Biomas Terrestres (Tundra e Taiga)
Professor: João Claudio Alcantara dos
Santos
Biótopo
Entende-se como Biótopo o espaço
ocupado por um grupo de espécies
constituintes de um ecossistema. Segundo
definições propostas por diversos
ecólogos, o biótopo pode ser considerado
como uma área geográfica de superfície e
volume variáveis, submetida a
características ambientais homogêneas, e
capaz de oferecer as condições mínimas
para o desenvolvimento de uma
comunidade biológica a ele associada.
As características ambientais do biótopo,
fração não viva de um ecossistema, são
muito variadas, incluindo parâmetros
físicos, químicos, bioquímicos e
geológicos. Todos estes fatores contribuem
para estabelecer as características
particulares de cada ambiente. Estes
parâmetros irão determinar as espécies
que vão ocupar o ambiente, as quais
deverão estar adaptadas para enfrentar os
fatores limitantes e estressantes
presentes.
Parâmetros importantes dos Biótopos são
quantidade de oxigênio, luz, matéria
orgânica, salinidade, umidade relativa, tipo
de substrato (arenoso, argila, silte, rocha),
temperatura, entre outros. Ecólogos
desenvolveram equipamentos e
metodologias específicos para medir
muitos dos parâmetros dos Biótopos, a fim
de entender melhor a sua influência na
distribuição e comportamento das
espécies.
Muitas variáveis ambientais podem flutuar
ao longo do tempo, por exemplo, de
acordo com a época do ano. Estas
mudanças ambientais cíclicas são
denominadas variações sazonais e são
seguidas por alterações nas comunidades
Biocenose
A biocenose representa a parte viva do
ecossistema, ou seja, os organismos
que vivem em um ambiente específico,
interagindo entre si e também com a
parte não viva deste (biótopo). Na
realidade as biocenoses são grupos e
associações de espécies mais ou
menos típicas, as quais, em conjunto,
contribuem para a formação da
Biosfera.
Dentro deste contexto, as biocenoses,
podem ser classificadas de acordo
com a extensão do ambiente
considerado. Assim, as maiores
biocenoses são definidas como as
comunidades terrestres, de água doce
e marinhas. A biocenose, em sua
função mais elementar é aplicada a
ecossistemas individualizados, como
por exemplo, as espécies animais e
vegetais presentes em um lago.
As biocenoses apresentam várias
As principais são:
* riqueza - número de espécies presentes
* composição de espécies - quais as espécies
que habitam o ecossistema;
* abundância - quantidade de indivíduos
presentes por uma determinada área ou volume;
* freqüência - porcentagem de indivíduos de uma
espécie em relação ao total de indivíduos da
comunidade;
* dominância ou equitabilidade - significa a forma
com que todos os indivíduos presentes em uma
comunidade se distribuem nas espécies
presentes. Esta distribuição pode ser mais ou
menos homogênea. No entanto, comumente as
biocenoses naturais tem elevada dominância,
com muitos indivíduos pertencentes a poucas
espécies dominantes, acompanhadas por várias
espécies raras ou pouco freqüentes.
A medida da diversidade de uma biocenose é
feita conjugando-se a riqueza e a dominância em
uma mesma análise (como na fórmula de
Shannon).
Temperatura e Precipitação nos Principais
Biomas
TUNDRA
O termo Tundra deriva da palavra finlandesa Tunturia, que significa planície
sem árvores. É o bioma mais frio da Terra. Alguns cientistas consideram
existir dois tipos de tundras: Tundra Ártica e Tundra Alpina. A principal
diferença entre elas é a razão pela qual são tão frias. A primeira é pela sua
localização geográfica, mais concretamente pela latitude, enquanto que a
segunda é devido ao facto de se encontrar tão afastada da superfície da
Terra. Também a capacidade de drenagem do solo é diferente, sendo
maior na Tundra Alpina. No entanto, são muito parecidas.
Tundra Ártica surge a sul da região dos gelos polares do Ártico, entre os 60º e
os 75º de latitude Norte, e estende-se pela Escandinávia, Sibéria, Alasca, Canadá
e Gronelândia. Situada próximo do pólo norte, no círculo polar Ártico, recebe
pouca luz e pouca chuva, apresentando um clima polar, frio e seco. O solo
permanece gelado e coberto de neve durante a maior parte do ano. Apresenta
Invernos muito longos, com uma duração do dia muito curta, não excedendo a
temperatura os -6ºC (temperatura média entre os -28ºC e os -34ºC).
Durante as longas horas de escuridão a neve que vai caindo
acumula-se, devido aos fortes ventos, nas regiões mais
baixas, obrigando os animais a permanecerem junto ao solo
e apenas a procurar comida para se manterem quentes. As
quantidades de precipitação são muito pequenas, entre 15 e
25 cm, incluindo a neve derretida. Apesar da precipitação ser
pequena, a Tundra apresenta um aspecto húmido e
encharcado, em virtude da evaporação ser muito lenta e da
fraca drenagem do solo causada pelo permafrost.
