Desenvolvimento de enquadramento legal e institucional para espécies exóticas invasivas Módulo 1: o que os decisores precisam saber sobre espécies invasivas Âmbito o que os decisores precisam saber sobre espécies invasivas construindo as fundações para enquadramentos nacionais eficientes 1. o que significa “espécie exótica invasiva” e “invasão” Módulo 1 2. vias de dispersão para a introdução de espécies Módulo 2 3. impactos das espécies invasoras Módulo 3 prevenindo invasões biológicas problemas de previsão e vínculos com outras pressões ambientais Módulo 4 respondendo às invasões biológicas 4. 5. 2 a importância da informação e recursos internacionais disponíveis Módulo 5 obter resultados: cumprir, fazer cumprir e responsabilizar Módulo 6 estruturas legais para cooperação além fronteiras what decision-makers need to know about invasive alien espécies o que são espécies exóticas invasoras? Por se tratar de uma área complexa, existem muitos termos diferentes que são aplicáveis: Uma espécie exótica é uma espécie que foi introduzida num local (ecossistema ou área) onde ela não ocorre naturalmente Uma espécie exótica invasiva é uma espécie exótica que causa (ou tem o potencial de causar) danos ao ambiente, à economia e à saúde humana a introdução de espécies não é novidade... o movimento natural de espécies tem ocorrido ao longo de milhares de anos ...mas a globalização tem levado à expansão de oportunidades para a introdução de espécies que tipo de espécies invadem? de todos os grupos taxonómicos • vertebrados (ex. mamíferos, peixes, aves, anfíbios) • invertebrados (ex. insectos, caramujos, vermes) • plantas marinhas aquáticas e terrestres (ex. ervas, árvores) • micro-organismos (ex. vírus, bactérias) O processo de invasão 1. Introdução 2. Estabelecimento – intencional ou não – sobrevive mas não se dissemina (a) naturalização – torna-se parte do novo habitat (fauna/flora) 3. Dispersão (b) invasão – expande e impacta espécies, ecossistemas, pessoas e o desenvolvimento 1. Introdução 2. Estabelecimento 3a.Dispersão - Naturalização 3b. DISPERSÃO - INVASÃO O pardal (da Ásia) dispersando e invadindo a Tanzânia em 90 anos Muitas espécies invasivas passam por uma fase de latência após o estabelecimento inicial e podem permanecer desapercebidas antes de se tornarem invasoras e só depois dispersarem rapidamente Tamanho da população Para algumas espécies (ex. árvores) isso pode levar mais de 100 anos, para outras (ex. Eicchornia crassipes) pode levar algumas semanas Invasão Capacidade de carga Tempo de latência Tempo mudanças na ocupação do ambiente durante a invasão Introdução Invasão Consolidação Processo de invasão da introdução à consolidação (fonte: Williams, 2003) Invasões podem ser paradas em diversos momentos: • o melhor é a prevenção = parar as introduções • o segundo melhor é a erradicação = destruir ou remover uma nova invasão • o terceiro melhor é a contenção = cessar uma nova invasão de dispersar-se mais • por último (mais caro e que demandam mais tempo) é a gestão de invasões estabelecidas + reconstituição de sistemas afectados • sequência prevista na Convenção sobre Diversidade Biológica Como se deslocam as espécies? Vectores – Mecanismos específicos pelos quais uma espécie se move ao longo de uma via de dispersão (roupas, veículos, cascos de embarcações, água de lastro, embalagens, solo nas raízes de plantas...) ex. um turista carregando sementes é um vector em via de dispersão constituída por voos internacionais Vias de dispersão – as rotas ao longo das quais a espécie é movida ou se move (estradas, caminhos de ferro, corredores aéreos, rotas marítimas, rios) ... Incluindo o comércio em si Actualmente as rotas mercantes alcançam todos os continentes (até mesmo a Antárctica) e as viagens aéreas alcançam a maior parte das cidades no mundo água de lastro • um dos principais vectores para introduções acidentais em rotas marítimas • até 14 bilhões de toneladas de água de lastro transportadas ao redor do mundo • um número estimado de 7 000 a 10 000 espécies podem estar presentes na água de lastro Nos anos 80 o mexilhão zebra foi introduzido nos Grandes Lagos da América do Norte em água de lastro. Presentemente causam impactos económicos severos causas directas e indirectas da introdução de espécies causas directas introdução introdução de espécies para fins comerciais ex. aquacultura, sementes, cultivos, gado, alimento, bio-combustíveis estabelecimento introdução de espécies para fins de controlo ex. controlo biológico, restauração dispersão introdução de espécies para fins estéticos e de modos de vida e.g. animais de estimação, plantas ornamentais, aquários naturalização introduções acidentais ex. produtos de importação contaminados, espécies “boleia” em fretes ou bagagem, água de lastro, lixo invasão causas económicas indirectas forças e condições que determinam o comércio, a produção, o consumo e preferências ex. expansão de viagens e turismo, globalização, subsídios à produção, incentivos para comércio e investimentos, demandas de mercado e preferências de consumo, multas baixas, alta dependência da economia sobre produtos importados forças e condições que determinam o uso e as preferências sobre as terras e recursos ex. alta dependência da economia sobre sectores específicos da produção, incentivos para limpar terras e substituir espécies nativas, apoio ao preço de monoculturas exóticas, direitos de propriedade e institucionais confusos, falta de orçamento e financiamento para a conservação introdução de espécies exóticas o movimento por acção humana de uma espécie para fora da sua área de distribuição natural pode resultar numa introdução (para ou dentro de um país) Algumas