography (AC) is one of the most important techniques for the separation and purification of biomolecules, being the most specific one currently available. It is based on the biospecific recognition between the target molecule and a ligand immobilized on a matrix. In recent years, AC has become usual for protein purification, since it is based on an unique specific reversible interaction between the protein and a ligand. In this affinity interaction, the choice of the ligand is extremely important to the success of the purification protocol. The growing interest in AC has motivated an intense research effort towards the development of materials able to overcome the disadvantages of conventional natural ligands, namely the high cost and chemical and biological lability. In this context, synthetic dyes have emerged, in recent decades, as a promising alternative to biological ligands. Although dye-AC has been intensively investigated, the use of cyanines as ligands is virtually unknown. The main objective of this work was the development of new chromatographic supports with squarylium cyanine dyes as ligands capable of promoting selective interactions with biomolecules of interest. For this purpose, several symmetrical aminosquarylium dyes bearing terminal groups derived from benzoselenazole, benzothiazole and quinoline and having pendant N-alkyl groups of different length were synthesized. The central four-member ring of each dye was functionalized with spacer arms of different extension, possessing a terminal amino group to allow binding to the chromatographic matrix. The various dyes synthesized were subsequently immobilized on agarose (Sepharose CL-6B), at different concentrations, using as activating agents 1,4-bis(2,3-epoxypropoxy)butane and cyanuric chloride. Several unsymmetric squarylium dyes derived from benzothiazole, bearing a pendant N-alkyl group on one of the ending heterocyclic nucleus and a N-carboxyethyl group on the other, the latter being used to link to agarose (Sepharose CL-6B), were also synthesized. In this case, the dyes were immobilized, via amidation, on agarose previously activated with different amines. The new synthesized compounds were structurally characterized by UV/Vis, IR, 1H and 13 C NMR and High or Low Resolution Mass spectroscopy. The chromatographic supports obtained, when justified, were additionally characterized by Elemental Analysis. V Some of the prepared chromatographic supports were tested in the separation of proteins at the Laboratório de Cromatografia of the Centro de Investigação em Ciências da Saúde of the Universidade da Beira Interior. The support containing a symmetrical aminosquarylium dye derived from benzothiazole bearing N-hexyl groups and a low ligand density allowed the separation of a mixture of lysozyme, trypsin and α-chymotrypsin. Comparison with a control support attributed the separation ability to the immobilized dye. Sepharose activated with diaminodipropylamine allowed an efficient separation of a mixture of BSA, RNase A and K-Casein. Acylated diaminodipropylamine units seem to be the main responsible for the separation. Sepharose activated with ethylenediamine allowed a very efficient separation of a mixture of BSA, lysozyme and RNase A. In this case the separation seems to be provided by structures resulting from the cyclization of two units of ethylenediamine with inclusion of an NHS residue, via Lossen rearrangement of an intermediate hydroxamic acid. Keywords: affinity chromatography, purification of biomolecules, symmetrical aminosquarylium dyes, unsymmetrical squarylium dyes VI Simbologia, abreviaturas e acrónimos [M]+ ião molecular µL microlitro 13 ressonância magnética nuclear de carbono-13 1 ressonância magnética nuclear de protão C RMN H RMN 3-ANB álcool 3-nitrobenzílico Abs absorvância Ac acetilo ADP adenosina difosfato AMP adenosina monofosfato ATP adenosina trifosfato Boc terc-butoxicarbonil BSA albumina de soro humano Bu butilo c.c. cromatografia em coluna c.c.f. cromatografia em camada fina CA cromatografia de afinidade calc. calculada CDCl3 clorofórmio deuterado cont. continuação CTP citidina trifosfato d dupleto dec. decomposição DMF N,N-dimetilformamida DMSO-d6 dimetilsulfóxido hexadeuterado DNA ácido desoxirribonucleico EDC 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil)carbodiimida EM espetrometria de massa EMAR espetrometria de massa de alta resolução ESI ionização por electrospray Et etilo ex. exemplo VII f forte FAB bombardeamento com átomos rápidos fr fraca g grama GTP guanosina trifosfato h horas Hz hertz IgA imunoglobulina A IgD imunoglobulina D IgE imunoglobulina E IgG imunoglobulina G IgM imunoglobulina M IMP inosina monofosfato IV infravermelho J constante de acoplamento (Hz) L litro M concentração molar m multipleto m/z razão massa/carga do ião molecular Me metilo méd média mg miligrama mL mililitro mmol milimole mol mole NAD+ dinucleótido de nicotinamida-adenina no estado oxidado NADP+ dinucleótido de nicotinamida-adenina fosfato no estado oxidado NHS N-hidroxisuccinimida nm nanómetro ºC graus Celsius p.e. ponto de ebulição p.f. ponto de fusão PAGE electroforese em gel de poliacrilamida VIII PDT terapia fotodinâmica pH potencial de hidrogénio ppm partes por milhão PS-DVB poliestireno-divinilbenzeno q quarteto RMN ressonância magnética nuclear RNAse A ribonuclease A RPE ressonância paramagnética electrónica s singuleto SDS dodecil sulfato de sódio SDVB estirenodivinilbenzeno sl singuleto largo t tripleto Terc terciário TFA ácido trifluoroacético THF tetra-hidrofurano TOF tempo de voo UV ultravioleta Vis visível δ desvio químico (ppm) εmáx coeficiente de extinção molar máximo (M-1cm-1) η rendimento λmáx comprimento de onda do máximo de uma banda de absorção (nm) νmáx número de onda do máximo de uma banda de absorção (cm-1) IX Índice Geral Agradecimentos I Resumo III Abstract V Simbologia, abreviaturas e acrónimos Índice geral Índice de figuras Índice de esquemas VII X XVIII XX Índice de tabelas XXI Índice de gráficos XXII Capítulo 1 – Introdução 1 1.1 Cromatografia de afinidade 2 1.1.1 As origens da cromatografia de afinidade 2 1.1.2 Princípios básicos da cromatografia de afinidade 4 1.1.3 O suporte e a matriz 6 1.1.4 O ligando 1.1.4.1 Vantagens e desvantagens de ligandos naturais e sintéticos 1.1.5 Imobilização dos ligandos 11 13 15 1.1.5.1 Métodos de ativação da matriz 16 1.1.5.2 Braços espaçadores 16 1.1.5.2.1 Tipos de espaçadores 1.1.6 Principais aplicações da cromatografia de afinidade 1.2 Cromatografia de afinidade com corantes 20 21 23 X 1.2.1 Breve história da cromatografia de afinidade com corantes 25 1.2.2 Cibacron Blue F3G-A e corantes relacionados 26 1.2.3 Interação entre corantes como ligandos de afinidade e proteínas 30 1.2.4 Cromatografia de afinidade com cianinas 31 1.2.5 Cromatografia de afinidade com cianinas esquarílicas 34 Capítulo 2 – Discussão de resultados 37 2.1 Preâmbulo 38 2.2 Síntese de corantes esquarílicos simétricos 38 2.2.1 Síntese dos sais heterocíclicos quaternários 4a-c, 5b e 6b 40 2.2.2 Síntese dos corantes esquarílicos 8a-c, 9b e 10b 40 2.2.3 Síntese dos corantes esquarílicos O-metilados 11a-c, 12b e 13b 43 2.2.4 Síntese dos corantes aminoesquarílicos 14a-c, 15b, 16b e 20b 44 2.2.5 Síntese dos corantes aminoesquarílicos 17a-c, 18b, 19b e 21b 47 2.3 Síntese de corantes esquarílicos assimétricos 49 2.3.1 Síntese dos sais heterocíclicos quaternários 4d e 4e 50 2.3.2 Síntese da 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) 51 2.3.3 Síntese dos ésteres monossubstituídos do ácido esquárico 23a-d 51 2.3.4 Síntese dos ácidos esquáricos monossubstituídos 24a-d 52 2.3.5 Síntese dos corantes esquarílicos assimétricos 25a-d 53 2.4 Ensaios de imobilização de corantes simétricos à Sepharose CL-6B 2.4.1 Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano 54 54 2.4.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano com os corantes aminoesquarílicos 17b e 17c 55 XI 2.4.3 Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo 56 2.4.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo com os corantes aminoesquarílicos 17a-c e 19b 2.5 Ensaios de imobilização de corantes assimétricos à Sepharose CL-6B 57 61 2.5.1 Conversão dos grupos epóxido da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano em grupos amina 61 2.5.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada em 2.5.1 com os corantes 25d 62 2.5.3 Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina 63 2.5.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina com o corante 25d 2.5.5 Ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina 64 68 2.5.6 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com o corante 25d 68 2.6 Conclusão 73 Capítulo 3 – Parte experimental 76 3.1 Reagentes e equipamentos 77 3.2 Síntese de sais heterocíclicos 78 3.2.1 Síntese do iodeto de 3-butil-2-metilbenzotiazólio (4a) 78 3.2.2 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilbenzotiazólio (4b) 78 3.2.3 Síntese do iodeto de 3-decil-2-metilbenzotiazólio (4c) 79 3.2.4 Síntese do iodeto de 3-etil-2-metilbenzotiazólio (4d) 79 3.2.5 Síntese do brometo de 3-(2-carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4e) 79 3.2.6 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilbenzoselenazólio (5b) 79 XII 3.2.7 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilquinolínio (6b) 3.3 Síntese de corantes esquarílicos simétricos 80 80 3.3.1 Síntese do 4-[(3-butilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8a) 80 3.3.2 Síntese do 4-[(3-hexilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8b) 81 3.3.3 Síntese do 4-[(3-decilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8c) 81 3.3.4 Síntese do 4-[(3-hexilbenzoselenazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (9b) 81 3.3.5 Síntese do 4-[(1-hexilquinolin-3-io-2-il)metilideno]-2-[(1-hexil-1H-quinolinilideno)-metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (10b) 82 3.3.6 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-[3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11a) 82 3.3.7 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11b) 83 3.3.8 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-decil-2-[3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11c) 83 3.3.9 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzoselenazól-3-io (12b) 84 XIII 3.3.10 Síntese do trifluorometanossulfonato de 1-hexil-2-[3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]quinolín-3-io (13b) 84 3.3.11 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14a) 84 3.3.12 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól -3-io (14b) 85 3.3.13 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-decil-2-3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14c) 86 3.3.14 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzoselenazól-3-io (15b) 86 3.3.15 Síntese do trifluorometanossulfonato de 1-hexil-2-3-(1-hexil-1Hquinolin-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilquinolín-3-io (16b) 87 3.3.16 Síntese do iodeto de 3-butil-2-[3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17a) 88 3.3.17 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-aminoetilamino]-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17b) 89 XIV 3.3.18 Síntese do iodeto de 3-decil-2-[3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17c) 89 3.3.19 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]-benzoselenazól-3-io (18b) 90 3.3.20 Síntese do iodeto de 1-hexil-2-[3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]quinolín-3-io (19b) 91 3.3.21 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)hexilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometil-benzotiazól-3-io (20b) 91 3.3.22 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(6-aminohexilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (21b) 3.4 Síntese de corantes esquarílicos assimétricos 3.4.1 Síntese da 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) 92 92 92 3.4.2 Síntese da 3-butoxi-4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23a) 93 3.4.3 Síntese da 3-butoxi-4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23b) 93 3.4.4 Síntese da 3-butoxi-4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23c) 94 3.4.5 Síntese da 3-butoxi-4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23d) 95 XV 3.4.6 Síntese do 4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24a) 95 3.4.7 Síntese da 4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24b) 96 3.4.8 Síntese da 4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24c) 96 3.4.9 Síntese da 4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24d) 96 3.4.10 Síntese do 2-[(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]- 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25a) 97 3.4.11 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25b) 97 3.4.12 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25c) 98 3.4.13 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25d) 3.5 Ensaios de imobilização de corantes simétricos em Sepharose CL-6B 3.5.1 Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano 99 99 99 3.5.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano com os corantes 17b e 17c 3.5.3 Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo 100 100 3.5.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo com os corantes 17a-c e 19b 3.6 Ensaios de imobilização de corantes assimétricos à Sepharose CL-6B 100 101 XVI 3.6.1 Conversão dos grupos epóxido da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano em grupos amina 101 3.6.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada em 3.6.1 com o corante 25d 102 3.6.3 Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina 102 3.6.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina com o corante 25d 3.6.5 Ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina 103 104 3.6.6 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com o corante 25d 104 3.6.7 Tratamento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com EDC/NHS, Ac2O e extração Soxhlet 104 3.7 Realização de ensaios em branco 105 Capítulo 4 – Bibliografia 106 ANEXO A - Publicações no âmbito deste trabalho 117 XVII Índice de figuras Figura 1 Princípio esquemático da CA. 5 Figura 2 Gráfico ilustrativo de uma separação eficiente. 6 Figura 3 Estrutura monomérica da agarose (A) e representação da estrutura do gel de agarose (B). Figura 4 10 Efeito de um braço espaçador na interação macromolécula-ligando: (A) ligando diretamente ligado à matriz; (B) o braço espaçador permite o acesso do ligando ao local de ligação da macromolécula. 19 Figura 5 Exemplos de espaçadores comuns. 20 Figura 6 Estrutura do Cibacron Blue F3G-A. 26 Figura 7 Estruturas de alguns corantes triazínicos usados em CA. 27 Figura 8 Estrutura do corante catiónico Benzamidino Yellow. 28 Figura 9 Estruturas de corantes biomiméticos usados em CA. 30 Figura 10 Fórmula de estrutura geral das cianinas. 31 Figura 11 Estrutura da primeira cianina imobilizada em suportes de celulose. 33 Figura 12 Estrutura da primeira cianina usada como ligando de afinidade. 33 Figura 13 Estrutura da tiacarbocianina usada em estudos de CA. 34 Figura 14 Estrutura geral dos corantes esquarílicos. 34 Figura 15 Exemplos de alguns corantes esquarílicos. 36 Figura 16 Espetros de 1H RMN dos compostos 8a, 11a e 14a. 46 Figura 17 Perfil cromatográfico da separação de uma mistura de lisozima, α-quimotripsina e tripsina, com uma concentração de 15mg/mL cada, usando um passo de lavagem com (NH4)2SO4 1 M e um gradiente de 60 XVIII (NH4)2SO4 de 0,8 M a 0 M (linha a tracejado) com o suporte preparado com o corante 17b (densidade de ligando: 1,8 x 10-2 mmol/g de suporte) (adaptado de [110]). Figura 18 Perfil cromatográfico obtido utilizando o suporte não-tingido após a injeção de uma mistura de K-Caseina, BSA e RNase A, com uma concentração de 15mg/mL cada, utilizando Tris-HCl 10 mM (pH 7,0) no passo inicial de lavagem, seguido de um gradiente de NaCl de 0 M até 1 M (linha tracejada). Figura 19 67 Perfil cromatográfico obtido utilizando o suporte não-tingido após a injeção de uma mistura de lisozima (15 mg/mL) e BSA e RNase A (30 mg/mL), utilizando Tris-HCl 10 mM (pH 9,0) no passo inicial de lavagem, seguido de um gradiente de NaCl 0 M até 1 M (linha tracejada). 69 XIX Índice de esquemas Esquema 1 Estratégias de ligação para matrizes com grupos hidroxilo. 17 Esquema 1 Estratégias de ligação para matrizes com grupos hidroxilo (cont.). 18 Esquema 2 Síntese geral dos corantes aminoesquarílicos simétricos. 39 Esquema 3 Mecanismo de formação de corantes esquarílicos. 41 Esquema 4 Estrutura de ressonância do anel de quatro membros dos corantes aminoesquarílicos. 45 Esquema 5 Mecanismo geral de hidrólise ácida do grupo Boc. 48 Esquema 6 Síntese geral dos corantes assimétricos. 50 Esquema 7 Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano. 55 Esquema 8 Ligação de corante aminoesquarílicos à Sepharose ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano. 55 Esquema 9 Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo. 56 Esquema 10 Ligação de corantes aminoesquarílicos à Sepharose ativada com cloreto de cianurilo. 58 Esquema 11 Conversão dos grupos epóxidos em aminas. 61 Esquema 12 Ligação do corante 25d à Sepharose ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano derivatizado com grupos amina. 62 Esquema 13 Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina. 63 Esquema 14 Ligação da amina do braço espaçador ao grupo ácido carboxílico do corante via EDC/NHS. 65 Esquema 15 Reação de amidação mediada por EDC e NHS. 66 Esquema 16 Possíveis reações que podem ocorrer durante a preparação do suporte com etilenodiamina. 72 XX Índice de tabelas Tabela 1 Propriedades de uma matriz de afinidade ideal. 7 Tabela 2 Exemplos de matrizes comerciais para CA. 9 Tabela 3 Principais designações comerciais da agarose. 11 Tabela 4 Exemplos de ligandos biológicos, sintéticos e suportes apropriados. 12 Tabela 4 Exemplos de ligandos biológicos, sintéticos e suportes apropriados (cont.). 13 Tabela 5 Comparação entre ligandos naturais e sintéticos. 13 Tabela 6 Ensaios preparados com os corantes 17a-c e densidade de ligando dos vários suportes cromatográficos. 59 Tabela 7 Suportes preparados com Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina. 70 Tabela 8 Tingimentos realizados com Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo. Tabela 9 Análise elementar e densidade de ligando dos vários suportes cromatográficos Tabela 10 102 Tingimentos realizados com Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina. Tabela 11 101 104 Tratamento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com EDC/NHS, Ac2O e extração Soxhlet. 105 XXI Índice de gráficos Gráfico 1 Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 8a-c possuindo diferentes cadeias N-alquílicas. Gráfico 2 Gráfico 3 42 Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 8b, 9b e 10b, possuindo diferentes heterociclos. 43 Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 23a-d e 25a-d. 54 XXII Capítulo 1 Introdução Introdução 1.1 Cromatografia de afinidade Nas últimas décadas, o crescente aumento do interesse em processos de inovação em áreas como a biotecnologia, a biomedicina e a bioquímica aplicada, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento de produtos bioquímicos vitais e compostos biofarmacêuticos, tem exigido o desenvolvimento e aperfeiçoamento de métodos de separação e purificação de biomoléculas [1,2]. A pureza de uma biomolécula é um importante pré-requisito para a sua aplicação, tal como o rendimento do processo utilizado. No entanto, o grau de pureza exigido varia de acordo com a finalidade para a qual a biomolécula é usada. Para aplicações terapêuticas, um elevado nível de pureza (> 99,9%) é necessário de modo a minimizar o risco de efeitos secundários ou de respostas imunogénicas; para aplicações industriais, tais como na indústria alimentar ou na produção de detergentes domésticos, uma pureza inferior é suficiente [3,4]. Atualmente a técnica potencialmente mais seletiva e eficaz para a purificação de proteínas e outras macromoléculas biológicas é a CA. Esta explora o princípio do reconhecimento biomolecular, isto é, a capacidade de reconhecimento de macromoléculas biologicamente ativas por ligandos de afinidade, originando complexos específicos e reversíveis [3,5,6]. A interação global entre a molécula alvo e o ligando imobilizado sobre uma matriz é o resultado da combinação de vários tipos possíveis de interações moleculares, nomeadamente, eletrostáticas, hidrofóbicas, ligações de hidrogénio e interações de Van der Waals [4]. A CA, quando comparada com outras técnicas de purificação convencionais baseadas, por exemplo, na precipitação com sais, na variação de temperatura ou pH e na utilização de polímeros de elevado peso molecular, poderá ter a capacidade de reduzir o número de etapas do processo de purificação, aumentando os rendimentos finais e diminuindo os custos do equipamento necessário [7]. 1.1.1 As origens da cromatografia de afinidade Embora, por vezes, se considere a CA um método relativamente recente, a literatura refere a sua primeira aplicação em 1910, por Emil Starkenstein, como resultado do estudo da ligação de amido insolúvel à enzima α-amilase, 2 Introdução sendo também este o primeiro caso conhecido em que a cromatografia líquida foi usada para separação de uma proteína [8]. O amido insolúvel utilizado por Starkenstein atuou tanto como material de suporte, como substrato para a amilase, levando assim à ligação e à retenção desta enzima. Estudos similares de CA com amido e amilase foram desenvolvidos por outros investigadores entre 1920 e 1940 [9]. Outros exemplos incluem a utilização de poligalacturonase simultaneamente como suporte e como ligando para a adsorção de ácido algínico, o isolamento da elastase suína usando elastina [8] e a purificação de pepsina através da utilização de edestina, uma proteína cristalina [10]. Contudo, nem todo o trabalho desenvolvido nessa altura se baseou na purificação de enzimas; também se desenvolveram técnicas que permitiam a purificação específica de anticorpos recorrendo a ligandos biológicos como evidenciou Landsteiner, em 1920, mostrando que os anticorpos podem reconhecer e ligar-se a substâncias com um estrutura específica, referida como "antígenos" [8]. Este tipo de ligação, para além de permitir a formação de complexos insolúveis com os antigénios, levou ao desenvolvimento, dez anos mais tarde, da imunoprecipitação como uma importante técnica para a purificação de anticorpos [11,12]. Esta descoberta serviu de base ao trabalho realizado por Kirk e Sumner para a purificação de anticorpos usando a urease e para demonstrarem que estes anticorpos eram proteínas [8], bem como para a purificação de outras enzimas. No entanto, e apesar de todos estes progressos, a popularidade da CA foi relativamente reduzida devido à complexidade encontrada para a obtenção de ligandos apropriados e/ou suportes disponíveis. Este obstáculo começou finalmente a ser ultrapassado entre 1940 e 1950 quando surgiram novas técnicas de síntese que permitiram aceder a uma vasta gama de ligandos para matrizes insolúveis. Estes suportes começaram por ser sólidos revestidos por uma camada de um ligando capaz de estabelecer ligações não covalentes com a matriz [8]. Mais tarde verificou-se a necessidade de ter sistemas quimicamente mais estáveis relativamente à natureza da ligação do ligando à matriz. Em 1951, um trabalho desenvolvido por Campbell e colaboradores, em que foi utilizada uma forma ativada de celulose para imobilizar a albumina do soro, permitiu um grande avanço na utilização desta técnica cromatográfica [13]. Vários trabalhos foram realizados nos anos seguintes, nomeadamente por Lerman, no sentido de um maior aperfeiçoamento de métodos de imunopurificação [8,14]. Em 1960 Arsenis e McCormick utilizaram suportes à base de celulose para o isolamento de algumas enzimas [15,16]. 3 Introdução O próximo grande desenvolvimento da CA ocorreu precisamente na década de 60 e baseou-se, fundamentalmente, em três descobertas: a primeira, foi a descoberta de um suporte mais eficiente e mais flexível do que a celulose para utilização com biopolímeros - a agarose - em meados de 1960 por Hjerten [8]; a segunda, foi a invenção de um método eficiente de imobilização usando brometo de cianogénio, em 1967, por Axen e colaboradores [8]; e a terceira, ocorreu em 1968, imaginada por Cuatrecasas e colaboradores [17], e resultou da utilização simultânea das duas descobertas anteriores, dando origem, pela primeira vez, à utilização do termo CA para definir o processo desenvolvido. Estes resultados fomentaram claramente o uso generalizado da CA, a qual passou a ter grande impacto nas técnicas de separação de biomoléculas, surgindo nos anos seguintes a introdução de métodos tais como a CA com DNA-celulose, a CA com boronato, a CA de iões-metálicos e, recentemente, a CA usando corantes [8,18]. A CA continua em constante desenvolvimento e tem desempenhado um papel central em diversas tecnologias das áreas da bioquímica e da biotecnologia como a genómica, a proteómica e a metabolómica, possibilitando aos investigadores explorar, por exemplo, os mecanismos responsáveis por interações proteína-proteína, a modificação química de uma cadeia proteica depois do seu processo de tradução e ainda a degradação de proteínas, fenómenos cujo estudo não era possível anteriormente. O acoplamento da CA de fase inversa à espetrometria de massa tem auxiliado na descoberta de biomarcadores de proteínas [18,19]. 1.1.2 Princípios básicos da cromatografia de afinidade A separação de uma dada proteína por CA depende das interações reversíveis entre a proteína a ser purificada e o ligando de afinidade preso à matriz. A maioria das proteínas tem um local de reconhecimento intrínseco que pode ser utilizado para selecionar o ligando de afinidade apropriado. A proteína a separar e o ligando usado para essa separação devem ser escolhidos tendo em conta tanto a especificidade como a reversibilidade da ligação que se estabelece entre ambos [7]. Neste método, uma molécula com capacidade de reconhecimento específico (ligando) é imobilizada num suporte insolúvel, designado por matriz, como, por exemplo, a agarose. 