SÁBADO | 4 de abril de 2009 Rui Spohr [email protected] Moda Contrariando os tempos de crise, o estilista Faisol Abdullah prepara a finalização do vestido chamado de Rouxinol de Kuala Lumpur. O modelo, em seda e tafetá, tem diamantes de 70 quilates no centro e custa 30 milhões de dólares. “As ações caem, o ouro cai da mesma forma, mas o diamante é para sempre”, defende o criador. TIAGO COELHO / DIVULGAÇÃO / CP ! CORREIO DO POVO FOTOS DIVULGAÇÃO / CP MEMÓRIA Segmento country De olho no mercado crescente da moda western, que hoje reúne no Brasil um público aproximado de 30 milhões de apaixonados, a Country Fair – Feira Internacional de Produtos Country e Fornecedores de Rodeio apresentou as tendências no setor, no Centro de Exposições Imigrantes. Grifes e estilistas marcaram presença, como a BrazilRoxx Confecções, que fabrica calças, jeans, jaquetas, tops e coletes diferenciados, com peças bordadas, aplicações em couro, peles exóticas (tilápia, jacaré e avestruz) e cristais. Há seis anos, a marca exporta para mais de dez países, abrindo as feiras de Denver e Huston (EUA) e vestindo uma das musas country, Reeba McEntire. Com 1,2 mil rodeios por ano, o setor fechou 2008 com faturamento de R$ 3 bilhões. A H istória de arte e moda – Art déco Art déco é um movimento de arte que surgiu depois do art nouveau. Este surgiu em fins do século XIX, por volta de 1890, e foi uma grande força com seus dourados, anjos, flores, tudo muito suntuoso, rebuscado e rico, muito rico. Paris, com sua arquitetura e seus palácios, é dos melhores exemplos do art nouveau. Como tudo, aconteceu que cansou, vulgarizou, e os valores mudaram de um extremo ao outro. Em 1920, quase repentinamente, surgiu o art déco, na mesma Paris, e se espalhou pelo mundo. Suas linhas retas, secas, muito branco e preto, suas luminárias, a própria iluminação dos ambientes. Revolucionou sobretudo na decoração, que facilmente chegava aos excessos, quando surgiu o kitsh, palavra do alemão que definiu internacionalmente algo como vulgar. No equilíbrio que estava havia harmonia, e esta é uma característica que ficou na história do art déco. A moda de então, sinuosa, sensual, foi das mais bonitas e elegantes, para homens e mulheres. Nesses anos gloriosos, a própria pintura marcou e consagrou uma em especial, Tamara Lempincka, com seus nus muito coloridos e voluptuosos. Berlim foi o centro internacional do art déco. Tudo mudou de repente, em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, que foi até 1945. Quando, na reconstrução da Europa, um novo movimento de arte como um todo surgiu, um novo gosto, novos valores do bonito e do moderno. Um dos piores e mais feios de todos os tempos, antiestético, pobre em criatividade, denominado “pé de palito”, e que marcou os anos 50, 1950. O art déco nunca ficou esquecido, permanecendo como o requinte, seus móveis, seus grandes espelhos, sobretudo, seus cristais sempre fizeram parte, principalmente nesta última década, de uma decoração internacional atual e moderna. Com a realização do Leilão do Século, das obras especiais do colecionador Yves Saint Laurent – YSL, os anos 30 se consagram novamente, e é certo que servirão como referência na decoração atual e futura. Porto Alegre, principalmente na arquitetura dos sobrados e dos pequenos edifícios, construídos nos anos 40, tem detalhes marcantes dos valores e das ideias déco. Era então considerado como o suprassumo do moderno, por suas linhas retas, sacadas, vitraux, com suas famosas mesinhas de apoio, que praticamente toda família de certa tradição tinha e tem. Anotem e percebam, pode-se marcar com bom gosto a conjugação desses elementos considerados por alguns como antigos. A moda e o tempo moda está associada ao desejo de distinguir-se, sobre o pano de fundo da necessidade de adaptar-se ao meio. Extensão do corpo, tecidos e cores parecem dizer algo sobre as pessoas. Exaltação do efêmero, a moda ganhou ritmo industrial, tragada pelo ensejo do desenvolvimento tecnológico. Uma marca disso é o lançamento de coleções a cada seis meses. Com a era pós-industrial, outras tendências surgiram: hoje é cool falar em desenvolvimento sustentável e consumo consciente. Tudo isso influencia a moda. Marcas estão adotando modos de produção menos poluentes, profissionais do meio questionam a validade de um sistema que se repete, levando ao céu e ao inferno em pouco