se estabelecem, naturalisam e dispersam Algumas se estabelecem, naturalisam e dispersam Introduções intencionais para alimentos, agricultura, silvicultura, horticultura, pesca, caça, ornamentais e para lazer... Introduções acidentais espécies que se movem com outros produtos de importação “na boleia” ou “levados junto” impactos de espécies invasivas impactos negativos : • ecossistemas • economia • saúde humana impactos ecológicos • predadores directos • competição por recursos/exclusão (ex. luz, alimento) • transmissão de patogenias e parasitas • alteração do microclima, disponibilidade de nutrientes, ciclos dos ecossistemas (energia, água, minerais, orgânicas) • distúrbios em processos ecológicos (ex. polinização) • destruição de serviços dos ecossistemas (ex. atenuação de cheias) • degradação ambiental, facilitando outras invasões impactos económico estimados em 5% do PIB mundial custos directos • perda directa de colheitas, produtividade reduzida • perda de ganhos na exportação • perda de ganhos no turismo • custos de gestão custos indirectos • ecossistemas danificados • infra-estrutura danificada • custos ao ambiente natural, à sociedade e aos valores culturais impactos na saúde Impactos directos • doenças • reacções alérgicas • ferimentos de picadas ou mordidas Impactos indirectos • vectores de doenças Lantana camara é uma invasora clássica que (depois de 160 anos) ainda se dispersa por África e invade novas áreas – Austrália, Ásia e América do Norte introduzida como cerca-viva e planta de jardim Lantana substitui a vegetação nativa e pastagens, é tóxica para o gado e hospeda moscas tsestse e ratos Exemplo de impactos de propagação e invasão Planície inundável de Kafue, Zâmbia, árida 1974 Planície inundável de Kafue em plena inundação 1974 A planície inundável de Kafue era o habitat de muitos animais e plantas selvagens + pastagem para o gado, pesca, conservação e turismo Em 1974, surgiu uma planta ocasional nas margens do rio Kafue : Mimosa pigra Mimosa pigra (continuação) Em 1981/82, uma forte inundação arrastou algumas plantas de Mimosa pigra para a planície (novo ecossistema modificado por uma barragem a montante) 1982 Mimosa pigra (continuação) Após um início lento no final da década de 80, M. pigra começou propagar-se Em 2000, cobria algumas centenas de hectares 2001 Mimosa pigra (continuação) Em 2007 havia plantas de até 4m de altura cobrindo 3.000 hectares 2007 2007 …. e excluindo praticamente todas as outras plantas e a maior parte dos animais…. Mimosa pigra (continuação) 3.000 ha de uma área de 12.000 ha estão atualmente dominados Hoje, nessa parte da planície inundável de Kafue: •Não há gado •Não há pesca •Não há turismo Afectou a fauna / flora e própria produção impactos de invasão – desenvolvimento humano Jacinto de água na barragem e a estação hidroeléctrica de Kafue Gorge, Zâmbia ( photo M. Mumba) impactos sobre (eco)sistemas produtivos Árvores de Senna spectabilis nativas da América do Sul substituem a floresta natural no Uganda Os ecossistemas, naturais ou modificados, utilizados para a produção de alimentos e de produtos comerciais podem também ser invadidos por espécies exóticas. Silvicultura, pesca, agricultura, aquacultura Parasitismo, patogenia, predação, competição, exclusão e destruição dos sistemas produtivos estão documentados – mais conhecidos na agricultura, horticultura e produção animal (gado). “capacidade de invasão” de uma espécie exótica o que torna uma espécie em invasiva? • crescimento rápido • características de ampla dispersão • grande capacidade reprodutiva • ampla tolerância ambiental • capacidade de competir com nativas Lianas em Seychelles todas as plantas invasivas podem ser chamadas de ervas daninhas MAS nem todas as ervas daninhas são espécies invasivas tendências presentes e futuras As atividades humanas mudam os ecossistemas naturais tornando-os mais suscetíveis a espécies exóticas invasivas • Globalização • Alteração nos usos da terra • Alteração climática invasivas e alteração climática A alteração climática é uma realidade – apesar de não ser previsível em área ou extensão As mudanças climáticas vão tornar os ecossistemas mais vulneráveis a invasões As espécies invasivas aproveitam-se da alteração climática e expandem-se em detrimento de espécies, habitats e ecossistemas locais Consequentemente, devemos estar preparados para que os ecossistemas afectados serem continuamente invadidos e devemos desenvolver ferramentas para predizer e prevenir essas invasões extraordinárias causas e efeitos de espécies invasivas são internacionais ou regionais A gestão e controle de espécies invasivas estão apoiados por instrumentos e directrizes bilaterais, regionais e globais (veja-se módulos 2 & 6) Convenção sobre Diversidade Biológica 1992 (CDB) Signatários devem “prevenir a introdução de, controlar ou erradicar aquelas espécies exóticas que ameaçam ecossistemas, habitats ou espécies” (Artigo 8.h)) princípios emergentes da gestão de espécies invasivas • princípio da precaução • princípio da acção preventiva • abordagem integral do ecossistema • troca de informações • princípio do utilizador-pagador • gestão multissectorial Partilhar conhecimento e informação é crucial – Tipos de informação a ser compartilhada • inventários e bases de dados • listas de ocorrência e estudos de caso • potenciais ameaças a países vizinhos • informação sobre taxonomia, ecologia e genética de espécies invasoras • métodos de prevenção e controle disponíveis • medidas e directrizes regionais e nacionais Muitas bases de dados sobre espécies invasivas estão disponíveis na internet EAFRINET O nodo da BioNET-International para a África Alguns produtos do GISP