Prof. Dr. Mauro Parolin Biomas terrestres Bioma é um conjunto de ecossistemas constituído por características (fauna e flora) fisionômicas de vegetação semelhantes em determinada região. Introdução Ecossistema é uma comunidade de organismos que interagem entre si e com o meio ambiente ao qual pertencem. Podemos citar como exemplo de meio ambiente: lago, floresta, savana, tundra, etc. Entendento o ecossistema Também fazem parte de um sistema todos os componentes abióticos (sem vida), como, por exemplo, minerais, íons, compostos orgânicos e clima (temperatura, precipitações e outros fatores físicos). Produtores – ex.: autótrofos – são seres vivos capazes de produzir seu próprio alimento através de substâncias inorgânicas, como, por exemplo, as plantas que realizam a fotossíntese através da luz solar. Consumidores – ex.: heterótrofos – são seres que se alimentam de outros seres, pois, ao contrário dos autótrofos, não são capazes de produzir seu próprio alimento. Dentro desta classificação, incluem-se todos os animais, a maioria dos fungos e algumas plantas. Decompositores – ex.: saprófitos – organismos que se alimentam de outros organismos em estágio de decomposição. Dentre eles estão os fungos e as bactérias. É importante sabermos que dentro desta classificação, um organismo depende o outro, pois, após passar por seu “último ciclo”, os compostos orgânicos são utilizados dentro do ecossistema como nutriente para os produtores, iniciando-se assim, um novo ciclo. Biótopo Entende-se como Biótopo o espaço ocupado por um grupo de espécies constituintes de um ecossistema. Segundo definições propostas por diversos ecólogos, o biótopo pode ser considerado como uma área geográfica de superfície e volume variáveis, submetida a características ambientais homogêneas, e capaz de oferecer as condições mínimas para o desenvolvimento de uma comunidade biológica a ele associada. As características ambientais do biótopo, fração não viva de um ecossistema, são muito variadas, incluindo parâmetros físicos, químicos, bioquímicos e geológicos. Todos estes fatores contribuem para estabelecer as características particulares de cada ambiente. Estes parâmetros irão determinar as espécies que vão ocupar o ambiente, as quais deverão estar adaptadas para enfrentar os fatores limitantes e estressantes presentes. Parâmetros importantes dos Biótopos são quantidade de oxigênio, luz, matéria orgânica, salinidade, umidade relativa, tipo de substrato (arenoso, argila, silte, rocha), temperatura, entre outros. Ecólogos desenvolveram equipamentos e metodologias específicos para medir muitos dos parâmetros dos Biótopos, a fim de entender melhor a sua influência na distribuição e comportamento das espécies. Muitas variáveis ambientais podem flutuar ao longo do tempo, por exemplo, de acordo com a época do ano. Estas mudanças ambientais cíclicas são denominadas variações sazonais e são seguidas por alterações nas comunidades Biocenose A biocenose representa a parte viva do ecossistema, ou seja, os organismos que vivem em um ambiente específico, interagindo entre si e também com a parte não viva deste (biótopo). Na realidade as biocenoses são grupos e associações de espécies mais ou menos típicas, as quais, em conjunto, contribuem para a formação da Biosfera. Dentro deste contexto, as biocenoses, podem ser classificadas de acordo com a extensão do ambiente considerado. Assim, as maiores biocenoses são definidas como as comunidades terrestres, de água doce e marinhas. A biocenose, em sua função mais elementar é aplicada a ecossistemas individualizados, como por exemplo, as espécies animais e vegetais presentes em um lago. As biocenoses apresentam várias parâmetros capazes de determinar as suas dimensões e características básicas. As principais são: * riqueza - número de espécies presentes * composição de