Violência
nas relações de intimidade
Marlene Matos
UMinho
Maio - 2004
SUMÁRIO:
Perfil da vítima de violência familiar
Definição e caracterização da violência conjugal
Dados nacionais sobre o fenómeno
Factores de mediação do impacto de um crime
Efeitos na vítima
Processo de apoio:

despistagem, caracterização e intervenção
Modelo de intervenção em crise:

pressupostos, objectivos e tarefas
Retratos…
«Venâncio estava na violência como quem não sai do seu idioma.
Eu estava no pranto como quem segura a sua própria raiz.
Chorando sem direito a soluços; rindo sem acesso a gargalhada...
Como eu me habituei a restos de vida.»
Mia Couto in Publica
PERFIS DE VITIMAÇÃO
Os inquéritos de vitimação como nova ferramenta
metodológica

Padrões diferenciais de vitimação
Perfil da vítima do crime contra a propriedade

A vitimação como resultado do “estilo de vida e
actividades rotineiras dos sujeitos”
Perfil da vítima de violência familiar
Violência conjugal: De que falamos?
Violência nas relações de intimidade

formais e informais; actuais ou anteriores
Padrões de vitimação

Multiplicidade, concomitância, reiteração e trajectória

Maus tratos físicos, psicológicos/emocionais (e.g., stalking, verbais),
sexuais, homicídio
A vitimação feminina como dominante em contextos de
intimidade
Fenómeno antigo, conceptualizações recentes
Estado da arte?
• extensão do fenómeno
(cf. Lourenço, Lisboa & Pais, 1997)
• dinâmicas relacionais e psicológicas (cf. Silva, 1995)
• impacto sobre a vítima e terceiros (cf. Matos, 2000; Sani, 2002)
• violência nas relações de namoro (cf. Machado. Matos & Moreira, 2003)
• eficácia da prevenção da violência na intimidade (Caridade, 2003; Silva, 2001)
• custos sociais da VC (CIDM, 2003)
• violência conjugal: a perspectiva dos maltratantes (M. Silva, em preparação)
• elaborações narrativas da mudança (cf. Matos, em preparação)
• violência nas relações homossexuais (cf. Machado, Matos & Antunes, em preparação)
• violência na família: Um estudo na região norte (Machado, Matos & Gonçalves, 2000)
Factores de risco para a agressão conjugal
Violência na família de origem
NSE baixo
Dependências
Violência contra menores
Padrões de agressividade generalizada e/ou
psicopatologia do maltratante
Características de personalidade do maltratante
Factores culturais
Factores situacionais
Impacto da vitimação:
- factores de mediação
 Ausência de correspondência directa entre dano
material/ físico e vivência emocional do evento
 FACTORES DE PRÉ-VITIMAÇÃO
- Idade e sexo da vítima
- Ajustamento psicológico e stress
- Experiências anteriores de vitimação
IMPACTO DA VITIMAÇÃO:
- factores de mediação
 FACTORES DE VITIMAÇÃO DIRECTA
- Dano material habitualmente limitado
- Dano físico e emocional:
- varia com o tipo de crime, severidade e tipo de vítima
- Relação ofensor / vítima
IMPACTO DA VITIMAÇÃO:
- factores de mediação
 FACTORES DE PÓS-VITIMAÇÃO
- Percepções e atribuições da vítima
- Resposta do sistema (vitimação secundária)
- Vitimação vicariante
- Suporte social
Sintomatologia dominante
Distúrbios cognitivos e de memória

Estado confusional, memórias recorrentes, crenças de incapacidade
Comportamentos depressivos ou de grande evitamento

Vergonha, culpa, isolamento, auto-depreciação
Distúrbios de ansiedade

Medo, hipervigilância, percepção de ausência controlo, fobias...
Outros problemas

Alterações na sexualidade, nos padrões de sono e alimentares...
Domínios de avaliação na V.C.
Identificação das características da situação abusiva

IVC (Matos, Machado & Gonçalves, 2000)
Despistagem do risco


Checklist (Walker, 1994)
Entrevista (Matos, 2000)
Sintomatologia específica
Representações e atitudes relativas à V.C.

E.C.V.C. (Matos, Machado & Gonçalves, 2000)
Despistagem do risco

Detalhe da dinâmica violenta e dos incidentes de agressão

Padrões de severidade e frequência

Sinais de alarme

Extensão das lesões

Risco de comportamento suicida ou homicida

Existência de factores de risco para uma violência severa

Queixa e saída da relação: momentos de risco acentuado
Intervenção em crise: pressupostos
As crises têm que ser resolvidas construtivamente
A crise é influenciada pela interpretação dos acontecimentos
de vida, pelas capacidades de coping e pelos recursos
disponíveis
crise: momento de oportunidade vs risco?
a crise deve ser encarada duma perspectiva
psicossociocultural
Intervir: Quem?
Sistema de justiça (polícias, advogados, tribunais)

Denunciar, avaliar, proteger, responsabilizar, julgar, prevenir…
Serviços de saúde

Despistar, avaliar, intervir…
Serviços sociais

Sinalizar, avaliar, apoiar…
Centros de acolhimento

Proteger, orientar, apoiar…
Unidades de consulta especializada

Avaliar, proteger, lidar com dificuldades psicológicas,
promover e criar histórias alternativas…
Intervir: De que forma?
Formação técnica específica (sinalização, avaliação, aconselhamento)
Códigos de “boa prática” (protocolos…)
Articulação interdisciplinar
Avaliar a qualidade dos serviços (custos, resultados…)
Intervenção em crise: Como?
Postura do profissional
Respeitar e validar a narrativa de violência
Responsabilizar aquele que maltrata
Avaliar o risco, restabelecer controlo e segurança
Reduzir os efeitos dos maus tratos
Prevenir
Promover e optimizar de recursos
Combater papéis de género tradicionais
Traçar objectivos a curto prazo, planeando a vida no concreto
Ampliar e apoiar as opções da utente
Disponibilizar recursos
Acompanhar e documentar
Questões e dilemas éticos
Denúncia (ou não denúncia)?
Limiares de confidencialidade
Participação coerciva vs. voluntária
Criar “condições” para a intervenção
Frequência de juízos de prognose
Ênfase nos recursos e défices
Pressões “externas”
Formação teórica e prática específica
Violência nas relações de intimidade
Conclusões:
UM FENÓMENO…
sem perfis
definidos
presente entre as
novas gerações
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Despistagem do risco