tempo a ombreira, a pantalona, a gola boba. Para o consumidor, que busca autenticidade, essas questões desencadeiam novas formas de sedução ou valor. Peças únicas, traçando uma estética atemporal, levam a assinatura do estilista Régis Duarte, nascido em Uruguaiana e residente em Porto Alegre. Leve, a sua fala passa ao largo das febres passageiras: usa tie-dye porque gosta, não porque está na moda de novo. Apaixonado pelo que faz, aproxima-se da experiência da arte porque pensa em cada vestido, Brechó Amanhã tem brechó da ONG Bicho de Rua, no Shopping Boulevard Strip Center (Assis Brasil, 4320). A renda será destinada a programas assistenciais e educacionais, em prol de animais abandonados. em cada blusa, como exclusivos. “Notei que não precisava fazer material em série; ideias não me faltam. Esse é o meu diferencial. Mesmo as camisetas, que seguem um padrão, têm um traço artesanal, a mancha nunca é igual”, descreve. Além de fazer roupas, ele gosta de pensar no conceito, nas fotos, na campanha de suas coleções, buscando uma relação ampla com o que produz. “As pessoas falam em ‘estourar’, mas tu podes fazer um trabalho com conteúdo aos poucos. Fiz a primeira camiseta há dez anos. É o meu tempo”, relata o estilista. Concordando com algumas publicações, Duarte pontua que é impossível uma semana fashion determinar a moda. “Não existe mais aquela coisa tão fechada. Depende de quem tu estás vestindo. As pessoas estão mais criativas no vestir e no consumir”, arremata. O estilista comenta que sua nova coleção, Argentum (fotos), é inspirada em referências da cultura inglesa na moda argentina. “Isso é percebido em elementos como o xadrez, o couro e o jogo de polo. Uruguaiana absorveu essa cultura”, lembra. “No vestuário, essa influência inglesa é sutil e pouco falada. A elegância argentina vem muito disso”, conclui. Cores fortes estão presentes nas peças. Informações no site www.regisduarte.com. Delivery Walter Rodrigues abriu sua primeira loja própria no Brasil. Ela fica na rua Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. É um showroom de dois andares, com peças de prontaentrega que são levadas à casa da compradora. PAULO NUNES TIAGO COELHO / DIVULGAÇÃO / CP Mix Bazaar Revista comemorativa Imagem disputada Neste fim de semana tem Mix Bazaar, no Armazém A-4 do Cais do Porto, das 10h às 21h. Amanhã, dois gaúchos mostram suas coleções de inverno: 17h, Alana Beulke, em “O Céu Inventado de Cecília”, com tons frios e linhas geométricas, e às 18h, Gustavo Falcão, em “The Pin Ups Future”, com cintura marcada, preto, branco e cinza. Às 18h30min, é a vez de “As Gêmeas”, da Casa de Criadores de São Paulo. Para comemorar seus 30 anos, a Melissa lançou a revista Plastic Dreams, que mostra novidades da marca e do mundo da moda, matérias de comportamento e turismo em 64 páginas. O primeiro número traz na capa a top britânica Agyness Deyn, conhecida pelo look irreverente e cabelos platinados. Na última SPFW, ela visitou a Galeria Melissa, em São Paulo, e saiu de lá com nada menos que dez pares. A top Kate Moss, 35 anos, será um dos rostos mais vistos neste inverno. Ela estrela as campanhas das grifes Forum, Versace e Longchamp, além de ser garotapropaganda de sua própria linha, para a loja londrina Topshop. Pela Longchamp ela aparece ao lado da modelo russa Sasha Pivovarova; para Versace, ela fotografou no mar, junto com Gisele Bündchen, clicada por Mario Testino. Dos boxes à passarela Com o objetivo de transformar o Centro Popular de Compras – mais conhecido como Camelódromo – em um polo de moda, foi realizado, na última terça-feira, o primeiro desfile de modas do CPC. Com o slogan “Vista essa ideia”, a passarela exibiu roupas e acessórios produzidos e comercializados nos boxes do Camelódromo de Porto Alegre. Quem escolheu as peças e produziu o desfile foi a estilista gaúcha Isabela Tonin. Já o pro- jeto Caça-Talentos selecionou os modelos participantes, apontados pelo olhar atento de Ademir Gewehr, descobridor de talentos para Ford Models, Wit e Image. De acordo com Isabela, a ideia foi mostrar um mix de peças para todas as idades, estilos e profissões, buscando inspiração nas ruas e em elementos orientais, étnicos, retrô e rock. “Tudo foi reciclado com um novo olhar, valorizando a diversidade encontrada no CPC. A moda brinca com contradições, por isso exibi os vários estilos de vestir”, finaliza.