BEZERRA, Valéria Cristina. Hipertexto: o desenvolvimento do leitor. Universidade
Federal do Ceará: II Encontro Nacional sobre Hipertexto, 2007. 10p. Disponível em:
http://www.ufpe.br/nehte//hipertexto2007/anais/ANAIS/Art13_Bezerra.swf.
Resenhado por: Amanda de Araújo Nascimento1
Considerações Iniciais
Hipertexto é todo texto que pode ser modificado pelo leitor, é uma modalidade
de escrita. O leitor foi reconhecido como co-autor de hipertextos, devido às técnicas dos
anos XVII e XVIII que consistiam em priorizar o leitor como o principal foco,
procurando as diversidades de obras para atender um público que procurava
entretenimento.
No artigo, são relacionados o texto, o hipertexto e o leitor, também é feita uma
breve introdução sobre o desenvolvimento do leitor com a estética da recepção, uma
teoria bastante importante na área da literatura.A escritora usa Chartier (1999), Meyer
(2005), Zilberman (2001) entre outros, nos quais ela se baseia e reafirma suas opiniões,
o artigo tem exemplos, é estruturalmente organizado e possui uma linguagem de fácil
compreensão para o meio em que foi usado.
O leitor como co-autor e crítico na história da leitura
No primeiro parágrafo, a autora deixa claro que a função do leitor na produção
de um texto (hipertexto) é fundamental e Chartier (1999) afirma: “Apenas a identidade
do destinatário, que é mesmo tempo o produtor, dá unidade ao livro”, ou seja, o escritor
saber qual seu público alvo equais suas características, é importante para satisfazer suas
expectativas.
Segundo o texto, uma das explicações que ajudou o hipertexto a ganhar força
naquela época, foi a de que os textos originais eram caros e nem todos poderiam
adquirir, então, os próprios leitores faziam suas cópias, mas acabavam recortando
somente o que lhes interessavam.
Para Bezerra (2007, p.3): “Em 1836, Émile de Girardin lança o romance
folhetim, que consistia na publicação de romances em capítulos diários no rodapé do
jornal, espaço que já tinha designação do folhetim”, com o lançamento do romance
folhetim, o leitor passou a ser o principal foco no desenvolvimento do jornal, pois um
1
Acadêmica de Letras-Espanhol da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Disciplina: Discurso:
Leitura e Produção de Textos e Hipertextos, 2º Semestre, 2014.2
escritor de jornal é pago sob encomenda, ou seja, recebe para agradar ao público, com
isso, aumentaram os diálogos entre autor e leitor, para que o leitor interfira diretamente
no trajeto do romance.
Neste mesmo tópico, a autora relaciona desempenho do leitor com a estética da
recepção, ela está diretamente ligada ao leitor no desenvolvimento de uma obra, fazendo
com que o receptor se torne o co-autor e que suas expectativas sejam realizadas. No
artigo não é definido o que é estética da recepção, podendo fazer com que o leitor se
perca, ela relaciona, usa citações, mas não deixa clara sua função e a importância que o
movimento teve nos anos 60. Esse movimento foi criado na Alemanha Ocidental por
Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser em meio a tantas revoltas estudantis e reformas na
universidade, a estética da recepção visava reconhecer o leitor como tal, essa teoria
tinha três fases: preocupação com o autor, preocupação com o texto e preocupação com
o leitor e essas três fases vieram para revolucionar a literatura e as obras em si.
O leitor como co-autor, autor e crítico do hipertexto
Neste tópico, a autora entra no tema hipertexto, de fato explicando a evolução do
mundo digital, no qual o leitor tem seu espaço para manipular esse recurso sem
restrições. Ao longo do desenvolvimento do artigo, a autora se mantém firme em suas
afirmações sobre o desenvolvimento do leitor e suas capacidades de interferir num
determinado texto de acordo com seus conhecimentos de mundo e expectativas,
havendo sempre a retomada desse ponto.
Após o romance online de Mário de Prata,Anjos de Badaró, nos anos 2000, foi
feito um site de crônicas de pessoas comuns, pelo motivo do romance ser bem aceito e
tão visto que os leitores deixavam seus comentários de como o romance poderia ter seu
desfecho, assim os leitores cada vez mais foram ganhando seu espaço na internet.
Segundo Bezerra (2007, p.8): “O leitor de hipertexto é, portanto, dinâmico, e
tem consciência de seu poder: ele lê, recria e julga, pois evidencia-se também o seu
papel de crítico.” Fica clara a ideia que a autora quer repassar, a de que o leitor tem a
capacidade de mudar o trajeto de um hipertexto, já que ele é crítico e que esse espaço de
mudança foi conquistado por ele mesmo ao longo da história.
Segundo a autora, muitos conservadores têm a ideia de que essa modalidade de
escrita (hipertexto) não tem qualidades literárias, pois, segundo suas análises, um leitor
não tem a capacidade de criar e recriar com autenticidade um mesmo texto.
Acreditamos que isso seja apenas uma fase de adaptação, pois todo escritor, antes de
desenvolver suas obras, tem que ser leitor e crítico.
Considerações finais
Percebemos que com o passar dos anos o leitor foi ganhando seu espaço no
desenvolvimento de um texto, uma modalidade a mais foi criada com o intuito da
participação ativa do leitor e o mais importante: essa modalidade foi seguindo as novas
tecnologias, ou seja, foi criada na internet, onde podemos manusear de qualquer forma
sem nenhuma sequência normativa.
A leitura do artigo resenhado é de suma importância, pois permite ao leitor um
conhecimento mais amplo sobre hipertexto e sobre a história que fez essa modalidade
ser reconhecida, permite desenvolver uma visão crítica e ativar o cognitivo de forma a
entender o que é proposto. O hipertexto foi criado há pouco tempo, mas já faz parte do
cotidiano da maioria das pessoas e a facilidade de acesso dessa modalidade tende a ser
melhorada cada vez mais, permitindo o leitor desenvolver suas capacidades de criação.
Referências
COSTA LIMA, Luiz (org). A Literatura e o Leitor: textos de Estética da Recepção. São
Paulo: Paz e Terra, 2002.
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Amanda de Araújo Nascimento