4 Introdução Procede-se então ao empacotamento da coluna cromatográfica com a matriz previamente ativada com o ligando. Uma amostra contendo o composto de interesse é injetada na coluna, sob condições favoráveis, promovendo a ligação do analito de interesse ao ligando imobilizado. Estas condições envolvem, tipicamente, a utilização de um tampão aquoso com um pH e uma força iónica que imitam o ambiente natural do ligando e do seu alvo. Os compostos da amostra que têm pouca ou nenhuma interação com o ligando irão ser removidos da coluna durante o passo da lavagem. As moléculas alvo são então eluídas usando tampões de eluição, com composição diferente do tampão inicial, sob condições que enfraqueçam a afinidade entre o ligando e a macromolécula, como o ajustamento do pH, da força iónica ou da temperatura, usando solventes específicos ou ligandos livres competitivos, para que a interação entre o ligando e a molécula alvo seja quebrada e esta seja obtida na forma purificada [8]. Depois da molécula alvo ter sido eluída, a coluna pode ser regenerada, antes da aplicação seguinte, fazendo passar pela mesma, por exemplo, um tampão igual ao usado no início de cada ensaio (figura 1). Figura 1 - Princípio esquemático da CA. 5 Introdução Vários métodos de deteção podem ser usados para identificar e quantificar o analito de interesse, tais como a absorvância, a fluorescência ou a espetrometria de massa [20]. Na figura 2 está representado um gráfico ilustrativo de uma separação eficiente obtida por CA, no qual se relaciona a resposta obtida durante uma eluição com o tempo de eluição ou com o volume de eluente gasto. Figura 2 - Gráfico ilustrativo de uma separação eficiente. A purificação de proteínas por CA distingue-se assim de todas as outras técnicas de separação uma vez que não se baseia nas diferenças das propriedades físico-químicas das moléculas a separar [4]. A absoluta dependência da interação de afinidade do reconhecimento biológico implica que o processo preserve a atividade biológica e/ou imunológica da proteína a isolar [6]. 1.1.3 O suporte e a matriz O termo suporte diz respeito à combinação de um ligando, de configuração molecular conhecida, imobilizado numa matriz que, na maioria das vezes, é um material insolúvel no sistema em que se encontra a molécula a purificar [21]. Um item fundamental na seleção e elaboração de um método de CA é a escolha da matriz e, tal como no caso dos suportes utilizados noutras modalidades de cromatografia, as matrizes para CA necessitam satisfazer certos critérios (tabela 1) [8,22,23]. 6 Introdução Tabela 1 - Propriedades de uma matriz de afinidade ideal [6]. Propriedades de uma matriz ideal Inerte Hidrofílica Não biodegradável Estável mecânica e quimicamente Facilmente derivatizável Boas características de fluxo Ausência de efeitos de adsorção não específicos Económica Uma característica importante de uma matriz prende-se com o fato de esta dever ser inerte relativamente aos outros solutos, isto é, dever apresentar uma adsorção extremamente baixa e não específica em relação aos componentes não desejados da amostra a purificar. A adsorção não desejada pode ser comprometida pela presença de grupos carregados ou hidrofóbicos na sua superfície. Evitar a adsorção não específica é essencial porque o poder de absorção de afinidade depende da interação específica entre o ligando imobilizado e as moléculas alvo dentro do meio de adsorção [22]. Uma vez que quase todas as separações por afinidade ocorrem em soluções aquosas, a matriz deve ser preferencialmente hidrofílica. Tal permite não só reduzir a adsorção não específica de compostos indesejados, mas também promover a dilatação dos poros da matriz em meio aquoso, com consequente diminuição do volume intrínseco da estrutura da matriz [6,8,22-24]. Outra característica que a matriz deve apresentar é ser não biodegradável, ou seja, ser resistente a ataques provocados por agentes biológicos presentes na mistura a separar. A matriz deve ser física e quimicamente estável numa ampla gama de condições, tais como valores de pH altos e baixos, intervalos largos de temperaturas, utilização de diferentes solventes orgânicos, detergentes e eluentes, especialmente para eluições difíceis ou passos de regeneração, bem como ser resistente a processos mecânicos como a agitação [21-24]. 7 Introdução Uma outra característica importante é que a matriz possa ser facilmente derivatizada quimicamente, necessitando, para isso, de possuir grupos funcionais superficiais (por exemplo hidroxilo, carboxilo, amida) que permitam a imobilização dos ligandos. A matriz deve ainda ser altamente porosa para permitir a imobilização de uma elevada quantidade do ligando e, portanto, possuir grande capacidade de adsorção da molécula alvo. No entanto, nem sempre um alto nível de substituição da matriz é sinónimo de uma elevada capacidade adsorvente. O acesso rápido de analitos ao ligando requer que os poros da matriz sejam de pequenas dimensões. Por outro lado, como na maioria dos casos o ligando e/ou a molécula alvo são proteínas de grande tamanho, torna-se necessário que os poros apresentem dimensões maiores, tornando a estrutura do suporte cromatográfico mais solta e permitindo que as moléculas alvo se movimentem mais facilmente no seu interior durante as etapas de separação, proporcionando assim uma eluição mais rápida. A caracterização física do suporte em termos do tamanho das partículas e do tamanho, volume e área superficial dos poros, deve ser tida em conta quando se pretendem boas características de fluxo, pois tal ajuda na determinação da velocidade de transferência de massa do soluto dentro do leito cromatográfico e da sua capacidade efetiva de ligação ao ligando [6,21-23]. É igualmente importante poder obter matrizes de baixo custo que possam resultar em técnicas de separação não muito dispendiosas [23]. Na realidade, não existe uma matriz verdadeiramente ideal para CA dado que, infelizmente, muitos dos requisitos referidos estão em conflito direto entre si. Como resultado, todas as matrizes de afinidade atuais envolvem algum compromisso entre essas propriedades e, portanto, o processo de seleção da matriz permanece largamente empírico e dependente dos requisitos de cada aplicação. Atualmente um grande número de matrizes para separação por CA estão comercialmente disponíveis (tabela 2). De longe, a matriz mais utilizada em CA é a agarose, não só devido à sua introdução numa fase inicial do desenvolvimento desta técnica de separação mas também porque esta possui a maioria das propriedades de uma matriz ideal, nomeadamente: estrutura porosa larga, uniformidade esférica das partículas, boa estabilidade em gel e presença de grupos suscetíveis de ativação e fixação química de ligandos [22,25]. Hoje em dia a agarose é utilizada como matriz de fase sólida em mais de 90% das aplicações da CA [26]. 8 Introdução Tabela 2 - Exemplos de matrizes comerciais para CA [8, 22]. Nome comercial Tamanho da partícula (μm) Material Sepharose 4B ou 6B 60-140 45-165 Agarose Trisacryl 40-80 60-180 Derivado de poliacrilamida Ultrogel 60-140 Poliacrilamida e agarose Sephadex 10-300 Dextrano reticulado Magnogel 60-140 Poliacrilamida e agarose com 7% de Fe3O4 Superose 10-12 Agarose Lichrospher 5-10 Sílica Bakerbond 40 Sílica TSK- Gel Matrex Cellufine 20-40 Polimetacrilato 40-120 Celulose Zorbax 5 Affi-Gel 75-150 Agarose Affi-Prep 10-50 Polimetacrilato Eupergit C 30 Bio-Gel A 38-75 Poros-50 50 Fractogel TSK ProteinPak 30-65 40 Sílica Metacrilato Agarose Poliestireno Polimetacrilato Sílica A agarose tem uma estrutura primária que consiste em resíduos alternados de D-galactose e 3,6-anidro-L-galactose (figura 3). A presença de resíduos de açúcar torna a agarose uma matriz hidrofílica não carregada, com abundância de álcoois primários e secundários, que podem ser usados na ativação e ligação [21]. Os grupos hidroxilo presentes 9 Introdução na agarose, depois de derivatizados, permitem facilmente a imobilização dos ligandos através de ligações covalentes. (A) (B) Figura 3 - Estrutura monomérica da agarose (A) e representação da estrutura do gel de agarose (B) [27]. A agarose é mais do que um simples conjunto de resíduos de açúcares. As estruturas secundárias e terciárias da agarose podem ser descritas como fibras únicas rodadas num fio de fibras múltiplas formando uma malha com grandes poros acessíveis. A estrutura porosa em malha da agarose é nodosa, estabelecendo-se ligações de hidrogénio fortes na junção dos poros, que podem ser quebradas (causando a desagregação dos nós) com o aquecimento ou na presença de agentes desnaturantes. A fim de aumentar a sua resistência física e química, e também para controlar a sua estabilidade estrutural, os nós de agarose modificados quimicamente com uma ligação covalente cruzada, introduzida com reagentes como, por exemplo, a epicloro-hidrina ou a divinilsulfona, originam a agarose de ligação cruzada (por exemplo, Sepharose CL-6B). Este tipo de agarose é usado na maioria das aplicações de CA que requerem ativação ou condições de uso rigorosas. Infelizmente, as ligações intermoleculares e a estabilidade mecânica da agarose, resultantes da ligação cruzada, proporcionam a perda de grupos hidroxilo ativos (aproximadamente 30-50%) que são consumidos nas reações químicas conducentes às ligações cruzadas. A estrutura apresentada pela agarose de ligação cruzada produz um suporte de afinidade com capacidade superior (em termos de massa de molécula alvo a separar por volume de suporte) quando aquela (ou o ligando) é uma proteína de grandes dimensões ou um polissacarídeo [21,22]. Este tipo de matriz é atualmente comercializado sob várias designações (tabela 3). 10 Introdução Tabela 3 - Principais designações comerciais da agarose [21]. Companhia Nome comercial Sepharose 2B, 4B, 6B Sepharose CL-2B, CL-4B, CL-6B GE Healthcare Life Sciences Superose Sepharose Fast Flow BioRad Bio-gel A IBF Ultrogel 1.1.4 O ligando O ligando desempenha um papel fundamental no sucesso dos processos de separação e purificação baseados em interações de afinidade como é o caso da CA. A seleção do ligando para esta técnica é influenciada, principalmente, por dois fatores: um deles é a necessidade do ligando exibir uma especificidade de afinidade reversível para a substância a ser purificada; e o outro é que possua grupos quimicamente modificáveis que permitam a sua união à matriz sem destruir a sua atividade [23]. Hoje em dia existe uma grande variedade de ligandos que podem ser classificados como naturais ou biológicos (ex: proteínas, anticorpos, antígenos, enzimas, oligonucleótidos, péptidos, oligossacáridos) ou não biológicos, pseudo-específicos ou sintéticos (ex: metais, aminoácidos, corantes, ligandos biomiméticos) [6]. Na tabela 4 são apresentados alguns exemplos destes tipos de ligandos. De acordo classificada em com o tipo diferentes de categorias ligando como, a usar por em CA exemplo: esta pode ser cromatografia de bioafinidade (que inclui várias subcategorias como a CA com lectina, CA com proteína A ou proteína G, entre outras), CA com boronatos, de imunoafinidade, CA usando iões metálicos, CA com corantes e CA cromatografia biomimética [8,20,28]. 11 Introdução Tabela 4 - Exemplos de ligandos biológicos, sintéticos e suportes apropriados [6]. Ligando Suporte apropriado Concanavalin A Con A Sepharose Agarose (45-165 μm) Gérmen de trigo Lectina Lentil lectin Sepharose Agarose (45-165 μm) Helix pomatina Helix pomatina Agarose (200-300 μm) Lectina Lectin Sepharose 4MB Heparin Avidgel P Polímero (40-120 μm) HiTrap Heparin Agarose (34 μm) Heparina Sepharose CL6B Agarose (45-165 μm) IgG Sepharose 6 FF Agarose (45-165 μm) HiPac Protein A Sílica (30 μm) AffiPrep Protein A Polímero (40-60 μm) HiTrap Protein A Agarose (34 μm) Protein A Avid Gel F Polímero (40-120 μm) Poros A PS-DVB (15-25 μm) Gammabind Protein G Sílica (30 μm) HiTrap Protein G Agarose (34 μm) Protein G Sephrose Agarose (45-165 μm) Poros G SDVB (15-25 μm) Benzamidina Benzamidine Agarose (45-165 μm) 5’-AMP 5’-AMP Sephrose Agarose (45-165 μm) 2’, 5’-ADP 2’, 5’-ADP Sephrose 4B Agarose (45-165 μm) 7-metil-GTP 7-metil-GTP Agarose (45-165 μm) Heparina IgG Biológicos Nome comercial Proteína A Proteína G 12 Introdução Tabela 4 - Exemplos de ligandos biológicos, sintéticos e suportes apropriados (cont.). Ligando Nome comercial Suporte apropriado HiTrap Blue Agarose (34 μm) Blue Sepharose 6 Cibacron Blue F3G-A Sintéticos Blue Sepharose CL-6B Procion Red HE-3B Red Sepharose CL-6B Agarose (45-165 μm) 6% reticulada Agarose (45-165 μm) 6% reticulada Agarose (45-165 μm) 6% reticulada Lysine AvidGel P Polímero (40-120 μm) Lysine Sepharose Agarose (40-165 μm) Arginina Arginine Sepharose Agarose (40-165 μm) IgG Avid AL Polímero (40-120 μm) Lisina 1.1.4.1 Vantagens e desvantagens dos ligandos naturais e sintéticos Os principais fatores que servem de base de comparação entre ligandos naturais e sintéticos são a seletividade, a capacidade de ligação a diferentes biomoléculas, a estabilidade química e biológica, o tempo de vida e o custo associado quer à sua aquisição, quer à sua produção (tabela 5). A competição entre laboratórios dedicados a ligandos sintéticos ou biológicos é intensa, resultando numa corrida para demonstrar qual a classe de ligandos mais promissora [5]. Tabela 5 - Comparação entre ligandos naturais e sintéticos [5]. Classe de ligandos Fator de comparação Seletividade Estabilidade Capacidade Custo Toxicidade Naturais Muito alta Baixa a média Baixa a média Médio a alto Sinteticos Médio a alta Alta Baixo a médio Em estudo Alta Baixa 13 Introdução A principal vantagem dos ligandos biológicos é a sua elevada seletividade e afinidade. No entanto, devido à sua natureza biológica e aos métodos de produção, estes ligandos tendem a ser caros e instáveis e, por isso, o seu uso torna-se limitado em situações envolvendo variações de temperatura ou outras condições adversas, como o pH ou o uso de certos solventes orgânicos. Condições de esterilização e limpeza, que são centrais para todo o processo de produção de um produto biológico, provocam a degradação do ligando imobilizado, encurtando assim o seu tempo de vida e originando a contaminação do produto final com lixiviados potencialmente tóxicos ou imunogénicos. Para além disso, existe também a possível contaminação proveniente da fonte biológica (por exemplo, com DNA ou com um vírus hospedeiro), conduzindo a uma baixa capacidade de ligação de proteínas, aumentando assim o custo do produto final [5-7,29]. Outra desvantagem destes ligandos, inerente à sua instabilidade química, é o fato de dificilmente poderem ser reutilizados e requererem condições mais rigorosas de armazenamento do que os ligandos sintéticos [30]. Os ligandos sintéticos ou pseudo-específicos parecem ultrapassar eficazmente a maioria dos problemas discutidos acima. No entanto, este tipo de ligandos pode apresentar uma redução da seletividade/afinidade relativamente à dos ligandos biológicos. Outras preocupações que surgem relativamente a este tipo de ligandos, dizem respeito à sua toxicidade e biocompatibilidade, tornando necessários estudos experimentais aprofundados que permitam maior conhecimento sobre a influência destas propriedades na utilização dos ligandos sintéticos em técnicas de separação e purificação [5]. Este tipo de ligandos é muitas vezes realizado por alterações estruturais específicas de corantes pré-existentes, de modo a otimizar condições de ligação e eluição, originando ligandos robustos e não suscetíveis à desnaturação. Os ligandos sintéticos são também mais estáveis sob fortes condições de eluição do que os respetivos corantes de partida [6]. Os exemplos mais conhecidos de ligandos sintéticos são os corantes têxteis. A maioria destes ligandos, incluindo o corante azul Cibacron F3G-A, contém uma triazina substituída, com sistemas de anéis aromáticos policíclicos e grupos doadores ou recetores de eletrões. Os corantes de triazina imitam a ligação de substratos naturais heterocíclicos aniónicos tais como os ácidos nucleicos, os nucleótidos, vitaminas e coenzimas e, provavelmente, representam o primeiro exemplo de ligandos para ligação a proteínas. No entanto, a seletividade, a pureza e a toxicidade dos corantes comerciais limitam a sua utilização na área biofarmacêutica, o que tem levado à pesquisa de corantes biomiméticos e à adoção de técnicas racionais de design molecular [2,7,29]. 14 Introdução A CA recorrendo à utilização de métodos computacionais ou de química combinatória para o design de corantes e outros ligandos para um alvo particular, é conhecida como CA biomimética. Esta abordagem, relativamente recente, tem-se revelado de grande interesse como ferramenta para a purificação de proteínas para produtos farmacêuticos [20]. 1.1.5 Imobilização dos ligandos São vários os métodos disponíveis para a imobilização de ligandos à matriz de suporte. A escolha do método e das condições apropriadas de acoplamento dependem da matriz e do ligando, devendo ser compatível com ambos [22]. Em geral, o processo de imobilização de um ligando divide-se em três etapas [23]: 1. Ativação da matriz, de modo a torná-la reativa em relação aos grupos funcionais do ligando; 2. Ligação do ligando à matriz; 3. Desativação ou bloqueio dos grupos ativos residuais. No caso de ligandos reativos eletrófilos, as etapas 1 e 3 não se aplicam, resumindo-se o processo à ligação direta do corante à matriz (etapa 2). A ativação é definida como um processo de modificação química da matriz, com o objetivo de que esta se torne reativa e se una ao ligando por meio de ligações covalentes. O objetivo deste processo é ligar, de um modo eficiente e firme, um ligando específico a uma matriz insolúvel, para que nenhum deles sofra efeitos adversos, nem adicione nenhuma característica não específica ao sistema de separação [21,24]. Para tal, a imobilização deve ser realizada na região menos crítica da molécula do ligando, para assegurar uma interferência mínima na interação específica entre o ligando imobilizado e as moléculas alvo. As condições químicas e experimentais aplicadas podem causar deterioração das moléculas do ligando (o que pode significar perda da atividade ou funcionalidade) durante os passos de ativação ou acoplamento, pelo que estas devem ser cuidadosamente selecionadas [22]. A ativação consiste, normalmente, na introdução de um grupo eletrófilo na matriz, que vai reagir com um grupo nucleófilo do ligando (por exemplo, um grupo amina, tiol ou hidroxilo). Em alternativa, mas menos frequentemente, a matriz com grupos nucleófilos imobiliza um ligando possuindo grupos eletrófilos [23]. 15 Introdução Apesar de existirem vários processos de ativação o seu uso é limitado a aplicações em larga escala. O tempo requerido para imobilizar um ligando a um suporte pré-ativado, especialmente quando o ligando é uma molécula biológica frágil tornando-se instável durante processos de imobilização de longa duração, e a contaminação do produto final com o ligando, devido a processos de lixiviação, são fatores decisivos na escolha do método de imobilização [6]. Muitos dos corantes reativos são imobilizados na matriz por reação direta entre os grupos reativos (principalmente grupos hidroxilo) da matriz e as moléculas de corante (por substituição de átomos de cloro ou flúor dos grupos triazinilo dos corantes) [22]. 1.1.5.1 Métodos de ativação da matriz Existem muitos processos químicos de ativação uma vez que existem muitas matrizes e ligandos de interesse e, ao mesmo tempo, não existe um método eficiente igual para as diversas aplicações. Quando se escolhe um método de ativação há que partir do pressuposto de que é quase sempre mais fácil ajustar a ativação da matriz de acordo com o ligando desejado do que adaptar o ligando à matriz depois de ativada previamente por um dado método [21]. No esquema 1 são mostradas algumas das principais estratégias de ativação para matrizes com grupos hidroxilo [21,23]. 1.1.5.2 Braços espaçadores Muitas vezes os sítios ativos de moléculas biológicas estão localizados profundamente dentro da estrutura tridimensional da molécula, o que pode causar um importante impedimento estereoquímico entre o ligando e a molécula alvo, originando uma interação enfraquecida ou mesmo nenhuma interação em concreto [8,22,23,27]. Um ligando que é imobilizado diretamente a um material polimérico de suporte pode não se afastar suficientemente da superfície da matriz para alcançar o local de ligação numa molécula de proteína. Isto raramente acontece com os ligandos de elevado peso molecular mas pode ocorrer com ligandos de menor peso molecular [21,24]. 16 Introdução Esquema 1 - Estratégias de ligação para matrizes com grupos hidroxilo. 17 Introdução Esquema 1 - Estratégias de ligação para matrizes com grupos hidroxilo (cont.). Nestas circunstâncias, braços espaçadores são frequentemente aplicados entre a matriz e o ligando para garantir a sua acessibilidade à molécula alvo, sendo especialmente úteis para ligandos de reduzidas dimensões em relação às macromoléculas (por exemplo, proteínas de elevado peso molecular) [25]. Estas moléculas espaçadoras consistem, usualmente, em cadeias lineares hidrocarbonadas, com funcionalidades em ambas as extremidades, de modo a permitir a ligação simultânea à matriz e ao ligando. O processo é dividido em duas fases: numa primeira, uma das extremidades é ligada quimicamente à matriz, usando técnicas de imobilização tradicionais e, numa segunda fase, a outra extremidade é unida ao ligando 18 Introdução através de uma segunda ligação covalente. O resultado é um ligando imobilizado, afastado do esqueleto da matriz por uma distância igual ao comprimento do espaçador [21-23]. Com materiais de suporte rígidos um espaçador pode proporcionar grande flexibilidade tridimensional, permitindo ao ligando imobilizado mover-se de forma a estabelecer a orientação adequada para a ligação à proteína [21]. A figura 4 ilustra a diferença na interação de uma macromolécula com o ligando na presença e na ausência de um braço espaçador. (A) (B) Figura 4 - Efeito de um braço espaçador na interação macromolécula-ligando: (A) ligando diretamente ligado à matriz; (B) o braço espaçador permite o acesso do ligando ao local de ligação da macromolécula. Um aspeto importante a ter em conta na escolha do braço espaçador é o comprimento da cadeia: se esta for demasiado curta, o braço é ineficaz e o ligando não se liga ao analito; cadeias demasiado longas podem aumentar o potencial de interações hidrofóbicas não específicas, o que pode afetar a hidrofilicidade relativa do ligando imobilizado, principalmente quando se trata de um ligando pequeno e de baixo peso molecular. As interações hidrofóbicas não específicas são indesejáveis na CA pois reduzem a seletividade da separação. Optar por cadeias com constituintes mais polares, tais como aminas secundárias, amidas, grupos éter ou hidroxilo, ajuda a manter minimizados os efeitos hidrofóbicos. É igualmente importante considerar os efeitos iónicos que uma molécula espaçadora pode transmitir a um suporte. Os espaçadores com grupos amina primários terminais devem 19 Introdução ser completamente ligados a um ligando ou bloqueados por uma molécula não relevante (ex. anidrido acético), de modo a impedirem a criação de uma carga positiva no suporte, a qual pode ser responsável por interações não específicas consideráveis com proteínas. Espaçadores com carga negativa causam, geralmente, menos ligações não específicas com proteínas do que aqueles que apresentam cargas positivas mas o bloqueio dos grupos espaçadores em excesso é sempre conveniente [19,21,27]. 1.1.5.2.1 Tipos de espaçadores Em teoria, qualquer molécula pequena pode funcionar como um espaçador intermediário entre a matriz e o ligando. No entanto, a maior parte dos espaçadores são constituídos por moléculas com não mais de 10 átomos de comprimento. Considera-se que as melhores escolhas são aquelas em que os espaçadores são moléculas que têm funcionalidades apropriadas de ligação em ambos os extremos e um caráter globalmente hidrofílico. Alguns dos espaçadores mais comuns encontram-se ilustrados na figura 5 [21,23]. Figura 5 - Exemplos de espaçadores comuns. De referir, em particular, o 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano, o qual, para além de fornecer um espaçador que afasta bastante o ligando da matriz devido à sua extensão, também pode ser usado na produção de um espaçador de terminação amina se os grupos oxiranos forem tratados com aminas. O resultado é um espaçador hidrofílico, contendo grupos 20 Introdução hidroxilo secundários resultantes da abertura de epóxidos, uma ligação éter, que é relativamente estável, e um grupo amina primária terminal para derivatizações posteriores. Para isso o procedimento normal é ligar este espaçador à matriz através de um método adequado e depois a matriz ativada é tratada com hidróxido de amónio formando uma amina primária terminal. Este espaçador é extremamente útil para efetuar a ligação de pequenos ligandos contendo grupos ácido carboxílico ou outros compostos que se possam ligar quimicamente a aminas [21]. 1.1.6 Principais aplicações da cromatografia de afinidade A CA pode ser usada, de uma forma geral, em diferentes processos, tais como a purificação e a concentração de uma substância a partir de uma mistura, a redução da quantidade de uma substância na mistura inicial e o conhecimento dos compostos biológicos que têm capacidade para fazer ligações com determinadas substâncias. A purificação de ácidos nucleicos, a purificação de proteínas a partir de extratos isentos de células e a purificação dos constituintes do sangue, são algumas das importantes aplicações da CA, com especial destaque para a separação e purificação de proteínas, sendo potencialmente o método mais seletivo para a purificação destas biomoléculas [3,7]. A CA para proteínas tem atualmente uma variedade de aplicações que vão desde o estudo de interações de ligação proteína-medicamento à redução da concentração de proteínas de abundância elevada para melhorar a deteção/quantificação de proteínas diluídas numa amostra [19]. Outras aplicações desta técnica recorrem ao uso de enzimas imobilizadas ou de inibidores de enzimas. Enzimas imobilizadas têm sido utilizadas na indústria para processos que envolvem produtos farmacêuticos e alimentares, bem como em aplicações agrícolas e ambientais. A utilização de enzimas imobilizadas nestes campos depende tanto da atividade catalítica da enzima como da especificidade da sua ligação. Alternativamente, a enzima pode ser utilizada como um ligando de afinidade para purificação de um inibidor da enzima. A terceira aplicação possível para uma enzima imobilizada consiste na sua utilização como um sequestrante para remover impurezas [8]. 