Só no Verão, com a duração de cerca de 2 meses, em que a duração do dia é
cerca de 24 h e a temperatura não excede os 7º-10 ºC, a camada superficial do
solo descongela, mas a água não se consegue infiltrar por as camadas
inferiores se encontrarem geladas (permafrost, que começa a uma profundidade
de alguns centímetros e se prolonga até 1 metro ou mais). Formam-se então
charcos e pequenos pântanos.
A duração do dia é muito longa e ocorre uma explosão de vida vegetal, o que
permite que animais herbívoros sobrevivam - bois almiscarados, lebres árticas,
renas e lemingues na Europa e na Ásia e caribus na América do Norte. Estes
por sua vez constituem o alimento de outros animais, carnívoros, como os
arminhos, raposas árticas e lobos. Existem também algumas aves como a
perdiz-das-neves e a coruja-das-neves.
A vegetação predominante é composta de líquenes (plantas
resultantes da associação de fungos e algas, que crescem muito
lentamente e extraordinariamente resistentes à falta de água, que
conseguem sobreviver nos ambientes mais hostis), musgos,
ervas e arbustos baixos, devido às condições climáticas que
impedem que as plantas cresçam em altura. As plantas com
raízes longas não se podem desenvolver pois o subsolo
permanece gelado, pelo que não há árvores. Por outro lado,
como as temperaturas são muito baixas, a matéria orgânica
decompõe-se muito lentamente e o crescimento da vegetação é
lento. Uma adaptação que as plantas destas regiões
desenvolveram é o crescimento em maciços, o que as ajuda a
evitar o ar frio. Mas as adaptações das plantas típicas da Tundra
não ficam por aqui. Crescem junto ao solo o que as protege dos
ventos fortes e as folhas são pequenas, retendo, com maior
facilidade, a umidade. Apesar das condições inóspitas, existe
uma grande variedade de plantas que vivem na Tundra Ártica.
A maioria dos animais, sobretudo aves e
mamíferos, apenas utilizam a Tundra no curto
Verão, migrando, no Inverno, para regiões mais
quentes.
Os
animais
que
ali
vivem
permanentemente, como os ursos polares, bois
almiscarados (na América do Norte) e lobos
árticos, desenvolveram as suas próprias
adaptações para resisitir aos longos e frios
meses de Inverno, como um pêlo espesso,
camadas de gordura sob a pele e a hibernação.
Por exemplo, os bois almiscarados apresentam
duas camadas de pêlo, uma curta e outra
longa. Também possuem cascos grandes e
duros o que lhe permite quebrar o gelo e beber
a água que se encontra por baixo.
Os répteis e anfíbios são poucos ou encontramse completamente ausentes devido às
temperaturas serem muito baixas.
Tundra Alpina
A Tundra Alpina encontra-se em vários
países e situa-se no topo das altas
montanhas. É muito fria e ventosa e não tem
árvores. Ao contrário da Tundra Ártica, o
solo apresenta uma boa drenagem e não
apresenta permafrost. Apresenta ervas,
arbustos e musgos, tal como a Tundra
Ártica. Encontram-se animais como as
cabras da montanha, alces, marmotas
(pequeno roedor), insectos (gafanhotos,
borboletas, escaravelhos).
Antártida – Líquens somente sobre rochas (baixo metabolismo –
resistência ao frio). No verão, fitoplâncton – alimento para o krill.
•Baleia Azul – O maior animal desta área. A Antártida
é um berço de reprodução desta espécie, apesar de
já ter sido largamente abatida no passado.
•Escuas – Aves necrófagas, roubam alimentos e
ovos, matam filhotes de pinguins e adultos fracos.
•Pingüins – Destaca-se o pinguim-imperador, o maior
de sua espécie, procria no mar gelado e nas
encostas, e para aquecer-se apertam-se uns contra
os outros, para diminuir a superfície exposta.
•Incluindo estes, a Antártida possui 45 tipos de focas,
34 espécies de aves voadoras, 18 de pinguins e o
krill, a preciosidade de 3cm de comprimento.
Tundras
Problemas
•É um ecossistema frágil, à
medida que aumenta a
exploração mineral e outros
impactos humanos, a fina
camada é facilmente destruída
e demora muito tempo para se
recuperar (Construção de um
oleoduto através do Alaska).
TAIGA
A Taiga, também conhecida como floresta de coníferas ou floresta boreal,
localiza-se exclusivamente no Hemisfério Norte, encontra-se em regiões de clima
frio e com pouca humidade. Distribui-se ao longo de uma faixa situada entre os
50 e 60 graus de latitude Norte e abrange áreas da América do Norte, Europa e
Ásia.