espécies - quais as espécies que habitam o ecossistema; * abundância - quantidade de indivíduos presentes por uma determinada área ou volume; * freqüência - porcentagem de indivíduos de uma espécie em relação ao total de indivíduos da comunidade; * dominância ou equitabilidade - significa a forma com que todos os indivíduos presentes em uma comunidade se distribuem nas espécies presentes. Esta distribuição pode ser mais ou menos homogênea. No entanto, comumente as biocenoses naturais tem elevada dominância, com muitos indivíduos pertencentes a poucas espécies dominantes, acompanhadas por várias espécies raras ou pouco freqüentes. A medida da diversidade de uma biocenose é feita conjugando-se a riqueza e a dominância em uma mesma análise (como na fórmula de Shannon). Temperatura e Precipitação nos Principais Biomas TUNDRA O termo Tundra deriva da palavra finlandesa Tunturia, que significa planície sem árvores. É o bioma mais frio da Terra. Alguns cientistas consideram existir dois tipos de tundras: Tundra Ártica e Tundra Alpina. A principal diferença entre elas é a razão pela qual são tão frias. A primeira é pela sua localização geográfica, mais concretamente pela latitude, enquanto que a segunda é devido ao facto de se encontrar tão afastada da superfície da Terra. Também a capacidade de drenagem do solo é diferente, sendo maior na Tundra Alpina. No entanto, são muito parecidas. Tundra Ártica surge a sul da região dos gelos polares do Ártico, entre os 60º e os 75º de latitude Norte, e estende-se pela Escandinávia, Sibéria, Alasca, Canadá e Gronelândia. Situada próximo do pólo norte, no círculo polar Ártico, recebe pouca luz e pouca chuva, apresentando um clima polar, frio e seco. O solo permanece gelado e coberto de neve durante a maior parte do ano. Apresenta Invernos muito longos, com uma duração do dia muito curta, não excedendo a temperatura os -6ºC (temperatura média entre os -28ºC e os -34ºC). Durante as longas horas de escuridão a neve que vai caindo acumula-se, devido aos fortes ventos, nas regiões mais baixas, obrigando os animais a permanecerem junto ao solo e apenas a procurar comida para se manterem quentes. As quantidades de precipitação são muito pequenas, entre 15 e 25 cm, incluindo a neve derretida. Apesar da precipitação ser pequena, a Tundra apresenta um aspecto húmido e encharcado, em virtude da evaporação ser muito lenta e da fraca drenagem do solo causada pelo permafrost. Só no Verão, com a duração de cerca de 2 meses, em que a duração do dia é cerca de 24 h e a temperatura não excede os 7º-10 ºC, a camada superficial do solo descongela, mas a água não se consegue infiltrar por as camadas inferiores se encontrarem geladas (permafrost, que começa a uma profundidade de alguns centímetros e se prolonga até 1 metro ou mais). Formam-se então charcos e pequenos pântanos. A duração do dia é muito longa e ocorre uma explosão de vida vegetal, o que permite que animais herbívoros sobrevivam - bois almiscarados, lebres árticas, renas e lemingues na Europa e na Ásia e caribus na América do Norte. Estes por sua vez constituem o alimento de outros animais, carnívoros, como os arminhos, raposas árticas e lobos. Existem também algumas aves como a perdiz-das-neves e a coruja-das-neves. A vegetação predominante é composta de líquenes (plantas resultantes da associação de fungos e algas, que crescem muito lentamente e extraordinariamente resistentes à falta de água, que conseguem sobreviver nos ambientes mais hostis), musgos, ervas e arbustos baixos, devido às condições climáticas que impedem que as plantas cresçam em altura. As plantas com raízes longas não se podem desenvolver pois o subsolo permanece gelado, pelo que não há árvores. Por outro lado, como as temperaturas são muito baixas, a matéria orgânica decompõe-se muito lentamente e o crescimento da vegetação