21 Introdução De acordo com o tipo de ligando usado, a CA apresenta hoje em dia diversas aplicações, tornando-se uma técnica de separação cada vez mais importante no estudo de amostras biológicas e agentes farmacêuticos [20]. Um grupo importante de ligandos de bioafinidade, que inclui as proteínas de ligação à imunoglobulina, é usado numa técnica cromatográfica designada por cromatografia por imunoafinidade. Uma utilização deste tipo de cromatografia é a purificação, por afinidade, de anticorpos a partir do soro do sangue. Dois exemplos comuns de ligandos usados na cromatografia por imunoafinidade são a proteína A e a proteína G. Estes ligandos têm a capacidade de se ligar à região ativa de vários tipos de imunoglobulinas, ou anticorpos (que se dividem em cinco classes: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM), o que torna estes ligandos úteis para a purificação de anticorpos e para a deteção ou utilização de anticorpos em diversos métodos analíticos. Por exemplo, a proteína G ou proteína A/G (que resulta da combinação de domínios de ligação de ambas as proteínas A e G) podem ser utilizadas no isolamento de anticorpos da classe IgG de cabra, mas as proteínas A, G, ou A/G também podem ser usadas para o isolamento de anticorpos IgG de coelho [8,31]. As lectinas são outra classe de ligandos que têm sido amplamente utilizados em CA, dando origem a um tipo de cromatografia, conhecido como CA de lectina. As lectinas são proteínas do sistema não imune que têm a capacidade de reconhecer e ligar-se a determinados resíduos de hidratos de carbono, sendo vulgarmente utilizadas no isolamento de compostos biológicos que contêm este tipo de resíduos, tais como polissacarídeos, glicoproteínas e glicolípidos [8,31]. A CA de lectina é uma das técnicas mais poderosas para o estudo da glicosilação como uma modificação pós translacional de proteínas [19]. A CA com boronatos, que usa ligandos como, por exemplo, o ácido bórico, tem sido explorada para a separação de uma grande variedade de compostos, incluindo nucleósidos, nucleótidos, ácidos nucleicos, hidratos de carbono, glicoproteínas e enzimas. Este tipo de cromatografia está na base dos primeiros relatos de aplicações quantitativas de CA em laboratório clínico. Estes relatos descrevem a quantificação de hemoglobina glicosilada para a avaliação da gestão da diabetes a longo prazo [8,20,31]. Os corantes sintéticos são outro grupo de ligandos que podem ser empregues em CA dando origem a um método conhecido como CA com corantes. Por exemplo, colunas contendo corantes de triazina são normalmente utilizados para purificar a albumina e 22 Introdução outras proteínas do sangue, juntamente com várias enzimas e proteínas de interesse como agentes farmacêuticos [20]. 1.2 Cromatografia de afinidade com corantes Uma grande variedade de proteínas, incluindo, enzimas, anticorpos e hormonas, tem sido usada em diversas aplicações médicas e industriais e, dependendo da sua aplicação final, estas proteínas requerem diferentes graus de pureza [32]. Nos últimos 20 anos, os medicamentos à base de proteínas tornaram-se armas importantes na guerra contra algumas doenças [33]. Aproximadamente 1,049 milhões de gramas de medicamentos à base de proteínas foram produzidas em todo o mundo em 1999 e a sua produção subiu para 1,150 milhões de gramas em 2004 [34]. Dentro de uma década, estima-se que aproximadamente 25% de todos os medicamentos em países desenvolvidos sejam desta categoria, em especial com o aumento do número de alvos terapêuticos [34]. Dada a elevada necessidade de proteínas terapêuticas puras, a indústria biotecnológica poderá, em breve, vir a sofrer de falta de capacidade de produção desses agentes [35]. Para combater essa necessidade, serão necessárias técnicas melhoradas nos métodos de purificação de proteínas para permitir processos cada vez mais eficientes e com elevados rendimentos [29,35]. Além disso, com o impacto da genómica e da proteómica, com capacidade para revolucionar a descoberta e desenvolvimento de fármacos, os cientistas estão confrontados com o desafio de estudar grandes bibliotecas de proteínas para analisar o funcionamento molecular das células, exigindo por isso também métodos melhorados para a purificação de proteínas [29,36,37]. Uma vez que a CA é, potencialmente, o método mais seletivo para a purificação de proteínas [3,7], uma forma de atender a essas necessidades passa por desenvolver ligandos de afinidade mais eficientes, em termos de estabilidade e de custos, para o isolamento e purificação de proteínas. Uma ampla variedade de moléculas funcionais, incluindo enzimas, cofatores, coenzimas, anticorpos, aminoácidos, oligopeptídeos, proteínas, ácidos nucleicos e oligonucleótidos pode ser utilizada como ligandos. Estes ligandos são extremamente específicos, na maioria dos casos. No entanto, eles são caros, devido ao alto custo de produção e exigem extensos passos de purificação, diminuindo o rendimento do processo. 23 Introdução Uma vez que estes ligandos bioespecíficos são química e biologicamente instáveis é difícil imobilizar certos ligandos na matriz com a manutenção da sua atividade biológica inicial. Precauções adicionais são também necessárias no seu uso (durante os passos de adsorção e eluição) e armazenamento. Os compostos sintéticos tais como corantes e agentes biomiméticos que apresentam estruturas e comportamentos químicos idênticos a determinados ligandos naturais têm sido considerados como uma das alternativas importantes para a CA bioespecífica, de modo a contornar muitos dos seus inconvenientes. Corantes como ligandos são capazes de se ligar à maioria dos tipos de proteínas e enzimas, em alguns casos de uma maneira extremamente específica. Estes ligandos são resistentes à degradação química e biológica e encontram-se comercialmente disponíveis, apresentando um baixo custo devido ao seu processo simples de síntese. A sua estabilidade química dá-lhes a vantagem de permitir que as colunas cromatográficas possam ser reutilizadas muitas vezes. São facilmente imobilizadas numa variedade de matrizes, especialmente em matrizes que possuem grupos hidroxilo, através dos seus grupos funcionais. Embora todos os corantes sejam de natureza sintética, são ainda classificados como ligandos de afinidade porque interagem com os locais ativos de muitas proteínas imitando a estrutura dos substratos, cofatores ou agentes de ligação para as proteínas [2,22,29,30,38]. Vários corantes, obtidos a partir da indústria têxtil, foram originalmente utilizados como ligandos em CA. Estes corantes têxteis reativos têm sido usados para a purificação de proteínas em sistemas de afinidade corante-ligando, uma vez que se ligam a uma variedade de proteínas de uma forma seletiva e reversível [22]. A maior parte dos corantes reativos, muitas vezes referidos como corantes de triazina ou triazínicos, utilizados como sistemas de corantes de afinidade, consistem num cromóforo (geralmente baseado numa antraquinona, grupo azo ou ftalocianina) responsável pela cor, e que, por definição, deve ter uma estrutura conjugada de duplas ligações para absorver no visível, ligado a um grupo reativo (frequentemente um anel mono ou diclorotriazínico). O cloreto de cianurilo (1,3,5triclorotriazina), que é a substância de base utilizada na síntese destes corantes, constitui também o local do corante que possui grupos responsáveis por estabelecer ligações covalentes com o suporte insolúvel, proporcionando uma imobilização eficaz, por exemplo, em suportes possuidores de grupos hidroxilo. A presença de átomos eletronegativos faz com que os três átomos de carbono presentes no cloreto de cianurilo sejam carregados positivamente e, portanto, muito sensíveis a ataques nucleófilicos. Estes corantes têm também grupos ácido 24 Introdução sulfónico para proporcionar a solubilidade desejada da molécula em meios aquosos. Estes grupos são carregados negativamente a todos os valores de pH. Alguns corantes contêm grupos carboxilo, amino, cloro ou grupos de complexação com metais. A maioria contém átomos de azoto, tanto dentro como fora do anel aromático [8,21,22,29,39]. As duas maiores famílias de corantes reativos utilizadas com sucesso em CA são a do Cibacron e a do Procion H [21,22,38]. A única diferença entre estas duas séries é a posição do grupo sulfonato no anel de anilina, que se encontra na posição orto no Cibacron e na posição meta ou para no Procion H [22]. 1.2.1 Breve história da cromatografia de afinidade com corantes A descoberta de corantes como ligandos ocorreu acidentalmente na década de 1960 [40]. Naquela época, investigadores, ao tentar purificar a enzima piruvato cinase a partir de uma coluna de filtração em gel, na presença de Dextran-Blue, um conjugado do corante triazínico Cibacron Blue F3G-A, imobilizado covalentemente em Sefadex G-200, usado para determinar o volume vazio, ficaram intrigados ao observar um comportamento anómalo, pois o corante eluia ao mesmo tempo que a enzima a purificar [22,30,40]. Mais tarde, descobriu-se que isto era causado pela ligação entre a enzima e o corante, provocando assim a eluição do corante em conjunto com a enzima. Tal levou à primeira aplicação deste corante em CA, quando Staal e seus colaboradores, em 1971, utilizaram uma coluna de Dextran-Blue para purificar a piruvato cinase de eritrócitos humanos [41]. Depois disso, este conceito foi aplicado à purificação de uma variedade de proteínas [22]. Ao longo das últimas décadas, os corantes triazinicos têm encontrado grande aplicação como ligandos gerais para a purificação de proteínas, como, por exemplo, a albumina do plasma sanguíneo, bem como oxidoredutases, descarboxilases, enzimas glicolíticas, nucleases, hidrolases, liases, sintetases e transferases. Muitos suportes contendo este tipo de corantes como ligandos estão disponíveis comercialmente a partir de fornecedores como a Sigma-Aldrich e a GE Healthcare Life Sciences. Exemplos comuns desses suportes incluem o CB3GA-Agarose, o Blue-Trisacryl, o Reactive Brown 10-Sepharose, o Reactive Green 19Sepharose, o Reactive Red 120-Sepharose e o Reactive Yellow 3-Sepharose [8,22]. 25 Introdução 1.2.2 Cibacron Blue F3G-A e corantes relacionados A estrutura química do Cibacron Blue F3G-A é apresentada na figura 6. Estruturalmente, podem ser distinguidas quatro partes nas moléculas individuais (A a D): um grupo antraquinona (parte A), encontra-se ligado a um anel de triazina (parte C), por um anel de ácido diaminobenzenossulfónico (parte B); apresenta ainda um anel terminal aminossulfónico (parte D) [42]. Hoje em dia são conhecidas interações entre este corante e uma grande variedade quer de enzimas, quer de proteínas [42,43]. Figura 6 - Estrutura do Cibacron Blue F3G-A. Embora o corante Cibacron Blue F3G-A tenha sido objeto de maior atenção pelo fato de ter sido o primeiro a ser utilizado como ligando em CA, outros corantes do tipo triazínico foram surgindo ao longo do tempo (figura 7) [44,45]. A maior parte desses corantes apresenta estrutura similar ao Cibacron Blue F3G-A. Um grupo interessante de corantes usados como ligandos, que não assenta em grupos triazínicos, é a série Remazol da Hoechst, que se fixa à matriz através de grupos ativos vinilsulfona [22]. Apesar da ampla aplicação dos corantes têxteis em CA, devido às vantagens distintas sobre o uso de ligandos biológicos, a preocupação relativamente à seletividade, pureza, toxicidade e velocidade de fluxo durante a separação de biomoléculas quando se utiliza este tipo de ligandos tem limitado a sua utilização até à data, com algumas exceções notáveis, como a purificação da albumina do soro humano ou a purificação de proteínas farmacêuticas [7,8]. 26 Introdução Figura 7 - Estruturas de alguns corantes usados em CA. Uma estratégia para evitar as desvantagens dos corantes têxteis enquanto ligandos consiste em conceber, adaptar ou reformular a estrutura destes corantes com vista à síntese de novos corantes com melhor afinidade e especificidade [2,22]. Em princípio, isto pode ser alcançado através da conceção de corantes sintéticos que mimetizam a estrutura e a ligação de ligandos biológicos a proteínas alvo. Este novo tipo de ligandos é denominado de corantes biomiméticos, os quais devem não só apresentar uma alta especificidade para a proteína alvo mas também reter a maior parte das vantagens dos corantes têxteis comerciais (frequentemente denominados como corantes convencionais) [2,7]. Alguns itens que devem ser considerados na conceção de ligandos biomiméticos incluem a especificidade do ligando para a proteína de interesse, a reversibilidade da interação 27 Introdução do ligando com a proteína e a estabilidade do ligando de acordo com as condições de funcionamento desejadas (incluindo a sua estabilidade relativamente a agentes biológicos que possam aparecer na amostra) [8]. Este conceito foi aplicado pela primeira vez por Lowe e colaboradores [44,46] no início da década de 1980, quando utilizaram este tipo de ligandos, com sucesso, para o isolamento de uma enzima específica. O primeiro corante biomimético (figura 8), o Benzamidino Yellow, foi preparado ligando benzamidina a um anel de clorotriazina através de um grupo reativo diaminometilbenzeno e foi utilizado para a separação específica da tripsina e da quimotripsina [47]. Figura 8 - Estrutura do corante catiónico Benzamidino Yellow. Muitos outros estudos se seguiram utilizando corantes biomiméticos como ligandos de afinidade [7,22]. Muitos destes ligandos foram obtidos através de pequenas alterações na estrutura dos compostos triazínicos, como é o caso de um análogo do Cibacron Blue F3G-A, possuindo grupos carboxilo, fosfato, hidroxilo, amida ou amónio como substituintes no anel aromático terminal, utilizado num estudo detalhado da interação com a álcool desidrogenase de fígado de cavalo e a sua consequente separação. Estes resultados proporcionaram uma base sólida para o desenvolvimento da produção de corantes biomiméticos [7]. Estes corantes biomiméticos pioneiros são designados de primeira geração [2] por resultarem essencialmente do conhecimento do tipo de ligações preferidas de enzimas ou proteínas alvo a ligandos naturais, de dados de cristalografia de raios-X de proteínas e de dados de RMN e/ou de outras informações bioquímicas úteis disponíveis [2,7,8]. Este tipo de dados e o conhecimento das coordenadas a três dimensões são muito úteis quando se tenta projetar um ligando específico para ligação a uma dada macromolécula. Em princípio, o complexo ligando-proteína é passível de formar estruturas cristalinas permitindo o seu estudo; 28 Introdução no entanto, nem sempre isso é possível, sendo muitas vezes difícil conseguir a estrutura cristalina necessária para a obtenção da informação desejada [2]. A capacidade de combinar o conhecimento de dados de cristalografia de raios-X e de RMN de estruturas proteicas alvo, a partir de bancos de dados apropriados, e a consequente identificação de um potencial local de ligação da proteína com ferramentas computacionais avançadas permitiu a síntese de moléculas pré-definidas de modo a obter modelos racionais de ligandos de afinidade mais viáveis, poderosos, lógicos e rápidos [7]. Na verdade, esta tecnologia computacional, especialmente na área de modelagem molecular contemporânea e na área da bioinformática, marcou uma nova era no design de ligandos, oferecendo a possibilidade de uma realidade “virtual” para muitos complexos ligando-proteína. Esta abordagem deve ter em consideração não só a viabilidade e facilidade da síntese química, mas também a imitação da forma molecular e das interações provenientes de estruturas gerais de outros ligandos biológicos conhecidos para o alvo (por exemplo, substratos ou inibidores), bem como a distribuição e articulação de grupos funcionais específicos, conhecidos como reativos, com uma ampla classe de alvos [2,7,8]. Há dois fatores importantes para o sucesso dos ligandos baseados em estruturas de design: em primeiro lugar, a capacidade de prever corretamente a configuração do ligando e, em segundo, a capacidade de prever corretamente a sua afinidade de ligação com o alvo desejado [3]. As primeiras aplicações de corantes como ligandos biomiméticos recorrendo à modelagem molecular e à bioinformática tinham como alvo uma enzima de interesse analítico, a L-malato desidrogenase de coração bovino [48,49]. Alguns projetos bem-sucedidos utilizando este tipo de ligandos têm sido descritos [5,50] como, por exemplo, o corante de antraquinona usado como ligando biomimético para a purificação da L-lactato desidrogenase de coração de bovino [50]. O ligando é um análogo do corante têxtil Cibacron Azul F3G-A. Os novos corantes biomiméticos usados como ligandos, projetados para as enzimas mencionadas anteriormente, também encontram aplicação para a purificação de outras enzimas cujos substratos partilham características comuns [2]. Hoje em dia, a CA com corantes biomiméticos é usada para purificar proteínas terapeuticamente úteis [51]. A figura 9 mostra exemplos de estruturas deste novo tipo de ligandos. 29 Introdução Figura 9 - Estruturas de corantes biomiméticos usados em CA [2,5,52]. 1.2.3 Interação entre corantes como ligandos de afinidade e proteínas O mecanismo de ligação dos corantes às proteínas é complexo, sendo incerta a total natureza da interação corante-proteína. O corante tem de se aproximar da área da molécula de proteína responsável pela ligação ao substrato, podendo ser o local ativo ou mesmo outra parte da molécula, e tem de ser capaz de se ligar a esses sítios em virtude da sua similaridade com um substrato natural [53]. O sítio de ligação de uma proteína é um arranjo estereoquímico único de grupos iónicos, polares e hidrofóbicos na sua estrutura tridimensional, onde as cadeias polipeptídicas provavelmente exibem maior flexibilidade. As moléculas de corante, usadas como ligando, participam na interação não covalente com a proteína para alcançar uma ligação forte e específica [22]. A primeira estrutura cristalina que forneceu informações de raio-X detalhadas sobre as interações corante-proteína foi o complexo Cibacron Blue F3G-A – álcool desidrogenase do fígado de cavalo [8]. Demonstrou-se que este corante se liga à enzima álcool desidrogenase de fígado de cavalo num local NAD+ e que este local apresenta estrutura equivalente aos anéis de adenina e ribose desta enzima. Assim, foi proposto que o corante é um análogo da ADPribose e interage com o nucleótido encontrado nos sítios de ligação das enzimas correspondentes (AMP, IMP, ATP, NAD+, NADP+ e CTP [8,22]. Várias técnicas de espetrometria de UV/Vis, IV, RMN, RPE e dicroísmo circular têm sido utilizados para explicar as interações corante-proteína. Estes estudos vieram confirmar que tanto a estrutura do corante como da biomolécula são importantes e que as interações podem resultar de uma combinação de vários tipos de forças eletrostáticas [22]. 30 Introdução 1.2.4 Cromatografia de afinidade com cianinas As cianinas constituem uma classe da família dos corantes polimetínicos, cuja estrutura geral está representada na figura 10. Estes corantes podem ser definidos como sais monoácidos em que dois núcleos heterocíclicos, com pelo menos um átomo de azoto, estão ligados por uma cadeia de ligações duplas conjugadas, pelo que a cadeia possui necessariamente um número ímpar de átomos de carbono. Um dos núcleos heterocíclicos funciona como doador e outro como aceitador de eletrões. Assim, cada composto é considerado como um híbrido de ressonância de duas estruturas canónicas e nenhuma fórmula única é a sua representação completa. No entanto, para simplificação, a estrutura é normalmente apresentada como possuindo um átomo de azoto terciário e o outro quaternário [53-57]. Figura 10 - Fórmula de estrutura geral das cianinas. Esta classe de corantes absorve numa gama muito larga do espetro eletromagnético, desde 340 a 1400 nm, ou seja, desde o ultravioleta até ao infravermelho [56], passando por todas as cores da região do visível, estando a sua cor intensa relacionada com a interação de ressonância entre os átomos de azoto nos extremos da cadeia conjugada, envolvendo o movimento da carga positiva [53-55]. O comprimento de onda de absorção das cianinas é influenciado essencialmente por dois fatores: o primeiro, que é o que tem o efeito mais significativo, diz respeito à natureza do anel heterocíclico e ao número de ligações duplas conjugadas entre os dois azotos, isto é, ao comprimento da cadeia polimetínica; o outro está relacionado com a simetria, ou não, dos anéis heterocíclicos presentes, com a natureza dos grupos N-alquilo e com os substituintes presentes tanto na cadeia metínica como nos anéis. Outras variações importantes com repercussão nas propriedades das cianinas são a natureza do contra-ião, que vai condicionar a solubilidade e a facilidade de cristalização das cianinas, e a rigidificação do sistema conjugado, que, em geral, aumenta a sua estabilidade bem como o comprimento de onda de absorção [53-55]. 31 Introdução De uma maneira geral, a síntese de cianinas [55,57-59] envolve várias etapas que consistem em simples adições de reagentes nucleófilos e eletrófilos, precedidas ou seguidas de reações de eliminação, via desprotonação, e remoção de grupos de saída. Os precursores chave são sais de amónio quaternários de heterociclos possuidores de grupos metilo quase sempre na posição 2 [60] que, na presença de bases, originam bases metilénicas nucleófilas. Esta classe de corantes apresenta algumas propriedades características e que são importantes para algumas das suas aplicações, tais como, uma absortividade molar máxima, εmáx, muito elevada, com valores de cerca de 30000 M-1cm-1 para monometinocianinas e 250000 M-1cm-1 para cadeias maiores. No entanto, para cadeias a partir das heptametinocianinas, estes valores começam a diminuir. As cianinas são um exemplo de uma classe de corantes cujas inúmeras e diversificadas aplicações [57,59,61-63] derivam, quase exclusivamente, das suas propriedades fotoquímicas e fotofísicas resultantes das transições eletrónicas do seu estado fundamental π para os seus diferentes estados excitados, e das transições entre estes [53]. Entre essas aplicações contam-se o uso destes corantes como sensibilizadores de peliculas fotográficas, como meio de gravação em discos óticos, em tintas industriais, para capturar energia solar, em sistemas de laser, em sistemas de fotossíntese artificial, em proteómica, como materiais fotorrefrativos, como agentes antitumorais (na terapia fotodinâmica, resultando de processos como a produção de oxigénio singuleto) e como sondas fluorescentes para sistemas biológicos [57,61,62,64]. Outra aplicação das cianinas, não resultante de fenómenos derivados das transições eletrónicas mas do fato de poderem, potencialmente, estabelecer interações seletivas com biomoléculas, é o uso desta classe de corantes como ligandos em CA. Não obstante as cianinas terem múltiplas e extensas aplicações como corantes funcionais em diversas áreas, a sua utilização como ligandos para CA e a sua imobilização em suportes cromatográficos tem sido muito pouco explorada. A relativa facilidade de síntese de diferentes cianinas estruturalmente complexas e possuidoras de um conjunto variado de particularidades estruturais com potencial para interagir de diferentes modos com substratos naturais, tornam-as atrativas para este objetivo [53]. A combinação de tipos específicos de interações hidrófobas, hidrofílicas, iónicas e interações π-π exibidas pelas diferentes porções destes corantes, poderá permitir estabelecer uma interação seletiva desejável com biomoléculas a purificar, fazendo das cianinas candidatos adequados para ligandos de afinidade [65]. 32 Introdução Os primeiros estudos que envolveram este tipo de corantes mostraram que as cianinas podem ser imobilizadas covalentemente em suportes como a celulose [61,66]. Nesses estudos verificou-se que existem aminocianinas (figura 11) capazes de se ligarem a celulose microcristalina, por meio de um agente de ligação polifuncional - o cloreto de cianurilo [66]. Figura 11 - Estrutura da primeira cianina imobilizada em suportes de celulose. Na primeira aplicação destes corantes catiónicos como ligandos em CA, procedeu-se à imobilização de um corante cianínico do tipo isotiocianato-funcionalizado (figura 12), em gel de agarose e analisou-se a capacidade deste corante, como ligando de afinidade, para purificar algumas proteínas padrão (albumina de soro bovino (BSA), tripsina e quimotripsina) [67]. Verificou-se então que esta cianina, como ligando, apresentava comportamentos cromatográficos diferentes para as três proteínas em estudo. A influência da composição da fase móvel no comportamento cromatográfico destas proteínas foi também estudada e concluiu-se que a pseudo-afinidade entre estas proteínas e os géis à base da cianina utilizada era fortemente dependente da composição da fase móvel. Foi assim demonstrado que a cromatografia de pseudo-afinidade utilizando suportes contendo cianinas como ligandos parece proporcionar uma abordagem muito interessante para a purificação de proteínas. Figura 12 - Estrutura da primeira cianina usada como ligando de afinidade. Nos últimos anos tem sido explorado o uso de cianinas como ligandos de afinidade [4,68,69]. A figura 13 mostra a estrutura da tiacarbocianina usada nestes trabalhos. 33 Introdução Figura 13 - Estrutura da tiacarbocianina usada em estudos de CA. A utilização de suportes contendo esta tiacarbocianina como ligando permitiram comprovar a sua eficácia na separação da BSA, da quimotripsina e da lisozima, a partir de uma mistura artificial, como resultado de interações de afinidade entre estas proteínas e o corante [68]. 1.2.5 Cromatografia de afinidade com cianinas esquarílicas Os corantes esquarílicos são derivados 1,3-dissubstituídos do ácido esquárico (3,4-dihidroxi-1,2-dioxociclobut-3-eno). Estes corantes foram sintetizados pela primeira vez na década de 1960 por Treibs e Jacob [70]. Apresentam estruturas polimetínicas e, por isso, são ocasionalmente classificadas como corantes cianínicos, porque as suas estruturas -conjugadas são bastante semelhantes às das cianinas [71]. Há, no entanto, uma diferença importante entre as estruturas eletrónicas das cianinas e dos corantes esquarílicos, que é o seu caráter zwitteriónico [57,72]. Estes corantes contêm um anel central de quatro membros, deficiente em eletrões, e dois grupos terminais doadores de eletrões [71,73,74]. A estrutura geral das cianinas esquarílicas é apresentada na figura 14. A análise cristalográfica de raios-X de vários corantes esquarílicos mostrou que os comprimentos de ligação C-C envolvidos no sistema π-conjugado têm um caráter entre ligação simples e dupla, indicando uma extensa deslocalização de eletrões ao longo de toda a molécula, o que conduz à ressonância apresentada por estes compostos [71,75]. Figura 14 - Estrutura geral dos corantes esquarílicos. 