lo M od e Simplesmente Alice ENTREVISTA Atriz afirma que busca também se divertir nos projetos internacionais em que se envolve 1 Entrevista Reportagem de Fernanda Brambilla M A sensação de fragilidade impressa pela figura da pequena Alice Braga e seus 1,63 m desaparece quando seu timbre grave entra em ação. Acelerada, a atriz, que já fez inveja à mulherada ao contracenar com Will Smith, Harrison Ford, Jude Law e Anthony Hopkins — isso aos 27 anos —, desdenha a pressão de ser hoje o nome brasileiro mais forte em Hollywood. Atrás de versatilidade, ela mescla blockbusters como Predadores com produções nacionais de amigos, como Cabeça a Prêmio, estreia do colega Marco Ricca na direção. Alice conversou com a reportagem da Agência Estado numa casa no Beco do Batman, rua grafitada da Vila Madalena, zona Oeste de São Paulo. Agência Estado - Recentemente, você apresentou o Superbonita (GNT), programa de beleza. É vaidosa? Alice Braga — Sou tranquila. Não sou de usar salto, me encher de maquiagem. Sempre fui assim. Tento me cuidar. Afinal, sou meu material de trabalho. Mas não sou paranoica Você conta com essa vitrine na TV para emplacar uma novela? Sempre quis fazer novela. Mas acredito que as coisas acontecem no momento certo. Não sei se vai me ajudar a pegar outra coisa no futuro, mas as pessoas que não me conheciam agora me reconhecem. Eu gosto muito de TV, meu pai é jornalista e dirigiu a Marília Gabriela por 15 anos. od Como você guia sua carreira internacional hoje? Eu busco deixar acontecer e, mais do que tudo, me divertir. Eu me vejo como uma atriz exercendo seu ofício. Meu maior desejo é ficar trabalhando, seja como for. Mais do que pensar na carreira, eu quero é trabalhar Você assiste aos seus filmes? Não vi Predadores. Não tive tempo ainda. Eu amo cinema. Encontrar os amigos, bater papo, jantar fora, é o tipo de coisa que curto. Como foi fazer Predadores, um típico blockbuster de ação? Foi divertido, tipo criança fugindo de monstro. E é um filme do Robert Rodriguez (diretor de Sin City). Como a personagem é do exército, fui pra academia. Tinha de correr com uma arma de 6 kg. 2 E o que você faz quando tem um tempinho livre? É ridículo, mas eu amo ir ao cinema (risos). Já se arrependeu de fazer ou de não fazer um papel? Não. Eu tenho vontade de fazer tudo. Eu sou sempre: “Ai, eu quero!”. Nunca projetei: “Vou fazer isso e aquilo”. Fui vivendo cada projeto, sempre querendo mais. Quando fiz Eu Sou a Lenda (2007) foi meu primeiro filme ENTREVISTA Antes da fama, você ralou? Não ralei lá fora porque tinha guardado uma graninha e meu pai me ajudou. Mas perrengue todo mundo passa, né? Eu servia em festa aqui no Brasil. Já servi muito canapé. Lá fora, eu nunca trabalhei de garçom. Tinha visto de turista americano, de importância, e me abriu portas. Contracenar com famosos já virou natural ou você ainda tem de conter o deslumbramento? Todas as vezes em que isso acontece, eu penso: “Que surreal isso!” Em todos os filmes! Inclusive, a primeira vez foi com Wagner Moura (em Cidade Baixa). Quando cheguei para gravar, pensei: “Caramba! Eu era muito fã dele” Você contracenou com Harrison Ford, um cara que você assistia no cinema quando pequena.. Gente, é o Indiana Jones! Você terminou de gravar com o Anthony Hopkins. Como ele é? O Anthony é um gentleman, muito carinhoso. Um ser humano lindo. Olha no olho, faz questão de falar com todos. Eu me senti honrada por estar em cena com ele. Você tietou ele? Ele? Não só ele. Todos! Sempre! Quem é seu braço direito na hora de escolher um projeto? Minha irmã é uma grande companheira, e meus pais, que sempre foram cinéfilos. Mas sempre tento ver com outras pessoas. O Marco (Ricca) virou um irmão pra mim. Às vezes, ligo pro Rodrigo (Santoro) e pergunto coisas pra ele. É difícil decidir tudo sozinha. de Ao ponto de tirar foto e tal? Com todos eu faço isso. Sempre peço pra tirar foto. Óbvio, sou fã desses caras! Tou lá do lado, mas não deixo de ser fã. Com todos os atores eu faço isso. Sei lá quando vou encontrar com eles de novo. Dá pra manter contato com um Will Smith, um Jude Law? Durante as filmagens, sim. A gente fica três meses com os mesmos caras. Acaba virando uma família. Mas quando o filme termina, cada um segue sua vida, seus próximos projetos. É difícil manter contato. Claro que você guarda e-mail, telefone, mas é muito difícil rever depois. Algum ator te surpreendeu, para o bem ou para o mal? Ah, o Wagner Moura. Ele ������������� é tão intenso que eu não imaginava que ele era uma doçura. Ele é um mel, uma das pessoas mais quietas e carinhosas do mundo. Você parece ser centrada. Esse glamour de Hollywood, tapete vermelho, já lhe subiu à cabeça? É um universo irreal. Aquele monte de gente. É engraçado, eu vivo isso mas sou tão pé no chão, tão All Star (tênis), jeans, camiseta, que quando eu vou nessas coisas, sinto que tou fora da realidade. Para mim, é como ir pra Disney e voltar. É assim que lido com isso. Mas é divertido, não? Eu não acho certo. Odeio. Odeio. Essa é a parte da profissão que é difícil pra mim. Morro de vergonha de tirar foto. Estar lá de vestido, toda menina pensa: “Ai meu vestido, meu cabelo, minha postura”, e você tem de estar preparada para o rátátá (imita o som dos flashes), pensar que é parte do processo e enfrentar. Como você era na infância? Sempre fui muito ativa. Nunca parava quieta em casa, subia em árvore, pegava bicicleta, não sei ser diferente. Sou hiper, eufórica. E o peso de ser o maior nome brasileiro hoje em Hollywood? O que você sente com isso? Eu me sinto muito lisonjeada que as pessoas pensem e digam isso. Mas não me sinto dessa forma, nesse patamar. É muito legal estar num lugar e ouvir: “Adoro seu trabalho”. É a coisa mais gratificante. Qual o luxo que você já se permitiu? Um carrão? Eu não tenho dessas coisas. Meu carro é um Celta 1998, que meu pai me deu quando eu fiz 18 anos. Não tenho a menor vontade de trocar de carro. Acho que o legal de guardar dinheiro é poder ter um tempo pra respirar. Eu nunca pensei: “Vou pegar essa grana e comprar um barco”. Tem gente que compra cinco carros. Não julgo. Eu tenho muito All Star (risos). lo Fora da TV, você fugiu da crítica que cerca nomes como Rodrigo Santoro, que fez papel mudo em As Panteras. Como vê isso? As pessoas não me conheciam. Então, não tinham expectativa. O Rodrigo é galã. Acho legal a maneira como ele leva a carreira. Ele é um grande ator, talentoso, completo. A crítica é muito injusta, porque ele se desafia cada vez mais. 3 Quando a gente fala em Hollywood, pensa em cifrona, né, milhões? Não, iiih não. Seus pais já criticaram algum filme que você fez? Não, eles não são muito críticos. Sabe por quê? São ossos do ofício. A gente não vai viver de obra de arte. Não dá pra ver Predadores achando que é filme de arte. Eles gostam que vou me jogando.