é lento. Uma adaptação que as plantas destas regiões desenvolveram é o crescimento em maciços, o que as ajuda a evitar o ar frio. Mas as adaptações das plantas típicas da Tundra não ficam por aqui. Crescem junto ao solo o que as protege dos ventos fortes e as folhas são pequenas, retendo, com maior facilidade, a umidade. Apesar das condições inóspitas, existe uma grande variedade de plantas que vivem na Tundra Ártica. A maioria dos animais, sobretudo aves e mamíferos, apenas utilizam a Tundra no curto Verão, migrando, no Inverno, para regiões mais quentes. Os animais que ali vivem permanentemente, como os ursos polares, bois almiscarados (na América do Norte) e lobos árticos, desenvolveram as suas próprias adaptações para resisitir aos longos e frios meses de Inverno, como um pêlo espesso, camadas de gordura sob a pele e a hibernação. Por exemplo, os bois almiscarados apresentam duas camadas de pêlo, uma curta e outra longa. Também possuem cascos grandes e duros o que lhe permite quebrar o gelo e beber a água que se encontra por baixo. Os répteis e anfíbios são poucos ou encontram-se completamente ausentes devido às temperaturas serem muito baixas. Tundra Alpina A Tundra Alpina encontra-se em vários países e situa-se no topo das altas montanhas. É muito fria e ventosa e não tem árvores. Ao contrário da Tundra Ártica, o solo apresenta uma boa drenagem e não apresenta permafrost. Apresenta ervas, arbustos e musgos, tal como a Tundra Ártica. Encontram-se animais como as cabras da montanha, alces, marmotas (pequeno roedor), insectos (gafanhotos, borboletas, escaravelhos). Antártida – Líquens somente sobre rochas (baixo metabolismo – resistência ao frio). No verão, fitoplâncton – alimento para o krill. •Baleia Azul – O maior animal desta área. A Antártida é um berço de reprodução desta espécie, apesar de já ter sido largamente abatida no passado. •Escuas – Aves necrófagas, roubam alimentos e ovos, matam filhotes de pinguins e adultos fracos. •Pingüins – Destaca-se o pinguim-imperador, o maior de sua espécie, procria no mar gelado e nas encostas, e para aquecer-se apertam-se uns contra os outros, para diminuir a superfície exposta. •Incluindo estes, a Antártida possui 45 tipos de focas, 34 espécies de aves voadoras, 18 de pinguins e o krill, a preciosidade de 3cm de comprimento. Tundras Problemas •É um ecossistema frágil, à medida que aumenta a exploração mineral e outros impactos humanos, a fina camada é facilmente destruída e demora muito tempo para se recuperar (Construção de um oleoduto através do Alaska). TAIGA A Taiga, também conhecida como floresta de coníferas ou floresta boreal, localiza-se exclusivamente no Hemisfério Norte, encontra-se em regiões de clima frio e com pouca humidade. Distribui-se ao longo de uma faixa situada entre os 50 e 60 graus de latitude Norte e abrange áreas da América do Norte, Europa e Ásia. Temperatura e Precipitação nos Principais Biomas A vegetação é pouco diversificada devido às baixas temperaturas registadas (a água do solo encontra-se congelada), sendo constituída sobretudo por coníferas abetos (como o Abeto do Norte) e pinheiros (como o Pinheiro silvestre), cujas folhas aciculares e cobertas por uma película cerosa, as ajuda a conservar a umidade e o calor durante a estação fria. Outra conífera que também pode aparecer é o Larício europeu de folha caduca - Lárice. Em certas condições também podem aparecer Bétulas e Faias pretas. Faia preta Larício Betula As florestas boreais demoram muito tempo a crescer e há pouca vegetação rasteira. Aparecem no entanto, musgos, líquens e alguns arbustos. As árvores demonstram a existência de adaptações ao meio. Sendo de folha persistente, conservam, quando a temperatura baixa, a energia necessária à produção de novas folhas e assim que a luz solar aumenta, podem começar de imediato a realizar