34 Introdução Os corantes esquarílicos simétricos, ou seja, aqueles que possuem grupos 1,3substituintes idênticos, resultam, de uma forma geral, da condensação de um equivalente molar de ácido esquárico com dois equivalentes molares de uma base metilénica aromática ou heteroaromática eletrodoadora, numa mistura azeotrópica de butan-1-ol/benzeno ou butan-1-ol/tolueno [76,77]. Os núcleos heterocíclicos mais frequentes são os anéis de quinolina, benzotiazole, benzoselenazole, benzimidazole, benzoxazole e indole. Quando é necessária catálise básica, a reação é usualmente realizada na presença de butan-1-ol/piridina [78]. A síntese de corantes esquarílicos assimétricos ocorre por passos e envolve duas condensações sequenciais de um ácido esquárico di-substituído, normalmente um éster dialquilesquarato, com dois diferentes grupos doadores de eletrões, aromáticos ou heterocíclicos, geralmente sob refluxo em butan-1-ol/benzeno [79,80]. Nos últimos anos, a família dos corantes esquarílicos tem recebido considerável atenção devido às suas propriedades específicas [56], tais como boa estabilidade fotoquímica, elevada fotocondutividade e bandas de absorção estreitas e intensas (ε > 105 M-1cm-1) na região do visível e do infravermelho próximo [74,81]. A maioria destes corantes exibe emissão intensa no extremo visível perto da região do infravermelho [82]. Estas e outras propriedades têm tornado estes corantes muito atrativos para diversas aplicações tecnológicas, principalmente na área da fotónica [71,73,83-85], como fotorreceptores xerográficos [86], sensibilizadores para células solares orgânicas [87] ou como meios óticos de gravação [88]. Ultimamente, há um interesse crescente desta classe de corantes como sensores para a determinação de metais [82,89], em ensaios biológicos como marcadores de diferentes biomoléculas [90], como sondas para deteção de proteínas [91] e como sensibilizadores para terapia fotodinâmica do cancro [74, 77, 92]. Como consequência da aplicação extensiva de compostos esquarílicos como corantes funcionais, a sua modificação estrutural tornou-se uma área ativa de pesquisa e tem sido focada principalmente na variação da natureza e da substituição dos grupos terminais da cadeia polimetínica [93]. A funcionalização do anel esquárico central, por outro lado, tem sido muito menos explorada e restringida, no essencial, à síntese de corantes aminoesquarílicos [81,93,94] e corantes ditioesquarílicos [95]. A figura 15 apresenta alguns exemplos da diversidade estrutural de corantes esquarílicos. Tendo em conta que os resultados obtidos nos estudos anteriormente mencionados, em que corantes cianínicos usados como ligandos em CA se revelaram bastante promissores e que os corantes esquarílicos, tal como as cianinas em geral, apresentam uma diversidade 35 Introdução estrutural que lhes permite promover diferentes interações com biomoléculas, e, portanto, ter potencial aplicação como ligandos em CA, o presente trabalho tem como objetivo a síntese de diferentes corantes esquarílicos e posterior desenvolvimento de novos suportes cromatográficos, contendo esses corantes como ligandos, para serem utilizados em CA de biomoléculas. Figura 15 - Exemplos de alguns corantes esquarílicos. 36 Capítulo 2 Discussão de resultados Discussão de resultados 2.1 Preâmbulo Em função da estratégia planeada para este trabalho, foram sintetizados, numa primeira fase, uma série de corantes esquarílicos simétricos substituídos com um grupo pendente alquilamino no anel central de quatro membros, responsável pela ligação dos corantes à Sepharose. Com o objetivo de obter corantes com maior mobilidade espacial quando ligados à Sepharose, incrementando potencialmante a interação corante-proteína, foram sintetizados, numa segunda fase, alguns corantes esquarílicos assimétricos, cuja ligação à Sepharose foi efetuada através de um grupo N-carboxietilo presente apenas num dos anéis heteroaromáticos terminais. Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados experimentais obtidos ao longo do presente trabalho, encontrando-se divididos em duas partes. Na primeira parte são descritos e discutidos os métodos da síntese dos corantes esquarílicos pretendidos, bem como a sua caracterização estrutural. Em geral, para cada composto sintetizado é descrito o ponto de fusão, os espetros no IV, UV/Vis, de RMN de 1H e 13C e de massa [(ESI-TOF), EMAR (ESI-TOF) ou EMAR (FAB)]. Na segunda parte deste capítulo são apresentados e discutidos os resultados respeitantes à imobilização de alguns destes corantes à Sepharose CL-6B, utilizando diferentes agentes de ativação, bem como os comportamentos de alguns dos suportes cromatográficos preparados na separação de proteínas, testados no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. 2.2 Síntese de corantes esquarílicos simétricos Os corantes aminosquarílicos 17a-c, 18b, 19b e 21b a serem utilizados como ligandos nas matrizes cromatográficas foram sintetizados por substituição de um dos átomos de oxigénio do anel esquárico dos correspondentes precursores zwitteriónicos 8a-c, 9b e 10b, obtidos por condensação de um equivalente molar de ácido esquárico (7) com dois equivalentes molares de bases metilénicas, com uma diamina apropriada (esquema 2). A substituição foi realizada via os intermediários O-metilados 11a-c, 12b e 13b e usadas diaminas monoprotegidas com um grupo Boc de modo a evitar reações de dupla substituição nucleófilica. 38 Discussão de resultados Esquema 2 - Síntese geral dos corantes aminoesquarílicos simétricos. 39 Discussão de resultados A hidrólise ácida dos compostos 14a-c, 15b, 16b e 20 forneceu, finalmente, os corantes aminoesquarílicos pretendidos. 2.2.1 Síntese dos sais heterocíclicos quaternários 4a-c, 5b e 6b Os sais quaternários de amónio 4a-c, 5b e 6b foram facilmente sintetizados fazendo reagir uma solução de 2-metilbenzotiazole (1), 2-metilbenselenazole (2) e 2-metilquinolina (3), respetivamente, com um excesso do reagente alquilante apropriado (1-iodobutano, 1iodo-hexano ou 1-iododecano), numa proporção de 1:3, em MeCN, a refluxo, de acordo com o método referido na literatura [60]. Os sais resultantes foram facilmente separados das misturas reacionais por precipitação com Et2O. O processo de alquilação pode ser aplicado repetidamente às águas-mães contendo o 2-metilbenzoazole que ficou por reagir, após evaporação do solvente de precipitação, a fim de alcançar rendimentos convenientes. Os cristais recolhidos apresentavam-se cromatograficamente puros e, por conseguinte, não foi necessária purificação adicional por recristalização. Os rendimentos obtidos foram bastante bons (entre 75% e 94%), verifcando-se que, em geral, vão diminuindo à medida que aumenta o tamanho da cadeia N-alquílica. Este fato foi já referido anteriormente na literatura [69] e resulta da crescente dificuldade verificada na precipitação do produto, no meio reacional, à medida que o tamanho da cadeia N-alquílica é aumentado. Os espetros no IV apresentam, invariavelmente, bandas fracas características da vibração das ligações C-H aromáticas, em torno de 3000 cm-1; bandas de intensidade média entre 2948-2861 cm-1, correspondentes às ligações C-H alifáticas; e bandas de intensidade média entre 1573-1552 cm-1, características da vibração das ligações C=C aromáticas. Todos os compostos 4a-c, 5b e 6b apresentam características espetroscópicas de acordo com a estrutura apresentada. 2.2.2 Síntese dos corantes esquarílicos 8a-c, 9b e 10b Os corantes esquarílicos 8a-c, 9b e 10b, foram obtidos por condensação de dois equivalentes molares dos sais quaternários 4a-c, 5 e 6 com um equivalente molar de ácido 40 Discussão de resultados esquárico (7), numa mistura de n-BuOH/piridina (9/1), a refluxo, de acordo com o método descrito na literatura [93]. O mecanismo de formação destes corantes envolve um intermediário inicial éster monobutílico do ácido esquárico (esquema 3). O ataque nucleofílico subsequente da base metilénica, seguido da eliminação de butanol, origina o intermediário mono-substituído do ácido esquárico. O ataque de outra base metilénica, seguido de desidratação, resulta finalmente no corante esquarílico [96]. Os corantes sintetizados, obtidos sob a forma de cristais, foram isolados da mistura reacional por precipitação com Et2O apresentando-se cromatograficamente puros. Esquema 3 - Mecanismo de formação de corantes esquarílicos. 41 Discussão de resultados Todos os compostos 8a-c, 9b e 10b apresentavam características espetroscópicas cabalmente consistentes com as estruturas propostas. Os espetros no IV apresentam bandas características da vibração das ligações C-H alifáticas entre 2923-2848 cm-1 (fracas), observando-se igualmente bandas de intensidade média, entre 1573-1586 cm-1, correspondentes à vibração das ligações C=C aromáticas. Também é de referir a presença de uma banda forte, entre 1238-1222 cm-1, que poderá ser atribuída à vibração da ligação C-O. De salientar a inexistência de uma banda de um grupo C=O característica de uma cetona cíclica de quatro membros, o que é consistente com ressonância atribuída à estrutura típica destes corantes. Os espetros de 1H RMN dos compostos 8a-c, 9b e 10b apresentam os sinais esperados para a totalidade dos protões presentes. Contudo, é de realçar a presença de um sinal de dois protões, sob a forma de singuleto, que surge tipicamente com desvio químico entre 6,02 e 5,76 ppm, atribuído aos protões da cadeia polimetínica (CH=C), indicativo da equivalência química e magnética destes protões e, portanto, da simetria apresentada pelas moléculas destes corantes [94b]. Mercê desta simetria, os sinais dos protões das duas cadeias Nalquílicas de cada composto também aparecem ao mesmo desvio químico. Relativamente aos comprimentos de onda do máximo de absorção destes compostos verifica-se que, para os corantes 8a-c, se situam entre 650 e 652 nm. Tal como seria de esperar, o comprimento da cadeia N-alquílica praticamente não afeta o valor do λmáx (gráfico 1) [81]. 1,2 652 1 Abs 0,8 651 0,6 0,4 8a 8b 652 0,2 8c 0 500 600 700 800 λ (nm) Gráfico 1 – Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 8a-c possuindo diferentes cadeias N-alquílicas. A alteração da natureza do heterociclo em corantes possuindo a mesma cadeia N-alquílica origina variação do comprimento de onda do máximo de absorção (gráfico 2), na 42 Discussão de resultados ordem: benzotiazole < benzoselenazole < quinolina. Enquanto nos dois primeiros heterociclos este desvio batocrómico resulta do aumento da basicidade do heteroátomo, no caso da quinolina é consequência do aumento da extensão do sistema π-conjugado [59]. Os valores de massa exata obtidos para estes compostos estão dentro dos limites tido como aceitáveis. 0,8 668 0,6 Abs C6H13 651 N 710 O 8b 0,4 9b 0,2 X X O 10b N 0 500 600 700 800 λ (nm) C6H13 8b: X = S; 9b: X = Se; 10: X = CH=CH. Gráfico 2 – Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 8b, 9b e 10b, possuindo diferentes heterociclos. 2.2.3 Síntese dos corantes esquarílicos O-metilados 11a-c, 12b e 13b A síntese dos corantes esquarílicos catiónicos 11a-c, 12b e 13b foi realizada por metilação dos corantes esquarílicos 8a-c, 9b e 10b, respetivamente, com um excesso de quatro equivalentes molares de trifluorometanossulfonato de metilo (CF3SO3CH3), em CH2Cl2 seco, em agitação à temperatura ambiente e sob atmosfera de N2, de acordo com o método referido na literatura [81,93]. Os corantes esquarílicos 11a-c, 12b e 13b foram obtidos com rendimentos entre 63% e 95%. Todos os compostos 11a-c, 12b e 13b apresentavam características espetroscópicas de acordo com a estrutura atribuída. Nos espetros no IV destes compostos, assim como nos compostos precursores 8a-c, 9b e 10b, observam-se as bandas características da vibração das ligações C-H alifáticas entre 2954-2855 cm-1 (fracas), assim como as bandas relativas à vibração da ligação C-O (variando entre médias e fortes) que se encontram entre 1265-1251 cm-1. No entanto, contrariamente ao que se verificava para os corantes zwiteriónicos precursores, nos espetros dos compostos 11a-c, 12b e 13b é possível observar as bandas da vibração do grupo C=O (fracas e médias) entre 1763-1714 cm-1. 43 Discussão de resultados Nos espetros de 1H RMN dos compostos 11a-c, 12b e 13b observam-se os sinais correspondentes a todos os protões esperados. Tal como foi observado para os respetivos precursores, o espetro de 1H RMN dos corantes O-metilados apresenta um único sinal correspondente a dois protões na forma de singuleto a um desvio químico entre 6,21 e 5,74 ppm, atribuído aos protões CH=C da cadeia polimetínica, indicando mais uma vez a simetria da molécula [94b]. É de realçar neste espetro o aparecimento de um sinal de três protões na forma de singuleto, a um desvio químico tipicamente entre 4,74-4,54 ppm, originado pelos protões do grupo metoxilo introduzido. Relativamente aos comprimentos de onda dos máximos de absorção dos compostos 11a-c, 12b e 13b é observado em todos os casos um desvio hipsocrómico (entre18 e 36 nm) relativamente aos precursores 8a-c, 9b e 10b, provocado, muito provavelmente, pelo caráter eletroatrator do átomo de oxigénio do grupo metoxilo presente no auxocromo. No entanto, a forma destas bandas é idêntica à dos corantes anteriores (intensas e estreitas). As massas exatas encontradas para os compostos 11a-c, 12b e 13b estão dentro dos limites tido como aceitáveis. 2.2.4 Síntese dos corantes aminoesquarílicos 14a-c, 15b, 16b e 20b A síntese dos corantes esquarílicos 14a-c, 15b, 16b e 20b foi realizada por substituição nucleófila dos grupos metoxilo presentes nos corantes esquarílicos 11a-c, 12b e 13b por diaminas apropriadas monoprotegidas com o grupo Boc, em CH2Cl2 anidro, em agitação à temperatura ambiente e sob atmosfera de N2 (N-Boc-etilenodiamina no caso dos compostos 14a-c, 15b e 16b e N-Boc-hexanodiamina no caso do composto 20b). Em todos os casos foi usado um excesso da amina em relação ao material de partida. Foram usadas diaminas monoprotegidas de forma a evitar a formação de misturas contendo compostos de monoadição e de diadição, dado o caráter bidentado destas diaminas livres [97]. Devido à dificuldade em precipitar o composto 14c, este foi obtido com um rendimento baixo (8%) e, uma vez que só uma pequena parte foi obtida na forma cristalina, a reação seguinte foi realizada a partir do produto bruto da reação. Todos os compostos 14a-c, 15b, 16b e 20b apresentavam características espetroscópicas consistentes com a estrutura proposta. 44 Discussão de resultados No que diz respeito ao espetro no IV destes compostos, observam-se as bandas características deste tipo de compostos, como as bandas da vibração das ligações C-H alifáticas entre 2973-2836 cm-1 (fracas), estando, provavelmente, a banda das ligações C-H aromáticas sobreposta com aquelas. Apresentam ainda as bandas relativas à vibração da ligação C=O, de intensidade fraca, a cerca de 1700 cm-1. O fato da banda do grupo carbonilo aparecer com uma intensidade fraca poderá ter origem, pelo menos parcialmente, na introdução do átomo de azoto da amina cujo caráter eletrodoador origina duas estruturas de ressonância (esquema 4), fazendo com que a ligação C-O adquira um carater intermédio entre o de ligação covalente dupla e o de ligação covalente simples. Esquema 4 – Estrutura de ressonância do anel de quatro membros dos corantes aminoesquarílicos. Após análise dos espetros de 1H RMN, foram identificados os sinais correspondentes a todos os protões das moléculas. O aumento do número de sinais nos espetros destes compostos sugere uma perda de simetria molecular, tal como é claramente indicado pela separação dos sinais dos protões da cadeia polimetínica (CH=C), os quais surgem agora, contrariamente ao observado nos espetros dos corantes precursores, como dois singuletos de um protão cada, a desvios químicos diferentes, situados tipicamente entre 6,16 e 5,85 ppm para um dos protões e entre 6,04 e 5,65 ppm para o outro. Esta não-equivalência de ambientes químicos deve resultar do impedimento à livre rotação do grupo amina, como resultado das estruturas de ressonância referidas anteriormente, originando um campo magnético local não homogéneo [94b]. A falta de simetria molecular que conduz à não equivalência magnética dos vários picos é também particularmente visível nos protões metilénicos dos grupos N-alquílicos (figura 16). É visível o aparecimento do sinal dos protões pertencentes ao grupo terc-butilo, sobreposto com o sinal de alguns dos protões das cadeias N-alquílicas, entre 1,52 e 1,26 ppm. É ainda de salientar o aparecimento dos sinais dos protões lábeis correspondentes aos dois grupos NH de cada molécula, um a desvios químicos entre 8,97 e 8,89 ppm e o outro a desvios químicos entre 7,29 e 7,19 ppm, os quais trocam ambos com D2O. 45 Discussão de resultados Composto 8a CH=C NCH2 Composto 11a OCH3 CH=C NCH2 Composto 14a CH=C CH=C NCH2 NCH2 400,13 MHz, DMSO-d6 Figura 16 - Espetros de 1H RMN dos compostos 8a, 11a e 14a. Relativamente aos comprimentos de onda do máximo de absorção, para todos os compostos 14a-c, 15b, 16b e 20b é observado um desvio batocrómico (entre 25 e 34 nm) relativamente aos corantes precursores 11a-c, 12b e 13b, promovido pelo caráter eletrodoador dos grupos aminados introduzidos no auxocromo. O grupo N-Boc presente na cadeia aminada ligada ao anel central de 20b e 14b parece não ter qualquer influência no comprimento de onda do máximo de absorção dos compostos, não obstante as duas cadeias diferirem de quatro átomos de carbono, provavelmente por se localizar, em ambos os casos, relativamente longe do ponto de ligação do auxocromo ao sistema cromofórico. 46 Discussão de resultados As massas exatas encontradas para os compostos 14a-c, 15b, 16b e 20b estão dentro dos limites tido como aceitáveis. 2.2.5 Síntese dos corantes aminoesquarílicos 17a-c, 18b, 19b e 21b Com a substituição de um dos átomos de oxigénio do anel central dos corantes por um grupo alquilamina (via Boc) espera-se, por um lado, que estes compostos aumentem a sua solubilidade em meio aquoso e que possam estabelecer interações com substratos biológicos, proporcionadas por um número acrescido de ligações de hidrogénio. Por outro lado, o grupo alquilamina consitui um braço espaçador que permite a ligação do corante à matriz de agarose. Os grupos aminados são comumente usados como espaçadores, sendo parcialmente ligados à matriz. Neste caso, trata-se de uma estratégia menos clássica, pois o espaçador já faz parte do ligando. A escolha de grupos aminados para a síntese destes compostos foi feita tendo em conta o número de carbonos da sua cadeia, começando com a escolha de uma diamina com dois átomos de carbono na tentativa de diminuir o tamanho do braço espaçador e minimizar as interações hidrofóbicas. Para efeitos de comparação tentou-se sintetizar um composto idêntico, variando a extensão da cadeia carbonada do grupo diamina, que neste caso possuía seis carbonos. Os compostos 17a-c, 18b, 19b e 21b foram obtidos através da desproteção da amina por hidrólise ácida do respetivo grupo Boc. Para isso fizeram-se reagir os compostos 14a-c, 15b, 16b e 20b com um excesso de ácido trifluoroacético, na presença de 1,3-dimetoxibenzeno, em CH2Cl2, em agitação à temperatura ambiente e sob atmosfera de N2. A hidrólise ácida do Boc é levada a cabo eficazmente com ácido trifluoroacético, puro ou em combinação com diclorometano, na proporção de 1:1 [98]. O mecanismo desta hidrólise [99] inicia-se com a protonação do átomo de oxigénio do grupo carbamato, podendo esta protonação ser feita apenas num único passo ou envolver várias protonações intermediárias, seguida da consequente formação de um ácido carbâmico, com perda do carbocatião terc-butil (esquema 5). O ácido carbâmico é novamente protonado dando origem à diamina desprotegida com libertação de CO2. No entanto, como o carbocatião terc-butil libertado pode reagir facilmente com nucleófilos, como neste caso a amina que fica livre, 47 Discussão de resultados formando adutos, esta reação é feita na presença de 1,3-dimetoxibenzeno [100] que funciona como armadilha para este tipo de carbocatiões [101]. Esquema 5 - Mecanismo geral de hidrólise ácida do grupo Boc. De modo a promover a troca do contra-ião, os produtos resultantes da hidrólise dos grupos N-Boc foram tratados com solução aquosa de Kl a 14%, dando origem aos compostos 17a-c, 18b, 19b e 21b. Este passo é realizado para que o corante aminoesquarílico final seja mais facilmente cristalizável, tornando mais simples a sua purificação. Contudo, não foi possível obter o composto 21b puro pois a mistura reacional resultou demasiado complexa e, mesmo após várias tentativas de purificação, não se conseguiu isolar o composto desejado. O tamanho da cadeia alifática da amina poderá estar na origem quer de processos intramoleculares, quer de adição a moléculas O-metiladas, levando à complexidade observada. Os compostos 17a-c, 18b e 19b foram obtidos com rendimentos razoáveis (42%78%), após recristalização. Todos os compostos 17a-c, 18b e 19b apresentam características espetroscópicas consistentes com as estruturas propostas. Relativamente aos espetros no IV, observam-se, em todos os casos, bandas características da vibração das ligações N-H, entre 3451 e 3398 cm-1, (largas e de fraca intensidade), bandas características da vibração das ligações C-H alifáticas, entre 2941-2821 cm-1 (fracas), podendo as bandas características das ligações C-H aromáticas estarem sobrepostas com estas. Apresentam ainda as bandas da vibração do grupo C=O, de intensidade fraca, entre 1690-1623 cm-1. 48 Discussão de resultados Nos espetros de 1H RMN de cada um destes compostos observa-se, de uma maneira geral, os sinais dos protões lábeis, tal como nos dos seus percursores, mas que agora surgem como um sinal de um protão, na forma de singuleto largo, correspondente ao grupo NH, a desvio químico entre 8,90 e 8,78 ppm, e a um desvio químico entre 8,78 e 8,00 ppm, sobreposto com os sinais dos protões aromáticos, correspondente aos dois protões do grupo NH2, também na forma de singuleto largo, trocando com D2O. Para além da observação do sinal dos protões da amina primária livre, o desaparecimento do sinal correspondente aos nove protões do grupo terc-butilo é adicionalmente indicativo da perda do grupo Boc. Continuam a ser visíveis nestes espetros os sinais dos protões da cadeia polimetínica (CH=C) na forma de dois singuletos de um protão cada, com entre 6,25 e 5,94 ppm para um e 5,94 e 5,70 ppm para o outro, revelando, mais uma vez, a falta de simetria molecular e a consequente diferença do ambiente magnético local dos protões metínicos, pelas razões já referidas para os compostos 14a-c, 15b, 16b e 20b. Os espetros de 13C-RMN estão de acordo com a estrutura proposta para cada composto com exceção do composto 18b, onde não foi possível identificar qualquer pico por se ter decomposto em solução, como comprovado posteriormente por c.c.f.. Com a perda do grupo Boc o λmáx dos corantes 17a-c, 18b e 19b permaneceu idêntico ao dos seus precursores 14a-c, 15b e 16b. As massas exatas encontradas para os compostos 17a-c, 18b e 19b estão dentro dos limites tido como aceitáveis. 2.3 Síntese de corantes esquarilicos assimétricos Os corantes esquarílicos assimétricos 25a-d foram preparados de acordo com o percurso sintético ilustrado no esquema 6, usual para corantes esquarílicos assimétricos [71]. O dibutilesquarato 22, facilmente preparado aquecendo a refluxo ácido esquárico (7) em n-BuOH, foi feito reagir com os iodetos de benzotiazólio 4a-d, para originar os ésteres monossubstituídos do ácido esquárico 23a-d. A hidrólise destes últimos com uma solução aquosa de NaOH a 40%, seguida da protonação dos sais de sódio resultantes com HCl origina os intermediários monossubstituídos 24a-d. Finalmente, a condensação catalisada por base deste últimos com brometo de N-carboxietilbenzotiazólio 4e, em n-BuOH/piridina, originou os corantes esquarílicos 25a-d pretendidos. 49 Discussão de resultados Esquema 6 - Síntese geral dos corantes assimétricos. 2.3.1 Síntese dos sais heterocíclicos quaternários 4d e 4e O sal quaternário de amónio 4d foi obtido fazendo reagir uma solução de 2-metilbenzotiazole (1) com um excesso de 1-iodoetano, na proporção de 1:3, como descrito para os sais 4a-c em 2.2.1. O sal quaternário de amónio 4e resultou da alquilação do 50 Discussão de resultados 2-metilbenzotiazole (1) com um excesso de ácido 3-bromopropanóico, em acetonitrilo e em refluxo. As características espetroscópicas dos compostos 4d e 4e apresentam-se de acordo com as estrutura atribuídas. Para ambos os sais as bandas características no IV são, em geral, idênticas às bandas apresentadas para os restantes sais 4a-c discutidos em 2.2.1. No caso do sal 4e, é de realçar o aparecimento de uma banda a cerca de 1700 cm-1, característica da vibração da ligação C=O presente neste composto. O rendimento de 4d é de 93% evidenciando mais uma vez que, em geral, quanto menor a cadeia alquílica, maior é o rendimento obtido como referido anteriormente (2.2.1). 2.3.2 Síntese da 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) O composto 22 foi preparado facilmente por reação do ácido esquárico (7) com n-BuOH, a refluxo, de acordo com o método usual referido na literatura [102]. O composto 22, obtido na forma de um óleo castanho, com rendimento de 70%, apresentava-se cromatograficamente puro e foi utilizado no passo seguinte sem necessidade de purificação adicional. 