Temperatura e Precipitação nos Principais
Biomas
A vegetação é pouco diversificada devido às baixas temperaturas registadas
(a água do solo encontra-se congelada), sendo constituída sobretudo por
coníferas - abetos (como o Abeto do Norte) e pinheiros (como o Pinheiro
silvestre), cujas folhas aciculares e cobertas por uma película cerosa, as
ajuda a conservar a umidade e o calor durante a estação fria. Outra conífera
que também pode aparecer é o Larício europeu de folha caduca - Lárice. Em
certas condições também podem aparecer Bétulas e Faias pretas.
Faia preta
Larício
Betula
As florestas boreais demoram muito tempo a crescer e há pouca vegetação
rasteira. Aparecem no entanto, musgos, líquens e alguns arbustos. As
árvores demonstram a existência de adaptações ao meio. Sendo de folha
persistente, conservam, quando a temperatura baixa, a energia necessária
à produção de novas folhas e assim que a luz solar aumenta, podem
começar
de
imediato
a
realizar
a
fotossíntese.
Embora haja precipitação, o solo gela durante durante os meses de
Inverno e as raízes das plantas não conseguem água. A adaptação das
folhas à forma de agulhas limita, então, a perda de água, por transpiração.
Também a forma cónica das árvores da Taiga contribui para evitar a
acumulação da neve e a subseqüente destruição de ramos e folhas.
Os animais aqui existentes são alces, renas, veados, ursos, lobos, raposas, linces,
arminhos, martas, esquilos, morcegos, coelhos, lebres e aves diversas como por
exemplo pica-paus e falcões. Os charcos e pântanos que surgem no Verão
constituem um ótimo local para a procriação de uma grande variedade de insetos.
Muitas aves migradoras vêm até à Taiga para nidificar e alimentar-se desses
insetos Tal como na Tundra, não aparecem répteis devido aos grandes frios. Muitos
animais, sobretudo aves, migram para climas mais quentes assim que a
temperatura começa a baixar. Outros ficam, encontrando-se adaptados através das
penas, pêlos e peles espessas que os protegem do frio. Por vezes adaptam-se à
mudança de estação através da mudança de cor das suas penas ou pêlos. A pele
do arminho, por exemplo, muda de castanho escuro para branco, no Inverno,
contribuindo assim para ajudar o animal a camuflar-se e a proteger-se dos seus
predadores.
A zona boreal propriamente dita começa no ponto em que o clima se torna
muito desfavorável para as espécies decíduas latifoliadas, ou seja, onde os
verões ficam muito curtos e os invernos muito longos.
Variações do clima frio dentro dessa zona condicionados pela proximidade
ou não do oceano.
As florestas de coníferas da América do Norte e na Ásia Oriental contêm uma grande
quantidade de espécies diferentes, ao passo que aquelas da região Euro-Siberiana
contêm pouquíssimas espécies diferentes.
Picea mariana (Miller)
Europa Setentrional, é típica a floresta de abetos-vermelhos conhecida como
taiga, que ocorre em solos podzólicos com uma camada de húmus bruto,
horizonte eluvial descorado e horizonte B compacto.
A serrapilheira
formada pelos abetosvermelhos
(förna)
não
se
decompõe
rapidamente e situa-se acima do horizonte A0
que consiste numa massa orgânica de rizomas
e raízes entrelaçadas dos arbustos anões, e
também de micélios fungicos.
À parte do estrato arbóreo das florestas de abetos-vermelhos, podem estar
presentes um estrato herbáceo e um denso estrato de musgo.
vaccinium myrtillus
Vaccinium itis-idaea
Nos lugares em que o lençol freático esta elevado, acumula-se maior quantidade
de húmus bruto e forma-se turfa, que, por sua vez, provoca a formação de
pântanos elevados, onde, a princípio, no estrato de musgo, predomina Polytrichum,
que mais tarde é desalojado pelo musgo-de-turfeira (Sphagnum).
Sphagnum
Polytrichum
Se estiver presente um lençol freático fluente e
bem oxigenado, as florestas de abeto-vermelho
são substituídas por florestas de planície alunvial.
Além das florestas de abeto-vermelho, a proporção de pinheirais (Pineta) na zona
boreal é sempre muito alta, com a espécie Pinus sylvestris fazendo recuar o abeto
nos “habitats” áridos. O estrato herbáceo dessas florestas esparsas consiste em
urze (Colluna vulgaris) e arandeiros, além de outras espécies.
Após os incêndios florestais, que podem ser causados por relâmpagos, as
superfícies queimadas, no começo, são colonizadas pelo pinheiro, mesmo se o
“habitat” for de um tipo normalmente favorável ao abeto-vermelho. Nesses
lugares queimados, sugem misturas das espécies
Molinia coerulea,
Calamagrostis epigeios ou Pteridium aquilinum, que aparecem na ordem em
que foram mencionadas de acordo com o aumento da secura do “habitat”.
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Biomas Terrestres (Tundra e Taiga)