a fotossíntese. Embora haja precipitação, o solo gela durante durante os meses de Inverno e as raízes das plantas não conseguem água. A adaptação das folhas à forma de agulhas limita, então, a perda de água, por transpiração. Também a forma cónica das árvores da Taiga contribui para evitar a acumulação da neve e a subseqüente destruição de ramos e folhas. Os animais aqui existentes são alces, renas, veados, ursos, lobos, raposas, linces, arminhos, martas, esquilos, morcegos, coelhos, lebres e aves diversas como por exemplo pica-paus e falcões. Os charcos e pântanos que surgem no Verão constituem um ótimo local para a procriação de uma grande variedade de insetos. Muitas aves migradoras vêm até à Taiga para nidificar e alimentar-se desses insetos Tal como na Tundra, não aparecem répteis devido aos grandes frios. Muitos animais, sobretudo aves, migram para climas mais quentes assim que a temperatura começa a baixar. Outros ficam, encontrando-se adaptados através das penas, pêlos e peles espessas que os protegem do frio. Por vezes adaptam-se à mudança de estação através da mudança de cor das suas penas ou pêlos. A pele do arminho, por exemplo, muda de castanho escuro para branco, no Inverno, contribuindo assim para ajudar o animal a camuflar-se e a proteger-se dos seus predadores. A zona boreal propriamente dita começa no ponto em que o clima se torna muito desfavorável para as espécies decíduas latifoliadas, ou seja, onde os verões ficam muito curtos e os invernos muito longos. Variações do clima frio dentro dessa zona condicionados pela proximidade ou não do oceano. As florestas de coníferas da América do Norte e na Ásia Oriental contêm uma grande quantidade de espécies diferentes, ao passo que aquelas da região Euro-Siberiana contêm pouquíssimas espécies diferentes. Picea mariana (Miller) Europa Setentrional, é típica a floresta de abetos-vermelhos conhecida como taiga, que ocorre em solos podzólicos com uma camada de húmus bruto, horizonte eluvial descorado e horizonte B compacto. A serrapilheira formada pelos abetos-vermelhos (förna) não se decompõe rapidamente e situa-se acima do horizonte A0 que consiste numa massa orgânica de rizomas e raízes entrelaçadas dos arbustos anões, e também de micélios fungicos. À parte do estrato arbóreo das florestas de abetos-vermelhos, podem estar presentes um estrato herbáceo e um denso estrato de musgo. vaccinium myrtillus Vaccinium itis-idaea Nos lugares em que o lençol freático esta elevado, acumula-se maior quantidade de húmus bruto e forma-se turfa, que, por sua vez, provoca a formação de pântanos elevados, onde, a princípio, no estrato de musgo, predomina Polytrichum, que mais tarde é desalojado pelo musgo-de-turfeira (Sphagnum). Polytrichum Sphagnum Se estiver presente um lençol freático fluente e bem oxigenado, as florestas de abeto-vermelho são substituídas por florestas de planície alunvial. Além das florestas de abeto-vermelho, a proporção de pinheirais (Pineta) na zona boreal é sempre muito alta, com a espécie Pinus sylvestris fazendo recuar o abeto nos “habitats” áridos. O estrato herbáceo dessas florestas esparsas consiste em urze (Colluna vulgaris) e arandeiros, além de outras espécies. Após os incêndios florestais, que podem ser causados por relâmpagos, as superfícies queimadas, no começo, são colonizadas pelo pinheiro, mesmo se o “habitat” for de um tipo normalmente favorável ao abeto-vermelho. Nesses lugares queimados, sugem misturas das espécies Molinia coerulea, Calamagrostis epigeios ou Pteridium aquilinum, que aparecem na ordem em que foram mencionadas de acordo com o aumento da secura do “habitat”. Embora a bétula e o álamo-tremedory sejam as primeiras espécies arbóreas a crescerem nas áreas queimadas, elas são mais tarde desalojadas pelo pinheiro embaixo do qual o abeto-vermelho cresce mais lentamente.