2.3.3 Síntese dos ésteres monossubstituídos do ácido esquárico 23a-d As reações de ésteres dialquílicos do ácido esquárico com bases metilénicas levam à formação de ésteres monossubstituídos do ácido esquárico [103]. Desta forma, para obter os compostos monossubstituídos 23a-d fez-se reagir os sais quaternários 4a-d com quantidades equimolares de dibutilesquarato (22), em Et2O, de acordo com o procedimento usual descrito na literatura [104]. No entanto, embora a reação seja realizada na proporção de 1:1 e o produto maioritátio desta reação seja o composto desejado 23, observa-se também, invariavelmente, a formação de outro composto, de cor vermelha (λmáx 522nm), devendo tratar-se do composto 1,2-dissubstituído, como referido na literatura [105]. Todos os compostos 23a-d apresentam características espetroscópicas consistentes com as estruturas atribuídas. Na análise dos espetros no IV são visíveis bandas fracas características da vibração das ligações C-H alifáticas, entre 2966 e 2926 cm-1, bandas igualmente fracas, entre 51 Discussão de resultados 1770 e 1768 cm-1, correspondentes à vibração da ligação C=O, e também bandas de intensidade média, entre 1700 e 1698 cm-1, indicando a existência da porção ciclobuteno na molécula. Os sinais nos espetros de 1H RMN e de 13C RMN estão de acordo com a estrutura dos vários compostos. É de realçar a presença dos sinais dos protões metílicos e metilénicos indicativos da existência de apenas um grupo OBu e de um sinal de um único protão da cadeia polimetínica (CH=C), surgindo na forma de um singuleto a cerca de 5,55 ppm, que evidencia também tratar-se de um composto de monoadição. Quando comparado o sinal do protão da cadeia polimetínica destes compostos com o sinal correspondente nos corantes simétricos 8a-c, 9b e 10b, verifica-se que, neste caso, surge a um desvio químico inferior, o que pode ser explicado pelo fato do átomo de azoto presente no anel heterocíclico não se encontrar carregado positivamente e, por isso, o protão da cadeia polimetínica se encontrar mais blindado. O comprimento de onda do máximo de absorção destes compostos é de 441 nm, um valor significativamente inferior aos dos corantes dissubstituídos, como seria de esperar, devido à diminuição óbvia da extensão do cromóforo. As massas exatas encontradas para os compostos 23a-d estão dentro dos limites tidos como aceitáveis. 2.3.4 Síntese dos ácidos esquáricos monossubstituídos 24a-d Os compostos 24a-d foram preparados por hidrólise básica (NaOH aquoso a 40%) dos correspondentes precursores 24a-d e subsequente protonação dos sais de sódio obtidos com HCl 2M, de acordo com o método descrito na literatura [104]. O método convencional de síntese de corantes assimétricos envolve, necessariamente, a hidrólise básica do intermediário monobutilesquarato [106], uma vez que a condensação direta de uma base metilénica com aquele intermediário resulta não no composto 1,3-dissubstituído mas antes no seu isómero constitucional 1,2-dissubstituído [79c, 105]. Os compostos 24a-d foram obtidos com bons rendimentos, entre 83% e 95%, apresentando-se cromatograficamente puros, tendo sido assim usados na reação seguinte sem purificação adicional. 52 Discussão de resultados 2.3.5 Síntese dos corantes esquarílicos assimétricos 25a-d Os corantes esquarílicos assimétricos 25a-d foram finalmente obtidos por condensação de um equivalente molar dos compostos hidrolisados 24a-d com um equivalente molar de brometo de 3-(2-carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4e) numa mistura de n-BuOH/piridina (9/1), a refluxo. Todos os compostos 25a-d apresentam características espetroscópicas de acordo com a estrutura proposta. Os espetros no IV, além das bandas habituais, apresentam uma banda característica da vibração da ligação O-H típica de grupo ácido carboxílico, entre 3457 e 3440 cm-1, de intensidade fraca/média. Nos espetros de 1H RMN observa-se a presença dos sinais correspondentes aos protões aromáticos, entre 7,89 e 7,22 ppm, em duplicado, evidenciando a presença de duas bases heterocíclicas distintas e, portanto, um composto dissubstituído assimétrico. Outro fato importante indicativo da estrutura dissubstituída e assimétrica destes corantes são os sinais dos protões da cadeia polimetínica (CH=C) que aparecem como dois singuletos de um protão cada, a entre 5,80 e 5,83 ppm para um, e entre 5,78 e 5,77 ppm para o outro. Os sinais dos protões das cadeias laterais também refletem a assimetria molecular, observando-se os sinais dos protões das cadeias N-alquílicas a desvios quimicos próximos dos das cadeias análogas dos compostos simétricos e o aparecimento dos sinais dos protões metilénicos adjacentes ao grupo ácido carboxílico do grupo CH2CH2COOH tipicamente entre 2,72 e 2,67 ppm e os sinais dos outros dois protões metilénicos adjacentes aos anteriores (CH2CH2COOH) entre 4,44 e 4,25 ppm. Um dado a realçar é que, contrariamente ao que se observa no espetro no IV onde é visível a banda característica da ligação OH em todos os compostos, no espetro de 1H RMN apenas o composto 25a apresenta o sinal correspondente ao protão ácido do grupo COOH. Tal pode ser explicado pelo fato da posição do sinal deste protão depender do solvente, da concentração e da presença de outros protões permutáveis. Velocidades intermédias de troca com outros protões podem induzir sinais muito largos que, por vezes, nem sequer são detetados [107]. Os λmáx dos compostos 25a-d são bastante superiores aos dos compostos intermediários de mono-substituição 23a-d, refletindo o aumento do comprimento da cadeia de ligações duplas conjugadas (gráfico 3). Para os compostos 25a-c os valores de λmáx são semelhantes aos dos corantes simétricos 8a-c. As massas exatas encontradas para os compostos 25a-d estão dentro dos limites tidos como aceitáveis. 53 Discussão de resultados 1 Abs 23a 652 0,8 441 23b 0,6 23c 0,4 23d 25a 0,2 25b 0 25c 350 450 550 650 750 850 λ (nm) 25d Gráfico 3 - Espetros de absorção no UV/Vis dos compostos 23a-d e 25a-d. 2.4 Ensaios de imobilização de corantes simétricos à Sepharose CL-6B 2.4.1 Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano Os bisoxiranos são, em geral, usados para introduzir o grupo epoxi (oxirano) em muitos polímeros possuindo grupos hidroxilo. Dentro deste grupo o 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano é o reagente mais comummente usado para promover a ligação destes grupos ativos em polímeros como a agarose [108]. A pH alcalino, o 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano reage rapidamente com compostos com grupos hidroxilo, através de substituição nucleófila bimolecular, originando polímeros derivados que contêm uma molécula que funciona como um braço espaçador de cadeia longa, hidrófilico, separando o ligando da matriz, e que possui um oxirano reativo na outra extremidade (esquema 7). Estas características são potencialmente úteis na cromatografis de afinidade. A ligação entre o bisoxirano e a matriz torna-se uma ligação éter estável, enquanto a outra extremidade proporciona o potencial de acoplamento a ligandos que contêm grupos hidroxilo, tiol ou amina, como é o caso dos corantes utilizados como ligandos. Assim uma suspensão de Sepharose CL-6B numa solução aquosa de NaOH 0,6 M foi tratada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano, de acordo com o procedimento descrito na literatura [21]. Depois de decorrido todo o processo, foi obtida a Sepharose ativada e pronta para ser usada na imobilização dos corantes. 54 Discussão de resultados Esquema 7 – Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano. 2.4.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano com os corantes aminoesquarílicos 17b e 17c Com o objetivo de ligar os corantes 17b e 17c à Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano, uma suspensão desta última em solução tampão de borato a pH 10,02 foi tratada com uma solução do corante em N,N-dimetilformamida (esquema 8). Esquema 8 – Ligação de corantes aminoesquarílicos à Sepharose ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano. 55 Discussão de resultados Após o bloqueio dos grupos epóxido remanescentes por tratamento com solução aquosa de etanolamina 1,0 M (pH 9,0), o gel tingido foi submetido a 24 h de extração de Soxhlet com MeOH/acetona (1/1) a fim de remover todo o corante não ligado covalentemente. Contudo, estes dois tingimentos não foram bem-sucedidos pois finalizada a extração de Soxhlet ambos os géis se apresentavam praticamente brancos. Uma ineficiente ativação da Sepharose CL-6B, ou a falta de nucleofilicidade do grupo aminado dos corantes nas condições reacionais podem estar na origem da não fixação dos corantes aminoesquarílicos 17b e 17c à matriz cromatográfica. 2.4.3 Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo O cloreto de cianurilo é um composto heterocíclico simétrico consistindo num anel de triazina com três átomos de cloro reativos, o que lhe permite estabelecer ligações fortes entre grupos hidroxilo da Sepharose e ligandos possuindo grupos amina, tal como os corantes em estudo. A ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo foi realizada tratando uma suspensão da matriz em acetona com uma solução de cloreto de cianurilo 1,0 M no mesmo solvente, na presença de N,N-diisopropiletilamina, a uma temperatura a 40 ºC (esquema 9), de acordo com o procedimento descrito na literatura [21]. Depois de decorrido todo o processo, foi obtida a Sepharose ativada e pronta para ser usada na imobilização dos corantes. Esquema 9 – Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo. 56 Discussão de resultados A utilização da amina terciária é fundamental para capturar as moléculas de HCl libertadas durante as reações de condensação. À temperatura de 40°C apenas um dos átomos de cloro do cloreto de cianurilo se liga aos grupos hidroxilo da Sepharose [109]. 2.4.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo com os corantes aminoesquarílicos 17a-c e 19b Para promover a ligação dos corantes à matriz de Sepharose, uma suspensão de Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo em acetona foi tratada com uma solução do corante pretendido em DMF, na presença de Et3N (esquema 10). Após os átomos de cloro ativos remanescentes serem bloqueados por tratamento com solução tampão de Tris-HCl 1,0 M (pH 9,0), o gel tingido foi submetido a extração de Soxhlet com MeOH/acetona (1/1) durante 24 h, a fim de remover todo o corante não ligado covalentemente. Os corantes utilizados inicialmente para tingimento da Sepharose foram os corantes 17a-c (tabela 6). A escolha destes corantes teve como objetivos estudar, por um lado, a influência da variação do comprimento do grupo N-alquilo (17a-c) e, por outro, a influência da densidade de corante imobilizado na Sepharose, na eficiência cromatográfica dos suportes resultantes. Todos os ensaios foram realizados com sucesso uma vez que os suportes adquiriram, no final do processamento, uma cor azul intensa. Estes suportes cromatográficos, juntamente com o suporte de controlo ou branco (sem ligando imobilizado), foram testados no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior para separação de proteínas padrão como a α-quimotripsina, a lisozima e a tripsina, por CA. Depois de estudado o efeito do gradiente de diferentes soluções de eluição, tanto no suporte tingido como no suporte de controlo, verificou-se que a utilização de um gradiente de (NH4)2SO4 permitia padrões muito diferentes de retenção para as proteínas carregadas nos dois suportes, indicando assim que os ligandos imobilizados são os responsáveis pelas interações estabelecidas. 57 Discussão de resultados Esquema 10 – Ligação de corantes aminoesquarílicos à Sepharose ativada com cloreto de cianurilo. De acordo com estes resultados começou por avaliar-se o efeito do tamanho das cadeias N-alquílicas do corante usado - 4, 6 ou 10 átomos de carbono - sobre a retenção de proteínas com matrizes preparadas com 1,4 x 10-2 mmol de cada ligando/10 mL de Sepharose ativada (suportes 1, 2 e 5). Verificou-se que o corante 17b, contendo grupos N-hexilo pendentes, apresentava as interações mais específicas com as proteínas. O corante 17a, com cadeias N-butilo, revelou interações mais fracas com as proteínas, exigindo uma concentração de (NH4)2SO4 mais elevada na eluição, o que indica menor seletividade do ligando. Pelo 58 Discussão de resultados contrário, no suporte preparado com o corante 17c, possuindo cadeias N-decilo, foram estabelecidas interações demasiado fortes com as proteínas, não tendo sido possível a sua recuperação no processo de eluição. No sentido de avaliar o efeito da densidade do ligando na interação com as proteínas, foram preparados suportes com diferentes quantidades do corante 17b, possuindo grupos pendentes N-hexilo, dado ter-se verificado ser o ligando mais eficiente para a separação cromatográfica. As quantidades do ligando utilizadas no procedimento de imobilização foram de 1,4 x 10-2 mmol (suporte 2), 4,2 x 10-2 mmol (suporte 3) e 1,4 x 10-1 mmol (suporte 4) de corante/10 mL de Sepharose ativada. Os resultados indicaram que, em geral, foram estabelecidas interações entre as proteínas e os suportes preparados com 4,2 x 10-2 mmol (suporte 3) e 1,4 x 10-1 mmol (suporte 4) de ligando. No entanto, este não é um padrão de interação desejável, dado que, após a ligação, não foi possível recuperar as proteínas retidas. Por outro lado, os estudos da matriz preparada com 1,4 x 10-2 mmol (suporte 1) de ligando demonstraram que as proteínas podem, por um lado, interagir com os ligandos e, por outro lado, podem ser removidas por eluição com uma menor concentração de (NH4)2SO4. Estes resultados levaram assim à seleção do suporte preparado com a concentração mais baixa de 17b (suporte 2), como sendo o mais eficiente. Tabela 6 – Ensaios preparados com os corantes 17a-c e densidade de ligando dos vários suportes cromatográficos. Suporte Corante Quantidade de corante usado (mmol de corante/10 mL de Densidade do ligando Sepharose ativada) (mmol de corante/g de suporte) Observações 1 17a 1,4 x 10-2 3,4 x 10-2 Gel azul 2 17b 1,4 x 10-2 1,8 x 10-2 Gel azul 3 17b 4,2 x 10-2 5,2 x 10-2 Gel azul 4 17b 1,4 x 10-1 1,1 x 10-1 Gel azul 5 17c 1,4 x 10-2 3,0 x 10-2 Gel azul A densidade efetiva de ligando nos vários suportes tingidos (tabela 6) foi estimada a partir da percentagem de azoto determinado por análise elementar, quando comparada com o branco, ou seja, uma amostra de Sepharose ativada submetida a todo o procedimento experimental mas na ausência de corante. Foi necessário fazer a aproximação de considerar que a percentagem de azoto derivada do agente de ativação (cloreto de cianurilo) é o mesmo 59 Discussão de resultados quer no suporte tingido, quer no suporte não tingido. A determinação da densidade de ligando através da percentagem de enxofre forneceria valores mais precisos mas, infelizmente, essa percentagem nos suportes preparados é muito próxima do limite de deteção experimental para ser confiável ou mesmo detectável. O suporte preparado com o corante aminoesquarilico 17b como ligando, com uma densidade de ligando de 1,8 x 10-2 mmol/g de suporte (suporte 2), revelou-se capaz de isolar a lisozima, a α-quimotripsina e a tripsina, a partir de uma mistura artificial, usando um gradiente de (NH4)2SO4 entre 1 M e 0 M. Esta separação bem sucedida resultou das diferentes interações estabelecidas entre cada uma das proteínas e o suporte, verificando-se a eluição da lisozima em primeiro lugar, seguida da α-quimotripsina e, por último, da tripsina, tal como é ilustrado na figura 17. Lisozima 0,8 M α-Quimotripsina Tripsina [(NH4)2SO4] (M) Abs relativa (280 nm) 1,0 M Figura 17 - Perfil cromatográfico da separação de uma mistura de lisozima, α-quimotripsina e tripsina, com uma concentração de 15mg/mL cada, usando um passo de lavagem com (NH4)2SO4 1 M em Tris-HCl 10 mM (pH 8,0) e um gradiente de (NH4)2SO4 de 0,8 M a 0 M (linha a tracejado) com o suporte preparado com o corante 17b (densidade de ligando: 1,8 x 10-2 mmol/g de suporte) (adaptado de [110]). A eficácia da separação da mistura de proteínas foi confirmada por eletroforese (SDSPAGE). No sentido de estudar o efeito da variação do núcleo heterocíclico na separação cromatográfica, estabeleceu-se usar os corantes 18b e 19b, derivados, respetivamente, do benzoselenazole e da quinolina, ambos com as cadeias pendentes N-hexilo, como ligandos e comparar os resultados com os obtidos com o suporte preparado com 17b (suporte 2). O corante 18b, contudo, não foi usado no tingimento da Sepharose pois verificou-se através de c.c.f., como referido anteriormente, que este composto depois de algum tempo em solução apresenta decomposição. Assim, foi apenas realizado o tingimento da Sepharose com o corante 19b (suporte 6) com a mesma concentração de partida do suporte 2 (1,4 x 10-2 mmol 60 Discussão de resultados de corante/10 mL de Sepharose ativada), tendo-se obtido um suporte corado de azul intenso. No entanto, depois de estudadas as interações deste suporte com as proteínas anteriores, os resultados conseguidos não apresentaram diferenças significativas relativamente aos obtidos com o suporte preparado com 17b, o que parece indiciar que ambos os corantes apresentam afinidades semelhantes para as mesmas proteínas. Outro objetivo deste trabalho passava pelo estudo do efeito do tamanho do grupo alquilamina ligado ao anel central de quatro membros dos corantes, através da avaliação cromatográfica de um suporte preparado com o corante 21b, possuindo um grupo pendente central hexanodiamina, como ligando. Porém, tal não foi praticável uma vez que não foi possível obter este corante puro, como referido anteriormente. 2.5 Ensaios de imobilização de corantes assimétricos à Sepharose CL-6B 2.5.1 Conversão dos grupos epóxido da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano em grupos amina Suportes ativados com grupos epóxidos, nomeadamente o 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano, quando tratados com iões amónio, podem ser usados na produção de espaçadores com aminas terminais (esquema 11). Esquema 11 – Conversão dos grupos epóxidos em aminas. 61 Discussão de resultados O resultado são braços espaçadores muito hidrofílicos contendo grupos hidroxilo secundários, ligações éter à matriz estáveis e uma amina primária terminal permitindo posterior derivatização. A matriz obtida é assim útil para acoplamento, por amidação, de ligandos que contêm grupos ácido carboxílico, como é o caso dos corantes assimétricos usados neste trabalho, ou outros compostos com grupos que reajam com grupos amina. Tendo em conta precisamente a imobilização dos corantes assimétricos sintetizados, através da formação de ligações amida à matriz cromatográfica, a Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis-(2,3-epoxipropoxi)butano foi tratada com uma solução aquosa de NH4OH 1 M, de modo a efetuar a conversão dos grupos epóxido em aminas primárias terminais. 2.5.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada em 2.5.1 com os corantes 25d A Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano e possuindo grupos amina terminais nos braços espaçadores, foi tratada com o corante 25d numa mistura de tampão de Na3PO4 0,1 M e DMF, de modo a efetuar a condensação entre os grupos amina presentes no suporte e os grupos ácido carboxílico do corante, mediada com EDC (esquema 12). Esquema 12 - Ligação do corante 25d à Sepharose ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano derivatizado com grupos amina. 62 Discussão de resultados O gel obtido, tingido de azul muito claro, foi submetido a 24 h de extração de Soxhlet com MeOH/acetona (1/1) a fim de remover todo o corante não ligado covalentemente. No entanto, no final da extração, o gel apresentava-se praticamente branco, indicando a ineficácia do tingimento. Embora não se possa colocar de lado a hipótese da ativação da Sepharose CL-6B ter resultado deficiente, a possível labilidade do intermediário O-acilisoureia formado inicialmente na ativação do grupo ácido carboxílico do corante por reação com a EDC, nas condições reacionais, terá também, muito provavelmente, um papel importante. 2.5.3 Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina Um braço espaçador comummente usado na ativação de matrizes para CA é a diaminodipropilamina. Esta triamina é um espaçador mais pequeno do que o 1,4-bis(2,3epoxipropoxi)butano, possuindo uma cadeia de nove átomos com grupos amina primária em cada extremidade, o que lhe permite estabelecer ligações em cada uma delas, e um grupo central amina secundária. Este último confere um certo caráter hidrofílico interno ao espaçador, fazendo com que a molécula apresente um caráter globalmente hidrofílico. O acoplamento de qualquer molécula espaçadora com grupos amina em ambas as extremidades a um suporte reativo a aminas requer a adição de um excesso molar significativo do espaçador para evitar que se ligue a dois grupos hidroxilo próximos presentes na matriz [21]. A ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina foi realizada por tratamento da matriz, sequencialmente, com numa solução de NaIO4 0,2 M, uma mistura de diaminodipropilamina em água desionizada contendo fosfato de sódio e cianoborohidreto de sódio (esquema 13). Esquema 13 – Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina. 63 Discussão de resultados O gel depois de lavado ficou pronto a ser usado no processo de imobilização do corante. A formação de grupos aldeído na matriz de Sepharose CL-6B é o primeiro passo no processo de ativação da matriz, necessária para a imobilização do ligando. Em suportes tais como géis à base de agarose, como por exemplo a Sepharose CL-6B, os grupos aldeído podem ser criados por oxidação suave dos grupos hidroxilo com NaIO4. O método de ativação resulta numa elevada densidade de grupos formilo numa matriz de agarose, que podem então ser utilizados em procedimentos de acoplamento por aminação redutora. Os aldeídos assim formados podem reagir com grupos amina primária e secundária para formar bases de Schiff reversíveis. Essa interação, resultante de uma ligação imina, é reforçada por um pH levemente alcalino, mas é facilmente quebrada em estados de equilíbrio quimico. Estas bases de Schiff podem ser reduzidas e estabilizadas por ligações covalentes, utilizando um agente redutor tal como o borohidreto de sódio ou o cianoborohidreto de sódio. No entanto, o cianoborohidreto de sódio é o redutor mais usado pois reduz rapidamente as bases de Schiff mas, ao contrário do borohidreto de sódio, não reduz os grupos aldeído [111]. Este reagente ajuda assim, efetivamente, a impulsionar a reação de acoplamento, deixando apenas os aldeídos e removendo as bases de Schiff assim que elas são formadas. Uma vez reduzida a base de Schiff, a amina resultante funciona como um braço espaçador altamente estável para a imobilização de ligandos. 2.5.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina com o corante 25d A Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina foi acoplada ao corante esquarílico 25d, numa mistura duma solução tampão de Na3PO4 0,1 M e DMF, por condensação entre os grupos amina primária presentes no suporte sólido e os grupos ácido carboxílico do corante, na presença de EDC e NHS. Os grupos amina primária remanescentes presentes na Sepharose ativada foram bloqueadas por acilação com Ac2O (esquema 14). Finalmente, o suporte tingido foi submetido a 24 h de extração de Soxhlet com MeOH/acetona (1/1), para assegurar a remoção de todo o corante ligado de forma não covalente. 64 Discussão de resultados Esquema 14 – Ligação da amina do braço espaçador ao grupo ácido carboxílico do corante via EDC/NHS. Nesta reação de amidação, a EDC funciona como um mediador, que reage com o grupo ácido carboxílico para formar um intermediário O-acilisoureia, que pode ser facilmente deslocado por ataque nucleófilo de um grupo amina primária. Uma ligação amida é formada e a carbodiimida de partida é libertada como um derivado de ureia solúvel. O intermediário O-acilisoureia, contudo, é instável em solução aquosa e, quando não reage com uma amina, a hidrólise do intermediário resulta na regeneração do grupo ácido carboxílico e na formação de ureia. A NHS é usada neste processo de amidação para aumentar a eficiência da reação de 65 Discussão de resultados acoplamento mediada pela EDC, gerando um intermediário consideravelmente mais estável (éster-NHS), resultante do deslocamento da porção O-acilisoureia pelo grupo hidroxilo do NHS [112]. O éster-NHS que se forma reage subsequentemente com um grupo amina primária para dar origem a uma ligação amida (esquema 15). Esquema 15 – Reação de amidação mediada por EDC e NHS. O tingimento da matriz ativada com o corante assimétrico 25d foi conseguido com sucesso e o suporte assim preparado foi testado, conjuntamente com o suporte de controlo ou branco (sem ligando imobilizado), no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior na separação de proteínas por CA. Surpreendentemente, a avaliação cromatográfica destes dois suportes, sob as mesmas condições de eluição, revelou possuírem idêntico desempenho, observando-se em ambos os casos a separação das proteínas utilizadas. Com base nestes resultados e levando em consideração a facilidade de preparação e o custo inferior do suporte não tingido, este, e não o suporte preparado com o ligando, foi usado na separação de uma mistura de BSA, RNase A e K-Caseína. A figura 18 mostra o perfil cromatográfico obtido após a injeção de uma mistura artificial destas proteínas. 66 Discussão de resultados Abs relativa (280 nm) 1,0 M RNase A K-Caseína BSA 0,1 M Figura 18 - Perfil cromatográfico obtido utilizando o suporte não-tingido após a injeção de uma mistura de K-Caseína, BSA e RNase A, com uma concentração de 15mg/mL cada, utilizando Tris-HCl 10 mM (pH 7,0) no passo inicial de lavagem, seguido de um gradiente de NaCl de 0 M até 1 M (linha tracejada) (adaptado de [113]). O perfil cromatográfico obtido evidencia que este suporte, nestas condições, permite uma separação eficiente das três proteínas a partir de uma mistura. Para tal foi usada inicialmente uma solução tampão Tris-HCl (pH 7,0), tendo sido recolhida a fração correspondente à RNase A, seguida da utilização de um gradiente de NaCl de 0 M a 1M, permitindo a eluição sequencial da BSA e da K-Caseína. Estes resultados sugerem claramente que as proteínas utilizadas interagem de forma diferente com o suporte, permitindo a sua purificação. A pureza das proteínas isoladas foi verificada por eletroforese (SDS-PAGE). Uma vez que a EDC e a NHS foram utilizadas, no processo de imobilização do corante, apenas com a finalidade de ligar a Sepharose ativada ao corante, através da formação de uma ligação amida entre o grupo amina primária da diaminodipropilamina e o grupo ácido carboxílico pendente do corante, a obtenção de resultados cromatográficos idênticos com o suporte tingido e com o suporte não-tingido, sugeriu que o corante usado como ligando parece ter, neste caso, pouca importância relativa, e que as unidades de diaminadipropilamina aciladas sobre a Sepharose devem ser as principais responsáveis pela separação cromatográfica observada. Assim, para confirmar esta hipótese, o passo seguinte consistiu em preparar um suporte ativado com diaminadipropilamina mas evitando a presença dos reagentes de amidação (EDC e NHS) e sem ser submetido à extração de Soxhlet, uma vez que a função deste passo era o de remover o corante não ligado covalentemente ao suporte. Tal como esperado, o comportamento cromatográfico deste novo suporte na separação das proteínas usadas anteriormente, sob as mesmas condições de eluição, foi igual ao do 67 Discussão de resultados suporte de controlo, o que veio reforçar a ideia proposta de que as unidades de diaminadipropilamina aciladas sobre a Sepharose são as responsáveis pela separação observada. 2.5.5 Ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina De modo a explorar a influência do braço espaçador nos suportes contendo os corantes assimétricos como ligandos, procedeu-se à ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina, de acordo com o processo usado em 2.5.3 para a ativação com diaminodipropilamina, de modo a verificar se o tamanho e o tipo da amina usada influenciam o comportamento do suporte cromatográfico. 2.5.6 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com o corante 25d A Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina foi acoplada ao corante esquarílico assimétrico 25d por condensação entre os grupos amina primária presentes no suporte sólido e os grupos ácido carboxílico do corante, com EDC e NHS, de acordo com o procedimento descrito em 2.5.4 para o tingimento da Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina com o mesmo corante. Do tingimento resultou um gel corado de azul, o qual, juntamente com o correspondente suporte de controlo ou branco (sem ligando imobilizado), foi testado no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, na separação de proteínas por CA. Este estudo cromatográfico foi realizado de forma idêntica ao da avaliação dos suportes ativados com diaminadipropilamina, mas com as proteínas lisozima, BSA e RNase A, tendo-se igualmente verificado que o gradiente de NaCl usado era o que permitia uma melhor separação. Tal como no caso dos suportes preparados com base na diaminadipropilamina, verificou-se que, sob as mesmas condições de eluição, os dois suportes preparados a partir da Sepharose ativada com etilenodiamina, tingido e não tingido, apresentavam um desempenho de separação idêntico. A utilização do suporte não tingido na separação de uma mistura artificial de lisozima, BSA e RNase A permitiu o isolamento francamente eficiente das três proteínas (figura 19). 68 Discussão de resultados 1,0 M Abs relativa (280 nm) Lisozima BSA RNase A 0,01 M M Figura 19 - Perfil cromatográfico obtido utilizando o suporte não-tingido após a injeção de uma mistura de lisozima (15 mg/mL) e BSA e RNase A (30 mg/mL), utilizando Tris-HCl 10 mM (pH 9,0) no passo inicial de lavagem, seguido de um gradiente de NaCl 0 M até 1 M (linha tracejada), (adaptado de [114]). Tal como anteriormente, a pureza das proteínas isoladas foi confirmada por eletroforese (SDS-PAGE). Uma vez que, tal como no caso anterior, o suporte tingido e não tingido apresentam o mesmo comportamento cromatográfico, foi preparado um suporte cromatográfico com base na Sepharose ativada com etilenodiamina mas na ausência dos reagentes de amidação, no sentido de confirmar se são as unidades de etilenodiamina aciladas presentes na Sepharose que são responsáveis pela separação cromatográfica observada. O passo da extração de Soxhlet foi igualmente evitado pela razão óbvia da ausência de corante na preparação do suporte. Surpreendentemente, neste caso, este último suporte apresenta um comportamento cromatográfico diferente do suporte de controlo, preparado apenas sem a presença do corante esquarílico, não se observando a separação das três proteínas. Estes resultados parecem sugerir a hipótese de que um outro fragmento molecular, com exceção das unidades de etilenodiamina aciladas, deverá ser responsável pela capacidade de separação exibida pelo suporte não tingido testado anteriormente. Na tentativa de compreender a composição estrutural deste suporte, foram preparados seis outros suportes cromatográficos diferentes (suportes 7-12), cada um dos quais com a exclusão, seletiva, de alguns passos ou reagentes envolvidos na preparação usual do suporte (tabela 7). Depois de testar todos os suportes preparados, nas mesmas condições de eluição usadas para o suporte de controlo, a primeira conclusão, baseada na avaliação do suporte 7, é a de que a ausência do passo da extração de Soxhlet não infuencia a capacidade de separação 69 Discussão de resultados do suporte, pois os resultados obtidos foram idênticos aos do suporte de controlo que permitiu a separação eficiente das três proteínas. Tabela 7 – Suportes preparados com Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina. Suporte EDC NHS Ac2O √ 7 8 - 9 - √ 10 √ - √ - √ - √ √ Extração Soxhlet - - - - 11 √ √ - - 12 - - √ - Resultado BSA - Não liga RNase A – Liga, elui no segundo passo Lisozima – Liga, elui no terceiro passo BSA – Liga, elui no terceiro passo RNase A – Não liga Lisozima – Não liga BSA - Não liga RNase A – Não liga Lisozima – Não liga BSA - Não liga, elui parcialmente no segundo passo RNase A – Não liga Lisozima – Liga, elui no segundo passo BSA – Liga, elui no terceiro passo RNase A – Não liga Lisozima – Não liga BSA – Não liga RNase A – Não liga Lisozima – elui em todos os passos Quando se excluiu a EDC na preparação de suporte (suporte 9), houve uma alteração do comportamento cromatográfico, observando-se que nenhuma das proteínas apresenta interação com o suporte. Por outro lado, quando se omitiu a NHS na preparação do suporte (suporte 10), no respetivo perfil cromatográfico observou-se que apenas a lisozima apresenta interação com o suporte. Quando é removido o Ac2O da etapa final da preparação do suporte (suporte 11), também só uma das proteínas estabelece interação com este suporte, neste caso a BSA. O suporte 8 – apenas Sepharose ativada com a etilenodiamina, sem qualquer tratamento 70 Discussão de resultados adicional - apresenta um comportamento cromatográfico idêntico ao suporte em cuja preparação que foi retirado o Ac2O (suporte 11). Finalmente, o suporte ativado com a etilenodiamina e sujeito apenas a acilação com Ac2O (suporte 12), também apresenta um comportamento cromatográfico diferente dos restantes, verificando-se que tanto a BSA como a RNase A não interagem com o suporte e que a lisozima vai eluindo em todos os passos do gradiente usado. Em geral, estes resultados indicam que a separação das proteínas em estudo era impraticável com qualquer um dos suportes preparados referidos anteriormente (suportes 812), com exceção do suporte 7 onde o processo de extração de Soxhlet não parece ter qualquer influência, sendo os cromatogramas obtidos com os diferentes suportes, todos diferentes uns dos outros. Isto pareceu claramente apontar para o fato de que cada um dos reagentes mencionados na preparação dos suportes tem um papel essencial e específico no processo global. Com base nesta premissa, procurou-se racionalizar um percurso mecanístico plausível conducente à possível estrutura molecular presente na matriz, responsável pelo excelente desempenho cromatográfico do suporte de controlo. A presença simultânea de dois grupos carbonilo numa succinimida é conhecida por ativar o ataque de compostos nucleofílicos, tais como aminas [115]. Tendo em conta esta reatividade conhecida das succinimidas e as observações cromatográficas anteriores, uma possível sequência de reações que podem ocorrer durante a preparação do suporte encontra-se representada no esquema 16. Os grupos aminas primárias livres presentes nas unidades de etilenodiamina ligados à Sepharose podem atacar um dos grupos carbonilo da NHS, formando um ácido hidroxâmico terminal, após a abertura do anel de succinimida. A EDC presente neste processo é então capaz de promover o rearranjo de Lossen do ácido hidroxâmico para dar o isocianato correspondente. O uso da EDC (e de outras carbodiimidas solúveis em água) como mediador no rearranjo de Lossen de ácidos hidroxâmicos tem sido documentado na literatura [116,117]. O isocianato fica assim disponível para sofrer o ataque nucleófilo de um grupo amina livre de uma unidade de etilenodiamina, originando um heterociclo de cadeia alargada feito a partir de duas unidades de etilenodiamina próximas. Nas condições experimentais utilizadas, este processo não parece abranger todos os resíduos de etilenodiamina originalmente imobilizadas na Sepharose, uma vez que o comportamento cromatográfico do suporte ativado com EDC + NHS + acilação (suporte 7) é 71 Discussão de resultados diferente do observado para o suporte onde este último passo foi evitado (suporte 11). Esta diferença aponta para a existência de alguns grupos aminas primárias livres remanescentes, após o processo de ciclização acima mencionado. Além disso, a hidrólise simples do isocianato sob as condições reacionais não deve ocorrer numa extensão apreciável uma vez que o suporte ativado com a etilenodiamina e submetido a acilação com Ac2O (suporte 12) exibe um comportamento muito diferente em relação à separação da mistura de proteínas. Esquema 16 – Possíveis reações que podem ocorrer durante a preparação do suporte com etilenodiamina. 72 Discussão de resultados Anteriormente foi observado um bom desempenho na separação cromatográfica de suportes de Sepharose contendo corantes aminoesquarílicos simétricos para uma mistura de lisozima, α-quimotripsina e tripsina [110]. Neste caso, dada a semelhança entre os desempenhos dos suportes cromatográficos tingido e não tingido com o corante 25d, não é possível concluir inequivocamente que no suporte tingido o corante aminoesquarílico assimétrico também atua como ligando de afinidade. Dependendo das velocidades relativas da amidação e dos processos de ciclização sobre a superfície da Sepharose, três hipóteses podem ser colocadas quanto ao papel do corante como ligando no processo de separação das proteínas: a primeira é que o ligando pode ter uma eficiência de separação em relação à mistura de proteínas semelhante ao suporte preparado na sua ausência; a segunda é que este pode estar presente em quantidades de tal maneira reduzidas, que não influencia o desempenho das outras espécies moleculares responsáveis pela separação; e como terceira hipótese, menos provável, é que este seja completamente ineficiente e a separação seja levada a cabo apenas pelas outras espécies moleculares formadas sobre o suporte tingido. 2.6 Conclusão A utilização do método de síntese dos corantes aminosquarílicos simétricos via intermediário O-metilado mostrou-se efetiva na obtenção destes compostos, tendo-se sintetizado, em geral com bons rendimentos, um conjunto alargado de corantes possuindo uma cadeia etilenodiamina ligada ao anel central de quatro membros, variando quer a natureza dos núcleos heterocíclicos terminais, quer o comprimento da cadeias pendentes laterais. Contudo, a inclusão de uma cadeia maior, a hexanodiamina, no anel esquárico central não se revelou eficaz, resultando na obtenção de uma mixtura complexa. Em relação à preparação dos corantes esquarílicos assimétricos, foi verificado tratar-se igualmente de uma estratégia expedita, que permitiu obter diferentes corantes esquarílicos assimétricos baseados no benzotiazole com rendimentos bastante satisfatórios. Relativamente aos métodos de ativação da Sepharose verificou-se que a utilização de cloreto de cianurilo, no caso dos corantes esquarílicos simétricos, ou de diferentes aminas, no caso dos corantes esquarílicos assimétricos, permitiu a imobilização dos corantes com sucesso. Quando se usa como agente de ativação o 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano, verificou-se que não houve fixação significativa dos corantes à Sepharose, visto o gel 73 Discussão de resultados resultante ser praticamente branco, tanto para os corantes esquarílicos simétricos como para os assimétricos. Os suportes cromatográficos preparados foram avaliados na separação de proteínas no Laboratório de Cromatografia do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. O suporte cromatográfico preparado a partir da imobilização na Sepharose do corante aminoesquarílico derivado do benzotiazole e possuindo cadeias laterais N-hexilo 17b, com uma densidade de ligando de 1,8 x 10-2 mmol de corante/g de suporte, utilizando um gradiente decrescente de (NH4)2SO4, permitiu separar eficientemente a lisozima, a αquimotripsina e a tripsina, a partir de uma mistura artificial. A comparação do comportamento cromatográfico do suporte tingido com o de um suporte de controlo (sem corante), permitiu concluir que, neste caso, os ligandos imobilizados são efetivamente os responsáveis pelas interações estabelecidas. A seletividade do corante, enquanto ligando, pode resultar de múltiplas interações fracas, como eletrostáticas, hidrofóbicas, ligações de hidrogénio e interações de Van der Walls. Quando se utilizou um suporte de afinidade preparado a partir da imobilização do corante esquarílico assimétrico derivado do benzotiazole 25d em Sepharose ativada com diaminodipropilamina, por acoplamento através de amidação mediada por EDC/NHS entre um grupo N-carboxietilo do corante e o grupo amino primário da diaminodipropilamina, verificou-se ser capaz de separar uma mistura artificial de BSA e RNase A e K-Caseína. O suporte preparado na ausência do corante, com o objetivo de avaliar a importância intrínseca do corante no processo de separação, mostrou contudo um desempenho igual ao do suporte tingido na separação das três proteínas. O suporte em que na preparação se excluiram os reagentes EDC e NHS, desnecessários dado não se imobilizar o corante, continuou a apresentar um comportamento cromatográfico igual na separação destas três proteínas, o que sugere que as unidades de diaminodipropilamina aciladas presentes sobre a Sepharose são as responsáveis pela separação observada. O suporte de afinidade preparado a partir da imobilização do mesmo corante esquarílico assimétrico 25d em Sepharose ativada com etilenodiamina, igualmente por acoplamento através de amidação mediada por EDC/NHS entre um grupo pendente N-carboxietilo do corante e o grupo amina primário da etilenodiamina, conseguiu separar uma mistura de BSA, lisozima e RNase A. O suporte de controlo preparado na ausência do corante, com o objetivo de avaliar a importância intrínseca do corante no processo de 74 Discussão de resultados separação revelou, surpreendentemente, um desempenho na separação das três proteínas ainda melhor que o do suporte tingido. Neste caso, o suporte preparado sem a presença de EDC e NHS apresentou um comportamento cromatográfico bastante diferente, não permitindo a separação das proteínas mencionadas, o que veio sugerir que as entidades moleculares responsáveis pela excelente separação observada não serão simplesmente unidades de etilenodiamina monoaciladas. Depois de vários ensaios realizados, com variação seletiva dos reagentes intervenientes no processo de imobilização, tornou-se evidente a importância capital da EDC e da NHS, e foi racionalizado um percurso mecanístico possível conducente às estruturas moleculares presentes na superfície da matriz, responsáveis pelo excelente desempenho cromatográfico do suporte de controlo. Este percurso parece implicar a ciclização de duas unidades de etilenodiamina próximas presentes na superfície da Sepharose, com a inclusão de um resíduo derivado da succinimida entre eles, por uma via envolvendo um rearranjo de Lossen de um intermediário do ácido hidroxâmico mediado pela EDC. Globalmente os resultados obtidos neste trabalho são bastante promissores, quer em termos da eficácia da imobilização de corantes esquarílicos na Sepharose, quer em termos da performance dos suportes preparados com aqueles corantes imobilizados. Os corantes cianínicos esquarílicos mostram assim ser promissores ligandos sintéticos que podem ser potencialmente explorados na separação de outras proteínas e até de ácidos nucleicos por CA. 75 Capítulo 3 Parte experimental Parte experimental 3.1 Reagentes e equipamentos Os solventes e reagentes usados foram secos e destilados, sempre que necessário, por métodos padronizados [118]. Os reagentes cuja síntese não se encontra descrita foram adquiridos comercialmente e eram analiticamente puros. O cloreto de cianurilo foi purificado como descrito na literatura [21]. Éter de petróleo refere-se à fração de p.e. 40-60 °C. Sempre que sejam usados solventes mistos é indicada a sua proporção volumétrica. Todas as reações foram monitorizadas por c.c.f. usando placas de sílica gel de 0,25 mm de espessura Merck 60 F254, sendo o eluente usado referido para cada caso. Após eluição, as placas cromatográficas foram observadas à luz UV nos comprimentos de onda 254 e/ou 365 nm. Para a separação por c.c. foi utilizada sílica gel Merck 70-230 (0,063-0,200 mm), em coluna de vidro. Os p.f. foram determinados em tubos capilares abertos num aparelho de pontos de fusão Bϋchi-535 ou num microscópio binocular URA Technic acoplado a uma placa aquecida e não foram corrigidos. Os espetros no IV foram registados num espetrofotómetro Unicam Research Series FTIR. Quando descritos, os dados obtidos são indicados da seguinte forma: estado físico da amostra (KBr - em pastilhas de brometo de potássio); νmáx (cm-1) e tipo de banda. Os espetros no UV/Vis foram realizados num espetrofotómetro de duplo feixe Perkin-Elmer Lambda 25. Foram utilizadas células de quartzo de 1 cm de percurso ótico. Quando descritos, os dados obtidos são indicados da seguinte forma: λmáx (nm), log ε. Os espetros de 1H RMN e de 13 C RMN foram obtidos num espetrómetro Bruker Avance III 400 ou num espetrómetro Bruker ARX 400. Na descrição de cada espetro os dados obtidos são indicados da seguinte forma: solvente; δ (ppm) relativamente ao sinal do SiMe4 ou a sinais residuais dos solventes usados; área relativa [nH (como número de protões a que corresponde o sinal)]; multiplicidade do sinal; J (Hz); confirmação de protões labéis após troca com D2O. Os EMAR (FAB), realizados usando uma matriz de álcool 3-nitrobenzílico (3-ANB), e os EMAR (ESI-TOF) e EM (ESI-TOF) foram obtidos num espetrómetro de massa Micromass VG Autopsec M. Os dados obtidos em cada espetro são indicados da seguinte 77 Parte experimental forma: m/z do ião molecular; fórmula molecular e massa exata calculada para o ião molecular correspondente. A agitação da Sepharose foi efetuada de forma suave com a ajuda de um agitador orbital IKA Yellow Line OSS Basic. 3.2 Síntese de sais heterocíclicos 3.2.1 Síntese do iodeto de 3-butil-2-metilbenzotiazólio (4a) Uma solução de 2-metilbenzotiazole (1) (3,40 mL, 26,7 mmol) e 1-iodobutano (9,15 mL, 80,5 mmol) em acetonitrilo (100 mL) foi aquecida a refluxo. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (6 dias). A mistura reacional foi então arrefecida num banho de gelo e adicionado éter etílico para precipitação do produto. O precipitado foi recolhido por filtração a pressão reduzida e os cristais obtidos lavados com éter etílico. O filtrado foi concentrado por evaporação a pressão reduzida para retirar o éter etílico e colocado de novo a refluxo por mais 6 dias. Este procedimento foi repetido mais duas vezes tendo-se obtido o composto 4a com rendimento de 88%, na forma de cristais beges, apresentando: p.f. 181,6-182,9 °C; IV (KBr) νmáx: 2941méd, 2929méd, 2861méd, 1573fr, 1519fr, 1480fr, 1465méd, 1438méd, 1385fr, 1345méd, 1278fr, 1237fr, 1197méd, 1116fr, 1063fr, 955fr, 767f, 713méd. 3.2.2 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilbenzotiazólio (4b) Fez-se reagir 2-metilbenzotiazole (1) (3,40 mL, 26,7 mmol) com 1-iodo-hexano (11,9 mL, 80,6 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (7 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 4b com rendimento de 80%, na forma de cristais beges, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [60]. 78 Parte experimental 3.2.3 Síntese do iodeto de 3-decil-2-metilbenzotiazólio (4c) Fez-se reagir 2-metilbenzotiazole (1) (3,40 mL, 26,7 mmol) com 1-iododecano (17,2 mL, 80,4 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (7 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 4c com rendimento de 75%, na forma de cristais beges, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [60]. 3.2.4 Síntese do iodeto de 3-etil-2-metilbenzotiazólio (4d) Fez-se reagir 2-metilbenzotiazole (1) (3,40 mL, 26,7 mmol) com 1-iodoetano (7,85 mL, 80,5 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (5 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 4d com rendimento de 93%, na forma de cristais beges, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [60]. 3.2.5 Síntese do brometo de 3-(2-carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4e) Fez-se reagir 2-metilbenzotiazole (1) (3,40 mL, 26,7 mmol) com ácido 3-bromopropanóico (12,3 g, 80,4 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (3 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 4e com rendimento de 71%, na forma de cristais beges, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [65]. 3.2.6 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilbenzoselenazólio (5b) Fez-se reagir 2-metilbenzoselenazole (2) (4,00 g, 20,4 mmol) com 1-iodo-hexano (9,10 mL, 61,7 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (6 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 5b com rendimento de 78%, na forma de cristais beges, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [60]. 79 Parte experimental 3.2.7 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-metilquinolínio (6b) Fez-se reagir 2-metilquinolina (3) (3,80 mL, 28,1 mmol) com 1-iodo-hexano (12,4 mL, 84,0 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.2.1 (4 dias). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 6b com rendimento de 94%, na forma de cristais amarelos, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os descritos na literatura [60]. 3.3 Síntese de corantes esquarílicos simétricos 3.3.1 Síntese do 4-[(3-butilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8a) Uma solução de iodeto de 3-butil-2-metilbenzotiazólio (4a) (1,00 g, 3,00 mmol) e ácido esquárico (7) (0,171 g, 1,50 mmol) em n-BuOH/piridina - 9/1 (100 mL) foi aquecida a refluxo durante 7 h. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1). Uma vez a reação completa, adicionou-se Et2O à mistura reacional arrefecida, tendo-se recolhido o precipitado por filtração a pressão reduzida e lavado os cristais resultantes com H2O destilada e éter de petróleo. Foi obtido o composto 8a com um rendimento de 87%, sob a forma de cristais esverdeados, apresentando: p.f. 265 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 652 (5,34). IV (KBr) νmáx: 2955fr, 1586méd, 1452f, 1411f, 1345méd, 1291fr, 1237f, 1170f, 1090f, 1074méd, 942fr, 808fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,86 (2H, d, J = 7,4, ArH), 7,55 (2H, d, J = 8,2, ArH), 7,45 (2H, t, J = 7,3, ArH), 7,27 (2H, t, J = 7,8, ArH), 5,79 (2H, s, CH=C), 4,25 (4H, t, J = 7,4, NCH2(CH2)2CH3), 1,73-1,65 (4H, m, NCH2CH2CH2CH3), 1,471,38 (4H, m, N(CH2)2CH2CH3), 0,95 (6H, t, J = 7,4, N(CH2)3CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 488,17 (M+, 100%). 80 Parte experimental 3.3.2 Síntese do 4-[(3-hexilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8b) Uma solução de iodeto de 3-hexil-2-metilbenzotiazólio (4b) (2,85 g, 7,89 mmol) e ácido esquárico (7) (0,450 g, 3,94 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.3.1 (7 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 8b com rendimento de 81%, na forma de cristais esverdeados, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os referidos na literatura [93]. 3.3.3 Síntese do 4-[(3-decilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8c) Uma solução de iodeto de 3-decil-2-metilbenzotiazólio (4c) (2,90 g, 6,95 mmol) e ácido esquárico (7) (0,396 g, 3,47 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.3.1 (7 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 8c com rendimento de 74%, na forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 178-179 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 652 (5,31). IV (KBr) νmáx: 2928fr, 2848fr, 1586méd, 1452f, 1411f, 1358fr, 1291fr, 1223f, 1090méd, 1063méd, 942fr, 821fr, 740fr. 1H RMN (400,13 MHz, CDCl3) δ: 7,53 (2H, d, J = 7,8, ArH), 7,37 (2H, t, J = 7,6, ArH), 7,20 (2H, t, J = 7,6, ArH), 7,13 (2H, d, J = 8,1, ArH), 6,05 (2H, s, CH=C), 4,57 (4H, t, J = 7,6, NCH2(CH2)8CH3), 1,81 (4H, quinteto, J = 7,4, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,44-1,21 (28H, m, N(CH2)2(CH2)7CH3), 0,87 (6H, t, J = 6,8, N(CH2)9CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 656,36 (M+, 100 %). 3.3.4 Síntese do 4-[(3-hexilbenzoselenazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (9b) Uma solução de iodeto de 3-hexil-2-metilbenzoselenazólio (5b) (1,90 g, 4,65 mmol) e ácido esquárico (7) (0,266 g, 2,33 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.3.1 (3 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 9b com rendimento de 65%, 81 Parte experimental na forma de cristais azuis, apresentando dados físicos e espetroscópicos idênticos aos referidos na literatura [93]. 3.3.5 Síntese do 4-[(1-hexilquinolin-3-io-2-il)metilideno]-2-[(1-hexil-1H-quinolinilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (10b) Uma solução de iodeto de 3-hexil-2-metilquinolínio (6b) (1,75 g, 4,93 mmol) e ácido esquárico (7) (0,281 g, 2,46 mmol) foi feito reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.3.1 (24 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 10b com rendimento de 62%, na forma de cristais avermelhados, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os referidos na literatura [93]. 3.3.6 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-[3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11a) Fez-se reagir 4-[(3-butilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8a) (0,200 g, 0,410 mmol) com excesso de trifluorometanossulfonato de metilo (0,190 mL, 1,67 mmol), em CH2Cl2 seco (80 mL), à temperatura ambiente e sob atmosfera de N2. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (4 h). A mistura reacional foi então lavada, sequencialmente, com uma solução aquosa de NaHCO3 a 5% e com H2O. A fase orgânica foi seca sobre sulfato de sódio anidro e o solvente removido parcialmente a pressão reduzida. À solução resultante foi adicionado Et2O e a mistura arrefecida num banho de gelo. O sólido precipitado obtido foi recolhido por filtração a pressão reduzida, lavado com éter de petróleo e recristalizado de uma mistura de CH2Cl2/Et2O, tendo-se obtido o composto 11a com um rendimento de 63%, sob a forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 263 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 633 (5,40). IV (KBr) νmáx: 2928fr, 2861fr, 1714méd, 1698méd, 1478f, 1452f, 1358méd, 1264f, 1143fr, 1023fr, 888fr, 740fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,03 (2H, d, J = 7,8, ArH), 7,76 (2H, d, J = 8,3, ArH), 7,57 (2H, t, J = 7,6, ArH), 7,42 (2H, t, J = 82 Parte experimental 7,5, ArH), 6,04 (2H, s, CH=C), 4,54 (3H, s, OCH3), 4,44 (4H, sl, NCH2(CH2)2CH3), 1,77-1,65 (4H, m, NCH2CH2CH2CH3), 1,44-1,38 (4H, m, N(CH2)2CH2CH3), 0,93 (6H, t, J = 7,2, N(CH2)3CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 503,18 ([M - CF3SO3]+, 100 %). 3.3.7 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11b) Fez-se reagir 4-[(3-hexilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8b) (2,46 g, 4,51 mmol) com excesso de trifluorometanossulfonato de metilo (1,535 mL, 13,57 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.6 (5 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 11b com rendimento de 83%, na forma de cristais azuis, apresentando dados físicos e espetroscópicos idênticos aos referidos na literatura [93]. 3.3.8 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-decil-2-[3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11c) Fez-se reagir 4-[(3-decilbenzotiazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (8c) (1,69 g, 2,57 mmol) com excesso de trifluorometanossulfonato de metilo (0,875 mL, 7,74 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.6 (24 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 11c com rendimento de 85%, na forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 140 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 633 (5,34). IV (KBr) νmáx: 2925méd, 2855méd, 1763fr, 1656fr, 1475f, 1458f, 1359méd, 1255f, 1142f, 1030méd, 990méd, 823fr, 751fr. 1H RMN (400,13 MHz, CDCl3) δ: 7,63 (2H, d, J = 7,6, ArH), 7,48 (2H, t, J = 7,7, ArH), 7,38-7,31 (4H, m, ArH), 5,97 (2H, s, CH=C), 4,61 (3H, s, OCH3), 4,35 (4H, sl, NCH2(CH2)8CH3), 1,82 (4H, quinteto, J = 8,1, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,49-1,38 (4H, m, N(CH2)2CH2(CH2)6CH3), 1,32-1,18 (24H, m, N(CH2)3(CH2)6CH3), 0,85 (6H, t, J = 6,9, N(CH2)9CH3). EMAR (FAB) (3-ANB) m/z: 671,36912 ([M - CF3SO3]+, C41H55N2O2S2+; calc. 671,36995). 83 Parte experimental 3.3.9 Síntese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzoselenazól-3-io (12b) Fez-se reagir 4-[(3-hexilbenzoselenazol-3-io-2-il)metilideno]-2-[(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (9b) (0,500 g, 0,783 mmol) com excesso de trifluorometanossulfonato de metilo (0,270 mL, 2,39 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.6 (2 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 12b com rendimento de 76%, na forma de cristais roxos, apresentando dados físicos e espetroscópicos de acordo com os referidos na literatura [93]. 3.3.10 Síntese do trifluorometanossulfonato de 1-hexil-2-[3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]quinolín-3-io (13b) Fez-se reagir 4-[(1-hexilquinolin-3-io-2-il)metilideno]-2-[(1-hexil-1H-quinolinilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (10b) (0,500 g, 0,939 mmol) com excesso de trifluorometanossulfonato de metilo (0,320 mL, 2,82 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.6 (5 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 13b com rendimento de 95%, na forma de cristais verdes escuros, apresentando dados físicos e espetroscópicos idênticos aos referidos na literatura [93]. 3.3.11 Sintese do trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14a) A uma solução de trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-[3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ili- denometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11a) (0,400 g, 0,613 mmol) em CH2Cl2 anidro (100 mL), sob agitação à temperatura ambiente e atmosfera 84 Parte experimental de N2, foi adicionado excesso de N-Boc-etilenodiamina (0,195 mL, 1,23 mmol). A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (6 h). Uma vez terminada a reação, o solvente foi removido parcialmente a pressão reduzida e foi adicionado ao resíduo remanescente igual volume de éter de petróleo. O sólido precipitado foi recolhido por filtração a pressão reduzida, lavado com éter de petróleo e recristalizado de CH2Cl2/éter de petróleo, tendo-se obtido o composto 14a com um rendimento de 88%, sob a forma de cristais roxos, apresentando: p.f. 207,5-209,3 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 658 (5,39). IV (KBr) νmáx: 2973fr, 2836fr, 1705fr, 1513fr, 1458f, 1444f, 1355fr, 1253f, 1192méd, 1164méd, 1130fr, 1027fr, 986fr, 746fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,91 (1H, sl, NH), 8,01-7,95 (2H, m, ArH), 7,74-7,70 (2H, m, ArH), 7,57-7,50 (2H, m, ArH), 7,41-7,36 (2H, m, ArH), 7,21 (1H, sl, NH), 6,15 (1H, s, CH=C), 6,03 (1H, s, CH=C), 4,46 (2H, sl, NCH2(CH2)2CH3), 4,28 (2H, sl, NCH2(CH2)2CH3), 3,62 (2H, sl, NHCH2CH2NHBoc), 3,22 (2H, sl, NHCH2CH2NHBoc), 1,77-1,70 (4H, m, NCH2CH2CH2CH3), 1,43-1,34 (13H, m, N(CH2)2CH2CH3 + C(CH3)3), 0,97-0,91 (6H, m, N(CH2)3CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 631,30 ([M - CF3SO3]+, 100 %). 3.3.12 Sintese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól -3-io (14b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (11b) (1,32 g, 1,85 mmol) com excesso de N-Boc-etilenodiamina (0,440 mL, 2,77 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.11 (5 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 14b com rendimento de 71%, na forma de cristais roxos apresentando: p.f. 184,2-185,8 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 658 (5,35). IV (KBr) νmáx: 2941fr, 2861fr, 1707fr, 1626fr, 1533fr, 1438f, 1358méd, 1237f, 1183méd, 1143méd, 1036méd, 982méd, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,89 (1H, sl, NH, troca com D2O), 8,01-7,95 (2H, m, ArH), 7,73-7,70 (2H, m, ArH), 7,57-7,50 (2H, m, ArH), 7,41-7,34 (2H, m, ArH), 7,19 (1H, sl, NH, troca com D2O), 6,14 (1H, s, CH=C), 6,03 (1H, s, CH=C), 4,46 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 4,27 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,64-3,58 (2H, m, 85 Parte experimental NHCH2CH2NHBoc), 3,22-3,16 (2H, m, NHCH2CH2NHBoc), 1,74-1,68 (4H, m, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,37-1,29 (21H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3 + C(CH3)3), 0,88-0,84 (6H, m, N(CH2)5CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 687,34 ([M - CF3SO3]+, 100 %). 3.3.13 Sintese do trifluorometanossulfonato de 3-decil-2-3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14c) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3- -decil-2-[3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11c) (0,500 g, 0,609 mmol) com excesso de N-Boc-etilenodiamina (0,145 mL, 0,913 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.11 (6 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 14c com rendimento de 8%, na forma de cristais roxos apresentando: p.f. 80,3-82,7 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 658 (5,24). IV (KBr) νmáx: 2928méd, 2861fr, 1626fr, 1519méd, 1438f, 1358méd, 1237f, 1170méd, 1036fr, 982fr, 808fr, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,93 (1H, sl, NH, troca com D2O), 8,01-7,95 (2H, m, ArH), 7,70 (2H, sl, ArH), 7,57-7,49 (2H, m, ArH), 7,41-7,31 (2H, m, ArH), 7,20 (1H, sl, NH, troca com D2O), 6,16 (1H, s, CH=C), 6,04 (1H, s, CH=C), 4,46 (2H, sl, NCH2(CH2)8CH3), 4,27 (2H, sl, NCH2(CH2)8CH3), 3,61 (2H, sl, NHCH2CH2NHBoc), 3,22 (2H, sl, NHCH2CH2NHBoc), 1,74 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,37-1,20 (37H, m, N(CH2)2(CH2)7CH3 + C(CH3)3), 0,84 (6H, sl, N(CH2)9CH3). EM (ESI-TOF) m/z: 799,47 ([M CF3SO3]+, 82 %), 371,70 (100 %). 3.3.14 Sintese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzoselenazól-3-io (15b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3- -hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzoselenazól-3-io (12b) (0,470 g, 0,585 mmol) com excesso de N-Boc- etilenodiamina (0,120 mL, 0,761 mmol) de 86 Parte experimental acordo com o procedimento descrito em 3.3.11 (4 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 15b com rendimento de 66%, na forma de cristais roxos apresentando: p.f. 169,9-170,8 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 677 (5,31). IV (KBr) νmáx: 2933fr, 2862fr, 1704fr, 1621fr, 1558fr, 1519fr, 1434f, 1347fr, 1245f, 1175méd, 1134méd, 1027fr, 980méd, 754fr, 637fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,97 (1H, sl, NH, troca com D2O), 8,04 (1H, d, J = 7,7, ArH), 8,00 (1H, d, J = 7,6, ArH), 7,64-7,62 (2H, m, ArH), 7,53-7,46 (2H, m, ArH), 7,33-7,26 (2H, m, ArH), 7,19 (1H, t, J = 5,3, NH, troca com D2O), 6,14 (1H, s, CH=C), 6,02 (1H, s, CH=C), 4,40 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 4,24 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,64-3,58 (2H, m, NHCH2CH2NHBoc), 3,23-3,18 (2H, m, NHCH2CH2NHBoc), 1,76-1,68 (4H, m, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,40-1,25 (21H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3 + C(CH3)3), 0,88-0,82 (6H, m, N(CH2)5CH3). EMAR (ESI-TOF) m/z: 783,22796 ([M- CF3SO3]+, C39H51N4O3Se2+; calc. 783,22941). 3.3.15 Síntese do trifluorometanossulfonato de 1-hexil-2-3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilquinolín-3-io (16b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 1- -hexil-2-[3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]quinolín-3-io (13b) (0,300 g, 0,429 mmol) com excesso de N-Boc-etilenodiamina (0,100 mL, 0,644 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.11 (7 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 16b com rendimento de 95%, na forma de cristais verdes, apresentando: p.f. 182,1-183,2 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 708 (5,33). IV (KBr) νmáx: 2954fr, 2855fr, 1693fr, 1628fr, 1558fr, 1465méd, 1457méd, 1331méd, 1301méd, 1264méd, 1156f, 1089fr, 1023fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,99 (1H, d, J = 9,2, CH=CH), 8,94 (1H, s, NH, troca com D2O), 8,87 (1H, d, J = 9,3, CH=CH), 7,97 (1H, d, J = 9,1, CH=CH), 7,88 (1H, d, J = 9,4, CH=CH), 7,807,67 (6H, m, ArH), 7,45 (1H, t, J = 7,0, ArH), 7,40 (1H, t, J = 7,2, ArH), 7,19 (1H, s, NH, troca com D2O), 5,85 (1H, s, CH=C), 5,65 (1H, s, CH=C), 4,35 (4H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,69 (2H, sl, NHCH2CH2NHBoc), 3,19 (2H, s, NHCH2CH2NHBoc), 1,74 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,52-1,26 (21H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3 + C(CH3)3), 0,90 (6H, m, N(CH2)5CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 206,9, 175,1, 166,7, 156,6, 156,4, 87 Parte experimental 155,0, 151,4, 150,5, 139,5, 139,2, 136,3, 135,1, 133,0, 132,7, 129,6, 129,4, 125,7, 125,4, 125,2, 125,0, 124,7, 124,4, 122,3, 120,1, 116,7, 116,4, 93,5, 93,3, 78,6, 48,3, 48,2, 43,8, 41,6, 31,5, 31,1, 28,6, 26,2, 26,1, 22,6, 14,4, 14,3, EMAR (ESI-TOF) m/z: 675,42474 ([MCF3SO3]+, C43H55N4O3; calc. 675,42687). 3.3.16 Síntese do iodeto de 3-butil-2-[3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17a) A uma solução de trifluorometanossulfonato de 3-butil-2-3-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)- -2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14a) (0,200 g, 0,256 mmol) em CH2Cl2 (5 mL), em agitação à temperatura ambiente e sob atmosfera de N2, foi adicionado excesso de ácido trifluoroacético (5,0 mL, 65 mmol) e 1,3dimetoxibenzeno (0,50 mL, 3,8 mmol). A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (2 h). A mistura reacional foi então neutralizada com uma solução aquosa saturada fria de NaHCO3 e, em seguida, lavada com H2O fria. A fase orgânica, após separação por decantação, foi seca sobre Na2SO4 anidro e o solvente removido parcialmente sob pressão reduzida. Após adição de éter de petróleo ao resíduo, o sólido precipitado resultante foi recolhido por filtração sob pressão reduzida e lavado com éter de petróleo. Este sólido foi dissolvido em MeOH (10 mL) e à solução resultante foi adicionada uma solução aquosa de KI a 14% (10 mL). Após cerca de 1 h à temperatura ambiente, o corante precipitado foi recolhido por filtração a pressão reduzida, lavado com H2O e com éter de petróleo e recristalizado de CH2Cl2/éter de petróleo, tendo-se obtido o composto 17a com um rendimento de 78%, sob a forma de cristais roxos, apresentando: p.f 249 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 657 (5,17). IV (KBr) νmáx: 3424fr, 2914fr, 2821fr, 1640fr, 1452f, 1358méd, 1250f, 1197méd, 1156méd, 1130méd, 982fr, 823fr, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,78 (1H, sl, NH, troca com D2O), 8,00 (2H, sl, ArH), 7,73 (2H, sl, ArH), 7,62-7,35 (6H, sl, ArH + NH2, troca com D2O), 6,19 (1H, s, CH=C), 5,88 (1H, s, CH=C), 4,43 (2H, sl, NCH2(CH2)2CH3), 4,33 (2H, sl, NCH2(CH2)2CH3), 3,85 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 3,13 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 1,75 (4H, sl, NCH2CH2CH2CH3), 1,42 (4H, sl, N(CH2)2CH2CH3), 0,95 (6H, sl, N(CH2)3CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 173,7, 163,4, 161,3, 160,0, 157,1, 155,3, 140,7, 127,9, 127,8, 127,5, 125,1, 124,7, 123,0, 122,7, 113,6, 113,4, 86,5, 46,3, 45,7, 41,5, 29,4, 29,2, 19,4, 13,8. EMAR (ESI-TOF) m/z: 531,22498 ([M - I]+, C30H35N4OS2+; calc. 531,22468). 88 Parte experimental 3.3.17 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-aminoetilamino]-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2- -(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14b) (0,400 g, 0,477 mmol) com excesso de ácido trifluoroacético (10,0 mL, 131 mmol) e 1,3dimetoxibenzeno (1,0 mL, 7,6 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.16 (3 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 17b com rendimento de 63%, na forma de cristais roxos, apresentando: p.f 232 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 658 (5,27). IV (KBr) νmáx: 3451fr, 2914fr, 2821fr, 1640fr, 1559fr, 1452f, 1358méd, 1250f, 1156méd, 982fr, 835fr, 740fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,90 (1H, s, NH, troca com D2O), 8,01-7,94 (2H, m, ArH), 7,73-7,66 (2H, m, ArH), 7,58-7,52 (2H, m, ArH), 7,43-7,35 (2H, m, ArH), 6,24 (1H, s, CH=C), 5,94 (1H, s, CH=C), 4,37 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 4,30 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,66 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 2,92 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 1,73 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,441,22 (12H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3), 0,86 (6H, sl, N(CH2)5CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 174,2, 163,9, 161,7, 160,4, 157,7, 155,8, 141,2, 128,2, 128,1, 128,0, 125,6, 125,2, 123,5, 123,2, 114,1, 113,8, 87,0, 47,0, 46,3, 42,7, 31,4, 31,2, 27,8, 27,5, 26,2, 22,5, 14,3. EMAR (ESI-TOF) m/z: 587,28859 ([M - I]+, C34H43N4OS2+; calc. 587,28728). 3.3.18 Síntese do iodeto de 3-decil-2-[3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (17c) Devido às dificuldades encontradas no isolamento do trifluorometanossulfonato de 3-decil-2-3-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (14c) na forma cristalina, a síntese de 17c foi realizada a partir do produto bruto dessa reação. Assim, fez-se reagir 14c não purificado (0,289 g, 0,304 mmol) com excesso de ácido trifluoroacético (10,0 mL, 131 mmol) e de 1,3-dimetoxibenzeno (1,0 mL, 7,6 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.16 (1 h). Após tratamento da 89 Parte experimental mistura reacional como referido foi obtido o composto 20a com rendimento de 50%, na forma de cristais roxos, apresentando: p.f. 217 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 658 (5,26). IV (KBr) νmáx: 3398méd, 2914fr, 2834fr, 1690fr, 1559fr, 1465f, 1358fr, 1250f, 1205méd, 1143méd, 982fr, 808fr, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,90 (1H, sl, NH, troca com D2O), 8,00 (4H, sl, ArH + NH2, troca com D2O), 7,76-7,70 (2H, m, ArH), 7,58-7,55 (2H, m, ArH), 7,45-7,35 (2H, m, ArH), 6,25 (1H, s, CH=C), 5,87 (1H, s, CH=C), 4,44 (2H, sl, NCH2(CH2)8CH3), 4,34 (2H, sl, NCH2(CH2)8CH3), 3,91-3,85 (2H, m, NHCH2CH2NH2), 3,16 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 1,75 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,421,18 (28H, m, N(CH2)2(CH2)7CH3), 0,84 (6H, t, J = 6,7, N(CH2)9CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 174,3, 163,9, 161,8, 160,6, 157,6, 155,8, 141,2, 128,5, 128,3, 128,0, 125,6, 125,2, 123,5, 123,2, 114,1, 113,9, 87,0, 46,9, 46,3, 41,7, 31,7, 31,2, 29,4, 29,3, 29,2, 29,1, 27,8, 27,6, 26,5, 22,5, 14,4, 9,1. EMAR (ESI-TOF) m/z: 699,41268 ([M - I]+, C42H59N4OS2+; calc. 699,41248). 3.3.19 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzoselenazól-3-io (18b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3-hexil- -2-3-(3-hexil-3H-benzoselenazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzoselenazól-3-io (15b) (0,200 g, 0,215 mmol) com excesso de ácido trifluoroacético (5,0 mL, 65 mmol) e de 1,3-dimetoxibenzeno (0,50 mL, 3,8 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.16 (1 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 18b com rendimento de 75%, na forma de cristais roxos, apresentando: p.f. 164,8 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 677 (5,27). IV (KBr) νmáx: 3432fr, 2941fr, 2855fr, 1628fr, 1558fr, 1434f, 1347méd, 1238f, 1160méd, 1128méd, 980fr, 784fr, 745fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,05 (1H, d, J = 7,1, ArH), 8,00 (1H, d, J = 7,3, ArH), 7,66-7,62 (2H, m, ArH), 7,60-7,48 (2H, m, ArH), 7,34-7,28 (2H, m, ArH), 6,37 (1H, s, CH=C), 6,12 (1H, s, CH=C), 4,34 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 4,28 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,65 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 2,90 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 1,71 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,411,30 (12H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3), 0,86 (6H, sl, N(CH2)5CH3). EMAR (ESI-TOF) m/z: 683,17460 ([M - I]+, C34H43N4OSe2+; calc. 683,17683). 90 Parte experimental 3.3.20 Síntese do iodeto de 1-hexil-2-[3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-(2-aminoetilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]quinolín-3-io (19b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 1-hexil-2-3-(1-hexil-1H-quinolin-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)etilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilquinolín-3-io (16b) (0,150 g, 0,182 mmol) com excesso de ácido trifluoroacético (1,0 mL, 13 mmol) e de 1,3-dimetoxibenzeno (0,50 mL, 3,8 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.16 (3 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 19b com rendimento de 42%, na forma de cristais verdes, apresentando: p.f. 173,8 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 708 (5,32). IV (KBr) νmáx: 3448fr, 2914fr, 2839fr, 1623fr, 1558fr, 1503fr, 1465méd, 1449fr, 1410fr, 1331fr, 1291fr, 1253méd, 1156f, 1036fr, 986fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,97 (1H, d, J = 9,2, CH=CH), 8,87 (1H, d, J = 9,3, CH=CH), 7,97 (1H, d, J = 9,0, CH=CH), 7,85-7,67 (7H, m, CH=CH + ArH), 7,46-7,38 (2H, m, ArH), 5,94 (1H, s, CH=C), 5,70 (1H, s, CH=C), 4,39 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 4,26 (2H, sl, NCH2(CH2)4CH3), 3,67 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 2,93 (2H, sl, NHCH2CH2NH2), 1,71 (4H, sl, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,51-1,33 (12H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3), 0,89 (6H, sl, N(CH2)5CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 175,0, 166,9, 156,7, 154,9, 151,4, 150,3, 139,5, 139,2, 136,3, 134,9, 133,0, 132,7, 129,6, 129,3, 125,7, 125,4, 125,1, 124,9, 116,7, 116,3, 93,9, 48,7, 48,2, 47,0, 42,9, 31,5, 27,4, 26,9, 26,3, 26,1, 22,7, 22,6, 14,4. EMAR (ESI-TOF) m/z: 575,37288 ([M - I]+, C38H47N4O+; calc. 575,37444). 3.3.21 Sintese do trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)hexilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (20b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-metoxi-4-oxociclobut-2-eniledenometil]benzotiazól-3-io (11b) (0,100 g, 0,141 mmol) com excesso de N-Boc-hexanodiamina (0,046 g, 0,212 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.11 (4 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 20b com rendimento de 72%, na forma de cristais roxos, apresentando: p.f. 86,9-87,7 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 660 (5,23). IV (KBr) νmáx: 2932fr, 2863fr, 1709fr, 1625fr, 1558fr, 1446f, 91 Parte experimental 1355méd, 1245f, 1160méd, 1137méd, 1027fr, 981fr, 754fr, 636fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 8,86 (1H, sl, NH), 8,00 (1H, d, J = 7,5, ArH), 7,93 (1H, d, J = 7,3, ArH), 7,71 (1H, d, J = 7,8, ArH), 7,65 (1H, d, J = 8,5, ArH), 7,55-7,50 (2H, m, ArH), 7,39-7,33 (2H, m, ArH), 6,76 (1H, sl, NH), 6,22 (1H, s, CH=C), 5,87 (1H, s, CH=C), 4,34-4,30 (4H, m, NCH2(CH2)4CH3), 3,62 (2H, sl, NHCH2(CH2)5NHBoc), 2,90 (2H, sl, NH(CH2)5CH2NHBoc), 1,78-1,65 (6H, m, NCH2CH2(CH2)3CH3 + NHCH2CH2(CH2)4NHBoc), 1,35-1,29 (27H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3 + NH(CH2)2(CH2)3CH2NHBoc + C(CH3)3), 0,0,85 (6H, sl, N(CH2)5CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 173,4, 163,1, 161,3, 159,4, 157,1, 155,5, 155,3, 140,6, 127,8, 127,5, 125,0, 124,5, 122,9, 122,6, 122,2, 119,0, 113,5, 113,0, 86,5, 86,4, 77,2, 54,8, 46,3, 45,8, 43,5, 30,9, 30,8, 29,4, 28,1, 27,2, 26,9, 26,0, 25,9, 25,7, 25,6, 21,9, 13,7. EMAR (ESI-TOF) m/z: 743,40000 ([M- CF3SO3]+, C43H59N4O3S2; calc. 743,40231). 3.3.22 Síntese do iodeto de 3-hexil-2-[3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-(6-aminohexilamino)-4-oxociclobut-2-enilidenometil]benzotiazól-3-io (21b) Fez-se reagir trifluorometanossulfonato de 3-hexil-2-3-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-2-[2-(ter-butoxicarbonilamino)hexilamino]-4-oxociclobut-2-eniledenometilbenzotiazól-3-io (20b) (0,130 g, 0,145 mmol) com excesso de ácido trifluoroacético (5,0 mL, 65 mmol) e de 1,3-dimetoxibenzeno (0,50 mL, 3,8 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.3.16 (4 h). Após tratamento da mistura reacional como referido obteve-se uma mistura complexa, cujas tentativas de purificação não permitiram isolar o composto desejado. 3.4 Síntese de corantes esquarílicos assimétricos 3.4.1 Síntese da 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) Dissolveu-se ácido esquárico (7) (2,00 g, 17,5 mmol) em n-BuOH (50 mL) e aqueceu-se sob refluxo. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (3 h). À mistura reacional, depois de arrefecida à temperatura ambiente, foi adicionado Et2O (75 mL) e a mistura resultante lavada, sequencialmente, com H2O fria, solução aquosa saturada fria de NaHCO3 e, novamente, com H2O fria. A fase orgânica foi então seca sobre Na2SO4 anidro e o solvente removido sob pressão reduzida, tendo-se obtido o 92 Parte experimental composto 22 com um rendimento de 70%, sob a forma de um óleo acastanhado. Este óleo apresentava-se cromatograficamente puro e foi usado no passo seguinte sem purificação adicional. 3.4.2 Síntese da 3-butoxi-4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23a) Uma mistura de 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) (1,12 g, 4,94 mmol), iodeto de 3-butil-2-metilbenzotiazólio (4a) (1,65 g, 4,94 mmol) e trietilamina (0,76 mL, 5,4 mmol) em EtOH (50 mL) foi aquecida a refluxo. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (5 h). Uma vez a reação completa, o solvente foi então removido a pressão reduzida e o sólido resultante foi purificado por c.c. (AcOEt/n-hexano, 1/3), tendo-se obtido o composto 23a com um rendimento de 72%, sob a forma de cristais amarelos, apresentando: p.f. 130,9-132,7 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 441 (4,95). IV (KBr) máx: 2964fr, 1768fr, 1698méd, 1551méd, 1504f, 1472méd, 1425méd, 1347méd, 1301méd, 1277méd, 1191fr, 1051fr, 784fr, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,81 (1H, d, J = 7,6, ArH), 7,48 (1H, d, J = 8,2, ArH), 7,41 (1H, t, J = 7,4, ArH), 7,22 (1H, t, J = 7,5, ArH), 5,55 (1H, s, CH=C), 4,72 (2H, t, J = 6,6, OCH2(CH2)2CH3), 4,17 (2H, t, J = 7,4, NCH2(CH2)2CH3), 1,79 (2H, quinteto, J = 7,1, OCH2CH2CH2CH3), 1,65 (2H, quinteto, J = 7,5, NCH2CH2CH2CH3), 1,48-1,37 (4H, m, O(CH2)2CH2CH3 + N(CH2)2CH2CH3), 0,96-0,91 (6H, m, N(CH2)3CH3 + O(CH2)3CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 192,3, 184,9, 184,4, 171,8, 159,1, 140,9, 127,1, 125,7, 123,5, 122,3, 112,1, 78,8, 72,8, 44,8, 31,5, 28,5, 19,3, 18,1, 13,6, 13,5. EMAR (ESI-TOF) m/z: 358,14646 ([M + H]+, C20H24NO3S+; calc. 358,14714). 3.4.3 Síntese da 3-butoxi-4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23b) Fez-se reagir 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) (0,920 g, 4,07 mmol), iodeto de 3-hexil-2-metilbenzotiazólio (4b) (1,47 g, 4,07 mmol) e trietilamina (0,63 mL, 4,5 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.2 (4 h). Depois de purificado o sólido resultante por c.c. como descrito, foi obtido o composto 93 Parte experimental 23b com um rendimento de 73%, sob a forma de cristais amarelos, apresentando: p.f. 113,8115,2 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 441 (4,96). IV (KBr) máx: 2955fr, 1768fr, 1698méd, 1550méd, 1495f, 1418méd, 1355méd, 1308méd, 1269méd, 1184fr, 1152fr, 754fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,81 (1H, d, J = 7,7, ArH), 7,48 (1H, d, J = 8,1, ArH), 7,41 (1H, t, J = 7,3, ArH), 7,21 (1H, t, J = 7,4, ArH), 5,54 (1H, s, CH=C), 4,72 (2H, t, J = 6,6, OCH2(CH2)2CH3), 4,16 (2H, t, J = 7,5, NCH2(CH2)4CH3), 1,78 (2H, quinteto, J = 7,1, OCH2CH2CH2CH3), 1,66 (2H, quinteto, J = 7,4, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,48-1,25 (8H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3 + O(CH2)2CH2CH3), 0,94 (3H, t, J = 7,4, (O(CH2)3CH3), 0,85 (3H, t, J = 7,1, N(CH2)5CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 192,3, 184,9, 184,3, 171,8, 159,1, 140,8, 127,1, 125,7, 123,4, 122,3, 112,0, 78,7, 72,7, 44,9, 31,4, 30,7, 26,1, 25,5, 21,9, 18,1, 13,7, 13,4. EMAR (ESI-TOF) m/z: 386,17778 ([M + H]+, C22H28NO3S+; calc. 386,17844). 3.4.4 Síntese da 3-butoxi-4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23c) Fez-se reagir 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) (1,00 g; 4,42 mmol), iodeto de 3-decil-2-metilbenzotiazólio (4c) (1,85 g, 4,42 mmol) e trietilamina (0,68 mL, 4,9 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.2 (4 h). Depois de purificado o sólido resultante por c.c. como descrito, foi obtido o composto 23c com um rendimento de 71%, sob a forma de cristais amarelos, apresentando: p.f. 101,7-113,2 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 442 (4,89). IV (KBr) máx: 2926fr, 1772fr, 1698méd, 1548méd, 1482f, 1415méd, 1349méd, 1307méd, 1275méd, 1192méd, 744fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,81 (1H, d, J = 7,0, ArH), 7,48 (1H, d, J = 8,1, ArH), 7,41 (1H, t, J = 8,0, ArH), 7,23 (1H, t, J = 8,0, ArH), 5,55 (1H, s, CH=C), 4,72 (2H, t, J = 6,6, OCH2(CH2)2CH3), 4,16 (2H, t, J = 7,5, NCH2(CH2)8CH3), 1,82-1,74 (2H, m, OCH2CH2CH2CH3), 1,72-1,60 (2H, m, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,46-1,23 (16H, m, N(CH2)2(CH2)7CH3 + O(CH2)2CH2CH3), 0,94 (3H, t, J = 7,4, O(CH2)3CH3), 0,84 (3H, t, J = 6,8, N (CH2)9CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 192,3, 184,9, 159,1, 140,8, 127,1, 125,7, 123,4, 122,3, 112,0, 78,8, 72,7, 44,9, 31,5, 31,2, 28,7, 28,5 26,1, 25,8, 22,0, 18,1, 13,9, 13,4. EMAR (ESI-TOF) m/z: 442,24017 ([M + H]+, C26H36NO3S+; calc. 442,24104). 94 Parte experimental 3.4.5 Síntese da 3-butoxi-4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23d) Fez-se reagir 3,4-dibutoxiciclobut-3-en-1,2-diona (22) (1,00 g, 4,42 mmol), iodeto de 3-etil-2-metilbenzotiazólio (4d) (1,35 g, 4,42 mmol) e trietilamina (0,68 mL, 4,9 mmol) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.2 (2 h). Depois de purificado o sólido resultante por c.c. como descrito, foi obtido o composto 23d com um rendimento de 75%, sob a forma de cristais amarelos, apresentando: p.f. 142,3-143,9 ºC. UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 441 (4,93). IV (KBr) máx: 2965fr, 1770fr, 1700méd, 1551méd, 1507f, 1472méd, 1427méd, 1349méd, 1305méd, 1279méd, 1235fr, 1199fr, 1120fr, 1050fr, 751fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,82 (1H, d, J = 7,8, ArH), 7,49 (1H, d, J = 8,2, ArH), 7,42 (1H, t, J = 7,8, ArH), 7,23 (1H, t, J = 7,5, ArH), 5,56 (1H, s, CH=C), 4,73 (2H, t, J = 6,6, OCH2(CH2)2CH3), 4,22 (2H, q, J = 7,1, NCH2CH3), 1,79 (2H, quinteto, J = 7,1, OCH2CH2CH2CH3), 1,44 (2H, sext, J = 7,5, O(CH2)2CH2CH3), 1,25 (3H, t, J = 7,1, NCH2CH3), 0,95 (3H, t, J = 7,4, O(CH2)3CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 192,9, 185,4, 185,0, 172,4, 159,4, 140,9, 127,9, 126,4, 124,0, 122,7, 112,4, 79,1, 73,3, 40,7, 32,0, 18,7, 14,0, 12,1. EMAR (ESI-TOF) m/z: 330,11555 ([M + H]+, C18H20NO3S+; calc. 330,11584). 3.4.6 Síntese do 4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24a) Uma solução de 3-butoxi-4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23a) (0,870 g, 2,43 mmol) em EtOH (15 mL) foi aquecida a refluxo. De seguida, foi adicionada solução aquosa de NaOH a 40% (0,30 mL). A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1) até consumo completo do material de partida (50 minutos). A mistura reacional foi então arrefecida à temperatura ambiente e adicionado HCl aquoso 2 M (3,40 mL). A mistura resultante foi concentrada a pressão reduzida e adicionou-se algumas gotas de Et2O. O precipitado formado foi recolhido por filtração sob pressão reduzida e lavado com Et2O, tendo-se obtido o composto 24a com rendimento de 83%, na forma de cristais alaranjados, o qual foi usado na reação seguinte sem purificação adicional. 95 Parte experimental 3.4.7 Síntese da 4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24b) Fez-se reagir 3-butoxi-4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23b) (1,00 g, 2,59 mmol) com NaOH aquoso a 40% (0,35 mL) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.6 (35 minutos). Após tratamento da mistura reacional como descrito, foi obtido o composto 24b com rendimento de 85%, na forma de cristais alaranjados, o qual foi usado na reação seguinte sem purificação adicional. 3.4.8 Síntese da 4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24c) Fez-se reagir 3-butoxi-4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23c) (1,28 g, 2,88 mmol) com NaOH aquoso a 40% (0,40 mL) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.6 (1 h). Após tratamento da mistura reacional como referido, foi obtido o composto 24c com rendimento de 95%, na forma de cristais alaranjados, o qual foi usado na reação seguinte sem purificação adicional. 3.4.9 Síntese da 4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24d) Fez-se reagir 3-butoxi-4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)ciclobut-3-en-1,2-diona (23d) (0,860 g, 2,60 mmol) com NaOH aquoso a 40% (0,30 mL) de acordo com o procedimento descrito em 3.4.6 (30 minutos). Após tratamento da mistura reacional como referido, foi obtido o composto 24d com rendimento de 91%, sob a forma de cristais alaranjados, que foram assim usados na reação seguinte sem purificação adicional. 96 Parte experimental 3.4.10 Síntese do 2-[(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25a) Uma solução de 4-(3-butil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24a) (0,300 g, 0,992 mmol) e brometo de 3-(2carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4) (0,300 g, 0,992 mmol) em n-BuOH/piridina (9/1) (50 mL) foi aquecida a refluxo durante 3 h. A evolução da reação foi seguida por c.c.f. (CH2Cl2/MeOH, 9/1). Uma vez a reação completa, deixou-se arrefecer a mistura reacional à temperatura ambiente e adicionou-se Et2O, tendo o precipitado formado sido recolhido por filtração a pressão reduzida e lavado com H2O e Et2O. Foi obtido deste modo o composto 25a com rendimento de 61%, na forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 284 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 652 (5,33). IV (KBr) máx: 3440fr, 1457méd, 1425f, 1355fr, 1308fr, 1238f, 1097méd, 1054méd, 964fr, 832fr. 1 H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 12,62 (1H, sl, CO2H), 7,88 (1H, d, J = 7,6, ArH), 7,83 (1H, d, J = 7,9, ArH), 7,57 (1H, d, J = 8,2, ArH), 7,53 (1H, d, J = 8,3, ArH), 7,48-7,40 (2H, m, ArH), 7,30-7,22 (2H, m, ArH), 5,81 (1H, s, CH=C), 5,77 (1H, s, CH=C), 4,44 (2H, t, J = 7,4, NCH2), 4,27 (2H, t, J = 7,2, NCH2), 2,72 (2H, t, J = 7,2, NCH2CH2CO2H), 1,69 (2H, quinteto, J = 7,3, NCH2CH2CH2CH3), 1,44-1,37 (2H, m, N(CH2)2CH2CH3), 0,94 (3H, t, J = 7,4, N(CH2)3CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 171,7, 158,7, 140,7, 127,1, 123,9, 123,7, 122,4, 112,6, 112,3, 85,2, 84,9, 45,3, 44,9, 42,3, 41,3, 31,3, 29,0, 19,3, 16,9, 13,6. EMAR (ESI-TOF) m/z: 504,11613 (M+, C27H24N2O4S2+; calc. 504,11720). 3.4.11 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25b) Uma mistura de 4-(3-hexil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24b) (0,200 g, 0,605 mmol) e brometo de 3-(2carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4) (0,183 g, 0,605 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.4.10 (5 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 25b com rendimento de 97 Parte experimental 64%, na forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 270 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 652 (5,25). IV (KBr) máx: 3455méd, 2347fr, 1457f, 1425f, 1355fr, 1304fr, 1234f, 1191méd, 1098méd, 1051fr, 957fr, 832fr, 792fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,87 (1H, d, J = 7,8, ArH), 7,83 (1H, d, J = 7,6, ArH), 7,55 (2H, t, J = 8,7, ArH), 7,47-7,40 (2H, m, ArH), 7,29-7,22 (2H, m, ArH), 5,80 (1H, s, CH=C), 5,77 (1H, s, CH=C), 4,43 (2H, t, J = 8,0, NCH2), 4,25 (2H, t, J = 7,1, NCH2), 2,67 (2H, sl, NCH2CH2CO2H), 1,70 (2H, quinteto, J = 7,3, NCH2CH2(CH2)3CH3), 1,40-1,23 (6H, m, N(CH2)2(CH2)3CH3), 0,86 (3H, t, J =7,0, N(CH2)5CH3). 13 C RMN (100,62 MHz, DMSO-d6) δ: 179,4, 176,0, 174,7, 171,7, 158,6, 157,5, 140,9, 140,7, 127,5, 127,3, 127,1, 123,9, 123,7, 122,4, 122,2, 112,6, 112,3, 85,2, 84,9, 45,4, 41,3, 31,3, 30,8, 26,8, 25,6, 21,9, 13,8. EMAR (ESI-TOF) m/z: 532,14739 (M+, C29H28N2O4S2+; calc. 532,14850). 3.4.12 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25c) Uma mistura de 4-(3-decil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24c) (1,06 g, 2,75 mmol) e brometo de 3-(2carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4) (0,831 g, 2,75 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.4.10 (5 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi recolhido o precipitado obtido por filtração e lavado com H2O e éter de petróleo. Após recristalização de MeOH/CH2Cl2/Et2O foi obtido o composto 25c com rendimento de 30%, na forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 262 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 653 (5,21). IV (KBr) máx: 3456fr, 1707fr, 1542fr, 1457f, 1425f, 1355méd, 1308méd, 1238f, 1186méd, 1098méd, 1051fr, 957fr, 831fr, 745fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,88 (1H, d, J = 7,9, ArH), 7,82 (1H, d, J = 7,7, ArH), 7,57-7,52 (2H, m, ArH), 7,47-7,40 (2H, m, ArH), 7,29-7,22 (2H, m, ArH), 5,80 (1H, s, CH=C), 5,77 (1H, s, CH=C), 4,44 (2H, t, J = 7,3, NCH2), 4,26 (2H, t, J = 7,4, NCH2), 2,71 (2H, t, J = 7,2, NCH2CH2CO2H), 1,74-1,65 (2H, m, NCH2CH2(CH2)7CH3), 1,39-1,23 (14H, m, N(CH2)2(CH2)7CH3)), 0,84 (3H, t, J = 6,9, N(CH2)9CH3). 13C RMN (100,62 MHz, DMSOd6) δ: 179,4, 176,0, 174,7, 171,7, 158,7, 157,5, 140,9, 140,7, 127,5, 127,3, 127,1, 123,9, 98 Parte experimental 123,7, 122,4, 122,2, 112,6, 112,3, 85,2, 84,9, 45,4, 41,3, 31,3, 31,2, 28,8, 28,6, 26,8, 25,9, 22,0, 13,9, 13,7. EMAR (ESI-TOF) m/z: 558,21023 (M+, C33H36N2O4S2+; calc. 588,21110). 3.4.13 Síntese do 4-[(3-(2-carboxietil)benzotiazol-3-io-2-il)metileno]-2-[(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilideno)metil]-3-oxociclobut-1-en-1-olato (25d) Uma mistura de 4-(3-etil-3H-benzotiazol-2-ilidenometil)-3-hidroxiciclobut-3-en-1,2-diona (24d) (0,108 g, 0,394 mmol) e brometo de 3-(2carboxietil)-2-metilbenzotiazólio (4) (0,119 g, 0,394 mmol) foi feita reagir de acordo com o procedimento descrito em 3.4.10 (21 h). Após tratamento da mistura reacional como referido foi obtido o composto 25d com um rendimento de 41%, sob a forma de cristais azuis, apresentando: p.f. 297 ºC (dec.). UV/Vis (MeOH/CH2Cl2, 99/1) λmáx (log ε): 651 (5,38). IV (KBr) máx: 3457fr, 1454méd, 1427f, 1358méd, 1305fr, 1234f, 1182méd, 1094méd, 1049méd, 962fr, 830fr, 777fr. 1H RMN (400,13 MHz, DMSO-d6) δ: 7,89 (1H, d, J = 7,1, ArH), 7,84 (1H, d, J = 7,3, ArH), 7,57-7,45 (4H, m, ArH), 7,29-7,25 (2H, m, ArH), 5,83 (1H, s, CH=C), 5,78 (1H, s, CH=C), 4,44 (2H, sl, NCH2), 4,33 (2H, sl, NCH2), 2,71 (2H, sl, NCH2CH2CO2H), 1,30 (3H, sl, NCH2CH3). EMAR (ESI-TOF) m/z: 477,09253 ([M + H]+, C25H21N2O4S2+; calc. 477,09372). 3.5 Ensaios de imobilização de corantes simétricos em Sepharose CL-6B 3.5.1 Ativação da Sepharose CL-6B com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano [21] Uma suspensão de Sepharose CL-6B em EtOH (25 mL de gel seco) foi colocada num funil de placa porosa e lavada com H2O (250 mL) sob pressão reduzida. O gel foi de seguida suspenso numa solução aquosa de NaOH 0,6 M (19 mL) e adicionado NaBH4 (37,5 mg). À mistura anterior em agitação orbital lenta à temperatura ambiente, foi adicionado, gota a gota, 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano (20 mL) e a mistura deixada em agitação durante a noite. O gel foi recolhido num funil de placa porosa, lavado abundantemente com H2O (500 mL) sob pressão reduzida, ressuspenso em H2O e guardado no frigorífico. 99 Parte experimental 3.5.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano com os corantes 17b e 17c [21] A Sepharose CL-6B ativada anteriormente com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano (5 mL de gel seco) foi transferida para um balão de Erlenmeyer e suspensa numa solução tampão de borato a pH 10,02 (5 mL). De seguida foi adicionado o corante (30 mg) dissolvido em DMF (7 mL). A mistura resultante foi colocada em agitação orbital à temperatura ambiente durante 24 h. O gel foi transferido para um funil de placa porosa e lavado a pressão reduzida, sequencialmente, com H2O (40 mL), acetona (20 mL), CH2Cl2 (20 mL), MeOH (20mL) e novamente com H2O (20 mL). O gel obtido foi transferido para um balão de Erlenmeyer e suspenso numa solução aquosa de etanolamina 1,0 M (pH 9) (5 mL), ficando a mistura em agitação orbital durante 6 h. O gel foi então recolhido num funil de placa porosa e lavado a pressão reduzida com H2O (20 mL), solução aquosa de NaCl 1,0 M (20 mL) e acetona (20 mL). A Sepharose corada obtida foi colocada num extrator de Soxhlet e extraída com uma mistura de MeOH/acetona (1/1) durante 24 h. O gel, praticamene branco, foi suspenso em acetona e guardado no frigorífico. 3.5.3 Ativação da Sepharose CL-6B com cloreto de cianurilo [21] Uma suspensão de Sepharose CL-6B em EtOH (100 mL de gel seco) foi colocada num funil de placa porosa e lavada, sob pressão reduzida, sequencialmente com H2O/acetona (70/30) (500 mL), H2O/acetona (30/70) (500 mL) e, por fim, com acetona (1 L). O gel foi suspenso em acetona (100 mL) num balão de fundo redondo, sob agitação muito suave, aquecido a 40°C, tendo então sido adicionada uma solução de N,N-diisopropiletilamina em acetona 2,0 M (20 mL). A mistura resultante foi deixada naquelas condições durante 30 minutos. De seguida foi adicionada uma solução de cloreto de cianurilo em acetona 1,0 M (20 mL). Ao fim de 1 h em agitação lenta o gel foi transferido para um funil de placa porosa e lavado, sob pressão reduzida, com acetona (1 L). A Sepharose ativada foi armazenada em acetona e mantida no frigorífico. 3.5.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo com os corantes 17a-c e 19b A Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo (10 mL de gel seco) foi transferida para um balão de Erlenmeyer e foi adicionada acetona (10 mL) e trietilamina (1,95 L). De seguida foi adicionada uma solução de corante (tabela 8) em DMF (6 mL). A mistura 100 Parte experimental resultante foi colocada em agitação orbital à temperatura ambiente durante 24 h. O gel foi então recolhido num funil de placa porosa e lavado, a pressão reduzida, sequencialmente, com H2O (40 mL), acetona (20 mL), CH2Cl2 (20 mL), MeOH (20mL) e com H2O (20 mL). O gel foi transferido para um balão de Erlenmeyer, suspenso numa solução tampão de Tris/HCl 1,0 M (pH 9) (10 mL), e a mistura deixada em agitação orbital durante 1 h, à temperatura ambiente. O gel foi novamente colocado num funil de placa porosa e lavado com H2O (50 mL) e acetona (50 mL) a pressão reduzida. A Sepharose corada obtida foi colocada num extrator de Soxhlet e extraída com uma mistura de MeOH/acetona (1/1) durante 24 h. O gel tingido de azul foi armazenado em acetona e guardado no frigorífico. Tabela 8 – Tingimentos realizados com Sepharose CL-6B ativada com cloreto de cianurilo. Suporte Corante Quantidade de corante usado (mmol de corante/10 mL de Sepharose ativada) 1 17a 1,4 x 10-2 2 17b 1,4 x 10-2 3 17b 4,2 x 10-2 4 17b 1,4 x 10-1 5 17c 1,4 x 10-2 6 19b 1,4 x 10-2 A densidade efetiva de ligando nos vários suportes tingidos (tabela 9) foi estimada a partir da percentagem de azoto determinado por análise elementar, quando comparada com o branco, ou seja, uma amostra de Sepharose ativada submetida a todo o procedimento experimental mas na ausência de corante. 3.6 Ensaios de imobilização de corantes assimétricos à Sepharose CL-6B 3.6.1 Conversão dos grupos epóxido da Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3epoxipropoxi)butano em grupos amina [21] A Sepharose CL-6B ativada com 1,4-bis(2,3-epoxipropoxi)butano (10 mL de gel seco) foi transferida para um funil de placa porosa e lavada, sob pressão reduzida, com uma solução aquosa de NH4OH 1 M, sendo de seguida transferida para um balão de Erlenmeyer e suspensa 101 Parte experimental Tabela 9 – Análise elementar e densidade de ligando dos vários suportes cromatográficos. Densidade do ligando Suporte Corante %N %C %H %S (mmol de corante/g de suporte) Branco - 0,77 43,07 12,72 < - 1 17a 0,96 45,90 6,52 < 3,4 x 10-2 2 17b 0,87 43,13 6,24 < 1,8 x 10-2 3 17b 1,06 47,79 6,79 < 5,2 x 10-2 4 17b 1,39 45,29 6,85 0,56* 1,1 x 10-1 5 17c 0,93 44,39 6,23 < 3,0 x 10-2 < valor inferior ao limite de deteção * valor muito próximo do limite de deteção na mesma solução aquosa de NH4OH 1 M (10 mL). A mistura foi colocada em agitação muito suave, a uma temperatura de 40°C, durante 3 h. Depois de arrefecido, o gel foi colocado novamente num funil de placa porosa e lavado, a pressão reduzida, sequencialmente, com H2O, solução aquosa de NaCl 1 M e novamente com H2O. Por fim, foi suspenso em H2O e guardado no frigorífico. 3.6.2 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada em 3.6.1 com o corante 25d A Sepharose CL-6B ativada anteriormente (3.6.1) (10 mL de gel seco) foi colocada num balão de Erlenmeyer e foi adicionada uma solução de corante (0,007 g, 0,014 mmol) em tampão Na3PO4 0,1 M (10 mL) e DMF (6 ml), seguida da adição de EDC (0,30 g, 1,57 mmol). A mistura resultante foi mantida sob agitação orbital suave, à temperatura ambiente, durante 3 h. O gel tingido foi recolhido por filtração sob pressão reduzida e lavado, abundantemente, com H2O, solução aquosa de NaCl 1 M, H2O, acetona, CH2Cl2, MeOH, H2O e com AcONa aquoso 0,2 M, por esta ordem. A Sepharose corada foi colocada num extrator de Soxhlet e extraída com uma mistura de MeOH/acetona (1/1) durante 24 h. O gel obtido, que se apresentava praticamente branco, foi armazenado em acetona e guardado no frigorífico. 3.6.3 Ativação da Sepharose CL-6B com diaminodipropilamina [21] Uma suspensão de Sepharose CL-6B em EtOH (50 mL de gel seco) foi colocada num funil de placa porosa e lavada, sob pressão reduzida, abundantemente com H2O. O gel foi, 102 Parte experimental suspenso numa solução aquosa de NaIO4 0,2 M (50 mL) e colocado em agitação orbital, à temperatura ambiente, durante 1 h. Após recolha num funil de placa porosa, o gel foi lavado, a pressão reduzida, com H2O (500 mL) e suspenso numa solução tampão de Na3PO4 0,1 M (pH 7) (50 mL). A uma solução de diaminodipropilamina (10,65 mL, 76,13 mmol) em água (50 mL), arrefecida em gelo e sob agitação, foi adicionado HCl concentrado até pH 7 e, em seguida, adicionado Na3PO4 sólido de modo a obter uma concentração de 0,1 M (de acordo com o volume final de solução) (3,04 g, 8,00 mmol). O pH da solução foi novamente ajustado a 7 com HCl concentrado. À solução anterior foi então adicionado o gel de Sepharose, depois de separado por filtração a pressão reduzida da suspensão no tampão de Na3PO4. De seguida foi adicionado NaCNBH4 (0,60 g, 9,55 mmol) e a mistura foi deixada em agitação orbital à temperatura ambiente durante 4 h. O gel foi então recolhido num funil de placa porosa e lavado a pressão reduzida, sequencialmente, com H2O (1 L), NaCl aquoso 1 M (500 mL) e novamente com H2O (500 mL). Por fim, o gel foi suspenso em H2O e guardado no frigorífico. 3.6.4 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina com o corante 25d A Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina (10 mL de gel seco) foi colocada num funil de vidro de placa porosa e cuidadosamente lavada, sob pressão reduzida, sequencialmente com H2O e tampão Na3PO4 0,1 M (pH 7,3). O gel foi então transferido para um balão de Erlenmeyer e foi adicionada uma solução do corante 25d (0,007 g, 0,014 mmol) em tampão Na3PO4 0,1 M (10 mL) e DMF (6 ml), seguido da adição de EDC (0,60 g, 3,13 mmol) e NHS (0,36 g, 3,13 mmol). A mistura resultante foi mantida sob agitação orbital suave, à temperatura ambiente, durante 3 h. O gel tingido foi recolhido por filtração sob pressão reduzida e lavado abundantemente com H2O, solução aquosa de NaCl 1 M, H2O, acetona, CH2Cl2, MeOH, H2O e com AcONa aquoso 0,2 M, por esta ordem. Em seguida, a uma suspensão do gel numa solução aquosa de AcONa 0,2 M (10 mL), arrefecida em banho de gelo e sob agitação orbital, foi adicionado Ac2O frio (5 mL). Após 30 minutos foi adicionado mais Ac2O (5 mL) e a mistura foi mantida à temperatura ambiente durante um período adicional idêntico. O gel foi então colocado num funil de vidro de placa porosa e lavado, sob pressão reduzida, cuidadosamente, com H2O e acetona. A Sepharose corada foi colocada num extrator de Soxhlet e extraída com uma mistura de MeOH/acetona (1/1) durante 24 h. O gel obtido tingido de azul foi armazenado em acetona e guardado no frigorífico. 103 Parte experimental De modo a otimizar as condições que permitissem incrementar a eficácia do tingimento com o corante 25d, foram ainda realizados vários ensaios, de acordo com o procedimento anterior, experimentando variações nas concentrações dos reagentes de acoplamento intervenientes (EDC, NHS), no reagente utilizado para bloquear os grupos amina livres remanescentes (Ac2O ou Tris/HCl) ou ainda sujeitando ou não o gel tingido à extração com solventes em Soxhlet. Na tabela seguinte são resumidos os vários ensaios realizados. Tabela 10 - Tingimentos realizados com Sepharose CL-6B ativada com diaminodipropilamina. EDC (g) NHS (g) Tris/HCl Ac2O Extração Soxhlet Observações 0,30 - - - √ gel amarelo 0,30 0,18 √ - √ gel verde 0,60 0,36 √ - √ gel verde 0,60 0,36 √ - - gel verde 0,60 0,36 - √ √ gel azul 3.6.5 Ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina Procedeu-se à ativação da Sepharose CL-6B com etilenodiamina de acordo com o procedimento descrito em 3.6.3. 3.6.6 Tingimento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com o corante 25d Procedeu-se ao tingimento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com o corante 25d de acordo com o procedimento descrito em 3.6.4. No final, foi obtido um gel corado de azul. 3.6.7 Tratamento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com EDC/NHS, Ac2O e extração Soxhlet Na tentativa de compreender a composição estrutural do suporte de Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina, foram ainda preparados seis suportes cromatográficos diferentes, 104 Parte experimental cada um dos quais com a exclusão, seletivamente, de alguns passos ou reagentes envolvidos na preparação do suporte de acordo com o procedimento anterior 3.6.6 mas sempre na ausência do corante (tabela 10). Tabela 11 – Tratamento da Sepharose CL-6B ativada com etilenodiamina com EDC/NHS, Ac2O e extração Soxhlet. Suporte EDC NHS AC2O Extração Soxhlet 7 √ √ √ - 8 - - - - 9 - √ √ - 10 √ - √ - 11 √ √ - - 12 - - √ - 3.7 Realização de ensaios em branco Para cada tingimento com os diferentes corantes foram realizados os respetivos ensaios em branco (ausência do corante). 105 Capítulo 4 Bibliografia Bibliografia 4 Bibliografia [1] Dogan, A.; Özkaraa, S.; Sarı, M. M.; Uzunb, L.; Denizli, A. "Evaluation of human interferon adsorption performance of cibacron blue F3GA attached cryogels and interferon purification by using FPLC system", J. Chromatogr. B 2012, 893-894, 6976. [2] Clonis, Y. D.; Labrou, N. E.; Kotsira, V. Ph.; Mazitsos, C.; Melissis, S.; Gogolas, G. "Biomimetic dyes as affinity chromatography tools in enzyme purification", J. Chromatogr. A 2000, 891, 33-44. [3] Labrou, N. E. "Design and selection of ligands for affinity chromatography", J. Chromatogr. B 2003, 790, 67-78. [4] Boto, R. E. F.; Anyanwu, U.; Sousa, F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A. 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"Ethylenediamine-derived ligands immobilized on Sepharose to separate BSA, lysozyme and RNase A" (submetido para publicação). [115] Katritzky, A. R.; Yao, J. C.; Qi, M.; Chou, Y. T.; Sikora, D. J.; Davis, S. "Ring opening reactions of succinimides", Heterocycles 1998, 48, 2677-2691. [116] Narendra, N.; Chennakrishnareddy, G.; Sureshbabu, V. V. "Application of carbodiimide mediated Lossen rearrangement for the synthesis of a-ureidopeptides and peptidyl ureas employing N-urethane α-amino/peptidyl hydroxamic acids", Org. Biomol. Chem. 2009, 7, 3520-3526. 115 Bibliografia [117] Hoare, D. G.; Olson, A.; Koshland Jr, D. E. "The reaction of hydroxamic acids with water-soluble carbodiimides. A Lossen rearrangement", J. Am. Chem. Soc. 1968, 90, 1638-1643. [118] Perrin, D. D.; Armarego, W. L. F.; Perrin, D. R.; "Purification of laboratory chemicals." 2ª ed. Oxford: Pergamon; 1980. 116 ANEXO A ANEXO A Publicações no âmbito deste trabalho: Artigos científicos em revistas indexadas no Scientific Citation Index: 1) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "Protein purification by aminosquarylium cyanine dye-affinity chromatography", Biomed. Chromatogr. 2013 DOI 10.1002/bmc.2978 2) Graça, V. C.; Silva, M. S.; Reis, L. V.; Sousa, F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Santos, P. F. "Ethylenediamine-derived ligands immobilized on Sepharose to separate BSA, lysozyme and RNase A" (submetido para publicação em Chemical Engineering Research and Design) Comunicações em forma de Painel: 1) Graça, V. C.; Silva, M. S.; Reis, L. V.; Sousa, F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Santos, P. F. "Ethylenediamine-derived ligands immobilized on Sepharose to separate BSA, lysozyme and RNase A" 10º Encontro Nacional de Química Orgânica, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, 4 a 6 de Setembro de 2013, Lisboa, Portugal. 2) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "Lysozyme, α-chymotrypsin and trypsin purification by aminosquarylium cyanine dyes-affinity chromatography" VII Annual CICS Symposium, 1 e 2 de Julho, 2013, Covilhã, Portugal. 3) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "N-(aminoalkyl)acetamides as novel affinity ligands for the purification of biomolecules" 9th European Congress of Chemical Engineering / 2nd European Congress of Applied Biotechnology, 21-25 Abril de 2013, The Hague, Holanda. 117 ANEXO A 4) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "Aminosquarylium cyanines as ligands in dye-affinity chromatography for protein purification" 32 th international Symposium on the Separation of Proteins, Peptides and Polynucleotides, 23-26 Setembro de 2012, Istambul, Turquia. Comunicaçoes Orais: 1) Graça, V. C.; Silva, M. S.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "Novos corantes esquarílicos para cromatografia de afinidade" VI Jornadas de Bioquímica, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 10-11 Abril, 2013, Vila Real, Portugal. 2) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "N-(Aminoalquil)acetamidas como novos ligandos de afinidade na separação de BSA, lisozima e RNase A". XVIII Encontro Luso-Galego de Química, 28-30 Novembro de 2012, Vila Real, Portugal 3) Silva, M. S.; Graça, V. C.; Reis, L. V.; Santos, P. F.; Almeida, P.; Queiroz, J. A.; Sousa, F. "Affinity interactions in proteins purification using immobilized aminos cyanine dyes" VI Annual CICS Symposium, 3 Julho, 2012, Covilhã, Portugal. 118